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Período Clássico
Período Clássico
“O período clássico foi o tempo do domínio na Grécia de uma forma peculiar de organização
socio económica e política da sociedade, a Pólis. Na opinião de muitos
investigadores, é precisamente essa forma de organização da sociedade na Pόlis que explica
todas as particularidades fundamentais do desenvolvimento da sociedade grega antiga
(…) (PIOTROVSKI, 1989, p. 229)”.
RESPOSTAS
Conforme (Sartori, 1994, pp. 35-6) a democracia antiga estava ligada simbioticamente com a
polis. Comumente chamamos polis de cidade-estado, mas a polis ateniense era muito diferente de
um estado propriamente dito, isto é, de um ente personificado distante dos cidadãos. Assim, o que
a caracterizava era exatamente o fato de não existir um estado. Logo, ela era uma cidade
comunidade, koinonía. Ou, como Tucídides a definiu: “ándres gar polis – os homens é que são a
cidade”.
A polis grega eram as cidades estados da Grécia Antiga, as quais foram fundamentais para o
desenvolvimento da cultura grega no final do período homérico, período arcaico e período
clássico.
As polis surgem no século VIII a.C. e atingem seu apogeu nos séculos VI e V a.C. Anteriormente,
as pessoas se reuniam em pequenas aldeias (comunidade gentílicas agrícolas denominadas
“genos”) com terras de uso colectivo, as quais floresceram durante o período homérico (Mossé,
2004).
A polis era controlada por uma oligarquia aristocrática e possuía uma organização própria e,
portanto, independência social, política e econômica. A organização social da polis era
constituída basicamente por homens livres (os cidadãos gregos) nascidos na polis, mulheres,
estrangeiros (metecos) e escravos.
Com relação ao seu território, a polis tinha uma extensão de cerca de 1.000 milhas quadradas
(2589.988km²). Durante boa parte do século V a população livre que morava na parte urbana
chegou perto de um terço do total, e o restante da população vivia em aldeias, nos arredores
(Finley, 1994, p. 29).
Nesse período, ocorreram mudanças políticas em Atenas e outras cidades, pois eram geográfica e
socialmente bem demarcadas. As pessoas viviam bastante próximas umas das outras, o que
tornava as comunicações relativamente fáceis, as notícias viajavam rápido (mesmo que sem
precisão) e os arranjos sociais e econômicos sofriam imediato impacto. Nesse contexto, a questão
da culpabilidade e responsabilidade eram difíceis de serem evitadas e os obstáculos à participação
política não eram significativos, diferentemente do que ocorre nas complexas e grandes
sociedades como as dos estados modernos, surgidos desde o século XVII, onde amplos
obstáculos existem entre as diferentes instâncias, como o povo e a esfera política (Held, 1987,
p.15).
No caso da Grécia antiga, de acordo com as filosofias políticas clássicas, somente na e por meio
da polis é que os seres humanos poderiam se realizar de forma adequada e viver com honra como
cidadãos, tendo em vista que “a ética e política estavam fundidas na vida da comunidade política”
(Sabine apud Held, 1987, p. 17). Os direitos e obrigações do cidadão estavam ligados à posição
que ocupavam, ou seja, eles seguiam sua experiência como cidadão, eram direitos e “deveres
públicos” (Held, 1987, p. 17).
Cidadania e Democracia: A Pólis grega era caracterizada por uma forma de democracia directa,
na qual os cidadãos livres tinham o direito de participar diretamente nas decisões políticas da
cidade. Em Atenas, por exemplo, os cidadãos do sexo masculino com mais de 18 anos podiam
votar e propor leis na Ágora, a assembleia popular (Mossé, 2004).
Estrutura Política: A organização política variava de cidade para cidade, mas muitas Póleis
tinham um sistema de governo composto por uma assembleia popular (Ekklesia), um conselho
(Boulé) e magistrados eleitos. Em Atenas, havia também a instituição do ostracismo, onde
cidadãos podiam ser exilados por votação popular.
Militarismo: A defesa da Pólis era uma preocupação central, e muitos cidadãos eram treinados
como hoplitas (soldados de infantaria pesada) e podiam ser convocados em tempos de guerra.
Segundo (Wiedemann, 1981) no que diz respeito à escravidão em Atenas durante o período
clássico, é importante notar que a economia grega antiga dependia amplamente do trabalho
escravo. Existiam duas formas principais de escravidão:
Os escravos domésticos, também conhecidos como "Andrapoda" na Grécia Antiga, eram uma
categoria específica de escravos que desempenhavam funções dentro das casas das famílias
gregas.
Esses escravos eram utilizados em tarefas domésticas, como cozinhar, limpar, cuidar de crianças
e realizar trabalhos manuais nas casas das famílias ricas. Eles geralmente tinham um contato mais
próximo com seus senhores e senhoras.
Os escravos que trabalhavam nas minas e campos na Grécia Antiga eram conhecidos como
"Chorai." Eles desempenhavam funções essenciais na agricultura e na indústria extrativa, mas
suas condições de vida e trabalho eram frequentemente muito duras.
De acordo com (Wiedemann, 1981) apesar das condições adversas, os escravos nas minas e
campos desempenharam um papel crucial na economia grega antiga. Eles eram fundamentais
para a produção de recursos minerais e agrícolas que sustentavam a sociedade grega. Esses
escravos eram usados em actividades agrícolas e na mineração. Suas condições de vida eram
geralmente bastante difíceis, sujeitas a trabalho árduo e frequentemente em condições desumanas.
A escravidão era uma parte fundamental da economia grega, permitindo que os cidadãos livres se
dedicassem à política e às actividades intelectuais. No entanto, é importante notar que a situação
dos escravos variava, e alguns podiam eventualmente conquistar sua liberdade, embora esse fosse
um processo raro e difícil.
Referências bibliográficas
Finley, Moses. (1994). Democracia antiga e moderna. Tradução de Waldéa Barcellos, Sandra
Bedran: revisão técnica Neyde Theml –Rio de Janeiro: Graal.
Held, D. (1987). Modelos de democracia. Tradução Alexandre Sobreira Martins. Belo Horizonte:
Paidéia Ltda..
Mossé, C. (2004). Dicionário da Civilização Grega. Trad. Carlos Ramalhete. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor.
Bibliográficas
Florenzano, M.B. (1982). O Mundo Antigo: economia e sociedade. São Paulo: Brasiliens.