ISSN: 1984-7688

REVISÃO INTEGRATIVA

IMPORTÂNCIA DA MOBILIDADE ARTICULAR NA PREVENÇÃO

DE LESÕES EM ATLETAS DE CROSSFIT

IMPORTANCE OF JOINT MOBILITY IN INJURY PREVENTION IN

CROSSFIT ATHLETES

Yasmine Alves Silvino¹ Leonardo Silva Augusto ² Sandro Henrique Nogueira ³

1. Acadêmica em Fisioterapia. Centro Universitário de Belo Horizonte UniBH, Belo Horizonte, MG. yasmine.alves@outlook.com
2. Mestre em Ciências da saúde – CMMG. Doutorando em Fisiologia – UFMG. Prof. Centro Universitário UniBH.
leonardo.s.augusto@prof.una.br;
3. Preceptor de Fisioterapia Esportiva do Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH, Belo Horizonte, MG. sandro.nogueira@unibh.br

Recebido em: 07/12/2022 - Aprovado em: 07/12/2022 - Disponibilizado em: 12/12/2022

RESUMO: O CrossFit é um esporte que necessita extremamente da capacidade funcional para garantir o movimento
correto, e ao desenvolver a mobilidade por meio de exercícios específicos, ocorre uma melhora do funcionamento
da cápsula articular, dos tecidos nas articulações e da propriocepção, gerando efeitos que irão contribuir na
eficiência dos padrões de movimentos evitando sobrecargas articulares. Por ser uma modalidade que exige alta
intensidade individual nos exercícios, quando realizados de modo incorreto ou de forma excessiva, podem ocasionar
lesões musculoesqueléticas e ligamentares. O objetivo desta revisão integrativa é demonstrar de que modo a
mobilidade articular é crucial para atletas de CrossFit, além de ter melhor condicionamento podendo evitar lesões.
A busca é realizada no banco de dados PubMed, Cochrane, LILACS, SciELO, EBSCO, BVS e Science, avaliando
a qualidade metodológica de estudos qualificados. Nos estudos selecionados, as áreas do corpo mais acometidas
por lesões entre os praticantes de CrossFit foram os ombros, punho, coluna lombar, joelhos e tornozelos. Dentre os
fatores associados às lesões, destacaram-se o tipo de exercício realizado e o tempo do exercício de CrossFit. Com
base na pesquisa, conclui-se que o fisioterapeuta esportivo é o profissional com mais qualificação para aplicar
estratégias de prevenção e tratamento de lesões musculoesqueléticas esportivas.
PALAVRAS-CHAVE: Atletas, CrossFit, Exercícios, Lesões, Mobilidade Articular, Prevenção.

ABSTRACT: CrossFit is a sport that extremely needs functional capacity to ensure correct movement, and by
developing mobility through specific exercises, there is an improvement in the functioning of the joint capsule, joint
tissues and proprioception, generating effects that will contribute in the efficiency of movement patterns, avoiding
joint overloads. Because it is a modality that requires high individual intensity in the exercises, when performed
incorrectly or excessively, they can cause musculoskeletal and ligament injuries. The objective of this integrative
review is to demonstrate how joint mobility is crucial for CrossFit athletes, in addition to having better conditioning
and avoiding injuries. The search is carried out in the PubMed, Cochrane, LILACS, SciELO, EBSCO, BVS and
Science databases, evaluating the methodological quality of qualified studies. In the selected studies, the body areas
most affected by injuries among CrossFit practitioners were the shoulders, wrist, lumbar spine, knees and ankles.
Among the factors associated with injuries, the type of exercise performed and the duration of the CrossFit exercise
stood out. Based on the research, it is concluded that the sports physiotherapist is the professional with.
KEYWORDS: Athletes, CrossFit, Exercises, Injuries, Joint Mobility, Prevention

e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH.

Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/
1. INTRODUÇÃO
O CrossFit é um método de treinamento definido pela
realização de múltiplos exercícios de alta intensidade. O
treinamento visa maximizar três vias metabólicas e as
10 valências físicas: resistência cardiorrespiratória,
flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, força,
agilidade, equilíbrio e precisão utilizando exercícios do
levantamento olímpico como agachamentos, Cleans,
Deadlifts, Press, e exercícios aeróbios como remos,
corrida e bicicleta, e movimentos ginásticos como Hand
stand, paralelas, argolas e barras (TIBANA, ALMEIDA,
& PRESTES, 2015; MEYER, MORRISON, & ZUNIGA,
2017).
Por ser uma modalidade que exige um condicionamento
elevado podem ocorrer significativos riscos de lesões,
em que alguns exercícios, quando realizados de modo
incorreto ou de forma excessiva, podem ocasionar
lesões musculoesqueléticas e lesões ligamentares.
(BERGERON et al., 2011; SILVA et al., 2021)
A mobilidade é um conceito determinado de como a
habilidade das estruturas do corpo se mobilizam ou
serem movem, permitindo que haja grande amplitude de
movimento (ADM) para as atividades funcionais.
(KISNER; COLBY, 2016). Além disso, alguns autores
defendem que procedimentos de mobilização articular
podem levar a melhorias agudas em indivíduos com
funções neuromusculoesqueléticas intactas.
(MAKOFSKY et al, 2007; CRUZ-DIÀZ et al, 2020).
A prevenção de lesões no esporte, possui por intenção
maior, impedir ou minimizar disfunções que afetem o
atleta durante a prática esportiva. De forma secundária,
a prevenção também consegue impedir o A busca foi realizada por uma pesquisadora
estabelecimento de sequelas advindas de uma
disfunção pré-existente, garantindo assim, a novembro de 2022.
manutenção da performance e a participação de atletas
nos esportes. (RODRIGUES et al., VIANA; REASE
2021).
A definição clássica de lesão foi apresentada por Dvorak
e Junge; “lesão é um evento ocorrido durante um treino
que tenha causado no atleta uma falta no próximo
treino”. Nesse caso, a lesão ainda é acompanhada de
exame para diagnóstico e terapia. A classificação das
lesões por gravidade é baseada no tempo de
afastamento do treino. (JUNGE, A., DVORAK, J. 2015).
As lesões podem ser causadas no treino excessivo,
como fraturas por estresse, articulações e músculos
rígidos ou doloridos e, tendões e ligamentos inflamados.
(HARVARD MEDICAL SCHOOL; 2017).
O CrossFit é um esporte que necessita extremamente
dessa capacidade de flexibilidade física para garantir o
sucesso atlético, e ao desenvolver a mobilidade por
meio de exercícios específicos, ocorre uma melhora do
funcionamento da cápsula articular, dos tecidos nas
articulações e da propriocepção, gerando efeitos que irá
contribuir na eficiência dos padrões de movimentos
evitando lesões. (ERSOY U et al. 2018)
O problema com a falta de mobilidade nos esportes é
que muitas pessoas fazem exercícios de alto nível
mesmo quando os movimentos básicos são ineficazes.
Portanto, esses indivíduos podem exacerbar o distúrbio
por razões desconhecidas. diminuindo o desempenho
atlético e pode até causar lesões em outras articulações
devido ao movimento de compensação. (COOK, 2014).
O trabalho de mobilidade promove significativamente a
amplitude de movimento em sua fase ativa. Essa fase é
muito importante para o CrossFit, que inclui movimentos
de levantamento olímpico além dos movimentos de
ginástica. Nesses casos, o atleta deve ativar os
músculos para suportar altas cargas em posições de
grande amplitude. (POOD, 2017).
Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar a interação
entre mobilidade articular e prevenção de lesões em
atletas praticantes de Crossfit.
2 . METODOLOGIA
Este trabalho trata-se de uma revisão integrativa para
analisar estudos relevantes sobre a prevenção de
lesões desportivas que ocorrem em atletas de CrossFit.
independente no período compreendido entre agosto e
Para realização desta revisão da literatura, foi elaborada
a partir de buscas de artigos científicos, nas bases de
dados PEDro, PubMed, Cochrane, LILACS, SciELO,
EBSCO, BVS, Science, com a combinação dos
descritores: Joint Mobility and Crossfit, Injury prevention
and Crossfit, Injuries in crossfit practitioners, Importance
of joint mobility in injury prevention, Crossfit,
Physiotherapy and crossfit. Esta revisão integrativa foi
adotada subsequente a critérios de inclusão: Artigos
científicos publicados entre 2014 a 2022, nos idiomas
português e inglês relacionados a atletas de CrossFit.
 3

TABELA 1. Critérios de exclusão dos estudos Eletromiografia

de superfície.
selecionados para a revisão integrada.

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Artigos de Revisão Sistemática
O artigo descreve
Neurologicos; Crianças que a
Prevenção em atletas do automobilização
Adolescentes; Gestantes
CrossFit Idosos; Deficits congnitivo
no CrossFit foi
superior à
intervenção
isolada de
Este estudo teve treinamento
TABELA 2. Base de pesquisa para revisão integrada. como objetivo Realizado uma CrossFit em
Cruz-Díaz determinar e análise do relação déficit na
BASES DE PESQUISAS el at. 2020 comparar a treinamento amplitude de
influência da isolado baseado movimento de
70 atletas com adição da em CrossFit a dorsiflexão do
Palavaras chave: PubMed Cochrane LILACS SciELO EBSCO BVS Science automobilização automobilização tornozelo
Joint Mobility and Crossfit 3 1 32 2 instabilidade
crônica de da articulação do da articulação (DFROM),
Injury prevention and Crossfit 1 27 34 tornozelo ao do tornozelo. também como às
tornozelo.
Injuries in crossfit practitioners 3 7 10 treinamento distâncias de
Mobility In injury prevention 36 27 2 19 CrossFit. alcance póstero-
Crossfit 46 72 25 18 85 1 7 lateral e póstero-
Physiotherapy and crossfit 13 5 2 48 4 17 medial do
Total de Artigos (n=547)
Excursion
Balance Y Test,
menos a distância
de alcance
Artigos Duplicados
Total de Artigos (n=323)
anterior.
Registros pré-selecionados de
acordo com o titulo
Total de Artigos (n=34)
O artigo descreve
lesões incluindo
Artigos excluidos após
leitura do titulo
Artigos incluídos
de forma manual Stracciolini Feito uma cabeça,
Total de Artigos (n=513) Total de Artigos (n=3)
el at. 2020 pesquisa com a tronco/coluna,
Investigar lesões proporção anual MMII e MMSS.
relacionadas ao de lesões Além das
Pacientes com CrossFit. relacionadas ao articulações
lesão relacionada à CrossFit ao lesionadas
Analise após leitura Artigos da
do resumo Analise após leitura Revisão/Discurssão participação no longo do tempo. comuns incluíram
de conclusão
Total de Artigos (n=21)
Total de Artigos (n=12)
CrossFit. joelho, coluna e
Total de Artigos (n=12)
ombro.

Através de um
questionário com
3. RESULTADO a pergutna:
“Recebeu
tratamento
O objetivo desse fisioterapêutico
Após aplicação dos criterios de inclusão e exclusão,
Lopes estudo é
Realizado
para alguma
foram selecionados 12 artigos que contemplavam todos el at. 2019 compreender as
questionário
lesão?”, foram
condutas obtidas 41
os critérios. fisioterapeuticas
sobre lesões
repostas, sendo 31
98 atletas esportivas no
entre os respostas “sim”.
amadadores que CrossFit.
TABELA 3. Resultado dos artigos selecionados para praticam CrossFit.
praticantes de Tendo a
CrossFit Osteopatia,
estudo. fisioterapia
esportiva e
Autor/ Grupo fisioterapia
Objetivo da Protocolo
de Resultados convencional.
pesquisa utilizado
intervenção

Os dados do De acordo com

Realizado os resultado deste
artigo foram
seguintes testes: artigo, as lesões
baseados em um
Teste de força mais comuns
Este estudo questionário
Silva (DM) Esse estudo tem Realizado envolveram
levantou a associativo à dor.
el at. 2022 hipótese de que
Atividade
A diferença Alekseyev como objetivo questionario coluna e ombro.
muscular indentificas as com 33 Além disso os
haveria uma
(EMGs).
estatisticamente el at. 2020 lesões mais perguntas ocada exercícios mais
79 atletas de diferença na significante entre
Questionário comuns durante em lesões de comuns que
função, força e os dois grupos foi
CrossFit, em dois (DASH). 885 ex e atuais o treinamento de CrossFit e causaram e
grupos de acordo ativação apenas na
Y-Test atletas de CrossFit. CrossFit entre os fatores de risco levantamento
com o relato de dor muscular entre atividade
Estabilidade da atletas. associados. terra. Atletas do
ou sem dor no praticantes de eletromiográfica
extremidade nível avançado
CrossFit com e de superfície do
ombro durante o superior de atletas foram mais
treino de CrossFit. sem dor no músculo trapézio
cadeia cinética lesionados do que
ombro. inferior e nas
fechada atletas iniciantes.
variáveis de dor e
(CKCUEST).
função do
Dinamometria
ombro.9
manual.
 4

prevalência de exato de Fisher e prevalência de

O resultado final lesões durante teste de qui- lesão foi de 63%,
deste artigo, Reis um ano em quadrado tendo os atletas
mostrou que cerca el at. 2019 praticantes de goodness-of-fit com maior
de 19% da Crossfit e a para avaliar exposição as altas
amostra que influência das lesões. demandas mais
relataram 180 praticantes de características da incidentes em
dor/lesão e cerca Crossfit. prática esportiva lesões e, os atletas
O objetivo dessa
de 21% da e lesões que com níveis de
pesquisa é Realizado um amostra que surgiram após práticas de menor
determinar a questionário
Neto el at. prevalência de sobre percepção
tinham até 6 começo das intensidade com
meses de pratica atividades. menor histórico
2021 lesões, deste da fisioterapia na modalidade. lesivo.
modo realizar voltada ao
368 praticantes de Devido a isso os
uma triagem praticante de
CrossFit avaliados. praticantes com
caracterizando o CrossFit. menos de 12 Este artigo
grau dessas
meses de resultou em um
lesões em
experiência índice lesivo de
praticantes de
devem buscar um 30% dos
CrossFit.
treino adequados praticantes de
ao CrossFit. As
Proposta desse
condicionamento Lopes estudo é Foram coletados
lesões mais
físico e adquirir encontradas
mais experiência
el at. 2018 identificar os dados através
foram: coluna
possíveis lesões de um
na modalidade. lombar 42%;
geradas em questionário
97 praticantes de punho 35%;
praticantes de semiestruturado.
CrossFit. ombro 28% e;
CrossFit.
joelho 25%.
O objetivo deste Sendo observada
estudo é analisar maior incidência
Foram O artigo descreve,
a correlação ligamentar, de
submetidos ao o ângulo médio de
entre a tendinopatias e
testes de Lunge retroversão
mobilidade das fadiga muscular.
com o foco de pélvica durante o
articulações do
Florêncio avaliar a agachamento
tornozelo e
mobilidade de profundo obteve
el at. 2020 quadril e a
tornozelo, e de correlação com a Feito uma
retroversão avaliação
Straight Leg mobilidade de
32 pessoas pélvica durante funcional por
Raise para tornozelo. E
participaram do agachamento meio do teste
avaliar a obteve correlação
profundo o qual Functional
estudo. mobilidade do moderada entre a
no CrossFit é Movement
quadril e retroversão
conhecido como Screen (FMS)
realização do pélvica e a
Front Squat, incluindo uma
agachamento. mobilidade de
exigindo grande avaliação
quadril.
mobilidade para qualitativa do
pratica correta Agachamento
do exercício. Profundo, Passo
com Barreira,
Lunge In
De acordo com a
Esse estudo Line, Mobilidade
avaliação desse
avaliou o efeito do Ombro,
artigo, 88% Após o programa
do programa de Elevação Ativa
apresentaram de treinamento
treinamento da Perna Reta,
Para avaliar os valgo dinâmico e Kaczorowska MobilityWOD, os
MobilityWOD Flexão de
participantes 11% dos participantes
Ferreira com valgo praticantes não el at. 2020 nos padrões Estabilidade do
obtiveram
Examinar a funcionais de Tronco,
dinâmico dos apresentaram resultados
el at. 2018 prevalência do
valgo dinâmico e
participantes foi valgo dinâmico.
movimento Estabilidade
significativamente
30 praticantes de relacionados ao Rotacional.
realizada o teste Analisa-se que no maiores no teste
a mobilidade do CrossFit risco de lesão em No treinamento
de step down, e teste de step down FMS.
43 praticantes de tornozelo nos praticantes de MobilityWOD,
a avaliação da todos praticantes
CrossFit, com praticantes de CrossFit os atletas
mobilidade foi do gênero
tempo de prática CrossFit. realizaram
feita através da feminino deram
mínimo de 6 técnicas de
goniometria positivo, enquanto
meses. autoliberação
manual. que no gênero
miofascial com
masculino 80%
rolos de espuma,
obtiveram
bolas de
resultado positivo.
lacrosse e
exercícios de
banda de
O artigo teve
resistência. Após
Esta pesquisa como resultado,
Costa TS esse tempo, a
buscou que a taxa de
avaliação foi
el at. 2019 determinar as Realizado um lesões para atletas
feita com o teste
prevalências de questionário, de nível superior
FMS.
Praticantes de lesões associadas composto por 18 de CrossFit é de
academias ao treinamento questões 82%, sendo maior
conveniadas ao de CrossFit e relacionadas ao à probabilidade
CrossFit no estado avaliar o perfil regime de treino. correspondente
dos atletas que para atletas
de São Paulo.
sofreram lesões. iniciantes/nível
intermediário.

Este estudo teve Realizado o teste De acordo com

como objetivo de Mann- resultado deste
investigar a Whitney U, teste artigo, a

4. DISCUSSÃO
De acordo com NETO el at. 2021, o resultado final do
seu estudo comprovou que atletas com menos tempo de
prática, precisam de adquirir experiência e
condicionamento fisico. REIS el at. 2019, realizou um
estudo durante 12 meses, e o resultado da prevalência
de lesões em praticantes de nível scale tem mais
incidência de lesões, corroborando com estudos
similares. Contradizendo isso, COSTA TS el at. 2019
também realizaram uma pesquisa em um box de
CrossFit, sobre o índice de lesões entre os atletas de
nível superior, a probabilidade de lesões entre atletas de
nível competitivo é 5 vezes maior que atletas iniciantes.
As lesões mais comuns entre esses atletas analisados
foram distensões musculares, lesões por uso excessivo,
contusões e luxação.
No estudo de STRACCIOLINI el at. 2020, os resultados
foram semelhantes à taxa de incidência do estudo de
LOPES el at. 2018. Ambos indentificaram o índice lesivo
entre os praticantes de CrossFit, e as queixas principais
de lesões relatadas foram ombro, punho, coluna lombar,
joelho, lesões ligamentares, tendinopatias e fadiga
muscular devido a alta demanda de carga. As lesões
ligamentares são ocasionadas por movimentos bruscos
sem controle regular na articulação e as tendinopatias
são causadas devido a modificações patológicas nos
tendões, geradas em decorrência ao uso repetitivo da
estrutura nas sessões de WOD, em que exercícios são
realizados com agilidade sem tempo de recuperação
entre as séries.
Já ALEKSEYEV el at. 2020 investigaram o desempenho
de membros superiores e, participantes lesionados
relataram que as lesões ocorreram durante o
agachamento, levantamento terra, Clean e Snatch por
causa do alto nível de repetições, aumentando o risco
de lesão. Nessa perspectiva, SILVA el at. 2022 também
identificaram o ombro sendo a articulação mais lesada.
De acordo com estudos, o nivel de lesões em ombro
está maior por estar relacionada ao desempenho de
alguns exercícios considerados prejudiciais, como
snatch, kettlebel swing, push press e overhead squat
devido à alta amplitude de movimento das articulações
complexas dos ombros, uma característica que pode
aumentar o risco de lesão, é o movimento acima da linha
da articulação do ombro é suscetível a lesão devido ao
estreitamento do espaço subacromial. A capacidade de
treinamento e o nível competitivo podem gerar uma
sobrecarga da mobilidade articular e,
consequentemente, pode levar a uma mecânica
ineficiente da musculatura, colocando o ombro em
movimentos extremos, sendo executados de forma
incorreta. WEISENTHAL et al. 2014 em seu estudo,
5
identificaram a causa dessas lesões geralmente está
relacionada à diminuição da estabilidade da articulação
da escápula torácica. A discinesia do ombro afeta a
amplitude de movimento dessa articulação e aumenta a
carga na articulação glenoumeral, que muitas vezes
está associada ao desequilíbrio muscular,
principalmente devido à fraqueza das fibras dos
músculos Trapézio Superior e Inferior.
LOPES el at. 2018 encontraram relatos também de alto
índice de lesões na coluna lombar. A fadiga muscular
nessa região pode impossibilitar a realização do
movimento de forma correta a cada repetição. Assim os
exercícios de agachamento e levantamento terra
requerem um alinhamento neutro durante todo o treino.
Na pesquisa de CHACHULA el at. 2015, os atletas
sentiram que exercícios como levantamento terra e
kettlebell swing agravam lesões na lombar. Além dos
movimentos de powerlifting ter um número elevado de
lesões devido a prática excessiva ou incorreta do
movimento.
Já FLORÊNCIO et al. 2020 identificaram em seus
estudos que é aconselhável o agachamento ser
realizado com máxima amplitude, desde que a curvatura
lombar seja mantida. Porém, é importante destacar que
essa amplitude máxima, poderá ocasionar uma
retroversão pélvica ao final do movimento, sucedendo
maior tensão na lombar e assim o atleta ter mais risco
de lesão, mas ainda há uma possibilidade de reduzir
essa compensação durante o exercício através do treino
de mobilidade, pois a eficácia do movimento está
relacionada à mobilidade articular, tendo como função
melhorar o padrão de movimento que é realizado,
auxiliando nas articulações que dependem do grau de
mobilidade articular para estabilização do corpo. O
agachamento quando à estabilidade e força, são
priorizadas antes da mobilidade gerando um movimento
ineficiente e uma diminuição do desempenho superior.
Porém a taxa de lesão foi significativamente diminuída,
com o envolvimento do Coach diretamente com o atleta
de acordo com WEISENTHAL et al. 2014.
Estudos idenficaram lesão de ombro, coluna e joelho,
porém, FERREIRA el at. 2018 através de avaliação
realizaram uma avaliação do valgismo dinâmico através
do teste de step down e avaliação da mobilidade através
da goniometria manual. De acordo com os resultados,
as mulheres tem maior preminência de valgo dinâmico,
impactando em uma maior instabilidade e possível
comprometimento de funcionalidade da articulação do
joelho. Outra condição, é o volume e a atividade
neuromotora de músculos estabilizadores do quadril,

que são importantes para estabilidade dinâmica do
joelho. Ao se analisar o valgismo dinâmico, pode ser
correlacionado a condição de falta de atividade
biomecânica inadequada do músculo glúteo médio e
atividades funcionais que envolvem a articulação do
joelho. A prática do Crossfit mantêm níveis adequados
de atividade muscular do agrupamento dos glúteos
promovendo uma estabilidade dinâmica da articulação
do joelho e promovendo autonomia em atividades
funcionais do dia a dia. Os Coach de Crossfit em suas
aulas devem aplicar atividades para o desenvolvimento
da mobilidade articular dos MMII tendo em vista que isso
pode ser uma estratégia de prevenção de lesões na
articulação do joelho.
O CrossFit é um esporte que exige da articulação de
tornozelo como nos gestuais de air squat, front squat,
overhead squat, deadlift e medicine ball clean. CRUZ-
DÍAZ et al. 2020, realizaram um estudo randomizado
com praticantes de CrossFit com instabilidade de
tornozelo, e durante os testes aplicados obtiveram
resultados positivos com a automobilização da
articulação do tornozelo, melhorando controle postural
dinâmico e amplitude de movimento de dorsiflexão e
assim, gerando menos carga compensatória em outras
regiões do corpo, como lombar e quadril. Apesar da
incidência de lesões de tornozelo em atletas de CrossFit
ser baixa, o tornozelo é uma estrutura com muita
sobrecarga durante o treinamento por ser uma zona de
carga natural do nosso corpo, pois está associada ao
movimento dos membros inferiores no movimento de
retorno do agachamento. Sendo assim, está propensa a
lesões, resultando na diminuição da capacidade física e
perda de estabilidade, equilíbrio e força, dependendo do
grau da lesão.
De acordo com resultados positivos sobre o treino de
mobilidade antes do treinamento, KACZOROWSKA el
at. 2020, identificaram que os exercícios realizados no
MobilityWOD foram realizados para verificar o risco de
lesão preparando o sistema de movimento usando
métodos de técnicas de treinamento conhecidas da
fisioterapia. O modelo de estabilidade rotacional trata da
estabilidade da pelve, tronco e cintura escapular dos
movimentos combinados dos membros superiores e
inferiores. Entretanto, o treinamento MobilityWOD no
grupo de estudo melhorou a qualidade dos padrões de
movimentos e reduziu o risco de lesões.
O programa de prevenção desenvolvido pelo
fisioterapeuta deve ser individualizado e, deve também
focar em exercícios que melhoram a mobilidade articular
6
e ativação muscular. LOPES et al. 2019 sugere que a
osteopatia é um mecanismo de prevenção de lesões
durante o uso da pré-temporada para equilibrar o
sistema musculoesquelético. Há também o tratamento
muito utilizando para essas competições que exige uma
alta demanda do atleta gerando overtraining. O
recovery, que tem como objetivo melhorar a
recuperação do atleta potencializado pelo processo de
treinamento físico utilizando técnicas de liberação
miofascial, exercícios ativos de baixa intensidade,
crioterapia de imersão, e outras estratégias de
fisioterapia segundo KENTTÄ G el at. 1998. Sendo
assim, os praticantes de CrossFit estarão mais
preparados para as demandas do esporte, contudo a
fisioterapia preventiva reduzirá a dor muscular, fadiga
excessiva e movimentos limitados que podem ocorrer
após um treino de CrossFit e, com menos lesões e
outras condições pós-treino, deste modo, os atletas
desenvolvem seus programas de treinamento de forma
mais controlada, confortável e ininterrupta, trabalhando
a melhora do desempenho do atleta.
Apesar da fisioterapia ser vista como atendimento para
reabilitação no CrossFit, o fisioterapeuta pode auxiliar na
redução da incidência de lesões, prevenindo ou
reduzindo os danos em caso de lesão. A fisioterapia
preventiva deve se concentrar no treinamento de atletas
de CrossFit para entender o propósito e a importância
da fisioterapia esportiva, além disso, fornecerá aos
praticantes uma melhor compreensão dos cuidados
necessários para manutenção da ADM e melhora de
execução dos exercícios e esportes, como a coluna ao
realizar exercícios de agachamentos. O fisioterapeuta
deve então se concentrar na avaliação adequada,
entendendo os objetivos do atleta identificando
quaisquer limitações funcionais que ele possa ter, como
limitações de movimento ou força muscular.
5. CONCLUSÃO
Tendo em vista os aspectos observados, apesar da
limitação de estudos sobre a relação entre amplitude de
movimento articular e prevenção de lesões no CrossFit,
concluiu-se que o ombro é a zona do corpo mais
afetada, seguida de região lombar, joelhos e tornozelos.
Mesmo que o CrossFit seja um esporte alta intensidade,
não significa que se deve evitar o treinamento e a prática
segura. Como forma de prevenção, o acompanhamento
com coach e fisioterapeuta esportivo é o mais indicado,
pois será identificado o perfil do atleta e programado
uma evolução de acordo com as necessidades
individuais.

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