Material de Apoio (Ens. Primár. 3º Ano) PDF

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INSTITUTO SUPERIOR OMBAKA

TEXTO DE APOIO

METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

3º ANO – ENSINO PRIMÁRIO

DOCENTE: Manuel Brunelo M. P. Antunes


METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

INTRODUÇÃO

O Ensino Primário constitui o primeiro estágio da educação escolar, sendo


normalmente frequentado por crianças a partir dos 5/6 anos de idade, é a base
do ensino geral e o ponto de partida para os estudos a nível secundário.

Os seus objectivos restrigem-se em:

a) Desenvolver e aperfeiçoar o domínio da comunicação e da expressão;

b) Aperfeiçoar hábitos e atitudes tendentes à socialização;

c) Proporcionar conhecimentos e capacidades de desenvolvimento das


capacidades de desenvolvimento das faculdades mentais;

d) Estimular o espírito estético com vista ao desenvolvimento da criação


artística;

e) Garantir a prática sistemática da educação física e de actividades gimno


desportivas para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras.

Deste modo, de acordo com a alínea e), a Educação Física (EF) no Ensino
Primário é uma disciplina fundamental na transmissão de conhecimentos e
práticas relactivas à adopção e conservação de formas de estar activas e
saudáveis, tanto na sua expressão individual como social, devido às suas
características singulares e insubstituíveis na vida das crianças.

Doravante, a disciplina de Educação Física no Ensino Primário, traz consigo os


seguintes objectivos gerais:

 Preparar a criança, motivando-a para uma nova vida;


 Melhorar a aptidão física elevando as capacidades físicas de modo
harmonioso e adequado às necessidades de desenvolvimento do aluno;
 Criar hábitos de higiene, postura e atitude;
 Promover o gosto pela prática regular das actividades físicas e assegurar
a compreensão da sua importância como factor de saúde.

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Consolidando a importância, Brás (1998) justifica que a existência da EF no
Ensino Primário se suporta em dois níveis de interesse. O primeiro de efeito
imediato, devido às vantagens que a actividade física promove através da
aprendizagem de habilidades, do aproveitamento das fases de maturação da
criança, derivado da interação entre o crescimento, a aprendizagem e
desenvolvimento, e ainda através da agradabilidade e favorecimento da
obtenção de outros conhecimentos. O segundo interesse com efeitos a médio e
longo prazo associados ao crescimento da motivação na criança e à criação
rotinada de hábitos de prática regular de exercício físico.

Deste modo, o objecto de estudo da Educação Física é a prática pedagógica


voltada para o ser humano em movimento. Ao ter um objectivo próprio, esta é
autónoma, pluridisciplinar e integrativa.

A Educação física requer permanentemente actividade física e intelectual. Não


se pratica a Educação Física, mas sim os exercícios físicos. A primeira sendo
uma forma pela qual se pratica a segunda. Esta actividade motora tem carácter
fundamental que obedece a certas leis, normas e preceitos metodológicos.

Na terminologia da Educação Física e do Desporto, esta actividade define-se


como sendo a actividade que valoriza sistematicamente as formas de prática de
exercícios físicos com o fim principal de aumentar o potencial biológico da
pessoa em harmonia com as exigências sociais. É uma actividade destinada ao
aperfeiçoamento físico e capacidade motora do ser humano, em função das
características da idade, sexo, exigências sociais, nível profissional, etc.

Breves considerações sobre a disciplina

Para o cumprimento dos objectivos da disciplina de Educação Física no


Curso de Ensino Primário é importante que os estudantes compreendam a
necessidade de apoderar-se dos conhecimentos teóricos como elemento
indispensável para poder aplicar na prática, acções com um maior grau de
cientificidade, contemporaneidade, coerência, racionalidade, eficácia e
competitividade em relação com os preceitos histórico-culturais, sociais da
humanidade e da nação Angola, aspectos nos que se sustenta a disciplina de
Educação Física que se fundamenta nas necessárias categorias

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contraditórias da dialéctica a que assumem um papel interrelacionado para
cumprir com processo formativo dos profissionais do Ensino Primário, em
busca de conhecimentos e habilidades pedagógicas profissionais.

Esta disciplina desempenha um papel fundamental na formação do profissional


do Ensino Primário, já que agrupa aos conteúdos dos programas vigentes da
Educação Física Escolar nas diferentes variedades localizando-se com
flexibilidade na malha curricular, lhe brindando ao estudante a possibilidade de
formar-se com os conteúdos mínimos necessários para trabalhar.

Etimologicamente, considerando a sua origem grega, a palavra metodologia


advem de methodos, que significa META (objetivo, finalidade) e hodos (caminho,
intermediação), isto é caminho para se atingir um objectivo. Por sua vez, LOGIA
quer dizer conhecimento, estudo. Assim, metodologia significa o estudo dos
métodos, dos caminhos a percorrer, tendo em vista o alcance de uma meta,
objetivo ou finaliidade.

Partindo dessa formulação um tanto simplista, a metodologia do ensino da


Educação Física refere-se então, ao estudo das diferentes trajetórias
traçadas/planejadas e vivenciadas pelos educadores para orientar/direcionar o
processo de ensino-aprendizagem em função de certos objectivos ou fins
educativos/formativos.

A metodologia da Educação Física através da integração de habilidades


motoras básicas, as capacidades física e habilidades desportivas que
possibilitam a aquisição de determinados padrões de movimentos
essenciais para vários desportos com bolas que se repartem nos diferentes
trimestres e que constituem conteúdos da Educação Física escolar, facilita a
realização de actividades físicas e recreativas de forma sistemática,
obtendo-as relações interdisciplinares, propiciando além disso, a
formação de valores como o colectivismo, a responsabilidade e a
solidariedade.

Objectivo geral :

Ao finalizar a disciplina o aluno deve ser capaz de aplicar vias e


procedimentos para a direcção do processo de ensino-aprendizagem da

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Educação Física com um enfoque desenvolvedor, em particular para o
planeamento, desenvolvimento e avaliação de aula acorde às características
psicopedagógicas dos estudantes e aos componentes deste processo, na
educação do ensino primário.

Objectivos específicos:

 Analisar os principios didácticos da educação física;


 Interpretar as particularidades da biopsicomotricidade;
 Aplicar na práctica os fundamentos gerais da aula de educação física;

 Aplicar os principais fundamentos teóricos metodológicos e práticos


para a aprendizagem motriz e o desenvolvimento das capacidades
físicas em correspondência com os propósitos da educação física no
ensino primário contribuindo desta forma a elevar a qualidade das aulas
dos futuros formados;

I. CARACTERISTICAS GERAIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

1.1. A aula de Educação Física

O objectivo geral da EF, é a formação do homem novo, pois que em EF a


multilateralidade de trabalho é uma das suas características fundamentais,
sendo, a actividade física um meio educativo privilegiado ao abranger o ser na
sua totalidade.

Da prática sistemática da actividade física bem orientada, depende o homem


poder atingir o estado óptimo que lhe torne capaz de aplicar o seu talento e
potencialidades na missão histórica de transformar a natureza. A medida que
consigamos incorporar uma maior quantidade de hábitos e qualidades motoras,
em melhor condições ficará o homem para poder responder as transformações
sociais, ao trabalho e ao lazer.

Assim, os Objectivos Específicos da EF, passam essencialmente por:

 Elevar o nível de condição física;


 Elevar o nível funcional das capacidades condicionais e coordenativas;
 Levar o jovem a comprometer-se numa actividade desportiva;

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 Desenvolver qualidades volitivas inerentes a formação do homem novo,
cidadão capaz de contribuir activamente para o progresso e
enriquecimento da sua pátria.

OBJECTIVOS COMUNS A TODOS OS BLOCOS

1. Elevar o nível funcional das capacidades condicionais e coordenativas:

• Força; Resistência; Velocidade de Reacção simples e complexa de


Execução de acções motoras básicas, e de Deslocamento; Flexibilidade;
Controlo de postura; Equilíbrio dinâmico em situações de «voo», de
aceleração e de apoio instável e/ou limitado; Controlo da orientação
espacial; Ritmo; Agilidade;

2. Participar, com empenho, no aperfeiçoamento da sua habilidade nos


diferentes tipos de actividades, procurando realizar as acções adequadas
com correcção e oportunidade;

3. Cooperar com os companheiros nos jogos e exercícios, compreendendo


e aplicando as regras combinadas na turma, bem como os princípios
de cordialidade e respeito na relação com os colegas e o professor.

Os objectivos ao dizer de Zayas (2000), apresentam as seguintes dimensões


que outros autores denominam classificação:

 Instrutivos – se concentra nas habilidades a formar e estão associados


a um conjunto de conhecimentos;
 Educativo – dirigido ao que se aspira a formar quanto as convicções,
sentimentos, forma de actuação perante a sociedade.

Portanto, a educação física tem carácter formativo, preparando os sujeitos para


a vida, para as necessidades de existência social. O carácter formativo não
exclui o elemento competitivo que se realiza mediante a emulação assente em
regras precisas.

1.1.1. Tipologia
Os critérios de estabelecimento dos tipos de aula de educação física são muito
variádos. Os mais representativos critérios apresentados pelos especialistas na
literatura de especialidade são os seguintes:

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a) Segundo a componente temática abordada:
 aulas destinadas aos temas duas habilidades motoras;
 aulas destinadas às qualidades motoras;
 aulas mistas, entrelaçando temas de hábitos motores com qualidades
motoras.
b) segundo o carácter dos hábitos e /ou habilidades motoras:
 aulas com temas de uma única modalidade desportiva;
 aulas com temas de duas ou mais modalidades similares;
c) Segundo as etapas da aprendizagem dos hábitos e/ou das habilidades
motoras abordadas na respectiva aula:
 aulas de assimilação inicial ( aprendizagem);
 aulas de consolidação;
 aulas de aperfeiçoamento;
 aulas de verificação;
 aulas mistas sob aspecto das etapas de assimilação.
d) Segundo o posicionamento na estrutura do ano lectivo:
 aulas de acomodação, introdutivas;
 aulas correntes, semanais;
 aulas de balanço, as últimas de cada semestre, como regras, tendo o
objectivo metódico de apresentar aos colegas o nível atingido pela
turma.
e) Segundo o lugar e as condições em que se realiza:
 aulas ao ar livre, em condições atmósféricas e climáticas normais;
 aulas ao ar livre em tempo frio;
 aulas em salas de estudo em condições óptimas;
 aulas no recinto em condições improvisadas.
f) Segundo o número de temas abordados:
 aulas subordinadas a um tema,
 aulas com dois temas;
 aulas com três temas,
 aulas com quatro ou mais temas, com o carácter demonstrativo.

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1.1.2. Aspectos Estruturais

As características estruturais da aula de educação física são dadas pela


sucessão dos elos, dos momentos, das fases, ou das partes da aula. Estas
etapas, fases, elos são diferenciados por objectivos, conteúdo, duração e
metodologia.

Ao longo do tempo, a aula de educação física ostentou vários tipos de estruturas:

 a aula em três partes ( inicial ou preparatória, principal ou fundamental e


final ou retorno a calma);
 a aula com fases clássicas da estrutura actual ( a organização do
grupo de alunos, a preparação do organismo para o esforço,
desenvolvimento das qualidades/habilidades motoras, o regresso a
condições normais de solicitação do organismo, considerações e
recomendações para a actividade futura).

1.2. Particularidades das idades e seu tratamento metodológico (períodos


sensitivos)

No contexto maturacional, sabemos que ao longo do período de formação


acontecem inúmeras transformações e evoluções que influenciam na reacção a
diversos estímulos no corpo dos indivíduos. Mas para entendermos esse
processo de transformação, não podemos deixar de lembrar que o crescimento
e maturação são dois tipos de acontecimentos importantes a se ter em
consideração. A variação no tamanho corporal e na performance associada com
as diferenças inter-individuais da maturação biológica é um aspecto importante
a se ter em consideração.

De acordo com Coelho e Silva (2003), os processos biológicos de crescimento


e maturação ocorrem em ritmos diferenciados entre idade e gênero, originando
capacidades desportivo-motoras diferentes. Segundo o autor, existem idades
do ser humano a considerar:

Idade Anatómica- essa idade refer-se aos diferentes estágios de crescimento


anatómicos, ou seja, das partes do corpo humano que podem ser reconhecidos
pela identificação de determinadas caracteristicas. Embora existam inúmeras

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diferenças individuais em relacção as caracteristicas do desenvolvimento motor,
a idade anatómica não deixa dúvidas quanto as complexidades dos processos
de crescimento e desenvolvimento. A análise desta idade também ajuda a
explicar porque algumas crianças aprimoram o desenvolvimento motor e as
habilidades com maior rapidez do que outras. Com isso, as crianças com melhor
desenvolviemento anatómico adquirarão mais habilidades, e com maior rapidez,
do que crianças menos desenvolvidas.

Idade Biológica- refere-se ao desenvolvimento fisiológico, ou seja, está


relacionada ao funcionamento dos órgãos e dos sistemas que ajudam a
determinar o potencial fisiológico.

Períodos sensitivos
Segundo Barbanti ( 1994), é o período da vida nos quais se adiquire muito
rapidamente modelos específicos de comportamentos relacionados ao ambiente
e nos quais se evidencia uma elevada sensibilidade do organismo para realizar
determinadas experiências. Ou seja, são intervalos ao longo do
desenvolvimento, em que a criança está especialmente apta, e se sente atraída
por um determinado estímulo ou um tipo específico de tarefa.

Deste modo, pesquisadores ligados a área de desenvolvimento e da fisiologia


comportamental preconizam que a evolução motora não é biologicamente linear,
mas sim irregular. De acordo com Demetter (1989), nesse processo alterna-se
períodos de desenvolvimento e da evolução lenta. Relacionados com a idade,
com as condições de vida e com as particularidades individuais e outros de
maturação rápida, no nível morfo-funcional. Ao final desses períodos observam-
se condições especialmente favoráves para o desenvolvimento das capacidades
motoras esses períodos correspondem as chamadas fases sensíveis.

Nesta senda, os aspectos metodológicos a se ter em conta nas aulas de


educação física relactivamente as particularidades das idades baseam-se
essencialmente no respeito do princípio da acessibilidade.

Este princípio sublinha a necessidade da efectuação da educação física em


função das particularidades dos sujeitos (idade, sexo, nível de preparação). Se

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a prática dos exercicíos físicos pudesse realizar-se com cada sujeito em
particular, a acessibilidade poderia ir até à individualização ou personalização.

A acessibilidade não significa impor exigências de conteúdos e metodologias


organizativas a nível das possibilidades mínimas dos sujeitos do respectivo
grupo. As exigências impostas devem solicitar os sujeitos, determiná-los a
depositarem esforços para resolução das diversas situações do processo de
ensino.

Em conformidade com este princípio, são necessárias as seguintes acções


metodológias por parte dos professores:

 A selecção atenta dos estímulos, dos exercícios físicos de um modo geral;


 O estabelecimento de uma dosagem adequada do esforço;
 O emprego de reguladores metodológicos a fim de acelerar o processo
de quisição pelos alunos de certos actos ou acções motoras;
 A adaptação dos métodos e dos procedimentos metodológicos de ensino
ao nível de compreensão e desenvolvimento psicomotor dos alunos;
 A diferenciação da avaliação dos sujeitos;
 Conhecer permanentemente os sujeitos inclusos;
 O estabelecimento de um rítmo de trabalho adequado, em função da
reacção dos sujeitos aos estímulos;
 Conhecer as três regras essenciais da didáctica na educação física:
- passar do que é fácil ao difícil, em que funciona prioritariamente o
critério da força necessária para a execução dos actos e das
acções motoras;
- passar do que é simples ao complexo, em que funciona
prioritariamente o critério da destreza necessária para a execução
dos actos e das acções motoras;
- passar do já sabido ao desconhecido, ou seja, dos elementos já
adquiridos a outros novos, de modos que se aproveitem os já
adquiridos pelos alunos.

Deste modo, enfatizamos que tanto para o organismo que se encontra em


processo de crescimento e maturação ou de um indivíduo adulto, é importante
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que a realização de exercícios se dê de forma sistemática e metodologicamente
organizada, dirigida a cada grupo etário. Portanto, é necessario tomar alguns
cuidados quanto à prática do exercício, por mais que os indivíduos envolvidos
se engajem nessa prática para aprender as habilidades, não podemos esquecer
também que eles ficam expostos as questões de anormalidade nesse
desenvolvimento. Apesar de que os exercícios têm efeitos positivos e são um
factor importante para os indivíduos, a sua estrutura e forma de organização
ainda precisam de cuidados.

1.3. Fundamentos gerais da ginástica e o jogo como meios da educação


física

Os meios são instrumentos com que se opera e se actua nas aulas de educação
física, são efectuados pelo sujeito e indicados pelo professor.

Os meios, juntamente com os métodos e os processos metodológicos, formam


o conteúdo das aulas de Educação Física.

A ginástica pode-se definir como uma actividade integrada por um sistema de


exercícios físicos, especialmente escolhidos e de métodos científicos
encaminhados a solucionar os problemas do desenvolvimento físico integral, a
aperfeiçoar as capacidades físico motor e manter e melhorar o estado de saúde
de quem a pratica. Segundo Birkin

Objectivos principais da ginástica

 Desenvolver harmonicamente as formas e funções do organismo, com o


propósito de aperfeiçoar as capacidades físicas, fortalecer a saúde e
proporcionar a longevidade.

 Formar destrezas física motoras de importância vital, hábitos e


proporcionar conhecimentos especiais.

 Educar as qualidades morais, volitivas e estéticas.

A ginástica na aula de educação física escolar desenvolve as habilidade motoras


basica, os jogos e as capacidades física e se ensina os exercícios de
organização e controlo.

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1.3.1. Exercícios de organização e controle

Estes exercícios contribuem à formação de uma correta postura e ao


desenvolvimento de hábitos positivos e de ação colectiva; permitem organizar e
distribuir de forma racional e rápida aos alunos, podem-se utilizar em qualquer
parte da aula sempre que for necessário, não obstante, se deve evitar o uso
indiscriminado destes e com isso cair na monotonia. Recomendamos utilizar o
jogo como uma via para tratar estes conteúdos de forma motivada.

Os exercícios de organização e controle estã classificados da seguinte maneira:

 Formações: colunas, fileiras, círculos, dispersos, giros para diferentes


direcções;

As mesmas constituem formas organizativas muito importantes dentro da aula,


a utilização de uma ou outra estará em correspondência com as actividades a
realizar, também ajudam a desenvolver a orientação espacial. Recomenda-se o
jogo para seu tratamento.

 Posições: sentido e descanço;

Esta posição deve trabalhar-se nos momentos que a aula o requeira, já que
contribui a melhorar a postura estando parados e ajuda a concentrar a atenção.

 Alinhamentos e numerações: numerar 1,2,1,2, alinhamento direita, a


esquerda e duplo;

Estes podem ser úteis em algumas aulas. Os alinhamentos podem trabalhar-se


as combinando com as formações, utilizados nos momentos que se requeira.

 Giros: direita, esquerda, meia-volta volver.

Na primeira classe, os giros se realizam com pequenos saltos, é necessário


insistir na orientação no espaço, utilizando procedimentos que ajudem ao
menino a identificar a direita e a esquerda, como por exemplo; levantar a mão
que corresponda à direção que se indique e girar. Também se podem utilizar
pontos de referência para guiar ao menino.

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1.3.2. As habilidades motoras básicas

As habilidades motoras básicas são componentes dos modelos da educação


física e do desporto que se formam, se aprendem e se adquirem na ontogênese.
A aquisição das habilidades motrizes é condicionada por várias variáveis, tendo
prioridade o nível das capacidades físicas e dos índices de desenvolvimento
físico ou corporal que caracterizam os sujeitos. Elas adquirem-se ao longo da
vida, sobretudo na infância, ou nos processos de instrução especialmente
organizados.

A criança tem muitas habilidades para aperfeiçoar: vai aprender a andar, a falar,
a pegar objetos, sentar, correr, pular e todos os movimentos comuns do corpo
humano. O que possibilita que ele aprenda a fazer tudo isso é a motricidade, ou
seja, as habilidades motrizes que usamos para carregar, segurar, soltar ou
empurrar objectos. É o que faz com que nossa mente informe ao corpo qual é a
maneira correta de reagir ao espaço a nossa volta.

Essas habilidades motrizes se dividem em dois grupos: a motricidade ampla e


a motricidade fina. As duas devem sempre trabalhar juntas para que nós
consigamos cumprir as atividades do dia-a-dia, às vezes precisando mais de
uma do que da outra para determinadas tarefas.

O que é a motricidade ampla?

Durante a infância, a motricidade ampla é a primeira que aperfeiçoamos, porque


ela permite os movimentos maiores do nosso corpo: mexer os braços, pernas e
mãos, andar, correr, sentar, se inclinar para frente, carregar, empurrar, rolar,
todos são movimentos da motricidade ampla. São actividades que utilizam todos
os nossos músculos, ou grande parte deles, para serem realizadas. Se essa
motricidade não for bem exercitada, os movimentos podem ser desconectados
ou muito lentos.

A melhor maneira de deixar seu aluno desenvolver a motricidade ampla é dando


espaço e liberdade para aproveitar o ambiente. Mesmo que ele caia algumas
vezes, é importante que ele corra, caminhe, pule, escale, role e se familiarize
com todas as funções de seu corpo.

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O que é a motricidade fina?
Ao contrário da motricidade ampla, a motricidade fina exige o uso de músculos
menores do corpo. Por exemplo, exige a coordenação de mãos e olhos na hora
de escrever, recortar ou pintar. Mover os lábios para mandar beijo, sugar e sorrir
também fazem parte desse conjunto de habilidades. Até mesmo juntar algo leve
do chão, como uma folha, faz parte da motricidade fina.

Deste modo, a ausência de uma actividade fisica sistemática conduz a


problemas de insuficiência motora, trazendo maleficios para a saúde. Realça-se
que um acompanhamento correcto por pessoas eficientes deve ocorrer logo nas
primeiras idades, de forma a proporcionar um desenvolvimento e aprendizagem
das habilidades motrizes fundamentais, fornecendo competências básicas que
possam assegurar a futura autonomia dos alunos na gestão da sua própria
actividade física. No contexto escolar, a Educação Física deverá estimular a
criânça oferecendo actividades diversificadas e compatíveis com as suas
características e necessidades, visando um desenvolvimento multilateral nas
diferentes dimensões bio/psico/socio/cultural.

As crianças deverão adquirir as habilidades básicas antes das habilidades mais


complexas, que não são mais do que o aperfeiçoamento e especialização das
habilidades básicas, aplicaveis em contextos especificos o que muitas vezes são
chamadas de habilidades desportivas.

1.3.3. Metodologia de ensino das habilidades motoras básicas

O ensino das habilidades motrizes permite assimilar os hábitos motores


aplicados aplicados de vital importância para as actividades de qualquer sujeito.

Por suas características, podem ser utilizadas na preparação física geral como
parte da aula de educação física e em modalidades desportivas que necessitam
delas, inclusive para a preparação física específica. Contribuem para o
desenvolvimento das capacidades físicas condicionais como a força, resistência
e a velocidade ou rapidez ao combinar alguns destes exercícios.

Em dependência dos objectivos, podem ser empregadas durante a parte


preparatória ou principal da aula, utilizando procedimentos organizativos como o
percurso, circuito e as estações.

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As habilidades motrizes estão classificadas na seguinte ordem:

1. Marcha e corrida;
2. Saltos;
3. Equilíbrio
4. Lançamento e captura de objectos;
5. Escalamento;
6. Arrastamento.

1. Marcha e corrida

Estas duas manifestações intervêm de modos a melhorar a locomoção


necessária a cada momento do desenvolvimento do indivíduo e, representam o
meio eficaz para desenvolver a coordenação, o rítmo, a rapidez ou velocidade e
a orientação espacial.

A marcha e a corrida, utilizadas como carga fundamental, regulam-se atendendo


à possibilidade de aplicar de uma forma lenta até aumentar o rítmo e a frequência
de passos, sem excluir as possíveis combinações com outros exercícios no
campo da Educação Física em dependência do objectivo e da parte da aula onde
se aplica.

Metodologia para o ensino na aula

É necessário aperfeiçoar o caminhar para posteriormente ensinar a correr. Deve-


se regular a dosificação através da mudança de rítmo, alternar a marcha com a
corrida ou outros passos, aumentar o peso, trocar as condições do terreno e o
tempo de duração.

Exemplos de exercícios de marcha: caminhar normal, caminhar com o


metatarso, com o calcanhar, com flexão de perna, com saltos, marcha elevando
os joelhos, com passos compridos, lateral, seguindo o rítmo das palmada, com
apoio intemédio do calcanhar o metatarso e marcha utilizando movimentos de
braços (círculos).

Exemplos de exercícios de corrida: corridas com saltos alternos, elevando os


joelhos, corrida lateral, com o rítmo das palmas, etc.

2. Saltos

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Tal como a marcha e a corrida, os exercícios de salto exercem influência directa
sobre os membros inferiores. Representam um meio valioso para o
desenvolvimento da força, velocidade e a agilidade.

Podem ser utilizados nas diferentes partes da aula, seleccionando-os em função


dos objectivos formulados pelo professor, levando em consideração a
necessidade de ensinar para depois utilizá-lo como meio para um determinado
fim.

 Os saltos apresentam as seguintes fases:


 Fase de preparação.
 Fase de Decolagem;
 Fase de voo (vertical ou horizontal);
 Fase de aterrissagem.

Metodologia para o ensino na aula

A preparação física dos alunos é o primeiro factor a se ter em conta para a


realização dos saltos. A explosividade nas decolagens e aterrissagens
adequadas dependem da preparação que possuem os alunos e da força nas
extremidades inferiores. O ensino dos saltos deve someçar por saltos no lugar
com uma e duas pernas e aumentando progressivamente o nível de
complexidade.

Exemplos de exercícios de saltos: saltos no lugar com uma ou duas pernas,


tendo mão na cintura, saltar e na fase de voo, manter as pernas em lateral ou à
frente e braços laterais, posição inicial com as pernas separadas, saltar com as
pernas unidas e aterrissar com elas separadas, saltar com aterrissagem em
flexão e voltar a saltar, saltar e no voo realizar giros de 90º, 180º e mais, saltar
uma corda, saltos em diferentes alturas ou com implentos, etc.

3. Equilíbrio

O equilíbrio se adquire pelo estabelecimento de reflexos condicionados que se


aperfeiçoam pelas repetições. A preparação do equilíbrio é necessária para as
modalidades desportivas de arte competitiva como a ginástica artística, rítmica,

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etc, por isso é de grande importância incluir exercícios dirigidos ao seu
desenvolvimento.

Metodologia para o ensino na aula

Realizar exercícios no lugar com os olhos abertos e fechados, exercícios


avançando em linhas desenhadas no chão, com os olhos abertos ou fechados,
etc.

Exemplos de exercícios de equilíbrio: em pé, com a ponta do pé e variações


de posições de braços com um objecto na cabeça, com apoio de um pé e o outro
flexionado para cima, andar directo sobre as linhas marcadas no chão, etc.

Estes exercícios podem ser realizados posteriormente aumentando a altura,


numa superfície larga ou estreita, até conseguir realizar alguns deles em um
cabo tenso.

4. Lançamento e captura de objectos

Este tipo de exercício tem uma influência multipla sobre o organismo do


indivíduo, pois, contribui para o desenvolvimento da agilidade, velocidade de
execução, visão periférica, aperfeiçoamnto da coordenação, fortalece e
dedenvolve os músculos das pernas, tronco e sobre tudo, os dos braços e região
escapular. Com esse exercício os alunos aprendem a lançar diferentes objectos
ao alvo, em diferentes distâncias, para tal, necessitam de um fino e amplo
desenvolvimento motriz que se desenrola com a prática.

Como objetos de lançamento servem diversos tipos de bolas: de tênis, bolas


medicinais e bolas de futebol, de voleibol e de basquetebol descartáveis que
preenchem-se com diferentes materiais segundo o peso desejado.

Metodologia para o ensino na aula

Ao incluir exercícios de lançamento e captura nas aulas de educação física,


deve-se garantir que a sobrecarga física esteja distribuída por igual (devem se
realizar os exercícios com ambos os braços). Ao introduzir os exercícios de
lançamento e captura, deve-se aínda, assimilar a técnica de captura correcta do
objecto para que posteriormente se aumente o nível de complexidade dos
exercícios.

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Exemplos de exercícios de lançamento e captura de objectos: lançamentos
para cima e captura, lançar o objecto à parede, deixá-la recochetear no chão e
capturá-la, lançar o objecto com uma mão e depois a outra, lançamentos em par,
lançamentos ao alvo, etc.

5. Escalamento

Os exercícios de escalamento levam necessariamente ao desenvolvimento dos


músculos correspondentes às extremidades superiores e, a cintura escapular e
o tronco. Em escalamentos totalmente verticais, os braços realizam flexões
máximas que elevam o corpo sem interrupção em direcção contrária à força de
gravidade. Estes exercícios incrementam as capacidades de força e
coordenação e influem sobre os aparelhos circulatórios e respiratório.

Metodologia para o ensino na aula

Para começar é necessário aprender a escalar aparelhos inclinados ou em forma


de degraus, sobretudo na idade infantil e logo, utilizar os pés e as mãos na corda.
Uma vez que os alunos aprendam o escalamento combinando as pernas e os
braços, podem passar a escalar só com as mãos.

Exemplos de exercícios de escalamentos: escalar por degraus, Em um plano


inclinado, subir e descer escadas com apoio das mãos e pés até 2 m, escalar
usando somente os braços para puxar a corda, alternando-os ou em simultâneo,
etc.

6. Arrastamentos

Estes exercícios consistem em deslocamentos pelo chão deitados e em


quadrúpedes. São utilizados para fortalecer a musculatura de todo o corpo, já
que exigem do participante, o desdobramento da sua força, sua resistência,
agilidade, velocidade e desenvolve-se multilateralmente o aparelho motor,
influenciando os sistemas circulatório e respiratório.

Metodologia para o ensino na aula

Ao ensinar os arrastamentos, deve-se começar em superfícies adequadas e


posteriormente levá-los ao meio natural. O corpo deve estar o mais próximo ao
chão, independentemente de quão variáveis existem nos arrastamentos. O

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aperfeiçoamento destes exercícios se realiza utilizando variadas condições
como passando por cima e por baixo de obstáculos, aumentando a velocidade,
distância, o número de obstáculos, etc.

Exemplos de exercícios de arrastamentos: arrastamentos com apoio do


antebraço e joelhos, com apoio das mãos e pés, com apoio lateral do corpo,
deitados de frente, em quadrúpede com o companheiro por cima, etc.

1.3.4. Jogos

É uma acção ou ocupação voluntária que se exerce dentro de certos limites pré-
estabelecidos no tempo e no espaço e de acordo com regras aceites livremente,
mas que obrigam a uma estrita observância que encontra a sua finalidade em si
mesmo e esta acompanhado dum sentimento de tensão e alegria e da
consciência de ser algo distinto da vida normal.

Mediante os jogos os meninos aplicam e consolidam os conhecimentos e


habilidades motorass que exercitaram na ginástica básica como as formações e
as habilidades de correr, saltar, lançar e outras as que também constituem uma
via para desenvolver as capacidades físicas.

Nos níveis iniciais, recomenda-se que os jogos não tenham um caráter


competitivo, porque os meninos aínda não exercitaram o suficiente as diferentes
habilidades, pois se acontecer o contrário, o aluno concentrará sua atenção no
lucro da vitória e não na execução acertada das actividades.

Os programas curriculares, se enfocam de forma geral os diferentes aspectos a


ter em conta para o planejamento dos jogos. Entretanto, cabe ao professor
seleccionar os que se realizarão em cada aula em correspondência com as
características dos alunos e área de trabalho.

Além dos jogos que se sugerem, o professor ou os próprios alunos podem criar
outros jogos ou selecionar alguns que aparecem em outros textos.

Outro aspecto de grande importância é que o professor tenha em conta, ao


planejar os jogos, que estes devem ir encaminhados a desenvolver as
capacidades físicas e habilidades motoras de forma integrada; assim como
executar uma mesma habilidade de diferentes forma ou combinada com outras.

DOCENTE: Manuel Brunelo M. P. Antunes


No entanto, antes de partir para o desporto, os jogos pré-desportivos servem
como um treino dos movimentos básicos e fundamentos necessários para as
diversas modalidades desportivas.

Exemplo: Lançar bolas por cima do ombro, realizando com os duas ou mais
combinações como saltar e lançar, lançar e correr, etc.

Os jogos podem variar na seguinte ordem:

 Modificando as posições iniciais. Exemplo: No jogo "Mudança de


lugar" pode modificá-la posição dos alunos antes de correr (sentados,
deitados, etc.);
 Modificando as formações;
 Modificando a forma de realizar as acções. Exemplo: Se o jogo for de
lançar bolas, podem-se utilizar outras variantes como lançamentos por
cima do ombro, por baixo das pernas, laterais ou de outras formas
possíveis;
 Utilizando variadamente os meios de ensino. Exemplo: O alvo que se
encontrava estático em um jogo de lançar, pode-se converter em
móvel; um mesmo obstáculo se pode saltar, contornar, transportar,
etc;
 Modificando as regras do jogo. Exemplo: Se a regra de um jogo
consiste em saltar um obstáculo, poderia modificar-se por passar por
debaixo deste ou outra ação possível.

Sugestões de jogos

1. Jogos de lançar e capturar objectos:

Nome: Passe de Bola (ou outro).

Objectivo: Exercitar os lançamentos e captura da bola.

Materiais: bolas pequenas ou médias

Organização: As equipas se dividem em quatro colunas, uma de fronte à outra e


separados entre si por certa distância (3M). Os primeiros alunos de das colunas
sustentam uma bola nas mãos.

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Desenvolvimento: Ao sinal de professor, os primeiros alunos das calunas que
tem a posse de bola, lançarão a bola com uma mão ao primeiro da coluna que
tem à fronte e correrão ao final de sua coluna. Os outros meninos apanharão a
bola com duas mãos e realizarão o lançamento de igual forma incorporando-se
também ao final de sua coluna. Termina o jogo quando o primeiro menino que
lançou fique novamente com a posse de bola.

Ganha a equipa que primeiro terminar e realizar correctamente a actividade.

2. Nome: Bola pelo túnel

Objetivo: Obter a precisão no lançamento e captura.

Materiais: Bolas pequenas ou médias.

Organização: As equipas estarão formadas em colunas, por trás de uma linha e


com as pernas separadas formam um túnel. O primeiro de cada equipa estará
com uma bola nas mãos. O último jogador permaneceár de pé e ligeiramente
separado da fileira.

Desenvolvimento: Ao sinal do professor, o menino que estiver na frente da


coluna lançará a bola com uma mão por entre as pernas de seus companheiros;
os que, em caso necessário, ajudarão para que esta chegue ao final e seja
apanhada com as duas mãos pelo último menino. Este, ao apanhar a bola, corre
à frente da sua coluna e realizará a mesma actividade.

O jogo se repete até que todos os meninos tenham efectuado o movimento.


Ganha a equipa que primeiro terminar e realizar correctamente a actividade.

II. Direcção e avaliação do processo de ensino da educação


Física
2.1. Métodos na Educação Física
A tendencia actual em qualquer processo instrutivo-educativo alveja transformar
o indivíduo, o “beneficiário” da instrução e educação, de “objecto” para o
verdadeiro “sujeito” da própria formação. Para o alcance deste objectivo, que
caracteriza o ensino contemporâneo em geral, muita importância têm os
métodos utilizados.
DOCENTE: Manuel Brunelo M. P. Antunes
O método exprime o seu significado no termo no termo de refeência “métodos”,
que vem do do grego metha = para, rumo; e odos = via, caminho. Portanto, o
método não é outra coisa senão “o caminho ou via para alcançar os objectivos
propostos”, e este varia em função da natureza dos objectivos.

É importante etender que cada ramo do conhecimento desenvolve seus próprios


métodos. Ao professor de EF e Desporto, cabe estimular e dirigir o processo de
ensino utilizando um conjunto de acções, passos e procedimentos que
chamamos também de método.

Os métodos, os estilos e os modelos de ensino utilizados para se procurar


alcançar aquela finalidade têm sido muitos e diversificados, uns mais centrados
na matéria de ensino, outros no aluno e outros no professor; uns mais
abrangentes e outros menos abrangentes.

2.1.1. Exigências para a selecção dos métodos na Educação Física


 Os métodos devem estar vinculados com os conteúdos (exercícios ou
actividades a realizar);
 Devem estar em correspondência com os objectivos propostos (
aprendizagem ou aperfeiçoamento das habilidades/qualidades motoras
básicas/desportivas);
 A selecção dos métodos é determinada por alguns factores ( idade, sexo,
experiência motriz dos sujeitos, objectivos e conteúdos da aula, meios de
ensino, tipo de aula...);
 O professor deve ter o domínio dos diversos métodos para a realização
mais efectiva das suas aulas.

2.1.2. Classificação dos métodos da Educação Física

Na opnião de Matvev, Novicov, Pereira, Bota, Bocioaca, Labarrere e Valdívia, os


métodos na Educação Física estão classificados da seguinte forma:

A. Verbais;
B. Intuitivos;
C. Práticos;

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A. Métodos verbais

Na educação física os métodos verbais são os seguintes:

1. Exposição verbal: realiza-se através da linguagem e por isso deverá ser


acessível ao nível de entendimento colectivo dos sujeitos, ele existe na prática
mediante os seguintes procedimentos metodológicos:

 A narração: utiliza-se para contar um facto, deve ser sugestiva e basear-


se em elementos já conhecidos já conhecidos pelos sujeitos (destinada a
sujeitos de pouca idade, até 8/9 anos);
 A explicação: consiste na descrição dos movimentos a estudar ou na
análise das acções dos alunos , esta pode ser breve ou detalhada (
destinada aos sujeitos com mais de 10 anos);
 A explanação: utiliza-se sobretudo no ensino superior, pode ser
encontrado também nas classes escolares avançadas. Está assente na
argumentação científica dos temas abordados e no emprego de uma
terminologia avançada.

2. Conversação ou elaboração conjunta: realizada igualmente através da


linguagem, refere-se ao diálogo permanente entre o professor e os alunos, ela
deve focar só em assuntos inerentes as actividades que se vão realizar, ou seja,
o professor através de suas perguntas e intervenções, leva os alunos ao
conhecimento (teórico, prático ou teórico-prático);

3. Brainstorming (Chuva de ideias): segundo a denominação brain= cérebro,


storm = tempestade, assalto; deduz-se que este método verbal é utilizado a fim
de estimular a participação activa dos sujeitos no debate sobre certos
problemas. No debate é admitido qualquer tipo de opiniões, especulações ou
afirmações dos participantes, tanto mais quando estas são argumentadas.

4. Estudo individual ou independente: é um método verbal clássico, deve ser


guiado, orientado e controlado pelo professor. Realiza-se com a consulta das
mais significativas fontes bibliográficas sobre os assuntos inerentes a Educação
Física.

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B. Métodos intuitivos

São os que ajudam para a formação de uma representação clara daquilo que
deverá ser aprendido. Eles são:

1. Demonstração: é um dos mais eficientes métodos e existem dois


procedimentos metodológicos pelos quais se concretizam este método:

 A demonstração directa (efectuada pelo professor);


 Demonstração indirecta (efectuada por um dos alunos).

2. observação: sempre orientada pelo professor, pode ser realizada com base
num guia de observação. Pode-se observar a execução de colegas de grupo ou
a execução de outros sujeitos. Podem ser observados tanto aspectos positivos
quanto os negativos e esta capacidade de observação pode ser educável, pois,
o discernir sobre os aspectos negativos ou positivos sublinha o nível de
participação consciente e activa no processo educativo.

C. Práticos: são utilizados essencialmente para a aprendizagem e


aperfeiçoamento das habilidades motoras básicas ou desportivas.

1. Método global ou sintético, analítico e misto: eles podem ser utilizados no


ensino de qualquer habilidade desportiva: no ensino das habilidades isoladas
(enrolamento à frente, salto em altura, lançamento na passada no basquetebol,
etc) e no ensino de actividades que englobem diversas habilidades (jogo de
futebol, jogo de basquetebol).

Método Sintético ou Global - é aquele mediante o qual se ensina um


exercício ou habilidade em todo o seu conjunto. É o método mais correcto
para as crianças. O essencial não é analisar detalhes nem procurar a
perfeição, mas sim conseguir uma execução aceitável e coordenada do
ponto de vista geral.

Método Analítico (partes) - exactamente o contrário do sintético (global)


O método analítico é a forma de ensinar uma habilidade desportiva (salto
em comprimento) ou uma modalidade desportiva (jogo 5x5, em
basquetebol), decompondo-a em partes e ensinar separadamente cada

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parte. Depois de todas as partes aprendidas, ensina-se a sua ligação
fazendo executar a habilidade/modalidade na sua totalidade.

Método Misto - consiste na combinação do global e do analítico,


procurando potenciar os aspectos favoráveis de cada um. Os métodos
mistos começam sempre com a execução da habilidade ou modalidade
objecto de aprendizagem na sua totalidade. Depois executam-se uma,
duas ou mais componentes da habilidade/modalidade de forma isolada.
Termina-se voltando à execução da habilidade/modalidade na sua
totalidade.

2. Jogo: utilizado para o desenvolvimento das capacidades físicas,


habilidades motoras básicas ou a aprendizagem e aperfeiçoamento de
habilidades motoras desportivas. Depois de consolidar o hábito motor.

3. Repetição: consiste na execução reiterada de uma acção motora em


condições constantes, da mesma posição inicial, mesma velocidade e sem
variar os componentes das cargas.

2.2. OS MEIOS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Todos os objectos materiais indispensáveis para o desenvolvimento do processo


docente-educativo utilizado pelo professor e alunos e que intervêm directa e
indirectamente na aquisição sobre o conhecimento das habilidades e
capacidades.

 Classificação dos meios de ensino

1º- meios tácteis – objectos naturais em forma de terreno, bolas,etc.

2º-meios acústicos – apito, pistola, gravador, palmadas, etc.

3º-meios ópticos – filme, slides, fotos, desenhos, planos, cinegrama, etc.

4º- meios simbólicos e lógico matemáticos – bandeiras, antenas, distintivos,


uniformes, mapas, instrumentos de medição (espirómetro, cronómetro,
dinamómetro, etc.)

5º-meios idiomáticos - imprensa desportiva, regulamento, jornais e livros


desportivos, literatura científica na área desportiva.

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2.3. Avaliação em Educação Física

Avaliar, em educação, consiste em recolher e interpretar informações em função


de determinados critérios para tomar decisões com impacto na organização e
condução do processo de ensino/ aprendizagem.

O processo de ensino/aprendizagem está direccionado para o alcance de


resultados, para o alcance de objectivos. Por isso, avaliar os níveis de
aprendizagem alcançados pelos alunos é um imperativo institucional. Mas os
resultados alcançados pelos alunos dependem, em grande parte, dos
comportamentos de ensino do professor e dos comportamentos de
aprendizagem dos alunos isto é, das circunstâncias em que ocorrem as
aprendizagens, pelo que também as referidas circunstâncias devem ser
analisadas e avaliadas. Assim, em Educação Física, são objecto de avaliação o
produto de ensino (as aprendizagens dos alunos) e o processo de ensino (as
circunstâncias em que ocorrem as aprendizagens).

2.3.1. Finalidades da avaliação

Todos os comportamentos de ensino do professor encerram sempre uma


intenção, têm sempre uma finalidade. Assim, o professor, quando analisa e
avalia, fá-lo sempre com uma ou mais que uma das seguintes intenções:

1ª) Analisa e avalia para diagnosticar: isto é, para determinar o nível inicial
dos alunos relativamente a determinados parâmetros dos domínios motor,
cognitivo e sócio-afectivo. Esta é a principal finalidade do primeiro momento do
processo de avaliação;

2ª) Analisa e avalia para prognosticar as possibilidades dos alunos: o


prognóstico das possibilidades dos alunos baseia-se sempre no conhecimento
dos seus rendimentos, das suas capacidades, das suas dificuldades e dos seus
interesses e motivações. É com base naqueles conhecimentos que o professor
faz a predição daquilo que os alunos poderão vir a ser capazes de fazer;

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3ª) Analisa e avalia para motivar e incentivar os alunos: conhecer os
progressos e as dificuldades, constatar que o professor está atento e que
valoriza o que cada um faz de bom na aula, constitui, seguramente, um forte
estímulo para os alunos;

4ª) Analisa e avalia para conhecer os níveis de aprendizagem alcançados


pelos alunos: no final de cada unidade de ensino, período ou ano, o professor
deve comprovar se os alunos possuem o domínio quer dos objectivos previstos,
quer dos pré-requisitos para abordar os seguintes;

5ª) Analisa e avalia para classificar os alunos: os alunos, os pais e a


sociedade em geral querem e têm o direito de ter informações sobre a eficácia
do sistema de ensino. Assim, uma das finalidades da avaliação consiste,
também, em comunicar a diferentes grupos de pessoas o nível de competência
alcançado por cada aluno.

2.3.2. Instrumentos de avaliação

Os instrumentos de avaliação possibilitam o acompanhamento da aprendizagem


do aluno, visto que expressam o que o aluno aprendeu, deixou de aprender ou
ainda precisa aprender. Os instrumentos apresentam registros de diferentes
naturezas: expresso pelo próprio aluno (provas, testes e outros) ou expresso
pelo professor (pareceres, registro de observação, fichas e outros).

No entanto, vale ressaltar que todos os instrumentos de avaliação são


igualmente importantes para o processo educativo, dentre eles podemos
considerar alguns dos mais utilizados em Educação Física:

Testes: são situações experimentais estandardizadas que servem de estímulo


a um comportamento. Este comportamento avalia-se por comparação com o de
outros indivíduos colocados na mesma situação. Os testes são particularmente
úteis quando se pretendem recolher dados sobre os aspectos quantitativos do
rendimento - isto é, sobre os índices de força, de velocidade e de resistência. A
sua aplicação é, portanto, útil sempre que os índices das capacidades físicas
desempenhem um papel importante na realização das actividades objecto de
aprendizagem;

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A observação sistemática: é utilizada quando nos confrontamos com a
necessidade de avaliar os aspectos qualitativos da prestação dos alunos – isto
é, a forma como executam e aplicam as múltiplas habilidades motoras nas
diferentes modalidades desportivas, temos necessariamente que recorrer à
observação sistemática cujos resultados podem fornecer muitas e preciosas
informações quer sobre o nível actual dos alunos, quer sobre as possibilidades
de progressão e/ou prováveis dificuldades;

Registo de ocorrências: elabora-se uma ficha onde constam as categorias


(comportamentos) a observar (exemplo: passes falhados, recuperações de bola,
etc.). Sempre que um comportamento se verifica, regista-se a sua ocorrência
Qualquer comportamento do aluno que possa ser definido pode ser medido
através da contagem do número de vezes que ocorre (frequência);

Prova discursiva: é elaborada com questões que pressupõem descrições livres,


nas quais o aluno pode responder com suas próprias palavras, expressar seu
pensamento, na sua própria linguagem. Apesar da liberdade nas respostas, essa
prova não perde a objetividade e estas podem ser orais ou escritas.

2.3.3. Modalidades de avaliação

Em Educação Física, a modalidade de avaliação mais utilizada é a avaliação


contínua. Esta modalidade de avaliação resulta da concepção que considera o
processo de ensino/aprendizagem como um processo contínuo de
aperfeiçoamento do aluno.

Este tipo de avaliação inclui três fases complementares: a avaliação inicial ou


diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação final ou somativa.

A avaliação inicial ou diagnóstica: é aquela que é feita quando se inicia um


ciclo de aprendizagem – isto é, nos inícios de cada ano, de cada período e de
cada unidade de ensino, com a intenção de determinar as aptidões e as
dificuldades dos alunos nas diferentes matérias a aprender no período em
questão;

Avaliação formativa: a avaliação formativa consiste na recolha, sistemática e


informal, de informações relativas aos comportamentos dos alunos com o

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objectivo de os procurar melhorar. Constitui a base fundamental do processo de
avaliação porque é através dela que o professor vai determinando em que
medida os objectivos concretos de cada aula vão sendo alcançados e os alunos
vão conhecendo a sua situação relativamente às aprendizagens visadas. A
avaliação formativa baseia-se fundamentalmente na observação informal dos
alunos. Esta observação poderá, em caso de necessidade, ser precisada e
completada com a aplicação de provas específicas de periodicidade variável. A
avaliação formativa é um processo que não pára. Em todas as aulas, todos os
exercícios devem assumir também um carácter avaliativo.

Avaliação final ou somativa: é a avaliação que se faz no final de um ciclo de


aprendizagem (unidade de ensino, período ou ano) com o objectivo de formular
um juízo de valor globalizante sobre a aquisição dos conhecimentos, das
competências, das capacidades e das atitudes dos alunos. Permite determinar
o nível alcançado por cada aluno no final de um ciclo de aprendizagem.
Constitui, na maior parte das vezes, uma síntese dos resultados da avaliação
formativa. O que está fundamentalmente em causa nesta fase da avaliação é
saber em que medida os alunos atingiram os objectivos estabelecidos para o
período de tempo em questão.
2.4. A planificação do conteúdo na aula de educação física
O planeamento ou planificação é uma actividade humana que consta na previsão
científica do conteúdo, desenvolvimento e finalização de uma acção.
Planear consiste na selecção e ordenamento dos objectivos e dos conteúdos
programáticos, tendo em consideração as condições locais (pessoas, espaços e
materiais) e temporais (número de horas) (Bento, 1987).
Para o planeamento da EF em qualquer dos seus subsistemas são válidas as
seguintes exigências gerais:
 A concordância com o programa de especialidade do respectivo
subsistema de EF;
 A concordância com as particularidades dos sujeitos, de todos os pontos
de vista;
 A concordância com a base material concreta, com as possibilidades
materiais de práticas dos exercícios físicos;
 A concordância com as características de zona geográfica,
socioeconómica e climática;

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Deste modo, o professor começa, por fazer a caracterização do contexto
educativo. A turma e os alunos (escalão etário a que pertencem, fase de
aprendizagem em que se encontram, tipo de vivências anteriores, etc.), o
programa (aquisições essenciais que os alunos devem efectuar em cada ciclo,
em cada ano e em cada bloco), as condições materiais (meios disponíveis) e
temporais (número total de aulas e sua distribuição ao longo dos períodos, dos
meses e das semanas) são os aspectos determinantes desta caracterização. Em
função dos resultados daquela caracterização, define os objectivos que prevê
que os alunos possam vir a atingir no tempo disponível e nas condições
contextuais existentes.

Seguidamente, define a estratégia que supõe ser a mais adequada para que os
alunos possam atingir os objectivos – isto é, escolhe as matérias ou conteúdos,
os exercícios e as formas de organização.

Fecha o ciclo, concebendo um programa de avaliação relactivo quer ao


rendimento dos alunos, quer ao processo seguido.

1.4.1. Características de um plano de aula em Educação física

Para que tal se efective, o professor deve ter em conta as seguntes


características:

1- O planeamento em E.F. deve ser um processo de co-decisão.

O professor de EF decide e sistematiza a proposta do programa a ser


desenvolvido, partindo das expectativas dos alunos, suas necessidades
de enriquecimento e emancipação socio-cultural, pois, não há docência
sem discência, ou seja, o processo de ensino e aprendizagem é
construído conjuntamente entre professores e alunos. Ensinar não
transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua produção
ou sua construção, logo, fazer com que o aluno se torne sujeito no
planeamento do processo ensino-aprendizagem, assumindo a
responsabilidade da acção educativa junto com o corpo docente da
escola;

2- No momento da execução do planeamento acontecem situações não


previstas, o que implicará adaptações e alterações.
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Para que isto aconteça, é importante que o planeamento seja flexível
(característica da eficiência do mesmo). A E.F. deve ser norteada por um
planeamento aberto, flexível e continuamente elaborado em função das
situações de ensino, de aprendizagem que emergem no decorrer da aula;

3- O planeamento deve ter objectividade.

Deve ser claro, preciso e completamente correspondente com a realidade


em que vai ser aplicado. Não adianta planear situações que estejam fora
das possibilidades humanas e materiais da escola e dos alunos;

4- O planeamento em E.F. escolar deve ser coerente.

A elaboração de procedimentos de ensino-aprendizagem que tenham


correlacção com os objectivos visados, os conteúdos, os métodos, os
recursos seleccionados e a avaliação. Se o objectivo visado no processo
de ensino-aprendizagem for a aprendizagem de uma habilidade motora
(básica ou desportiva), o professor deve planear actividades onde os
alunos possam vivenciar efectivamente esses objectivos. (Os métodos,
conteúdos, recursos de ensino-aprendizagem e instrumentos de
avaliação devem ser seleccionados, de acordo com os objectivos);

5- Ordem sequencial das actividades.

Todo o ser humano é basicamente um iniciante diante das tarefas e


situações novas de aprendizagem motora, devendo os professores de EF
hierarquizar os movimentos, seguindo uma relação de menor para maior
complexidade, proporcionando actividades adequadas ao nível de
desenvolvimento motor de cada aluno.

1.4.1. Requisitos para o planeamento eficiente

 o acto de planear exige dos educadores um conhecimento seguro sobre


o que desejam fazer com a educação;
 quais os seus valores e significados;
 possuir conhecimento seguro sobre o aluno, compreendendo a inclusão
deste na sociedade e na história;

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 apresentar um conhecimento seguro dos procedimentos técnico-científico
de ensino com os quais conduzem a sua prática pedagógica, bem como
os processos de formação do caracter e do desenvolvimento de cada
educando.

1.4.2. Forma de planificar a aula de Educação Física

A aula é o ponto de convergência do pensamento e da acção do professor. Da


sua correcta organização e estruturação e do que nela acontecer, dependem,
grandemente, os resultados de aprendizagem dos alunos.

Existem vários modelos sobre a forma de planificar a aula de Educação Física.


O mais comum é o tripartido. O modelo tripartido considera a aula composta por
três momentos (partes ou fases) articulados de forma coerente: parte inicial ou
preparatória, parte intermédia, principal ou fundamental e parte final.

Parte inicial da aula (10 a 25% do tempo de aula). Visa dois objectivos: a criação
de um clima pedagógico favorável e a preparação funcional do organismo.
Consta de duas fases: uma fase verbal e uma fase activa (prática).

Na primeira fase - fase verbal, o professor segue os seguintes procedimentos


didácticos-metodológicos: faz de forma clara e muito breve, a saudação,
verificação das condições higiénicas dos alunos, controlo das presenças, a
apresentação da aula aos alunos, apresenta o tema da aula; expõe os objectivos
da aula; indica as actividades e o tipo de organização que vai utilizar.

Pretende-se com esta exposição informar e motivar os alunos relativamente aos


objectivos e às actividades da aula.

A segunda fase consta da realização de um conjunto mais ou menos extenso e


variado de exercícios, nomeadamente:

 Exercícios de flexibilidade;
 Combinação de múltiplas formas de deslocamentos;
 Execução de acções técnico-tácticas;
 Jogos com ou sem bola que mobilizem activa e simultaneamente todos
os alunos da turma, etc.

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É importante que os exercícios escolhidos para esta parte da aula sejam simples,
conhecidos dos alunos, dinâmicos, actuem sobre os grupos musculares
principais, mobilizem simultaneamente todos os alunos e sejam o mais
específicos possível - isto é, estejam em consonância com os conteúdos da parte
intermédia da aula.

Parte intermédia, principal ou fundamental da a aula (50 a 70% do tempo de


aula). É nesta parte que, por norma, são ensinadas as matérias novas, são
exercitadas, consolidadas e aperfeiçoadas as matérias já conhecidas. A sua
estrutura pode ser muito variável. Estabelece-se em função dos objectivos
centrais da aula, da função didáctica da aula, dos exercícios seleccionados, do
número de alunos da turma e das condições materiais existentes.

Parte final da aula (10 a 15% do tempo de aula). Visa fundamentalmente o


retorno do organismo às condições iniciais, às condições de pré-exercício. Por
isso, as actividades integrantes desta última parte da aula devem ser pouco
intensas. A arrumação do material, um exercício lúdico mas pouco movimentado,
a análise e avaliação da aula podem constituir boas formas de terminar a aula.

Independentemente do modelo por que se opte, todo o plano de aula deve conter
referências muito objectivas e sucintas sobre:

 Os objectivos que se pretendem atingir. Os objectivos das primeiras aulas


de uma unidade de ensino devem ser objectivos intermédios dos
objectivos terminais definidos para essa unidade, pelo que devem ser
deduzidos, por análise, dos objectivos terminais;
 Os exercícios de aprendizagem mais adequados à prossecução dos
objectivos seleccionados. Estes exercícios devem aparecer no plano de
acordo com a sequência em que irão ser realizados;
 Os critérios de êxito, as recomendações ou as regras de acção que os
alunos devem procurar respeitar durante a realização de cada exercício.
São estes elementos que vão centrar a atenção do professor e dos alunos
“no que fazer” e “no como fazer” e, em consequência, facilitar as
correcções ao professor e as aprendizagens aos alunos;
 O tempo de duração de cada exercício ou o número de repetições;

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 A estrutura organizativa da turma (número e constituição dos grupos de
trabalho e formas específicas e organização);
 Os recursos necessários para a realização dos exercícios (espaços e
materiais).

É de igual modo importante a efectivação dos procedimentos de


retroalimentação, pois, aínda que de forma implicita permitirá ao professor tomar
nota a partir dos alunos, sobre a dinámica da aula.

1.4.3. Importância do plano de aula

O plano de aula é essencial para garantir a qualidade no ensino, pois, permite


que o docente pense sobre os detalhes da aula, contribui de forma significativa
para a promoção e eficiência do ensino, aumenta a qualidade do mesmo
evitando a improvisação; Possibilita a articulação entre os elementos que
compõem a prática pedagógica; A contribuição para a obtenção dos objectivos
visados; Para a garantia de maior segurança na direcção do ensino e para a
facilitação na preparação da aula.

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