Nome: Julianna Taveira Molina dos Reis - 7º SEM/Matutino
RA: 20151494-2 Supervisora: Camila Cortelete
Resenha: Psicodiagnóstico Interventivo
A avaliação psicológica é uma importante área de atuação do psicólogo
que compreende um conjunto de procedimentos com o objetivo de compreender os fenômenos psicológicos e levantar hipóteses diagnósticas clínicas. Pode ser utilizada a nível individual ou em grupos, em vários contextos, tais como empresas, hospitais, esporte, no âmbito jurídico, orientações vocacionais, além da clínica. A princípio, o psicodiagnóstico era fundamentalmente pautado pelo modelo médico e estudava os sintomas e as síndromes psiquiátricas, orientando-se por um modelo behaviorista e psicometricista. Com o crescimento da psicanálise foram introduzidas as técnicas projetivas e observações, valorizando a relação psicólogo-paciente e a subjetividade do examinando. Entretanto, no trabalho tradicional do psicodiagnóstico, que se restringe à investigação, o método interventivo é incompatível com a aplicação de instrumentos de exames psicológicos , embora possa ocorrer um efeito terapêutico na entrevista devolutiva, por exemplo. O psicodiagnóstico interventivo na prática clínica engloba tanto a investigação quanto a intervenção. Enquanto se procura compreender os problemas e conflitos do sujeito, as intervenções já podem ser realizadas ao longo das entrevistas, aplicações de testes, com devolutivas no decorrer de todo o processo avaliativo. Esse modelo propõe uma mudança no estilo clássico de psicodiagnóstico, se afastando do positivismo, e privilegiando a relação entre os sujeitos e a compreensão do paciente nos aspectos significativos de sua personalidade, dinâmicas intrapsíquicas, familiares e socioculturais. Utiliza, para tanto, técnicas de exame baseadas na associação livre, testes projetivos, entrevistas pouco ou não estruturadas, na tentativa de compreender a subjetividade do paciente, mas é possível também a utilização de instrumentos psicométricos. Além disso, sob influência das consultas terapêuticas de Winnicott, o PIOP também considera a importância da qualidade do ambiente para que seja possível um processo diagnóstico completo e satisfatório, inclusive destacando o efeito terapêutico decorrente da participação ativa dos pais, quando o paciente é uma criança ou adolescente. As primeiras sessões são de extrema importância, já que é quando o paciente traz conteúdos significativos para explicar o motivo de ter procurado ajuda, além de outros dos quais ele não tinha consciência. Além de aliviar a angústia do paciente nesses momentos iniciais, o que já é feito tradicionalmente, o psicólogo já terá material para compreender o conflito do paciente e iniciar a intervenção, e valendo-se do vínculo, buscará a integração do self dele, de seus sofrimentos, e outros aspectos dissociados de sua personalidade. Vale destacar também a importância de instrumentos e técnicas projetivas com valor terapêutico em si mesmos, já que os estímulos componentes nestes evocam conteúdos latentes, obrigando o sujeito a reviver etapas do seu desenvolvimento emocional que tenham sido angustiantes, permitindo a oportunidade de elaboração e reorganização de objetos internos. No campo de produção de conhecimento, o PIOP tem natureza interativa (terapeuta-paciente), e o método utilizado é o interpretativo, o qual se investiga e intervém. O foco está na experiência humana e suas dimensões conscientes e inconscientes, e para tanto se valem dos processos psicanalíticos tradicionais – as associações livres e a escuta flutuante – e as características do PIOP e os procedimentos projetivos que dele fazem parte. O psicodiagnóstico interventivo introduziu, portanto, mudanças no processo de avaliação clínica principalmente no que diz respeito à postura do psicólogo e às intervenções que ele realiza durante os procedimentos. Esse tipo de psicodiagnóstico parece inovar o modelo tradicional, permitindo ao profissional construir uma visão compreensiva do paciente, ao mesmo tempo em que poderá ser um processo gerador de mudanças.