Para a formalização dessa norma jurídica individualizada, contudo,
não basta que o juiz promova, pura e simplesmente, a aplicação da norma geral e abstrata ao caso concreto. Atualmente, reconhece a necessidade de uma postura mais ativa do juiz, cumprindo-lhe compreender as particularidades do caso concreto e encontrar a norma geral e abstrata, uma solução que esteja em conformidade com as disposições e normas constitucionais. JURISDIÇÃO
A JURISDIÇÃO COMO ATIVIDADE CRIATIVA
A criatividade judicial pode, ainda, ser justificada pelo
princípio da inafastabilidade da jurisdição , que proíbe a recusa da prestação jurisdicional, no Brasil consagrado no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal e reafirmando no art. 3º do CPC.
O art. 140 do CPC ratifica isso: O juiz não se exime de
decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. JURISDIÇÃO
A JURISDIÇÃO COMO ATIVIDADE CRIATIVA
Segundo Luhmann, foi reconhecido desta função específica dos
tribunais que fez com que eles se libertassem da influencia imperial da política. A definição do papel dos tribunais no sistema jurídico deve partir dessa premissa: todo problema que for submetido ao Tribunal precisa ser resolvido, necessariamente. É dizer: ainda que a situação concreta não esteja prevista expressamente na legislação, caberá ao magistrado dar uma resposta ao problema, acolhendo ou negando a pretensão do demandante. JURISDIÇÃO JURISDIÇÃO COMO TÉCNICA DE TUTELA DE DIREITOS MEDIANTE UM PROCESSO
A jurisdição é uma das mais importantes técnicas de tutela de
direitos. Todas as situações jurídicas ativas (direitos em sentido amplo) merecem proteção jurisdicional. Marcelo Lima Guerra afirma que a jurisdição civil tem a função específica de proteger direitos subjetivos. O exercício da jurisdição pressupõe o processo prévio, em que se garantam o devido processo legal e seus corolários. Todo poder exerce-se processualmente. JURISDIÇÃO
A JURISDIÇÃO SEMPRE ATUA EM SITUAÇÃO JURÍDICA
CONCRETA
É preciso perceber que a jurisdição sempre atua sobre uma
situação concreta , um determinado problema que é levado à apreciação do órgão jurisdicional. Mesmo nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, há uma situação concreta, embora não relacionada a qualquer direito individual, submetida a apreciação do Supremo Tribunal Federal, em que se discute a constitucionalidade e a inconstitucionalidade de algum específico normativo. JURISDIÇÃO
INSUSCETIBILIDADE DE CONTROLE EXTERNO
A função jurisdicional tem como característica marcante
produzir a última decisão sobre a situação concreta deduzida em juízo: aplica-se o Direito a essa situação, sem que se possa submeter essa decisão ao controle de nenhum outro poder. A jurisdição somente é controlada pela própria jurisdição. JURISDIÇÃO
INSUSCETIBILIDADE DE CONTROLE EXTERNO
A jurisdição controla a função legislativa através do controle
de constitucionalidade e preenchimento de lacunas aparentes e a função administrativa, mas não é controlada por nenhum dos outros poderes. A jurisdição cabe dar a última palavra, a solução ao problema apresentado. Daniel Mitidiero percebe o ponto: a impossibilidade de controle externo é característica da jurisdição. JURISDIÇÃO APTIDÃO PARA A COISA JULGADA
A coisa julgada é situação jurídica que diz respeito exclusivamente às
decisões jurisdicionais. Somente uma decisão judicial pode tornar-se indiscutível e imutável pela coisa julgada. Isso não quer dizer que só haverá jurisdição se houver coisa julgada. A existência de coisa julgada é uma opção política do Estado. De fato, a característica que é exclusiva da jurisdição é a aptidão para a definitividade. Só os atos jurisdicionais podem adquirir essa especial estabilidade, que recebe o nome de coisa julgada. JURISDIÇÃO
A TERRITORIALIDADE PARA O EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO
Os magistrados só tem autoridade nos limites territoriais do seu Estado, ou seja,
nos limites do território da sua jurisdição. A jurisdição como manifestação de soberania, exerce-se sempre em um dado território. É com base neste princípio que surge a necessidade de as autoridades judiciárias cooperarem entre si, cada uma ajudando a outra no exercício da atividade jurisdicional em seu território. Surgem as cartas, como atos de comunicação entre os órgãos jurisdicionais: a maior parte dos atos de interesse ao processo, que devam ser praticadas fora dos limites do territoriais em que o Juiz exerce a jurisdição, dependerá da cooperação do juiz do lugar. JURISDIÇÃO
A TERRITORIALIDADE PARA O EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO
As cartas precatórias: é o instrumento pelo qual um juízo viabiliza a
realização de diligências e atos processuais, em um local onde não possua jurisdição, nas hipóteses cabíveis, através de uma solicitação a outro juízo, de igual ou superior instância, no território nacional – Juízes de mesma hierarquia no mesmo país.
As cartas rogatórias: é um instrumento jurídico para comunicação entre as
Justiças de países diferentes. Quando há a necessidade de cumprimento de uma diligência do processo em outro país - por exemplo, o depoimento de uma testemunha que mora no exterior - é enviada uma Carta Rogatória para formalização do ato processual. JURISDIÇÃO
A TERRITORIALIDADE PARA O EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO
Não se pode confundir a territorialidade da jurisdição com o lugar
onde a decisão irá produzir efeitos. A decisão judicial produzirá efeitos onde tiver que produzi-los: Uma decisão brasileira poderá produzir efeitos em outro país, basta que se tomem as providências para a sua homologação em território estrangeiro. JURISDIÇÃO
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE: Prescreve o inciso XXXV do art. 5º da
CF/88: ‘‘a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito.’’
O principal efeito desse princípio é o direito fundamental de ação,
também designado como direito de acesso ao Pode5r Judiciário ou direito a jurisdição. JURISDIÇÃO
O caput do art. 3º do CPC praticamente reproduziu o dispositivo
constitucional. A única mudança digna de registro foi a troca de ‘‘apreciação pelo Poder Judiciário’’ por ‘‘apreciação jurisdicional’’. O ajuste é correto, pois a jurisdição pode ser exercida fora do Poder Judiciário , como nos casos de arbitragem. JURISDIÇÃO
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL: Umas das principais garantias
decorrentes da cláusula do devido processo legal é a do direito fundamental ao juiz natural. Trata-se de garantia fundamental não prevista expressamente, mas que resulta da conjugação de dois dispositivos constitucionais: o que proíbe o Juízo ou Tribunal de exceção e o que determina que ninguém será processado senão em autoridade competente.