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CURSO DE

ERGONOMIA

MÓDULO II

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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO II

2 A REGULAMENTAÇÃO DA ÁREA

2.1 O QUE DIZEM AS NORMATIVAS E A LEGISLAÇÃO VIGENTE?

Neste capítulo serão exemplificados os artigos que abarcam o Decreto-Lei


nº 5.452, de 1º de maio de 1943 que aprova a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Além disso, será apresentada a regulamentação da área da Ergonomia,
conforma a legislação vigente no Brasil, por meio das Normas Regulamentadoras
(NRs) do Ministério de Trabalho e Emprego (MTE).
Pode-se dizer que tais informações são importantes, pois norteiam o
profissional que vai estar inserido dentro das empresas e que, por vezes,
desenvolverá estratégias que buscam as melhorias das condições de trabalho. Além
disso, estes conhecimentos são necessários pois muitas vezes são descritas as
indicações e adequações para a realização do trabalho.
Especificamente associando à Consolidação das Leis do Trabalho 1, há
indicações que buscam determinar os aspectos da identificação profissional
(Capítulo I do Título II), da duração do trabalho (Capítulo II do Título II), do salário
mínimo (Capítulo III do Título II), das férias anuais (Capítulo IV do Título II), da
segurança e da medicina do trabalho (Capítulo V do Título II), das disposições
especiais sobre a duração e condições de trabalho (Capítulo I do Título III), da
nacionalização do trabalho (Capítulo II do Título III), da proteção do trabalho da
mulher (Capítulo III do Título III), da proteção do trabalho do menor (Capítulo IV do
Título III), do contrato individual do trabalho (Título IV) que engloba questões como a
remuneração (Capítulo II), a recisão (Capítulo V), o aviso prévio (Capítulo VI), a

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Consolidações das Leis do Trabalho podem ser encontradas no site:
http://www.soleis.com.br/ebooks/0-TRABALHISTA.htm#51

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estabilidade (Capítulo VII), etc. Além disso, a CLT apresenta disposições sobre a
organização sindical (título V), o contrato coletivo do trabalho (Título VI), o processo
de multas administrativas (Título VII), a justiça do trabalho (título VIII), o Ministério
Público do Trabalho (Título IX), do processo judiciário do trabalho (Título X) e
disposições finais e transitórias (Título XI).
Neste momento, as indicações mais pertinentes desta Lei estão associadas
aos tópicos que envolvem o Capítlo II do Título II – da duração do trabalho, e do
tópico que envolve o capítulo V do mesmo título – da segurança e da medicina do
trabalho. O Quadro 2 mostra um apanhado geral das seções que fazem parte de
cada um destes capítulos.

QUADRO 2 – CAPÍTULOS ASSOCIADOS À DURAÇÃO DO TRABALHO E DA


SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO

Da duração do trabalho – Capítulo II

Seção I Disposição preliminar


Seção II Da jornada de trabalho
Seção III Dos períodos de descanso
Seção IV Do trabalho noturno
Seção V Do quadro de horário
Seção VI Das penalidades
Da segurança e da medicina do trabalho – Capítulo V
Seção I Disposições gerais
Seção II Da inspeção prévia e do embargo ou interdição
Seção III Dos órgãos de segurança e de medicina do trabalho nas empresas
Seção IV Do equipamento de proteção individual
Seção V Das medidas preventivas de medicina do trabalho
Seção VI Das edificações
Seção VII Da iluminação
Seção VIII Do conforto térmico
Seção IX Das instalações elétricas
Seção X Da movimentação, armazenagem e manuseio de materiais
Seção XI Das máquinas e equipamentos

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Seção XII Das caldeiras, fornos e recepientes sob pressão
Seção XIII Das atividades insalubres ou perigosas
Seção XIV Da prevenção da fadiga
Seção XV Das outras meddas especiais de proteção
Seção XVI Das penalidades
Fonte: http://www.soleis.com.br/ebooks/0-TRABALHISTA.htm#51

Mas por que a CLT é tão importante para os profissionais que trabalham
com a saúde? Além da CLT reger as medidas necessárias para o trabalho, há
também informações pertinentes quanto à regulamentação do trabalho de forma a
evitar inconformidades que venham a gerar problemas aos trabalhadores, tanto de
ordem física quanto cognitiva/mental, e à própria empresa que se certifica em estar
em conformidade com as leis brasileiras.
Por exemplo, o Art. 161; Seção III - da inspeção prévia e do embargo ou
interdição, indica que o Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do
serviço competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador,
poderá interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou
embargar obra, indicando na decisão tomada com a brevidade que a ocorrência
exigir, as providências que deverão ser adotadas para prevenção de infortúnios de
trabalho. Desta forma, a empresa deve proporcionar condições de trabalho
adequadas para o desenvolvimento das atividades.
Na verdade, algumas das disposiçoes da CLT, e em especial os Capítulos II
e V do Título II, vislumbram certificar a inxestência ou diminuir os fatores de riscos
aos quais o trabalhador pode estar exposto durante a jornada de trabalho. Por
exemplo, considerando a prevenção da fadiga (Capítulo XIV, Título II) observa-se
que o limite de peso recomendado pelo Art. 198, que o empregado pode remover
individualmente é de 60 quilos, ressalvadas as disposições especiais relativas ao
trabalho do menor e da mulher.
Mesmo que o peso de 60 quilos seja considerado ainda alto por alguns
estudiosos, percebe-se a tentativa de se evitar os acometimentos dos trabalhadores.
Desta forma, o profissional que irá avaliar as condições de trabalho deve indicar
medidas de segurança conforme a situação real observada.

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Outra importante consideração, também relatada pela Organização
Internacional do Trabalho, é com relação à jornada do trabalho, que pela CLT é
determinada como sendo oito horas diárias (conforme disposições da Seção II –
Capítulo II).
A permanência do trabalhador destinar oito horas às atividades do trabaho é
em função das evidências de que jornadas excessivas podem ser danosas à
eficiência econômica e à boa condição física e moral dos trabalhadores. Segundo
Lee, McCann e Messenger (2009), a demanda-chave da classe de trabalhadores do
mundo todo, até pouco tempo, era associada à duração do trabalho, que hoje é
determinada em 48 horas semanais (sendo oito horas diárias). Para os
trabalhadores, a extensão e a aplicação generalizada da jornada de oito horas
significavam uma reforma de valor incomparável: uma oportunidade de participar da
distribuição da nova riqueza gerada pela indústria moderna e de receber tal
participação na forma de horas de lazer.
Ademais, indicações de caráter obrigatório também são encontrados para a
necessidade de notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude
de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de
conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho (Art. 169,
Seção V) - das medidas preventivas de medicina do trabalho.
Conforme as disposições gerais (Portaria SIT n.º 84, de 04 de março de
2009; DOU: 12/03/2009), as Normas Regulamentadoras 2 – NRs, relativas à
segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas
privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem
como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. (Alteração dada pela Portaria
n.º 06, de 09 de março de 1983).
As disposições contidas nas Normas Regulamentadoras se aplicam, no que
couber, aos trabalhadores avulsos, às entidades ou empresas que lhes tomem o
serviço e aos sindicatos representativos das respectivas categorias profissionais
(Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09 de março de 1983). Porém, a
observância das Normas Regulamentadoras não desobriga as empresas do

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As Normas Regulamentadoras do Ministério de Trabalho e Emprego podem ser encontradas na
íntegra em: http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/default.asp

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cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em
códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios, e outras,
oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho (Alteração dada pela
Portaria n.º 06, de 09 de março de 1983)
Para fins de aplicação das Normas Regulamentadoras (Alteração dada pela
Portaria n.º 06, de 09 de março de 1983), considera-se:
a) empregador: a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos
da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços.
Equiparam-se ao empregador os profissionais liberais, as instituições de
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos,
que admitem trabalhadores como empregados;
b) empregado: a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual
a empregador, sob a dependência deste e mediante salário;
c) empresa: o estabelecimento ou o conjunto de estabelecimentos, canteiros
de obra, frente de trabalho, locais de trabalho e outras, constituindo a organização
de que se utiliza o empregador para atingir seus objetivos;
d) estabelecimento: cada uma das unidades da empresa, funcionando em
lugares diferentes, tais como: fábrica, refinaria, usina, escritório, loja, oficina,
depósito, laboratório;
e) setor de serviço: a menor unidade administrativa ou operacional
compreendida no mesmo estabelecimento;
f) canteiro de obra: a área do trabalho fixa e temporária, onde se
desenvolvem operações de apoio e execução à construção, demolição ou reparo de
uma obra;
g) frente de trabalho: a área de trabalho móvel e temporária, onde se
desenvolvem operações de apoio e execução à construção, demolição ou reparo de
uma obra;
h) local de trabalho: a área onde são executados os trabalhos.

De forma geral, pode-se dizer que o não cumprimento das disposições


legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho acarretará ao
empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente
(Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09 de março de 1983). Assim, a legislação

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faz uso de normas que regem as atividades a serem desenvolvidas de forma a
regulamentar o trabalho.
De acordo com o site do Ministério de Trabalho e Emprego, ao todos são 33
normas que selecionam diversas atividades e situações de forma a regulamentar as
atividades desenvolvidas nos mais diversos setores. O Quadro 3 ilustra um aparato
das Normas Regulamentadoras.

QUADRO 3 – NORMAS REGULAMENTADORAS.


NORMAS REGULAMENTADORAS
Nº 01 Disposições Gerais
Nº 02 Inspeção Prévia
Nº 03 Embargo ou Interdição
Nº 04 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
Nº 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
Nº 06 Equipamentos de Proteção Individual – EPI
Nº 07 Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional*
Nº 08 Edificações
Nº 09 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais
Nº 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
Nº 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais*
Nº 12 Máquinas e Equipamentos
Nº 13 Caldeiras e Vasos de Pressão
Nº 14 Fornos
Nº 15 Atividades e Operações Insalubres
Nº 16 Atividades e Operações Perigosas
Nº 17 Ergonomia*
Nº 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
Nº 19 Explosivos*
Nº 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
Nº 21 Trabalho a Céu Aberto
Nº 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
Nº 23 Proteção Contra Incêndios

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Nº 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
Nº 25 Resíduos Industriais
Nº 26 Sinalização de Segurança
Nº 27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB
(Revogada pela Portaria GM n.º 262, 29/05/2008)
Nº 28 Fiscalização e Penalidades
Nº 29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
Nº 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário*
Nº 31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura,
Exploração Florestal e Aquicultura
Nº 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde
Nº 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados
* Normas com adição de anexos ou notas técnicas.

Fonte: http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentaDORAS/Default.asp

Com foco na saúde, um exemplo importante destas normas é a norma


regulamentadora NR4 3 (com última atualização pela Portaria SIT n.º 128 de 11 de
dezembro de 2009, DOU: 14/12/09) que prevê a obrigatoriedade de Serviços
especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a
finalidade de promover à saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de
trabalho, para as empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da
administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam
empregados regidos pela CLT. Além disso, equipes de engenheiro de segurança do
trabalho, médico do trabalho, enfermeiro do trabalho e auxiliar de enfermagem do
trabalho devem constituir o quadro de profissionais especializados (BRASIL, 2008).
Corroborando com estas normativas, pode ser também citada, de acordo
com o Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde (BRASIL, 2001), a
execução das ações voltadas para a saúde do trabalhador conforme a atribuição do
Sistema Único de Saúde, prescritas na Constituição Federal de 1988 e
regulamentadas pela Lei Orgânica de Saúde (LOS). O artigo 6.º dessa lei confere à

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NR4 pode ser encontrada em:
http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_04.pdf

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direção nacional do Sistema a responsabilidade de coordenar a política de saúde do
trabalhador (TEIXEIRA et al., 2009).
Ainda de acordo com este Manual, no parágrafo 3.º do artigo 6.º da LOS,
conforme indicam Teixeira et al. (2009), a saúde do trabalhador é definida como um
conjunto de atividades que se destina, por meio das ações de vigilância
epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde do
trabalhador, assim como visa à recuperação e à reabilitação dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, sendo que
esse conjunto de atividades abrange:

• a assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou


portador de doença profissional e do trabalho;
• a participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;
• a participação na normatização, fiscalização e controle das
condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e
manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que
apresentam riscos à saúde do trabalhador;
• a avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
• a informação ao trabalhador, à sua respectiva entidade sindical e às
empresas sobre os riscos de acidente de trabalho, doença profissional e do
trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e
exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os
preceitos da ética profissional;
• a participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços
de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;
• a revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no
processo de trabalho;
• a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão
competente a interdição de máquina, do setor, do serviço ou de todo o
ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida
ou saúde do trabalhador.

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Além da Constituição Federal e da LOS, outros instrumentos e regulamentos
federais orientam o desenvolvimento das ações nesse campo, no âmbito do setor
Saúde, entre os quais se destacam a Portaria/MS n.º 3.120/1998 e a Portaria/MS n.º
3.908/1998, que tratam, respectivamente, da definição de procedimentos básicos
para a vigilância em saúde do trabalhador e prestação de serviços nessa área. A
operacionalização das atividades deve ocorrer nos planos nacional, estadual e
municipal, aos quais são atribuídos diferentes responsabilidades e papéis (BRASIL,
2001; TEIXEIRA et al., 2009).
A Norma Regulamentadora NR5 4 (com última atualização pela Portaria SIT
n.º 14 de 21 de junho de 2007, DOU: 26/06/07) objetiva a prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o
trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Para
tanto, a NR5 indica a necessidade de uma Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes - CIPA dentro da empresa, que deve ser constituída por seus
trabalhadores.
Outra norma importante e que deve ser de conhecimento do profissional da
saúde é a Norma Regulamentadora NR7 5 (com última atualização pela Portaria
SSST n.º 19 de 09 de abril de 1998, DOU: 22/04/98) que estabelece a
obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de
promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. Além disso,
ficam estabelecidos nesta norma os parâmetros mínimos e as diretrizes gerais a
serem observados na execução do PCMSO, podendo os mesmos ser ampliados
mediante negociação coletiva de trabalho.
Já a Norma Regulamentadora NR9 6 (com última atualização pela Portaria
SSST n.º 25, de 29 de dezembro de 1994, DOU: 30/12/90) estabelece a
obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os

4
NR5 pode ser encontrada em:
http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_05.pdf
5
NR7 pode ser encontrada: http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_07_at.pdf
6
NR9 pode ser encontrada: http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_07_at.pdf

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empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da
saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação,
reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em
consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
O estabelecimento de parâmetros que permitam a adaptação das condições
de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente é prevista
pela Norma Regulamentadora NR17 7 (Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de
1978; DOU: 06/07/78 com última atualização pela Portaria SIT n.º 13, de 21 de junho
de 2007; DOU: 26/06/07) com indicação da realização de uma Análise Ergonômica
do Trabalho (AET) (exemplificada no módulo anterior) nos estabelecimentos que
mantém funcionários (BRASIL, 2008). Assim, cada vez mais são desenvolvidos
esforços para que a atuação da Ergonomia chegue até o local de trabalho.
Quanto a estas questões, Oliveira et al. (2006) colocam que enquanto as
áreas de ponta em tecnologia, como as indústrias de petróleo, de aviação,
siderúrgicas, etc, já vêm adotando medidas de solução, as atividades desenvolvidas
em pequenas e microempresas, maiores empregadoras do país, ainda são
insuficientes para a identificação dos problemas associados à Ergonomia. Mesmo
que grande parte das análises em Ergonomia dentro das organizações sejam
solicitadas pelo Ministério do Trabalho, hoje nota-se que grande parte das empresas
solicitam a atuação de ergonomistas, muitas vezes em tempo integral de dedicação.
Além disso, as medidas em saúde e segurança também ganham espaço e os
resultados positivos destas estratégias já são observados na receita das empresas.
Especificamente tratando de economia dentro das organizações, Hendrick
(2003) faz a relação entre Ergonomia e Economia demonstrando que “Boa
Ergonomia é Boa Economia”. Segundo o autor, há possibilidades de se realizar
atividades para melhorar não apenas a condição humana, mas também reduzir
perdas e melhorar os lucros das empresas. Além disso, segundo o mesmo autor, a
Ergonomia fornece um campo para trabalhadores e gerentes colaborarem, pois

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NR17 pode ser encontrada em:
http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_17.pdf

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invariavelmente ambos acabam se beneficiando – gerentes, em termos de redução
de custos e aumento de produtividade, empregados em termos de melhoria na
segurança, saúde, conforto, usabilidade das ferramentas e equipamento, incluindo
software e melhoria da qualidade de vida no trabalho. Neste mesmo contexto, pode-
se dizer ainda que ambos os grupos (gerentes e empregados) se beneficiam com o
aumento da competitividade e aumento da probabilidade de que a empresa
sobreviva a longo prazo.
Outra importante consideração, para a inserção da Ergonomia nas
empresas, é associada aos aspectos legais, já previstos pela legislação. Para tanto,
Olivira et al. (2006) indicam a atuação dos Auditores Fiscais do Trabalho. Estes
verificam as ocorrências de problemas associados às condições de trabalho, saúde
e segurança dentro das empresas.

A partir destas observações, pode-se confirmar a preocupação da Comissão


Nacional de Ergonomia e do Departamento de Segurança e Saúde Trabalhador
(DSST) em desenvolver uma política nacional de fiscalização, com o objetivo de
melhorar as condições de trabalho e reduzir os altos índices de agravos à saúde
neste setor.
Segundo informações do Escritório da Organização Internacional do
Trabalho (2009), atualmente, o país conta com um Sistema Federal de Inspeção do

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Trabalho (SFIT) 8, cuja atuação abrange todas as empresas, estabelecimentos e
locais de trabalho (públicos e privados), e os profissionais liberais e instituições sem
fins lucrativos. Além das inúmeras atribuições inerentes à inspeção do trabalho,
cabe ao SFIT também fiscalizar o cumprimento de cotas para a inserção de
aprendizes e de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Além disso,
também é objetivo a fiscalização da erradicação do trabalho infantil e a eliminação
do trabalho exercido em condições análogas à escravidão.
Mesmo assim, o campo de atuação para os auditores fiscais do trabalho é
considerado aberto, cabendo a atuação não apenas de médicos (como no caso do
Instituto Nacional de Seguro Social – INSS), mas também de profissionais
capacitados em ergonomia.
Segundo Vendrame (1997), o perito é um profissional nomeado pelo juiz para
realizar a perícia judicial - perito judicial, perito do juiz ou jurisperito. Este é indivíduo
de confiança do juiz, figurando como auxiliar da justiça, e, ainda que seja
serventuário excepcional e temporário, deve reunir os conhecimentos técnico-
científicos indispensáveis à elucidação dos problemas fáticos da questão. As
exigências do Código de Processo Civil (CPC), segundo Bernardes, Moro e Merino
(2010) no capítulo IV, seção II, Art. 145 indicam que para ser nomeado perito o
profissional deverá cumprir com as seguintes exigências:

§1º: Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário,


devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitando o
disposto no Capítulo VI, Seção VII, deste Código;
§2º: Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que
deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem
inscritos;
§3º: Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que
preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos
será de livre escolha do juiz. (BERNARDES, MORO E MERINO, 2010)

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Regulamento da Inspeção do Trabalho pode ser encontrado em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4552.htm

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Estas questões vêm ao encontro das considerações de Oliveira et al. (2006)
que discutem que em termos de políticas públicas em Ergonomia ainda há um
período de quase ausência. Os autores complementam ainda que existe uma
completa desarticulação dos diferentes órgãos públicos com interface na área, como
por exemplo, os ministérios do trabalho, da educação, da saúde, da agricultura, da
ciência e tecnologia, incluindo comércio exterior e relações internacionais.
Na literatura nacional, por exemplo, os estudos encontrados que
demonstram a realização de análises ergonômicas do trabalho são ainda escassos,
pelo menos na forma de se contemplar uma AET que permita a visão global do
trabalho desenvolvido. Além disso, a maioria dos estudos salientam os resultados
encontrados com as avaliações e a comparação com outras investigações ainda são
incipientes.
Estudiosos como Schmitz (2002); Rocha
(2003); Silva (2003); Alonço et al. (2006); Dutra
(2006); Benedetti e Ouriques (2007); Montedo e
Sznelwar (2008); Ribeiro, Tereso e Abrahão (2009);
Vasconcelos et al. (2008) apresentam na litratura
suas pesquisas nas mais diversificadas profissões,
como o de caixas de banco; profissionais da
limpezas; soldadores; trabalhadores de roçadoras
manuais; cinegrafistas, professores de ginástica;
agricultura, como a produção de leite, plantação de
tomates e coletores de lixo domiciliar
respectivamente.

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Os resultados apresentados pelos autores permitem identificar muitas
problemáticas que envolvem cada ocupação, o que justifica e demonstra a
importância de ações em Ergonomia. Por exemplo o estudo de Ribeiro, Tereso e
Abrahão (2008), realizado com unidades de beneficiamento de tomates de mesa,
indicou como medida emergencial mais adequada para minimizar os riscos de
lesões, o rodízio de tarefas. Além disso, a possibilidade da redução do peso das
caixas ou do manuseio das mesmas, o tempo de exposição de
levantamento/abaixamento das caixas também foram propostas para diminuição dos
prejuízos da atividade. De forma geral, pode-se dizer que os estudos permitem
evidenciar as condições as quais os trabalhadores estão inseridos, indicando assim
as possíveis intervenções a serem desenvolvidas com o intuito de propostas de
melhorias.
Schmitz (2002) indicou necessidade urgente de informar aos trabalhadores a
melhor forma de usufruir os benefícios dos novos mobiliários e equipamentos. A
necessidade de treinamentos para os trabalhadores com o conhecimento dos seus
próprios corpos, limitações e possibilidades foi indicada também por autores como
Teixeira et al. (2009a). Além disso, a legislação determina essa necessidade, por
meio da NR 17, que indica que os treinamentos visam aumentar o conhecimento da
relação entre o trabalho e a promoção da saúde.
As ações em segurança dentro das empresas devem ser desenvolvidas de
forma sistemática. O Anexo 1 da NR-17 informa que se deve aumentar o
conhecimento da relação entre o trabalho e a promoção da saúde. Para tanto, os
treinamentos, previstos por exemplo pelo Anexo I da NR-17, deveriam abordar, no
mínimo:
a) Posto de trabalho;
b) Manipulação de mercadorias;
c) Organização do trabalho;
d) Aspectos psicossociais do trabalho;
e) Agravos à saúde mais encontrados nos profissionais.

A diversidade de áreas aos quais os estudos vêm sendo realizados vai ao


encontro do número de ocupações determinadas pela Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO), que foi instituída por portaria ministerial nº. 397, de 9 de outubro

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de 2002. A CBO tem por finalidade a identificação das ocupações no mercado de
trabalho, para fins classificatórios junto aos registros administrativos e domiciliares.
Os efeitos de uniformização pretendida pela Classificação Brasileira de Ocupações
são de ordem administrativa e não se estendem às relações de trabalho. Já a
regulamentação da profissão, diferentemente da CBO, é realizada por meio de lei 9.
Assim, a CBO indica a existencia de cerca de 2511 ocupações, sendo que
apenas 84 destas são regidas por lei. Exemplificando estas questões, o estudo de
Benedetti e Ouriques (2007) demonstrou que o Conselho Regional de Educação
Física – CREF está começando a atuar na regulamentação, cobrando as normas
mínimas de funcionamento das diferentes academias. Para os autores, ao realizar
uma AET dos profissionais que atuam em academias com a modalidade de
ginástica, prejuízos à saúde tanto em função da carga física quanto em função da
carga mental, foram encontrados. Desta forma, os autores salientam a importância
da regulamentação da área visando à intervenção para as melhorias das condições
de trabalho destes profissionais.
Assim, o foco principal passa a ser para a saúde do trabalhador. Atualmente,
muitos estudos vêm sendo desenvolvidos (MORENO, FISCHER e ROTENBERG,
2003; BARBOSA et al., 2004; TUCUNDUVA et al., 2006; MORIGUCHI et al., 2008;
MOZZINI, POLESE e BELTRAME, 2008; TEIXEIRA et al., 2009a; KOTHE et al.,
2009) com o objetivo de estabeler as relações entre a saúde e as questões de
trabalho, principalmente em função dos adoecimentos e afastamentos da profissão.
O estudo de Teixeira et al. (2009a), por exemplo, apresenta altas incidências
de queixas na região das costas em trabalhadores de um supermercado da região
Sul do Brasil. Segundo análises dos autores, as queixas induziram aos
adoecimentos e em consequência as faltas no trabalho. Os dados encontrados pelos
autores relacionando as queixas musculoesqueléticas e os afastamento das
atividades podem ser observadas na Figura 10.

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Pode ser encontrado em: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf

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FIGURA 10 – QUEIXAS DE DOR/DESCONFORTO CORPORAL NOS ÚLTIMOS 12
MESES, 7 DIAS E AFASTAMENTOS EM FUNÇÃO DESTAS

FONTE: Teixeira et al.: Fatores associados ao trabalho de operadores de checkout: investigação das
queixas musculoesqueléticas. Produção, v. 19, n. 3, p. 558-568, 2009a.

Muitos são os instrumentos para a verificaçao das queixas


musculoesqueléticas de dor/desconforto corporal. Os mais utilizados são os
instrumentos de Corlett e Manenica (1980), que é conhecido como diagrama das
áreas dolorosas e traz uma figura do corpo humano visto de costas dividido em 24
segmentos. A partir deste diagrama solicita-se ao trabalhador a indicação do grau de
desconforto para cada um dos segmentos. O índice de desconforto é classificado
em oito níveis que varia de zero para “sem desconforto” até o nível sete
“extremamente desconfortável”. Salienta-se que as indicações para queixas acima
de três necessita de atenção imediata para a atividade desenvolvida. A Figura 11
ilustra o diagrama de áreas dolorosas.

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FIGURA 11 – DIAGRAMA DE ÁREAS DOLOROSAS

FONTE: Iida: Ergonomia: projeto e produção, 2005.

Além disso, o questionário nórdico também destaca-se para as investigações


de queixas musculoesqueléticas, porém, com maior diferencial, o mesmo apresenta
a possibilidade de identificação das queixas nos últimos 12 dias, 7 dias e
afastamentos do trabalho em função destas queixas. A Figura 12 ilustra o
questionário para levantamento dos problemas musculoesqueléticos.

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FIGURA 12 – QUESTIONÁRIO NÓRDICO PARA LEVANTAMENTO DOS
PROBLEMAS MUSCULOESQUELÉTICOS

FONTE: Iida: Ergonomia: projeto e produção, 2005.

Porém, em uma análise em Ergonomia não basta apenas a aplicação destes


questionários de forma isolada, pois os mesmos apontam apenas as regiões de
queixas percebidas pelos trabalhadores. Desta forma, pode-se dizer que estes

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instrumentos são importantes para nortear as investigações e as próximas coletas
de dados a serem realizadas. Além disso, estes devem ser aliados a observações
dos postos de trabalho e verificação dos atestados da empresa para certificação dos
afastamentos do trabalho em função das queixas musculoesqueléticas. Também
deve ser certificado se as queixas relatadas são provenientes do trabalho
desenvolvido na empresa ou se estas podem ser devido a outras tarefas, como por
exemplo, aquelas realizadas nos momentos de lazer.

FIM DO MÓDULO II

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