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CASOS
CASOS
Gerald Thomas é um famoso diretor de teatro brasileiro, cujas peças teatrais são conhecidas
pelas polêmicas que provocam.
Como forma de protesto pelas vaias que recebia, o diretor de teatro simulou ato de
masturbação no palco e, ato contínuo, virou de costas para o público, abaixou as calças até o joelho,
arriou a cueca e exibiu suas nádegas para os espectadores que ali se encontravam. A lamentável
cena foi, inclusive, filmada, tendo gerado ampla repercussão após ser divulgada em cadeia nacional
por diversas redes de televisão.
O caso foi parar na polícia. Gerald Thomas foi acusado da prática de “ato obsceno”, crime
tipificado no art. 233 Código Penal brasileiro: “praticar ato obsceno em público ou aberto ou
exposto ao público: pena, de detenção de três meses a um ano, ou multa”.
Não conseguindo barrar o trâmite da ação penal nas instâncias ordinárias, Gerald Thomas
ingressou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal, alegando que a perseguição
penal violava o seu direito à liberdade artística e de expressão.
Ocorre que, em uma cidade X, a Prefeitura, utilizando seu poder de polícia, resolveu
interditar um bar onde era praticado o referido lançamento, argumentando que aquela atividade
violava a ordem pública, pois era contrária à dignidade da pessoa humana.
Não se conformando com a decisão do Poder Público, o Sr. Gomes (pessoa com
nanismo) questionou a interdição, argumentando que necessitava daquele trabalho para a sua
sobrevivência. Argumentou ainda que o direito ao trabalho e à livre iniciativa também seriam
valores protegidos pelo direito francês e, portanto, tinha o direito de decidir como ganhar a vida.
Em outubro 1995, o tribunal, órgão máximo da jurisdição daquele país, decidiu, em grau
de recurso, que o poder público municipal estaria autorizado a interditar o estabelecimento
comercial que explorasse o lançamento de pessoas com nanismo, pois aquele espetáculo seria
atentatório à dignidade da pessoa humana e, ao ferir a dignidade da pessoa humana, violava
também a ordem pública, fundamento do poder de polícia municipal.
O Sr. Gomes, mais uma vez inconformado, recorreu ao Comitê de Direitos Humanos da
ONU, alegando que a decisão seria discriminatória e violava o seu direito ao trabalho.
O caso chegou até a Corte Constitucional Alemã (TCF), que deveria decidir se merecia
prevalecer a autonomia da vontade da mulher, que estava ali voluntariamente, por escolha própria,
ou a dignidade da pessoa humana, já que aquela atividade colocava a dançarina na condição de
mero objeto de prazer sexual.
Pergunta-se: qual a coisa certa a fazer? Teria razão a Administração Pública que vedou o peep-show
ou os donos do estabelecimento estariam corretos?