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Resumo - Ciencia Politica PDF
Resumo - Ciencia Politica PDF
Ciência política
Conceito
A ciência política é a disciplina que estuda os problemas do poder na actualidade, através da observação dos
factos e da sua explicação racional mediante conceitos.
Ciência Política envolve o estudo sistemático do governo, política e do comportamento político. Aborda
questões como a origem e a natureza do poder, sistemas políticos, teorias de governo, participação política e
análise de políticas públicas.
A Ciência Política como uma disciplina que se dedica ao estudo da formação e da divisão do poder (DAHL,
1970). Assim, o ato político seria aquele realizado dentro da perspectiva de poder.
O campo de estudo da Ciência Política é muito vasto, não só porque as relações entre Estado e sociedade têm
múltiplos aspectos, como também porque as relações de poder permeiam todas as interacções dos indivíduos
e grupos na sociedade.
Segundo Stoker (1995) no Reino Unido dos anos 50, a ciência política estava voltada para os estudos
institucionalistas clássicos cujo foco estava situado nas questões relativas ao parlamento, à administração
pública, às eleições, aos partidos políticos e aos grupos de pressão.
Stoker (1997:19): “a ciência política deveria prestar uma especial atenção ao âmbito colectivo que conforma
as actividades da administração pública no Estado moderno, dada a amplitude e o carácter coercitivo da
autoridade que as ditas actividades representam”.
Marcel Prélot (1974), no seu livro "Lo Science Politique", afirma que a ciência política tem sido, há alguns
séculos a ciência do estado.
A ciência política tem o seu objecto de estudo próprio, o Poder político e a sua relação com diversas
instituições e agrupamentos, quer se manifeste a nível local, regional, nacional ou internacional.
É dada que a ciência política domina as outras ciências, porque o âmbito do seu objecto de estudo dirige-se
as actividades humanas.
A Ciência Política é parte necessária dos currículos de formação em Administração Pública porque o seu
objecto é precisamente o poder do Estado, e o Estado é o campo de trabalho do administrador público. Na
condição de agente do Estado, o administrador público exerce sempre algum poder sobre a sociedade, que
será maior ou menor de acordo com o grau hierárquico que ocupar na Administração.
As últimas décadas do século XIX e mais propriamente o século XX, constituem o momento da construção,
desenvolvimento e consolidação da Ciência Política como ciência positiva. O que precede imediatamente a
isso é uma construção de várias abordagens dos fenómenos políticos através de outras disciplinas tais como
a filosofia política, a sociologia política, a economia política, a história política, o direito político. Ela
desenvolve-se nas universidades americanas e europeias.
1. Da antiguidade clássica ao século XIX
Em ciências politicas, foi Aristóteles que sistematizou o estudo dos fenómenos políticos. Paul Janet diz que
deve-se fazer a justiça a Aristóteles como o fundador da ciência política, a qual deu o seu método, as suas
divisões. Com precursores como: Aristóteles, Platão, Heródoto, Tucídides, Xenofonte, Cícero, Santo
Agostinho, São Tomas de Aquino, Jean Biden.
Importantes estudos dedicados à economia, à sociologia e ao direito. Com precursores como: Augusto
Conte, Alexis de Tocquiville e Karl Max contribuíram bastante para a autonomia do estudo.
O renascimento da ciência política depois da II guerra mundial vai sofrer a influência da sociologia, nos
estados unidos da América e da ciência jurídica na europa.
A ciência política já entra nas instituições universitárias da europa (França, Grã-Bretanha, Bélgica,
Alemanha e na Suécia) e na América. Que hoje o ensino e a investigação no domínio das ciências políticas
estão muito diversificados.
Pode-se concluir que a ciência política nasceu na antiguidade (clássica) grega com os trabalhos de Platão e
Aristóteles; teve a continuação na antiguidade latina nas obras de Cícero, e na época medieval com trabalhos
de prensadores cristãos como santo agostinha e São Tomas de Aquino. Na época moderna aparecerem
importantes obras da ciência política, entre as quais se destacam "O Príncipe" de Maquiavel, "Da República"
de Jean Bodin e "Os Espíritos das Leis" de Charles de Montesquieu.
A Ciência Política importou uma série de conceitos advindo de outras ciências sociais tais como a sociologia
a psicologia, a economia, a antropologia, entre outras. Temos aqui uma relação de interdisciplinaridade de
subcampos das diversas ciências sociais:
Psicologia política fundada por Harold Lasswell, dividida em psicologia social e a ciência cognitiva. Neste
contexto, a psicologia política se encontra em permanente contacto com psicologia social, que forneceu as
categorias como as de alienação, ambivalência, aspiração, atitude, comportamento, estereótipo, empatia,
entre outras.
Sociologia política, novo ramo da ciência política, estuda as formas de sociedade em que a política se
desenrola, a influência das classes sociais na vida política (diferentes classes no partido político, origem
social dos governantes, a influencia do dinheiro na vida política).
Antropologia política, estuda a organização e o poder nas sociedades primitivas (pré-estaduais) ou das
comunidades humanas em geral.
História política, ocupa-se no estudo dos factos políticos que ocorreram no passado.
Outras disciplinas se relacionaram e continuam se relacionando com a Ciência Política, entre as quais é
possível citar a economia política (bens ou trabalhos), a geografia política que trata das relações entre espaço
e poder político.
Direito constitucional, este se traduz no estatuto das normas jurídicas do poder político.
Os estudos sobre participação política começam a emergir em Moçambique, como disciplina nas instituições
de Ensino Superior (IES) início do século XXI.
A ciência política em Moçambique tem evoluído desde a independência do país em 1975. Universidades
moçambicanas oferecem cursos de ciência política, abordando temas como governança, sistemas políticos e
desenvolvimento. O contexto político do país, marcado por questões históricas, étnicas e socioeconómicas,
contribui para o estudo e a análise específicos da ciência política em Moçambique. A disciplina desempenha
um papel crucial na compreensão e no desenvolvimento do sistema político do país.
Em Moçambique muitas são as pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos
(IESE), onde diversos temas analisados estão relacionados ao comportamento político, participação política,
abstenção, descentralização ou ainda as instituições do poder político, de extrema importância para pensar o
Estado em Moçambique.
Os pioneiros nos estudos da ciência política: Brazão Mazula, primeiro presidente da CNE (1994) e antigo
director do Centro de Estudos de Democracia e Desenvolvimento de Moçambique (CEDE) numa das suas
publicações de 2006, procurou estudar os fenómenos que poderiam estar na base da fraca participação
política ao longo dos processos eleitorais em Moçambique.
Carlos Serra, coordenou uma publicação sobre a “Crescente Abstenção nas Eleições Autárquicas de 1998”
que foi publicada em 1999.
Luís de Brito, o Cientista Político Moçambicano, publicou o estudo sobre “Mapeamento da Evolução da
Abstenção em alguns Estados da Região da África Austral, focalizando na Evolução da Abstenção em
Moçambique: Possíveis Motivações da Abstenção”, em 2008.
Nas pesquisas sobre Moçambique há um ponto dominante no que concerne a questão das abstenções. O
estudo sobre a Ciência Política em contextos global como Moçambique está ainda numa fase de emergência
e desenvolvimento.
2. Teoria do Estado
O objecto de estudo da Teoria Geral do Estado é o Estado, abordado em seus diversos aspectos
(fenómeno social, político, jurídico, filosófico e económico), com ênfase nos seguintes temas: i)
origem; ii) organização; iii) funcionamento e iv) finalidades.
Origem do Estado
É das mais antigas teorias sobre a origem do Estado. Fundamentam seus autores, no desenvolvimento e
ampliação da família. Baseiam-se essas teorias, hoje adoptadas por poucos autores, nas tradições e
mitos de civilizações antiguíssimas e dividem-se em duas correntes: teoria patriarcal e teoria
matriarcal.
a) A teoria patriarcal busca sustentar que o poder político é derivado de um núcleo familiar onde a
autoridade suprema reside na figura do ascendente varão mais velho. A sociedade política em tal
caso representa a ampliação da família patriarcal.
b) A teoria matriarcal sustenta que a primeira organização familiar teria emergido da autoridade
materna. Foi defendida por Durkheim. Fundamenta-se no fato de que a genitora representava a
autoridade mais relevante de uma organização familiar primitiva.
2. Teorias da origem contratual do Estado
Estado como de origem convencional (pactual, contratual), isto é, como produto da razão humana. São
as chamadas teorias contratualistas ou pactistas. Partem de um estudo das primitivas comunidades em
estado de natureza. Concluem seus autores que a sociedade civil (o Estado organizado) nasceu de um
acordo entre os indivíduos.
3. Teorias da origem violenta do Estado (ou Teoria da Força, como prefere Sahid Maluf)
Onde um grupo domina outro, estabelecendo uma organização que facilite esta dominação. Os
marxistas apontam a luta de classes para explicar o fenómeno. O Estado como a classe dominante,
economicamente mais poderosa, que assim adquire novos meios para explorar os mais fracos.
Outra classificação, é a de Bluntschli. Para o autor, três são os modos pelos quais historicamente se
formam os Estados:
i) originários, a formação é inteiramente nova, nasce directamente da população e do país, sem derivar
de outro já preexistente;
ii) secundários, quando vários Estados se unem para formar um novo Estado, ou quando um se
fracciona para formar outros. Há que se explicar, entretanto que o fraccionamento deve ser por impulso
interno;
iii) derivados, quando a formação se produz por influência exterior, de outros Estados. Dentre esses
modos a colonização é o mais geral e importante.
Elementos do Estado
O estado é constituído por três elementos, ou condições de existência: povo, território e poder
político.
1. O povo
O povo, segundo o prof. Rebelo de Sousa "é um conjunto de cidadãos ou nacionais de certo estado". O
povo é o sujeito e objecto do poder. Sujeito do poder, na medida em que é sujeito ao poder do Estado,
"como conjunto de homens livres, ele engloba pessoas dotadas de direitos subjectivos umas diante das
outras e perante o Estado". Objecto do poder, dado que é destinatário das normas que são criadas no
âmbito do estado.
2. O território
O território de um estado é fundamental para delimitar qual é o espaço em que o Estado pode exercer o
seu pode soberano e, em que conformidade, qual é o âmbito espacial de aplicação das normas jurídicas
que são emitidas pelo poder político.
O território é o espaço jurídico próprio do estado. O direito do Estado sobre o seu território é entendido
como um direito ou poder indivisível, inalienável e exclusivo.
O território de um estado é constituído por: território terrestre e território aéreo e, no caso dos
estados que têm fronteiras com mares ou oceanos, pode-se encontrar o território marítimo. A
delimitação do território é feita tendo em consideração normas de direitos internacional e normas de
direito interno.
3. O poder político
Um poder constituinte, originário, que tem por objectivo um fundamento próprio e que não está
dependente de qualquer outro poder;
Um poder de decisão que faz as opções consideradas adequadas à organização através da produção de
regras jurídicas.
Formas de Estado
Com base na existência de um ou mais poderes políticos no mesmo Estado, deve-se ter em
consideração a distinção do Estado unitário e Estado complexo.
a) Estado Simples ou Unitário - É aquele no qual há um único poder soberano sobre um único povo
e determinado território. O governo único tem plena jurisdição nacional, sem divisões internas que
não sejam simplesmente de ordem administrativa. Ex.: França.
Existem o Estado unitário centralizado, que existe apenas um poder político estadual. Estado unitário
regional, existe um fenómeno de descentralização política a nível territorial (provinciais ou regionais)
que tornam politicamente autónomas.
b) Estado Composto – É a união de dois ou mais Estados, apresentando duas esferas distintas de
poder governamental, e obedecendo a um regime jurídico especial, sempre com a predominância
do governo da União como sujeito de direito público internacional. É uma pluralidade de Estados,
perante o direito público interno, mas no exterior se projecta como uma unidade. São tipos de
Estados compostos:
União pessoal: fusão de Estados que se dá em razão das condições pessoais do governante.
É observável em monarquias, diante do problema da hereditariedade, quando por exemplo,
um rei morre e não deixa herdeiros, o seu parente mais próximo, rei soberano de outro
território passa a reinar sobre ambos. Exemplo: União Ibérica, período entre 1581 e 1598,
na qual Portugal foi governado pelo Rei Felipe II da Espanha.
União Real: É uma forma própria da monarquia que consiste na união de dois ou mais
Estados, conservando cada um a sua autonomia administrativa, a sua existência própria,
mas formando uma só pessoa jurídica de direito público internacional sob o mesmo
soberano. Exemplo: União de Kalmar, período entre 1397 e 1523, em que se constituiu o
Reino Unido da Dinamarca, Noruega e Suécia, pelo qual os Estados se unificaram criando
uma única personalidade jurídica externa, sob o governo de um único monarca (de Rainha
Margarida I ao Rei Cristiano II).
Incorporação: fusão de Estados, formando um único Estado novo. A Grã-Bretanha é
exemplo clássico de união incorporada. Os reinos da Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte,
formaram união pessoal, depois união real, vindo posteriormente a se fundiram formando
um único Estado com a denominação de Grã-Bretanha.
Confederação: É a união contratual de Estados independentes que se ligam para fins de
defesa externa e paz interna. Na união confederativa os Estados confederados não sofrem
qualquer restrição à sua soberania interna, nem perdem a personalidade jurídica de direito
público internacional.
Federação - É aquele Estado formado pela união de vários Estados, que perdem a
soberania em favor do poder central da União Federal, que possui soberania e
personalidade jurídica de Direito Público Internacional. São Estados Federais: Brasil,
Estados Unidos da América do Norte, México, Argentina e Venezuela.
Funções de estado
As funções de estado devem ser encaradas "como actividades desenvolvidas pelos órgãos do
poder do estado, tendo em vista a realização dos objectivos que se lhes encontram
constitucionalmente cometidos."
Origem da política
Etimologicamente a política vem de polis palavra grega que quer dizer "cidade" porque na
Grécia do séc. V antes de Cristo não era ainda conhecido como estado tal como hoje o
encaramos.
A política tem origens que remontam à própria organização da sociedade humana, sendo
fundamental para a governança e a tomada de decisões colectivas.
Freitas Amaral, defina a política como sendo a actividade humana do tipo competitivo que tem
por objectivo a conquista, a manutenção e o exercício do poder no âmbito da sociedade.
Política, fenómeno que diz respeito ao exercício de poder com legitimidade (ética e jurídica). A
actividade política, visa-se o interesse geral e não os interesses particulares.
A política diz respeito à luta pelo poder e à maneira de o exercer, governando. Para alguns
politólogos, a política é arte de governar o povo. A política é uma actividade humana de tipo
competitivo, que tem por objectivo a conquista e o exercício do poder.
A visão política manifesta-se na capacidade de fazer previsões a médio e longo prazo, antevendo
e minimizando os futuros problemas, delineando grandes opções, e consubstanciando-se na
definição e materialização de projectos que venham influenciar decisivas e positivamente as
gerações vindouras.
A outra face da política: além da luta pelo poder, também o exercício do poder.
O poder seria a distinção entre governantes e governados. Ainda o poder é a faculdade de traçar
livremente a sua própria conduta ou de definir a conduta alheia. Poder é a faculdade de mandar e
a capacidade de se fazer obedecer.
Duas concepções diferentes sobre o âmbito da política
Para uns a política tem a ver essencialmente com o estado, com a conquista e o exercício do
poder do estado. Reconhecem também o poder fora do estado: na sociedade internacional, nas
comunidades municipais, nas igrejas, nos sindicatos, nas empresas, nas instituições
administrativas, etc.
Para outros consideram a política todo o fenómeno do poder em qualquer sociedade humana. A
característica política é aquela que se pretende a todo a facto ou situação enquanto traduzem a
existência, num grupo humano, de relações de autoridade e de obediência estabelecidas em vista
de um fim comum.
Desde logo, a palavra política foi tendo na linguagem comum: não se fala apenas em política
nacional, mas também em política local, internacional, comunitária.
Problemas da política
Pode político
A noção do poder impõe que se faça a distinção entre: poder de homem sobre a natureza e poder
do homem sobre o homem. O poder de homem sobre homem pressupõe a existência de uma
relação entre seres humanos, na medida em que se traduz na potencialidade ou alguém impor aos
outros em determinado comportamento.
Três modalidades de homem sobre homem tendo por base a concepção de três autores, dois
clássicos e um contemporâneo:
Aristoles-a distinção entre o poder paterno, poder despótico e poder político, tendo em
conta em consideração o interesse prosseguido por quem exerce o poder;
Loke- a distinção entre o poder paterno, poder despótico e poder político, tendo em
consideração o fundamento do poder que é exercido;
Bobbio, a distinção entre o poder económico, o poder ideológico e pode político, tendo
em consideração os meios que são utilizados para condicionar o comportamento do
outro.
O fundamento para existência do poder político pode ser encontrado na necessidade de encontrar
mecanismos destinados à resolução dos conflitos de interesses resultantes do acesso aos bens
finitos.
O pode político é exercido por entidades que são criadas no âmbito do Estado ou com a sua
participação.
A legalidade dos governantes implica que não basta o governante invocar qualquer intenção do
seu poder, ou ter, pura e simplesmente a forca material para se fazer obedecer; ou apresentar-se
ao serviço deste ou daquele projecto ou ideologia. Tem que ainda obter o consentimento, pelo
menos passivo, dos destinatários do poder. Tem ainda de se configurar como autoridade.
Classificação da legalidade