Você está na página 1de 11

1.

Ciência política

Conceito

A ciência política é a disciplina que estuda os problemas do poder na actualidade, através da observação dos
factos e da sua explicação racional mediante conceitos.

Ciência Política envolve o estudo sistemático do governo, política e do comportamento político. Aborda
questões como a origem e a natureza do poder, sistemas políticos, teorias de governo, participação política e
análise de políticas públicas.

A Ciência Política como uma disciplina que se dedica ao estudo da formação e da divisão do poder (DAHL,
1970). Assim, o ato político seria aquele realizado dentro da perspectiva de poder.

O campo de estudo da Ciência Política é muito vasto, não só porque as relações entre Estado e sociedade têm
múltiplos aspectos, como também porque as relações de poder permeiam todas as interacções dos indivíduos
e grupos na sociedade.

Segundo Stoker (1995) no Reino Unido dos anos 50, a ciência política estava voltada para os estudos
institucionalistas clássicos cujo foco estava situado nas questões relativas ao parlamento, à administração
pública, às eleições, aos partidos políticos e aos grupos de pressão.

Stoker (1997:19): “a ciência política deveria prestar uma especial atenção ao âmbito colectivo que conforma
as actividades da administração pública no Estado moderno, dada a amplitude e o carácter coercitivo da
autoridade que as ditas actividades representam”.

Marcel Prélot (1974), no seu livro "Lo Science Politique", afirma que a ciência política tem sido, há alguns
séculos a ciência do estado.

A ciência política tem o seu objecto de estudo próprio, o Poder político e a sua relação com diversas
instituições e agrupamentos, quer se manifeste a nível local, regional, nacional ou internacional.

É dada que a ciência política domina as outras ciências, porque o âmbito do seu objecto de estudo dirige-se
as actividades humanas.

A Ciência Política é parte necessária dos currículos de formação em Administração Pública porque o seu
objecto é precisamente o poder do Estado, e o Estado é o campo de trabalho do administrador público. Na
condição de agente do Estado, o administrador público exerce sempre algum poder sobre a sociedade, que
será maior ou menor de acordo com o grau hierárquico que ocupar na Administração.

Evolução histórica da ciência política

As últimas décadas do século XIX e mais propriamente o século XX, constituem o momento da construção,
desenvolvimento e consolidação da Ciência Política como ciência positiva. O que precede imediatamente a
isso é uma construção de várias abordagens dos fenómenos políticos através de outras disciplinas tais como
a filosofia política, a sociologia política, a economia política, a história política, o direito político. Ela
desenvolve-se nas universidades americanas e europeias.
1. Da antiguidade clássica ao século XIX

Foram os gregos da antiguidade clássica os primeiros a observarem, analisarem e sistematizarem os


fenómenos políticos. É a eles que se devem os fundamentos da ciência política. O grego, Aristóteles foi um
dos principais promotores do conhecimento científico sobre a ciência política.

Em ciências politicas, foi Aristóteles que sistematizou o estudo dos fenómenos políticos. Paul Janet diz que
deve-se fazer a justiça a Aristóteles como o fundador da ciência política, a qual deu o seu método, as suas
divisões. Com precursores como: Aristóteles, Platão, Heródoto, Tucídides, Xenofonte, Cícero, Santo
Agostinho, São Tomas de Aquino, Jean Biden.

2. Do Século XIX à II guerra mundial

Importantes estudos dedicados à economia, à sociologia e ao direito. Com precursores como: Augusto
Conte, Alexis de Tocquiville e Karl Max contribuíram bastante para a autonomia do estudo.

O renascimento da ciência política depois da II guerra mundial vai sofrer a influência da sociologia, nos
estados unidos da América e da ciência jurídica na europa.

3. Depois da II guerra mundial

A ciência política já entra nas instituições universitárias da europa (França, Grã-Bretanha, Bélgica,
Alemanha e na Suécia) e na América. Que hoje o ensino e a investigação no domínio das ciências políticas
estão muito diversificados.

Pode-se concluir que a ciência política nasceu na antiguidade (clássica) grega com os trabalhos de Platão e
Aristóteles; teve a continuação na antiguidade latina nas obras de Cícero, e na época medieval com trabalhos
de prensadores cristãos como santo agostinha e São Tomas de Aquino. Na época moderna aparecerem
importantes obras da ciência política, entre as quais se destacam "O Príncipe" de Maquiavel, "Da República"
de Jean Bodin e "Os Espíritos das Leis" de Charles de Montesquieu.

Relação entre a Ciência Política e outras ciências sociais

A Ciência Política importou uma série de conceitos advindo de outras ciências sociais tais como a sociologia
a psicologia, a economia, a antropologia, entre outras. Temos aqui uma relação de interdisciplinaridade de
subcampos das diversas ciências sociais:

Psicologia política fundada por Harold Lasswell, dividida em psicologia social e a ciência cognitiva. Neste
contexto, a psicologia política se encontra em permanente contacto com psicologia social, que forneceu as
categorias como as de alienação, ambivalência, aspiração, atitude, comportamento, estereótipo, empatia,
entre outras.

Sociologia política, novo ramo da ciência política, estuda as formas de sociedade em que a política se
desenrola, a influência das classes sociais na vida política (diferentes classes no partido político, origem
social dos governantes, a influencia do dinheiro na vida política).

Antropologia política, estuda a organização e o poder nas sociedades primitivas (pré-estaduais) ou das
comunidades humanas em geral.

Filosofia política, preocupa-se dos problemas políticos do poder e do estado.

História política, ocupa-se no estudo dos factos políticos que ocorreram no passado.
Outras disciplinas se relacionaram e continuam se relacionando com a Ciência Política, entre as quais é
possível citar a economia política (bens ou trabalhos), a geografia política que trata das relações entre espaço
e poder político.

Direito constitucional, este se traduz no estatuto das normas jurídicas do poder político.

Ciência política em Moçambique

Os estudos sobre participação política começam a emergir em Moçambique, como disciplina nas instituições
de Ensino Superior (IES) início do século XXI.

A ciência política em Moçambique tem evoluído desde a independência do país em 1975. Universidades
moçambicanas oferecem cursos de ciência política, abordando temas como governança, sistemas políticos e
desenvolvimento. O contexto político do país, marcado por questões históricas, étnicas e socioeconómicas,
contribui para o estudo e a análise específicos da ciência política em Moçambique. A disciplina desempenha
um papel crucial na compreensão e no desenvolvimento do sistema político do país.

Em Moçambique muitas são as pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos
(IESE), onde diversos temas analisados estão relacionados ao comportamento político, participação política,
abstenção, descentralização ou ainda as instituições do poder político, de extrema importância para pensar o
Estado em Moçambique.

Os pioneiros nos estudos da ciência política: Brazão Mazula, primeiro presidente da CNE (1994) e antigo
director do Centro de Estudos de Democracia e Desenvolvimento de Moçambique (CEDE) numa das suas
publicações de 2006, procurou estudar os fenómenos que poderiam estar na base da fraca participação
política ao longo dos processos eleitorais em Moçambique.

Carlos Serra, coordenou uma publicação sobre a “Crescente Abstenção nas Eleições Autárquicas de 1998”
que foi publicada em 1999.

Luís de Brito, o Cientista Político Moçambicano, publicou o estudo sobre “Mapeamento da Evolução da
Abstenção em alguns Estados da Região da África Austral, focalizando na Evolução da Abstenção em
Moçambique: Possíveis Motivações da Abstenção”, em 2008.

Nas pesquisas sobre Moçambique há um ponto dominante no que concerne a questão das abstenções. O
estudo sobre a Ciência Política em contextos global como Moçambique está ainda numa fase de emergência
e desenvolvimento.

2. Teoria do Estado

“Teoria Geral do Estado” (Darcy Azambuja, 1942), é a “organização político-jurídica de uma


sociedade para realizar o bem público com governo próprio e território determinado”. Estado é a
unidade política dotada de povo, território, governo e soberania.

Objecto de estudo da Teoria do Estado

O objecto de estudo da Teoria Geral do Estado é o Estado, abordado em seus diversos aspectos
(fenómeno social, político, jurídico, filosófico e económico), com ênfase nos seguintes temas: i)
origem; ii) organização; iii) funcionamento e iv) finalidades.
Origem do Estado

1. Teoria da origem familial do Estado

É das mais antigas teorias sobre a origem do Estado. Fundamentam seus autores, no desenvolvimento e
ampliação da família. Baseiam-se essas teorias, hoje adoptadas por poucos autores, nas tradições e
mitos de civilizações antiguíssimas e dividem-se em duas correntes: teoria patriarcal e teoria
matriarcal.

a) A teoria patriarcal busca sustentar que o poder político é derivado de um núcleo familiar onde a
autoridade suprema reside na figura do ascendente varão mais velho. A sociedade política em tal
caso representa a ampliação da família patriarcal.
b) A teoria matriarcal sustenta que a primeira organização familiar teria emergido da autoridade
materna. Foi defendida por Durkheim. Fundamenta-se no fato de que a genitora representava a
autoridade mais relevante de uma organização familiar primitiva.
2. Teorias da origem contratual do Estado

Estado como de origem convencional (pactual, contratual), isto é, como produto da razão humana. São
as chamadas teorias contratualistas ou pactistas. Partem de um estudo das primitivas comunidades em
estado de natureza. Concluem seus autores que a sociedade civil (o Estado organizado) nasceu de um
acordo entre os indivíduos.

3. Teorias da origem violenta do Estado (ou Teoria da Força, como prefere Sahid Maluf)

Onde um grupo domina outro, estabelecendo uma organização que facilite esta dominação. Os
marxistas apontam a luta de classes para explicar o fenómeno. O Estado como a classe dominante,
economicamente mais poderosa, que assim adquire novos meios para explorar os mais fracos.

Processo de formação do estado

Nos processos de formação do Estado podem ser objecto de distinção:

 formas pacíficas e violentas;


 formação de acordo com as leis vigentes no Estado ou na sociedade a que a nova comunidade
até então pertence e formação contra essas leis;
 formação por desenvolvimento interno e por influência externa.

Outra classificação, é a de Bluntschli. Para o autor, três são os modos pelos quais historicamente se
formam os Estados:

i) originários, a formação é inteiramente nova, nasce directamente da população e do país, sem derivar
de outro já preexistente;
ii) secundários, quando vários Estados se unem para formar um novo Estado, ou quando um se
fracciona para formar outros. Há que se explicar, entretanto que o fraccionamento deve ser por impulso
interno;

iii) derivados, quando a formação se produz por influência exterior, de outros Estados. Dentre esses
modos a colonização é o mais geral e importante.

Na antropologia histórica os processos mais importantes são: a conquista, a migração, a aglutinação


por laços de sangue, ou por laços económicos, a evolução social pura e simplesmente para organização
cada vez mais complexas.

Elementos do Estado

O estado é constituído por três elementos, ou condições de existência: povo, território e poder
político.

1. O povo

O povo, segundo o prof. Rebelo de Sousa "é um conjunto de cidadãos ou nacionais de certo estado". O
povo é o sujeito e objecto do poder. Sujeito do poder, na medida em que é sujeito ao poder do Estado,
"como conjunto de homens livres, ele engloba pessoas dotadas de direitos subjectivos umas diante das
outras e perante o Estado". Objecto do poder, dado que é destinatário das normas que são criadas no
âmbito do estado.

Cidadania ou nacionalidade pode ser de aquisição originária da cidadania ou nacionalidade, aquisição


derivada). Ainda podem existir situações de cidadania dupla ou plural, na qual um individuo é
considerado por mais de um estado como seu nacional e apartidária ou de apolídia no caso de um
individuo não ser considerado por nenhum estado como seu nacional. Por outro lado, pode-se
encontrar a situação dos estrangeiros e os apartidários, que gozam, em termos gerais, um estatuto
jurídico distinto do dos cidadãos do Estado.

2. O território

O território de um estado é fundamental para delimitar qual é o espaço em que o Estado pode exercer o
seu pode soberano e, em que conformidade, qual é o âmbito espacial de aplicação das normas jurídicas
que são emitidas pelo poder político.

O território é o espaço jurídico próprio do estado. O direito do Estado sobre o seu território é entendido
como um direito ou poder indivisível, inalienável e exclusivo.

O território de um estado é constituído por: território terrestre e território aéreo e, no caso dos
estados que têm fronteiras com mares ou oceanos, pode-se encontrar o território marítimo. A
delimitação do território é feita tendo em consideração normas de direitos internacional e normas de
direito interno.
3. O poder político

O poder político que se exerce nos Estados é:

Um poder constituinte, originário, que tem por objectivo um fundamento próprio e que não está
dependente de qualquer outro poder;

Um poder de auto-organização, que por objectivo permanente e continuado a criação de condições


para a manutenção da segurança, administração da justiça e a promoção do bem-estar da comunidade
política.

Um poder de decisão que faz as opções consideradas adequadas à organização através da produção de
regras jurídicas.

Formas de Estado

Com base na existência de um ou mais poderes políticos no mesmo Estado, deve-se ter em
consideração a distinção do Estado unitário e Estado complexo.

a) Estado Simples ou Unitário - É aquele no qual há um único poder soberano sobre um único povo
e determinado território. O governo único tem plena jurisdição nacional, sem divisões internas que
não sejam simplesmente de ordem administrativa. Ex.: França.

Existem o Estado unitário centralizado, que existe apenas um poder político estadual. Estado unitário
regional, existe um fenómeno de descentralização política a nível territorial (provinciais ou regionais)
que tornam politicamente autónomas.

b) Estado Composto – É a união de dois ou mais Estados, apresentando duas esferas distintas de
poder governamental, e obedecendo a um regime jurídico especial, sempre com a predominância
do governo da União como sujeito de direito público internacional. É uma pluralidade de Estados,
perante o direito público interno, mas no exterior se projecta como uma unidade. São tipos de
Estados compostos:

 União pessoal: fusão de Estados que se dá em razão das condições pessoais do governante.
É observável em monarquias, diante do problema da hereditariedade, quando por exemplo,
um rei morre e não deixa herdeiros, o seu parente mais próximo, rei soberano de outro
território passa a reinar sobre ambos. Exemplo: União Ibérica, período entre 1581 e 1598,
na qual Portugal foi governado pelo Rei Felipe II da Espanha.
 União Real: É uma forma própria da monarquia que consiste na união de dois ou mais
Estados, conservando cada um a sua autonomia administrativa, a sua existência própria,
mas formando uma só pessoa jurídica de direito público internacional sob o mesmo
soberano. Exemplo: União de Kalmar, período entre 1397 e 1523, em que se constituiu o
Reino Unido da Dinamarca, Noruega e Suécia, pelo qual os Estados se unificaram criando
uma única personalidade jurídica externa, sob o governo de um único monarca (de Rainha
Margarida I ao Rei Cristiano II).
 Incorporação: fusão de Estados, formando um único Estado novo. A Grã-Bretanha é
exemplo clássico de união incorporada. Os reinos da Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte,
formaram união pessoal, depois união real, vindo posteriormente a se fundiram formando
um único Estado com a denominação de Grã-Bretanha.
 Confederação: É a união contratual de Estados independentes que se ligam para fins de
defesa externa e paz interna. Na união confederativa os Estados confederados não sofrem
qualquer restrição à sua soberania interna, nem perdem a personalidade jurídica de direito
público internacional.
 Federação - É aquele Estado formado pela união de vários Estados, que perdem a
soberania em favor do poder central da União Federal, que possui soberania e
personalidade jurídica de Direito Público Internacional. São Estados Federais: Brasil,
Estados Unidos da América do Norte, México, Argentina e Venezuela.

Os fins e as funções do Estado

São normalmente considerados três fins do Estado:

 Segurança, tendo varias facetas: a segurança interna ou ordem interna, e segurança


externa, ou defesa da colectividade perante o exterior. A segurança individual
proporcionada através de normas jurídicas executadas pelos órgãos do Estado, dos
direitos e deveres reconhecidos a dado cidadão, e a segurança colectiva, enquanto
realidade que envolve toda a comunidade considerada.
 Justiça, que visa a contribuição, nas relações entre os homens, do arbítrio por um
conjunto de regras capaz de consensualmente estabelecer uma nova ordem e, assim,
satisfazer uma aspiração por toda sentida.
 Bem-estar, entendido como o bem-estar económico, social, e cultural, que consiste na
promoção das condições de vida dos cidadãos em termos de garantir o acesso, em
condições a bens e serviços considerados fundamentais pela colectividade.

Funções de estado

As funções de estado devem ser encaradas "como actividades desenvolvidas pelos órgãos do
poder do estado, tendo em vista a realização dos objectivos que se lhes encontram
constitucionalmente cometidos."

Rebelo de Sousa, propõe um esquema hierárquico das funções de estado:

 A função constituinte, através da qual o poder político define regras essenciais da


existência colectiva criando a lei das leis, a Constituição.
 A função de revisão constitucional, através da qual vai revendo a Constituição para
adaptar ao devir colectivo.
 As funções independentes, principais ou primárias:
a) a função política, que traduz na definição a prossecução pelos órgãos do poder político
dos interesses essenciais da colectividade, realizando, em cada momento, as opções para
efeito consideradas mais convenientes;
b) função legislativa, "que corresponde à pratica de actos provenientes de órgãos
constitucionalmente competentes e que revestem a forma externa da lei."
 As funções dependentes, subordinadas ou secundarias:
a) A função jurisdicional, que consiste no julgamento de litígio, resultantes de conflitos de
interesses privados, ou públicos, bem como a punição da violação da Constituição e das
leis.
b) A função administrativa, que consiste na satisfação das necessidades colectivas que, por
virtude de previa opção política ou legislativa se entende que incumbe ao Estado
prosseguir, encontrando-se tal tarefa cometidas a órgãos independentes, dotados de
iniciativas e de parcialidade na realização do interesse publico e com titulares amovíveis
e responsáveis pelos seus actos.

3. Especificidade da POLÍTICA: origem, conceitos fundamentais, problemas e temas


relevantes

Origem da política

Etimologicamente a política vem de polis palavra grega que quer dizer "cidade" porque na
Grécia do séc. V antes de Cristo não era ainda conhecido como estado tal como hoje o
encaramos.

A política tem origens que remontam à própria organização da sociedade humana, sendo
fundamental para a governança e a tomada de decisões colectivas.

Conceitos fundamentais da política

Freitas Amaral, defina a política como sendo a actividade humana do tipo competitivo que tem
por objectivo a conquista, a manutenção e o exercício do poder no âmbito da sociedade.

Política, fenómeno que diz respeito ao exercício de poder com legitimidade (ética e jurídica). A
actividade política, visa-se o interesse geral e não os interesses particulares.

A política diz respeito à luta pelo poder e à maneira de o exercer, governando. Para alguns
politólogos, a política é arte de governar o povo. A política é uma actividade humana de tipo
competitivo, que tem por objectivo a conquista e o exercício do poder.

A visão política manifesta-se na capacidade de fazer previsões a médio e longo prazo, antevendo
e minimizando os futuros problemas, delineando grandes opções, e consubstanciando-se na
definição e materialização de projectos que venham influenciar decisivas e positivamente as
gerações vindouras.

A outra face da política: além da luta pelo poder, também o exercício do poder.

O poder seria a distinção entre governantes e governados. Ainda o poder é a faculdade de traçar
livremente a sua própria conduta ou de definir a conduta alheia. Poder é a faculdade de mandar e
a capacidade de se fazer obedecer.
Duas concepções diferentes sobre o âmbito da política

Para uns a política tem a ver essencialmente com o estado, com a conquista e o exercício do
poder do estado. Reconhecem também o poder fora do estado: na sociedade internacional, nas
comunidades municipais, nas igrejas, nos sindicatos, nas empresas, nas instituições
administrativas, etc.

Para outros consideram a política todo o fenómeno do poder em qualquer sociedade humana. A
característica política é aquela que se pretende a todo a facto ou situação enquanto traduzem a
existência, num grupo humano, de relações de autoridade e de obediência estabelecidas em vista
de um fim comum.

Desde logo, a palavra política foi tendo na linguagem comum: não se fala apenas em política
nacional, mas também em política local, internacional, comunitária.

Características essenciais da política

A política é mutável, está sempre em transformação. E é também uma actividade de natureza


competitiva-uma luta em que há, em cada confronto um vencedor e um vencido.

Problemas da política

Alguns dos problemas comuns na política incluem:

 Corrupção: Desvio de recursos públicos ou uso indevido do poder para benefício


pessoal ou de grupos.
 Desigualdade social: Disparidades económicas e de acesso a recursos básicos, como
saúde e educação, que geram injustiças e tensões sociais.
 Polarização: Divisões ideológicas e políticas extremas que dificultam o diálogo e a
cooperação entre diferentes grupos e partidos.
 Falta de transparência: Opacidade nas decisões políticas e falta de prestação de contas
por parte dos governantes.
 Má gestão económica: Políticas públicas inadequadas que resultam em problemas como
inflação, recessão e desemprego.
 Crise ambiental: Negligência na protecção do meio ambiente e nas políticas de
sustentabilidade que levam a problemas como poluição, mudanças climáticas e perda de
biodiversidade.
 Instabilidade política: Conflitos internos, golpes de estado, ou falta de continuidade nas
políticas devido a mudanças frequentes de liderança.
 Exclusão política: Restrições ao acesso igualitário à participação política, como
discriminação de género, etnia ou classe social.
 Conflitos internacionais: Disputas territoriais, rivalidades geopolíticas e guerras que
afectam a estabilidade global e regional.
 Manipulação da informação: Propagação de notícias falsas, propaganda política e
controle da mídia para influenciar a opinião pública e distorcer o debate político.

Temas relevantes da política

Alguns temas relevantes da política incluem:


 Direitos humanos
 Democracia
 Desenvolvimento económico
 Saúde pública
 Educação
 Meio ambiente
 Segurança nacional
 Justiça social
 Relações internacionais

Fenómeno político: poder e legitimidade

Pode político

O fenómeno político refere-se a todos os aspectos da vida em sociedade que envolvem a


distribuição, exercício e organização do poder. O fenómeno político é dinâmico e multifacetado,
reflectindo as complexidades e diversidades das sociedades humanas em diferentes contextos
históricos, culturais e geográficos.

Poder político, refere-se à capacidade de uma pessoa, grupo ou instituição de influenciar o


comportamento, as decisões ou os eventos. O poder pode ser exercido de diversas maneiras,
incluindo o uso da força, o controle de recursos económicos, a influência cultural, ou a
autoridade legal.

A noção do poder impõe que se faça a distinção entre: poder de homem sobre a natureza e poder
do homem sobre o homem. O poder de homem sobre homem pressupõe a existência de uma
relação entre seres humanos, na medida em que se traduz na potencialidade ou alguém impor aos
outros em determinado comportamento.

Três modalidades de homem sobre homem tendo por base a concepção de três autores, dois
clássicos e um contemporâneo:

 Aristoles-a distinção entre o poder paterno, poder despótico e poder político, tendo em
conta em consideração o interesse prosseguido por quem exerce o poder;
 Loke- a distinção entre o poder paterno, poder despótico e poder político, tendo em
consideração o fundamento do poder que é exercido;
 Bobbio, a distinção entre o poder económico, o poder ideológico e pode político, tendo
em consideração os meios que são utilizados para condicionar o comportamento do
outro.

O poder político é um poder de injunção dotado de coercibilidade material (capacidade de uma


pessoas ou entidade ser coagida ou forcada contra sua vontade). (coercibilidade material é
susceptilidade do uso da forca física ou da pressão material).

O fundamento para existência do poder político pode ser encontrado na necessidade de encontrar
mecanismos destinados à resolução dos conflitos de interesses resultantes do acesso aos bens
finitos.

O poder político para atingir os seus objectivos pode basear-se:


 na força
 ou na autoridade, isto é, na legitimidade dos seus detentores.

O poder político pode ser exercido em três níveis:

 como poder estadual- pelos estados.


 como poder político infraestadual- pelas autarquias locais;
 como poder político supra-estadual- pelas organizações internacionais.

O pode político é exercido por entidades que são criadas no âmbito do Estado ou com a sua
participação.

Legitimidade dos governantes

É fundamental a existência da legitimidade no exercício do poder político.

A legalidade dos governantes implica que não basta o governante invocar qualquer intenção do
seu poder, ou ter, pura e simplesmente a forca material para se fazer obedecer; ou apresentar-se
ao serviço deste ou daquele projecto ou ideologia. Tem que ainda obter o consentimento, pelo
menos passivo, dos destinatários do poder. Tem ainda de se configurar como autoridade.

Classificação da legalidade

 Legalidade de título- resulta do modo de designação dos titulares do poder político.


 Legalidade de exercício- resulta do modo como é exercido o poder político pelos
governantes.

Enquanto a legalidade se encontra na conformidade com as leis, a legitimidade considera a


aceitação e o reconhecimento social do poder ou autoridade de um político, instituição ou
governo para tomar decisões e agir em nome da sociedade. Nem sempre acção legal é
considerada legítima e vice-versa.

A legitimidade pode derivar de tradições culturais, crenças religiosas, sistemas políticos


democráticos, ou consentimento popular.

Você também pode gostar