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Saúde mental: tudo o que você

precisa saber para manter sua
qualidade de vida em tempos de
pandemia
Mayara Wancok · Follow
Published in MAYARA WANCOK · 5 min read · Sep 14, 2021

Photo by Claudia Wolff on Unsplash

O que é saúde mental

Dentre os tipos de autocuidado, o emocional foi o mais afetado durante a
pandemia do novo Coronavírus. Isso porque, apesar da Organização Mundial
da saúde ter elegido o afastamento social a melhor alternativa pra conter a
propagação do vírus, ele motivou o fechamento de escolas, escritórios, lojas,
parques, casas de festas e igrejas, impondo uma mudança brusca na rotina
diária de grande parte da população.

Além da família, as pessoas tiveram que se afastar de amigos, colegas de

trabalho ou de estudo, e também de atividades descontraídas que ajudavam
a controlar os níveis de estresse. As circunstâncias atuais aumentaram o
contato com sentimentos como:

· Tristeza

· Medo

· Mau-humor

· Raiva pelo confinamento

· Desamparo

· Tédio

· Ansiedade

· Angústia

· Confusão

· Exaustão emocional

· Insônia

Apesar de existir a possibilidade dessas reações serem simplesmente um

ajuste situacional à nova realidade, e não necessariamente patológicas, os
próprios efeitos da quarentena na saúde mental são notavelmente
semelhantes aos de eventos traumáticos. Como é o caso da publicitária
Melissa Viana, de 24 anos, que se encontra em isolamento social há 8 meses
e decidiu procurar ajuda profissional para lidar com os efeitos psicológicos
causados pela pandemia.

“Muitas coisas foram sacrificadas pela quarentena, mas nada quanto a

minha saúde mental. Quem se “quarentenou” sabe como é fácil se perder no
tempo. Sacrificamos a relação com as pessoas que amamos e que
começamos a conviver 24h por dia, sacrificamos alguns projetos, metas,
prazos, noites de sono, enfim, sacrificamos a nossa habilidade de nos dizer
que vai ficar tudo bem e de nos acalmar. Senti que precisava colocar para
fora todo o caos que estava recluso como eu. Eu precisava de orientação, de
ajuda profissional, de um freio para minha ansiedade e frustração.”

No entanto, é importante lembrar que cada pessoa lida com o estresse de

maneira diferente e que todos reagem a determinadas situações à sua
maneira. Algumas pessoas podem ser mais capazes de resistir à quarentena
por uma ampla variedade de razões, incluindo fatores como resiliência e
personalidade geral.

Alguém que mora sozinho e continua a trabalhar em casa terá uma

experiência muito diferente de alguém que perde o emprego e tem filhos
que precisam de ajuda com os trabalhos escolares durante a quarentena.
Segundo especialistas, a saúde mental de cada pessoa é afetada de maneira
diferente e, por isso, embora as taxas de depressão e ansiedade tenham
aumentado, nem todas as pessoas desenvolverão sintomas que justifiquem
um diagnóstico clínico.

Eles também recomendam que o autocuidado emocional seja levado a sério

e que se busque informações para entender os sintomas da saúde mental. Se
a angústia ou a ansiedade forem incontroláveis ou afetarem outros aspectos
da vida, como família ou função profissional, é hora de procurar ajuda
profissional.

A importância de fazer terapia

Um equívoco comum é pensar que a terapia só é recomendada para quem
tem algum tipo de transtorno mental quando, na verdade, muitas vezes as
pessoas possuem problemas que não são tão óbvios nem mesmo para elas, e,
por isso, é fundamental a ajuda de um especialista em saúde mental.

Para a psicóloga clínica Nathalia Ferreira, que trabalha com a Terapia

Cognitiva Comportamental, é importante experimentar um contato direto
consigo mesmo para perceber os padrões na maneira de agir, e a terapia é o
caminho para isso.

“Muitos comportamentos, sentimentos e pensamentos podem ser pivôs de

muitas coisas na vida de um indivíduo. E quando o paciente percebe quais
são esses costumes estabelecidos e se empenha para conseguir desconstruí-
los e ressignificá-los, ele entra no processo de autoconhecimento”

[FOTO NATHALIA]

Através da psicoterapia, psicólogos ajudam pessoas de todas as idades a

identificar e mudar os padrões de pensamentos e de comportamentos que
estão o impedindo de se sentir melhor, auxiliando o paciente na busca por
respostas e fazendo-o entender o porquê de suas condutas.

A terapia é capaz de promover a autoestima, os relacionamentos e a

perspectiva de vida. Isso porque um profissional de saúde mental pode
fornecer uma nova perspectiva sobre uma questão, dando às pessoas uma
melhor compreensão de suas próprias emoções.

Segundo o psicanalista Matheus Coutinho, na terapia o paciente é convidado

a falar e discorrer sobre sua vida, e daí surge a possibilidade de
reconsiderações e do autoconhecimento. “O analista empresta sua escuta ao
outro que fala e que precisa ser ouvido para que o sujeito consiga se
desvencilhar daquilo de que se queixa, dos seus sintomas, do que vem
travando a sua vida de alguma maneira. A psicanálise proporciona esse lugar
de fala e ressignificação para que o sujeito saiba o que fazer com os seus
sintomas, com seus desejos”, acrescentou.

Apesar de seus benefícios, é importante frisar que a terapia não é um

caminho fácil ou rápido. “Esse processo de se autoconhecer é algo devagar,
acontece gradualmente, e auxilia no entendimento de suas próprias
necessidades, expectativas e prioridades — e também na decisão de refazê-
las, se preciso”, explica Nathalia Ferreira.

E, ainda que seja extremamente necessário, cuidar de si mesmo exige

esforço de verdade, e pode não ser nada confortável. No entanto, mesmo que
seja incômodo, reconhecer seus sentimentos é um componente vital e
crítico do autocuidado. E, se você nega ou foge deles, não terá como curá-los.

“Não é possível se autoconhecer sem passar pelas angústias. O autoconhecimento

também envolve se deparar com o seu pior, com o que em sessões anteriores era
inadmissível à consciência. Encarar seus demônios também faz parte do processo, e
é importante salientar isso para que a pessoa não desista da psicoterapia no
primeiro impasse ou no primeiro momento de angústia”

[FOTO MATHEUS]

Psicanálise ou TCC: qual abordagem terapêutica escolher?

Ouça nosso podcast para saber como escolher entre Psicanálise e Terapia
Cognitivo Comportamental. Neste episódio tivemos a presença do
psicanalista Matheus Coutinho e da psicóloga clínica Nathalia Ferreira,
especialista em TCC.

[MÍDIA: PODCAST COM OS ENTREVISTADOS EXPLICANDO AS DIFERENÇAS

ENTRE AS DUAS ABORDAGENS TERAPÊUTICAS]

Está sem dinheiro para custear a terapia?

É importante ter em mente que investir em terapia é investir em si mesmo e,
portanto, sempre há 100% de retorno. Mas, ainda assim, um dos maiores
motivos pelos quais as pessoas não procuram terapia é o dinheiro,
principalmente em meio a esta crise econômica global provocada pela
pandemia.

Porém, muitas pessoas que procuram ajuda psicológica profissional olham

para as taxas horárias de um terapeuta e imediatamente assumem que não
podem pagar por ajuda profissional. E então param por aí. Mas, existem
duas opções úteis para quem não tem recursos para o tratamento.

1. Atendimento a preço popular

É uma prática comum entre os psicólogos, diante da desigualdade social,
buscar democratizar os serviços de psicologia para a população. Muitas
clínicas oferecem atendimento psicológico a preço popular para pessoas de
baixa renda, e alguns psicólogos autônomos reservam horários em suas
agendas para realizar atendimento com valores mais acessíveis.

2. SPA — Serviço de Psicologia Aplicada

A maioria das faculdades que possuem o curso de Psicologia oferecem o SPA
— Serviço de Psicologia Aplicada, que realiza atendimentos psicológicos ao
passo que permite que os alunos do curso de Psicologia ponham em prática
os conhecimentos adquiridos em sala de aula, sendo supervisionados pelos
professores. Além disso, existem ONGs, associações de moradores e igrejas
que oferecem atendimento.

Reportagem Saúde Mental Pandemia Psicologia Jornalismo

Written by Mayara Wancok Follow

2 Followers · Editor for MAYARA WANCOK

23 anos, carioca, estudante de Jornalismo na FACHA — Faculdades Integradas Hélio

Alonso.

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