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Curso de Direito

Estágio Curricular Obrigatório


Eixo III – Práticas Processuais

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 6ª VARA CRIMINAL DA


CAPITAL – ESTADO ...

Autos nº
Acusado ...

CAIO, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., de RG .... e CPF...., filiação..., residência...., vem,
perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que ao final assina, com procuração em
anexo, OAB nº..., com escritório profissional no endereço..., onde recebe intimações para foro em
geral, apresentar, com fulcro no art. 396 e art. 396-A do Código de Processo Penal, RESPOSTA À
ACUSAÇÃO, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.

I – DOS FATOS

CAIO, ora acusado pela prática do crime descrito no art. 155, §1º, do Código Penal,
emprestou a quantia de R$ 5.000 reais ao seu amigo José – ora denominado como vítima,
recebendo, como garantia, uma nota promissória com esse valor, com vencimento para o dia
15 de novembro de 2022. Em dezembro, na presença de Paulo, CAIO cobra José, que lhe
garante pagamento até o final daquele ano. Contudo, em janeiro, agora na presença de
Juventino, Caio cobra novamente José, que lhe diz estar sem dinheiro pois perdera o emprego.
Contudo, caio descobriu que José possuía uma barbearia com grande clientela, indo cobrar o
que lhe era devido. Lá, José diz que ainda faltavam 1.000 reais para paga-lo, mas que deveria
retornar nos próximos dias, estando a quantia de 4 mil reservadas.

II – DAS PRELIMINARES
II.1 – DA FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL OU CONDIÇÃO DE AÇÃO – ART. 395, II,
DO CPP

Caio foi denunciado pela prática do crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo.
Contudo, como ficou demonstrado, os valores que estavam dentro da barbearia de José pertenciam a
Caio. Por esse motivo, não se pode falar no crime de furto, mas sim no exercício arbitrário das
próprias razões, conforme previsto no art. 345 do CP, pois foi feita justiça pelas próprias mãos, para
satisfazer uma pretensão legítima.

Nesse caminho, diz o art. 345, parágrafo único, que referida conduta se processa mediante
queixa. No caso, houve oferecimento de denúncia pelo Ministério Público, mas não houve até o
momento o oferecimento de queixa, sendo o Ministério Público parte ilegítima, razão pela qual,
pugna-se pela rejeição da denúncia com base no art. 395, II, do CPP.

II.2 – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILDIADE PELA DECADÊNCIA – ART. 103 E 107, IV, DO CP.
397, IV, do CPP
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Pelos motivos que ficaram claros acima, o titular da ação penal não é o Ministério Público, mas sim o
ofendido. Como visto, os fatos narrados na denúncia ocorreram em 25 de fevereiro de 2023, sendo
que, até o momento de citação do réu, em 08 de setembro de 2023, não houve oferecimento de queixa.
Como diz o art. 103, do Código Penal, o prazo para apresentação de queixa é de 06 meses contados do
dia de conhecimento do autor do fato. Logo, passaram-se mais de 06 meses do dia de conhecimento do
autor do fato (25 de fevereiro de 2023, quando deixou um bilhete confirmando sua autoria, além de
haver aparecido em imagens de câmera de segurança) até o presente momento, razão pela qual
verifica-se a decadência, nos termos do artigo 103, do Código Penal.
Nesse sentido, deve-se declarar a extinção da punibilidade, com base no artigo 103 e 107, IV, do
Código Penal, sendo o réu absolvido, nos termos do art. 397, IV, do CPP.

III – DO MÉRITO – DA ABSOLVIÇÃO PELA ATIPICIDADE DA CONDUTA – 397, III, DO CPP

No caso, CAIO está sendo acusado de praticar a conduta de crime de furto qualificado pelo
rompimento de obstáculo, conforme descrito no art. 155, §4º, inciso I, do CP. Porém, para que se
configure esse delito, diz a lei que deverá ocorrer a subtração de “coisa alheia móvel”. No caso, como
visto, o acusado CAIO não subtraiu coisa alheia, mas coisa própria, como se verifica na nota
promissória em anexo (doc...), assim como foi confirmado pela suposta vítima, ao afirmar que os
valores de CAIO, de 4 mil reais, estavam reservados, aguardando serem juntados outros mil reais
faltantes.
Por esses motivos, vê-se que a conduta de CAIO não se amolda àquela descrita no art. 155, §4º, I, do
CP, razão pela qual requer-se sua absolvição sumária, com base no art. 397, III, do CPP.

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) Preliminarmente, que seja rejeitada a denúncia, pela falta de pressuposto processual ou


condição da ação, na forma do art. 395, II, do CPP;
b) Ainda preliminarmente, que seja reconhecida a extinção da punibilidade pela decadência, nos
termos do art. 103 e 107, IV, do CP, sendo o acusado absolvido sumariamente, na forma do
art. 397, IV, do CPP.
c) No caso de serem superadas essas teses, no mérito, requer-se a absolvição sumária do
acusado, nos termos do art. 397, III, do CPP.

No caso de nenhuma das teses acima indicadas serem acatadas por Vossa Excelência, requer-se,
desde já, o deferimento de todas as provas em direito admitidas, em especial a testemunhal, conforme
rol abaixo, sendo também juntada a nota promissória acima mencionada (doc. 1).

Rol de testemunhas:
PAULO
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JUVENTINO

Nestes termos,

Pede deferimento.

Capital, 18 de setembro de 2023

Advogado

OAB

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