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Empreendedorismo Público e Privado
Empreendedorismo Público e Privado
Empreendedorismo Público e Privado
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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3
1. INTRODUÇÃO ............................................................................ 4
1.1- METODOLOGIA ...................................................................... 5
2. CONCEITOS DE EMPREENDEDORISMO E DE
EMPREENDEDOR ......................................................................................... 7
2.1- EMPREENDEDORISMO ......................................................... 8
2.2- EMPREENDEDOR ................................................................ 10
3. A IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO ....................... 13
3.1- DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .................................... 14
3.2- O POVO BRASILEIRO É EMPREENDEDOR?...................... 16
4. TEORIAS DO EMPREENDEDORISMO.................................... 21
5. TIPOS DE EMPREENDEDORES ............................................. 26
5.1- EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE E POR
NECESSIDADE ............................................................................................ 29
6. CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES E DAS
EMPREENDEDORAS .................................................................................. 31
7. EMPREENDEDORISMO SOCIAL: ANTECEDENTES E
DEFINIÇÕES ................................................................................................ 34
8. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DOS EMPREENDEDORES
41
9. MOTIVAÇÃO DOS EMPREENDEDORES ................................ 42
9.1- DIFERENÇA ENTRE INVENTOR E EMPREENDEDOR ....... 42
9.2- EMPREENDEDORES OU GERENTES? ............................... 43
9.3- LÍDER OU EMPREENDEDOR?............................................. 44
10. PROCESSO EMPREENDEDOR .............................................. 44
11. GESTÃO DA INOVAÇÃO.......................................................... 46
12. PLANO DE NEGÓCIO .............................................................. 47
13. ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR .............................. 49
13.1- CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS COM
EMPREENDEDORISMO SOCIAL ................................................................ 51
14. AÇÃO SOCIAL .......................................................................... 52
1
15. COMPARAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DOS
EMPREENDEDORES SOCIAIS E PRIVADOS ............................................ 55
16. EMPREENDEDORISMO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS .... 55
16.1- DEFINIÇÕES ......................................................................... 56
16.2- DIMENSÕES.......................................................................... 57
17. AS CARACTERÍSTICAS ORGANIZACIONAIS:
CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS .......................................................... 58
17.1- CARACTERÍSTICAS ADMINISTRATIVAS ............................ 59
17.2- CARACTERÍSTICAS CULTURAIS ........................................ 59
17.3- CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS ....................................... 60
18. O QUE É A INOVAÇÃO E O EMPREENDEDORISMO NO SETOR
PÚBLICO? 62
18.1- INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO ........................................ 66
19. EMPREENDEDORISMO NO SETOR PÚBLICO ...................... 67
20. QUAIS AS JUSTIFICATIVAS PARA INOVAR NO SETOR
PÚBLICO? 70
21. ONDE APLICAR A INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO? .......... 75
22. QUAIS SÃO OS FATORES FACILITADORES E INIBIDORES DA
INOVAÇÃO E DO EMPREENDEDORISMO NO SETOR PÚBLICO? .......... 90
23. QUEM SÃO OS EMPREENDEDORES NO SETOR PÚBLICO?
101
23.1- EMPREENDEDOR CORPORATIVO NO SETOR PÚBLICO102
24. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................... 111
25. REFERÊNCIAS ....................................................................... 112
2
NOSSA HISTÓRIA
3
1. INTRODUÇÃO
Mais de dois séculos separam os cervejeiros mencionados por Adam
Smith (1976), em sua obra clássica, dos empreendedores de hoje. Os primeiros
viviam em um ambiente socioeconômico caracterizado por uma relativa
estabilidade. Eram detentores de ofícios cujas tradições passavam de geração
para geração. Os empreendedores atuais, por sua vez, situam-se em um mundo
completamente diferente, caracterizado por rápidas transformações e grande
competição e são vistos como personagens multifacetados. O conceito de
empreendedor é, atualmente, utilizado para designar diferentes facetas de um
personagem (Gartner, 1988, 2001), tais como alguém dotado de capacidade de
inovação; de espírito de iniciativa; que assume riscos em um negócio; que decide
sobre o uso e a coordenação de recursos escassos, etc. Para Sumpf e Hugues
(1973), o empreendedor seria um conceito sociológico. Mais precisamente, um
tipo ideal, no sentido weberiano.
4
Para Lohrke e Landström (2012, p. 10) “a pesquisa sistemática de
empreendedorismo vem sendo conduzida há cerca de 40 anos, tendo emergido
na década de 1980”. Para Blackburn (2011), o conceito de empreendedor é
central para ideologias de diferentes sociedades ao redor do mundo. Observa,
então, que (2011, p. xiii), “extraindo dos pilares das ciências sociais, estudiosos
do empreendedorismo e seus trabalhos estão influenciando e ajudando a
redefinir fundamentos acadêmicos dominantes e suas fronteiras”. Mas diferentes
são as concepções teóricas básicas hoje existentes, cada uma delas enfatizando
determinada faceta ou dimensão desse personagem. Como salientado
por Lohrke e Landström (2012), considerando que as pesquisas sobre
empreendedorismo estão se tornando mais dirigidas por teorias e que
pesquisadores vêm extraindo teorias de vários campos de conhecimentos, torna-
se importante conhecer as diferentes raízes intelectuais das reflexões sobre
empreendedor.
1.1- METODOLOGIA
Para a construção deste material, foi utilizada a metodologia utilizada de
pesquisa bibliográfica e descritiva, com o intuito de proporcionar um
levantamento de maior conteúdo teórico a respeito dos assuntos abordados.
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Entende-se por pesquisa bibliográfica, a revisão da literatura sobre as
principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que
chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode
ser realizada em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre outras
fontes. Outro método utilizado foi à metodologia de ensino Waldorf, esta
metodologia é uma abordagem desenvolvida pelo filósofo Rudolf Steiner.
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2. CONCEITOS DE EMPREENDEDORISMO E DE
EMPREENDEDOR
O empreendedorismo pode ser compreendido como a arte de fazer
acontecer com criatividade e motivação. Consiste no prazer de realizar com
sinergismo e inovação qualquer projeto pessoal ou organizacional, em desafio
permanente às oportunidades e riscos. É assumir um comportamento proativo
diante de questões que precisam ser resolvidas.
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calculados. Em qualquer definição de empreendedorismo encontram-se, pelo
menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:
1) Tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz;
2) Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o
ambiente social e econômico onde vive;
3) Aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.
2.1- EMPREENDEDORISMO
O empreendedorismo apesar de ser uma palavra simples esconde um
conceito muito poderoso, pode ser considerado e entendido como a arte de fazer
alguma coisa surgir ou acontecer e ser criativo e realizar algo novo, sonhar e
transformar ideias em realidade. O que vem ser empreendedorismo de fato;
segundo o dicionário Aurélio significa “empreender resolver um problema ou
8
situação, criação de uma empresa ou produto, pode significar também agregar
valor, identificar oportunidades e transforma-las em um negócio lucrativo”.
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Tabela 1 – Taxas* e estimativas** de empreendedorismo no Brasil. Fonte: GEM Brasil
2016 Percentual da população de 18 a 64 anos *Estimativas calculadas a partir de dados da
população brasileira de 18 a 64 anos para o Brasil em 2016: 133,9 milhões.
2.2- EMPREENDEDOR
O que é ser um empreendedor? Pode-se entender que empreendedor é
um indivíduo inovador, possui uma motivação singular na busca da realização
de um projeto. Segundo Chiavenato (2005) o empreendedor tem o espírito e a
energia da economia a alavanca de recursos, o impulso de talentos e a dinâmica
de ideias. A figura a seguir mostra o contexto do empreendedor brasileiro.
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pesquisa é que as mulheres investem mais nas áreas de serviços domésticos,
cabeleireiros, tratamento de beleza, comércio varejista de roupas e acessórios,
serviços de buffet e de comida preparada. Veja o gráfico a seguir distribuição de
empreendedores entre homens e mulheres.
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Tabela 3 – Taxas de empreendedorismo por escolaridade. Fonte: GEM Brasil 2016.
12
Segundo Dolabela (2010) a personalidade do empreendedor se deve a
vários fatores, sendo os principais a educação e as experiências adquiridas no
meio ambiente que ele vive. Ele ressalta ainda que o empreendedor precisa
possuir algumas características tais como: pro- atividade, visionário,
autoconfiança, liderança, assumir risco, perseverança, flexibilidade e
comprometimento.
3. A IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO
Os economistas percebem que o empreendedor é essencial ao processo
de desenvolvimento econômico, e em seus modelos estão levando em conta os
sistemas de valores da sociedade, em que são fundamentais os
comportamentos individuais dos seus integrantes. Em outras palavras, não
haverá desenvolvimento econômico sem que na sua base existam líderes
empreendedores.
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Psicologia, a Física ou a qualquer outra disciplina já bem consolidada. Referimo-
nos ao empreendedorismo como sendo, antes de tudo, um campo de estudo.
Isto porque não existe um paradigma absoluto, ou um consenso científico.
Sabemos que o empreendedorismo traduz-se num conjunto de práticas capazes
de garantir a geração de riqueza e uma melhor performance àquelas sociedades
que o apoiam e o praticam, mas sabemos também que não existe teoria absoluta
a este respeito.
14
grau de flexibilidade não é alheia a maior ou menor aptidão das classes
dirigentes para superar as limitações naturais de seu horizonte ideológico.
(FURTADO, 1964, p.63).
15
3.2- O POVO BRASILEIRO É EMPREENDEDOR?
Antes de começar a falar como o empreendedorismo surgiu no Brasil, é
bom salientar que a origem do pensamento empreendedor se deu por meio das
reflexões de pensadores econômicos do século XVII e XIX. Segundo Chiavenato
(2008), pensadores defendiam que a ação da economia reflete na força livre do
mercado e da concorrência. O empreendedorismo tem sido visto como um
engenho que da direção à inovação e promove o desenvolvimento econômico
(REYNOLDS, 2002). A figura a seguir mostra a evolução do empreendedorismo.
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entre dezoito e sessenta e quatro anos de idade está abrindo negócio próprio. O
Brasil tem uma taxa de empreendedorismo (porcentagem de 36 pessoas que
abrem a própria empresa em relação à população economicamente ativa) maior
do que a média mundial: 13,5% contra 12%%, (SCHLINDWEIN, 2004, apud
IBQP, 2002, p. 1).
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Segundo fontes do SEBRAE (2016) entre os anos de 2010 a 2014, a taxa
de sobrevivência dos pequenos negócios com até 2 anos de vida aumentou de
54% para 77%. Isso se deve a ampliação do número de Microempreendedores
Individuais (MEI), porém quando se exclui o MEI da pesquisa a taxa de
sobrevivência cresce somente 4 pontos passa de 54% para 58%. Veja a
representação gráfica a seguir:
Gráfico 3 – Taxas de sobrevivência com inclusão e/ou não do MEI. Fonte: Sobrevivência
das Empresas no Brasil. Sebrae, 2016.
Diante deste contexto, ficou claro que o MEI provoca um impacto positivo
para sobrevivência destes pequenos negócios e que as empresas que foram
abertas entre 2008 a 2012, a taxa passou de 0% para 63% e que os optantes
pelo simples nacional maior dos não optantes.
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Gráfico 4 – Taxas de sobrevivência de optante e/ou não do MEI. Fonte: Sobrevivência
das Empresas no Brasil. Sebrae, 2016.
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Gráfico 6 – Principais causadores mortalidade dos pequenos negócios. Fonte:
Sobrevivência das Empresas no Brasil. Sebrae, 2016.
20
das maiores riquezas naturais do mundo ainda relativamente pouco explorada:
o potencial empreendedor dos brasileiros. O Brasil é atualmente um dos países
onde poderia haver uma grande explosão empreendedora. Só os brasileiros têm
poder para que isso aconteça. Para tanto, deve-se superar um certo número de
obstáculos.
4. TEORIAS DO EMPREENDEDORISMO
Hisrich & Peter (2004) apresenta informações sobre o desenvolvimento
da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor a partir da Idade
Média até 1985, quando ele define o empreendedorismo como “processo de criar
algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário,
assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e
recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal”.
As principais teorias que abordam o empreendedorismo são: a teoria
econômica e a teoria comportamentalista.
21
compreender o papel do empreendedor e o impacto da sua atuação na
economia. Três nomes destacam-se nessa teoria: Richard Cantillon, Jean
Baptiste Say e Joseph Schumpeter. A essência do empreendedorismo está na
percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos
negócios, sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos
nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos
a novas combinações. Uma das principais críticas destinadas a esses
economistas é que eles não foram capazes de criar uma ciência
comportamentalista.
22
Zarpellon (2010) apresenta a Teoria Econômica Institucional de Douglas
North, ganhador do Prêmio Nobel de 1993, como marco teórico do
empreendedorismo. Ele afirma que os estudos e publicações sobre
empreendedorismo no Brasil, de maneira geral, utilizam referencial teórico de
autores ligados a duas correntes principais de estudo do empreendedorismo: os
economistas e os comportamentalistas. O referencial teórico da teoria
econômica diz que “os economistas associaram o empreendedor à inovação e
os comportamentalistas que enfatizam aspectos atitudinais, com a criatividade e
a intuição (Zarpellon, 2010, p. 49).
23
a prática econômica”. Portanto, o enfoque predominante desta teoria é
construído em torno do marco teórico da teoria econômica institucional.
North (1990, p. 14) enfatiza que “as Instituições são as “regras do jogo”
em uma sociedade e, formalmente, são as limitações idealizadas pelo homem,
as quais dão forma e regem a interação humana”. As regras do jogo podem ser
compreendidas como os direitos de propriedade, direito comercial, trâmites
burocráticos para a abertura de empresas, ideias, crenças, valores, atitudes em
direção aos empreendedores, entre outras, afetam a criação e o
desenvolvimento de novas empresas.
24
em consequência da complexidade dos problemas que devem ser resolvidos
(North, 1990). O resultado da interação entre as Instituições e as Organizações
é a evolução e a mudança institucional.
25
empresarial. Para a análise do empreendedorismo, ela ajuda a entender melhor
o ambiente institucional que é, em última análise, o responsável pelo
desenvolvimento e pelo desempenho econômico das diversas sociedades.
5. TIPOS DE EMPREENDEDORES
Não existe unanimidade entre os autores quanto aos tipos de
empreendedores. Apresentamos, a seguir, várias abordagens sobre o assunto.
26
que não vem sendo dada devida atenção; buscar e apresentar diferenciais
competitivos em um mercado já existente; vencer a concorrência; conquistar
clientes; e alcançar a lucratividade e a produtividade necessárias à manutenção
do empreendimento.
27
A Teoria da Mudança é uma metodologia, um conjunto de diretrizes, que
orientam os empreendedores sociais a concretizarem o seu objetivo último –
mudança social. Os empreendedores sociais fazem um mapeamento dos
requisitos e condições necessárias para o seu fim, e desenvolvem indicadores
para medir os progressos e resultados, avaliando assim o desempenho da sua
iniciativa de mudança.
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Uma cultura técnica predominante que o levam a arriscar-se
investindo em um pequeno nicho do mercado onde a porcentagem
de sobrevivência é baixa;
Falta de visão dos negócios e conhecimento inadequado das
forças competitivas do mercado.
29
Os empreendedores por oportunidade são aqueles indivíduos que
identificam no mercado a necessidade de algo novo ou restruturação de algo já
existente. Segundo o SEBRAE (2015), o indivíduo que tem a sensibilidade de
criar coisas novas é capaz de perceber e assimilar as mudanças no ambiente no
qual está inserido, mesmo tendo opções de emprego eles iniciam o negócio.
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O empreendedorismo é o negócio que surge da necessidade das pessoas
que querem se manter economicamente ativas na sociedade a qual estão
inseridas. Este grupo de empreendedores é formado basicamente por aqueles
indivíduos que perderam o emprego e precisam encontrar uma forma de
sobreviver, ou seja, prover o próprio sustento e o da família.
31
O quadro abaixo representa um resumo das características
frequentemente encontradas nos empreendedores, segundo vários autores.
32
comunicabilidade, liderança, facilidade de trabalhar em equipe, automotivação,
capacidade de tomar decisões rapidamente, pensamento crítico, visão
estratégica, foco em resultados, planejamento, fome de aprender, familiaridade
com o mundo dos negócios, ótima rede de contatos, flexibilidade à mudança e
aos ambientes dinâmicos, capacidade de resolução de problemas e conflitos,
visão sistêmica e holística, ousadia, receptividade a riscos, tolerância a erros e
falhas, familiaridade com tecnologia, capacidade de realização, habilidades de
negociação, integridade, honestidade, fortes princípios éticos, eloquência,
facilidade para absorção de novos conceitos, alta percepção do ambiente,
retórica, agilidade e dinamismo, forte personalidade, firmeza de caráter,
enérgico, perfil voltado para desenvolver talentos, grande experiência, empatia,
persuasão, organização, rapidez de raciocínio, autocontrole, sonhador realista,
agressividade, independência, pragmatismo, entusiasmo, pro atividade,
iniciativa, forte presença pessoal, arrojo e faro para negócios.
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O elenco de características apresentadas no quadro anterior evidencia
que existem aspectos comuns aos empreendedores e as empreendedoras.
Evidencia, também, que a idade do início dos negócios das empreendedoras é
superior a idade dos homens. Outra observação relevante a ser fei ta é que os
recursos financeiros utilizados pelas empreendedoras não apresentam menos
riscos do que dos homens.
34
Naquele contexto, o empreendedorismo social contribuía para a
mobilidade social dos indivíduos, no qual permitia que eles alcançassem maiores
posições de liderança, demonstrando o seu comportamento empreendedor.
Sassmannshausen e Volkmann (2013) afirmam que mesmo com os grandes
avanços nas definições de empreendedorismo social, a contribuição de Parker
pode ser visto como um ponto de partida na pesquisa sobre empreendedorismo
social.
Wallace (1999), Dart (2004), Harding e Cowling (2004), Hines (2005), Mair
e Noboa (2006) e Curto, Moss e Lumpkin (2009 apud KISTRUCK; BEAMISH,
2010) corroboram com os dizeres do parágrafo anterior ao proporem que o
empreendedorismo social é um fenômeno que já existe há muitos séculos, sendo
que a pesquisa acadêmica sobre as complexidades de empreendedorismo
social, no entanto, apenas ganhou impulso durante a última década.
35
novo rótulo para descrever o trabalho de comunidade, organizações voluntárias
e públicas, bem como as empresas privadas que possuem objetivos mais
voltados ao social do que aos lucros financeiros. Bose e Godói- de-Souza (2012)
concordam ao proporem que o empreendedorismo social advém como uma
proposta para enfrentar a pobreza face ao processo de exclusão social
vivenciado com a globalização e agravado com as crises econômicas globais.
36
Essa crescente ‘popularização’ do termo tem sido acompanhada por um
campo de análise que agrega e combina um leque diversificado de ideias que
visam descrever e definir o empreendedorismo social, sendo esta
combinação/influência de outros campos o motivo principal da aparente falta de
clareza do conceito, afirma (NICHOLLS, 2006). Nota-se uma infinidade de
definições na tentativa de delimitar o conceito de empreendedorismo social. No
entanto, tal tarefa tem sido complicada, pois o mesmo conceito pode significar
coisas diferentes para pessoas diferentes, abrindo caminho para mais confusões
conceituais, afirma Dees (2001).
Além disso, afirmam Mair e Marti (2004), que a junção dos termos
‘empreendedorismo’ e ‘social’ levam a significados diferentes. Aliás, não existe
no campo uma tentativa de sistematizar ou criar uma teoria que englobe as
diversas definições, porém, o grande número de definições não impede a busca
de uma conceituação menos limitada do termo a ser estudada (MAIR; MARTI,
2006). A tabela 1 abaixo foi realizada pelos autores Dacin, Dacin e Matear (2010)
e adaptada pelos autores desse artigo com outras definições, encontradas na
literatura internacional e em publicações nacionais.
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Martin e Osberg (2007) complementam afirmando que o resultado dessa
abrangência conceitual é que o empreendedorismo social tem se tornado uma
‘imensa tenda’ no qual todos os tipos de atividades consideradas socialmente
benéficas são relacionados com o termo. Dacin, Dacin e Matear (2010) também
alegam que essa confusão conceitual é considerada uma barreira para o diálogo
interdisciplinar e para avanços para a teoria no campo. Dees (2001) desde o
início reconheceu esse dilema e recomendou que o desafio era evitar definir o
empreendedorismo social de forma muito ampla ou abrangente, de modo a
torná-lo vazio de significado.
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abordam o empreendedor social concentram-se no líder ou no fundador do
empreendimento.
39
dilema e recomendou que o desafio era evitar definir o empreendedorismo social
de forma muito ampla ou abrangente, de modo a torná-lo vazio de significado.
Todavia, Dacin, Dacin e Tracey (2011) declaram que possuir uma missão
voltada para a criação de valor social não significa negar qualquer desinteresse
para o valor econômico, sendo o lucro financeiro um ator coadjuvante, pois passa
ter um papel fundamental para a sustentabilidade dos empreendimentos sociais
e na própria criação de valor social.
40
O segmento alvo dos relações públicas com o governo e principalmente
com o público alvo da empresa, no intuito de transmitir uma falsa imagem e
sensação de segurança. Oliveira (2004), visando delimitar cada atividade,
apresenta um quadro com as principais características do empreendedorismo
privado, responsabilidade social empresarial e o empreendedorismo social:
41
Para ser empreendedor não basta possuir habilidades técnicas e
administrativas. É necessário ter, também, habilidades empreendedoras,
conforme está evidenciado no quadro anterior. Estas habilidades relacionam-se
com a gestão de mudanças, liderança, inovação, controle pessoal, capacidade
de correr riscos e visão de futuro.
42
ente os dois. O inventor, o indivíduo que cria algo pela primeira vez, é alguém
altamente motivado por seu próprio trabalho e ideias pessoais.
Além de ser muito criativo, o inventor tende a ter boa educação formal,
com diploma superior ou, com mais frequência, com pós-graduação. Enquanto
o empreendedor se apaixona pela organização (o novo empreendimento) e faz
quase tudo para garantir sua sobrevivência e crescimento, o inventor apaixona-
se pela invenção e só relutantemente a modificará para torná-la mais exequível
comercialmente.
43
normalmente trabalham dentro de estruturas previamente definidas por outra
pessoa.
As principais fontes de ideias segundo Hisrich & Peter (2004, p. 163) são:
44
fornecedores; governo; pesquisa e desenvolvimento; embate entre pessoas; lazer; ensino
(estudo, estágio, monografia, teses, entre outras); incubadoras; métodos para geração de novas
ideias. Podem, também, empregar métodos e técnicas para geração de ideias, tais como:
“grupos de discussão, brainstorming, análise e inventário de problemas” (Hisrich & Peter, 2004.
p. 164) “Assim que as idéias emergem a partir de fontes ou da solução criativa de problemas,
elas precisam de um desenvolvimento e aperfeiçoamento posteriores até o oferecimento do
produto ou serviço final” (Hisrich & Peter, 2004. p. 171). “Para detectar oportunidades de
negócios, é preciso ter intuição, intuição requer entendimento, e entendimento requer um nível
mínimo de conhecimento” (Fillon, 1999, p. 11).
45
disposição de assumir riscos e herança cultural”. Muitas pessoas gostariam de
abrir o seu próprio negócio. Dispõem de reservas financeiras para tal, contudo
acham que a sua imagem social será denegrida pelo fato de ter exercido uma
função de destaque na sociedade e agora terá que desempenhar tarefas marcas
por outros padrões.
Não são todas as pessoas que têm coragem de assumir riscos com
financiamentos e riscos de não ter o produto do seu negócio aceito no mercado.
Existem, ainda, outros motivos que dificultam a materialização do potencial
empreendedor. São as causas de resistências às mudanças apontadas por Pinto
(2007): ansiedade diante do desconhecido; percepção distorcida; interesses
pessoais afetados e problemas de ajustamento.
Compreender o como.
Compreender o quê, o porquê e o quando da atividade de
inovação.
Compreender que isso é um alvo móvel.
Inovação de produtos
Inovação de processos
Inovação de posição
Inovação de paradigma
46
linha divisória entre os tipos de inovação é bastante imprecisa – uma nova balsa
a motor, por exemplo, é tanto uma inovação de produto quanto de processo”
(BESSANT e TIDD, 2009. p. 30).
47
qual são responsáveis, depois disso é só ver o desempenho de cada um e colher
os resultados pois o mais importante e descobrir as falhas e os erros durante a
elaboração do plano e não durante a implementação da empresa evitando assim
um gasto desnecessário. Preparar um plano de negócio não é nada fácil, pois
será necessário a vivência em certos momentos com o fracasso, mesmo que
anteriormente a ideia era ótima e hoje seja inviável. Os objetivos do plano de
negócio devem ser definidos com clareza para que não sejam confundidos com
metas, ou seja, o plano serve para propor o ordenamento das ideias e a
apreciação da potencialidade e da disponibilidade do empreendimento que é o
plano de negócio operacional, ou se servirá para conseguir recursos financeiros
que pode ser chamado de plano de negócio para obtenção de recursos. Na
verdade ele é um só, o que muda apenas é o enfoque que se dará a ele.
48
13. ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR
As mais diversas nomenclaturas tem sido adotadas para referir-se às
organizações que nascem em meio à sociedade civil. A título de exemplificação,
tem-se organizações sem fins lucrativos, organizações voluntárias, organização
público não estatal, setor filantrópico, fundações, organizações da sociedade
civil de interesse público (Oscip) e organização do Terceiro Setor (MACHADO;
FRANCISCONI; CHAERKI, 2007; OLIVEIRA; JUNQUEIRA, 2003; COELHO,
2002). Tais denominações denotam parcerias firmadas entre empresas privadas
sem fins lucrativos e o poder público a fim de prestar serviços sociais livres à
49
ação privada, sendo o termo mais usado no Brasil o de “Organizações do
Terceiro Setor”, onde, sob tal nomenclatura, a literatura agrupa todas as
organizações que apresentam iniciativas particulares que visem a produção de
bens e serviços públicos (COELHO, 2002).
50
organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip) e organização do
Terceiro Setor – relacionam-se com o lugar sócio histórico onde foram
elaborados, sendo a influência política e cultural do contexto norte americano o
grande causador da banalização do uso do termo terceiro setor (FRANÇA
FILHO, 2002).
51
ressaltam que o empreendedorismo social não é definido pela forma jurídica,
uma vez que pode ser perseguido através de vários outros veículos.
52
No entanto, os autores Mair e Marti (2006) ressalvam que apesar dessa
ser uma característica prevalecente no empreendedor social, podem existir
outros motivos menos altruístas como, por exemplo, a realização pessoal. Na
verdade, para Mair e Marti (2006) ação social dos empreendedores está voltada
para a utilização de forma criativa dos recursos. O empreendedorismo social age
como um catalisador da transformação social para atender às necessidades
sociais, mas o seu foco principal é o valor social ou a ação na criação de valor
social, tendo o valor econômico apenas condição necessária para sustentar a
viabilidade financeira do empreendimento (MAIR; MARTI, 2006).
Por causa disso a compaixão acaba servindo como uma motivação ‘pró-
social’ em comparação a outras motivações pessoais. Muitas pesquisas são
realizadas com o intuito de diferenciar o empreendedorismo social de outras
formas de organização, no entanto grande maioria negligencia a importância dos
antecedentes motivacionais (MILLER et al, 2012). Mas para os autores, a
compaixão ou a preocupação com aqueles que estão sofrendo atua como o
principal motivador pró-sociedade para a prática da ação social.
53
negativo (MILLER et al, 2012). Em contrapartida, Miller et al (2012) alerta que as
emoções em ajudar as pessoas podem acabar influenciando ou distorcendo a
avaliação das informações e oportunidades, contribuindo para riscos potenciais
na abertura de um novo negócio. Logo, os autores argumentam que altos índices
de compromisso com o sofrimento alheio aumentam as chances de engajar-se
no empreendedorismo social (MILLER et al, 2012).
Para Oliveira e Junqueira (2003) a ação social no terceiro setor existe com
o objetivo de ajudar o cidadão a atuar responsavelmente no futuro da sociedade,
contribuindo para o desenvolvimento da sociedade e abrindo espaços para o
exercício e defesa dos direitos da cidadania. Dessa forma, a ação social pode
ser comparada com um instrumento para o cidadão exercer seu direito de
“acesso à saúde, educação, meio ambiente, habitação, planejamento urbano,
progresso social, segurança, direitos humanos e cultura” (OLIVEIRA;
JUNQUEIRA, 2003, p. 236).
54
15. COMPARAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DOS
EMPREENDEDORES SOCIAIS E PRIVADOS
De acordo com esses últimos autores, a justificativa para isso pode estar
calcada na novidade de governo empreendedor, o que vai de encontro aos
pensamentos de Kim (2010), pois atrela o empreendedorismo no setor público
ao surgimento da Nova Administração Pública. Segundo este autor, o
empreendedorismo está conectado a esse movimento porque tenta remediar,
por meio de mecanismos não burocráticos, os problemas da burocracia
tradicional.
55
imbuídas de conceitos e práticas, que eram próprias e, até então, restritas à
esfera das organizações empresariais”.
Assim, para Kim (2010), assim como para Diefenbach (2011), Currie et al.
(2008), Morris, Kuratko e Covin (2008) e Kearney, Hisrich e Roche (2007), a
vertente pública do empreendedorismo deixa de lado a questão estritamente
econômica e passa a ser definida em termos de tomada de risco, inovação e pro
atividade.
16.1- DEFINIÇÕES
O empreendedorismo é visto por alguns autores, como Llewellyn e Jones
(2003), Bozeman (2007) e Kim (2010), como uma força potencialmente capaz
de modificar e levar as organizações públicas a um nível, de fato, eficiente e
eficaz em seus processos. Para outros autores, o empreendedorismo pode ser
definido nos seguintes termos. Para Drucker (1985), empreender significa
modificar, perceber as necessidades de mudanças e encontrar as soluções
necessárias para que isso aconteça. Já Bellone e Goerl (1992) focam na
participação. Eles entendem o empreendedorismo como uma ferramenta que
56
possibilita aos cidadãos participar do planejamento público. Morris e Jones
(1999), por sua vez, percebem o empreendedorismo como um processo que cria
valores para a sociedade.
16.2- DIMENSÕES
A tomada de decisão envolve a escolha, a opção que o gestor público
faz entre tomar uma ou outra decisão diante do uso do dinheiro público e por
isso, segundo Kim (2010), pressupõe decisões conscientes, mesmo perante as
incertezas de resultados.
57
Quanto à pro atividade, Lumpkim e Dess (2001) alegam que esta
dimensão se resguarda no aumento da iniciativa a fim de, conforme dito por
Morris e Kuratko (2002), tentar antecipar questões futuras. Isso, segundo Kim
(2010), faz com que as organizações públicas deixem de agir de forma passiva
e passem não só a antever os problemas como a estar em alerta para as novas
oportunidades.
58
Desta forma, a presença de muitos níveis hierárquicos e de muita
formalização não favorece o empreendedorismo. No entanto, a presença do
atributo flexibilidade favorece a implementação do empreendedorismo.
59
(KIM, 2010). A accountability é entendida por Tinoco (2002), como a
responsabilização dos gestores em prestar contas à sociedade dos atos
praticados e por isso faz com eles tomem decisões conscientes buscando
alocar melhor os recursos públicos.
60
Devido a isto, os gestores tendem a evitar as ações inovadoras (KIM, 2010).
Logo, quanto maior a responsabilidade legal mais difícil será implementar o
empreendedorismo.
61
Portanto, as características organizacionais influenciam sobremaneira
a implantação do empreendedorismo no setor público.
62
Segundo Castells e Cardoso (2005), as tecnologias de informação e
comunicação (TICs), como as redes sociais virtuais, são espaços eletrônicos que
têm cada vez mais modificado as formas de ação política, bem como as práticas
de gestão das organizações, inclusive no setor público.
63
prender algo nas mãos, comprometer-se e fazer acontecer, atitudes
espontâneas e inerentes do ser humano desde o seu surgimento neste planeta.
Uma resposta possível para todas essas perguntas seria: todos foram
eficientes e eficazes por meio de práticas de inovação e de empreendedorismo
no setor público. E, para analisar e interpretar essas práticas e subsidiar a
64
elaboração de novos modelos mentais no campo, existem correntes de
pensamento que têm servido de arcabouço teórico-conceitual, tanto de forma
explícita quanto de forma tácita, em estudos sobre inovação e
empreendedorismo, inclusive, no setor público.
65
necessário definir constitutivamente o que se entende por inovação e
empreendedorismo no setor público.
66
público municipal. Observa-se que os quatro componentes da ISP
supramencionados servem como direcionadores que podem nortear o
planejamento dos gestores públicos, os quais poderão agir como
empreendedores. Entende-se neste livro que toda ISP teria que ter pelo menos
esses quatro componentes claramente compreendidos para poder ser
operacionalizada de maneira adequada nas organizações e nos municípios.
Assim, a ISP pode servir de orientação para ações públicas e poderá ser
conectada com outras iniciativas, inovadoras ou não, formando assim uma
congregação de inovações na administração pública em diferentes unidades de
trabalho e setores da sociedade. É importante destacar que uma ou mais
inovações para o setor público surgem na elaboração ou na implementação do
plano de gestão pública que se deseja realizar em um mandato governamental
de 4 anos.
67
ou coordena a inovação, é possível observar na literatura especializada
diferentes manifestações do empreendedorismo no setor público (ESP),
conforme estudos germinais realizados no exterior por Klein, Mahoney, Mcgahan
e Pitelis (2010) e, no Brasil, por Morais, Valadares, Emmendoerfer e Tonelli
(2015).
68
• Solidários – recompensas como a satisfação em participar, se engajar
e apoiar os empreendedores na defesa de suas ISP.
69
meio ou em parceria com a administração pública e podem ser estimulados por
diferentes e variados motivos de interesse público, os quais serão abordados na
próxima parte.
70
promover a prosperidade e combater a pobreza por meio do crescimento e da
estabilidade financeira, considerando as implicações ambientais do
desenvolvimento econômico e social. Em 2014, a OCDE lançou o Observatório
da Inovação do Setor Público (OISP) com o objetivo de ser um lugar para
compartilhar, discutir e cocriar soluções que funcionam no setor público.
71
72
Todas as tendências globais da OCDE podem ser consideradas
antecedentes da inovação e servem de indutores para inspirar e mobilizar
empreendedores dentro e fora das organizações públicas em prol da ISP.
73
não tratem equivocadamente essas duas formas de empreender da mesma
maneira (Kearney et al., 2009), uma vez que possuem peculiaridades em virtude
do setor em que predominantemente atuam (Valadares; Emmendoerfer, 2015),
conforme Quadro 3.
74
Assim, a incorporação dos princípios básicos da administração pública em
planos e ações de inovação no setor público (ISP) pode estimular o fomento,
segundo Bellone e Goerl (1992), de um espírito cívico para que o
empreendedorismo seja fortalecido por uma cultura de cidadania marcada pela
participação sociopolítica, cujas práticas serão comentadas no decorrer das
próximas partes deste livro.
75
76
As inovações para o setor público geralmente surgem da melhoria ou da
busca de outras alternativas a partir das variações das soluções genéricas
apresentadas no Quadro 4 com base no trabalho de Secchi (2016). Existem
várias práticas de geração de ideias, normalmente em grupo, que podem auxiliar
no levantamento de alternativas e na escolha da solução mais adequada para
iniciar uma ISP, conforme Quadro 5.
77
A partir da escolha da solução gerada por uma das práticas de geração
de ideias apresentadas no Quadro 5, esta solução poderá ser enquadrada em
78
um dos quatro tipos de inovação mais conhecidos mundialmente, conforme o
Quadro 6, elaborado com base na OCDE (2005).
São elas:
Produto
Processo
Organizacional
Marketing
79
80
Esses tipos de inovação têm sido propostos desde 1990 pelo OCDE em
suas diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação que podem
auxiliar governos no desenvolvimento econômico de seus territórios. Essas
81
diretrizes se tornaram internacionalmente conhecidas como Manual de Oslo,
documento que serve de base orientadora de políticas, internas e externas,
destinadas ao fomento da inovação nas organizações e municípios.
82
Vale ressaltar que a inovação em produto (sob a forma de bens) pode
ocorrer também em organizações públicas, principalmente aquelas vinculadas à
administração pública indireta como as empresas estatais. Além disso, mais
recentemente, tem se observado iniciativas, nos entes governamentais em nível
nacional, estadual e municipal, relacionadas à inovação de marketing no setor
público.
Esse tipo de inovação pode ser algo motivado por uma vocação da cidade,
a fim de posicionar e distingui-la por meio de um logotipo, ícone, slogan ou marca
(Figura 1). Para Turok (2009), é uma forma da cidade se diferenciar e do governo
municipal revitalizar o seu posicionamento na sociedade, principalmente em sua
região.
83
A inovação no setor público (ISP) com foco em marketing de cidade pode
ser tratada como uma política rápida – fast policy (Peck, 2002). Para Peck e
Theodoreé (2015), a fast policy é uma forma de operacionalizar o governo
experimental, o qual busca com suporte de artes visuais promover com agilidade
uma ideia de projeto de desenvolvimento socioeconômico para o município.
Contudo, Turok (2009) chama atenção para que essa ISP não se torne uma
armadilha – uma ação fugaz e de natureza estritamente política – para a própria
cidade.
84
distinguirem, reforçarão a legitimidade pública das instituições e dos envolvidos,
na medida que se materializarem nos espaços públicos da cidade.
85
os mesmos se tornam parte do processo de geração e oferta de valor (Brandsen;
Honing, 2016).
86
bens e serviços próprios e autênticos de um segmento produtivo
existente no território, a fim de prospectá-lo como um local de (possível)
referência em uma determinada especialização (Ashton; Emmendoerfer;
Emmendoerfer, 2018, p. 66).
Mas também a busca por uma distinção para a cidade pode partir, de
forma endógena, da iniciativa de uma mobilização interna de organizações e
coletivos situados no próprio município, como a cidade Belém (PA). Agentes
públicos e privados dessa cidade organizaram o pleito para tornar a cidade de
Belém a Capital da Unesco da Gastronomia, reconhecida em 2015, o que
permitiu a essa cidade integrar a rede internacional de cidades criativas da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –
Unesco (2018).
87
Brasil que têm se destacado como as mais empreendedoras e as mais
inovadoras, com ações para o mercado e para as organizações públicas.
88
A cidade empreendedora, inovadora ou qualquer outro adjetivo
empregado associado a ela (como cidade verde, criativa ou inteligente) é uma
variação da inovação de marketing da imagem do município, a fim de distingui-
lo em relação aos outros e promover a atração de investimentos para o
desenvolvimento local.
Bason (2018) menciona que essas iniciativas geram tensões entre cultura
burocrática (dominante nas organizações do setor público) e comportamentos
inovadores/empreendedores. Para o autor, são forças opostas que disputam o
ambiente público.
89
22. QUAIS SÃO OS FATORES FACILITADORES E INIBIDORES
DA INOVAÇÃO E DO EMPREENDEDORISMO NO SETOR
PÚBLICO?
Para saber onde priorizar e qual tipo de inovação empregar, é
recomendável identificar e desenvolver capacidades de inovação aderentes ao
setor público (Valladares; Vasconcellos; Di Serio, 2014), que podem determinar
o sucesso ou insucesso do processo e dos resultados de inovação. O Quadro 8
descreve oito capacidades de inovação, as quais também interferem na
propensão a empreender no setor público:
90
No que tange à execução dos tipos de aplicações de ISP, observa-se no
Quadro 8 que a gestão de projetos é uma capacidade requerida para inovar nas
organizações. Assim, o planejamento estratégico situacional (PES), idealizado
pelo economista Chileno Carlos Matus, é uma forma de conduzir planos e
projetos públicos voltados para processos e resultados que prezam pelos
interesses coletivos dos envolvidos (Fraga, 2018).
91
Nesse sentido, seja em termos extensionistas por meio do método da
pesquisa-ação (Lewin,1946; Thiollent, 2011), seja por meio da lógica do
gerenciamento ágil de projetos (Amaral; Conforto; Benassi; Araujo, 2011), pode-
se atender a abordagem tático-operacional do PES no contexto da ISP.
Especialmente por meio dessa última técnica, uma vez que a questão da
agilidade está relacionada tanto à urgência de maior eficiência e de soluções
positivas demandadas pela sociedade, quanto ao tempo do mandato
governamental, que pode ser considerado curto para determinadas inovações.
92
Nesse sentido, a partir de um ambiente que apresenta facilitadores da
inovação e inspirado no trabalho de Amaral et al. (2011), o gerenciamento ágil
de projetos ISP tem o objetivo e a capacidade de tornar o processo de gestão de
projetos mais simples, flexível e interativo, de forma a se obter melhores
resultados em desempenho (tempo, custo e qualidade) e na agregação de valor
aos stakeholders. E, para que isso seja possível, pelo menos são necessários
alguns indutores fundamentais:
93
autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo
nacional e regional;
fatores tecnológicos – que envolvem o surgimento ou disponibilidade de
novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), como a criação
de aplicativos (Apps) que oferecem acesso a serviços públicos pelo
ambiente virtual, inclusive associados às práticas de governo aberto ou
eletrônico (e-gov), por meio de unidades de trabalho especializadas,
externas ou internas às organizações públicas.
94
95
Há abordagens que tratam das barreiras e facilitadores como
determinantes da inovação, que antecedem a discussão de tipos de aplicação e
processos de ISP. Entretanto, independentemente da sequência e do
ordenamento, o importante é considerar esses elementos e os demais já
comentados nos tópicos anteriores no processo de trabalho interno nas
organizações ou em articulação com outras por meio de políticas públicas para
se promover a ISP, como ilustrado no esquema (framework) na Figura 3.
96
a Enap (2017) propôs critérios para avaliar práticas inovadoras que também
servem para observar as potencialidades de projetos ISP, conforme Quadro 10.
97
Os critérios acima apresentados também podem contribuir para a
identificação do valor público da inovação. É importante mencionar que os
critérios de avaliação de práticas inovadoras – inovação; resultados e/ ou
impactos; utilização eficiente de recursos; parcerias; participação dos
beneficiários; mecanismos de transparência e controle social; grau de
replicabilidade; e, grau de sustentabilidade – originalmente adotados pela Enap
(2017) por meio do seu concurso anual de inovação no setor público foram
adaptados para fins de gestão de projetos ou práticas de ISP por haver o
entendimento de que esses critérios são pertinentes para análise e aplicação no
setor público.
Observa-se, assim, que o foco dos critérios utilizados pela Enap (2017) é
a efetividade (o alcance) da inovação, enquanto, aqui nesta parte, por meio da
discussão realizada a partir do Quadro 10, trata-se de acrescentar a
possibilidade de se avaliar de forma criteriosa as potencialidades de um projeto
ISP, que podem servir de fundamentação para persuadir positivamente gestores
públicos a empreender no setor público.
98
gestão de pessoas, relações de trabalho e comportamento humano nas
organizações do setor público.
99
empreendedores no setor público, para compreender com mais adequabilidade
quem são eles, quando não se tem um cargo explícito ou um instrumento de
reconhecimento que permite identificá-los. Vale destacar que, segundo Xavier
(2011), o insulamento burocrático6 limita a gestão das organizações em base
tecnicista, ao ter de forma concentrada e fechada a tomada de decisão
juntamente com a formulação e implementação da política pública. Isso
desestimula o gestor público e os demais stakeholders a estabelecer práticas de
transparência e responsabilização por seus atos.
Por outro lado, essa mesma abordagem pode ser uma forma de revelar
de forma sistematizada evidências de ações praticadas por empreendedores no
setor público em programas sociais (Lucas, 2017) e no contexto do governo
experimental (Halpern, 2015). Contudo, os empreendedores no contexto da
100
política baseada em evidências8 (PBE) requerem o desenvolvimento e a
aplicação de determinadas capacidades para lidar com oportunidades de
inovação frente a problemas públicos. Com base no estudo de Roberts e King
(1991), essas capacidades envolvem:
101
público podem ser um perfil adequado para coordenar a ISP. Há mais de 200
anos tem se verificado que um empreendedor age como um mediador, que
combina diferentes fatores e recursos, normalmente escassos, para gerar bens
e serviços, ao mesmo tempo que é capaz de usar uma invenção e explorar uma
inovação (Say, 1803).
102
Segundo Pearce II, Kramer e Robbins (1997) e Zampetakis e Moutakis (2010), essas
práticas contribuiriam para o desenvolvimento de um gestor ou tomador de decisões com visão
mais holística e inclinado a realizar mudanças organizacionais focadas na geração e agregação
de valor para o setor público e a sociedade.
103
e de Morris, Kuratko e Covin (2008). Outro ponto em comum é que algumas
conceituações incorporam o conceito de criação de valor na definição de
orientação empreendedora nas organizações (Morris; Jones, 1999; Bernier;
Hafsi, 2007).
104
No estudo de Cavalcanti (2005), o sujeito com características
intraempreendedoras e que atuava em cargo de autoridade de nível gerencial
nas organizações públicas foi tratado por este autor como um gerente
equalizador. Para estimular a presença de intraempreendedores no setor
público, é importante que a alta administração pública nos governos federal,
estadual e municipal desenvolva meios voltados para uma cultura nas
organizações favorável ao intraempreendedorismo, que é diferente da cultura
tradicional nas organizações, conforme observado no Quadro 13.
105
Observa-se que podem existir diferentes expressões e tipos de
empreendedores no setor público. Todos eles contribuem para realizar uma ou
mais possíveis funções do Estado no contexto da ISP (Kattel; Karo, 2016;
Cavalcante, Cunha, 2017), sendo elas investimentos por meio de:
106
como o projeto Worktiba, coordenado pelo Instituto Municipal de
Administração Pública (Imap) de Curitiba (PR);
Inovações via compras públicas – o governo pode induzir a
produção e a aquisição de novas tecnologias e produtos que estão
sendo desenvolvidos pelo mercado, incorporando valores e
princípios, como a sustentabilidade. Exemplo: contratações
públicas sustentáveis do Ministério do Planejamento.
Inovações institucionais econômicas – criação de novos
arranjos institucionais que modificam as regras do jogo na
economia. Exemplo: agências reguladoras como a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), criadas pelo Governo
Federal na década de 1990.
Inovações institucionais políticas – inovações que modificam as
regras do jogo político. Exemplos: orçamento participativo e a
criação de conselhos gestores de políticas públicas.
Inovações em serviços públicos – refere-se à incorporação de
tendências de gestão (como aquelas da OCDE observadas na
parte 3) com vistas à melhoria de processos administrativos e/ou
prestação de serviços à sociedade. Exemplo: Unidades de
Atendimento Integrado Presencial ou Virtual de Serviços Públicos
como o UAI (Minas Gerais).
Inovação organizacional – criação ou alteração de organizações,
de processos decisórios ou de gestão. Exemplos: criação de
laboratório de inovação e de redes de inovação nos governos
(subnacionais, nacionais e internacionais).
107
que empresas produtivas são de propriedade do Estado e funcionam de acordo
com as regras do mercado. Tal política emerge historicamente como uma
resposta nacionalista às dificuldades de industrialização e ao contexto de
dependência do capital e de tecnologias estrangeiras. Segundo Evans (1982), a
industrialização brasileira (décadas de 1930 e 1940), por exemplo, pode ser
compreendida como uma manifestação do empreendedorismo estatal.
108
Entretanto, para que os empreendedores no setor público possam aplicar
inovações no setor público (ISP), é preciso ir além e envolver vários outros
elementos em prol da cultura da inovação, conforme Figura 4.
109
de palestras de forma gratuita para a comunidade interessada em novidades
sobre gestão e políticas públicas em diversos setores (Emmendoerfer, 2017).
Assim, este livro cumpre o seu objetivo de ser um ponto de partida (kick-
off) para novos estudos e publicações sobre inovação e empreendedorismo no
setor público no Brasil e em países em desenvolvimento, especialmente da
América Latina e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Portanto, espera-se, com o esforço empreendido para constituir esta obra em
língua portuguesa, que a inovação e o empreendedorismo no setor público se
tornem para a administração pública uma possível boa teoria, pois como diria
Lewin (1952):
“Não há nada mais prático do que uma boa teoria”. E que também possa auxiliar na
mitigação do mito de que inovar no setor público é difícil, pois vários problemas no serviço público
não esbarram em legislação ou dependem de recursos para sua solução. Nesse sentido, é
possível que servidores e funcionários públicos realizem microinovações (micro, mas relevantes)
ou inovações incrementais no setor público.
110
24. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância do empreendedorismo para o desenvolvimento de uma
nação. A atividade empreendedora é o resultado da iniciativa do empreendedor,
impulsionada pelo reconhecimento da oportunidade, que resulta em um
empreendimento lucrativo. O empreendedorismo quando ocorre por
oportunidade contribui ainda mais para criação de empresas consolidadas e com
maiores chances de sucesso, pois o indivíduo expressa toda sua vontade em
empreender como forma de sua realização pessoal e empenha-se ao máximo
para alcançar o seu sucesso.
111
25. REFERÊNCIAS
BAGGIO; Adelar Francisco. BAGGIO; Daniel Knebel. Empreendedorismo:
Conceitos e Definições. Rev. de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia.
Acessado em: 14 de julho de 2020. Disponível
em:<https://seer.imed.edu.br/index.php/revistasi/article/viewF%20ile/612/522>.
112
da ação social neste contexto social. Empreendedorismo, Gestão e Negócios, v.
4, n. 4, Mar. 2015, p. 70-87. Acessado em: 14 de julho de 2020. Disponível
em:<http://www.fatece.edu.br/arquivos/arquivos%20revistas/empre
endedorismo/volume4/4.pdf>.
113