Empreendedorismo Público e Privado

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EMPREENDEDORISMO PÚBLICO E PRIVADO

1
Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3

1. INTRODUÇÃO ............................................................................ 4
1.1- METODOLOGIA ...................................................................... 5
2. CONCEITOS DE EMPREENDEDORISMO E DE
EMPREENDEDOR ......................................................................................... 7
2.1- EMPREENDEDORISMO ......................................................... 8
2.2- EMPREENDEDOR ................................................................ 10
3. A IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO ....................... 13
3.1- DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .................................... 14
3.2- O POVO BRASILEIRO É EMPREENDEDOR?...................... 16
4. TEORIAS DO EMPREENDEDORISMO.................................... 21
5. TIPOS DE EMPREENDEDORES ............................................. 26
5.1- EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE E POR
NECESSIDADE ............................................................................................ 29
6. CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES E DAS
EMPREENDEDORAS .................................................................................. 31
7. EMPREENDEDORISMO SOCIAL: ANTECEDENTES E
DEFINIÇÕES ................................................................................................ 34
8. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DOS EMPREENDEDORES
41
9. MOTIVAÇÃO DOS EMPREENDEDORES ................................ 42
9.1- DIFERENÇA ENTRE INVENTOR E EMPREENDEDOR ....... 42
9.2- EMPREENDEDORES OU GERENTES? ............................... 43
9.3- LÍDER OU EMPREENDEDOR?............................................. 44
10. PROCESSO EMPREENDEDOR .............................................. 44
11. GESTÃO DA INOVAÇÃO.......................................................... 46
12. PLANO DE NEGÓCIO .............................................................. 47
13. ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR .............................. 49
13.1- CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS COM
EMPREENDEDORISMO SOCIAL ................................................................ 51
14. AÇÃO SOCIAL .......................................................................... 52

1
15. COMPARAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DOS
EMPREENDEDORES SOCIAIS E PRIVADOS ............................................ 55
16. EMPREENDEDORISMO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS .... 55
16.1- DEFINIÇÕES ......................................................................... 56
16.2- DIMENSÕES.......................................................................... 57
17. AS CARACTERÍSTICAS ORGANIZACIONAIS:
CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS .......................................................... 58
17.1- CARACTERÍSTICAS ADMINISTRATIVAS ............................ 59
17.2- CARACTERÍSTICAS CULTURAIS ........................................ 59
17.3- CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS ....................................... 60
18. O QUE É A INOVAÇÃO E O EMPREENDEDORISMO NO SETOR
PÚBLICO? 62
18.1- INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO ........................................ 66
19. EMPREENDEDORISMO NO SETOR PÚBLICO ...................... 67
20. QUAIS AS JUSTIFICATIVAS PARA INOVAR NO SETOR
PÚBLICO? 70
21. ONDE APLICAR A INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO? .......... 75
22. QUAIS SÃO OS FATORES FACILITADORES E INIBIDORES DA
INOVAÇÃO E DO EMPREENDEDORISMO NO SETOR PÚBLICO? .......... 90
23. QUEM SÃO OS EMPREENDEDORES NO SETOR PÚBLICO?
101
23.1- EMPREENDEDOR CORPORATIVO NO SETOR PÚBLICO102
24. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................... 111
25. REFERÊNCIAS ....................................................................... 112

2
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

3
1. INTRODUÇÃO
Mais de dois séculos separam os cervejeiros mencionados por Adam
Smith (1976), em sua obra clássica, dos empreendedores de hoje. Os primeiros
viviam em um ambiente socioeconômico caracterizado por uma relativa
estabilidade. Eram detentores de ofícios cujas tradições passavam de geração
para geração. Os empreendedores atuais, por sua vez, situam-se em um mundo
completamente diferente, caracterizado por rápidas transformações e grande
competição e são vistos como personagens multifacetados. O conceito de
empreendedor é, atualmente, utilizado para designar diferentes facetas de um
personagem (Gartner, 1988, 2001), tais como alguém dotado de capacidade de
inovação; de espírito de iniciativa; que assume riscos em um negócio; que decide
sobre o uso e a coordenação de recursos escassos, etc. Para Sumpf e Hugues
(1973), o empreendedor seria um conceito sociológico. Mais precisamente, um
tipo ideal, no sentido weberiano.

O nascimento e as alterações no conceito de empreendedor revelam, de


certa maneira, as transformações da própria sociedade e sua evolução, de uma
base de produção agrária para uma economia mercantil e, finalmente, para a
sociedade industrial, que precedeu ao mundo contemporâneo, no qual impera a
figura do empreendedor. Como comentado por Hoselitz (1951), a história das
palavras reflete a história das instituições e costumes. Quando surge uma nova
palavra ou quando uma velha palavra adquire um novo significado, significa que
o desenvolvimento social gerou tal necessidade, de maneira a expressar uma
nova realidade. O caso do empreendedor é emblemático. Conceitos e teorias
sobre o empreendedor se alteraram com o tempo. Seus fundamentos teóricos
surgiram, inicialmente, no contexto da economia e podem ser identificados, em
primeiro lugar, na França e, em segundo lugar, na Inglaterra. Ao longo do tempo,
a contribuição francesa foi se extinguindo, enquanto que as contribuições da
língua inglesa adquiriram grande vitalidade.

O século XX em particular as últimas décadas presenciou a introdução da


preocupação com o empreendedorismo entre os grandes temas das ciências
sociais, com contribuições advindas de várias áreas de conhecimentos.

4
Para Lohrke e Landström (2012, p. 10) “a pesquisa sistemática de
empreendedorismo vem sendo conduzida há cerca de 40 anos, tendo emergido
na década de 1980”. Para Blackburn (2011), o conceito de empreendedor é
central para ideologias de diferentes sociedades ao redor do mundo. Observa,
então, que (2011, p. xiii), “extraindo dos pilares das ciências sociais, estudiosos
do empreendedorismo e seus trabalhos estão influenciando e ajudando a
redefinir fundamentos acadêmicos dominantes e suas fronteiras”. Mas diferentes
são as concepções teóricas básicas hoje existentes, cada uma delas enfatizando
determinada faceta ou dimensão desse personagem. Como salientado
por Lohrke e Landström (2012), considerando que as pesquisas sobre
empreendedorismo estão se tornando mais dirigidas por teorias e que
pesquisadores vêm extraindo teorias de vários campos de conhecimentos, torna-
se importante conhecer as diferentes raízes intelectuais das reflexões sobre
empreendedor.

O propósito deste material é o de apresentar e analisar as origens e


evolução de diferentes concepções teóricas sobre o empreendedor, as principais
vertentes teóricas hoje existentes e os pontos de convergência entre elas. Como
será possível observar, existem muitos pontos de interação e diálogo entre os
pioneiros de diferentes abordagens teóricas, o que, por si só, já sinalizaria para
uma promessa de integração. No entanto, isso não ocorre. As pesquisas atuais
tendem a explorar, geralmente, um único eixo teórico. Essa tendência, todavia,
vem sendo muito criticada, inclusive por alguns autores que clamam por uma
maior interdisciplinaridade nos estudos sobre empreendedorismo (Gartner &
Shane, 1995; Thornton, 1999).

1.1- METODOLOGIA
Para a construção deste material, foi utilizada a metodologia utilizada de
pesquisa bibliográfica e descritiva, com o intuito de proporcionar um
levantamento de maior conteúdo teórico a respeito dos assuntos abordados.

Segundo Gil, a pesquisa bibliográfica consiste em um levantamento de informações e


conhecimentos acerca de um tema a partir de diferentes materiais bibliográficos já publicados,
colocando em diálogo diferentes autores e dados.

5
Entende-se por pesquisa bibliográfica, a revisão da literatura sobre as
principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que
chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode
ser realizada em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre outras
fontes. Outro método utilizado foi à metodologia de ensino Waldorf, esta
metodologia é uma abordagem desenvolvida pelo filósofo Rudolf Steiner.

Ele acreditava que a educação deve permitir o desenvolvimento


harmônico do aluno, estimulando nele a clareza do raciocínio, equilíbrio
emocional e a pro atividade. O ensino deve contemplar aspectos físicos,
emocionais e intelectuais do estudante.

A pesquisa é descritiva, de campo e histórica, apoiada em técnicas de


análise documental sobre a legislação e os planos de ensino obtidos,
bibliográfica (MALHOTRA, 2006; COOPER; SCHINDLER, 2003; VERGARA,
2003; LUNA, 2002), e de análise de conteúdo (BARDIN, 2004). O planejamento
e a revisão da literatura ocorreram durante o segundo semestre de 2007; a coleta
dos dados, a análise e a apresentação dos resultados ocorreu durante 2008.

Ainda para a construção deste, foi utilizado a etnometodologia, pela


fenomenologia e pelo legado de Wittgenstein, além de alguns elementos
marxistas e outros pensamentos mais contemporâneos, como os desenvolvidos
por Pierre Bourdieu e Anthony Giddens.

Segundo Nicolini, Gherardi e Yanow (2003) a noção de prática, na sua


essência filosófica, está baseada em quatro grandes áreas do saber - na tradição
marxista, na fenomenologia, no interacionismo simbólico e no legado de
Wittgenstein, das quais podem ser citados fenômenos como: conhecimento,
significado, atividade humana, poder, linguagem, organizações, transformações
históricas e tecnológicas, que assumem lugar e são componentes do campo das
práticas para aqueles que delas compartilham.

Com tudo, o intuito deste modelo é possibilitar os estudos e contribuir para


a aprendizagem de forma eficaz, clara e objetiva.

6
2. CONCEITOS DE EMPREENDEDORISMO E DE
EMPREENDEDOR
O empreendedorismo pode ser compreendido como a arte de fazer
acontecer com criatividade e motivação. Consiste no prazer de realizar com
sinergismo e inovação qualquer projeto pessoal ou organizacional, em desafio
permanente às oportunidades e riscos. É assumir um comportamento proativo
diante de questões que precisam ser resolvidas.

O empreendedorismo é o despertar do indivíduo para o aproveitamento


integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. É a busca do
autoconhecimento em processo de aprendizado permanente, em atitude de
abertura para novas experiências e novos paradigmas.

O comportamento empreendedor impulsiona o indivíduo e transforma


contextos. Neste sentido, o empreendedorismo resulta na destruição de velhos
conceitos, que por serem velhos não têm mais a capacidade de surpreender e
encantar. A essência do empreendedorismo está na mudança, uma das poucas
certezas da vida. Por sito o empreendedor vê o mundo com novos olhos, com
novos conceitos, com novas atitudes e propósitos.

O empreendedor é um inovador de contextos. As atitudes do


empreendedor são construtivas. Possuem entusiasmo e bom humor. Para ele
não existem apenas problemas, mas problemas e soluções. Empreendedorismo,
segundo Schumpeter (1988), é um processo de ‘‘destruição criativa’’, através da
qual produtos ou métodos de produção existentes são destruídos e substituídos
por novos.

Já para Dolabela (2010) corresponde a um o processo de transformar


sonhos em realidade e em riqueza. Para Barreto (1998, p. 190)
“empreendedorismo é habilidade de criar e constituir algo a partir de muito pouco
ou de quase nada”. É o desenvolver de uma organização em oposição a
observá-la, analisá-la ou descrevê-la.

Segundo Dornelas (2008) empreendedor é aquele que detecta uma


oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos

7
calculados. Em qualquer definição de empreendedorismo encontram-se, pelo
menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:

1) Tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz;
2) Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o
ambiente social e econômico onde vive;
3) Aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.

Para Chiavenato (2004) espírito empreendedor é a energia da economia,


a alavanca de recursos, o impulso de talentos, a dinâmica de ideias. Mais ainda:
ele é quem fareja as oportunidades e precisa ser muito rápido, aproveitando as
oportunidades fortuitas, antes que outros aventureiros o façam. O empreendedor
é a pessoa que inicia e/ ou opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto
pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente.

“Pode-se dizer que os empreendedores dividem-se igualmente


em dois times: aqueles para os quais o sucesso é definido pela
sociedade e aqueles que têm uma noção interna de sucesso” (Dolabela,
2010, p. 44).

Ser empreendedor significa possuir, acima de tudo, o impulso de


materializar coisas novas, concretizar ideias e sonhos próprios e vivenciar
características de personalidade e comportamento não muito comuns nas
pessoas. Ao nosso ver, os componentes comuns em todas as definições de
empreendedor: tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz;
utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social
e econômico onde vive; aceita assumir os riscos e a possibilidade de fracassar.
“O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em
realidade” (Dolabela, 2010, p. 25). A pessoa de qualquer idade pode ser
empreendedora.

2.1- EMPREENDEDORISMO
O empreendedorismo apesar de ser uma palavra simples esconde um
conceito muito poderoso, pode ser considerado e entendido como a arte de fazer
alguma coisa surgir ou acontecer e ser criativo e realizar algo novo, sonhar e
transformar ideias em realidade. O que vem ser empreendedorismo de fato;
segundo o dicionário Aurélio significa “empreender resolver um problema ou

8
situação, criação de uma empresa ou produto, pode significar também agregar
valor, identificar oportunidades e transforma-las em um negócio lucrativo”.

Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução de


entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao
empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividade, seu universo
de atuação e é antes de tudo, aquele que se dedica à geração de riquezas em
diferentes níveis de conhecimento, inovando e transformando conhecimento em
produtos ou serviços em diferentes áreas (DOLABELA, 1999, p. 68).

Dornelas (2005) define o empreendedorismo como o processo de criação


de algo inovador, mas para que isso ocorra é necessário esforço, dedicação não
ter medo de assumir riscos para que no final obtenha satisfação e independência
financeira.

Entretanto, segundo Schumpeter (1985) empreendedorismo é um


processo de destruição criativa, através das quais produtos e métodos de
produção existem são destruídos e substituídos por novos. Já para Dolabela
(2010), é um processo de transformar sonhos em realidade. Barreto (1998,
p.190) descreve que o empreendedorismo é construir algo a partir de muito
pouco ou de quase nada, ou seja, quer dizer inovar e criar algo por mais difícil
que seja.

A atividade empreendedora está progredindo bastante no Brasil. Segundo


o relatório do GEM (Global Entrepreneurship Monitor) em 2016 alguns fatores
contribuíram para este fato ocorresse tais como; o crescente índice de
desemprego, impostos mais baratos MEI (Micro Empreendedor Individual)
facilidade de financiamento dentre outros. Veja na tabela a seguir as taxas e
estimativas da crescente escalada do empreendedorismo no Brasil.

9
Tabela 1 – Taxas* e estimativas** de empreendedorismo no Brasil. Fonte: GEM Brasil
2016 Percentual da população de 18 a 64 anos *Estimativas calculadas a partir de dados da
população brasileira de 18 a 64 anos para o Brasil em 2016: 133,9 milhões.

De fato, o empreendedorismo tornou-se uma das atividades que progrediu


bastante não só no Brasil, mas em todo mundo. No Brasil, o mercado, o governo
e instituições como o SEBRAE vêm estimulando às pessoas investirem no seu
próprio negócio, oferecendo facilidades como financiamento, impostos mais
baixos e boa comunicação.

2.2- EMPREENDEDOR
O que é ser um empreendedor? Pode-se entender que empreendedor é
um indivíduo inovador, possui uma motivação singular na busca da realização
de um projeto. Segundo Chiavenato (2005) o empreendedor tem o espírito e a
energia da economia a alavanca de recursos, o impulso de talentos e a dinâmica
de ideias. A figura a seguir mostra o contexto do empreendedor brasileiro.

Figura 1 – Contexto dos empreendedores brasileiros. Fonte: GEM Brasil 2016.

De acordo com o relatório do GEM (2016) em parceira com o SEBRAE


(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) entre os
empreendedores brasileiros as mulheres são as mais interessadas em gerir o
próprio negócio. Esta maior entrada é justificada pelo fato delas sentirem a
necessidade de complementarem a renda familiar. Um fato revelado pela

10
pesquisa é que as mulheres investem mais nas áreas de serviços domésticos,
cabeleireiros, tratamento de beleza, comércio varejista de roupas e acessórios,
serviços de buffet e de comida preparada. Veja o gráfico a seguir distribuição de
empreendedores entre homens e mulheres.

Gráfico 1 – Distribuição percentual dos empreendedores iniciais, segundo gênero- Brasil


– 2016. Fonte: GEM Brasil 2016.

No Brasil conforme o relatório do GEM (2016) mais da metade dos


empreendedores estão na faixa dos 25 a 44 anos, seguido pelos os mais jovens
que estão entre a faixa etária dos 18 a 24 anos. Nota – se que o mais jovem
segue o caminho do empreendedorismo cada dia mais cedo, seguindo uma
tendência mundial. Veja na tabela seguinte:

Tabela 2 – Taxas especificas* de empreendedorismo segundo faixa etária – Países


selecionados. Fonte: GEM Brasil 2016. Percentual de empreendedores iniciais em cada classe

Ainda segundo o GEM (2016) o grau de escolaridade entre os


empreendedores brasileiros vem aumentando de forma significante a cada ano.
Concluindo que quanto maior o grau de conhecimento do indivíduo empreende
mais oportunidade e demandam mais informações.

11
Tabela 3 – Taxas de empreendedorismo por escolaridade. Fonte: GEM Brasil 2016.

Já para Dornelas (2008), empreendedor é o indivíduo que enxerga uma


oportunidade de negócio assumindo riscos. Para Dolabela (2008), o
empreendedor é um indivíduo insatisfeito com a sua situação e transforma seu
inconformismo em descobertas e propostas positivas para si e para os outros.

O empreendedor é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de


estabelecer e atingir objetivos e que mantém alto nível de consciência do
ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um
empreendedor que continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades
de negócios e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a
inovação continuará a desempenhar um papel empreendedor. (FILION, 1999,
p.19)

O empreendedor Kirzner (1979) é um pouco diferente, ele define o


empreendedor como aquele que cria um equilíbrio e uma posição clara e objetiva
diante de um ambiente de caos e turbulência identificando uma oportunidade.
Schumpeter (1985) descreve o empreendedor como destruidor de ordem
econômica ao produzir novos produtos e serviços, e por criarem novas forças de
organização e por explorarem novos recursos e materiais.

Já para McClelland (1972) empreendedor é o termo utilizado para


qualificar e/ou especificar o indivíduo que detém uma forma inovadora de
dedicar-se à administração, execução de um novo empreendimento. Pode-se
dizer que o empreendedor é aquele indivíduo que criou ou reestruturou uma
empresa a duras penas gerando um novo método com o seu próprio
conhecimento.

12
Segundo Dolabela (2010) a personalidade do empreendedor se deve a
vários fatores, sendo os principais a educação e as experiências adquiridas no
meio ambiente que ele vive. Ele ressalta ainda que o empreendedor precisa
possuir algumas características tais como: pro- atividade, visionário,
autoconfiança, liderança, assumir risco, perseverança, flexibilidade e
comprometimento.

Diante deste fato, todo indivíduo é fruto de um relacionamento constante


entre o seu talento e a experiência adquirida do meio no qual está inserida e
disposto em transformar suas ideias em realidade.

3. A IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO
Os economistas percebem que o empreendedor é essencial ao processo
de desenvolvimento econômico, e em seus modelos estão levando em conta os
sistemas de valores da sociedade, em que são fundamentais os
comportamentos individuais dos seus integrantes. Em outras palavras, não
haverá desenvolvimento econômico sem que na sua base existam líderes
empreendedores.

Não adianta mais acumularmos um estoque de conhecimentos. É preciso


que saibamos aprender. Sozinhos e sempre. Como realiza o empreendedor na
vida real: fazendo, errando, aprendendo (Chagas, 2000). O bom empreendedor,
ao agregar valor a produtos e serviços, está permanentemente preocupado com
a gestão de recursos e com os conceitos de eficiência e eficácia. Drucker (1998)
não vê os empreendedores causando mudanças, mas vê os empreendedores
explorando as oportunidades que as mudanças criam (na tecnologia, na
preferência dos consumidores, nas normas sociais etc.).

Isso define empreendedor e empreendedorismo: o empreendedor busca


a mudança, e responde e explora a mudança como uma oportunidade. “O papel
do empreendedorismo no desenvolvimento econômico envolve mais do que
apenas o aumento de produção e renda per capita; envolve iniciar e constituir
mudanças na estrutura do negócio e da sociedade” (Hisrich & Peter, 2004, p.
33).

Empreendedorismo é um domínio específico. Não se trata de uma


disciplina acadêmica com o sentido que se atribui habitualmente a Sociologia, a

13
Psicologia, a Física ou a qualquer outra disciplina já bem consolidada. Referimo-
nos ao empreendedorismo como sendo, antes de tudo, um campo de estudo.
Isto porque não existe um paradigma absoluto, ou um consenso científico.
Sabemos que o empreendedorismo traduz-se num conjunto de práticas capazes
de garantir a geração de riqueza e uma melhor performance àquelas sociedades
que o apoiam e o praticam, mas sabemos também que não existe teoria absoluta
a este respeito.

Vale frisar que é de fundamental importância que se compreenda esta


premissa básica para que seja possível interpretar corretamente o que se
escreve e se pública sobre esta temática. Embora o empreendedorismo tenha
sido um assunto tratado há séculos, foi na década de oitenta que se tornou objeto
de estudos em quase todas as áreas do conhecimento em grande parte das
nações. O empreendedorismo, em todos os seus aspectos, vem assumindo
lugar de destaque nas políticas econômicas dos países desenvolvidos e em vias
de desenvolvimento.

3.1- DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO


O desenvolvimento econômico é um conceito que por sua abrangência
aproxima a economia das demais ciências sociais. Segundo Porter (1992) o
empreendedorismo contribui positivamente para o desenvolvimento econômico,
pois introduz inovação tanto pela inovação de produtos ou de processos de
produção, ou seja, leva a competividade e ao aumento da eficiência econômica.

Entretanto Smith (1776), diz que o desenvolvimento econômico é a


riqueza de uma nação. Ele é construído a partir do trabalho produtivo com
aumento dos investimentos em capitais produtivos, a especialização da mão-de-
obra e a divisão do trabalho. Já de acordo com Vieira (2009) o desenvolvimento
econômico é o crescimento acompanhado pela melhora das condições de vida
da população.

O desenvolvimento econômico, sendo fundamentalmente um processo de


incorporação e propagação de novas técnicas, implica modificações de tipo
estrutural, tanto no sistema de produção como no de distribuição. A forma como
se efetivam essas modificações depende, em boa medida, do grau de
flexibilidade no marco institucional dentro do qual opera a economia. E a esse

14
grau de flexibilidade não é alheia a maior ou menor aptidão das classes
dirigentes para superar as limitações naturais de seu horizonte ideológico.
(FURTADO, 1964, p.63).

Todavia para desenvolver o progresso econômico é necessário, segundo


Schumpeter (1985), promover a destruição criativa, isso quer dizer que o
desenvolvimento econômico é caracterizado pela procura incessante da
inovação. São os novos empreendimentos que movimentam a economia
contribuem na geração de novos empregos garantindo em parte a promoção do
desenvolvimento econômico.

Figura 2 – O modelo do desenvolvimento socioeconômico. Fonte: GEM Brasil 2016


Segundo Lewis (1960) o desenvolvimento econômico vai do acúmulo de
riqueza e/ou da disponibilidade de bens e serviços. O tema desperta interesse
tanto no âmbito acadêmico e político. Ambos buscam metodologias que
incentivem o desenvolvimento econômico juntamente com o desenvolvimento
tecnológico e social. Neste contexto Sen (2000) diz que o desenvolvimento
econômico tem que ser pensado, além da acumulação de riqueza ou do aumento
do PIB, pois está diretamente relacionada com a melhoria da qualidade de vida
dos indivíduos.

15
3.2- O POVO BRASILEIRO É EMPREENDEDOR?
Antes de começar a falar como o empreendedorismo surgiu no Brasil, é
bom salientar que a origem do pensamento empreendedor se deu por meio das
reflexões de pensadores econômicos do século XVII e XIX. Segundo Chiavenato
(2008), pensadores defendiam que a ação da economia reflete na força livre do
mercado e da concorrência. O empreendedorismo tem sido visto como um
engenho que da direção à inovação e promove o desenvolvimento econômico
(REYNOLDS, 2002). A figura a seguir mostra a evolução do empreendedorismo.

Figura 3 – Eras do Pensamento Empreendedor. Fonte: Landstrom e Benner (2010, p.


20).

Segundo Dornelas (2008), o papel do empreendedor foi e sempre será


fundamental para sociedade. Portanto, pode-se dizer que o empreendedorismo
não é um modismo e sim uma mudança tecnológica, pois elimina barreiras
comerciais, culturais, encurta distâncias, globaliza e renova conceitos
econômicos, cria relações e novos empregos quebram paradigmas e geram
renda para a sociedade.

O empreendedorismo no Brasil surgiu e tomou forma na década de 90,


quando as entidades SEBRAE (Serviços Brasileiro de Apoio as Micros e
Pequenas Empresas) e SOFTEX (Sociedade Brasileira para exportação de
Software) foram criadas. Desde então, de acordo com fontes IBGE, o Brasil vem
se destacando como um país empreendedor e nos últimos anos esta atividade
foi estimulada pela crise financeira e pela alta taxa de desemprego cerca de 12
milhões de pessoas. Em 2015, no relatório anual do GEM foi destacado que a
taxa de empreendedorismo (TTE) foi de 39% comparada com a TTE de 2014
que foi de 34,4%.

No Brasil em 2012, 14,4 milhões de pessoas estavam envolvidas com


alguma atividade empreendedora, ou seja, um em cada sete brasileiros que têm

16
entre dezoito e sessenta e quatro anos de idade está abrindo negócio próprio. O
Brasil tem uma taxa de empreendedorismo (porcentagem de 36 pessoas que
abrem a própria empresa em relação à população economicamente ativa) maior
do que a média mundial: 13,5% contra 12%%, (SCHLINDWEIN, 2004, apud
IBQP, 2002, p. 1).

Atualmente no Brasil, o empreendedorismo está no auge, ou seja, pode


ser classificada como a era do empreendedorismo, Oliveira (1995) faz
referências a uma das razões que justificam aquecimento da atividade
empreendedora no Brasil. No gráfico a seguir demonstra a evolução do
empreendedorismo no Brasil entre 2002 – 2015.

Gráfico 2 – Evolução das taxas* de empreendedorismo Brasil 2002:2015. Fonte: GEM


Brasil 2015

O espírito empreendedor vem sendo reconhecido mundialmente até mais


que do que países como Canada, Estados Unidos, Itália e França. Segundo
Oliveira (1995) mesmo que não pareça o apoio à atividade empreendedora por
órgãos governamentais e privados está bem difundida no Brasil, porém apesar
de todo apoio e incentivo a taxa de mortalidade destes pequenos negócios e
bem significativo.

No Brasil existe outra razão, tão ou mais importante, pela qual o


empreendedor nos negócios passou a ser uma opção procurada pelos
indivíduos em geral, tenha ou não alguma qualificação profissional: a falta de
emprego! Durante os anos 80, a “década perdida”, um número
assustadoramente grande de pessoas perdeu o emprego e teve que “se virar”
para sobreviver por meio de subempregos, “bico” trabalhos temporário, negócios
próprios, atividades informais etc. (OLIVEIRA, 1995, p. 47).

17
Segundo fontes do SEBRAE (2016) entre os anos de 2010 a 2014, a taxa
de sobrevivência dos pequenos negócios com até 2 anos de vida aumentou de
54% para 77%. Isso se deve a ampliação do número de Microempreendedores
Individuais (MEI), porém quando se exclui o MEI da pesquisa a taxa de
sobrevivência cresce somente 4 pontos passa de 54% para 58%. Veja a
representação gráfica a seguir:

Gráfico 3 – Taxas de sobrevivência com inclusão e/ou não do MEI. Fonte: Sobrevivência
das Empresas no Brasil. Sebrae, 2016.

Diante deste contexto, ficou claro que o MEI provoca um impacto positivo
para sobrevivência destes pequenos negócios e que as empresas que foram
abertas entre 2008 a 2012, a taxa passou de 0% para 63% e que os optantes
pelo simples nacional maior dos não optantes.

18
Gráfico 4 – Taxas de sobrevivência de optante e/ou não do MEI. Fonte: Sobrevivência
das Empresas no Brasil. Sebrae, 2016.

Diante da crise política e econômica que se agravou nos últimos anos


2015 a 2016, estimam – se que a taxa de sobrevivência das empresas com até
2 anos chegou a 77% em 2014 (empresas criadas em 2012). Já para as
empresas criadas nos anos seguintes tende sofrer uma queda.

Gráfico 5 – Taxa de sobrevivência em relação a crise atual Brasileira. Fonte:


Sobrevivência das Empresas no Brasil. Sebrae, 2016.

Todavia a crise econômica não é o único fator causador da mortalidade


das pequenas empresas e sim uma combinação de fatores: a situação financeira
antes e depois da abertura, o não planejamento do negócio, a não capacitação
e a gestão do negócio em si.

19
Gráfico 6 – Principais causadores mortalidade dos pequenos negócios. Fonte:
Sobrevivência das Empresas no Brasil. Sebrae, 2016.

Segundo a pesquisa do Sebrae (2016), a probabilidade de fechamento é


maior no primeiro ano de funcionamento. As principais dificuldades enfrentadas
pelos empreendedores numa escala são: falta clientes, capital de giro, de
conhecimento do negócio, mão de obra, impostos/tributos, inadimplência,
concorrência e a burocracia.

Gráfico 7 – Principais causadores para o fechamento no primeiro ano de funcionamento.


Fonte: Sobrevivência das Empresas no Brasil. Sebrae, 2016.

Os brasileiros são vistos por muitos autores como potenciais


empreendedores. A cultura do Brasil é a do empreendedor espontâneo. Este
está onipresente. Ele só precisa de estímulo, como uma flor precisa do sol e um
pouco de água para britar na primavera. O Brasil está sentado em cima de uma

20
das maiores riquezas naturais do mundo ainda relativamente pouco explorada:
o potencial empreendedor dos brasileiros. O Brasil é atualmente um dos países
onde poderia haver uma grande explosão empreendedora. Só os brasileiros têm
poder para que isso aconteça. Para tanto, deve-se superar um certo número de
obstáculos.

Pode-se identificar pelo menos seis deles: O primeiro deles é o da


autoconfiança; o segundo obstáculo é uma consequência do primeiro e consiste
na falta de confiança que existe entre os brasileiros; o terceiro é a necessidade
de desenvolver abordagens próprias ao Brasil, que correspondem às
características profundas da cultura brasileira; o quarto diz respeito à disciplina,
ela se torna a condição da superação dos três primeiros obstáculos; o quinto se
refere à necessidade de compartilhamento e o último obstáculo é o da burocracia
(Lois Jacques Filiou, 2000, p. 33).

Segundo Chiavenato (2004, p. 11) uma pesquisa feita 2001, envolvendo


cerca de 29 países, sobre a população entre 18 e 64 anos que se dedicam ao
empreendedorismo, o Brasil aparece em 5º lugar com o percentual de 14,2% da
população. O Brasil ocupa a 15ª posição do Ranking do Empreendedorismo por
Oportunidades e a 4ª posição no Ranking do Empreendedorismo por
Necessidades, segundo pesquisa da GEM – Global Entrepreneurship Monitor
realizada em 2005 Em 36 países.

4. TEORIAS DO EMPREENDEDORISMO
Hisrich & Peter (2004) apresenta informações sobre o desenvolvimento
da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor a partir da Idade
Média até 1985, quando ele define o empreendedorismo como “processo de criar
algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário,
assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e
recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal”.
As principais teorias que abordam o empreendedorismo são: a teoria
econômica e a teoria comportamentalista.

A teoria econômica, também conhecida como schumpeteriana,


demonstra que os primeiros a perceberem a importância do empreendedorismo
foram os economistas. Estes estavam primordialmente interessados em

21
compreender o papel do empreendedor e o impacto da sua atuação na
economia. Três nomes destacam-se nessa teoria: Richard Cantillon, Jean
Baptiste Say e Joseph Schumpeter. A essência do empreendedorismo está na
percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos
negócios, sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos
nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos
a novas combinações. Uma das principais críticas destinadas a esses
economistas é que eles não foram capazes de criar uma ciência
comportamentalista.

A teoria comportamentalista, refere-se a especialistas do


comportamento humano: psicólogos, psicanalistas, sociólogos, entre outros. O
objetivo desta abordagem do empreendedorismo foi de ampliar o conhecimento
sobre motivação e o comportamento humano.

Um dos primeiros autores desse grupo a demonstrar interesse foi Max


Weber. Ele identificou o sistema de valores como um elemento fundamental para
a explicação do comportamento empreendedor. Via os empreendedores como
inovadores, pessoas independentes cujo papel de liderança nos negócios inferia
uma fonte de autoridade formal. Todavia, o autor que realmente deu início à
contribuição das ciências do comportamento foi David C. McClelland.

Nessa linha, McClelland foi um dos primeiros autores a estudar e destacar


o papel dos homens de negócios na sociedade e suas contribuições para o
desenvolvimento econômico. Esse autor concentra sua atenção sobre o desejo,
como uma forca realizadora controlada pela razão. Outros pesquisadores têm
estudado a necessidade de realização, porém nenhum deles parece ter chegado
a conclusões definitivas sobre qualquer tipo de conexão com o sucesso dos
empreendedores.

Alguns autores percebem que a necessidade de realização é insuficiente


para a explicação de novos empreendimentos; enquanto outros compreendem
que ela não é suficiente o bastante para explicar o sucesso dos
empreendedores. É importante observar que os autores da teoria
comportamentalista não se opuseram às teorias dos economistas, e sim
ampliaram as características dos empreendedores.

22
Zarpellon (2010) apresenta a Teoria Econômica Institucional de Douglas
North, ganhador do Prêmio Nobel de 1993, como marco teórico do
empreendedorismo. Ele afirma que os estudos e publicações sobre
empreendedorismo no Brasil, de maneira geral, utilizam referencial teórico de
autores ligados a duas correntes principais de estudo do empreendedorismo: os
economistas e os comportamentalistas. O referencial teórico da teoria
econômica diz que “os economistas associaram o empreendedor à inovação e
os comportamentalistas que enfatizam aspectos atitudinais, com a criatividade e
a intuição (Zarpellon, 2010, p. 49).

O empreendedorismo é visto mais como um fenômeno individual, ligado


à criação de empresas, quer através de aproveitamento de uma oportunidade ou
simplesmente por necessidade de sobrevivência, do que também um fenômeno
social que pode levar o indivíduo ou uma comunidade a desenvolver
capacidades de solucionar problemas e de buscar a construção do próprio futuro,
isto é, de gerar Capital Social e Capital Humano (Zarpellon, 2010, p. 48).

Ainda, segundo Zarpellon (2010), o precursor da Teoria Econômica –


Richard Cantillon - associou o empreendedor a oportunidades de lucro não
exploradas e o risco intrínseco a sua exploração, destacando que Adam Smith é
considerado o formulador da teoria econômica o qual vislumbra o empreendedor
como aquele que deseja obter um excedente de valor sobre o custo de produção.

O empreendedor apresenta um papel particular, isto é, ele diferencia a


função empreendedora e a função capitalista. Para Macedo & Boava (2008, p.
7) a Escola Neoclássica de Economia – representada por Alfred Marshall,
caracterizava o empreendedor como um indivíduo que assume riscos, portanto
Schumpeter foi quem construiu as principais bases econômicas do
empreendedorismo.

Para Schumpeter (1988, p. 48) “o empreendedor promove a inovação,


sendo essa radical, pois destrói e substitui esquemas de produção vigentes.
Baseado nessa premissa nasce o conceito de destruição criativa”. Drucker
(1998, p. 45) afirma que “Schumpeter postulava que o desequilíbrio dinâmico
provocado pelo empreendedor inovador, em vez de equilíbrio e otimização, é a
‘norma’ de uma economia sadia e a realidade central para a teoria econômica e

23
a prática econômica”. Portanto, o enfoque predominante desta teoria é
construído em torno do marco teórico da teoria econômica institucional.

Segundo Zarpellon (2010, p. 52) “as mais diversas sociedades têm


demonstrado grande interesse no processo de geração de emprego e renda,
através da criação de empresas e no processo de desenvolvimento econômico
e social. Diante dessa realidade, a Teoria Econômica Institucional nos
proporciona um marco teórico adequado para o estudo do empreendedorismo”.
Para Casero, Urbano & Mogollón (2005, p. 2) “a Teoria Econômica Institucional
destaca os fatores e os mecanismos criados pelas sociedades para conduzir as
relações do comportamento humano, através da utilização do conceito de
Instituição de maneira muito ampla”.

North (1990, p. 14) enfatiza que “as Instituições são as “regras do jogo”
em uma sociedade e, formalmente, são as limitações idealizadas pelo homem,
as quais dão forma e regem a interação humana”. As regras do jogo podem ser
compreendidas como os direitos de propriedade, direito comercial, trâmites
burocráticos para a abertura de empresas, ideias, crenças, valores, atitudes em
direção aos empreendedores, entre outras, afetam a criação e o
desenvolvimento de novas empresas.

North (1990) denomina essas limitações de limitações formais e


limitações informais. O autor destaca que as instituições formais compreendem
as leis, os regulamentos, os procedimentos governamentais. As instituições
informais compreendem as ideias, as crenças, as atitudes e os valores das
pessoas, e a sua cultura numa determinada sociedade.

North (1990, p. 54) “ainda reforça que em todas as sociedades, desde a


mais primitiva até a mais avançada, as pessoas impõem limitações, com o
objetivo de estruturar as suas relações com as demais”. Essas limitações
reduzem os custos da interação humana em comparação com um mundo onde
não haja instituições.

Para Toyoshima (1999, p. 98) “o papel principal das instituições é o de


reduzir as incertezas existentes no ambiente, cirando estruturas estáveis que
regulem a interação entre os indivíduos”. As Instituições existem e reduzem as
incertezas próprias da interação humana. Para o autor, essas incertezas existem

24
em consequência da complexidade dos problemas que devem ser resolvidos
(North, 1990). O resultado da interação entre as Instituições e as Organizações
é a evolução e a mudança institucional.

Para Casero, Urbano & Mogollón (2005), se as Instituições, como já fora


mencionado, são as regras do jogo de uma sociedade, as organizações e os
empreendedores são os jogadores. As organizações ou organismos são grupos
de indivíduos unidos por algum objetivo comum e comprometidos em atividades
úteis. E, elas podem ser: organizações políticas (partidos políticos, senado,
câmaras, assembleias, agências reguladoras, cortes, entre outras),
organizações econômicas (empresas, sindicatos, cooperativas...), organizações
sociais (igrejas, clubes, associações desportivas, etc.) e organizações
educativas (escolas, universidades, centro de ensino, etc.). As restrições
impostas pelo marco institucional determinam as oportunidades para o
nascimento das organizações, assim como o tipo de organização que será criada
pela sociedade, as quais são determinantes para o desempenho econômico.

As instituições afetam, positiva ou negativamente, o desempenho


econômico das sociedades mediante as estruturas de incentivos e
oportunidades em função dos diversos agentes – governos e organizações - que
atuam na sociedade. Para Casero, Urbano & Mogollón (2005) os
empreendedores e suas empresas, como um dos agentes econômicos, podem
ver suas ações limitadas pela estrutura institucional. A estrutura institucional
determina de que maneira ocorre a interação entre os diversos agentes –
econômicos, sociais e políticos.

De acordo com Toyoshima (1999, p. 99) a matriz institucional influencia


diretamente o desempenho econômico dos países de duas formas principais:
reduzindo os custos de transação e reduzindo os custos de transformação (ou
de produção, que juntos somam os custos totais. Para Gala (2003, p. 93) “a
grande distância observada ainda hoje entre países pobres e ricos encontra-se
muito mais em diferenças entre matrizes institucionais do que problemas de
acesso a tecnologias”.

Neste sentido, a Teoria Econômica Institucional serve de fundamento e


justifica o vínculo entre Instituições e desenvolvimento econômico, social e

25
empresarial. Para a análise do empreendedorismo, ela ajuda a entender melhor
o ambiente institucional que é, em última análise, o responsável pelo
desenvolvimento e pelo desempenho econômico das diversas sociedades.

Dessa forma, cabe as instituições criarem condições para o surgimento


de um ambiente que estimule o surgimento de organizações – econômicas,
sociais e políticas que levem as sociedades ao desenvolvimento social,
econômico e sustentável (Zarpellon, 2010). “A percepção de que é desejável
iniciar uma nova empresa é resultado da cultura, da subcultura, da família, dos
professores e dos colegas de uma pessoa” (Hisrich & Peter, 2004, p. 31).
Portanto, reduzir o empreendedorismo à visão econômica não é suficiente, pois
segundo Zarpellon (2010, p. 50) “o empreendedorismo, visando à criação de
empresas e geração de trabalho e renda, também vem sendo questionado e
criticado por alguns outros autores”.

5. TIPOS DE EMPREENDEDORES
Não existe unanimidade entre os autores quanto aos tipos de
empreendedores. Apresentamos, a seguir, várias abordagens sobre o assunto.

Leite e Oliveira (2007) classifica em dois tipos de Empreendedorismo: o


Empreendedorismo por Necessidade (criam-se negócios por não haver outra
alternativa) e o Empreendedorismo por Oportunidade (descoberta de uma
oportunidade de negócio lucrativa).

Pessoa (2005) define em três os principais tipos de empreendedores: O


empreendedor corporativo (intra-empreendedor ou empreendedor interno), o
empreendedor start-up (que cria novos negócios/empresas) e o
empreendedor social (que cria empreendimentos com missão social), são
pessoas que se destacam onde quer que trabalhem.

O empreendedorismo corporativo pode ser definido como sendo um


processo de identificação, desenvolvimento, captura e implementação de novas
oportunidades de negócios, dentro de uma empresa existente.

O empreendedor start-up tem como objetivo dar origem a um novo


negócio. Ele analisa o cenário e diante de uma oportunidade apresenta um novo
empreendimento. Os seus desafios são claros: suprir uma demanda existente

26
que não vem sendo dada devida atenção; buscar e apresentar diferenciais
competitivos em um mercado já existente; vencer a concorrência; conquistar
clientes; e alcançar a lucratividade e a produtividade necessárias à manutenção
do empreendimento.

O processo de empreendedorismo social exige principalmente o


redesenho de relações entre comunidade, governo e setor privado, com base no
modelo de parcerias. O resultado final desejado é a promoção da qualidade de
vida social, cultural, econômica e ambiental sob a ótica da sustentabilidade.

O empreendedorismo social é um misto de ciência e arte, racionalidade


e intuição, ideia e visão, sensibilidade social e pragmatismo responsável, utopia
e realidade, força inovadora e praticidade. O empreendedor social subordina o
econômico ao humano, o individual ao coletivo e carrega consigo um grande
“sonho de transformação da realidade atual”.

O empreendedorismo social difere do empreendedorismo propriamente


dito em dois aspectos: não produz bens e serviços para vender, mas para
solucionar problemas sociais, e não é direcionado para mercados, mas para
segmentos populacionais em situações de risco social (exclusão social, pobreza,
miséria, risco de vida). Atualmente, o empreendedorismo social apresenta-se
como um conceito em desenvolvimento, mas com características, princípios e
valores próprios, sinalizando diferenças entre uma gestão social tradicional e
uma empreendedora.

O empreendedorismo social surge como uma forma de solucionar


problemas de pobreza e exclusão social. Inicialmente era uma derivação do
empreendedorismo empresarial e foi fortemente influenciado pela ação das
empresas privadas no campo social e público, assumindo, contudo, as suas
próprias estratégias, num contexto de crescimento do terceiro sector e da
necessidade e procura de ações de grande impacto e mudanças efetivas. No
epicentro deste cenário surgem novos paradigmas que propõem uma
abordagem diferenciada permitindo descortinar elementos contidos na
complexidade dos fenômenos socioeconômicos, como é o caso da Teoria da
Mudança.

27
A Teoria da Mudança é uma metodologia, um conjunto de diretrizes, que
orientam os empreendedores sociais a concretizarem o seu objetivo último –
mudança social. Os empreendedores sociais fazem um mapeamento dos
requisitos e condições necessárias para o seu fim, e desenvolvem indicadores
para medir os progressos e resultados, avaliando assim o desempenho da sua
iniciativa de mudança.

Conforme Bennett (1992) um novo estilo de empreendedor está surgindo,


ele corresponde ao eco empreendedor. Ser eco empresário abrange uma
grande variedade de negócios, tais como: recolhem materiais recicláveis para
fábricas que os transformam em novos produtos; vendem para empresas e para
o público produtos feitos com materiais reciclados; transformam óleo usado de
motor, que seria jogado em estradas sujas, em lubrificantes de alta qualidade;
reciclam os líquidos resfriados de aparelhos de ar condicionado quebrados ou
desmontados; transformam embalagens plásticas de leite em um plástico
parecido com “madeira”, que não apodrece nem exige manutenção; usam jornais
velhos par afazer forragens baratas e resistentes a bactérias, para animais de
fazendas; transformam sedimentos e restos de alimentos em fertilizantes e
corretivos de solo (Bennett, 1992).

Por fim, um último tipo de empreendedor corresponde ao empreendedor


tecnológico. O empreendedor tecnológico tem o seu perfil caracterizado pela
familiaridade com o mundo acadêmico, por uma busca de oportunidades de
negócios na economia digital e do conhecimento, por uma cultura técnica que o
leva a arriscar-se investindo em nichos de mercado em que a taxa de
sobrevivência é baixa, e pela falta de visão de negócios e conhecimento das
forças de mercado (Instituto Euvaldo Lodi, 2000). Formica (2000, p. 71)
apresenta os traços mais importantes da personalidade do empreendedor
tecnológico são:

 Familiaridade com o mundo acadêmico;


 Buscar oportunidades de negócios na economia digital e do
conhecimento, sobretudo nos campos do ICT, eletrônica,
computação e software, biotecnologia, tecnologia voltadas para o
meio ambiente;

28
 Uma cultura técnica predominante que o levam a arriscar-se
investindo em um pequeno nicho do mercado onde a porcentagem
de sobrevivência é baixa;
 Falta de visão dos negócios e conhecimento inadequado das
forças competitivas do mercado.

Concluída esta etapa dos tipos de empreendedores, passamos agora


para as características dos empreendedores e das empreendedoras.

5.1- EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE E


POR NECESSIDADE
Todos os ano o GEM publica relatórios com estudos sobre a parcela de
pessoas que se lançam ao empreendedorismo e faz uma avalição dos motivos
que as levam a abrir o próprio negócio. O GEM ressalta que as pessoas são
levadas a empreenderem por dois motivos: oportunidade e/ou necessidade.
Segundo relatório do GEM (2011), boa parte das pessoas que se envolve com o
empreendedorismo por necessidade é por não terem outra opção de trabalho e,
consequentemente tem a necessidade de estarem economicamente ativas. Já
as pessoas motivadas pela oportunidade, são capazes de identificar um negócio
dentre aqueles que lhe foi apresentado (Reynolds, Bygrave, e Autio, 2002, p.20).

De acordo com o GEM (2011), os indivíduos podem ser motivados por


necessidade ou por oportunidade, mas nunca pelos dois motivos ao mesmo
tempo. Entretanto Kirzner (1979) considera empreendedores pessoas atenta às
oportunidades mesmo que a motivação seja a necessidade. Entretanto, Aldriche
e Cliff (2003), concordam que o aspecto fundamental do empreendedorismo é a
identificação de oportunidades.

29
Os empreendedores por oportunidade são aqueles indivíduos que
identificam no mercado a necessidade de algo novo ou restruturação de algo já
existente. Segundo o SEBRAE (2015), o indivíduo que tem a sensibilidade de
criar coisas novas é capaz de perceber e assimilar as mudanças no ambiente no
qual está inserido, mesmo tendo opções de emprego eles iniciam o negócio.

São os valores, as motivações humanas e a necessidade de


autorrealização que movem indivíduos na busca de atividades empreendedoras.
Entre os principais motivos que impulsionam o indivíduo a agir, situa-se a
necessidade de conquistas e realizações. Ou seja, “um desejo de realizar as
coisas da melhor maneira, não exatamente pelo reconhecimento social ou
prestígio, mas, sim, pelo sentimento íntimo de necessidade de realização
pessoal” (McClelland, 1972, p. 110).

Gráfico 8 – Taxas de empreendedorismo por oportunidade e por necessidade como


proporção da taxa de empreendedorismo inicial – Brasil – 2002:2016. Fonte: GEM, IBGE ,Banco
do Brasil e Ipeadata

30
O empreendedorismo é o negócio que surge da necessidade das pessoas
que querem se manter economicamente ativas na sociedade a qual estão
inseridas. Este grupo de empreendedores é formado basicamente por aqueles
indivíduos que perderam o emprego e precisam encontrar uma forma de
sobreviver, ou seja, prover o próprio sustento e o da família.

Gráfico 9 – Proporção do empreendedorismo por necessidade entre os empreendedores


nascentes e novos – Brasil – 2002:2016. Fonte: GEM Brasil 2016.

Segundo Kirzner (1979) estes indivíduos são motivados pela necessidade


da sobrevivência. Muitas das vezes sem condições de estarem inseridos no
mercado de trabalho formal se aventuram na atividade empreendedora. Já
Reynolds (2002) reforça que tais indivíduos são forçados a abrirem o próprio
empreendimento por não existir qualquer tipo de trabalho ou os existentes são
insatisfatórios e/ou não esteja no seu perfil.

6. CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES E DAS


EMPREENDEDORAS
As características dos empreendedores de sucesso segundo Dornelas
(2008) são: visionários; sabem tomar decisões; são indivíduos que fazem a
diferença; sabem explorar ao máximo as oportunidades; são determinados e
dinâmicos; são dedicados; são otimistas e apaixonados pelo que fazem; são
independentes e constroem o próprio destino; ficam ricos; são líderes e
formadores de equipes; são bem relacionados (networking); são organizados;
planejam; possuem conhecimento; assumem riscos calculados; criam valor para
a sociedade”.

31
O quadro abaixo representa um resumo das características
frequentemente encontradas nos empreendedores, segundo vários autores.

É muito comum o caso de empreendedor- -herói nas organizações.


Segundo Hasimoto (2006) as características de um empreendedor- -herói são
as seguintes: Comprometimento, criatividade, valores, habilidades específicas,
conhecimento do negócio, princípios, atitudes positivas, reconhecimento de
oportunidades, autoconfiança, sabedoria, coragem para enfrentar desafios,
perseverança e determinação, habilidades de relacionamento interpessoal, boa

32
comunicabilidade, liderança, facilidade de trabalhar em equipe, automotivação,
capacidade de tomar decisões rapidamente, pensamento crítico, visão
estratégica, foco em resultados, planejamento, fome de aprender, familiaridade
com o mundo dos negócios, ótima rede de contatos, flexibilidade à mudança e
aos ambientes dinâmicos, capacidade de resolução de problemas e conflitos,
visão sistêmica e holística, ousadia, receptividade a riscos, tolerância a erros e
falhas, familiaridade com tecnologia, capacidade de realização, habilidades de
negociação, integridade, honestidade, fortes princípios éticos, eloquência,
facilidade para absorção de novos conceitos, alta percepção do ambiente,
retórica, agilidade e dinamismo, forte personalidade, firmeza de caráter,
enérgico, perfil voltado para desenvolver talentos, grande experiência, empatia,
persuasão, organização, rapidez de raciocínio, autocontrole, sonhador realista,
agressividade, independência, pragmatismo, entusiasmo, pro atividade,
iniciativa, forte presença pessoal, arrojo e faro para negócios.

As mulheres estão ocupando espaços também na criação e


desenvolvimento dos negócios. Muitas delas apresentam características de
empreendedores, tendo especificidades com relação às características dos
homens empreendedores, conforme demonstrado no próximo quadro:

33
O elenco de características apresentadas no quadro anterior evidencia
que existem aspectos comuns aos empreendedores e as empreendedoras.
Evidencia, também, que a idade do início dos negócios das empreendedoras é
superior a idade dos homens. Outra observação relevante a ser fei ta é que os
recursos financeiros utilizados pelas empreendedoras não apresentam menos
riscos do que dos homens.

Outro aspecto que merece destaque é o fato que os negócios dos


empreendedores se voltam mais para a indústria e das mulheres para serviços.
“Devido à necessidade de mudanças, o empreendedor cria muita confusão à sua
volta, previsivelmente perturbadora para as pessoas que o ajudam em seus
projetos. Por isso ele, muitas vezes, adianta-se demais aos outros. Quanto maior
a dianteira dele, mais esforço será necessário para arrastar os outros com ele”
(Barreto, 1998, p. 191).

7. EMPREENDEDORISMO SOCIAL: ANTECEDENTES E


DEFINIÇÕES
De acordo com Sassmannshausen e Volkmann (2013), não se sabe ao
certo quando o termo “empreendedorismo social” foi utilizado pela primeira vez,
desconfiando-se que foi William N. Parker a utilizá-lo pela primeira vez em uma
publicação acadêmica, em um artigo publicado pelo The Journal of Economic
History em 1954. Tal publicação abordava sobre uma forma distinta de
empreendedorismo encontrado na Alemanha.

34
Naquele contexto, o empreendedorismo social contribuía para a
mobilidade social dos indivíduos, no qual permitia que eles alcançassem maiores
posições de liderança, demonstrando o seu comportamento empreendedor.
Sassmannshausen e Volkmann (2013) afirmam que mesmo com os grandes
avanços nas definições de empreendedorismo social, a contribuição de Parker
pode ser visto como um ponto de partida na pesquisa sobre empreendedorismo
social.

Sassmannshausen e Volkmann (2013) apontam que até março de 2012,


de acordo com o Google Scholar, a casa de 12.300 publicações com esse termo
foi atingida. Entretanto, as publicações identificadas Google Scholar continham
o termo exato ‘empreendedorismo social’ em qualquer lugar do texto, seja no
título, nota de rodapé ou nas referências e, portanto, fica difícil descobrir se tais
publicações abordam com certa profundidade o empreendedorismo social ou se
o termo é apenas mencionado (SASSMANNSHAUSEN; VOLKMANN, 2013).

Contudo, ainda que exista essa limitação, tal crescimento,


Sassmannshausen e Volkmann (2013) pontuam que isso pode significar o
estabelecimento do ‘empreendedorismo social’ como um campo distinto de
pesquisa dentro do empreendedorismo. Os autores supracitados arriscam dizer
que, devido ao crescimento nas publicações e outras evidências descobertas
pela pesquisa bibliométrica, o campo de empreendedorismo social atingiu ou
alcançou uma maturidade conceitual.

Wallace (1999), Dart (2004), Harding e Cowling (2004), Hines (2005), Mair
e Noboa (2006) e Curto, Moss e Lumpkin (2009 apud KISTRUCK; BEAMISH,
2010) corroboram com os dizeres do parágrafo anterior ao proporem que o
empreendedorismo social é um fenômeno que já existe há muitos séculos, sendo
que a pesquisa acadêmica sobre as complexidades de empreendedorismo
social, no entanto, apenas ganhou impulso durante a última década.

Todavia, discordam da ideia de que se atingiu a maturidade conceitual na


área, ao pontuarem que o empreendedorismo social, como um campo de estudo
acadêmico, necessita de grandes avanços teóricos. Sobre o assunto em pauta
(antecedentes teóricos e definições do termo ‘empreendedorismo social’), Shaw
e Carter (2007) argumentam que o empreendedorismo social surgiu como um

35
novo rótulo para descrever o trabalho de comunidade, organizações voluntárias
e públicas, bem como as empresas privadas que possuem objetivos mais
voltados ao social do que aos lucros financeiros. Bose e Godói- de-Souza (2012)
concordam ao proporem que o empreendedorismo social advém como uma
proposta para enfrentar a pobreza face ao processo de exclusão social
vivenciado com a globalização e agravado com as crises econômicas globais.

Na perspectiva de autores, Shaw e Carter (2007), apesar dessas novas


denominações, o empreendedorismo social teve o seu surgimento nos séculos
XVIII e XIX, quando os empresários filantrópicos e industriais (como, por
exemplo, Robert Owen, considerado um dos fundadores do cooperativismo),
começaram a demonstrar preocupação com o bem-estar dos funcionários,
melhorando suas condições de trabalho, educação e vida cultural. Por causa
dessa relação, o empreendedorismo social tem sido associado a, por exemplo,
o desenvolvimento da comunidade empresarial, educação, igrejas, instituições
de caridade, o setor sem fins lucrativos e as organizações não governamentais
(SHAW; CARTER, 2007).

Di Domenico, Haugh e Tracey (2010) acreditam que o surgimento do


empreendedorismo social se deve à mudança de percepção sobre a função dos
mercados e a falta de capacidade ou negligência por parte dos governos dos
países em atender as necessidades das classes sociais menos favorecidas.
Logo, em razão da existência dessa lacuna, começaram a surgir pessoas ou
grupos com objetivos de cunho social interessadas na criação de ações voltadas
para a diminuição das assimetrias sociais, afirma Parente et al (2011).

Segundo Tan, Williams e Tan (2005) o empreendedorismo social destina-


se a beneficiar um segmento carente da sociedade, não buscando maximizar
lucros individuais e, ainda, o termo parece carregar certo altruísmo do
capitalismo, no qual não avalia as atividades humanas apenas com base nos
negócios. Assim, o fenômeno do empreendedorismo social surge em meio à
falha das instituições governamentais e aos desafios sociais, econômicos e
ambientais que assombram as sociedades contemporâneas (PARENTE et al,
2011).

36
Essa crescente ‘popularização’ do termo tem sido acompanhada por um
campo de análise que agrega e combina um leque diversificado de ideias que
visam descrever e definir o empreendedorismo social, sendo esta
combinação/influência de outros campos o motivo principal da aparente falta de
clareza do conceito, afirma (NICHOLLS, 2006). Nota-se uma infinidade de
definições na tentativa de delimitar o conceito de empreendedorismo social. No
entanto, tal tarefa tem sido complicada, pois o mesmo conceito pode significar
coisas diferentes para pessoas diferentes, abrindo caminho para mais confusões
conceituais, afirma Dees (2001).

O autor também alega que muitas pessoas associam o termo à


organizações não lucrativas que dão início a atividades lucrativas; outras o
utilizam para descrever qualquer pessoa inserida em uma organização sem fins
lucrativos, e há ainda aquelas que usam para referir-se aos empresários do setor
empresarial que implantam a responsabilidade social nas suas atividades.

Além disso, afirmam Mair e Marti (2004), que a junção dos termos
‘empreendedorismo’ e ‘social’ levam a significados diferentes. Aliás, não existe
no campo uma tentativa de sistematizar ou criar uma teoria que englobe as
diversas definições, porém, o grande número de definições não impede a busca
de uma conceituação menos limitada do termo a ser estudada (MAIR; MARTI,
2006). A tabela 1 abaixo foi realizada pelos autores Dacin, Dacin e Matear (2010)
e adaptada pelos autores desse artigo com outras definições, encontradas na
literatura internacional e em publicações nacionais.

37
Martin e Osberg (2007) complementam afirmando que o resultado dessa
abrangência conceitual é que o empreendedorismo social tem se tornado uma
‘imensa tenda’ no qual todos os tipos de atividades consideradas socialmente
benéficas são relacionados com o termo. Dacin, Dacin e Matear (2010) também
alegam que essa confusão conceitual é considerada uma barreira para o diálogo
interdisciplinar e para avanços para a teoria no campo. Dees (2001) desde o
início reconheceu esse dilema e recomendou que o desafio era evitar definir o
empreendedorismo social de forma muito ampla ou abrangente, de modo a
torná-lo vazio de significado.

No entanto, Dacin, Dacin e Matear (2010) concluem que a literatura do


campo ainda não atingiu tal equilíbrio. Um ponto que Mair e Marti (2006)
destacam é que é preciso notar as diferenças conceituais entre as definições.
Os autores argumentam que definições sobre empreendedorismo social
geralmente se referem a um processo ou comportamento; já definições que

38
abordam o empreendedor social concentram-se no líder ou no fundador do
empreendimento.

Por fim, definições sobre empresas sociais normalmente se referem ao


resultado tangível do empreendedorismo social. Portanto, analisando tais
definições, percebe-se que o imperativo de fornecer valor social ou conduzir uma
mudança social parece ser um tema comum entre todas as definições de
empreendedorismo social, dando a entender que esse é o caráter diferencial do
empreendedorismo social: a criação de valor social (MAIR; MARTI, 2006).

Para Martin e Osberg (2007), a diferença fundamental entre os campos


empreendedorismo e empreendedorismo social está na questão do valor. O
empreendedor, argumentam os autores, atende os mercados que estão
dispostos a pagar por um novo produto ou serviço, ou seja, é projetado para criar
lucro financeiro, sendo esta condição sine qua non, afirmam Martin e Osberg
(2007), não possuindo o empreendedor social tal anseio. Todavia, Dacin, Dacin
e Tracey (2011) declaram que possuir uma missão voltada para a criação de
valor social não significa negar qualquer desinteresse para o valor econômico,
sendo o lucro financeiro um ator coadjuvante, pois passa ter um papel
fundamental para a sustentabilidade dos empreendimentos sociais e na própria
criação de valor social.

Trivedi e Stokols (2011) afirmam que os empreendedores sociais


normalmente tentarão encontrar equilíbrio entre criação de valor social e
econômico por meio de uma perspectiva visionária e inovadora, no sentido de
resolver um problema social. Tais empreendedores objetivam a criação de valor
em grande escala, seja para um segmento específico ou para a sociedade
(MARTIN; OSBERG, 2007).

O segmento alvo dos Martin e Osberg (2007) complementam afirmando


que o resultado dessa abrangência conceitual é que o empreendedorismo social
tem se tornado uma ‘imensa tenda’ no qual todos os tipos de atividades
consideradas socialmente benéficas são relacionados com o termo.

Dacin, Dacin e Matear (2010) também alegam que essa confusão


conceitual é considerada uma barreira para o diálogo interdisciplinar e para
avanços para a teoria no campo. Dees (2001) desde o início reconheceu esse

39
dilema e recomendou que o desafio era evitar definir o empreendedorismo social
de forma muito ampla ou abrangente, de modo a torná-lo vazio de significado.

No entanto, Dacin, Dacin e Matear (2010) concluem que a literatura do


campo ainda não atingiu tal equilíbrio. Um ponto que Mair e Marti (2006)
destacam é que é preciso notar as diferenças conceituais entre as definições.
Os autores argumentam que definições sobre empreendedorismo social
geralmente se referem a um processo ou comportamento; já definições que
abordam o empreendedor social concentram-se no líder ou no fundador do
empreendimento.

Por fim, definições sobre empresas sociais normalmente se referem ao


resultado tangível do empreendedorismo social. Portanto, analisando tais
definições, percebe-se que o imperativo de fornecer valor social ou conduzir uma
mudança social parece ser um tema comum entre todas as definições de
empreendedorismo social, dando a entender que esse é o caráter diferencial do
empreendedorismo social: a criação de valor social (MAIR; MARTI, 2006).

Para Martin e Osberg (2007), a diferença fundamental entre os campos


empreendedorismo e empreendedorismo social está na questão do valor. O
empreendedor, argumentam os autores, atende os mercados que estão
dispostos a pagar por um novo produto ou serviço, ou seja, é projetado para criar
lucro financeiro, sendo esta condição sine qua non, afirmam Martin e Osberg
(2007), não possuindo o empreendedor social tal anseio.

Todavia, Dacin, Dacin e Tracey (2011) declaram que possuir uma missão
voltada para a criação de valor social não significa negar qualquer desinteresse
para o valor econômico, sendo o lucro financeiro um ator coadjuvante, pois passa
ter um papel fundamental para a sustentabilidade dos empreendimentos sociais
e na própria criação de valor social.

Trivedi e Stokols (2011) afirmam que os empreendedores sociais


normalmente tentarão encontrar equilíbrio entre criação de valor social e
econômico por meio de uma perspectiva visionária e inovadora, no sentido de
resolver um problema social. Tais empreendedores objetivam a criação de valor
em grande escala, seja para um segmento específico ou para a sociedade
(MARTIN; OSBERG, 2007).

40
O segmento alvo dos relações públicas com o governo e principalmente
com o público alvo da empresa, no intuito de transmitir uma falsa imagem e
sensação de segurança. Oliveira (2004), visando delimitar cada atividade,
apresenta um quadro com as principais características do empreendedorismo
privado, responsabilidade social empresarial e o empreendedorismo social:

8. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DOS EMPREENDEDORES


O quadro a seguir, apresenta o comparativo das habilidades técnicas,
administrativas e empreendedoras das pessoas.

41
Para ser empreendedor não basta possuir habilidades técnicas e
administrativas. É necessário ter, também, habilidades empreendedoras,
conforme está evidenciado no quadro anterior. Estas habilidades relacionam-se
com a gestão de mudanças, liderança, inovação, controle pessoal, capacidade
de correr riscos e visão de futuro.

9. MOTIVAÇÃO DOS EMPREENDEDORES


“Motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e
persistência dos esforços de pessoas para o alcance de uma determinada meta”
(Robbins, 2005, p. 132). Entre os fatores que motivam os empreendedores,
pomos citar os seguintes:

 Fatores pessoais: desejo de realização pessoal, insatisfação no


trabalho, desejo de ganhar dinheiro, desejo ardente de mudar de
vida ou mesmo o fato de ser demitido de seu emprego;
 Fatores ambientais: analisar e identificar oportunidades de
negócios ou a possibilidade entrar um projeto;
 Fatores sociológicos: possibilidade de ter um grupo de pessoas
competentes com características semelhantes, influência de
parentes ou modelos já desenvolvidos na família.

Existem (2008) há pelo menos quatro motivos para o empreendedorismo:


empreendedorismo por necessidade; empreendedorismo por vocação;
empreendedorismo inercial e em preendedorismo pelo conhecimento.

Mc Clelland (1961) Identifica três necessidades do empreendedor: poder,


afiliação e sucesso (sentir que se é reconhecido). O empreendedor é motivado
acima de tudo por ascensão social, em função disto, conforme Dantas (2010), a
organização gerenciada por um empreendedor tem o crescimento como seu
principal objetivo.

9.1- DIFERENÇA ENTRE INVENTOR E


EMPREENDEDOR
Há uma grande confusão quanto à natureza de um empreendedor em
relação a um inventor, bem como no que se refere às semelhanças e diferenças

42
ente os dois. O inventor, o indivíduo que cria algo pela primeira vez, é alguém
altamente motivado por seu próprio trabalho e ideias pessoais.

Além de ser muito criativo, o inventor tende a ter boa educação formal,
com diploma superior ou, com mais frequência, com pós-graduação. Enquanto
o empreendedor se apaixona pela organização (o novo empreendimento) e faz
quase tudo para garantir sua sobrevivência e crescimento, o inventor apaixona-
se pela invenção e só relutantemente a modificará para torná-la mais exequível
comercialmente.

O desenvolvimento de um novo empreendimento com base no trabalho


de um inventor com frequência exige o conhecimento de um empreendedor e
uma abordagem de equipe para a criação do Novo empreendimento (Hisrich &
Peter, 2004).

9.2- EMPREENDEDORES OU GERENTES?


Este questionamento é feito por muitos empresários, já que percebem o
insuficiente desempenho dos gerentes com estilo tradicional. O próximo quadro
busca esclarecer as diferenças entre estes dois indivíduos.

As diferenças apresentadas são muito claras, principalmente com a


postura relacionada com as mudanças, criatividade, organização do trabalho e
visão de ambiente. Conforme Filion (2000), “Mintzberg (1975), Boyatzis (1982),
Kotter (1982) e Hill (1992) examinaram o trabalho dos gerentes. Esses estudos
revelam consideráveis diferenças nos métodos operacionais de gerentes e
empreendedores, como demonstrado no quadro anterior”. Os gerentes
perseguem os objetivos fazendo uso efetivo e eficiente dos recursos. Eles

43
normalmente trabalham dentro de estruturas previamente definidas por outra
pessoa.

As organizações criadas por empreendedores, no entanto, são, na


realidade, uma extrapolação de seus mundos subjetivos. O que os
empreendedores fazem está intimamente ligado à maneira como interpretam o
que está ocorrendo em um setor em particular do meio. Os empreendedores não
apenas definem situações, mas também imaginam visões sobre o que desejam
alcançar. Sua tarefa principal parece ser a de imaginar e definir o que querem
fazer e, quase sempre, como irão fazê-lo.

9.3- LÍDER OU EMPREENDEDOR?


Segundo Wagner (2010) “As figuras do líder e do empreendedor se
confundem, pois, normalmente andam juntas. Mas, se perguntarmos se o
empreendedor é sempre um líder ou se o líder precisa ser empreendedor, a
resposta é: não necessariamente”. “Liderança e empreendedorismo têm a ver
com poder. Entretanto, o poder do empreendedor é fazer, enquanto o do líder é
influenciar” (Wagner, 2010). “O empreendedor precisa atentar para o fato de que
a presença de um líder é fundamental para o sucesso de qualquer negócio”
(Jordão, 2010). “O líder empreendedor assume riscos calculados; gosta de
trabalhar com pessoas e acompanha as mudanças tecnológicas que aparecem
em uma velocidade estonteante, assim como desenvolve sua competência
técnica para formular conhecimentos necessários e imprescindíveis que
suportem as decisões estratégicas que ele terá que tomar diariamente”
(Ferruccio, 2010).

10. PROCESSO EMPREENDEDOR


“O coração do processo de empreendedorismo – e o aspecto que melhor
distingue o empreendedor do gerente e do pequeno empresário – parece recair
no desenvolvimento e na implementação do processo visionário” (Fillon, 1999,
p. 12). Os empreendedores fazem acontecer. São criativos e sabem captar
novas ideias das outras pessoas e de outras fontes.

As principais fontes de ideias segundo Hisrich & Peter (2004, p. 163) são:

“consumidores (clientes); empresas; canais de distribuição; governo e pesquisa e


desenvolvimento”. Podemos acrescentar ainda: consumidores; empresas; canais de distribuição;

44
fornecedores; governo; pesquisa e desenvolvimento; embate entre pessoas; lazer; ensino
(estudo, estágio, monografia, teses, entre outras); incubadoras; métodos para geração de novas
ideias. Podem, também, empregar métodos e técnicas para geração de ideias, tais como:
“grupos de discussão, brainstorming, análise e inventário de problemas” (Hisrich & Peter, 2004.
p. 164) “Assim que as idéias emergem a partir de fontes ou da solução criativa de problemas,
elas precisam de um desenvolvimento e aperfeiçoamento posteriores até o oferecimento do
produto ou serviço final” (Hisrich & Peter, 2004. p. 171). “Para detectar oportunidades de
negócios, é preciso ter intuição, intuição requer entendimento, e entendimento requer um nível
mínimo de conhecimento” (Fillon, 1999, p. 11).

Uma oportunidade surge de uma ideia que representa potencial para um


novo negócio. Oportunidades se originam do trabalho, do diálogo entre pessoas,
do contato com clientes, de fornecedores, da moda e de viagens. Uma vez
detectada uma oportunidade, o empreendedor deve ouvir pessoas, tais como
potenciais clientes, amigos sinceros e potenciais fornecedores, com o intuito de
testar a aceitação do negócio PR parte da sociedade. Se as pessoas contatadas
se manifestarem positivamente com relação ao novo negócio, o empreendedor
deve analisar a viabilidade financeira das ideias e das oportunidades.

Para tanto, utiliza a técnica denominada “Plano de Negócios”


(businessplan), que é, segundo Dornelas (2008, p. 84) “um documento usado
para descrever um empreendimento e o modelo de negócios que sustenta a
empresa. “Quanto mais velho for o empreendedor, maior será a influência dos
contatos com o meio de negócios ou da experiência prévia e das atividades de
aprendizagem” (Fillon, 1999, p. 12). “O progresso depende da habilidade de
instituir métodos de trabalho e de se concentrar em uma ou algumas visões
emergentes” (Fillon, 1999, p. 13). São fases do processo empreendedor
segundo Hisrich & Peter (2004, p. 53):

a) Identificar e avaliar a oportunidade;


b) Desenvolver o plano de negócios;
c) Determinar e captar os recursos necessários;
d) Gerenciar a organização criada.

Não existe um modelo único de plano de negócios. Existem, sim, muitas


estruturas, como se pode observar em Dornelas (2008, p. 86-93). Existem muitas
pessoas que têm inibido o seu potencial empreendedor. Os principais fatores
que ocasionam a inibição são segundo Dornelas (2008, p. 95): “imagem social;

45
disposição de assumir riscos e herança cultural”. Muitas pessoas gostariam de
abrir o seu próprio negócio. Dispõem de reservas financeiras para tal, contudo
acham que a sua imagem social será denegrida pelo fato de ter exercido uma
função de destaque na sociedade e agora terá que desempenhar tarefas marcas
por outros padrões.

Não são todas as pessoas que têm coragem de assumir riscos com
financiamentos e riscos de não ter o produto do seu negócio aceito no mercado.
Existem, ainda, outros motivos que dificultam a materialização do potencial
empreendedor. São as causas de resistências às mudanças apontadas por Pinto
(2007): ansiedade diante do desconhecido; percepção distorcida; interesses
pessoais afetados e problemas de ajustamento.

11. GESTÃO DA INOVAÇÃO


Gestão da inovação é a busca pela compreensão dos fatores que podem
determinar o sucesso ou fracasso de um empreendimento, dentre eles quatro
temas centrais, segundo Bessant e Tidd (2009): -compreender o que se tenta
gerenciar.

 Compreender o como.
 Compreender o quê, o porquê e o quando da atividade de
inovação.
 Compreender que isso é um alvo móvel.

Portanto gerenciar a inovação é basear-se em mais que uma boa ideia, é


preciso calcular estrategicamente e aprender com o processo. Bessant e Tidd
(2009) afirmam que a inovação assume muitas formas diferentes, mas pode ser
resumida em quatro diferentes tipos, a saber:

 Inovação de produtos
 Inovação de processos
 Inovação de posição
 Inovação de paradigma

É importante salientar que muitas vezes pode haver dificuldade em


diferenciar esses tipos de inovação, pelo fato de poderem ser parecidas em
alguns casos e se aplicarem a mais de um tipo ao mesmo tempo. “Às vezes, a

46
linha divisória entre os tipos de inovação é bastante imprecisa – uma nova balsa
a motor, por exemplo, é tanto uma inovação de produto quanto de processo”
(BESSANT e TIDD, 2009. p. 30).

Outro fator relevante para o conhecimento da inovação é o grau de


novidade que a mesma apresenta, a partir daí Bessant & Tidd (2009)
argumentam sobre a diferença entre inovação incremental e inovação radical,
pois há uma enorme diferença entre adicionar melhorias e modificações em algo
já existente, e criar um conceito (de produto ou serviço) totalmente novo.

E tais mudanças podem não tão somente revolucionar o mercado como a


forma que esta inovação influencia o mundo, como por exemplo, a energia a
vapor durante a Revolução Industrial, e a forma que os mesmos são vistos/
produzidos. “[...] Há um grau especifico de inovação em cada um desses níveis
– mas as mudanças em sistemas de níveis mais altos, normalmente, têm
implicações para os mais baixos” (BESSANT e TIDD, 2009, p. 31).

12. PLANO DE NEGÓCIO


Segundo Chiavenato (2007), plano de negócios (Business Plan), também
chamado "plano empresarial", é uma descrição detalhada de todos os aspectos
de um novo empreendimento, e projeta aspectos mercadológicos, operacionais
e financeiros dos negócios. Segundo Dornelas (2005) o plano de negócios é
parte fundamental do processo empreendedor. Empreendedores precisam saber
planejar suas ações e delinear as estratégias da empresa a ser criada ou em
crescimento. A principal função de um plano de negócios é a de promover uma
ferramenta de gestão para o planejamento e desenvolvimento inicial de uma
startup. (DORNELAS, 2005, p.93). O plano de negócio movimenta todos os
aspectos do novo empreendimento. Ele representa um levantamento exaustivo
de todos os elementos que compõem o negócio, sejam internos - o que deverá
ser produzido, como, onde, quanto - sejam externos - para quem produzir, qual
é o mercado, quais são os concorrentes etc. (CHIAVENATO, 2007). A
elaboração do plano de negócio é também uma ótima oportunidade para
examinar a quão está a motivação, o conhecimento e o empenho dos sócios,
pois a princípio, cada um deles deve ser responsável por uma parte da
elaboração no que diz respeito a sua área de desempenho e as atividades pelo

47
qual são responsáveis, depois disso é só ver o desempenho de cada um e colher
os resultados pois o mais importante e descobrir as falhas e os erros durante a
elaboração do plano e não durante a implementação da empresa evitando assim
um gasto desnecessário. Preparar um plano de negócio não é nada fácil, pois
será necessário a vivência em certos momentos com o fracasso, mesmo que
anteriormente a ideia era ótima e hoje seja inviável. Os objetivos do plano de
negócio devem ser definidos com clareza para que não sejam confundidos com
metas, ou seja, o plano serve para propor o ordenamento das ideias e a
apreciação da potencialidade e da disponibilidade do empreendimento que é o
plano de negócio operacional, ou se servirá para conseguir recursos financeiros
que pode ser chamado de plano de negócio para obtenção de recursos. Na
verdade ele é um só, o que muda apenas é o enfoque que se dará a ele.

48
13. ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR
As mais diversas nomenclaturas tem sido adotadas para referir-se às
organizações que nascem em meio à sociedade civil. A título de exemplificação,
tem-se organizações sem fins lucrativos, organizações voluntárias, organização
público não estatal, setor filantrópico, fundações, organizações da sociedade
civil de interesse público (Oscip) e organização do Terceiro Setor (MACHADO;
FRANCISCONI; CHAERKI, 2007; OLIVEIRA; JUNQUEIRA, 2003; COELHO,
2002). Tais denominações denotam parcerias firmadas entre empresas privadas
sem fins lucrativos e o poder público a fim de prestar serviços sociais livres à

49
ação privada, sendo o termo mais usado no Brasil o de “Organizações do
Terceiro Setor”, onde, sob tal nomenclatura, a literatura agrupa todas as
organizações que apresentam iniciativas particulares que visem a produção de
bens e serviços públicos (COELHO, 2002).

Outras conceitualizações a respeito de Organizações do Terceiro Setor


também são trazidas na literatura:

 Organizações privadas sem fins lucrativos com interesse


social, com a finalidade de ajudar o cidadão (OLIVEIRA;
JUNQUEIRA, 2003);
 Um termo guarda-chuva (Organizações do Terceiro Setor) que
inclui diversos tipos de organizações e diferentes marcos teóricos
(ALVES, 2002);
 Organizações diversificadas que se caracterizam pelo valor
não econômico, fundadas pela iniciativa privada (sociedade civil)
com interesses públicos e sociais, com contornos participativos,
cooperativos e solidários, e apoiados no trabalho contratado
(SOARES, 2008);
 Organizações preocupadas e movidas pela ação social e
baseadas em valores (SOARES; MELO, 2009); Fundações e
associações civis, que não têm por finalidade a obtenção de lucros,
sendo constituídas como entidades de direito privado e de
interesse público (GIMENES; MAZZEI, 2008);
 O termo é herdeiro de uma tradição anglo-saxônica
particularmente impregnada pela ideia de filantropia, identificando
o terceiro setor ao universo das organizações sem fins lucrativos
(FRANÇA FILHO, 2002);
 Organizações privadas autônomas, não voltadas à distribuição
de lucros para acionistas ou diretores, atendendo propósitos
públicos (SALAMON, 1998).

Importante torna-se destacar as diferenças entre os termos citados no


primeiro parágrafo deste tópico – organizações sem fins lucrativos, organizações
voluntárias, organização público não-estatal, setor filantrópico, fundações,

50
organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip) e organização do
Terceiro Setor – relacionam-se com o lugar sócio histórico onde foram
elaborados, sendo a influência política e cultural do contexto norte americano o
grande causador da banalização do uso do termo terceiro setor (FRANÇA
FILHO, 2002).

13.1- CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS COM


EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Diante de todo o exposto até o momento, é possível verificar semelhanças
entre empreendedorismo social e organizações do terceiro setor, sendo a
principal delas o enfoque social que ambas apresentam. Assim como o
empreendedorismo social, cujo propósito não é criação de lucro (MARTIN;
OSBERG, 2007) e se destina a beneficiar um segmento da sociedade sem
buscar a maximização de lucros individuais nem tampouco avaliar as atividades
humanas com base apenas nos negócios (TAM; WILLIAMS; TAN, 2005), o
terceiro setor também não têm por finalidade a obtenção de lucros (GIMENES;
MAZZEI, 2008), se caracterizando pelo valor não econômico (SOARES, 2008) e
apresentando como finalidade ajudar o cidadão (OLIVEIRA; JUNQUEIRA,
2003).

Semelhança entre os dois campos também é pontuada nas palavras de


Di Domenico, Haugh e Tracey (2010), os quais acreditam que o surgimento do
empreendedorismo social se deve à falta de capacidade ou negligência por parte
dos governos dos países em atender as necessidades das classes sociais
menos favorecidas, surgindo tal fenômeno em meio às falhas das instituições
governamentais das sociedades contemporâneas (PARENTE et al, 2011).

Mesma visão é apontada por França Filho (2002) no tocante ao terceiro


setor, sendo o papel deste o de preencher as lacunas deixadas pelo Estado e
também pelo mercado na satisfação das necessidades da sociedade. No
entanto, diferenças também podem ser destacadas entre o empreendedorismo
social e o Terceiro Setor; dentre elas, tem-se a questão da forma jurídica.
Enquanto que as organizações do terceiro setor necessitam de constituição legal
para agirem, o empreendedorismo social não carece de tal obrigação. Tal
afirmação tem respaldo em Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2006), quando

51
ressaltam que o empreendedorismo social não é definido pela forma jurídica,
uma vez que pode ser perseguido através de vários outros veículos.

Assim sendo, é possível entender o terceiro setor como necessitado de


formalização, inclusive para fins de obtenção de recursos, como aponta Espírito
Santo (2004) ao citar que o Brasil investe 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto)
no Terceiro Setor. Diante desta formalização, surgem outras duas diferenças
entre as áreas estudadas neste trabalho. Uma vez que as organizações do
Terceiro Setor apresentam forma jurídica, parcerias entre estas e os governos
(tanto no âmbito estadual como no federal) podem vir a se concretizar.

Espírito Santo (2004) coloca que o governo brasileiro tem buscado


mecanismos para normatizar as ações desse Setor, criar parcerias entre o poder
público e o terceiro setor e, além disso, promover também contratos de gestão,
ou seja, organizações do terceiro setor passam a atuar na administração de
instituições do Estado.

Nesse sentido, é exemplo dos dizeres anteriores as Organizações da


Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), advindas graças à Lei n.º
9790/99: empresas de direito privado sem fins lucrativos que atuam no campo
do Terceiro Setor, podendo vir a beneficiar-se de recursos públicos.

Com isso, é possível inferir que o empreendedorismo social detem uma


atuação mais local do que o Terceiro Setor, de cunho mais global, isto é,
envolvendo uma área maior de atuação.

14. AÇÃO SOCIAL


Uma das razões da dificuldade em definir e delimitar o empreendedorismo
social é compreender a ação, objetivos, motivações e os anseios que leva o
empreendedor social a criação de valor social. Inicialmente, o maior desafio para
a compreensão do empreendedorismo social consiste em definir os limites do
que se entende por ‘social’, afirma Mair e Marti (2006). À primeira vista, enquanto
o objetivo fim do empreendedorismo comercial é lucro ou o retorno financeiro, o
empreendedorismo social é uma expressão de altruísmo, afirmam Mair e Marti
(2006).

52
No entanto, os autores Mair e Marti (2006) ressalvam que apesar dessa
ser uma característica prevalecente no empreendedor social, podem existir
outros motivos menos altruístas como, por exemplo, a realização pessoal. Na
verdade, para Mair e Marti (2006) ação social dos empreendedores está voltada
para a utilização de forma criativa dos recursos. O empreendedorismo social age
como um catalisador da transformação social para atender às necessidades
sociais, mas o seu foco principal é o valor social ou a ação na criação de valor
social, tendo o valor econômico apenas condição necessária para sustentar a
viabilidade financeira do empreendimento (MAIR; MARTI, 2006).

Para Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2006) a ação de criar valor social


tem como finalidade melhorar a sociedade por meio da remoção de barreiras
para o desenvolvimento da inclusão social e assistência aos necessitados, com
o intuito de amenizar os efeitos colaterais indesejáveis. Um fator importante na
criação do valor social ou ação social é a compaixão, caracterizada pela
preocupação com o outro (MILLER et al, 2012).

Por causa disso a compaixão acaba servindo como uma motivação ‘pró-
social’ em comparação a outras motivações pessoais. Muitas pesquisas são
realizadas com o intuito de diferenciar o empreendedorismo social de outras
formas de organização, no entanto grande maioria negligencia a importância dos
antecedentes motivacionais (MILLER et al, 2012). Mas para os autores, a
compaixão ou a preocupação com aqueles que estão sofrendo atua como o
principal motivador pró-sociedade para a prática da ação social.

Para tanto, segundo os autores Miller et al (2012), como resultado dessa


preocupação, os empreendedores sociais irão trabalhar para reduzir ou pelo
menos amenizar esse sofrimento das pessoas como uma forma de aliviar o seu
próprio sofrimento. Essa compaixão, na visão dos autores, pode influenciar na
forma que os indivíduos buscam e avaliam as informações sobre como resolver
um problema social, causando uma grande receptividade a diferentes
informações e facilitando na combinação de novas ideias, permitindo uma
abertura para novas oportunidades.

Além disso, a compaixão influencia na persistência na busca de resolver


um problema e na vontade de continuar na causa mesmo tendo um retorno

53
negativo (MILLER et al, 2012). Em contrapartida, Miller et al (2012) alerta que as
emoções em ajudar as pessoas podem acabar influenciando ou distorcendo a
avaliação das informações e oportunidades, contribuindo para riscos potenciais
na abertura de um novo negócio. Logo, os autores argumentam que altos índices
de compromisso com o sofrimento alheio aumentam as chances de engajar-se
no empreendedorismo social (MILLER et al, 2012).

Portanto, de acordo com Miller et al (2012); Mair e Marti (2006); Austin,


Stevenson e Wei-Skillern (2006) e Tan; Williams; Tan (2005) a ação social dentro
do empreendedorismo social acontece por meio da ação do empreendedor que
através da criação do valor social preenche alguma deficiência ou lacuna
existente na sociedade, negligenciada pelo Estado.

Para Salamon (1998), a ação no terceiro setor reflete um conjunto de


mudanças sociais e tecnológicas, formulada sobre a contínua crise de confiança
na capacidade do Estado. Já para Oliveira (2005) a ação social nas organizações
do terceiro setor surge a partir do objetivo de promover o desenvolvimento
humano e sustentável, o qual envolve as áreas ambiental, social, econômica,
política e cultural.

Para Oliveira e Junqueira (2003) a ação social no terceiro setor existe com
o objetivo de ajudar o cidadão a atuar responsavelmente no futuro da sociedade,
contribuindo para o desenvolvimento da sociedade e abrindo espaços para o
exercício e defesa dos direitos da cidadania. Dessa forma, a ação social pode
ser comparada com um instrumento para o cidadão exercer seu direito de
“acesso à saúde, educação, meio ambiente, habitação, planejamento urbano,
progresso social, segurança, direitos humanos e cultura” (OLIVEIRA;
JUNQUEIRA, 2003, p. 236).

Destarte, nota-se que a ação social nas organizações do terceiro setor


veio para suprir as necessidades da população não atendida pelo Estado, mas
principalmente vem atuando no sentido de cumprir um outro papel importante, a
geração de trabalho, afirma Gimenes e Mazzei (2008).

54
15. COMPARAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DOS
EMPREENDEDORES SOCIAIS E PRIVADOS

16. EMPREENDEDORISMO EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS


O empreendedorismo, de acordo com Costa-de-Souza (2013), foi
difundido e esteve ligado de forma expressiva ao setor privado, mas com pouca
ênfase no setor público. De forma mais específica, o empreendedorismo voltado
para este último setor, segundo Diefenbach (2011), tem destaque no âmbito
internacional, porém, Morais et al. (2015, p. 28) ressaltam que no Brasil o
empreendedorismo no setor público “[..] ainda é bastante incipiente”.

De acordo com esses últimos autores, a justificativa para isso pode estar
calcada na novidade de governo empreendedor, o que vai de encontro aos
pensamentos de Kim (2010), pois atrela o empreendedorismo no setor público
ao surgimento da Nova Administração Pública. Segundo este autor, o
empreendedorismo está conectado a esse movimento porque tenta remediar,
por meio de mecanismos não burocráticos, os problemas da burocracia
tradicional.

No Brasil, essa Nova Administração é conhecida como Administração


Pública Gerencial e teve seu início no país a partir de 1995, de acordo com
Bresser- Pereira (1999). Isso porque, segundo Valadares e Emmendoerfer
(2015, p. 83), o processo de modernização que está acontecendo no setor nos
últimos anos “tem sido associado a noções comportamentais e gerenciais,

55
imbuídas de conceitos e práticas, que eram próprias e, até então, restritas à
esfera das organizações empresariais”.

Mas diferentemente dos métodos mercadológicos, o empreendedorismo


público tem como finalidade, ampliar e melhorar os serviços ofertados à
população. De acordo com Kim (2010):

“[...] o principal ponto por detrás do empreendedorismo público não é


fazer um governo de negócios ou que compreenda o mercado, ao invés disso, a
ideia do empreendedorismo público é aumentar as oportunidades para a adoção
de ideias inovadoras e encontrar maneiras de oferecer mais escolhas e
benefícios públicos, proporcionando serviços de alta qualidade aos cidadãos.”
(KIM, 2010, p. 781).

Assim, para Kim (2010), assim como para Diefenbach (2011), Currie et al.
(2008), Morris, Kuratko e Covin (2008) e Kearney, Hisrich e Roche (2007), a
vertente pública do empreendedorismo deixa de lado a questão estritamente
econômica e passa a ser definida em termos de tomada de risco, inovação e pro
atividade.

Deste mesmo modo, Bozeman (2007) corrobora os pensamentos de


Kim (2010), pois considera as oportunidades, a inovação e a habilidade de ser
proativo como elementos que podem ampliar as capacidades internas e
aumentar a produtividade.

Nesse mesmo sentido, Llewellyn e Jones (2003) percebem nestas três


dimensões (tomada de risco, inovação e pro atividade) a capacidade de reduzir
a ineficiência no serviço público tão recorrente e persistente nesta esfera.

16.1- DEFINIÇÕES
O empreendedorismo é visto por alguns autores, como Llewellyn e Jones
(2003), Bozeman (2007) e Kim (2010), como uma força potencialmente capaz
de modificar e levar as organizações públicas a um nível, de fato, eficiente e
eficaz em seus processos. Para outros autores, o empreendedorismo pode ser
definido nos seguintes termos. Para Drucker (1985), empreender significa
modificar, perceber as necessidades de mudanças e encontrar as soluções
necessárias para que isso aconteça. Já Bellone e Goerl (1992) focam na
participação. Eles entendem o empreendedorismo como uma ferramenta que

56
possibilita aos cidadãos participar do planejamento público. Morris e Jones
(1999), por sua vez, percebem o empreendedorismo como um processo que cria
valores para a sociedade.

Na visão de Carpenter (2001), também compartilhada por Roberts e


King (1991) e por Roberts (1992), o empreendedorismo é um processo que
introduz novas ideias e, portanto, está relacionado ao conceito de inovação. Já
para Edwards et al. (2002), o empreendedorismo interliga a sociedade e
gestores, pois propõe estratégias que incentivam a participação social. Assim,
as pessoas podem auxiliar gestores a identificar as demandas sociais e a propor
soluções.

Contudo, de acordo com Stone (1992) e Currie et al. (2008), o


empreendedorismo público também é caracterizado por outras duas
dimensões, a tomada de risco e a pro atividade.

Diante dessas definições, entende-se o empreendedorismo como uma


ação capaz de fazer com que as organizações públicas se tornem mais
inovadoras, proativas e que tomem decisões conscientes. Portanto, o
empreendedorismo neste artigo é definido em termos de tomada de decisão,
inovação e pro atividade.

Definido sob essas três dimensões, torna-se então necessário expor as


qualificações do empreendedorismo.

16.2- DIMENSÕES
A tomada de decisão envolve a escolha, a opção que o gestor público
faz entre tomar uma ou outra decisão diante do uso do dinheiro público e por
isso, segundo Kim (2010), pressupõe decisões conscientes, mesmo perante as
incertezas de resultados.

A inovação significa, para Keys (1988, p. 62), “reestruturar os conceitos


existentes”, proporcionando a criação de outras realidades. Para Morris e
Kuratko (2002), é algo que abrange desde a promoção de novas ideias nas
tarefas ao desenvolvimento de novos serviços. Kim (2010) corrobora os
pensamentos de Morris e Kuratko ao defini-la como uma disposição para adotar
novos serviços e reestruturar os processos administrativos.

57
Quanto à pro atividade, Lumpkim e Dess (2001) alegam que esta
dimensão se resguarda no aumento da iniciativa a fim de, conforme dito por
Morris e Kuratko (2002), tentar antecipar questões futuras. Isso, segundo Kim
(2010), faz com que as organizações públicas deixem de agir de forma passiva
e passem não só a antever os problemas como a estar em alerta para as novas
oportunidades.

Desta forma, o significado de empreendedorismo público é a junção


destas três dimensões promovidas institucionalmente em que os gestores
devem escolher conscientemente para onde destinar os recursos públicos
aproveitando as oportunidades e buscando novos recursos, empregando-os em
ideias inovadoras que possam ampliar e melhorar a qualidade dos serviços
públicos.

17. AS CARACTERÍSTICAS ORGANIZACIONAIS:


CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS
Dentre as características presentes nas organizações, a hierarquia, a
formalização e a flexibilidade são listadas por Kim (2010) como atributos
pertencentes à estrutura que influenciam a adoção de ações empreendedoras.

De acordo com Moon (1999), a hierarquia é um fator que promove a


morosidade dos processos que inicia desde a demora nas comunicações até a
inibição para adotar ideias inovadoras. Portanto, muitos níveis hierárquicos nas
organizações públicas podem diminuir a implementação de práticas
empreendedoras.

A formalização, por sua vez, é entendida por Hall (1996) como os


procedimentos normalmente previstos em manuais e regulamentos. Isso,
segundo Ingram e Clay (2000), força os servidores públicos a ficarem presos
às regras diminuindo a autonomia das decisões, a adoção de novas ideias e
mesmo a pro atividade. Desta forma, quanto maior o grau de formalização mais
difícil será adotar o empreendedorismo.

Já a flexibilidade é vista por Kim (2010) como a facilidade em se adaptar


às mudanças. Logo, uma organização flexível pode conseguir aproveitar melhor
as oportunidades que surgem. Por conseguinte, quanto mais flexível, mais fácil
será implementar o empreendedorismo nesta organização.

58
Desta forma, a presença de muitos níveis hierárquicos e de muita
formalização não favorece o empreendedorismo. No entanto, a presença do
atributo flexibilidade favorece a implementação do empreendedorismo.

17.1- CARACTERÍSTICAS ADMINISTRATIVAS


Das características administrativas colocadas por Kim (2010), estão a
autonomia, a participação dos servidores na tomada de decisão, a presença de
recompensas baseadas no desempenho e a especialização dos servidores.

A autonomia, de acordo com Lumpkin e Dess (2001), é a ação


independente quanto a uma decisão. Para Kim (2010), essas decisões se
referem aos procedimentos rotineiros e administrativos que agilizam os
processos das organizações públicas. Deste modo, quanto mais autonomia as
organizações promovem, maior será o incentivo em tomar decisões e a adotar
ações proativas, características do empreendedorismo.

Já a participação dos servidores na tomada de decisão é vista


positivamente sob dois aspectos. Para Rainey e Bozeman (2000), aumenta a
satisfação dos servidores, pois estes se sentem mais importantes. Para
Andrews et al. (2007), este envolvimento auxilia os gestores na tomada de
decisão, já que os servidores detêm o conhecimento prático. Logo, possibilitar
a participação é algo que facilita o empreendedorismo público.

Nesse mesmo sentido, recompensar os servidores com base em seus


bons desempenhos, seja financeiramente ou não, de acordo com Kim (2010),
estimula-os a adotar ações inovadoras e proativas possibilitando o
empreendedorismo.

Quanto à especialização, Kim (2010) diz que os servidores


especializados tendem a reconhecer a necessidade de mudança e a ser menos
resistentes em relação a elas e, portanto, tomam decisões empreendedoras.
Nota-se assim, que todos os aspectos apresentados da característica
administrativa têm relação positiva com o empreendedorismo público.

17.2- CARACTERÍSTICAS CULTURAIS


Dos fatores que compõe as características culturais, três são
apresentados como fortes influenciadores do empreendedorismo. São eles: a
accountability, a presença de múltiplos objetivos e a orientação para resultados

59
(KIM, 2010). A accountability é entendida por Tinoco (2002), como a
responsabilização dos gestores em prestar contas à sociedade dos atos
praticados e por isso faz com eles tomem decisões conscientes buscando
alocar melhor os recursos públicos.

No entanto, Kim (2010) coloca a multiplicidade de objetivos como um


atributo negativo ao empreendedorismo. Isso porque, segundo ele, essa
diversidade acaba proporcionando uma divergência de buscas em que cada um
tenta atingir um propósito. Isso não leva a um direcionamento claro para a
tomada de decisão.

Já a orientação para resultados está atrelada ao objetivo da


organização e, segundo Bozeman (2007), deve ser focalizada no valor público.
Se a organização foca neste propósito, todo o seu processo está voltado para
o fim e não mais para as etapas intermediárias. Assim, os processos
administrativos se tornam mais desburocratizados, porque a busca final é o
bem-estar do cidadão.

Portanto, dos três fatores elencados, apenas a multiplicidade dos


objetivos é percebida pelos autores como um fator negativo ao
empreendedorismo público.

17.3- CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS


Os ambientes externos são percebidos por autores como Davidsson,
Low e Wright (2001), como implicadores diretos na atuação das organizações.
Kim (2010) estende esses efeitos para o setor público quando do
empreendedorismo. Dentre essas características, estão a influência política, a
responsabilidade legal e a competição.

De acordo com Nutt (2006), o ambiente político exerce uma influência


crítica na administração pública, isso porque, uma organização sob alto grau de
influência está sujeita a um maior controle por autoridades políticas (KIM, 2010).
Destarte, uma maior influência limita o empreendedorismo público, pois as
decisões são tomadas levando-se em consideração os interesses políticos de
outros agentes envolvidos.

A responsabilidade legal, para Bovens (2005), são práticas utilizadas


para controlar as atividades administrativas e financeiras das organizações.

60
Devido a isto, os gestores tendem a evitar as ações inovadoras (KIM, 2010).
Logo, quanto maior a responsabilidade legal mais difícil será implementar o
empreendedorismo.

Quanto à competição, Morris e Jones (1999) e Kim (2010) a percebem


como uma característica que pode levar, não à disputa no setor público, mas à
motivação. Seria uma forma de se espelhar em organizações públicas bem-
sucedidas e assim, melhorar a qualidade dos serviços públicos. Então, quanto
maior a percepção de competição, mais facilmente o empreendedorismo será
implementado.

Ante o exposto, percebe-se que a hierarquia, a formalização, a influência


política e a responsabilidade legal, quando presentes de forma substancial na
organização, são fatores que apresentam uma relação inversa ao
empreendedorismo público. Conquanto, existe uma relação positiva dos
quesitos flexibilidade, autonomia, participação nas tomadas de decisão,
existência de recompensas baseadas no desempenho, especialização,
presença da accountability, direcionamento para resultados e competição
percebida.

Nessa linha, percebe-se, diante do que foi explicitado, que a idealização


de o empreendedorismo estar ligado somente ao indivíduo deixa de existir
passando a ser considerado também o incentivo por parte das organizações,
em que as características organizacionais têm peso significativo. Para autores
como Valadares e Emmendoerfer (2015), o comportamento empreendedor
pode ser impulsionado pela própria organização, constituindo o que se
denomina de empreendedorismo corporativo.

No empreendedorismo público, a cultura organizacional se torna então


preponderante em relação ao comportamento empreendedor individual. No
entanto, não são pontos excludentes, mas inter-relacionados. Isso porque,
individualmente, não é possível adotar ações empreendedoras, principalmente
porque o ambiente público pressupõe coletividade, logo, todos devem ser e
estar envolvidos. Isso torna- se praticamente impossível sem o incentivo da
própria organização pública.

61
Portanto, as características organizacionais influenciam sobremaneira
a implantação do empreendedorismo no setor público.

18. O QUE É A INOVAÇÃO E O EMPREENDEDORISMO NO


SETOR PÚBLICO?
A inovação no setor público (ISP) tem sido objeto de constante interesse
de políticos e governantes na história da formação do Estado moderno, inclusive
no Brasil, para lidar com os desafios socioeconômicos de seu território nacional
e de suas relações com outros países. No século 20, com o desenvolvimento de
tecnologias de gestão, a ISP se tornou um tema de interesse internacional com
objetivo de inserir melhorias na administração pública. No século 21, a ISP
revela-se como uma necessidade para gestores públicos lidarem com as novas
demandas de uma sociedade cada vez mais conectada em rede, inclusive em
relação às políticas e serviços públicos.

A sociedade em rede, conceito idealizado por Castells (2009), não é mais


uma tendência e sim uma nova condição mundial, em que as pessoas passam
boa parte do seu dia a dia em conexões por meio da internet, usando
principalmente aparelhos móveis como celular e smartphone. Segundo dados
divulgados no relatório global digital pelas organizações especializadas em
mídias sociais na internet, como a We Are Social (2018), mais de 4,021 bilhões
de pessoas no mundo possuem acesso à internet e utilizam smartphones. Mais
de 70% dessa população usuária está conectada em alguma rede social virtual
como o Facebook. Atualmente, existem mais de 1 bilhão e meio de usuários
ativos no aplicativo WhatsApp.

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE


(2018), no ano de 2016, 64,7% da população com idade acima de 10 anos
declarou acessar a internet de modo frequente. Observa-se que as pessoas
numa sociedade em rede são aquelas que interagem online, buscam serviços
rápidos via dispositivo móvel e possuem potencial de mobilizar várias pessoas
pelos aplicativos eletrônicos, de qualquer lugar que tenha acesso à internet.
Essas pessoas gostam de inovações e esperam também isso da administração
pública nos níveis federal, estadual e municipal.

62
Segundo Castells e Cardoso (2005), as tecnologias de informação e
comunicação (TICs), como as redes sociais virtuais, são espaços eletrônicos que
têm cada vez mais modificado as formas de ação política, bem como as práticas
de gestão das organizações, inclusive no setor público.

O setor público é composto por organizações da administração pública


direta e indireta, nas quais servidores concursados convivem no trabalho com
funcionários terceirizados e com aqueles que ocupam cargos públicos de livre
nomeação (Valadares; Emmendoerfer, 2012), bem como aquelas pessoas
eleitas pelo voto da população. Dentre todas as pessoas que atuam em
organizações públicas, algumas apresentam comportamentos diferenciados,
que podem ser induzidos pelos cargos e setores de atuação, bem como pelos
próprios indivíduos, os quais são chamados de empreendedores.

Assim, ter iniciativa, gerar ideias e inovações, correr riscos calculados,


agir com liderança e comprometimento são alguns comportamentos
empreendedores que todas as pessoas possuem em potencial, que podem ser
mais ou menos estimulados e desenvolvidos dependendo da mentalidade e dos
interesses dos governantes ou gestores públicos. Os empreendedores não são
somente as pessoas que criam e atuam em organizações privadas, bem como
agem pela lógica de mercado3 (Drucker, 2016).

Na prática, observa-se que as pessoas agem como empreendedoras


independentemente da organização, do ambiente ou setor produtivo. Os
empreendedores, ao identificar e coordenar oportunidades, agem para atender
necessidades que podem ser individuais, coletivas e/ou de interesse público
(Shane; Venkataraman, 2000).

É fato que a pessoa empreendedora se atrai, assim como é atraída pela


lógica de mercado, um campo que permite o acesso à auto realização de forma
mais rápida e rentável de acordo com a intensidade prática de seus
comportamentos e o senso de urgência para o atendimento de seus interesses.

Mas isso está longe de ser a única ou principal condição para se


determinar o lugar do empreendedor na sociedade. Vale destacar que a palavra
“empreendedor” tem sua origem no latim imprehendere, que consiste em

63
prender algo nas mãos, comprometer-se e fazer acontecer, atitudes
espontâneas e inerentes do ser humano desde o seu surgimento neste planeta.

A partir do sentido francês entreprendre verifica-se que o empreendedor


(entrepreneur), principalmente na idade média, era aquele que realizava
determinado projeto, designando trabalhadores que executavam atividades
relacionadas a serviços de construção civil e obras públicas (Centre National de
Ressources Textuelles et Lexicales, 2018). Nesse sentido, pode-se dizer que
grandes empreendimentos da antiguidade e da modernidade, como aqueles
reconhecidos como as “maravilhas do mundo”, foram realizados por pessoas
com características empreendedoras.

Com o passar do tempo, a noção de empreendedor tem deixado de ser


algo estritamente relacionado à construção e obras públicas e passado a ser
tratada de forma mais ampla e em diferentes setores, como alguém que cria e
se responsabiliza por determinado trabalho ou empreendimento, assumindo
riscos sobre o mesmo (Hébert; Link, 2006). Essa noção de empreendedor pode
auxiliar no entendimento e em uma possível resposta a importantes “porquês”
de interesse público:

• Por que determinados municípios conseguem ter melhores resultados e


mais visibilidade do que outros?

• Por que existem organizações públicas mais efetivas do que outras?

• Por que determinados problemas sociais, aparentemente impossíveis de


solução, tornam-se objeto da agenda e de resolução em determinados
governos?

• Por que em determinadas organizações públicas existem ambientes


facilitadores de melhoria dos serviços públicos nos municípios?

• Por que as políticas públicas alcançam resultados mais satisfatórios em


certos municípios do que em outros, às vezes com mais infraestrutura e acesso
a recursos?

Uma resposta possível para todas essas perguntas seria: todos foram
eficientes e eficazes por meio de práticas de inovação e de empreendedorismo
no setor público. E, para analisar e interpretar essas práticas e subsidiar a

64
elaboração de novos modelos mentais no campo, existem correntes de
pensamento que têm servido de arcabouço teórico-conceitual, tanto de forma
explícita quanto de forma tácita, em estudos sobre inovação e
empreendedorismo, inclusive, no setor público.

As principais correntes de pensamento, com base em Landström e Lohrke


(2010), são:

• Econômica (Economics) – os empreendedores são voltados para a


inovação (Schumpeter, 1934, 1976; Bittar; Bastos; Moreira, 2014), centrada em
produtos e processos, considerando suas capacidades de tomada de decisões
em condições de risco e incertezas (Knight, 1921; Leyden; Link, 2015) e de
identificação de oportunidades e promoção de mudanças (Kizner, 1979; Faia;
Rosa; Machado, 2014) no ambiente.

• Ciências sociais (Social sciences) – os empreendedores são dotados


de firmeza de caráter e autoconfiança, cuja racionalidade é limitada (Simon,
1955), sendo suas ações motivadas por valores (Weber, 2009) não somente
econômicos, em que traços de personalidade (McClelland, 1961; Sadler, 2000)
e aspectos culturais fazem diferença no alcance de resultados.

• Gestão (Management) – os empreendedores agregam características


das duas correntes de pensamento supramencionadas e atuam com foco em
objetivos e em ocupações, inclusive gerenciais (Julien, 2010), buscando inovar
com ênfase em questões de marketing e organizacionais, de forma
intraempreendedora (Pinchot III, 1989).

Vale lembrar que o objetivo central deste livro é de apontar formas de se


compreender a inovação, bem como o empreendedorismo no setor público
(ESP), de forma cada vez mais articulada, para auxiliar o processo de tomada
de decisão de gestores públicos sobre mudanças – necessárias – na
administração pública contemporânea, sejam elas já conhecidas ou
contingenciais, derivadas de catástrofes ou eventos não previstos, implicando
gestão de crises – crisis management (Pearson; Clair, 1998) e práticas de
effectuation4 (Sarasvathy, 2008) nos territórios. Mas, independentemente da
situação ou problema a ser enfrentado, em termos teóricos e/ou práticos, é

65
necessário definir constitutivamente o que se entende por inovação e
empreendedorismo no setor público.

18.1- INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO


A inovação no setor público (ISP) pode ser tratada como criação e
implementação de novos processos, produtos, métodos e técnicas de prestação
de serviços públicos, que impliquem melhor desempenho em termos de
eficiência, eficácia e efetividade de resultados do setor público para a sociedade
(Mulgan; Albury, 2003; Albury, 2005). Neste livro, a ISP será tratada como uma
ideia (nova, melhorada ou renovada) e sistematizada para o contexto de sua
aplicação, com o intuito de solucionar um problema de interesse público, cujo
protagonismo é exercido, pelo menos inicialmente, por pessoas que demonstram
comportamentos empreendedores na administração pública.

Se a inovação é uma ideia nova, podemos representá-la como um


sinalizador que ilumina e direciona o que se pretende melhorar. A melhoria que
se espera irá surgir com base nos conteúdos que compõem esta inovação,
formada por quatro componentes essenciais.

• Por que introduzir? Justificativas e motivações para a ISP

• Onde realizar? Aplicações da ISP

• Como executar? Facilitadores e inibidores da ISP

• Quem promove e/ou coordena?

Empreendedores no Setor Público As questões relacionadas ao “quando”


e “quanto” investir estão inseridas na discussão de como executar a ISP.
Todavia, é importante lembrar que essas questões estão condicionadas pela
legislação vigente, como a Constituição Federal Brasileira de 1988, que define a
duração do mandato dos representantes políticos, bem como os instrumentos
normativos para execução do planejamento e orçamento para o setor público,
como o plano plurianual (PPA), lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e a lei
orçamentária anual (LOA) nos três níveis da Federação brasileira.

Além disso, a CF também norteou a formulação de políticas urbanas, por


meio do Plano Diretor (PD), integrando-o aos instrumentos de planejamento

66
público municipal. Observa-se que os quatro componentes da ISP
supramencionados servem como direcionadores que podem nortear o
planejamento dos gestores públicos, os quais poderão agir como
empreendedores. Entende-se neste livro que toda ISP teria que ter pelo menos
esses quatro componentes claramente compreendidos para poder ser
operacionalizada de maneira adequada nas organizações e nos municípios.

Assim, a ISP pode servir de orientação para ações públicas e poderá ser
conectada com outras iniciativas, inovadoras ou não, formando assim uma
congregação de inovações na administração pública em diferentes unidades de
trabalho e setores da sociedade. É importante destacar que uma ou mais
inovações para o setor público surgem na elaboração ou na implementação do
plano de gestão pública que se deseja realizar em um mandato governamental
de 4 anos.

Nesse sentido, para um pesquisador ou analista de gestão pública, uma


forma de analisar a inovação é identificar as novidades e/ou mudanças que se
pretende introduzir no setor público, bem como na sociedade por meio da gestão
pública, a partir do plano de governo proposto e que será discutido/aprovado no
Poder Legislativo. A geração ou a introdução de uma ISP na agenda da
administração pública pode advir de várias pessoas de dentro ou de fora do setor
público, como poderá ser observado na literatura especializada sobre
empreendedorismo no setor público.

Todavia, vale ressaltar que o empreendedor é algo diferente de


empreendedorismo. Sendo este último um campo de pesquisa cujos estudos
centram-se nas fontes de oportunidades para criar inovações (novos produtos –
bens e/ ou serviços, novos processos, novas formas de organizar as rotinas e
técnicas existentes) e no processo de geração, identificação, execução e
avaliação, por parte dos indivíduos que agem em prol dessas novidades (em
termos de realização), usando diversos meios para se atingir as finalidades
pretendidas (Shane; Venkataraman, 2000; Verga; Silva, 2014)

19. EMPREENDEDORISMO NO SETOR PÚBLICO


A partir do entendimento de que o empreendedor é aquele sujeito no setor
público que, de forma individual ou coletiva, idealiza, fomenta, produz, executa

67
ou coordena a inovação, é possível observar na literatura especializada
diferentes manifestações do empreendedorismo no setor público (ESP),
conforme estudos germinais realizados no exterior por Klein, Mahoney, Mcgahan
e Pitelis (2010) e, no Brasil, por Morais, Valadares, Emmendoerfer e Tonelli
(2015).

Nesse sentido, o empreendedor político (political entrepreneur) é uma das


formas frequentes de manifestação do comportamento empreendedor que
também se apresenta no setor público (Morais; Valadares; Emmendoerfer;
Tonelli, 2015) e pode envolver um ou mais indivíduos que atuam:

[...] conectando os interesses público e privado em uma ação


política, na provisão de bens coletivos.

Nesse processo, o empreendedor não só ajuda ao grupo a obter um


benefício coletivo que lhe seja necessário, mas também captura parte desse
benefício para si.

[...] Empreendedores políticos podem atuar tanto no sentido da


mudança quanto da estabilidade quando essa lhe interessa, mantendo
privilégios, status ou outros recursos (Capella, 2016, p. 488, grifo meu).

É importante ressaltar que o benefício coletivo gerado por


empreendedores no setor público, concordando com Kingdon (2003, p.123) e
Capella (2016), pode ser composto por um ou mais tipos de recompensas para
os envolvidos, que podem ser relacionadas à ISP:

• Individuais – benefícios materiais e incentivos pessoais gerados a partir


da ISP para os idealizadores e principais empreendedores. Exemplos:
manutenção e expansão de orçamentos, concursos públicos e programas de
capacitação de funcionários; e benefícios eleitorais para os políticos.

• Ideológicos – benefícios intencionais, baseados em ideologias, gerados


pela promoção de determinados princípios e valores numa política. Exemplos:
propostas de gerencialismo na administração pública (New Public Management),
o Estado de Bem-Estar Social (Welfare State), o Estado Empreendedor
(Entrepreneur State).

68
• Solidários – recompensas como a satisfação em participar, se engajar
e apoiar os empreendedores na defesa de suas ISP.

Na literatura especializada, há também os empreendedores institucionais


(institucional entrepreneur) e o de políticas públicas (policy entrepreneur). Com
base em Capella (2016, p. 488-489), coadunando-se com estudos de
pesquisadores como Kingdon (2003) e Battilana, Leca et al. (2009), esses
empreendedores são caracterizados como:

• Empreendedor institucional (foco mais interno e intraorganizacional) –


é aquele que, a partir do compartilhamento de suas crenças e valores, obtém
apoio para suas ISP, que são operacionalizadas em forma de projetos, com a
introdução de processos de mudança que alteram a configuração institucional
existente, bem como com a sua participação ativa na implementação da ISP.

• Empreendedor de políticas públicas (foco mais externo e


interorganizacional) – é aquele que defende suas ISP (ideias de inovação) de
mudança e de novas proposições nas políticas públicas.

Com exceção do empreendedor político (political entrepreneur), já


abordado anteriormente, que pode ser um ou mais sujeitos que não ocupam
cargos no setor público, representando interesses de organizações privadas, as
formas de empreendedorismo no setor público (ESP) supramencionadas
revelam características que se aproximam de comportamentos esperados de um
gestor público de projetos ou de políticas públicas, ou até mesmo de um analista
de políticas públicas (Secchi, 2016) para lidar com a complexidade e os
problemas públicos da contemporaneidade.

Somado a isso, Pereira, Oliveira, Valadares e Emmendoerfer (2016)


analisaram que governantes também podem expressar características
empreendedoras, como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, presidentes da
República Federativa do Brasil que expressaram vários comportamentos
empreendedores no setor público em seus respectivos mandatos.

Contudo, empreendedores políticos, institucionais, de políticas públicas


ou manifestando-se de outras formas no setor público, como será visto até o final
deste livro, podem buscar com a ISP agregar valor público (Moore, 2007) por

69
meio ou em parceria com a administração pública e podem ser estimulados por
diferentes e variados motivos de interesse público, os quais serão abordados na
próxima parte.

20. QUAIS AS JUSTIFICATIVAS PARA INOVAR NO SETOR


PÚBLICO?
Existem vários motivos que podem justificar a introdução e a mobilização
em prol da inovação no setor público (ISP), tais como: mitigar problemas e
desigualdades sociais; melhorar a qualidade dos serviços públicos na cidade;
substituir formas tradicionais de lidar com questões públicas que não trazem
bons resultados por outras mais eficientes e efetivas; atender demandas
reprimidas no município ou região etc.

Observa-se que os motivos estão associados a problemas


governamentais (de natureza interna) e públicos (de natureza externa), os quais
normalmente são reflexos de três determinantes: excesso, escassez ou riscos
(Secchi, 2016), conforme Quadro 1:

A introdução de inovações no setor público serve para lidar com esses


problemas e pode induzir oportunidades relevantes para: crescimento
econômico, bem-estar social e atração de investimentos (Avlonitis,
Papastathopoulou; Gounaris, 2001).

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico


(OCDE) tem sido uma entidade internacional com o escopo de auxiliar governos
no desenho e na análise de políticas nacionais e internacionais visando

70
promover a prosperidade e combater a pobreza por meio do crescimento e da
estabilidade financeira, considerando as implicações ambientais do
desenvolvimento econômico e social. Em 2014, a OCDE lançou o Observatório
da Inovação do Setor Público (OISP) com o objetivo de ser um lugar para
compartilhar, discutir e cocriar soluções que funcionam no setor público.

Em 2017, esse observatório lançou um documento de domínio público


sobre as principais tendências globais (Quadro 2) que estão orientando a
inovação nos governos, a fim de melhorar a qualidade dos serviços públicos e
da vida dos munícipes. Com base em Castells e Cardoso (2005, p. 124), o OISP
da OCDE pode ser considerado uma ação política de ativação e reativação de
ligações para cooperação, inclusive em ciência e tecnologia, entre entes públicos
e público-privados.

71
72
Todas as tendências globais da OCDE podem ser consideradas
antecedentes da inovação e servem de indutores para inspirar e mobilizar
empreendedores dentro e fora das organizações públicas em prol da ISP.

Para tanto, é importante distinguir o empreendedor nos setores público e


privado para que os agentes interessados na ISP, também conhecidos como
stakeholders (Gomes, 2005), principalmente os gestores e servidores públicos,

73
não tratem equivocadamente essas duas formas de empreender da mesma
maneira (Kearney et al., 2009), uma vez que possuem peculiaridades em virtude
do setor em que predominantemente atuam (Valadares; Emmendoerfer, 2015),
conforme Quadro 3.

Vale ressaltar que o empreendedor no setor público deve ser orientado


pelo ethos da administração pública, o qual é expresso pelos seus 11 princípios
básicos, previstos no artigo 37 da Constituição Federal do Brasil de 1988. São
os princípios da: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,
segurança jurídica, motivação, ampla defesa e do contraditório, indisponibilidade
do interesse público, supremacia do interesse público e continuidade do serviço
público. São esses princípios que necessitam ser sempre lembrados nas
aplicações da ISP para minimizar as apropriações privadas de aspectos
públicos, como tende a acontecer, mas não de modo exclusivo, quando há
empreendedores políticos atuando estritamente com o escopo de mercado na
administração pública.

A ausência ou a não incorporação desses princípios, os quais reiteram o


ethos público, pode aumentar o risco da perseguição cega de objetivos
essencialmente individualistas nas atividades diárias do serviço público, bem
como prescindir do valor público, repercutindo na promoção e no alcance
limitado do bem comum na sociedade.

74
Assim, a incorporação dos princípios básicos da administração pública em
planos e ações de inovação no setor público (ISP) pode estimular o fomento,
segundo Bellone e Goerl (1992), de um espírito cívico para que o
empreendedorismo seja fortalecido por uma cultura de cidadania marcada pela
participação sociopolítica, cujas práticas serão comentadas no decorrer das
próximas partes deste livro.

21. ONDE APLICAR A INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO?


A partir do entendimento dos motivos e tendências que mobilizam a
aplicação da ISP, é importante identificar por onde começar. Primeiramente, é
necessário realizar um diagnóstico dos problemas públicos existentes para
identificá-los de maneira adequada e, especialmente, priorizá-los conforme a
ordem de importância estabelecida em espaços públicos deliberativos como a
Câmara de Vereadores e Conselhos Gestores, ou ainda por meio de
instrumentos de controle social como: audiências, conferências, portal da
transparência, consultas públicas, redes sociais (Facebook, WhatsApp etc.).

Após o diagnóstico e a definição do problema público a ser enfrentado,


passa-se a analisar as alternativas de solução e descobrir qual delas é a mais
apropriada. Soluções podem ser genéricas ou também chamadas de
instrumentos de política pública (Secchi, 2013), possuem variações e estão à
disposição da administração pública para enfrentar problemas públicos,
conforme Quadro 4

75
76
As inovações para o setor público geralmente surgem da melhoria ou da
busca de outras alternativas a partir das variações das soluções genéricas
apresentadas no Quadro 4 com base no trabalho de Secchi (2016). Existem
várias práticas de geração de ideias, normalmente em grupo, que podem auxiliar
no levantamento de alternativas e na escolha da solução mais adequada para
iniciar uma ISP, conforme Quadro 5.

77
A partir da escolha da solução gerada por uma das práticas de geração
de ideias apresentadas no Quadro 5, esta solução poderá ser enquadrada em

78
um dos quatro tipos de inovação mais conhecidos mundialmente, conforme o
Quadro 6, elaborado com base na OCDE (2005).

São elas:

 Produto

(bem ou serviço público);

 Processo

(de trabalho ou produção);

 Organizacional

(estrutura da administração pública direta e indireta); e

 Marketing

(do produto, da organização ou do município).

79
80
Esses tipos de inovação têm sido propostos desde 1990 pelo OCDE em
suas diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação que podem
auxiliar governos no desenvolvimento econômico de seus territórios. Essas

81
diretrizes se tornaram internacionalmente conhecidas como Manual de Oslo,
documento que serve de base orientadora de políticas, internas e externas,
destinadas ao fomento da inovação nas organizações e municípios.

Na penúltima versão desse documento da OCDE (2005), traduzido pela


Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), foram incluídas discussões sobre
diferentes tipos de inovação e a implementação de pesquisas sobre inovação
em países em desenvolvimento. Na última versão, quarta edição do Manual de
Oslo em inglês (OCDE/Eurostat, 2018), foram incluídas questões de inovação
no âmbito governamental e sobre políticas públicas. Observa-se, assim, que os
tipos de inovação podem ser aplicados tanto nas atividades internas quanto
externas das organizações públicas, seja na prestação de serviços ou em
políticas públicas para lidar com problemas sociais e/ou econômicos.

Nas organizações públicas no Brasil, principalmente as vinculadas ao


Poder Executivo federal e estadual/distrital, desde 1996 a inovação tem sido
constantemente estimulada por meio do Concurso Inovação no Setor Público,
promovido anualmente, pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap),
em parceria com o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP),
no qual a noção de inovação é entendida como o: Desenvolvimento e
implementação de uma mudança significativa na forma como a organização
realiza suas funções ou nos serviços que ela entrega para a própria
administração ou a criação/melhoria de serviços prestados desde que produzam
resultados positivos para o serviço público e para a sociedade.

Podem envolver mudanças em serviços, processos e produtos. (Escola


Nacional de Administração Pública, 2017, p.16) Esse conjunto de mudanças tem
congregado essencialmente dois tipos de inovação, conforme Quadro 7.

82
Vale ressaltar que a inovação em produto (sob a forma de bens) pode
ocorrer também em organizações públicas, principalmente aquelas vinculadas à
administração pública indireta como as empresas estatais. Além disso, mais
recentemente, tem se observado iniciativas, nos entes governamentais em nível
nacional, estadual e municipal, relacionadas à inovação de marketing no setor
público.

Esse tipo de inovação pode ser algo motivado por uma vocação da cidade,
a fim de posicionar e distingui-la por meio de um logotipo, ícone, slogan ou marca
(Figura 1). Para Turok (2009), é uma forma da cidade se diferenciar e do governo
municipal revitalizar o seu posicionamento na sociedade, principalmente em sua
região.

83
A inovação no setor público (ISP) com foco em marketing de cidade pode
ser tratada como uma política rápida – fast policy (Peck, 2002). Para Peck e
Theodoreé (2015), a fast policy é uma forma de operacionalizar o governo
experimental, o qual busca com suporte de artes visuais promover com agilidade
uma ideia de projeto de desenvolvimento socioeconômico para o município.
Contudo, Turok (2009) chama atenção para que essa ISP não se torne uma
armadilha – uma ação fugaz e de natureza estritamente política – para a própria
cidade.

Nesse sentido, é fundamental que o processo de inovação seja endógeno


e colaborativo, envolvendo diferentes agentes públicos e privados e priorizando
insumos autóctones da região. Além disso, quanto mais envolver a sociedade na
cocriação e coprodução de bens e serviços públicos, maior será a legitimidade
das instituições envolvidas.

Dessa forma, ações de inovação em marketing, a priori de natureza


simbólica, como a discussão da criação e uso de logotipos para as cidades se

84
distinguirem, reforçarão a legitimidade pública das instituições e dos envolvidos,
na medida que se materializarem nos espaços públicos da cidade.

Na cocriação, segundo Fraga (2018), diversos atores podem contribuir


para o processo de geração de valor, com foco na competitividade e efetividade,
em diferentes etapas da prestação de um serviço, inclusive voluntário, como a
qualificação ou distinção de um território – cidade. O contexto da definição de
cocriação e, mais ainda, da cocriação de valor envolve a experiência cognitiva e
relacional. Ou seja, a interação e a aprendizagem dos atores que participam de
determinado processo influencia na obtenção de resultados, pois a cocriação
considera o aspecto interativo da geração de valor obtido por meio da relação
entre os elos da cadeia de criação de um bem ou serviço (Ribeiro; Tavares;
Costa, 2016).

Endossam esse argumento, os achados de Prahalad e Ramaswamy


(2002; 2004), situados na perspectiva de que a cocriação tem como escopo
aumentar a competitividade e a visibilidade de determinado processo produtivo
(Ribeiro; Tavares; Costa, 2016). Nesse sentido, tal lógica pode ser apropriada
em diferentes contextos, como na qualificação do oferecimento de determinado
bem ou serviço de interesse coletivo.

No que diz respeito à coprodução, suas definições conceituais seminais


são claras: trata-se do “processo através do qual os insumos utilizados para
produzir um bem ou serviço são providos por indivíduos que não estão na
mesma organização “ (Ostrom, 1996, p. 1073, tradução minha). Considerando-
se o contexto do presente trabalho, trazendo-se as reflexões sobre a coprodução
para o âmbito público, é possível perceber a existência de uma evolução em
relação ao conceito, uma vez que inicialmente o mesmo tenha surgido para
tornar o Estado mais eficiente, delegando atribuições para outros agentes na
prestação de serviços públicos.

Contudo, frente às mudanças e tendências ocorridas na administração


pública desde as discussões iniciais sobre coprodução na década de 1970,
percebe-se que a mesma evoluiu, relacionando-se à maior adesão dos bens e
serviços públicos aos seus utilizadores, gerando maior valor e atendendo às
necessidades e desejos reais dos cidadãos e demais stakeholders, uma vez que

85
os mesmos se tornam parte do processo de geração e oferta de valor (Brandsen;
Honing, 2016).

Nas discussões sobre coprodução, o papel do usuário de um determinado


serviço tende a ser mais restrito e operacional, uma vez que o foco de sua
atuação se concentra especificamente no processo produtivo (Morais; Santos,
2015).

Dessa forma, contata-se ainda que a ideia de coprodução mostra-se mais


aderente com o contexto da área pública, centrado em um bem comum como
um território ou cidade, em que o foco está mais na questão da efetividade dos
serviços do que na competitividade e geração de resultados pecuniários. As
práticas de cocriação e coprodução aplicadas no setor público, inclusive de
forma interativa com a sociedade civil, são atividades que se constituem fontes
férteis de inovações (Steinmueller, 2013).

Somado a isso, essas práticas tendem a minimizar o risco de a ISP ser


mantida somente por um mandato governamental ou grupo político ou ainda por
organizações privadas cujas riquezas geradas não permanecem
predominantemente na cidade para fins de seu desenvolvimento. Esta não
permanência das riquezas geradas pela inovação no setor público com foco em
marketing é um dos desdobramentos, que podem ser não intencionais, para as
quais Turok (2009) busca chamar atenção no processo de tornar uma cidade
distintiva.

Assim, uma marca auxilia na comunicação da identidade visual e da


imagem pública institucionalizada interna e nas relações externas ao município.
Há cidades no Brasil em que agentes públicos e privados se unem para gerar
novos negócios e desenvolver iniciativas de trabalho e renda para o município,
como Florianópolis (SC) – Capital da Inovação –, ou Recife (PE) como Capital
da Criatividade. Ashton, Emmendoerfer e Emmendoerfer (2018) chamaram essa
prática de adjetivação identitária especializada (AIE), direcionada para um
território, no caso a cidade, e que consiste:

[...] num elemento que irá ser acrescentado ao nome do território


como se fosse um sobrenome ou nome social ou artístico, que permite
identificar o local como um produtor e comercializador de determinados

86
bens e serviços próprios e autênticos de um segmento produtivo
existente no território, a fim de prospectá-lo como um local de (possível)
referência em uma determinada especialização (Ashton; Emmendoerfer;
Emmendoerfer, 2018, p. 66).

Outras cidades se envolvem com outras entidades externas ao seu


território que possam distinguir e reconhecer uma vocação local como central
para ampliar sua visibilidade e projeção nacional e no exterior. Essa distinção
pode partir, de forma exógena, da iniciativa de entidades externas ao município,
por exemplo, a cidade de Florianópolis (SC) que está no ranking das cidades
mais empreendedoras do Brasil, conforme pesquisa anual do Instituto
Empreender Endeavor. Esse instituto é uma organização sem fins lucrativos e
compartilha a metodologia com os indicadores utilizados para classificar uma
cidade como empreendedora (Endeavor, 2017).

Mas também a busca por uma distinção para a cidade pode partir, de
forma endógena, da iniciativa de uma mobilização interna de organizações e
coletivos situados no próprio município, como a cidade Belém (PA). Agentes
públicos e privados dessa cidade organizaram o pleito para tornar a cidade de
Belém a Capital da Unesco da Gastronomia, reconhecida em 2015, o que
permitiu a essa cidade integrar a rede internacional de cidades criativas da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –
Unesco (2018).

Com base no trabalho de Peck e Theodoreé (2015), a inserção da cidade


de Belém na rede da Unesco ou qualquer outra cidade numa rede internacional,
em que as cidades estão unidas por uma vocação ou distinção, pode ilustrar uma
forma de fast-policy que busca aprofundar e efetivar a interconectividade
transfronteiriça entre países de diferentes continentes, envolvendo inovações e
a institucionalização de práticas ágeis, algumas delas isomórficas e de imitação,
que aceleraram o aprendizado de forma cosmopolita e a vida cotidiana das
pessoas dos lugares conectados.

Em termos estruturantes, normalmente a inovação em marketing no setor


público é consequência da adoção ou geração de outras inovações conduzidas
no ou pelo governo municipal, de modo centralizado ou de forma cooperativa
com organizações públicas e privadas. A Tabela 1 apresenta as cidades no

87
Brasil que têm se destacado como as mais empreendedoras e as mais
inovadoras, com ações para o mercado e para as organizações públicas.

Segundo a Endeavor (2017), as cidades empreendedoras são


consideradas lugares que possuem infraestrutura, legislação e atividades
organizadas que potencializam e atraem pessoas que buscam empreender por
meio da criação de novos negócios. Já as cidades inovadoras possuem os
mesmos aspectos das cidades empreendedoras e acrescentam práticas
institucionalizadas e integradas voltadas à geração de inovações e transferência
de tecnologias de interesses público e privado.

88
A cidade empreendedora, inovadora ou qualquer outro adjetivo
empregado associado a ela (como cidade verde, criativa ou inteligente) é uma
variação da inovação de marketing da imagem do município, a fim de distingui-
lo em relação aos outros e promover a atração de investimentos para o
desenvolvimento local.

Para tanto, todos stakeholders, especialmente o governo com seus


serviços públicos, necessitam criar um ambiente favorável à inovação, dentro e
fora de suas organizações, como se fosse um ecossistema, algo que representa
relações de dependência e de interações contínuas entre os agentes envolvidos
(Faria, 2018), para transformar a ideia da inovação em algo efetivo e perceptível
para a sociedade em níveis local e regional.

No Brasil, o InovaGov (2018) é uma rede de inovação no setor público


que busca fomentar o ecossistema de inovação no Governo Federal; surgiu a
partir de um acordo de Cooperação Técnica entre o Tribunal de Contas da União
(TCU), Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e o Conselho da
Justiça Federal em 2016. Ressalta-se que criar um laboratório de inovação,
conforme apontado na parte três deste livro, ou fazer parte de uma rede de
inovação no setor público como acima mencionado, são iniciativas importantes
para estimular o empreendedorismo em prol da administração pública.

Bason (2018) menciona que essas iniciativas geram tensões entre cultura
burocrática (dominante nas organizações do setor público) e comportamentos
inovadores/empreendedores. Para o autor, são forças opostas que disputam o
ambiente público.

Nesse sentido, o estímulo à criação de ecossistemas de inovação no setor


público requer revisão de todo um contexto de cultura, normas e estratégias que
acabam, habitualmente, funcionando como focos de resistência aos esforços
inovadores. Isso envolve tanto a dimensão cultural como também aspectos
normativos como leis, regulamentos, normas, que condicionam e regem o
habitus no serviço público. Essa discussão é aprofundada nas próximas duas
partes do livro.

89
22. QUAIS SÃO OS FATORES FACILITADORES E INIBIDORES
DA INOVAÇÃO E DO EMPREENDEDORISMO NO SETOR
PÚBLICO?
Para saber onde priorizar e qual tipo de inovação empregar, é
recomendável identificar e desenvolver capacidades de inovação aderentes ao
setor público (Valladares; Vasconcellos; Di Serio, 2014), que podem determinar
o sucesso ou insucesso do processo e dos resultados de inovação. O Quadro 8
descreve oito capacidades de inovação, as quais também interferem na
propensão a empreender no setor público:

90
No que tange à execução dos tipos de aplicações de ISP, observa-se no
Quadro 8 que a gestão de projetos é uma capacidade requerida para inovar nas
organizações. Assim, o planejamento estratégico situacional (PES), idealizado
pelo economista Chileno Carlos Matus, é uma forma de conduzir planos e
projetos públicos voltados para processos e resultados que prezam pelos
interesses coletivos dos envolvidos (Fraga, 2018).

O PES tornaria isso possível ao considerar a inserção do papel político do


planejador bem como o comportamento de todos os atores envolvidos de modo
a construir políticas públicas com base no consenso entre os diversos atores
sociais, em espaços para deliberação (Huertas, 1996). Isso aconteceria em
quatro etapas dinâmicas e que podem ser constantemente revisitadas:

 Explicativa – nesta etapa os problemas públicos são levantados e


discutidos entre diversos atores sociais, correspondendo a um tipo de
diagnóstico obtido por meio do diálogo e participação. Neste ato se
identificam possíveis soluções – inovações ISP.
 Normativa – definição do conteúdo do plano para o direcionamento do
curso de ação para a inovação.
 Estratégica – avaliação da viabilidade do plano ISP.
 Tática-operacional – aplicação das ações planejadas – implementação
da ISP.

91
Nesse sentido, seja em termos extensionistas por meio do método da
pesquisa-ação (Lewin,1946; Thiollent, 2011), seja por meio da lógica do
gerenciamento ágil de projetos (Amaral; Conforto; Benassi; Araujo, 2011), pode-
se atender a abordagem tático-operacional do PES no contexto da ISP.
Especialmente por meio dessa última técnica, uma vez que a questão da
agilidade está relacionada tanto à urgência de maior eficiência e de soluções
positivas demandadas pela sociedade, quanto ao tempo do mandato
governamental, que pode ser considerado curto para determinadas inovações.

Assim, sob a abordagem do gerenciamento ágil de projetos, o trabalho de


Wu, Ramesh, Howlett e Fritzen (2014) pode fornecer subsídios para a
elaboração de um roteiro estratégico de implementação de um projeto ISP,
especialmente se o empreendedorismo for associado a políticas públicas. O
projeto ISP também pode ser entendido como um conjunto de atividades
temporárias, realizadas em grupo, destinadas a produzir um tipo de inovação
que trará benefícios internos e externos ao governo.

Assim, se os benefícios forem centrados na melhoria do ambiente interno


das organizações públicas, a gestão de projeto pode ser realizada desde pela
clássica abordagem PDCA, que se refere a um conjunto de ferramentas de
gestão da qualidade total (TQM – Total Quality Management), cuja abreviatura
significa Plan – Planejar; Do – Fazer; Check – Controlar; e Act – Agir (Campos,
2001), até por meio de instrumentos sofisticados como o guia PMBOK – Project
Management Body of Knowledge, que é constituído por um conjunto de práticas
aplicáveis à gestão de projetos (PMI, 2017) e congrega conhecimentos
relevantes para a gestão pública na condução de projetos, inclusive de ISP,
como: integração, escopo, tempo, custos, qualidade, recursos humanos,
comunicações, riscos, aquisições e stakeholders (para além da equipe do
projeto).

Para que o produto de um projeto de ISP possa ser desenvolvido a fim de


alcançar o resultado desejado, Dewes, Neves, Jung e Catenc (2012) verificaram
que há aspectos facilitadores que podem tornar ambientes organizacionais
favoráveis à implementação de inovações no setor público, conforme Figura 2.

92
Nesse sentido, a partir de um ambiente que apresenta facilitadores da
inovação e inspirado no trabalho de Amaral et al. (2011), o gerenciamento ágil
de projetos ISP tem o objetivo e a capacidade de tornar o processo de gestão de
projetos mais simples, flexível e interativo, de forma a se obter melhores
resultados em desempenho (tempo, custo e qualidade) e na agregação de valor
aos stakeholders. E, para que isso seja possível, pelo menos são necessários
alguns indutores fundamentais:

 vontade política dos Poderes Executivo e Legislativo – podem-se


gerar mudanças estratégicas no serviço público que requerem decisões
fortes do topo para a base. Tais mudanças podem ser baseadas em
ideologia ou em resposta a eventos críticos e pressões. A vontade política
também pode se refletir através da imposição de metas de desempenho;
 recursos financeiros – economizados, arrecadados ou captados nos
governos municipais, estaduais, federais e organizações internacionais;
 imposição legal – refere-se à criação de normas, regulação, lei, decreto,
emenda constitucional ou ação governamental que induzem inovação –
como o novo Marco Regulatório de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I)
no Brasil, por meio do Decreto Federal nº 9.283/2018, que estabelece
medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no
ambiente produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da

93
autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo
nacional e regional;
 fatores tecnológicos – que envolvem o surgimento ou disponibilidade de
novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), como a criação
de aplicativos (Apps) que oferecem acesso a serviços públicos pelo
ambiente virtual, inclusive associados às práticas de governo aberto ou
eletrônico (e-gov), por meio de unidades de trabalho especializadas,
externas ou internas às organizações públicas.

Todos esses indutores da inovação podem facilitar ou dificultar a


execução da ISP, depende de como os governantes e gestores públicos vão lidar
com os problemas públicos. A título de ilustração, a imposição legal. Espera-se
que haja sensibilidade e reconhecimento da inovação como forma de prover
boas soluções com resultados positivos para mitigar ou eliminar problemas
públicos. Entretanto é importante reconhecer que há barreiras que podem agir
como inibidores tanto do projeto quanto do processo de ISP nas organizações,
conforme Quadro 9

94
95
Há abordagens que tratam das barreiras e facilitadores como
determinantes da inovação, que antecedem a discussão de tipos de aplicação e
processos de ISP. Entretanto, independentemente da sequência e do
ordenamento, o importante é considerar esses elementos e os demais já
comentados nos tópicos anteriores no processo de trabalho interno nas
organizações ou em articulação com outras por meio de políticas públicas para
se promover a ISP, como ilustrado no esquema (framework) na Figura 3.

Com base na Figura 3, para se apurar com objetividade os resultados de


inovação, é importante definir critérios para avaliação da ISP. Para analisar as
iniciativas de inovação no Poder Executivo federal e estadual/ distrital no Brasil,

96
a Enap (2017) propôs critérios para avaliar práticas inovadoras que também
servem para observar as potencialidades de projetos ISP, conforme Quadro 10.

97
Os critérios acima apresentados também podem contribuir para a
identificação do valor público da inovação. É importante mencionar que os
critérios de avaliação de práticas inovadoras – inovação; resultados e/ ou
impactos; utilização eficiente de recursos; parcerias; participação dos
beneficiários; mecanismos de transparência e controle social; grau de
replicabilidade; e, grau de sustentabilidade – originalmente adotados pela Enap
(2017) por meio do seu concurso anual de inovação no setor público foram
adaptados para fins de gestão de projetos ou práticas de ISP por haver o
entendimento de que esses critérios são pertinentes para análise e aplicação no
setor público.

Observa-se, assim, que o foco dos critérios utilizados pela Enap (2017) é
a efetividade (o alcance) da inovação, enquanto, aqui nesta parte, por meio da
discussão realizada a partir do Quadro 10, trata-se de acrescentar a
possibilidade de se avaliar de forma criteriosa as potencialidades de um projeto
ISP, que podem servir de fundamentação para persuadir positivamente gestores
públicos a empreender no setor público.

A partir desses conhecimentos, os responsáveis pela administração


pública nos entes federativos no Brasil podem enfrentar o dilema de saber
escolher bem os gestores de projetos ISP, bem como estimular o
desenvolvimento e empoderamento desses profissionais do serviço público no
ambiente de trabalho para o gerenciamento ágil de projetos de inovação e de
fomento ao empreendedorismo. Este tem sido um dos desafios das áreas de

98
gestão de pessoas, relações de trabalho e comportamento humano nas
organizações do setor público.

Ainda são raras as experiências documentadas, compartilhadas e de


domínio público sobre empreendedorismo no setor público que promoveram
inovações de forma direta e no interior das organizações públicas. Leyden e Link
(2015) mencionam que existem significantes barreiras institucionais e culturais
dentro do setor público que impedem que uma política interna de
empreendedorismo se concretize nas organizações do setor público.

Todavia, há uma experiência relevante que promoveu inovações a partir


de mudanças no sistema de gestão de pessoas no setor público. Foi o caso do
cargo de empreendedor público, institucionalizado e implementado no período
de 2007 a 2014 no Governo do Estado de Minas Gerais. Em relação a esse caso,
o trabalho de Bernardi (2010) trata de forma positiva o surgimento e a
implementação do cargo, bem como do seu sistema de gestão para seleção e
monitoramento de empreendedores públicos.

Já os trabalhos de Valadares e Emmendoerfer (2012) e de Andrade e


Ckagnazaroff (2018) realizam análises e traçam reflexões sobre a efetividade de
processos de gestão de pessoas e práticas relacionadas a esse cargo à luz dos
estudos sobre competências. De toda forma, a experiência dos Empreendedores
Públicos no Governo do Estado de Minas Gerais no Brasil, segundo Leyden e
Link (2015), é uma forma direta do empreendedorismo no setor público (ESP)
que permitiu desenvolver uma oportunidade até então inexplorada em governos
estaduais, no caso, induzir o comportamento empreendedor em um conjunto de
cargos de livre nomeação para realização de projetos estratégicos do governo.

Se, por um lado, a implementação dessa inovação repercutiu na criação


e mudanças na estrutura organizacional do governo, bem como no alcance dos
resultados estabelecidos por meio de empreendedores públicos, por outro,
favoreceu o insulamento burocrático no governo, aumentando o prestígio e o
poder de atuação da área gestora dos empreendedores públicos (Valadares,
2013), considerados uma “tropa de elite” para a gestão de projetos estratégicos.

Contudo, a experiência de ESP no Brasil instigou (e ainda pode instigar


mais) pesquisas que podem auxiliar na identificação e no fomento de

99
empreendedores no setor público, para compreender com mais adequabilidade
quem são eles, quando não se tem um cargo explícito ou um instrumento de
reconhecimento que permite identificá-los. Vale destacar que, segundo Xavier
(2011), o insulamento burocrático6 limita a gestão das organizações em base
tecnicista, ao ter de forma concentrada e fechada a tomada de decisão
juntamente com a formulação e implementação da política pública. Isso
desestimula o gestor público e os demais stakeholders a estabelecer práticas de
transparência e responsabilização por seus atos.

Dessa forma, o insulamento burocrático torna a administração pública


imune ao controle da sociedade e do sistema político, podendo comprometer a
sustentabilidade da democracia (Valadares, 2013). Por um lado, tal situação
pode ser estimulada e argumentada, utilizando, de forma intencional e desviante,
a política baseada em evidências – Evidence-Based Policy (Pawson, 2006), que
pode ser considerada como: A política baseada em evidências científicas é uma
abordagem para a tomada de decisões políticas que tem como objetivo
assegurar que a tomada de decisões esteja bem fundamentada pela melhor
evidência científica disponível. É caracterizada pelo acesso transparente e
sistemático às evidências e pela avaliação de tais evidências como insumos do
processo de formulação de políticas.

Presume-se que o processo geral de formulação de políticas não seja


sistemático e transparente. No entanto, dentro do processo geral de formulação
de políticas, são usados processos sistemáticos para garantir que a pesquisa
relevante seja identificada, avaliada e usada de maneira adequada. Estes
processos são transparentes para garantir que outros possam examinar quais
evidências de pesquisa foram usadas para subsidiar as decisões relacionadas
às políticas, bem como os julgamentos feitos sobre as evidências e suas
implicações. A formulação de políticas com base em evidências ajuda os
formuladores de política a entender estes processos (Oxman; Lavis; Lewin;
Fretheim, 2009, p. 3).

Por outro lado, essa mesma abordagem pode ser uma forma de revelar
de forma sistematizada evidências de ações praticadas por empreendedores no
setor público em programas sociais (Lucas, 2017) e no contexto do governo
experimental (Halpern, 2015). Contudo, os empreendedores no contexto da

100
política baseada em evidências8 (PBE) requerem o desenvolvimento e a
aplicação de determinadas capacidades para lidar com oportunidades de
inovação frente a problemas públicos. Com base no estudo de Roberts e King
(1991), essas capacidades envolvem:

• entender a proposta da política e identificar os principais atores


(stakeholders) para trabalhar juntos; e

• sintetizar histórias interessantes de forma simples a partir dos resultados


da pesquisa e comunicá-las por meio da técnica storytelling.

Cabe ressaltar que as competências supramencionadas também podem


possibilitar a servidores estatais e pesquisadores atuarem como
empreendedores políticos a fim de influenciar ações nas organizações públicas,
bem como o ciclo de políticas públicas (Lasswell, 1951). Mas, para isso, os
empreendedores políticos precisam de uma intenção clara – eles precisam
realmente querer fazê-lo. Transformar um pesquisador em um empreendedor
político ou um grupo de pesquisa em um think tank focado em gestão e políticas
públicas envolve uma reorientação fundamental (Campbell, 1973).

Segundo Young e Mendizabal (2009), em vez de conquistas acadêmicas,


os pesquisadores devem desenvolver uma agenda de pesquisa com foco em
questões de política e não estritamente em interesses acadêmicos. Isso requer
desenvolver novas competências para gerir equipes multidisciplinares;
estabelecer novos sistemas e incentivos internos; dedicar-se mais às
comunicações e divulgações, inclusive pelas redes sociais; produzir diferentes
produtos técnicos e tecnológicos para além de artigos científicos; e trabalhar
mais em parcerias e redes.

Além dessas, outras características e comportamentos relacionados ao


empreendedor no setor público serão discutidos na próxima parte.

23. QUEM SÃO OS EMPREENDEDORES NO SETOR PÚBLICO?


Não existe consenso e nem pesquisas que revelem o melhor perfil de
profissional para conduzir uma ISP. Entretanto, neste texto entendesse que os
representantes políticos nos governos, os servidores públicos de carreira ou em
cargos de confiança que expressam comportamentos empreendedores no setor

101
público podem ser um perfil adequado para coordenar a ISP. Há mais de 200
anos tem se verificado que um empreendedor age como um mediador, que
combina diferentes fatores e recursos, normalmente escassos, para gerar bens
e serviços, ao mesmo tempo que é capaz de usar uma invenção e explorar uma
inovação (Say, 1803).

No setor público, Kingdon (2003) destaca três características que


possibilitam identificar de forma preliminar comportamentos empreendedores de
um agente público:

 Capacidade comunicativa de transmitir confiança e credibilidade frente a


um público, com base em perícia em determinado assunto ou em sua
posição formal no processo decisório;
 Habilidade de estabelecer conexões políticas e habilidades de
negociação;
 Persistência, implicando disponibilidade e dedicação de recursos
pessoais para alcançar o objetivo proposto.

Na segunda parte deste livro, foi observado que as noções de


empreendedores políticos institucionais e de políticas públicas estão
normalmente associadas a governantes, altos dirigentes e cargos de
assessoramento da alta administração pública. As pessoas que ocupam esses
postos de trabalho nas organizações públicas, exercendo comportamentos
empreendedores, têm sido tratadas na literatura especializada como
empreendedores corporativos.

23.1- EMPREENDEDOR CORPORATIVO NO SETOR


PÚBLICO
Esse sujeito tem sido entendido pela literatura por meio de um conjunto
de comportamentos direcionados para renovação estratégica (Barringer;
Bluedorn, 1999), fazendo com que processos burocráticos se tornem inovadores
(Shaw; O’Loughlin; McFadzean, 2005). Para que isso ocorra, a organização
precisa adotar práticas organizacionais específicas, como descentralizar a
autoridade, tornar a tomada de decisão cooperativa, minimizar a burocracia,
encorajar a aceitação de riscos e promover criatividade (Hayton, 2005;
Zampetakis; Moutakis, 2007).

102
Segundo Pearce II, Kramer e Robbins (1997) e Zampetakis e Moutakis (2010), essas
práticas contribuiriam para o desenvolvimento de um gestor ou tomador de decisões com visão
mais holística e inclinado a realizar mudanças organizacionais focadas na geração e agregação
de valor para o setor público e a sociedade.

Assim, o empreendedor corporativo no setor público seria aquele que


busca promover a orientação empreendedora, bem como comportamentos
empreendedores que irão direcionar ações internas e externas a serem
implementadas nas organizações públicas (Diefenbach, 2011; Valadares, 2013).
Esse direcionamento sob uma perspectiva estratégica seria composto, segundo
Lumpkin e Dess (1996) e Lima, Dantas, Teixeira e Almeida (2018), por
dimensões que podem ser percebidas, de forma individual ou conjunta, em
processos e decisões nas organizações, conforme Quadro 11.

Das dimensões expostas no Quadro 11, com exceção da autonomia, as


demais se repetem em várias conceituações na literatura especializada, tais
como a de Kearney (2007), de Currie, Humphreys, Ucbasaran e McManus (2008)

103
e de Morris, Kuratko e Covin (2008). Outro ponto em comum é que algumas
conceituações incorporam o conceito de criação de valor na definição de
orientação empreendedora nas organizações (Morris; Jones, 1999; Bernier;
Hafsi, 2007).

Para que a orientação empreendedora, às vezes traçada por


empreendedores corporativos, se efetive no setor público, segundo Leyden e
Link (2015), de forma direta por meio de políticas organizacionais, ou de forma
indireta na sociedade, através de políticas públicas, é necessário cultivar o
empreendedorismo interno nas organizações, em cargos não estratégicos,
relacionados às operações e serviços públicos do dia a dia (Emmendoerfer;
Valadares; Hashimoto, 2010).

Esses servidores e funcionários públicos de níveis tático e operacional,


quando expressam e agem com características empreendedoras, são
conhecidos como intraempreendedores nas organizações. O Quadro 12 faz
uma comparação entre gerentes tradicionais e intraempreendedores.

104
No estudo de Cavalcanti (2005), o sujeito com características
intraempreendedoras e que atuava em cargo de autoridade de nível gerencial
nas organizações públicas foi tratado por este autor como um gerente
equalizador. Para estimular a presença de intraempreendedores no setor
público, é importante que a alta administração pública nos governos federal,
estadual e municipal desenvolva meios voltados para uma cultura nas
organizações favorável ao intraempreendedorismo, que é diferente da cultura
tradicional nas organizações, conforme observado no Quadro 13.

105
Observa-se que podem existir diferentes expressões e tipos de
empreendedores no setor público. Todos eles contribuem para realizar uma ou
mais possíveis funções do Estado no contexto da ISP (Kattel; Karo, 2016;
Cavalcante, Cunha, 2017), sendo elas investimentos por meio de:

 Políticas de ciência, tecnologia e inovação – por meio do


fomento e do financiamento de projetos, o governo cria as fontes e
as condições para a sociedade inovar. Exemplos: Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) e a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa).
 Políticas de empreendedorismo e para micro e pequenas
empresas (MPEs) – por meio do fomento e do financiamento de
projetos, o governo cria as fontes e as condições para a sociedade
empreender no mercado. Exemplos: Lei do Microempreendedor
Individual (MEI); Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais
(BDMG); Unidades públicas de coworking (como incubadoras e
parques tecnológicos, inclusive com foco em tecnologias sociais)

106
como o projeto Worktiba, coordenado pelo Instituto Municipal de
Administração Pública (Imap) de Curitiba (PR);
 Inovações via compras públicas – o governo pode induzir a
produção e a aquisição de novas tecnologias e produtos que estão
sendo desenvolvidos pelo mercado, incorporando valores e
princípios, como a sustentabilidade. Exemplo: contratações
públicas sustentáveis do Ministério do Planejamento.
 Inovações institucionais econômicas – criação de novos
arranjos institucionais que modificam as regras do jogo na
economia. Exemplo: agências reguladoras como a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), criadas pelo Governo
Federal na década de 1990.
 Inovações institucionais políticas – inovações que modificam as
regras do jogo político. Exemplos: orçamento participativo e a
criação de conselhos gestores de políticas públicas.
 Inovações em serviços públicos – refere-se à incorporação de
tendências de gestão (como aquelas da OCDE observadas na
parte 3) com vistas à melhoria de processos administrativos e/ou
prestação de serviços à sociedade. Exemplo: Unidades de
Atendimento Integrado Presencial ou Virtual de Serviços Públicos
como o UAI (Minas Gerais).
 Inovação organizacional – criação ou alteração de organizações,
de processos decisórios ou de gestão. Exemplos: criação de
laboratório de inovação e de redes de inovação nos governos
(subnacionais, nacionais e internacionais).

Assim, o empreendedorismo no setor público (ESP) associado a uma ou


mais dessas funções do Estado no contexto da inovação pode contribuir para o
surgimento de um State Entrepreneurship e de governos empreendedores
(Entrepreneurial Governments). O State Entrepreneurship tem sido abordado
pelo menos sob duas vertentes na literatura especializada, uma centrada no
empreendedorismo estatal e outra, mais recente, no Estado empreendedor:

• Empreendedorismo estatal – a partir do controle direto de empresas


produtivas pelo Estado (Freeman, 1982). Segundo esse autor, é uma política em

107
que empresas produtivas são de propriedade do Estado e funcionam de acordo
com as regras do mercado. Tal política emerge historicamente como uma
resposta nacionalista às dificuldades de industrialização e ao contexto de
dependência do capital e de tecnologias estrangeiras. Segundo Evans (1982), a
industrialização brasileira (décadas de 1930 e 1940), por exemplo, pode ser
compreendida como uma manifestação do empreendedorismo estatal.

• Estado empreendedor - é tratado como um ator fundamental para o


empreendedorismo nos mercados (Nasra; Dacin, 2010). Esses autores indicam
que o Estado empreendedor seria capaz de reconhecer oportunidades e
capitalizar essas oportunidades a partir da criação de instituições capazes de
desenvolver a economia (como o Sistema “S” no Brasil), sendo este o papel
institucional do Estado empreendedor.

A respeito do governo empreendedor, os pesquisadores Osborne e


Gaebler (1994) influenciaram o discurso e a ação governamental pela
perspectiva do ESP em vários lugares do mundo (Kettl, 2006), como: a gestão
de Bill Clinton – Estados Unidos da América (EUA), reformas político-
administrativas na Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia e no Brasil, com diversos
exemplos nos níveis federal, estadual e municipal. O foco do governo
empreendedor reside na eficiência e no cultivo do gerencialismo.

No Governo Federal, houve a implementação do Plano Diretor da


Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) em 1995 (Bresser-Pereira; Spink,
2006).

No governo estadual, houve a criação do cargo de empreendedor público


em Minas Gerais, com atribuições voltadas para o fortalecimento do
protagonismo e da implementação de políticas públicas (Guimarães; Bernardi,
2010; Valadares; Emmendoerfer, 2012). No governo municipal, destaca-se a
utilização de contratos de gestão em Curitiba, Paraná (Giacomini, 2009). Esses
exemplos de práticas de empreendedorismo no setor público (ESP) são
resultantes de ambientes que cultivaram em suas diretrizes e ações estruturadas
uma cultura para estimular o intraempreendedorismo.

108
Entretanto, para que os empreendedores no setor público possam aplicar
inovações no setor público (ISP), é preciso ir além e envolver vários outros
elementos em prol da cultura da inovação, conforme Figura 4.

Observa-se que os elementos da cultura de inovação apresentados na


Figura 4 foram sendo comentados ao longo deste texto, neste e nos tópicos
anteriores. Assim, a cultura de inovação no setor público pode começar por um
projeto ISP ou por meio de um laboratório de inovação, como sendo uma unidade
de trabalho voltada ao experimentalismo e à pratica de testes (prototipagem) de
ideias que podem estimular os demais elementos relacionados.

Da mesma forma, em termos de gestão do conhecimento, o repositório da


Enap (http://repositorio.enap.gov.br/), bem como o banco de conhecimento do
Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração – CONSAD
(http://banco.consad.org.br/) são acervos eletrônicos de domínio público que
auxiliam no acesso e no fomento de conteúdos que podem contribuir para a
cultura de inovação e do empreendedorismo no setor público.

Vale destacar os eventos de aprendizagem como aqueles promovidos


pelas universidades em parceria com organizações públicas, a exemplo do
Encontro Brasileiro de Administração Pública promovido pela Sociedade
Brasileira de Administração Pública (SBAP), bem como dos Seminários
Internacionais de Administração Pública (Sinap), organizados anualmente pelo
Programa de Pós-graduação em Administração, com concentração na área
Pública, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), ao promover a visitação de
especialistas da área, de fora do estado de Minas Gerais e do Brasil, e a oferta

109
de palestras de forma gratuita para a comunidade interessada em novidades
sobre gestão e políticas públicas em diversos setores (Emmendoerfer, 2017).

Além desses eventos de aprendizagem, existe também o concurso anual


de inovação no setor público promovido pela Escola Nacional de Administração
Pública (Enap), tratado na parte 4 deste livro, do qual qualquer unidade de
trabalho de uma organização pública nos municípios pode participar se possui
alguma aplicação de ISP. As inovações apresentadas e premiadas ao longo de
mais de 22 anos pelo Governo Federal no Brasil, por meio desse concurso
nacional, são consideradas evidências de intraempreendedorismo no setor
público (Coelho, 2010).

Para Steinmueller (2013), eventos e premiações advindas de concursos


que abordam e valorizam práticas inovadoras são também formas de promover
a cultura da inovação no setor público. Com os elementos da cultura de inovação
no setor público, encerrasse este livro com a expectativa de ter possibilitado a
compreensão ampla e aplicada da inovação e do empreendedorismo no setor
público como conceitos e práticas para repensar e aperfeiçoar a gestão pública.

Assim, este livro cumpre o seu objetivo de ser um ponto de partida (kick-
off) para novos estudos e publicações sobre inovação e empreendedorismo no
setor público no Brasil e em países em desenvolvimento, especialmente da
América Latina e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Portanto, espera-se, com o esforço empreendido para constituir esta obra em
língua portuguesa, que a inovação e o empreendedorismo no setor público se
tornem para a administração pública uma possível boa teoria, pois como diria
Lewin (1952):

“Não há nada mais prático do que uma boa teoria”. E que também possa auxiliar na
mitigação do mito de que inovar no setor público é difícil, pois vários problemas no serviço público
não esbarram em legislação ou dependem de recursos para sua solução. Nesse sentido, é
possível que servidores e funcionários públicos realizem microinovações (micro, mas relevantes)
ou inovações incrementais no setor público.

110
24. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância do empreendedorismo para o desenvolvimento de uma
nação. A atividade empreendedora é o resultado da iniciativa do empreendedor,
impulsionada pelo reconhecimento da oportunidade, que resulta em um
empreendimento lucrativo. O empreendedorismo quando ocorre por
oportunidade contribui ainda mais para criação de empresas consolidadas e com
maiores chances de sucesso, pois o indivíduo expressa toda sua vontade em
empreender como forma de sua realização pessoal e empenha-se ao máximo
para alcançar o seu sucesso.

O empreendedor é dotado de criatividade, imaginação e entusiasmo,


sendo capaz de identificar oportunidades e aproveita-las como ninguém por ser
um exímio visionário. O cenário brasileiro de empreendedorismo mostra-se em
constante melhora com um percentual interessante de empreendedores iniciais,
destaca-se com um elevado número de empreendedores de oportunidade.

É fato que o país precisa investir na propagação do empreendedorismo


de qualidade, pois o percentual de empresas que encerram suas atividades logo
nos primeiros anos de vida é elevado. Consequência das dificuldades ainda
encontradas pelos empreendedores no país que sofrem com a falta de políticas
públicas, e com a burocracia para a abertura de uma empresa.

Ainda assim no Brasil, existem histórias evidentes de empreendedores de


sucesso como foi visto nos casos apresentados. Pessoas que através do desejo
de empreender e de seu comprometimento com o seu sonho destacaram-se
através do tino para os negócios, da iniciativa, da criatividade, da capacidade de
diferenciar-se e da imensa disposição para o trabalho comprovando que essas
características são essenciais para quem deseja seguir no caminho.

111
25. REFERÊNCIAS
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Acessado em: 14 de julho de 2020. Disponível
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em: 14 de julho de 2020. Disponível em:<https://www.uniceusa.edu.br/aluno/
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BORGES, D. A. H.; ROMANIELLO, M. MBRITO, M. J. Empreendedorismo


no setor público: a influência das características organizacionais. Revista de
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em: 14 de julho de 2020. Disponível
em:<https://www.regepe.org.br/regepe/article/view/320/pdf>.

CUNHA; Caroline Valquiria Moura da. Empreendedorismo: Histórias que


motivam, despertam e encantamAnuário da Produção Acadêmica Docente Vol.
5, Nº. 12, Ano 2011. Faculdade Anhanguera de Taubaté. Acessado em: 14 de
julho de 2020. Disponível em:<https://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream
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EMMENDOERFER; Magnus Luiz, Inovação e empreendedorismo no


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BAblico.pdf>.

LEAL, Adriana Pinheiro. A Importância do Empreendedorismo para o


Desenvolvimento Econômico no Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo
do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, Vol. 01, pp. 115-135, Agosto de 2018.
Acessado em: 14 de julho de 2020. Disponível
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MOTTA; Kaio Feroldi. Empreendedorismo social e organizações do


terceiro setor: um ensaio teórico sobre as convergências e divergências e o papel

112
da ação social neste contexto social. Empreendedorismo, Gestão e Negócios, v.
4, n. 4, Mar. 2015, p. 70-87. Acessado em: 14 de julho de 2020. Disponível
em:<http://www.fatece.edu.br/arquivos/arquivos%20revistas/empre
endedorismo/volume4/4.pdf>.

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