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Lara Smithe

Ele não é um CEO, mas é um inferno de quente

LUKE

Primeira edição
Salvador/Brasil
2019
Capa: Joice S. Dias
Revisão: Lorena Bastos
Diagramação: Lara Smithe

Todos os direitos reservados. Proibidos a reprodução, o armazenamento ou a transmissão,


no todo ou em parte.
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Título original: LUKE


Todos os Direitos reservados
Copyright © 2019 by Lara Smithe
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Minha – Série os Lafaiete – Livro 4
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Ariane Grande – Thank u, next


Bad Bunny fit Drake – Mia
Chemical Surf feat. Allan Eshuijs – Dont look Away
CNCO – Pretend
Dj Snake – Taki taki ft. Selena Gomez, Ozuma, Cardi B
Drake – In My Feelings
Ed Sheeran, Justin Bieber – I dont Care
Ed Sheeran – Shape of you
Mabel – Dont Call me up
Maroon 5 – Girls Like you fit. Card B
Marshmello ft. Bastille – Happier
Pedro Capelo, Farruko – Calma (Remix)
Shawn Mendes, Camila Rabello - Señorita
Agradecimentos

Agradeço a DEUS em primeiro lugar, pois minhas inspirações


vêm através dele. Às minhas leitoras amigas do grupo do Whatsapp
e do facebook: meninas vocês são maravilhosas.
Obrigada família, por sua paciência e compreensão.
Obrigada, minhas betas maravilhosas, por suas análises críticas,
vocês me ajudaram muito com as opiniões e os conselhos.
Mensagem

Você escolhe quem vai ser

Você escolhe seu caminho, seus valores, suas ações, elas definem
quem você é.

Sorrir não significa necessariamente que você está feliz. As vezes


isto significa apenas que você é forte. “Foi mal” não é desculpa.
“Valeu” não é obrigado. “Eu também” não é eu te amo! Você percebe
que é forte, quando se vê obrigado a desistir de coisas que nunca
imaginou ser capaz de deixar um dia. Encontre a pessoa que vai te
dizer a verdade, mesmo que isso te deixe triste. Esse é o seu
verdadeiro amigo.

Não viva em função da opinião de outras pessoas. Elas não sabem o


que realmente se passa pela sua vida. O sorriso de quem ama é
lindo. Mas o sorriso de quem sofre é ainda mais lindo, pois além de
sofrer têm a capacidade de sorrir. Não leve a vida tão a sério,
quebre regras, perdoe rápido, ame de verdade, ria
descontroladamente e nunca lamente nada que tenha feito.
Amor, afeto e entusiasmo podem sempre ser oferecidos sem medida
ou dosagem, quanto maior a oferta, mais positiva a atmosfera. Mas
o elogio deve ter a medida do sucesso, seu sorriso é reforçador, é
expressão máxima de satisfação, na educação, utilizá-lo é recurso
que pode gerar segurança para a criança adquirir novas habilidades.

Jô Soares
Índice
Outros Romances da Autora
Playlist
Agradecimentos
Índice
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Epílogo
SINOPSE

Por várias vezes eu a vi me olhando disfarçadamente com


aquele olhar faminto que tanto me atraía. Um olhar devorador, um
olhar que dizia: eu quero ser sua.
Ela não devia ter me olhado assim, mas já que olhou e chamou
minha atenção, estava perdida. Eu não a deixarei escapar, e agora a
queria debaixo do meu corpo, sussurrando meu nome enquanto a
fodia com força.
Seria mais inteligente se ela tivesse mantido distância. Não sou
confiável, tenho uma reputação ruim e talvez ela não saiba disso,
mas logo saberá. Por Deus, eu espero que ela esteja pronta para
caras do meu tipo, porque eu sou um perigo para garotas como ela.
Agora que ela tinha minha total atenção, estava prestes a ver o
quanto eu poderia ser insaciável quando desejava algo tão apetitoso
quanto ela.
PRÓLOGO

Uma pequena ilha no Atlântico chamada Paraíso dos Corais,


será o cenário de uma ardente e deliciosa aventura romântica entre
dois jovens: Luke Sarajevo e a bela Pietra Durval.
Os Sarajevo eram praticamente os donos da ilha. O patriarca,
Lúcios, era o prefeito do local, um viúvo sério e concentrado no
trabalho, que desde a morte da esposa vivia especialmente para a
sua carreira política.
Joshua, o filho mais velho – mais conhecido como o senhor
certinho –, era o braço direito do pai e CEO da rede de Hotéis
Saravejo. Atualmente, ele administrava o Grand Hotel Paraíso dos
Corais, único hotel da ilha.
Luke, o filho mais novo, era a ovelha negra da família. Mesmo
tendo tido todas as oportunidades do mundo para se formar na
melhor universidade de Portugal, ele desistiu no terceiro semestre.
Voltou para a Ilha dos Corais e resolveu criar uma empresa para
promover festas, trazendo mais turistas para a ilha e,
consequentemente, para o hotel de luxo da família. Claro que o seu
pai gostou da ideia e o apoiou.
Só que por trás dessa boa ideia havia uma outra finalidade,
muito mais divertida para o Luke: um clube privado para convidados
VIP’s. Luke selecionava um grupo de milionários e famosos, que não
queriam ser vistos pela mídia, e os levava a um local onde eles
poderiam fazer e ser o que quisessem. O sexo era liberado, bem
como o uso de algumas drogas, que eram trazidas pelos próprios
convidados, sem o risco de serem pegos ou filmados.
Nosso jovem bad boy não era do mau, ele só cresceu revoltado
consigo mesmo, por se achar culpado pela morte da mãe.
A senhora Sarajevo morreu em um acidente de lancha quando
Luke tinha doze anos. Se ele não tivesse insistido para que a mãe o
levasse à capital, Salvador, naquele dia, ela não teria morrido. Gloria
não sabia pilotar muito bem a lancha, mesmo assim resolveu levá-lo.
Ele queria ir a uma feira de game internacional, que estava em seu
último dia. Glória perdeu o controle da lancha e bateu em uma
barreira de corais. Luke foi jogado na água antes da explosão, ele
não sofreu nem um arranhão, mas a mãe perdeu a vida, e até hoje a
culpa o consome.
Seu pai e irmão tentaram de todas as formas fazer com que ele
não se sentisse culpado, mas tudo em vão. Por isso Luke sempre
fazia o que queria. E era isso que o revoltava, ele não queria ser
ignorado, ele só queria que o pai prestasse atenção em sua dor, e
não simplesmente tentasse abafá-la com bens materiais e médicos
especialistas.
Luke cresceu sendo dono de suas vontades, sem nunca receber
um “não” como resposta. Ele fazia de tudo para chamar a atenção
do pai, mas Lúcios, em vez de usar sua autoridade paterna, só
aceitava as vontades dele, então Luke desistiu e passou a viver
perigosamente.
CAPÍTULO 1

Virei a esquina onde ficava a praça central da Ilha dos Corais e


caminhei de cabeça baixa em direção à farmácia. Eu sabia que ele
estava do outro lado da rua, mesmo não olhando em sua direção.
Como eu sabia?
Bem, a sensação de euforia e o burburinho das moças próximas
me diziam que só podia ser ele.
Um carro estacionou bem na calçada onde eu ia passar, então
fui forçada a desviar os passos para o outro lado e a erguer a
cabeça para olhar para os lados e não correr o risco de ser
atropelada. Não o vi de imediato, pois um outro rapaz, que sempre
estava com ele, bloqueou a minha visão, mas, de repente, ele o
afastou.
E então eu o vi.
Nossa! Ele fazia todo o meu corpo estremecer, sentia-me zonza,
molhada e febril. Como um rapaz podia fazer isso com uma garota
só de olhar para ela? Ele era alto e o seu porte atlético o fazia
parecer perigoso. A camisa em malha preta, justa e de mangas
curtas que usava exibia as tatuagens que cobriam seus braços, e
quando ele estendeu a mão para afastar o amigo, eu pude ver a
perfeição dos contornos que cobriam sua pele. Todas aquelas
tatuagens e piercings faziam com que um desejo ardente dentro de
mim crescesse e implorasse para tocá-lo. Eu queria conhecer cada
tatuagem e piercing que cobriam o seu corpo.
Luke, o filho do prefeito. O garoto problema, a ovelha negra dos
Saravejo.
Ele tinha uma reputação ruim. Certa vez, eu escutei alguém dizer
que ele era um bandido, maconheiro e escroto. Ele parecia, sim, ser
muito perigoso, mas era lindo e tinha algo nele que me atraía. Era
sempre assim, quando eu o via não conseguia desviar os olhos do
seu rosto ou do seu corpo, e a cada dia ficava mais difícil disfarçar.
Olhei para os lados mais do que o necessário, pois era a única
forma de continuar olhando para ele disfarçadamente. Ele sussurrou
algo para o rapaz, sem tirar os olhos de mim, então eu desviei os
meus para a calçada e continuei andando na direção da farmácia.
Precisava fugir dali o quanto antes, já estava dando na vista o
meu interesse por ele.
— Bom dia! Você tem ibuprofeno em gotas? — perguntei à
atendente da farmácia. Ela saiu da porta e correu para trás do
balcão. A moça sorridente se chamava Valéria, estava escrito no
bolso do seu jaleco. Ela devia ser um pouco mais velha do que eu,
que tenho dezoito anos. Estava sorridente e não parava de olhar em
direção à praça.
— Desculpe-me — ela me olhou sorrindo, enquanto se
desculpava. — Sim, eu tenho. — Foi para o canto esquerdo do
balcão e começou a procurar o que lhe pedi. — Eu fico assim,
nervosa, toda vez que o vejo — ela apontou com o olhar em direção
à porta, e eu a fitei com um olhar de quem não tinha entendido porra
nenhuma. — O Luke, aquele caderno de colorir lindo e gostoso. Ô,
homem lindo! Eu faria qualquer coisa para ganhar um beijo dele,
mesmo ele sendo uma má influência, eu não ligo. Ele é lindo, gostoso
e perigoso, e eu morro de inveja das vagabundas que andam
penduradas na garupa da moto dele.
Meu coração doeu de ciúmes naquele momento. Essa era a
verdade. Eu tinha começado a perceber que o tal Luke não mexia só
comigo, mas com toda a mulherada da ilha.
Maldição!
Gritei mentalmente e encarei a moça com um olhar fuzilante,
minha vontade era de dar uns tapas nela.
Eu sou muito ciumenta. Descobri isso agora.
— Homens assim sempre têm alguém. — Virei a cabeça e olhei
também em direção à praça. — É, ele é bonito mesmo, mas por que
ele é uma má influência?
— Ele é o fodão da ilha. Meu pai vive dizendo que ele é um tipo
de traficante, embora não venda drogas para os nativos da ilha, só
para os turistas milionários que vêm para as festas que ele promove
aqui e em algumas regiões do litoral brasileiro. Minha mãe costuma
chamá-lo de traficante do bem, pois ele ajuda muitas famílias pobres
daqui. Faz doações semanais de cestas básicas, remédios e
vestuário, e não permite que nenhuma criança ou adolescente se
aproxime de qualquer droga. É o que rola por aí, alguns dizem que é
mentira, que ele é só um riquinho escroto cheio de vontade e que o
pai dele tem a polícia no bolso... — Ela soltou um suspiro longo e
profundo. — Não é para se apaixonar? Além de lindo, é perigoso e
um fofo... Eu só queria um beijinho dele, dizem que ele beija bem.
Eu peguei o remédio das mãos dela, enfiei na bolsa e procurei o
dinheiro que tinha jogado displicentemente lá dentro.
— Quanto custa?
Ela suspirou novamente, deu de ombros e voltou a olhar para o
lado de fora da farmácia.
— Dez reais. — Entreguei uma nota de vinte reais, e ela segurou
a nota e seguiu para o caixa. — Sabe, uma amiga minha já ficou com
ele, e ela me disse que ele é do tipo daqueles caras dos livros
românticos eróticos. Ele sabe foder uma garota... Sortuda, essa
minha amiga.
— Uhum! Ela é mesmo — revirei os olhos e, surpresa com as
palavras que acabei de afirmar, me calei.
Como posso pensar alto dessa forma? Enlouqueci.
— Ela me disse que ele queria comer ela por trás... — Ela me
entregou o troco e se esticou para sussurrar. — Lá atrás, sabe, no
C-U... Eu quase pirei. — A pobre Valéria ficou com as bochechas
rubras. — Eu leio muito, e nesses romances eles descrevem que
fazer anal é dolorido quando o parceiro não sabe fazer... Juro que eu
fiquei com a xoxota molhada e o cu piscando de vontade de
experimentar.
— E ela o deixou fazer? — A curiosidade foi maior do que a
prudência.
— Diz ela que deixou e afirmou que foi a transa mais gostosa de
toda sua vida. Se bem que ela ainda vai dar muito, pois só tem vinte
e dois anos, mas disse que até agora foi a melhor.
O calor me encheu depois que eu soube das aventuras sexuais
do meu bad boy. E isso me deixou excitada e trêmula. O melhor que
eu tinha a fazer era ir embora o quanto antes, correr para o banheiro
e me masturbar.
— Obrigada, Valéria. Tenha um bom dia!
Saí rapidamente da farmácia, a minha calcinha estava me
incomodando, meu medo era que minha umidade descesse entre
minhas coxas, já que estava com um short jeans muito curto.
Olhei para onde estava o Luke. Ele deveria ser muito consciente
do que as garotas da ilha falavam sobre ele, sentindo seus olhares e
ouvindo seus sussurros. Sim, ele sabia... e eu acho que ele já comeu
todas elas. Quer dizer, quase todas, menos eu. Será que eu seria a
próxima? Já que ele andava me olhando, será que eu estava na sua
lista das ainda não comidas? E, se isso fosse o caso, se ele
quisesse me foder, o que eu faria? Deixaria?
Claro que você deixaria, sua anta. Pensei.
Você deixaria nada, Pietra, esqueceu que tem medo dos
rapazes? Principalmente de rapazes tipo o Luke. Porra! Ele era um
traficante, pelo menos era o que diziam. E se andavam dizendo, é
claro que meu pai já saberia. Ele nunca permitiria que o Luke se
aproximasse de mim, então era melhor esquecê-lo.
Mas se isso acontecesse, ninguém precisaria saber a verdade, e
para ser honesta, não era assunto do interesse do papai. Eu não
sabia por que achava o Luke tão fascinante. Talvez fosse porque ele
era o oposto dos rapazes que eu conhecia e também tinha uma
história parecida com a minha. Eu soube que ele perdeu a mãe
quando era pequeno, eu também perdi meus pais. Primeiro minha
mãe, quando ainda tinha dois anos, depois meu pai biológico, aos
seis. Mas Deus foi muito bom, ele me deixou a Naia e o Paolo.
Caminhei de volta pela calçada, seguindo reto e mantendo a
cabeça baixa. Eu não queria olhar para a outra direção, não queria
encará-lo. Ele me deixava louca, não conseguia entender essa
atração que me puxava para ele, era como se ele me chamasse sem
precisar dizer meu nome, apenas com o olhar.
Esse sentimento invasor e cruel não me deixava pensar. Nunca
senti algo assim, no máximo eu ficava atraída por algum garoto da
escola. Já fiquei com alguns deles, beijei, até ousei um pouco mais,
deixando-os tocar em meus seios e eu tocá-los no pênis. Não pele
com pele, por cima da calça, mas deu para sentir o tamanho e a
rigidez. Alguns eram assustadores, outros nem tanto, finos e
pequenos. Meu último namorado eu deixei para trás, pois tivemos
que nos mudar para cá. O Matheu era bonitinho e bem gostosinho,
mas sempre queria algo mais todas as vezes que ficávamos juntos.
Uma noite ele quase tirou a minha calcinha e pediu para colocar
o pênis entre as minhas coxas, dizendo que só queria sentir o calor
da minha boceta. Do jeito que eu estava excitada, e aquela voz
sedutora ao meu ouvido dizendo...
“Deixa, deixa, minha gostosa. Só quero que ele te sinta”
Eu quase disse sim, mas fui salva pelo tom da voz do meu pai,
avisando que já estava na hora de entrar. Matheu foi embora de pau
duro e eu fui dormir com a calcinha molhada. Depois dessa noite,
resolvi dar limites para o Matheu. Ou ele se conformava com o que
eu podia dar a ele, ou procurasse outra garota. E foi o que ele fez,
terminou comigo e começou a sair com a minha vizinha, a Fernanda.
Bem, aprendi a minha lição de casa, garotos de dezoito anos só
queriam foder com as garotas do colégio. Fiquei melhor sozinha, foi
melhor assim.
Confesso que eu gostava dele, até saímos umas duas vezes
depois. Era emocionante trair a Fernanda, ela se achava. E quando
eu e o Matheu já estávamos quase nos acertando de novo – pois ele
tinha aceitado as minhas regras –, papai resolveu se mudar.
Naia e Paolo são casados, mas não são meus pais biológicos.
Naia se casou com meu pai, Moacir, quando eu tinha cinco anos.
Minha mãe morreu quando eu era ainda um bebê, ela foi atropelada
por um ônibus que perdeu os freios perto da nossa casa. Papai
quase enlouqueceu, isso só não aconteceu porque ele tinha a mim.
Anos depois, ele conheceu a Naia. Demorou para que ela
conquistasse meu pai, mas ela conquistou primeiro a mim, e eu
passei a chamá-la de mamãe, mesmo antes de ela se casar com o
papai. Eles se casaram e foram felizes por dois anos, mas
infelizmente meu pai morreu também. Ele perdeu o controle do carro
e bateu de frente com um poste. Graças a Deus que ele não sofreu.
Daí por diante, fomos só eu e a Naia. Nós ficamos bem, ela me
adorava e eu a ela. Um belo dia ela conheceu o policial civil Paolo
Costas, na fila do supermercado. Eu queria muito um iogurte e a
mamãe não tinha dinheiro suficiente para pagá-lo. Fiquei triste, mas
entendi. Na saída do mercado, um homem alto, moreno, com lindos
olhos verdes, nos chamou e me entregou uma sacolinha com quatro
potes de iogurte de cenoura, laranja e mel, o meu favorito. Mamãe
não quis aceitar, agradeceu por educação, mas eu vi o brilho dos
olhos dele dirigidos a ela, então eu olhei para ele e agradeci.
Ele se agachou e sorriu para mim, do mesmo jeito que continua
sorrindo quando me olha. Resumindo: mamãe lembrou dele assim
que lhe disse o seu nome, ele foi um dos policiais que estava no local
do acidente do papai. Daí em diante, ele passou a visitar a mamãe,
e dois meses depois os dois se casaram. Eu passei a chamá-lo de
papai e o amo muito, e ele a mim. Anos depois, descobrimos que a
mamãe estava muito doente, com uma doença miserável e sem cura,
a doença de Alzheimer. Foi um baque para o papai e para mim, pois
a mamãe era muito jovem, mas segundo os médicos isso era
possível, sim. Ela começou a fazer o tratamento, porém, meses
depois, ficou grávida da minha irmãzinha, Marion, e se recusou a
tomar os remédios. Foi assim que o quadro de sua saúde mental
piorou. Hoje ela tem crises horríveis, e foi por isso que o papai
resolveu largar tudo e vir morar aqui na ilha. Ele achava que, vivendo
isolado, protegeria a mamãe. Moramos aqui na ilha há seis meses e
a há três semanas a mamãe desapareceu.
E assim a nossa vida desmoronou. Eu não pude ir para a
faculdade, pois precisei cuidar de Marion enquanto o papai procurava
pela mamãe. Em contrapartida, papai também precisou pedir licença
da polícia para poder cuidar dela. Ele perdeu as garantias extras e
vivemos com o seu salário reduzido e com o aluguel da nossa casa
na capital. Os amigos dele sempre nos mandavam alguma ajuda,
eles tinham uma fundação onde faziam depósitos mensais para
policiais que estavam precisando de uma ajuda extra, mas apesar de
toda ajuda, o tratamento da mamãe não era barato e ele não queria
interná-la. Ele vivia dizendo que só precisava ser mais atencioso,
mas ele era muito... só que a mamãe era imprevisível e sempre
escapava.
Por isso achei a história do Luke parecida com a minha. Apesar
de ele ser um garoto rico e não lhe faltar dinheiro. Aliás, nem sei por
que ele se meteu nessa de bad boy.
Havia momentos em que eu me sentia constrangida quando
escutava alguém falar mal dele, principalmente as mulheres mais
velhas, mães de algumas meninas que já foram seduzidas por ele.
Às vezes eu sentia vontade de lhes chamar a atenção, dizer-lhes que
deveriam prestar atenção nas próprias filhas, pois eram elas que
davam em cima dele. No entanto, eu me calava e seguia em frente,
ignorando a maledicência.
Será que ele se importava com o que diziam sobre ele?
Claro que ele não ligava. O Luke, com aquele ar de superior
dele, devia era mandar todo mundo se foder sempre que o olhavam
com desconfiança. Ele era esse tipo de pessoa.
Um carro passou com velocidade e eu recebi uma buzinada,
assustando-me. Foi quando eu olhei para o outro lado da praça e
fiquei surpresa ao vê-lo me encarando. Seu olhar profundo quase me
atingiu em cheio, e senti um arrepio por toda a minha espinha. Um
sentimento estranho tomou conta do meu coração e chocou a minha
mente. Não consegui sustentar seu olhar, pois a sua profundidade
me incomodou, quase me jogando no chão. Eu virei o rosto para o
lado contrário e, cambaleando, continuei andando. Aquele sentimento
descontrolado me deixava confusa e eu precisava correr dali o mais
depressa possível.
Apressei meus passos e segui de cabeça baixa. Não sei por
quanto tempo eu caminhei, mas eu senti alguém atrás de mim e me
virei, pronta para argumentar com a pessoa, tirar satisfação com ela.
Eu nem sequer tive que olhar para cima para saber que não era o
Luke que estava na minha frente. Eu vi os braços primeiro. Eles não
eram tatuados. Olhei para o rapaz com o sorriso cínico esticando
seus lábios e o fitei com desconfiança.
— Por que você está me seguindo? — perguntei, zangada.
— Olá! Meu nome é Marco, e o seu?
Eu tremi de raiva, minha vontade era bater nele. Eu sabia que
ele era amigo do Luke, e por que diabo me seguia? Corri meu olhar
ao longo do seu rosto.
— Meu nome é Pietra. Agora me dê licença, eu preciso ir.
E então ele me segurou pelo braço e me impediu de andar. Eu
olhei em seu rosto. Os cabelos negros e compridos faziam dele um
rapaz bastante atraente, mas eu o ignorei e tive vontade de empurrá-
lo.
— Quer me soltar? Preciso ir — disse, nervosa, tentando me
livrar da mão em meu braço.
— Calma, eu tenho uma coisa pra lhe dar. — Ele me entregou
um papel. Era um tipo de convite. — Sexta-feira à noite vai rolar uma
festinha no barzinho do farol. Apareça lá, você vai gostar.
— Eu não posso, mas mesmo assim, obrigada. Agora, por favor,
você pode me soltar?
Ele largou meu braço, e eu me afastei e continuei andando sem
olhar para trás, mas guardei o papel no bolso do short.
Capítulo 2

Eu a observei enquanto o Marco a abordava. Seus cabelos


castanhos estavam soltos ao vento, e o rubor que cobriu seu rosto
quando ele a pegou pelo braço, impedindo seus passos, me excitou.
Eu poderia muito bem ter ido falar com ela pessoalmente, mas achei
melhor não.
Gosto desse mistério.
Gosto de vê-la me espiando sorrateiramente.
Amo aquele olhar pidão.
Ela me fascinava, e esse jogo de gato e rato me deixava duro.
Além do mais, eu tinha má fama e ela sabia disso. Era inteligente o
suficiente e tinha bastante autocontrole, sabia que não podia me
aproximar. Não, ainda.
Tudo tinha seu tempo.
Sua hora e o seu lugar.
A linda e doce garota de nariz arrebitado seria minha, ou não
me chamo Luke Sarajevo.
Passei a mão sobre o cabelo, escovando os fios entre os dedos.
Eu não gostava muito de ficar dando sopa no centro da ilha, preferia
ficar no Passaredo, meu lugar favorito e onde escolhi viver. Ele ficava
no alto da floresta, do outro lado da ilha. Era reservado, lá só
entrava pessoas convidadas. Pertencia à minha mãe e era lá que
morávamos antes de ela morrer. Após sua morte, papai preferiu
morar na casa “oficial”, mas quando voltei de Portugal e comecei
meu próprio negócio, achei mais apropriado ficar longe dos olhos do
meu pai e irmão, assim eles não me aborreciam, nem eu a eles.
Mas, desde que eu a vi, ela é o motivo que me faz vir visitar a parte
principal da ilha.
E o motivo para os moradores de Corais ficarem atentos aos
seus filhos, principalmente às filhas. Como eu disse, não tinha lá uma
fama boa. Para falar a verdade, minha fama era bem ruim. E se eu
não fosse o filho do homem mais rico da capital, o prefeito e dono da
ilha, com certeza já estaria preso. Essa era a vantagem de ter
dinheiro, muito dinheiro.
Na verdade, minha vida não foi fácil e, apesar das aparências,
não era muito estável. Tinha dias que nem eu mesmo me suportava.
Minha culpa me perseguia e eu lutava contra ela todos dias,
principalmente quando via o meu pai e meu irmão. Olhar para eles
era como atestar meu certificado de culpa, de “assassino”. Acho que
eu jamais seria uma pessoa normal e talvez por isso me escondia
atrás do garoto mau e perigoso. Mas nem o fato de ser um
desgraçado fodido me impedia de desejá-la.
Apesar de todo o julgamento, e tendo a certeza de que não era
a pessoa mais correta para arrancar suspiros e orgasmos dela, eu
não conseguia parar de ser um filho da mãe obsessivo. E com esta
obsessão sabia exatamente o que fazer.
Começarei pelas beiradas. Sou paciente, aprendi que tudo feito
às pressas se estragava rápido.
Pelos seus olhares famintos, ela já me desejava. Mas eu queria
mais, queria que ela ficasse louca por mim, que me quisesse o tanto
quanto a queria. Embora, às vezes, quando percebia que estava me
comendo com os olhos, eu tinha uma vontade insana de jogá-la na
garupa da minha moto, levá-la para minha casa e lá fazer coisas com
ela, coisas que nenhum dos babacas com quem ela já esteve
fizeram. Eu seria o único que povoaria as suas lembranças.
Eu nunca fiquei obcecado por uma garota como estava por ela,
afinal, eu era o Luke e poderia ter a garota que eu quisesse. Era só
apontar o dedo e chamar que elas vinham, e vinham aos montes.
Mas atualmente elas não estavam sendo o suficiente, não estavam
me atraindo, e a transa não era mais a mesma. Acho que era aí
onde estava o X do problema, eu não queria mais transar, trepar,
foder, ou seja, lá o nome que damos a isso... Eu queria fazer sexo
com ela. Queria unir nossos corpos e sentir o seu coração batendo
forte enquanto seus olhos famintos me comeriam, me devorariam.
Porra!
Eu a quis desde o primeiro momento em que a vi. Ela estava
dominando a minha mente constantemente, e essa necessidade não
se abalava. O pior era que eu não queria parar de pensar nela,
queria ser consumido por inteiro. Talvez aquela pequena garota de
sorriso espontâneo e olhar devorador fosse a minha salvação. Talvez
ela pudesse alcançar a minha alma e me tirar dessa escuridão,
desse frio que gelava todo o meu ser. Talvez ela pudesse ser o
motivo para eu querer ser uma pessoa melhor, não um escroto filho
da puta, comedor de bocetas e colecionador de encrencas.
Talvez.
Como eu cheguei a essa conclusão?
Bem, vê-la todos esses meses fez acender em mim uma luz,
clareando a minha vida. E por algum motivo ela mudou o meu sorriso,
mesmo não tendo nenhum contato, mesmo só olhando de longe e
sem saber quase nada sobre ela. Aliás, ninguém sabia. O que eu
descobri era que ela morava com os pais e uma irmãzinha pequena.
Eles viviam reclusos na parte mais alta da ilha, numa casa que há
muito tempo não era ocupada. Pouco se sabia sobre o pai e sobre a
mãe, que quase ninguém via. Nem seus nomes as pessoas sabiam,
eles davam a impressão de estarem se escondendo de algo. Mas
isso não me interessava, eu a queria. Como disse antes, estava
obcecado por ela e queria possuir cada centímetro do seu lindo
corpo. Queria seus olhos me devorando enquanto a possuía
irrevogavelmente.
Sim, eu sou um filho da mãe egoísta.
Afinal, desde o início, eu disse que não era uma boa pessoa.
Mas posso vir a ser. Talvez essa garota possa alcançar a minha
alma arruinada e transformá-la em algo bom.
A verdade era que estava cansado de lutar contra meus próprios
demônios e precisava de algo que me desse motivos para ir além,
que me tirasse da minha zona de conforto. Tenho vinte e seis anos e
não tenho nenhum objetivo útil, a não ser transar com quantas
garotas quiser, viajar para trazer turistas milionários para a ilha e
fazer as minhas festas particulares. Ou seja, realizar o desejo dos
outros, enquanto os meus eram sufocados pela raiva que tenho de
mim mesmo.
Mas, depois que a vi, depois que percebi os seus olhares
famintos, uma outra parte em mim, que talvez estivesse adormecida,
despertou. E esta parte queria reivindicá-la.
Luke, você é um fodido louco por pensar que ela vai querer
algo com alguém como você.
Todos nesta ilha tinham uma opinião sobre mim. Alguns me
temiam pelo o que pensavam que eu fazia, pelo o que eu
patrocinava.
Não me importava com o que pensavam, eu até que gostava. Eu
adorava ser temido, sentir o medo que as pessoas tinham de mim, e
era por isso que não fazia nada a respeito dessa porra toda, deixava
que pensassem o que quisessem. Sou conhecido como o traficante
dos turistas milionários, mas na realidade eu não trafico é nada. Sou
um bom moço quanto a isso, o que eu fazia era só favorecer a
diversão dos babacas famosos e ricaços, longe dos holofotes e dos
paparazzi. Eles compravam a privacidade e eu concedia toda a
diversão e as fantasias que passavam por suas cabeças doentias.
Confesso que eu adorava uma putaria, e isso era o que mais tinha
nas minhas festas VIPs, com mulheres para se escolher a dedo e
homens também, para quem gostasse. Quanto às drogas, eu tinha
uma regra: nada de porra pesada. Se eu descobrisse, chamaria a
polícia.
Como diz o ditado: “Quem tem cu, tem medo”.
Meus convidados respeitavam as regras, mas elas não eram tão
rigorosas. Eles podiam, sim, usar algumas substâncias, como
ácidos, ecstasy, cheirinhos e bebidas batizadas, desde que
trouxessem um médico particular, caso a porra desse ruim. Minhas
festas VIPs eram encobertas pelas minhas produções de shows,
eventos semanais onde eu fornecia diversão para as pessoas locais,
fosse aqui na ilha ou em qualquer outro lugar do país. Esses eventos
fizeram meu nome ser conhecido pelo mundo das celebridades, e por
este motivo, eu era convidado para viajar para outros países e
produzir festas VIPs em mansões particulares.
O clube particular onde realizo os eventos aqui na ilha ficava em
uma casa que eu construí no terreno onde moro. No outro lado da
ilha, na parte baixa. A casa tem dois andares e dez suítes no andar
de cima. No térreo há três salas enormes, com bares e uma cozinha
industrial. Meus convidados podiam se servir do que quisessem, e lá
o sexo rolava solto, sem hipocrisia e sem discriminação.
Outra coisa que ninguém sabia, só eu e o Marco, era que uma
boa parte do que ganhava com os eventos, o que não era pouco, eu
doava para ONGs que acolhiam pessoas viciadas e que não tinham
condições de se internarem em uma clínica particular. Já fundamos
duas clínicas de porte médio em duas capitais que tinham índices
altíssimos de dependentes químicos. Eu também, anonimamente,
ajudava os moradores da ilha. Eu sei que sou julgado pelo o que
faço, sei que todos pensam mal de mim. Sei que a polícia só quer ter
um motivo para me deter, e eu sei que ser chamado de traficante
pode, sim, me prejudicar. Só que eu nunca me preocupei com isso...
Mas agora eu andava preocupado, e uma pergunta não queria
se calar.
O que ela pensava sobre isso? Será que ela tinha medo de
mim, também?
Eu não sei a resposta, só ela poderia me dar. Quem sabe um
dia.
Nervoso, pois não via a hora de saber se ela aceitara o convite,
arranhei a nuca com as unhas e logo depois espalmei as mãos no
rosto, esfregando-o e sentindo os pelos da barba arranhá-las. Acho
que já estava na hora de dar o primeiro passo. Se eu não podia ir
até ela, faria com que ela viesse até mim. A expectativa estava me
matando, e as perguntas não se calavam.
O que ela estava dizendo ao Marco?
Será que percebeu que fui eu quem o mandou até ela?
Merda, e se ela se assustar?
Caralho!
Eu precisava me acalmar. Já era hora de ela saber que eu
também a via, a queria, a desejava..., mas sem assustá-la, não
queria que pensasse que seria apenas mais uma em minha cama.
Ela precisava descobrir exatamente o quanto eu estava disposto a
garantir que nunca saísse dela.
Porque eu a queria de forma feroz.
Dois dias depois
Não sou nenhuma adolescente deslumbrada. Apesar de ter só
dezoitos anos, sei o que quero da vida. Mas eu achava que estava
confundindo as palavras...
Querer e ter.
Porque essa obsessão pelo Luke estava atrapalhando meu
raciocínio, já que estava passando pela minha cabeça a ideia de ir à
tal festa. Não, eu não estava pensando em ir...
Era exatamente isso que planejava fazer.
Sim, eu queria ir. E o que tinha de mais, uma garota de dezoito
anos querer ir a uma festa?
Nada, não tinha nada demais.
Desde que a garota em questão não tivesse uma irmãzinha de
quatro anos para cuidar.
Quem ficaria com ela?
É, valeu o incentivo, dona coragem!
Ah, a Dona Mariana!
Sim, a minha vizinha do início da ladeira. Ela vivia se oferecendo
para olhar a Marion, caso eu precisasse. Não custava nada tentar,
ela não precisava saber que eu iria a uma festa. Eu podia dizer que
surgiu uma emergência e que eu precisava encontrar o meu pai do
outro lado da ilha, e que se eu não levasse a Marion podia voltar na
última balsa, às vinte e três horas.
Será que ela acreditaria?
Pietra, você só saberá se perguntar.
Pensei, pensei... e fui até a casa da vizinha.
Minutos depois estava de volta, vestida com uma minissaia
preta, uma blusa baby look de malha vermelha e a minha jaqueta de
couro favorita. Calcei meu all star branco, peguei a mochila da
Marion com duas mudas de roupa dentro, caso ela se sujasse,
alguns biscoitos, dois iogurtes e três caixinhas de suco.
— Marion, acorde. — Olhei para o relógio: eram dezoitos e
trinta. A festa começava às vinte horas, eu tinha tempo de sobra,
mesmo indo a pé, pois o farol ficava um pouco longe. — Venha, meu
amor, eu preciso sair.
— Vamos pra onde, Pipi? — Marion era esperta e falante.
Apesar dos seus quatro anos de idade, ela era uma criança precoce,
começou a andar e a falar bem cedo, e já sabia soletrar algumas
sílabas.
— Meu bem, — disse, me agachando para ficar na mesma
altura que ela —, Pipi vai precisar dar uma saidinha rápida e você
não poderá ir...
— Você vai deixar a Marion sozinha! — exclamou já chorando,
esfregando as mãozinhas nos olhinhos.
Quebrou meu coração. Sou uma irmã desalmada.
— Não, meu amor, lembra da Betinha? Aquela menininha da
ladeira?
— Sim, por quê?
— Você vai ficar com a mãe dela. Então, não será divertido?
Betinha era a filhinha da Mariana e dois anos mais velha que a
Marion. Porém era menos desenvolvida, ainda não sabia falar direito.
— Você vai demorar?
— Não. Prometo que volto logo, certo? Você promete se
comportar?
— Prometo.
Ela pegou na minha mão e descemos a ladeira em silêncio.
Deixei a Marion com lágrimas nos olhos e confesso que me senti
uma bruxa má, afinal estava largando a minha irmãzinha com uma
desconhecida por um motivo desnecessário, só para ir me encontrar
com um cara. Caminhei alguns passos, e quando já tinha saído do
campo de visão da Marion, virei e olhei para trás. Inspirei. Eu abri
mão de tantas coisas desde que o estado de saúde da mamãe
piorou. Deixei meus amigos e não fiz novos, pois tenho medo de
perdê-los, como perdi os antigos.
Na minha vida eram só papai, Marion, mamãe e eu. E sejamos
sinceros, eu não podia contar com os conselhos do papai, tampouco
com os da mamãe, então eu não tinha ninguém para me dizer se o
que estava fazendo era certo ou errado. Provavelmente era errado.
Sequer conhecia o Luke, além das fofocas que eram espalhadas
por toda a ilha. Mas eu já tinha feito a merda – larguei minha irmã
com uma estranha –, então era melhor que valesse a pena. Devo
admitir que meu fascínio por ele estava me fazendo cometer coisas
bobas, mas tudo bem, se entrei na chuva, tinha que me molhar.
Fiz o meu caminho em direção ao farol. A caminhada era longa e
a subida também. Meu coração estava quase saindo pela boca de
cansaço e de nervoso, pois, honestamente, não fazia ideia do que
faria quando chegasse ao tal barzinho. Nunca nem estive em um.
Aumentei os passos, já estava caminhando há quase quarenta
minutos e ainda nem sinal do farol. Eu sabia que era longe, só não
esperava que fosse tanto. Enfim, cheguei ao início da ladeira que
levava ao local.
E aí, você vai dizer o quê?
Oi, Luke, tudo bem? Prazer, sou a Pietra!
Balancei a cabeça e parei no meio da ladeira, repensando todo
o processo.
Isso era loucura.
Não, não era. Eu precisava fazer algo a respeito daquele cara.
Ou eu o enfrentava, ou o esquecia de vez, o que era mais difícil.
Então era melhor enfrentar a fera e acabar logo com isso.
Suada, cansada, com dificuldade para respirar e sendo puxada
pela minha ousadia, eu subi a ladeira de paralelepípedos. Olhei o
relógio em meu pulso, já tinha caminhado por quase uma hora.
Minhas pernas doíam, meus pés doíam. Parei e olhei para baixo...
Nem pense em desistir, sua covarde. Você já chegou até aqui,
agora ou vai ou racha.
Parei por alguns segundos para tomar fôlego. Inspirei e voltei à
minha caminhada. Esperava de todo o coração que tudo isso que fiz
valesse a pena de verdade.
Finalmente, cheguei. Olhei em volta para ver se avistava a
motocicleta Ninja Kawasaki do Luke, mas não a vi. Ele certamente
chegaria na hora em que eu estaria indo embora.
Estúpida, você é uma estúpida, Pietra. O Luke só chegará
quando a festa estiver pegando fogo.
Eu ajeitei minha roupa, meus cabelos, procurei na bolsa o batom
e passei um pouco nos lábios. Quando estava dando dois passos em
direção ao barzinho eu o vi chegar, com uma tremenda loira
gostosona. Tipo de parar o trânsito. Peituda, bunduda, coxuda...
Com uma minissaia de couro tão curta que eu jurava que se alguém
ficasse de joelhos conseguiria ver até o útero dela. Mas era assim
que os homens gostavam, e o Luke certamente adorava. Ela desceu
da garupa e se empoleirou no braço dele, toda sorridente, rebolando
e se exibindo. A raiva me tomou e eu me arrependi de ter vindo.
Talvez esse fosse um sinal e eu devesse voltar para casa e
decidir o que exatamente precisava na minha vida. Resolvi não entrar
no barzinho, por dois motivos: não queria passar raiva.
E do jeito que eu estava vestida, seria motivo de chacota para
todas aquelas garotas, lindamente vestidas.
Então eu fiquei só observando o entre e sai das pessoas. Motos,
carros... Até que eu me dei conta de que eu teria que voltar a pé. Do
jeito que sou lenta e que começava a ficar com frio, era melhor
começar a descida de volta para casa.
Sua idiota, como você pôde pensar que um cara como o Luke
iria se interessar por você? Ele pode ficar com as garotas mais
lindas que ele quiser... Idiota, você é uma idiota.
Zangada comigo mesma, frustrada e arrependida, dei meia-volta
e comecei a andar rápido em direção ao início da ladeira. Nem vi a
motocicleta, só senti o baque me jogando para longe de onde
estava.
E antes de tudo escurecer, ainda escutei o grito do motociclista.
Quer morrer, porra!?
Senti uma mão acariciando o meu rosto bem antes da
consciência plena me tomar.
— Moça?
A voz que ouvi era profunda, rouca.
— Moça, abra seus olhos para mim, querida.
Eu obedeci à voz gentil e tão marcante. Minha visão estava
borrada no início, mas então clareou e vi um rapaz lindo na minha
frente, de cabelos loiros escuros e olhos claros, bem claros. Podia
jurar que eram verdes-esmeralda. Tinha a pele bronzeada e o corpo
todo trabalhado nos músculos. Olhando para ele com atenção, notei
que me lembrava muito alguém. O Luke. Ele me ajudou a sentar, e
eu fiz uma careta de dor. Levei a mão até a têmpora e encontrei algo
duro e muito dolorido.
— Alguém anotou a placa do caminhão? — Perguntei. Minha
voz saiu rouca e tentei limpá-la, pigarreando.
Ele olhou para mim com um ar preocupado.
— Não foi um caminhão, foi uma motocicleta.
Dois braços musculosos me seguraram e me ajudaram a
levantar. Ainda atordoada pela queda, tentei me manter de pé e não
chorar, pois estava morrendo de vergonha. Infelizmente, tinha que
admitir que a pancada foi feia, e assim que ele me colocou no chão
senti o mundo girar e perdi o equilíbrio. Só não caí porque mãos
ágeis me seguraram a tempo.
— Você não está bem. — Ele me olhou, cerrando os olhos.
— A-acho que o mundo está girando. — Mal conseguia olhar
para ele, estava completamente atordoada. — Oh, droga, acho que
vou desmaiar. — Assustada, encarei o rapaz. Só senti o seu aperto
em torno de mim.
— Opa! Peguei você. — Senti-me flutuar. — Acho melhor levá-la
ao posto médico.
— Não. Só me dê um tempo, vou melhorar — articulei
rapidamente. De jeito nenhum eu poderia ir ao posto médico.
Precisava voltar para casa, Marion estava me esperando.
— Você está sozinha? Quer que eu chame alguém?
O Luke, pensei.
— Não, pode me deixar ali. — Apontei com o olhar em direção a
um banco de cimento. — Assim que melhorar, irei embora.
— De maneira alguma. Estou de carro, eu levo você.
Ele começou a andar.
— Não há necessidade — disse. Fiquei sem graça, ele foi tão
gentil, mas eu nem o conhecia, não podia aceitar a carona. Ele me
olhou desconfiado.
— Meu nome é Joshua Sarajevo. Sou dono do Hotel de Corais,
filho do prefeito e irmão do patrocinador desta bagunça que chamam
de festa. E o seu nome, qual é?
Ele piscou um olho.
— Pietra. — Sorri, sem jeito.
Meu Deus! Acabara de conhecer o meu futuro cunhado.
— Vamos. — Ele me levou até o carro. Abriu a porta, ajudou-me
com o cinto de segurança e deu a volta, assumindo o volante.
— Onde você mora?
Mostrei-lhe o caminho, e seguimos.
Capítulo 3

Assim que chegamos quase perto da entrada que dava acesso


à subida da minha rua, pedi para ele parar.
— Aqui está ótimo, acho que consigo ir sozinha.
Ele freou o carro. Virou o rosto em minha direção e me olhou
com atenção.
— Onde é sua casa?
— Lá em cima. — Apontei para as escadas que levavam à parte
de cima.
— Você acha mesmo que eu a deixarei subir essas escadas
sozinhas? — Mordi o lábio inferior de nervoso. — Nem pensar. — Ele
destravou a porta.
E agora? Você precisa pensar rápido, Pietra... pense... pense.
— Espere. — Peguei em seu braço e o impedi de abrir a porta
do carro. — Não precisa me levar, eu juro que estou bem. Não quero
lhe dar trabalho, é sério...
— Pietra, quantos anos você tem? Porque eu acho que, ou você
está mentindo ou escondendo algo. — Seu olhar acusador varreu o
meu rosto e bateu um medo. — Você fugiu de casa para ir à festa,
não foi? — Baixei os olhos. — É isso, então. Ok, vamos, eu
converso com o seu pai...
— Não... — Segurei em seu braço novamente, estava quase
chorando. — É quase isso, não necessariamente nessa ordem. —
Engoli a saliva, inspirei. — Eu tenho dezoito anos e não fugi dos
meus pais, a verdade é que... — Poxa, estava difícil de explicar. E
se ele me achasse uma irmã desnaturada?
Qual é, Pietra, ele não tem que achar nada, você nem o
conhece. Diz logo a verdade e pronto.
— Eu estou cuidando da minha irmãzinha de quatro anos
enquanto meus pais estão na cidade, e eu pedi à minha vizinha para
cuidar dela. Só que eu menti, eu disse que ia à cidade me encontrar
com meu pai, e como era à noite não queria levá-la comigo. É isso.
Nem consegui encará-lo, de tão envergonhada que eu fiquei. Ele
devia estar pensando horrores de mim.
— Ei, não precisa ficar assim. Eu já fui um adolescente, sei bem
como é...
— Eu não sou uma adolescente, só fui uma irresponsável,
maluca, inconsequente e estou muito arrependida — respondi, quase
chorando e com muita raiva de mim mesma.
— Ok, ok... senhorita “quase adulta”, onde é a casa da sua
vizinha?
Como assim?! O que ele ia fazer com aquela informação?
— Ela mora ali, naquela casa verde bem perto da escada.
— Como ela se chama?
— Minha irmã ou a vizinha? — perguntei, meio confusa com a
pergunta.
— As duas. — Ele me ofereceu um sorriso torto, o mesmo
sorriso que Luke tinha o costume de dar quando estava conversando
com os amigos.
— Minha irmã se chama Marion, e a vizinha, Mariana.
— Certo, agora fique aqui quietinha. — Ele nem esperou eu abrir
a boca para argumentar, abriu a porta do carro e saiu.
Caminhou em direção à casa que eu indiquei, bateu na porta e
em alguns segundos a Mariana surgiu. Ao vê-lo, abriu um longo
sorriso. Ele lhe ofereceu a mão e ela aceitou. Joshua levou a mão
dela aos lábios e a beijou levemente. Mariana quase se derreteu. Em
seguida, ele começou a conversar com ela e, em dado momento, ele
apontou para o carro. Ela fez uma cara de espanto e em seguida
entrou, trazendo a Marion. Joshua se agachou e alisou os cabelos
castanhos da minha irmãzinha. Ela sorriu e ele se levantou, segurou a
mochila dela, pegou na sua mão e os dois vieram em direção ao
carro.
— Pipi, você tá dodói? Tá doendo o machucado? Fez sangue?
Você demaiou?
Para Marion tudo era uma festa. Ela achava tudo divertido.
Assim que o Joshua abriu a porta do carro ela pulou em cima de mim
e me encheu de perguntas. Ao sentir o peso do corpinho dela eu
fechei os olhos e fiz uma careta de dor.
— Pega leve, princesa, sua irmã está fraquinha. Quer ajudar?
Ele conseguiu, sem muito esforço – coisa muito rara – fazer
minha irmã sair de cima de mim. Ela obedeceu sem retrucar e
esperou pacientemente fora do carro.
— Ok, moça, agora seremos eu e você. Coloque o braço em
volta do meu pescoço.
Com assim? Ele achava mesmo que eu pagaria esse mico de
ser carregada no colo escada acima? Mas não mesmo.
— Joshua, não precisa, eu posso perfeitamente ir andando. —
Antes que ele protestasse, eu já estava com os dois pés fora do
carro. Mas, ao tentar me levantar, senti tudo girar e veio uma falta de
ar. — Meu Deus! Está tudo girando.
Ele me segurou, e quando menos percebi estava em seu colo.
— Teimosa. — Rendida, deitei a cabeça em seu peito, fechei os
olhos e rezei para que todos estivessem dormindo a essa hora.
— Então, princesa, você pode me indicar o caminho. — disse
ele a Marion.
— Certo, eu indico.
Alguns longos minutos depois, estava sendo colocada em minha
cama. Meu tênis foi retirado, uma coberta foi colocada sobre o meu
corpo e dois travesseiros foram depositados com cuidado atrás das
minhas costas.
— Fique aqui, já volto. — Ele olhou com atenção para o galo em
minha cabeça. — Cuide dela, princesa. — Piscou um olho para
Marion e depois desapareceu através da porta.
Joshua voltou com um copo d’água, que bebi devagar.
— Engula isso — disse, me entregando um comprimido.
— De onde veio isso? — perguntei, desconfiada.
— Da caixa de remédios do seu banheiro.
Olhei para o comprimido por alguns instantes e depois ergui o
rosto para fitá-lo.
— É paracetamol, eu sei que você está sentindo dor. Vamos,
engula isso logo.
Levei o remédio à boca e em seguida bebi o restante da água.
— Obrigada — agradeci, sem jeito, louca para que ele dissesse
que já estava indo embora, mas isso não aconteceu.
Joshua se virou em direção à Marion, sorrindo. — Querem
comer algo?
— Eu quero... — Ela levantou a mãozinha, pulando animada
como uma criança peralta. — Leitinho quentinho e biscoito.
— Marion, o Joshua deve estar cansado. Daqui a pouco eu faço
isso para você, certo?
— Nem pensar, a senhorita só vai se levantar desta cama
amanhã. Isto é, se estiver se sentindo bem. Eu já pedi à Mariana
para vir vê-la e para me ligar avisando, caso você não estivesse
melhor. Portanto, fique quieta que eu vou fazer um leitinho quente
para as duas.
Ele desapareceu antes que eu pudesse falar algo. Só não me
levantei e fui atrás dele porque assim que ergui os ombros minha
cabeça latejou e o quarto começou a girar. Desisti, vai que ele
acabaria percebendo e resolvesse me levar para algum posto
médico aqui da ilha. Fiquei quieta.
Dez minutos depois, ele voltou com dois copos com leite e um
pratinho de biscoitos cream cracker com geleia de morango.
— Esse aqui é seu, princesa. — Ele entregou o copo com um
desenho do Bob Esponja para Marion. — E esse aqui é seu, moça
teimosa. Ah, acrescentei canela no leite, isso fará com que durma
melhor.
Ele me ajudou a me erguer um pouco, o suficiente para
conseguir beber o leite.
— Obrigada, Joshua. Estou muito envergonhada com tudo isso.
— Não por isso. Você ficará bem? Quer que eu ligue para o seu
pai?
Nem pensar, senhor Joshua.
— Não, não precisa. Ficarei bem, já estou até me sentindo
melhor, pode ir tranquilo.
Vai logo, Joshua, antes que toda a vizinhança venha aqui.
— Ok, então eu vou, mas vou deixar meu número. — Ele pegou
a carteira e retirou de lá um cartão. — Estes são os meus números
do hotel e este é do meu celular particular. — Ele anotou o último.
Assim que me entregou o cartão, olhou na direção de Marion.
Ela tinha adormecido em cima do pratinho de biscoitos.
— Onde é o quartinho dela?
— Não precisa. Se puder, coloque-a aqui do meu lado.
Ele pegou a Marion e a colocou ao meu lado. Beijou a cabecinha
dela e me olhou com carinho.
— Boa noite, Pietra. E se cuide.
Ele se foi. Escutei a porta se fechar e o silêncio reinou outra vez.
A noite não acabou como eu esperava. Terminei me machucando, e
para piorar, dei de cara com o irmão do Luke. Se eu for muito
azarada, ele se encontrará com o Luke e contará o que aconteceu.
Aí é que o negócio ficaria melhor.
Que merda!
Domingo ensolarado

Acordei com um bracinho em volta de mim. Marion dormia


calmamente. Olhei-a com carinho no olhar. Ela era uma criança
adorável, cheia de amor dentro de si, mas eu sentia muito por ela,
tão pequena, tão inocente. Pensei em mim quando tinha a sua idade,
das poucas coisas que me lembrava, a principal era do amor dos
meus pais. Eu tive dois pais e duas mães e todos me amaram muito,
cuidaram de mim, me protegeram. Marion não foi muito sortuda, ela
só podia contar com o amor do papai e com o meu, porque mamãe
quase sempre se esquecia de nós.
Doença maldita.
Apesar da minha pouca idade, desde que ela nasceu eu fui sua
mãe. Quem sempre cuidou dela e a alimentou fui eu. Por muitas
vezes, mamãe se trancava no quarto e a deixava na sala, dentro do
carrinho. Eu chegava da escola e ela estava chorando, morrendo de
fome e com a fralda suja. Eu a colocava nos braços e chorava junto
com ela. Mamãe simplesmente se esquecia que tinha um bebê. Às
vezes, ela se esquecia onde estava, e outras, ela pensava que tinha
quinze anos e me chamava de mamãe.
Esses foram os primeiros sintomas sérios que ela começou a
apresentar. Daí então, papai contratou uma pessoa para cuidar de
mim e da Marion, e outra para cuidar da mamãe quando ele não
estivesse em casa. Quando a Marion começou a falar, seu primeiro,
mamãe foi para mim... Eu só tinha quatorze anos, então fiquei
assustada, chorei, mas depois entendi.
Com muito custo, eu e o papai a convencemos e ela passou a
me chamar de Pipi. É triste tudo isso, pois a Marion não tinha uma
referência de mãe. Quando a mamãe estava bem, ela era a melhor
mãe do mundo e a Marion aproveitava cada momento com ela. As
duas se tornavam uma só, eu via o brilho nos olhinhos da minha
irmãzinha. Mas quando a mamãe começava a se esquecer das
coisas, Marion saía de perto dela, sequer olhava para ela. Acho que
era uma forma que ela havia encontrado para não se magoar mais,
mesmo sendo uma criança tão pequena, ela já tinha aprendido a se
preservar, e isso cortava o meu coração.
Por isso eu e o papai fazíamos qualquer coisa para manter a
Marion longe dos problemas da mamãe. Nós queríamos que ela só
tivesse lembranças de quando a mamãe estava bem.
Só esperava que estivéssemos fazendo a coisa certa.
Peguei a mão da minha irmãzinha e a coloquei em cima do
travesseiro. Com cuidado, eu me levantei. Ainda estava me sentindo
um pouco tonta, deve ter sido a pancada na cabeça. Respirei fundo
e fui para o banheiro, talvez um banho melhorasse o meu estado.
Quando a chaleira com água que pus no fogo, para fazer o café,
apitou, larguei a toalha que secava o meu cabelo, jogando-a na
cama, e corri para a cozinha.
— Pipi, tô com fome. — Uma menininha com uma carinha de
sono surgiu na porta. Ela arrastava seu pequeno cobertor rosa.
Deixei o que estava fazendo e fui ao seu encontro. Peguei o seu
pequeno corpinho e o trouxe para os braços, colocando-a no colo e
levando-a para a mesa.
— Bom dia, minha princesinha. — Beijei suas bochechas
rosadas e a deixei na cadeira, sentadinha. — Aqui o seu cereal.
Quer banana ou maçã?
— Os dois. — Eu já sabia que ela escolheria as duas frutas,
então as cortei em cubinhos e misturei ao cereal dentro da sua
tigelinha de porcelana com a carinha do Bob Esponja.
— Pipi, podemos ir para o farol? Eu quero muito brincar no
parquinho, o papai prometeu que me levaria lá, mas a mamãe ficou
doente...
Ela fez uma carinha triste e começou a brincar com os flocos de
milho dentro da tigela. Ela sempre ficava triste quando falava da
mamãe.
— Claro que podemos. Quando o sol ficar fraquinho eu a levarei
para brincar no parquinho, certo? Mas tem que me prometer que vai
comer todo o almoço, combinado?
Ela me olhou com aquele olhar questionador, e eu já sabia que
vinha uma contraproposta.
— Mas, Pipi, eu nem terminei meu café da manhã e você já está
pensando no almoço? Bem... — Ela ficou olhando para a tigela,
depois seus olhinhos sérios encontraram os meus. — É purê de
batatas com bife?
A comida predileta dela.
— É — respondi, esticando os lábios num sorriso satisfeito.
— Então eu como tudinho.
Ela voltou a comer o cereal.
Após o café, fui cuidar dela. Dei banho, a troquei, penteei seus
cabelos castanhos e a deixei brincando com seus brinquedos e seus
amiguinhos imaginários. Foi o tempo que eu tive para cuidar da casa,
do almoço e de mim.
O Farol

A tarde estava fresquinha, um ventinho gostoso vinha do mar.


Marion não parava de correr com alguns amigos que ela fez no
momento que chegamos. Ela era incrível para fazer amizades,
bastava chegar em qualquer lugar e logo uma turminha de
pequeninos se formava ao redor dela. Sentei em um banco de
madeira pintado de vermelho, bem embaixo de uma amendoeira,
para deixá-la mais tranquila para brincar sossegada com seus novos
amigos. Marion não gostava muito de ser vigiada, por isso trouxe um
livro para ler, um romance bem água com açúcar, para ser mais
exata. Não escolhi um dos meus eróticos, porque as capas já
denunciavam o conteúdo, sempre tinham homens seminus ou um
casal em posição bem comprometedora. Então, preferi um romance
açucarado com uma capa bem discreta.
Do lugar onde estava, eu pude ver o barzinho onde o Luke
promoveu a festa de ontem.
Como eu pude ser tão tola em pensar que poderia competir com
as moças que andavam penduradas nele?
O Luke nunca se interessaria por mim... não da maneira que eu
queria.
Ele podia até ficar me olhando de vez em quando, mas eu sabia
perfeitamente quais as intenções dos seus olhares furtivos.
Ele queria me foder.
E só isso.
Mas que besteira, Pietra, até parece que você não quer ser
fodida por ele. E agora, mais do que nunca, depois de saber como
ele pegou de jeito aquela mulher... Nossa!
Ele era o homem dos meus sonhos, o homem que tiraria o meu
selinho de qualidade. Com um homem assim valeria a pena perder a
virgindade.
Doida. Você é doida, Pietra.
— Pipi, olha como estou grande! — Marion estava em um
playground. Ela subia e descia as escadas apressadamente.
— Marion, devagar. Preste atenção, princesa. — Levantei-me e
observei, atenta, os movimentos da minha irmãzinha sapeca.
Ela apenas mostrava o dedo polegar, fazendo um sinal de
positivo com o dedinho torto. Voltei a me sentar. Um olho no livro e
outro na Marion. Quando a história começou a me prender, uma
mãozinha toda suja de areia puxou a manga da minha blusa.
— Pipi... Pipi... — Ela me puxava, impaciente. — Pipi, bora pra
aquele lugar ali... — Ela apontou para o local onde havia um palco e
onde um som alto começava a tocar. — Tem música, e você gosta.
Tem cachorro-quente, e a Marion ama... — Eu já ia dizer não, pois
sabia quem estaria lá – o Luke – mas com a carinha de pidona que
ela fez, não tinha como negar.
— Ok, mas é só o tempo de comprar o cachorro-quente, certo?
— Então, bora logo, Pipi... — Na euforia dos seus quatro
aninhos, ela me puxou pela mão, tentando me levantar.
— Calma, criança... Que afobação.
Marion escolheu um lugar um pouco próximo ao palco. O
pessoal da produção estava testando o som e a iluminação. Pelo
visto, o show iria até à noite. Procurei o rapaz dos meus sonhos por
todo o palco, até onde minha vista alcançava. Eu não o vi, mas vi a
moça que estava com ele ontem à noite.
Merda! Ela estava estonteante.
Vestia um body bem decotado preto e um short jeans
customizado, bem curto. Meia arrastão e botas pretas, estilo garota
fatal, ou estilo “Me coma, Luke”, coisa que, com certeza, ele fez
durante toda a madrugada. Com um corpo daquele e um par de
pernas daquelas eu dominaria o mundo.
Quer dizer, o Luke.
Olhei para mim. Pobre coitada... Um short estampado folgadinho
– que não favorecia em nada as minhas pernas – e uma blusa de
malha baby look branca com um gatinho estampado na frente. Estilo
garota nerd ou “Fuja de mim, Luke.”
— Pipi, ali... — Minha persistente irmã me despertou para a
realidade. Ela apontava para a barraquinha de cachorro-quente. Fui
puxada com determinação.
— Olá, o que a linda menininha vai querer?
Um senhor muito sorridente olhou para a Marion. Ele mostrava
com as mãos a variedade de saladas que poderiam acompanhar a
salsicha no pão.
— Eu quero salsicha de frango, milho verde, ervilha, beterraba e
todos os molhos que o senhor tiver, menos pimenta. Marion não
gosta de pimenta. — Antes que eu pudesse responder, minha
irmãzinha espertalhona respondeu.
Ele soltou uma gargalha, depois olhou para mim, como se
perguntasse se era isso mesmo.
— Pode fazer do jeito que ela pediu.
— E você, quer o seu do mesmo jeito? — ele perguntou.
— Não. Não vou querer, obrigada.
Marion pegou o cachorro-quente e a latinha de suco de pêssego
e seguimos para um banco. Ela se sentou e eu fiquei de pé, com os
olhos atentos, procurando por ele. Então eu o vi.
Luke estava rodeado de amigos motoqueiros e de algumas
mulheres. Estava de pé, apenas com uma perna em cima da
motocicleta. A garota fatal estava colada nele, com a bunda bem
encostada à frente da sua bermuda.
Exibida filha da mãe.
Por mais que eu tentasse, não conseguia desviar os olhos dele.
Eu praticamente o devorava.
Oh, meu Deus, ele era tão lindo!
A camiseta branca mostrava suas tatuagens, seus músculos e
seus piercings. O cabelo bagunçado e a barba por fazer davam
aquele ar de garoto problema que eu tanto amava.
Então... ele sorriu, daquele jeito. Jogando a cabeça para trás,
mostrando os dentes brancos e certinhos e o piercing da língua.
Ai, meu Deus!
Aquela língua devia fazer um estrago nas partes íntimas de uma
mulher.
Luke. Luke. Luke.
Suspirei.
Talvez meu suspiro tenha sido sonoro demais, pois assim que
abri os olhos, encontrei os olhos claros dele olhando para mim. Ele
ficou sério, enquanto seu olhar me varria e uma quentura crescia
dentro de mim. Aquele olhar se prolongou, me medindo
preguiçosamente...
Por Deus, vou gozar.
Acho que os meus hormônios adolescentes ainda estavam
presentes na minha primeira fase adulta. Fiquei molhadinha lá
embaixo e o meu coração batia apressadamente.
Então ele tinha que estragar tudo.
Luke pegou a moça que estava colada nele pelo pescoço e virou
sua cabeça. Ele colou os lábios nos dela e a beijou com ousadia,
mas seus olhos não deixaram os meus.
Esse cara quer me deixar louca, só podia!
Que beijo devasso, eu quase gozei só de olhar. Era demais,
cheguei à conclusão que realmente não tinha como eu competir com
tanta experiência.
— Vamos embora, Marion. — Peguei minha irmã pela mão e
praticamente saí lhe arrastando.
— Pipi, devagar. — Ela reclamou.
Marion não tinha culpa de o Luke ser um imbecil e exibido.
Diminuí meus passos e olhei para ela. Estava toda suja de molho no
rostinho e a blusinha cheia de manchas vermelhas, brancas e
amarelas, demoraria séculos para retirá-las. Papai ia me matar.
— Ei, oi... — Alguém me chamou, então eu olhei ligeiramente
para trás.
Era o Marco. O que ele queria?
Não parei, continuei andando.
— Devagar, moça. — Ele nos alcançou e olhou para Marion. —
Sua irmã? — Mexeu no cabelinho dela. — É, deve ser. Se parece
com você.
— E você, quem é? — Marion ergueu a cabeça e encarou o
estranho.
— Sou o Marco, amigo da sua irmã. — Ele sorriu com carinho
para ela.
— Você é bonito. Não é, Pipi? — Ela olhou para mim. A
sinceridade da Marion me deixava desconcertada, às vezes.
— Sim, ele é — respondi sem olhar para ele.
— Nossa, ganhei minha noite. — Eu sei que ele estava rindo,
mas não olhei para ele. — Por que não foi para festa ontem? Eu
fiquei esperando.
Mentiroso filho da mãe, nem sabia mentir. Eu o vi e ele estava
muito bem acompanhado.
— Quem lhe disse que não fui? Eu fui, só não entrei. Fiquei só
olhando de longe, eu não sabia que a festa era a rigor.
Ele soltou uma gargalhada.
— A rigor! — exclamou, divertido. — Se você foi mesmo,
deveria ter entrado, garanto que seria a moça mais bonita e
desejada... — Parei, fiquei de frente para ele. Marion nos observava
com os olhinhos atentos.
— Escute aqui, Marco, não tenho interesse em você. Eu o vi
ontem, então não venha dar uma de conquistador. Eu sei que não
faço o seu tipo, nem o de ninguém que anda com você, portanto, me
deixe em paz, tá?
— Ei, calma. Só quero ser seu amigo... — Voltei a andar,
deixando-o para trás. — Pietra, quer esperar um pouco? — Ele
apressou os passos. — Olha, me desculpa, não quis ser
inconveniente, ok? — Andei mais rápido. — Pietra, só me escute. —
Parei, fitando-o com um olhar impaciente. — No próximo sábado
vamos promover uma festa do outro lado da ilha, duas lanchas sairão
daqui durante toda a manhã, levando o pessoal. Começa às quatorze
horas e termina às dezessete. Seria muito bom vê-la lá. Só queria
que soubesse. Tchau.
Ele virou as costas, e eu o vi subir a ladeira sem olhar para trás.
— Ele ficou zangado, Pipi. Você foi mal-educada.
— Ele é um chato, Marion. Ele e o amigo dele. Vamos para
casa.
Eu a coloquei no colo e ela agarrou meu pescoço e adormeceu.
Capítulo 4

Como eu disse antes, não sou um bandido como todos


pensam.
Não, não sou.
Eu apenas gosto de viver perigosamente. Ou de fugir de mim
mesmo.
Afinal, esta foi a vida que escolhi viver, a maneira que decidi
seguir em frente. Talvez não seja o melhor caminho, ou nem ao
menos uma opção, mas era o que me fazia sentir bem, era o que eu
merecia ter. Eu poderia estar ao lado do meu pai e irmão, sendo
uma outra pessoa. Eu até tentei, no entanto, não deu certo. Eu não
me encaixava no ambiente deles, era como se eu não merecesse
tudo aquilo... Não depois do que eu fiz.
Matei a minha mãe.
Por isso, saí da vida deles e busquei um caminho que fosse mais
parecido com o que eu era. E desde que tomei essa decisão,
busquei não depender financeiramente da minha família,
principalmente da herança da minha mãe. Nessa eu jamais colocarei
as mãos, não sou merecedor dela. Mas admito, ser filho de um dos
homens mais influentes do Brasil tinha as suas vantagens. O meu
sobrenome abria portas, e no meu ramo de trabalho, de produção de
eventos, isso era muito favorável. Vivia bem, mas não tinha hábitos
luxuosos. Na maioria das vezes, quando precisava ir para outro país,
alguém mandava um jato me buscar. Mas os meus negócios
chegavam até mim, não precisava fazer muito esforço.
Agora, desde que bati meus olhos nela, na mocinha com carinha
de moleca, alheia a vaidades, com jeitinho inocente e completamente
diferente de todas as mulheres com as quais estou acostumado a
me envolver, não parei de pensar nela. E esse tempo todo a
observando, vendo-a me cercar, vendo os seus olhos me devorarem
com fome, só aumentou a minha necessidade de tê-la.
Queria muito fazer sexo com ela, muito.
Meu pau ficava duro só com este pensamento.
Eu faria de tudo para tê-la.
E hoje eu tive a certeza disto.
Eu a vi me encarando com aquele olhar pidão. Estava com os
olhos tão vidrados em mim, que nem percebeu que eu a olhava de
volta. Então eu quis testar o seu grau de interesse por mim. Beijei a
moça que estava me fazendo companhia no evento do farol. Beijei a
garota como se os meus lábios estivessem beijando os seus.
Acariciei o corpo dela como se minhas mãos estivessem fazendo
isso no seu corpo, e fiz tudo sem afastar os meus olhos dos dela.
E ela se entregou. Eu percebi o seu olhar ciumento, posso até
dizer que de decepção.
Irritada com o que viu, virou-se e foi embora.
Sorri, vitorioso.
Ela era minha.
Por isso mandei o Marco ir atrás dela, sondar a área e convidá-
la para o meu evento do próximo sábado. Tenho planos eróticos,
muito sujos para ela. Se não conseguir fazer sexo com ela, pelo
menos provarei os seus lábios, no mínimo.
Ansioso, esperei a volta do Marco. Não conseguia desviar os
olhos da saída do farol.
— Luke, o show vai começar, vamos para o palco. — Uma voz
melosa e uma boca faminta tentavam chamar a minha atenção.
Drena, a moça que veio ao meu convite, para ser a minha
acompanhante do final de semana. Ela era filha de um senador da
República e eu a conheci em um show de música eletrônica, na
Irlanda. Linda e gostosa, não resisti e a convidei para passar um final
de semana na ilha. Já havia me esquecido da linda Drena, quando
ela chegou no final da tarde da sexta-feira com o DJ contratado para
o evento do final de semana.
Ela era linda, mas era fácil e superficial demais. Era boa no
boquete, só nisso, porque na foda fazia muito barulho e muita
atuação.
— Vá indo, Drena, tenho um assunto para resolver — respondi,
aceitando seus lábios, mordendo-os e os puxando para mim.
— Não, eu não vim para este fim do mundo para ficar expondo a
minha beleza para um bando de nativos. Eu vim para ficar com você,
portanto, vamos logo...
Ah, ela disse as palavras erradas.
— Dá o fora, Drena. Se quiser ir para o palco e me esperar lá,
vá agora. Senão, foda-se.
Nem esperei sua resposta, afastei-a do meu corpo e saí de
perto, seguindo em direção ao início da ladeira.
— Seu grosso... Vá se foder você. — Não lhe respondi nada,
apenas levantei o braço e lhe mostrei o dedo do meio.
Peguei um cigarro, acendi e traguei, deixando a fumaça fazer
efeito dentro de mim. Enquanto eu espichava os olhos, ansiosos, em
direção à ladeira, soltei a fumaça, deixando-a formar arcos que se
desmancharam com o vento.
— Luke, o DJ está chamando você.
Um dos ajudantes de palco chamou a minha atenção.
— Avise-o que pode começar sem mim, a celebridade é ele. —
Joguei o cigarro no chão e o apaguei com a ponta do tênis. O Marco
estava a alguns passos de distância.
— Então, ela vai? — Ele nem tinha chegado perto quando
perguntei, era como se a resposta dela fosse algo muito importante.
— Cara, aquela mina é um pau no cu. Caralho! Tem certeza que
é isso que quer? Ela não tem nada a ver com as minas que você
come.
— Exatamente, ela é diferente de todas, e é isso que me atrai.
E outra coisa, não vou comer a Pietra, vou fazer sexo com ela —
disse, encarando um Marco com olhar espantado.
— E qual a diferença? Dá tudo no mesmo...
— Marco, tá aí a diferença, não vou enfiar o pau, vou mergulhar
dentro dela e sentir seu calor íntimo. Sentir o quanto molhada e
quente ela estará por mim.
— Virou filósofo? Acho que você ou enlouqueceu, ou se
apaixonou, e não sei qual dos dois é o pior. Mas, de qualquer forma,
seja o que for, você está é muito fodido.
Ele tinha razão.
Estava fodido.
Meus pensamentos de possessividade em relação a Pietra
estavam em um alto grau, e uma porção de emoções estava me
levando direto para a superfície.
— Deixe que com isso eu me preocupo — finalizei a discussão.
— Então, ela vai ou não?
— Não sei, mas fiz o convite. Como eu disse, ela é um pau no
cu.
Não gostei da resposta.
— Se ela não for, eu o farei ir buscá-la. Então vá pensando em
uma maneira de persuadi-la, seu incompetente. — Dei-lhe as costas
e segui para o palco. Ele veio atrás de mim, cuspindo xingamentos
afiados às minhas costas.
— Escute aqui, Luke, não sou cupido. Acho melhor você mesmo
ir atrás da porra daquela garota, ela tem um gênio do cão.
— Dê os seus pulos. E vamos trabalhar.
Subi no palco e procurei a Drena. Encontrei-a enroscada com o
DJ que contratei para os eventos de sexta e de hoje. Ela me olhava
com aquele olhar que dizia: Perdeu, bad boy.
Como se eu me importasse com isso. Se ela soubesse que
mulher não era problema, que eu poderia ter a que quisesse, e bem
mais bonitas e gostosas do que ela. Era só chamar e lá estariam
elas, em filas. Drena brincava com fogo, e eu mostrarei que com
Luke Sarajevo não se brincava, a menos que você tivesse bastante
munição.
Ela continuava se esfregando no cara e olhando para mim. Sorri,
forçado, e olhei para o meu lado esquerdo, onde estavam as
convidadas do deputado federal mais jovem da capital. Com o dedo
indicador, chamei uma delas. A moça esticou os lábios com um
sorriso fácil e subiu no palco sem pensar duas vezes.
Estendi a mão, ela a segurou e eu a puxei com força para os
meus braços. Não perdi tempo, dei-lhe um beijo devorador, com uma
mão em sua nuca, apertando sua boca na minha. A outra mão foi
direto para sua bunda por baixo da saia, sem esperar sua
permissão. Sequer sabia o seu nome. Empurrei seu corpo em
direção à parte de trás do palco, onde só alguns assistentes
ficavam, e onde eu sabia que a Drena poderia assistir ao meu show
erótico. Encostei a moça em um canto cheio de caixas amontoadas
umas nas outras, e num puxão rasguei sua calcinha e enfiei dois
dedos em sua boceta melada.
— Sua bocetinha está prontinha para me receber, minha linda...
— disse, olhando em seus olhos e mordendo seu lábio inferior. —
Quer que eu te coma aqui mesmo?
— A-aqui... — ela gemeu em minha boca, delirando, revirando
os olhos enquanto eu a fodia com os dedos.
— Sim, aqui, minha gostosa. Não se preocupe, ninguém é louco
de dizer qualquer coisa, eu mando nessa porra. Você quer... quer
meu pau enfiado todo nessa bocetinha meladinha?
Eu me roçava nela, apertando o peito em seus seios pontudos,
mordendo sua boca, chupando sua língua. Ela gemia e abria as
pernas mais e mais, para que meus dedos a fodessem com força.
— Q-quero, Luke. Me come, mete seu pau gostoso em mim.
Pronto, ela disse a palavra mágica. Ela seria a boceta da vez.
Abri meu zíper e puxei meu pau para fora. Ele pulsava em minha
mão, a cabeça melada com o meu pré gozo, pulsando faminto.
— Delícia, só um minutinho... — Mordi seu pescoço enquanto
procurava o preservativo no bolso da bermuda. Cobri meu pau
rapidamente e a segurei pela cintura, fazendo-a montar em mim.
Assim que as suas pernas cruzaram meu quadril, meu pau
invadiu sua boceta.
— Delícia, gostosa — sussurrava, mordendo seu queixo, seu
pescoço. Meus dentes saboreavam cada pedacinho até chegarem
na frente de sua blusa. — Você é uma loucura, menina.
Soquei meu pau duramente dentro dela. Ela gritou ao sentir a
força da estocada. Suas mãos seguravam meus ombros para manter
o equilíbrio. Minha boca encontrou um mamilo e eu o mordi com
força, enquanto socava mais duro e mais rápido em sua boceta.
— Essa boceta nunca mais vai esquecer essa trepada, minha
querida. Ela vai lembrar desta foda todas as vezes que outro pau
entrar nela.
Estoquei mais forte. Minhas mãos a seguravam pela bunda,
então eu aproveitei e percorri sua bunda com um dedo, até encontrar
seu buraquinho enrugado, penetrando-a. A moça gemeu alto quando
sentiu a minha invasão. Meu pau fodendo sua boceta e meu dedo
seu cuzinho.
— Lu-Luke... eu...
— Goze, gostosa. Só estou esperando você.
E ela gozou, prendendo-se a mim, apertando as pernas em
torno do meu corpo. Enquanto eu enchia o preservativo com o meu
gozo e socava a boceta da moça, meus olhos foram em direção à
Drena, que me olhava com raiva. Sorri, vitorioso.
A linda moça, satisfeita e bem fodida, desceu dos meus braços.
Eu a beijei com prazer, ajeitei seu vestido, guardei meu pau, fechei
meu zíper e a levei de volta ao palco.
O nome dela era Sabrina Piccioly, estudante de direito e filha de
um industrial carioca. Ficamos mais algumas horas juntos. Ela era
uma moça que, além de bonita, era inteligente, sabia que só foi uma
transa ocasional. Ela, assim como eu, só queria gozar e se divertir.
Duas horas depois, ela foi para os braços do deputado, eu soube
por ela que eram namorados, mas ele estava tão bêbado e drogado
que nem notou a sua ausência.
Voltei ao centro do palco, me entregando à diversão. Drena, ao
perceber que a Sabrina havia voltado para o namorado, se
aproximou.
— Acabou o show? — disse, cheia de malícia.
— Qual, esse aqui? — Apontei para o palco, fingindo
displicência.
— Não seja babaca, Luke. Estou perguntando sobre o show
pornô com a putinha do deputado.
— Ah, esse! Você assistiu? Gostou?
— Você é um idiota. Se fez aquilo para me provocar ciúmes,
tomou na cara. Eu não me importo com quem você fode, seu pau foi
só um brinquedinho insignificante para minha boceta, ok?
Ela estava se mordendo de ciúmes, isso estava amplamente
destacado no tom trêmulo de sua voz.
— Ok, sem problemas. Mesmo porque meu pau não gostou
muito de brincar com a sua boceta, ela é muito sem graça. Então
estamos quites, meu pau vai brincar em outro parquinho. Cai fora,
Drena, vá se divertir com o seu novo brinquedo.
Apontei para o DJ, que nesse instante pulava, eufórico, com o
novo embalo da música.
— Imbecil, tomara que seu pau caia.
— Passa, chispa. — Mostrei o caminho com as mãos. Ela
passou por mim, empinando a bunda e de queixo erguido.
Alarguei os lábios com um sorriso satisfeito. Tirei um cigarro da
carteira e o pus na boca, enquanto procurava o isqueiro.
— Cara, o que foi aquilo? — Marco puxou o cigarro da minha
boca, levando-o para a sua e o acendendo em seguida. Ele tragou
fundo, depois me devolveu. — A Drena está uma fera, xingou as
suas próximas três gerações. Também, você precisava mesmo foder
outra mulher na frente dela? — Ele arqueou as sobrancelhas,
olhando-me.
— Não, mas eu quis, e foi bom pra caralho! — Traguei o cigarro
e soltei a fumaça, observando-a desaparecer no ar. — Que boceta
gostosa a namorada do deputado otário tem. — Devolvi o cigarro
para o Marco.
— Cara, você é maluco. O deputado tem fama de mandar matar
quem se mete com o que é dele, sabia?
Soltei uma gargalhada. Marco me ofereceu o cigarro de volta, eu
recusei.
— Vá rindo, cara. Depois não chore pelo pau cortado.
— Foi ele quem me ofereceu a garota, em troca de alguns
brinquedinhos extras.
Marco quase saltou os olhos para fora da cara.
— Tá brincando? — Balancei a cabeça, negando. — Puta
merda! Isso só acontece com você.
— Pois é, o deputado adora foder e ele queria experimentar
outras coisas... — apontei para dois modelos masculinos que
estavam bêbados e pulando feito dois loucos. — Eles também
gostam. A princípio eu recusei a proposta, mas quando vi a
oportunidade, não pensei duas vezes. Agora eu preciso pagar pelo
prazer que tive. Só não sei se os carinhas vão querer comer o
deputado.
— A mina sabe disso?
— Provavelmente não, mas ela não vai se importar. Foi a foda
mais louca da vida dela, ela nunca mais se esquecerá.
Caímos na risada.
— Não duvido disso, não duvido mesmo. Você é maluco.
Alguém chamou por ele. Quando viramos a cabeça para ver
quem era, sorrimos um para o outro.
— Vá lá, cara, vá se divertir — eu disse, batendo no ombro dele.
Ele saiu todo sorridente. Marco era apaixonado por uma loirinha,
a filha do dono do mini supermercado da ilha. Eles estavam
namorando escondidos, e se o pai dela soubesse, certamente
mandaria a filha para bem longe. Provavelmente para outra capital,
além de dar uma surra no Marco.
A festa acabou às vinte e duas horas, por determinação da
prefeitura. Ou seja, do meu pai, o todo-poderoso de Corais.
Deixei o pessoal encarregado da arrumação dos aparelhos de
som e da desmontagem do palco e fui levar meus convidados para o
hotel. Eles partiriam logo cedo, cada um para o seu destino. Drena,
ao me ver indo embora, veio atrás de mim, me parando.
— Dorme comigo. Esquece o que eu disse, eu estava chapada.
— Mas eu, não. Boa noite, Drena.
Virei as costas e saí sem olhar para trás.
Segui em frente, a caminho de Passaredo, onde ficava minha
casa, minha cama e meu canto, só meu.
Minha casa estava situada no ponto mais alto da ilha e tinha uma
das vistas mais lindas de toda a baía. Daqui eu tinha recordações
belas e tristes também. Mesmo assim, eu preferi viver aqui desde
que voltei de Portugal. Adorava o barulho das ondas batendo nos
rochedos e o cheiro forte da maré. Aqui eu vivia com os meus
pesadelos, minhas lembranças atordoantes e, ultimamente, com uma
lembrança particularmente muito boa.
Pietra...
Deitei na cama, joguei os braços atrás da cabeça e fiquei
olhando o teto.
Pietra, o que estaria fazendo agora? Olhei em direção ao relógio
na mesinha de cabeceira, era quase uma hora da manhã.
Você deve estar dormindo e certamente sonhando comigo.
Pietra, você está provocando coisas em mim.
Porra, se eu tivesse a certeza absoluta de que você me quer
tanto quanto a quero, juro que iria até você e a traria para cá. Eu a
acorrentaria em minha cama e só soltaria quando a escutasse gritar
meu nome de prazer.
Porra! Mas que merda está acontecendo comigo? Eu nunca fui
de correr atrás de mulher, elas que vinham atrás de mim. Pense em
outra coisa, ou em outra mulher, Luke.
Não consegui...
Como ela reagiria se soubesse que tinha planos para ela? O que
pensaria se soubesse que a minha intenção era jogá-la em minha
cama, abrir suas pernas e enfiar meu pau profundamente na sua
bocetinha quente e depois derramar a minha porra por todo o seu
corpo, marcando-a como minha?
Sim, eu queria isso. Quero isso e outras coisas que ainda não
sei ao certo o que são, mas a porra do meu pensamento não
desgrudava da imagem doce e delicada dela. Do seu sorriso, seus
olhos pidões, seus lábios...
Merda! Eu precisava dar um jeito nisso, o quanto antes.
Virei de bruços, joguei o travesseiro por cima da cabeça e tentei
dormir.
No outro dia
— Saiam daqui seus moleques arruaceiros! Vão se instalar em
outro lugar, não quero gente como vocês em frente ao meu mercado.
Saiam ou...
— Ou o quê? O que o senhor vai fazer? — enfrentei o velho
rabugento. Era o senhor Soares, dono do minimercado e futuro
sogro do Marco.
— Chamo o seu pai, seu... seu... — Ele me olhou de cima a
baixo, analisando-me. Estávamos quase colados um no outro, mas
ele não se intimidou.
— Seu o quê? Hein, seu Soares? Vai lá, despeja o que está
engasgado na goela — desafiei, sem desviar meus olhos dos dele.
Nós parecíamos dois galos de briga.
— Seu maconheiro de merda, seu delinquente. Caia fora ou
chamo a polícia.
— A via é pública, posso ficar aqui o tempo que eu quiser. O
senhor pode proibir eu e os meus amigos de entrarmos no seu
mercado de merda, mas aqui fora podemos ficar.
Nossas motos estavam paradas em frente ao mercado. Nós
fomos lá para as meninas que estavam conosco comprarem algumas
cervejas. Só o Marco estava sozinho, afinal, não seria uma boa ideia
aparecer na frente da namorada com outra mulher na garupa.
Estávamos em um grupo de seis e todos trabalhavam para mim.
— Escute aqui, seu moleque traficante, as pessoas têm medo
de você, mas eu não tenho. Ou você sai por bem ou sai por mal.
Ele entrou no mercado e minutos depois voltou com um balde
cheio, com alguma coisa dentro.
— É sério isso? O senhor vai partir para a ignorância? Pois
muito bem, venha, seu velho maluco.
Fiquei cego de raiva. Eu sabia que as pessoas na ilha não iam
muito com a minha cara, principalmente pais e mães, mas eu nunca
desrespeitei ninguém. Nunca fiz mal a nenhum morador, ao contrário,
eu ajudava muitos, principalmente os nativos mais pobres. Fazia
doações periódicas de cestas básicas e de medicamentos para as
duas farmácias populares. Era eu que pagava as despesas da
creche principal da cidade. Eu sabia que eles sabiam disso, mas, em
vez de me agradecerem, jogavam pedras. Bando de hipócritas, não
queriam a minha presença, mas queriam o meu dinheiro.
Soares levantou o balde e fez menção de jogá-lo em mim, então
eu o impedi, tomando-o das suas mãos. Precisei empurrá-lo e ele
quase caiu, isso só não aconteceu porque se apoiou na parede.
E nesse momento, eu a vi. Ela estava de pé, me encarando,
perplexa.
Porra!
Ela tinha que surgir justamente nessa maldita hora?
Encarei seus olhos pidões, sorri torto para ela e fiz a minha pior
cara de mau. Joguei o balde com força na calçada e olhei para o
Soares.
— Se quiser prestar queixa à polícia, fique à vontade, mas
quando eu quiser parar minha moto aqui, pararei. — Virei as costas,
subi na moto e esperei os demais fazerem o mesmo.
Saímos calmamente. Eu fiquei observando-a pelo espelho
retrovisor.
Ela não desviou os olhos de mim. Até que eu não consegui mais
vê-la.

Fui até o mercado comprar o suco de pêssego que a Marion


tanto gostava. Era o horário da sua merenda e ela não queria o suco
de manga que tinha em casa. Assim que cheguei na esquina, ouvi os
gritos do dono. Ele discutia com alguém, e para a minha surpresa,
estava quase aos tapas com o Luke. Parei, perplexa, quando vi Luke
partir para cima do homem que tinha idade de ser seu pai e pensei
comigo:
Será que ele teria coragem de bater nele?
Não, ele podia ter a fama de mau, mas eu não acreditava que
fosse de verdade. Ele não era mau, eu sabia que não era...
Bem lá no fundo do meu ser, eu sabia que tudo o que o Luke
representava era pura fachada. No fundo, ele era um bom rapaz,
meu coração dizia isso toda vez que os meus olhos encontravam os
dele. E o olhar que ele me deu, o vacilo das suas mãos quando
tomou o balde do senhor Soares, demonstraram bem isso. Ele só
queria manter a aparência de bad boy.
— O senhor está bem? — Peguei o balde e o entreguei ao
Soares. Ele continuava olhando para o final da rua, onde as motos
desapareceram.
— Traficantes, filhos da mãe, tenho pena do senhor Lúcios, ele
não merece o filho que tem. Um homem tão bom... — Ele entrou no
mercado e eu segui atrás dele. — Ainda bem que ele tem o Joshua
para suprir essa decepção.
— O que o Luke fez, para deixá-lo tão bravo? — perguntei,
entregando-lhe as quatro caixinhas de suco de pêssego.
— Aqueles lá não são referência para ninguém. — Ele registrou
os sucos e eu lhe dei o dinheiro enquanto empacotava as caixinhas,
esperando o troco. — Eles são perigosos, principalmente para
mocinhas como você e minha filha Luana. — Ele me encarou e me
entregou o troco. — Fique longe de rapazes assim, eles só querem
se divertir. Ainda bem que eles só querem as garotas da capital,
graças a Deus.
Se ele soubesse que o meu coração batia forte contra a minha
caixa torácica toda vez que via o Luke. Que ficava excitada,
chegando a molhar a calcinha só de sentir os olhos dele em mim, e
que eu agarraria qualquer oportunidade só para provar os lábios
dele.
Deus! Estava ficando louca.
— Ele é só um rapaz problemático, seu Soares, não faz mal a
ninguém. Acho que vocês pegam pesado, não seria melhor ignorá-
lo?
Nem sei por que eu disso aquilo. Eu defendi o traficante da ilha.
Seria apedrejada em praça pública.
— É, papai. — Virei a cabeça em direção à mocinha que limpava
as prateleiras do setor de limpeza. Luana, a filha do Soares.
— Não se meta, eu sei perfeitamente por que está defendendo
aquele bando. Se eu sonhar que você chegou perto daquele
vagabundo do amigo do Luke, eu a mandarei para Brasília!
Imediatamente ela se calou e voltou às suas atividades. Eu
peguei a minha sacola e saí lentamente do mercado.
— Tenha um bom dia, senhor Soares. Até mais, Luana.
Segui para casa, sem conseguir parar de pensar nele.
Meu Luke, meu bad boy.
Capítulo 5

Fazia oito dias que não via o papai. Quando ele finalmente
voltou, na quinta-feira, estava muito magro, abatido e triste. Trouxe
com ele várias sacolas de suprimentos, os mais pesados, como
grãos, massas, sucos e enlatados. Iogurtes, biscoitos e alguns
salgadinhos, também duas caixas térmicas com carnes, aves e
peixes.
Fizemos a festa, eu e a Marion, não pela comida, mas pela
saudade que sentíamos dele. Ficamos abraçados por quase quinze
minutos, chorando e nos beijando. Ele dizendo que nos amava, que
estava morto de saudades, que éramos o mais importante da vida
dele e que, se não fosse nós duas, ele não saberia o que seria viver.
Papai estava tão diferente. A barba por fazer, e eu juro que ele
envelheceu uns cinco anos. Meu pai estava sofrendo, sofrendo muito.
Passamos a quinta-feira agarrados um ao outro. Ele fez o
almoço, a janta, e à noite, tivemos sessão pipoca. Quando a Marion
foi dormir, eu finalmente tive coragem de perguntar sobre a mamãe.
Ele me disse, com profunda tristeza, que percorreu cinco
munícipios, mas todas as pistas resultaram falsas. Como ele ficou
muito tempo fora de casa e longe de nós, precisou voltar, mas
voltaria a procurá-la no sábado pela manhã, pois tinha surgido outra
pista.
Encontraram uma mulher que se parecia muito com a mamãe em
Itabaiana, uma cidade do Sergipe. Papai estava esperançoso, mas
foi sincero. Pelo o que informaram, se for realmente a mamãe, ela
não lembrava nem do próprio nome e, se for isso mesmo, assim que
ela retornasse ele teria que interná-la em uma clínica especializada.
Eu sei que ele não queria isso. A mamãe era o amor da vida
dele, mas eu e a Marion também éramos, e ele queria nos poupar do
sofrimento de ver nos olhos da nossa mãe um esquecimento total de
suas filhas.
Aproveitamos cada minuto com o nosso pai. Eu e Marion. Mas
hoje, sábado logo cedo, ele partiu. Foi à procura do grande amor da
sua vida, cheio de esperança de encontrá-la, sem se importar se ela
lembraria dele ou não. Papai só queria protegê-la e amá-la.
Triste, desolado e preocupado, sabendo que não estava certo
deixar uma garota de dezoito anos sozinha com uma criança de
quatro, ele partiu. Lágrimas rolaram dos olhos dele e dos meus.
Deixou dinheiro suficiente para um mês, os telefones dos amigos da
polícia e mil recomendações. Antes de entrar na balsa, segurou meu
rosto e me disse que eu era o seu orgulho e que sempre cuidaria de
mim. Em qualquer lugar que estivesse, ele cuidaria de mim. Não
gostei muito daquela conversa, soou como uma despedida. Mas eu o
abracei bem apertado, beijei seu rosto sofrido e lhe disse um até
logo.
Marion não viu o papai indo embora, e quando acordou
desandou a chorar. Nada do que eu fazia a acalmava, passou a
manhã inteira emburrada e chorosa, nem quis comer. Então resolvi ir
passear na praia. Estávamos catando conchinhas, quando eu escutei
música ao longe. Marion começou a dançar e a sorrir, então eu me
lembrei que hoje era a festa do Luke, no outro lado da ilha. Como já
estávamos perto e a maré estava baixa, vendo a alegria da minha
irmãzinha, resolvi ir até lá. Afinal, eu fui convidada. Peguei a Marion
pela mão e fomos em direção à música contagiante.
Levamos cerca de meia hora para chegar ao local onde o evento
estava acontecendo. Nunca tinha vindo aqui. Abismada com a beleza
do lugar, eu parecia uma caipira, olhando para tudo.
Eu sei que praia era tudo igual, principalmente em uma ilha. Mas
aquele lado era particularmente mágico. A areia era completamente
branca, a água mais azul e as ondas bem calminhas. Havia coqueiros
em todos os lugares para onde olhava, árvores frutíferas e até
flores. Era mágico.
— Pietra, só assim eu consigo vê-la.
Reconheci a voz atrás de mim. Já estava me virando, quando a
sapeca da minha irmã pulou nos braços do desconhecido.
— Joshua, você gosta de festa? — Ela segurava o queixo do
Joshua enquanto o enchia de perguntas. — Aqui tem sorvete?
Pipoca e maçã do amor? Tem parquinho?
— Marion, se acalme — briguei com ela. Joshua, por sua vez,
olhava para ela prestando atenção em cada pergunta, esperando a
oportunidade de responder.
— Pipi, não seja chata. O Joshua é meu amigo, não é, Joshua?
— ela me repreendeu e depois seus olhos se voltaram para o
Joshua, que sorriu.
— Claro que sou seu amigo. E, sim, aqui tem todas essas
guloseimas, só não tem parquinho.
— Onde? Eu quero maçã do amor. — Marion praticamente pulou
do colo do Joshua. Seus olhinhos atentos procuravam o lugar onde
estava a tal da maçã do amor.
— Ali — Joshua apontou para uma barraquinha, com uma maçã
bem grande no topo.
— Posso comprar, Pipi? Posso? Por favor, por favor... — Ela
juntou as mãozinhas em súplica.
— Claro que pode. — Antes que fizesse qualquer gesto para
pegar o dinheiro no bolso do meu short, Joshua pegou a carteira e
retirou uma nota de vinte reais, entregando-a a Marion. — Você quer
que eu vá com você, ou quer ir sozinha?
Minha irmãzinha sapeca me fitou com aqueles olhos grandes de
felicidade. Apesar de ela ter só quatro anos, era uma menina bem
esperta.
— Eu posso ir sozinha, Pipi? — ela praticamente me implorou.
Reticente, eu parei por alguns minutos, para pensar. Bem, não
havia perigo algum, e no mais, a barraquinha ficava a uns vinte
passos de distância.
— Pode. Espere o troco. — Ela nem esperou minha permissão,
antes mesmo de eu terminar a palavra “pode”, Marion já estava
escolhendo a maçã.
— Veio ver o show? — Joshua se inclinou e ficou bem próximo à
minha orelha.
— Sim — respondi com um sorriso tímido. — Você também
veio?
— Não, eu vim vigiar o meu irmão. Ter a certeza de que está
tudo bem, que a diversão se resuma a música e que a única porcaria
vendida aqui seja cerveja. — Ele apontou para várias barriquinhas
onde se vendiam bebidas.
— Você não confia muito em seu irmão, não é? — sondei com
cuidado.
— Ele não coopera muito para isso, vive se metendo em
encrencas, e eu vivo o tirando delas. — Ele fez sinal para a Marion
esperar, ela nos chamava. Seguimos na direção da minha pequena
espoleta.
— Eu quero duas, posso? — Eu sabia, estava demorando para
ela querer se aproveitar da situação.
Joshua olhou para mim, como se pedisse permissão.
— Só mais uma e acabou, ok?
Joshua pegou a outra maçã, e quando a Marion foi devolver o
troco, ele o colocou no bolsinho do shortinho dela. Ela segurou na
mão dele e seguimos para mais perto do palco.
O DJ estava testando o som, e quando eu estiquei mais os
olhos, eu o vi.
Luke estava ao lado de duas mulheres, uma ruiva e outra
morena. A ruiva usava uma minissaia jeans curtinha, mostrando as
pernas torneadas e musculosas. No busto, ela só usava a parte de
cima de um biquíni branco tomara-que-caia. A morena estava com
uma saída de praia em renda que não cobria muita coisa, pois seu
corpo escultural era visto em sua totalidade. Em cima, ela usava uma
biquini preto que, não seria exagero dizer, cabia na palma da minha
mão. As duas se revezavam na boca do Luke. Eu o odiei, queria
subir no palco, dar na sua cara e jogar as duas moças lá de cima.
Ele estava gostando da safadeza, e quando me viu, olhou para o
Joshua e depois para mim. Os seus olhos claros escureceram e um
brilho perigoso foi lançado ao irmão. Tive a impressão de que ele
viria até nós. Não sei se foi só uma impressão, nem nunca saberei,
porque uma das moças pegou seu queixo e o forçou a virar o rosto,
beijando-o na boca enquanto a outra mordia seu pescoço.
— Eu não sei quando o Luke vai criar juízo, mas precisa fazer
isso logo. — Ele apontou para a exibição do irmão com os olhos e eu
notei decepção na sua voz.
— Ele só está se divertindo — disse, comendo a minha raiva. —
E você, não tem namorada?
Joshua me encarou, seus olhos se fixaram nos meus.
— Não, sou um homem muito exigente. As mulheres, quando me
conhecem direito, fogem de mim, então acho melhor ficar sozinho.
— Nossa! Você é tão chato assim? Nem parece.
Ele deu um meio sorriso e bagunçou meu cabelo com a mão.
— Sou muito chato, exigente, mandão, ciumento e possessivo. O
que é meu é meu, e as mulheres não entendem isso, elas me
chamam de machista. Talvez eu seja, mesmo.
— Boa sorte, acho que vai precisar. As mulheres, hoje em dia,
querem mandar e não serem mandadas.
— Algumas só querem ser amadas, minha cara. São poucas,
mas elas existem.
Olhei para o Luke outra vez. Ele estava sozinho. Procurei as
moças e não as encontrei. Assim que me viu olhando, ele fixou o
olhar no meu. Foi tão intenso que não consegui segurar seu olhar. A
intensidade era tanta que eu fervi por dentro e a minha calcinha
molhou.
— Quer uma carona? Estou de lancha, se quiser ir, a hora é
agora, pra mim já deu.
— Não, voltaremos andando. Pode ir.
— Tem certeza? A caminhada é longa, e se tiver quer ir a pé,
não demore. Logo, logo a maré irá subir e você não conseguirá
passar, é perigoso. — Ele olhou para Marion. — Acho melhor você
vir comigo, é muito perigoso.
— Não, pode ir tranquilo. Não vou demorar, já, já irei embora.
Pode ir.
— Ok, mas se precisar voltar de lancha, elas partem às
dezessete horas. Depois disso, só a nado ou pelo mato. E vá por
mim, nem tente isso, é perigoso.
Eu sorri pelo modo como falou. Ele ficou sério.
— Joshua, vá na paz. Eu ficarei bem.
Ele se inclinou e beijou a cabecinha da Marion. Ela circulou os
bracinhos no pescoço dele e lhe deu um beijo demorado no rosto.
— Comporte-se, mocinha.
Ele me beijou no rosto e foi embora.
Fiquei observando-o. Ele devia ter bem mais de trinta anos e era
muito bonito. Acho que quando o Luke tiver a mesma idade se
parecerá com ele ou ficará ainda mais bonito. Com todas aquelas
tatuagens, nossa! Lindo e perigoso.
Marion se sentou na areia e começou a construir seus
castelinhos. Eu fiquei movimentando o corpo ao som da música e a
observando.
Um frio percorreu a minha nuca, e dois segundos depois, entendi
o porquê.
— Você é muito mais linda de perto. — Meu corpo inteiro se
arrepiou, senti um frio na barriga e as minhas pernas começaram a
tremer.
Escutar a voz dele bem próxima à minha nuca era algo
enlouquecedor. Eu quase me virei e me joguei em seus braços.
— E o seu cheiro é melhor do que eu imaginava. — Meu Deus,
me segura, eu vou pular nele! — Pietra, a linda Pietra. — Ele sabia
meu nome. Deus, ele sabia meu nome! — Sua pele... caralho, que
pele delicada. — Seus dedos tatuados tocaram a pele do meu braço
e eu quase caí de joelhos. — Olhe pra mim, Pietra. — Aquela voz
tão próxima, exigente, dura e grave me derreteu por dentro. Eu virei
a cabeça lentamente e os meus olhos encontraram os dele.
Ficamos presos em nossos olhares. O mundo podia acabar
agora, que eu não me importava. Meu coração batia tão apressado
que eu podia escutá-lo. Ele estava bem na minha frente, todinho ali...
boca, olhos, corpo. As tatuagens, os piercing, o cheiro... Ele
realmente era lindo demais. Seu olhar quente, dominador e brilhante
era só para mim no momento. Fiquei muda, hipnotizada.
— Responda-me uma coisa, você e meu irmão estão tendo
algum lance?
Acordei. Balancei a cabeça ligeiramente, para colocar as ideias
no lugar.
— Co-como? — Não havia entendido a pergunta.
— Você e meu irmão, estão se pegando?
— Não! — praticamente gritei. — Cla-claro que não, somos
amigos, só isso. Por quê?
— Porque eu quero você.
Engasguei e comecei a tossir desesperadamente. Luke fez um
sinal para alguém e logo uma garrafa de água foi aberta e entregue
a mim.
— Beba. — Eu peguei a garrafinha e a levei aos lábios. —
Devagar, isso. — Devolvi a garrafa pela metade. — Melhorou? —
Assenti.
— Eu quero você, Pietra. Entendeu? — ele voltou a falar, seus
olhos intensos fixos em meu rosto, avaliando-me, percorrendo meus
lábios, meus olhos e meu pescoço. — E você, me quer?
Inspirei, expirei.
— Você faz essa pergunta para todas as garotas por quem
sente interesse?
— Não, eu não faço perguntas. Quando quero foder uma mulher,
eu vou lá, pego e como.
Deus, o homem era direto, ele não fazia rodeios. Eu não sabia
se gostava disso ou se ficava assustada.
— E você quer me foder?
— Não. — Decepção. — Se eu quisesse, não estaríamos tendo
esta conversa. Você já estaria com meu pau dentro da sua boceta.
— Deus! Você é assustador.
— Sou? E por que ainda está aqui? Deveria fugir de mim,
porque eu quero você.
— Então, o que quer, se não quer me foder?
— Quero fazer sexo com você.
— E não é a mesma coisa?
— Não. Eu fodo, como, trepo e transo com aquelas ali... — Ele
apontou para as duas moças que estavam com ele no palco. — Com
você, eu quero fazer sexo, e quero agora. — Ele me pegou pela mão
e tentou me puxar.
— Eu não posso. — Apontei para a Marion, que brincava na
areia sem se dar conta de que tinha um tarado querendo comer a
irmã dela. — É minha irmãzinha, eu não posso deixá-la sozinha aqui.
Ele olhou para Marion, soltou a minha mão, se agachou e alisou
os cabelos dela.
— Posso brincar com você, Estrelinha? — Ele se sentou ao seu
lado. Marion olhava, admirada, para ele.
— Nossa! — Ela ficou de joelhos e tocou o rosto do Luke com
os dedinhos. — Doeu para pôr tudo isso?
— Um pouco — ele respondeu, sem se importar com o toque
curioso dela. Ela tocou as argolas do nariz, das sobrancelhas, da
orelha e, por último, seus lábios.
— E na língua, doeu muito? — Ele mostrou a língua.
— Sim, mas já me esqueci.
— E as tatuagens, doeram? São muitas. — Ela acariciou os
braços do Luke, seguindo o traço de cada detalhe dos desenhos. —
Eu posso fazer uma tatuagem? E posso usar um brinco desse no
nariz?
— Quando você crescer, pode. Por enquanto, não.
— Você é lindo! — Ela me encarou. — Não é, Pipi?
Luke me olhou e sorriu.
— Sim, ele é lindo — respondi, sem jeito.
— Estrelinha, você gosta de cachorro-quente?
— Adoro! — ela gritou de felicidade.
— Então você vai comer o melhor cachorro-quente da ilha. —
Sem se importar com a minha opinião, ele levou dois dedos aos
lábios e assobiou, chamando uma moça. — Silvia, cuide dela para
mim. Ela quer cachorro-quente, e se ela quiser bolo, pode dar
também. Menos refrigerante, só suco. Se acontecer algo com essa
Estrelinha, você nem queira estar viva para saber o que vai lhe
acontecer. Portanto, não tire os olhos dela.
Eu já ia protestar, mas a moça pegou a Marion e saiu
caminhando em direção à barraca de cachorro-quente.
— Pronto, agora somos só você e eu. — Tentei argumentar,
mas dois dedos em meus lábios me calaram. — Ela ficará bem, e eu
quero fazer coisas com você que não podem esperar nem mais um
minuto.
Ele me puxou pela mão, e como uma boneca, fui levada para
não sei onde. Não andamos muito, só o suficiente para nos
escondermos de olhos curiosos, mas não era um lugar muito
reservado. Ele me encostou em um coqueiro. Meus olhos nervosos
percorreram o perímetro, buscando alguma alma curiosa. Eu não via
ninguém, mas escutava vozes vindas de todos os lados e o som da
música pairava sobre nós. Ainda estávamos perto demais, a
qualquer instante alguém surgiria e nos pegaria com a boca na botija.
Luke estava me pressionando contra o tronco do coqueiro. Eu já
conseguia sentir a dureza do seu pau roçando a minha barriga nua e
sua boca nervosa já estava se aproximando da minha, quando eu
virei o rosto e seus lábios tocaram a pele sensível do meu pescoço.
Com esforço, eu empurrei o seu peito, tentando ter um pouco de
espaço, e ele recuou um pouco. Olhei, desesperada, para ele. Um
olhar suplicante, medroso.
— Luke, quer mesmo fazer coisas comigo... aqui? — Eu sei, era
uma pergunta bem idiota, mas eu estava nervosa, com desejo e com
medo. Uma mistura de sentimentos que me deixava sem saber o que
falar.
— Ah, não, Pietra. Não vai bancar a garota virgem e inocente,
pelo amor de Deus. Eu estou furando a minha bermuda com o meu
pau. Caralho, nunca quis uma garota tanto como quero você... — Ele
ergueu a sobrancelha e me encarou. — E antes que pergunte, não,
eu não costumo dizer isso para todas as garotas. Você é a primeira.
— Luke, aqui não é um lugar muito apropriado, não acha?
Enquanto eu falava, ele empurrou minha mão do seu peito e a
levou para a frente da bermuda, forçando meus dedos a apertarem
seu pau. Enquanto ele se masturbava com a minha mão, sua boca
mordia meu pescoço e ia seguindo mais para baixo.
— Luke... — Ou ele não estava prestando atenção ao que eu
dizia, ou fingia não me ouvir. — Luke. Porra. Aqui, não. — Eu o
empurrei quando sua boca tentou morder meu seio esquerdo.
— Caralho, Pietra! Não faz charme, eu a vi me observando
todos esses meses. Todas as vezes que eu te via, você me olhava
com um olhar pidão, esfomeado, praticamente me comendo com os
olhos.
Ele abriu dois botões da minha blusa. Ele sabia fazer isso sem
que eu percebesse. Fechei e abri os olhos quando ele arrastou a
cortininha do biquini e o meu seio ficou à mostra. Eu vi o brilho de
tesão nos seus olhos, ele lambeu os lábios e em seguida eu os senti
no bico retesado do meu peito. Merda! Ele chupou tão
deliciosamente que eu vi estrelinhas em plena luz do dia.
Eu tentei afastá-lo.
— Porra. — Com um olhar impaciente, ele me fitou e eu parei
naqueles olhos lindos. Não conseguia evitar, eu o queria, eu queria
que ele fizesse coisas comigo. — Que merda, Pietra. Eu amo a
forma como você me olha. Esperei como o inferno por esse dia, e
não venha me dizer que você também não queria isso, estou vendo
como reage à minha boca.
Sua boca veio até a minha, mas ele não me beijou, apenas
encostou os lábios nos meus. Ofeguei, meu coração batendo com
violência. Se não fosse o barulho externo, Luke escutaria a bagunça
que fazia comigo.
— E não pense que eu a deixarei ir embora sem que você antes
descubra o que provoca em mim. Foi você quem chamou minha
atenção, agora, ou você foge ou deixa ser pega. De qualquer forma
eu a terei, Pietra. Você não tem saída, sua bocetinha é minha. Aliás,
todos os seus buraquinhos me pertencem agora.
Socorro! Chamem um bombeiro... Não, não, chamem o pelotão
inteiro. Estou em chamas, esse homem está me queimando de
dentro para fora.
Eu fechei os olhos quando senti a ponta da sua língua circulando
meus lábios. Quente, macia, molhada. Eu queria essa língua fazendo
coisas na minha boceta, eu queria aquele piercing roçando a minha
entrada.
— Oh, meu Deus! — ofeguei quando ele socou a língua na
minha boca e chupou a minha com força, fazendo uma bagunça com
ela.
— Deus não está aqui te chupando, Pietra. Sou eu, o Luke. E
não vou só chupar a sua língua, vou chupar sua boceta cremosa, seu
pinguelinho, suas dobras e até o seu cuzinho. Então não mete Deus
nessa história.
Ele me deixava trêmula, nem minhas pernas eu conseguia sentir
direito. Mas eu podia sentir sua boca, língua e mãos percorrendo
meu ventre, até seus dedos chegarem em meu short jeans. Ele
desabotoou o botão e desceu o zíper. Jesus! Ele vai fazer o que
estou pensando. E fez... Enfiou a mão dentro da minha calcinha e
apalpou meu monte com força. Ele não segurava mais a minha mão,
pois eu já estava massageando seu pau sem precisar de ajuda.
— Pega ele, Pietra. Segura meu pau, eu quero sentir o calor da
sua mão... anda.
Apesar da minha inexperiência, eu queria aquilo. Mas eu também
sabia que não era certo fazer isso, estávamos em um lugar público,
mas a voz dele era hipnótica e eu também queria pegar naquele pau
gigante. E fiz o que ele mandou, desci o zíper e mergulhei a mão
dentro da sua cueca. Ele era pauzudo, o bicho pulsava quando eu o
envolvi com os dedos. A cabeça estava toda lambuzada e... Ele tinha
um piercing na cabeça do pau.
Merda, minha cabeça começou a fazer especulações sobre
como era ter um pau enfeitado entrando e saindo da minha boceta.
As poucas histórias que eu soube do Luke não me prepararam para
isso. Comecei a pensar que as poucas moças da ilha, que passaram
pelas mãos dele, nem chagaram às preliminares, do contrário, elas
saberiam do pau enfeitado.
Eu sou a primeira, e isso...
— Aperta ele, Pietra. — Ele largou o bico do meu peito e olhou
para a minha mão. Depois me encarou com aqueles olhos divinos. —
Ele não quebra, Pietra. Pode apertar e fazer o que quiser. Ele
também não morde, só o dono dele faz isso. — Ele sorriu e moveu
os lábios, dizendo silenciosamente: — Aperta essa porra.
Eu apertei e ele apertou os olhos, soltando um urro tão
prazeroso que eu quase gozei.
— Luke... — Eu senti seus dentes apertando o meu mamilo.
Doeu, mas foi tão bom que eu gemi alto.
— Tire-o pra fora, Pietra, e coloque isso nele. — Ele me
mostrou o preservativo. Não sei de onde ele tirou aquilo, pois não o
vi se mexer, só a sua boca se movia em mim. — Vista-o, que eu
quero sentir a sua bocetinha.
— Não. — Ele segurou minha outra mão e pôs o preservativo
nela.
— Sim, eu quero fazer sexo com você e não me interessa o
lugar. Eu só quero matar a minha necessidade de tê-la.
— Não. Não, Luke. Aqui, não. — Estava difícil raciocinar com
uma boca mamando meu peito magistralmente, dentes afiados
roçando a carne sensível e dedos se esfregando no meu sexo
escorregadio.
— Você está pronta para recebê-lo, sua bocetinha está tão
molhadinha que o meu pau vai escorregar igual quiabo. Eu quero
esse calor no meu pau, não nos meus dedos.
Ele voltou a boca para a minha, mordeu meus lábios e me
invadiu com a língua.
Eu precisava resistir, eu precisava...
— Não. Não, Luke, eu não posso. Aqui não dá.
Ele parou. Afastou a boca da minha e eu me senti rejeitada.
Mas, afinal, o que eu queria?
— Tá falando sério? — Respirou fundo, olhando-me com seu
jeito de predador. Eu assenti, ainda ofegante pelo desespero do meu
desejo.
— Alguém pode aparecer aqui a qualquer segundo e eu morreria
de vergonha.
— Ninguém virá aqui. Ninguém é louco o bastante para invadir o
meu território, eu tenho dois rapazes vigiando o perímetro justamente
para não deixar ninguém vir aqui.
Ele fez isso porque já sabia que ia me trazer aqui, ou já
costumava fazer isso com outras garotas? Eu me senti mal com isso,
eu era apenas mais uma. Senti-me triste, e acho que o Luke
percebeu. Eu soltei imediatamente seu pau e o devolvi à cueca. Luke
fez o mesmo, retirando a mão de dentro do meu short.
Agora ele vai me mandar à merda e sairá à procura de uma
garota que tope qualquer parada.
— Ei — disse, segurando meu queixo —, nada disso foi
premeditado. Os rapazes ficam de olho em meus movimentos e eles
me viram vindo para cá com você, só isso. Fique tranquila, ninguém
virá aqui.
Ele me beijou daquele jeito outra vez e eu soltei um gemido em
sua boca.
— Vou tirar o seu short e você vai montar em mim. Não se
preocupe, eu seguro você.
Suas mãos já estavam puxando meu short para baixo.
— Não, Luke, eu já disse que aqui não. Seus convidados podem
até não vir aqui, mas a minha irmãzinha virá, se sentir minha falta, e
não tem cristão na face da terra que a impeça. Não quero que ela
me veja literalmente trepada em você.
Ele puxou o short para cima, inspirou o ar e o soltou
apressadamente, voltando a me encarar com os olhos cheios de
desejo.
— Ok, mas com uma condição. Amanhã, às quatro da tarde,
estarei te esperando no farol, e ai de você se não for, pois eu juro
que irei atrás de você e a levarei à força. Não duvide de mim, ok?
— Amanhã? Mas...
— Nem mais, nem menos. Ou será amanhã, ou hoje e aqui,
escolha.
— Amanhã — disse rapidamente. Eu não sei como eu faria, mas
daria um jeito, pediria para que a dona Mariana ficasse com a
Marion.
— Estava torcendo para você dizer não. — Ele riu e se abaixou.
Eu pensei que ele ia me vestir direito, mas suas mãos
seguraram os dois lados do meu short e o baixaram, juntamente com
minha calcinha.
— Luke, o que está fazendo? — Foi tudo tão rápido que eu só
consegui soltar um longo gemido desesperado.
A boca dele estava entre as minhas pernas. Eu senti sua língua
me lambendo e não pude fazer nada, a não ser abrir as pernas e
sentir o calor vertiginoso da sua boca chupando e mordendo minhas
dobras. Ele sabia como fazer, sabia como enlouquecer uma boceta.
Eu podia sentir toda a pressão, todo o movimento da sua boca
gostosa em mim e seus dedos afastando minhas dobras. Olhei para
baixo e só vi um monte de cabelos e a sua cabeça se movendo.
Porra! Eu vou gozar. Tremi, minhas pernas amoleceram e eu
senti duas mãos segurando minha bunda. Fiquei quase sentada em
suas palmas, o que facilitou o trabalho caprichado da língua do Luke
na minha pobre boceta virgem. Agarrei sua cabeça e a empurrei
entre as coxas, soltando um grito. Para abafá-lo, mordi o lábio.
Mordi tão forte que senti gosto de sangue. Meu coração estava na
garganta, eu poderia morrer só com a força da chupada dele em
minha boceta.
Luke só deixou minhas carnes quando eu parei de tremer. Ele
subiu minha calcinha e o short, fechou o zíper deste e subiu pelo meu
corpo, beijando tudo o que encontrava pelo caminho. Quando ficou
de pé e ficamos face a face, ele estava todo lambuzado com a minha
excitação.
— Você é muito gostosa. Gostosa de doer o pau. — Recebi um
beijo com o meu gosto. — Lembre-se, amanhã, às quatro da tarde.
— Assenti, não conseguia falar, mal conseguia respirar.
Alguém o chamou.
— Já vou, porra! — Ele devolveu o grito. — Vamos, eu tenho
uma festa para administrar. — Ele segurou minha mão enquanto
fechava o zíper da bermuda com a outra. Ele ajeitou a camisa por
cima do pau, que estava evidente na frente da bermuda.
— Eu também tenho que ir. — Finalmente eu consegui soletrar
algumas sílabas. Ainda estava sob o efeito do orgasmo.
— Você que ir na minha lancha? Eu peço para o marinheiro levá-
la.
— Não, não precisa. Não se preocupe.
— As lanchas só sairão às dezessete horas. Você sabe disso,
não sabe?
Não, eu não sabia, mas ele não precisava saber disso.
— Sim, eu sei. — Ele me puxou, e antes de sairmos do nosso
esconderijo, ele se virou para mim. — Quer ficar no palco comigo?
— Luke, eu não sou igual às garotas com quem você fode. Eu
não quero exibição.
Ele me olhou seriamente.
— Se você fosse igual às mulheres que eu fodo, eu não ia
querer fazer sexo com você. Você nem estaria aqui comigo, Pietra.
Teria que esperar sua vez.
Ele me puxou, e eu já ia retrucar, quando a Marion correu em
minha direção.
— Onde vocês estavam? — Ela já estava quase chorando. —
Eu pensei que você tinha esquecido de mim, igual a mamãe.
Luke olhou para mim quando ela disse isso.
— Como assim? Eu jamais esqueceria da minha menininha —
desconversei.
— Nem eu. — O Luke pegou Marion no colo e ela sorriu quando
ele começou a lhe fazer cócegas.
— Para, Luke! Eu vou morrer de tanto rir.
— Certo. — Ele a devolveu ao chão. — A Estrelinha pode comer
o que quiser, é só pedir e deixar na minha conta, tá? Agora eu tenho
que ir.
Luke beijou a Marion no alto da cabeça, depois virou-se para
mim. Ele ia me beijar na boca, mas virei o rosto rapidamente e o
beijo foi na bochecha.
— Não se esqueça, amanhã — sussurrou no meu ouvido e se
afastou. Foi para o palco e para as duas garotas, que quando o
viram abriram o maior sorriso.
Morri de ciúme.
Tangi minha raiva para longe, afinal, ele não era meu e eu sabia
da fama dele.
— Vamos, Marion, vamos embora. Precisamos correr antes que
a maré suba.
Eu não sabia que aquela parte da enseada era perigosa quando
a maré subia, até a hora que o Joshua disse. Assim que passamos
da primeira curva de pedras e chegamos à segunda, eu pude
entender o porquê do perigo. A maré já havia chegado nas pedras e
era impossível atravessar as ondas. Não tendo que levar a Marion...
E agora?
Olhei desesperada para trás. Se voltássemos logo, talvez
pudéssemos pegar alguma lancha. Estava sem o relógio e deixei o
meu celular em casa. Não tinha outro jeito, eu tinha que voltar.
Peguei a Marion no colo e apressei os passos. Eu tinha que ser
rápida, antes que a maré alcançasse a outra curva da parede de
pedras.
Mas era tarde demais.
Ficamos encurraladas e o desespero bateu feito um martelo em
minha cabeça. Olhei para a minha irmãzinha.
Como pude ser tão imprudente?
— Pipi, por que você parou? — Ela olhou para as ondas que
batiam nas pedras, e quando uma bateu em suas perninhas, quase a
derrubou. — Pipi, como vamos passar?
O que eu diria?
Com o coração batendo contra o peito e o medo me
atormentando, olhei para trás.
Água.
Olhei para a frente.
Água.
Olhei para o lado, em direção à parede de pedras cobertas de
vegetação. Ela não era tão alta, daria para escalá-la. Eu conseguiria.
Mas e a Marion? Ela era tão pequena.
Fiquei de joelhos e afastei seus cabelos castanhos dos olhinhos.
— Princesa, vamos brincar de subir o barranco, você topa?
— Não conheço essa brincadeira, Pipi.
Ela respondeu com toda a sua inocência. Oh, meu Deus! Eu sou
a pior irmã da face da terra.
— É uma brincadeira nova. É o seguinte, você vai montar nas
minhas costas, vai prender suas perninhas no meu corpo e segurar
meu pescoço firme, mas sem apertar. Depois fechará os olhos e vai
prometer que só os abrirá quando eu mandar, certo?
— Pipi, eu tô com medo! — Seus bracinhos cercaram minhas
pernas, de certa forma ela sabia o que eu ia fazer.
Por que eu não aceitei a ajuda do Luke ou do Joshua?
— Não tenha medo. Eu estou aqui e prometo que não deixarei
nada lhe acontecer. Agora suba aqui em minhas costas.
Ela deu a volta e subiu. A água da praia já estava na metade da
minha perna.
Deus nos proteja!
— Feche os olhos, princesa. E aconteça o que acontecer, não
abra, certo?
— Certo.
Comecei a subir. Estava escorregadio, mas eu me segurava nos
galhos de algumas trepadeiras. A cada escorregão, os bracinhos de
Marion apertavam meu pescoço. Algumas vezes eu precisei tossir
para que ela afrouxasse o aperto. Foram muitos escorregões, e em
um deles saímos deslizando. Eu pensei que íamos cair, meus joelhos
estavam em carne viva e perdi uma das minhas sandálias, mas
finalmente chegamos ao topo.
— Chegamos, Pipi. Posso abrir meus olhos?
Eu a coloquei de pé sobre as próprias pernas e me joguei de vez
no chão. Já estava noite e o barulho dos bichos noturnos era
assustador.
— Pipi, eu tô com medo. Quero ir pra casa, tô com frio — O
chorinho dela me cortou o coração, e a culpa era toda minha.
Tomei fôlego e me levantei. Precisava achar um lugar para
passarmos a noite, pois voltar para o outro lado da ilha não seria
possível, não naquela escuridão. O jeito era voltar para a enseada e
dormir em algum lugar, talvez embaixo do palco. Acho que não tinha
dado tempo de desmontá-lo. Levei a Marion no colo e ela me
agarrou, escondendo o rosto em meu pescoço. Andamos cerca de
vinte minutos, mas não chegamos a lugar algum, estávamos
perdidas. E eu comecei a me apavorar.
— Pipi, estou com frio. — A roupinha dela ainda estava úmida,
as minhas roupas também. — Estou com fome...
— Calma, meu amor, já, já você comerá algo.
Não sei quando, mas eu esperava que ela fosse vencida pelo
cansaço e adormecesse.
Andei mais uns quinze minutos, quando escutei um barulho de
música. Meu coração bateu de alegria. Onde havia música, havia
gente. Apressei os passos e chegamos a um portão de ferro
gigantesco. Estava trancado a cadeado. Averiguei com cuidado e
encontrei uma brecha na cerca. Atravessei a cerca com Marion e
segui em direção à música. Então eu vi uma casa enorme, muito bem
iluminada e com luzes piscando. Achei estranho, uma boate num
lugar daqueles, mas respirei fundo e fui andando. Alguém ali me
ajudaria. Desci a Marion do colo e a coloquei atrás de mim.
Bati na porta. Bati novamente. E, quando eu percebi que a
música alta não deixaria ninguém escutar as minhas batidas
educadas, eu esmurrei a madeira pesada. A porta se abriu e um
homem que parecia bêbado surgiu na minha frente.
— Olá, gostosinha! Está atrasada, mas pode entrar. Venha se
divertir, que tal comigo?
Ele estava muito alterado, mal conseguia ficar de pé, e quando
tentou me agarrar tropeçou, quase caindo de cara.
Marion se assustou e agarrou a minha perna.
— Que porra é essa? — ele gritou e se levantou rapidamente,
olhando para Marion, assustado. — Você, tudo bem, — disse para
mim —, mas eu não sou pedófilo, não como crianças...
Ele escancarou a porta e então eu vi o que havia lá dentro.
Homens e mulheres bebendo, fumando, alguns dançando, outros se
agarrando. Era uma festa, e uma não muito apropriada.
— Ô, Luke, que porra é essa? Agora você deu pra convidar
crianças? Eu tô fora, porra!
Então eu o vi. E quando ele me viu na porta, veio correndo.
— Pietra, que porra você faz aqui?
Ele empurrou o homem para dentro e fechou a porta, levando-
nos para longe da casa.
Capítulo 6

Ao vê-la em minha frente, toda ferrada, assustada e com a


irmã a tiracolo, logo me passou pela cabeça um trilhão de coisas.
Mas que porra aconteceu?
— O que faz aqui, Pietra? Eu pensei que já estivesse em casa!
Olhei seu rosto assustado, e assim que meus olhos fizeram uma
varredura geral eu percebi que algo muito grave havia acontecido.
Então eu olhei para a Marion, agarrada às pernas da irmã, trêmula,
com o rostinho molhado pelas lágrimas e terrivelmente assustada.
— Pietra, que merda aconteceu? — perguntei outra vez, olhando
para os rostos apavorados das duas.
— Por-por favor, Luke, só nos deixe ficar aqui. Eu prometo que
ficaremos quietas...
Ela só podia estar de brincadeira!
— Aqui? — Apontei para a casa. — Nem pensar, Pietra. Essa
porra aí não é um lugar apropriado para você, muito menos para
uma criança — disse, nervoso, passando as duas mãos pelos
cabelos. Meus olhos se dirigiram para a enorme porta de madeira
que acabara de bater praticamente na cara do deputado Leôncio,
que veio do Rio de Janeiro especialmente para se livrar do estresse
do trabalho. Esperava que ele não se lembrasse que encontrou uma
criança em minha festa, ou estaria muito ferrado.
— Luke, nessa casa tão grande deve haver algum quarto
desocupado. Ficaremos nele, e eu prometo que não sairemos de lá.
Assim que o dia raiar, vamos embora e ninguém nos verá. Só
precisamos de toalhas e de alguma comida para Marion.
Mas nem fodendo que as deixaria entrarem ali.
— Não, não posso deixar que entrem na casa.
— Ok — ela me interrompeu e me deu as costas, arrastando a
pequena Marion pela mão. As duas mal podiam andar.
— Pietra, aonde pensa que vai? — gritei.
— Para a praia, ficaremos embaixo do palco. Obrigada pela
ajuda...
— Volte aqui. — Eu a alcancei e a segurei pelo cotovelo.
— Solte-me, Luke. Você já disse que não pode nos ajudar, então
nos deixe em paz.
Ela começou a chorar.
— Eu disse que vocês não podiam ficar nesta porra! — Apontei
para a casa. — Não disse que não podia ajudar.
Ela desabou no chão.
— Pipi! — Marion se jogou sobre o corpo da irmã e começou a
chorar. — Ajuda ela, Lu... Luke. — A menininha chorava de soluçar.
— Calma, Marion — Eu me ajoelhei e alisei os cabelinhos dela.
— Você consegue andar? — Ela assentiu, enquanto enxugava as
lágrimas com o dorso da pequena mão.
Eu peguei a Pietra nos braços e me levantei.
— Venha, me siga. — Marion se agarrou ao bolso de trás da
minha bermuda. Começamos a seguir na direção da minha casa.
— Aonde vamos?
Ela dava sinal de cansaço. Puxou o ar tão fortemente que
consegui escutar. Olhei para Pietra, que continuava desacordada em
meus braços. Não fiquei muito preocupado, porque ela respirava
normalmente.
— Estamos indo para a minha casa, já estamos chegando.
Cinco minutos depois, chegamos. Olhei para a Marion. Ela
olhava, desanimada, para as escadas que teria de subir.
— Luke, você mora naquela casa lá em cimão? — Ela segurou
nas grades do pequeno portão de ferro que dava acesso à
gigantesca escada, de mais ou menos cinquenta degraus.
— Sim, mas não são tantos degraus assim, dá para subir
devagarzinho. — Eu sabia que ela estava cansada, mas eu não
podia levar as duas nos braços, tampouco a deixaria sozinha
esperando que eu levasse a Pietra para depois vir buscá-la.
— Eu não consigo, Luke. Estou muito cansada, muito... — Ela
voltou a chorar.
E agora, o que farei?
Só me restava levar as duas.
— Ok. Você sabe brincar de macaquinho? — Abri o portão com
um dos pés e pedi para que ela subisse dois degraus. Depois
flexionei os joelhos. — Suba nas minhas costas, Marion, e segure
firme o meu pescoço, ok?
— Eu sei como se faz, a Pipi brincou comigo assim quando
subimos as pedras lá na praia.
Puta merda! Então é por isso que ela estava tão machucada.
Essa garota era louca!
Marion fez o que mandei e com muito esforço eu subi os
cinquenta degraus. Quem quase morreu fui eu.
A casa ficava na parte alta da enseada. O caminho era feito por
escadas de pedras rústicas com largura de um pouco mais de um
metro, ladeadas de vegetação rasteira e algumas flores silvestres e
iluminadas com pontos de luzes brilhantes. A casa foi toda construída
com estrutura de metal e cerca de setenta por cento dela era de
vidro. No andar de baixo, na sala principal, as paredes eram de
vidro, de cima a baixo. A vista era de tirar o fôlego, podia-se ver toda
a baía.
— Chegamos. Pode descer, Marion. — Fiquei na parte mais
baixa e a ajudei a descer. Digitei a senha e a porta se abriu.
Marion se jogou no grande estofado branco. Agarrou a almofada
e pôs o polegar na boca. Eu vi os seus olhinhos revirarem, ela estava
exausta.
— Venha, Marion, os quartos ficam no andar de cima. — Ela não
respondeu.
Antes de começar a subir, eu olhei para o estofado onde ela
tinha se deitado.
Acho que ela adormeceu, depois viria vê-la.
Subi com a Pietra e a levei para o meu quarto. Eram cinco
quartos de hóspedes, mas não sei por que escolhi o meu. Deitei-a na
grande cama king forrada com um confortável edredom branco.
Ela estava muito suja, com a blusa rasgada, joelhos machucados
e pernas e braços cheios de arranhões.
— Garota, você é maluca. Como pôde se meter nessa merda?
Verifiquei se ela estava bem, respirando. Estava, parecia
adormecida. Deixei-a na cama e voltei para o andar de baixo. Marion
dormia, e eu não podia deixá-la assim.
— Ei, Estrelinha. Acorde. — Ela abriu os olhinhos.
— Cadê a Pipi? — choramingou.
— Está dormindo, lá em cima. — No ambiente mais claro eu
pude ver o estrago nela. Uma de suas bochechas estava
machucada, com um pequeno arranhão. Seus bracinhos também. —
Você está com fome?
— Uhum! Muita! — respondeu, sem retirar o dedinho da boca.
— Você sabe tomar banho sozinha? — negou, balançando a
cabeça. Ferrou! Se fosse um menino, não teria problema. Mas uma
menina?
— Eu posso tentar, mas a Pipi nunca me deixa tomar banho
sozinha. — Ela afastou o dedinho da boca, sentou-se e começou a
avaliar a grande sala espaçosa. — Cadê sua mamãe? Ela pode me
dar banho?
Eu sorri. Para uma menina de quatro anos ela era bem esperta.
— Eu não tenho mamãe, ela foi para o céu...
— Ela morreu? — Como assim? Ela sabia o significado de ir
para o céu? Olhei para ela, espantado. — Eu sei que quem vai pro
céu é porque morreu, a Pipi me explicou quando o meu gatinho
morreu.
— Uhum. Sim, ela morreu quando eu era ainda bem pequeno...
— Me levantei, olhei para ela e estendi a mão. — Venha, você
precisa de um banho. Já tomou banho de banheira? Aqui tem um
banheiro com uma banheira enorme.
— Onde? Eu quero! Posso mesmo? Você não tá brincando? —
Ela segurou a minha mão e se levantou rapidamente.
O banheiro ficava perto do antigo escritório de meu pai.
Ela segurou minha mão e me acompanhou. Não enchi muito a
banheira, fiquei com medo. Sei lá, ela era tão pequena, vai que se
afogue. Assim que vi que tinha espuma suficiente para cobrir o
corpinho da Marion, eu fechei os olhos e a ajudei a se despir.
— Posso abrir os olhos? — Eu a ajudei a entrar na banheira.
— Pode.
Ela já estava sentadinha dentro da água, quentinha e perfumada,
com os cabelinhos cobertos de espuma.
— Fique aí enquanto vou preparar um lanche pra você. Quer um
sanduíche?
— De queijo e presunto, com maionese?
— Pode ser. Suco ou leite?
— Leite e depois suco. É de pêssego?
Eu sorri. Ela tinha opinião própria, se parecia muito com a irmã.
— Posso providenciar isso também. — Deixei uma toalha perto
dela, e antes de sair, disse: — Se precisar de alguma coisa, me
chame, certo? — Ela agitou a cabecinha e voltou a brincar com os
vidros dos xampus que eu deixei dentro da água.
Preparei o lanche e voltei para o banheiro. Fechei os olhos e a
ajudei a sair da banheira. Eu a enxuguei, vesti uma camiseta em seu
corpinho, penteei seu cabelo e, enquanto ela comia, levei suas
roupas para a máquina de lavar. Quando retornei, Marion estava
dormindo por cima do bracinho, encurvada sobre o tampo de vidro
da mesa de jantar. Eu a peguei nos braços e a levei para um quarto
ao lado do meu. A coloquei na cama, cobri seu corpinho, liguei o ar-
condicionado e deixei a luz do abajur ligada.
Antes de sair, dei uma última espiada na pequena menina que
dormia tranquilamente. Não fechei a porta, apenas encostei-a. Olhei
na direção do meu quarto.
Agora vou cuidar da moça que dorme em minha cama.
Entrei no quarto procurando fazer o mínimo de barulho possível.
Observei-a, ela dormia encolhida, então segui para o banheiro, liguei
a torneira da banheira, girei as torneiras para deixar a água numa
temperatura agradável. Enquanto isso, despejei sais de banho e
deixei a espuma se espalhar. Desliguei as torneiras e fui providenciar
toalhas, uma camiseta e um short para a minha hóspede. Sem
pressa, voltei para o quarto.
Subi na cama com calma, controlando o meu peso para não
fazer muito movimento e assustar a moça linda e suja que ressonava
suavemente.
— Ei, mocinha... — Afastei algumas mechas do seu cabelo,
jogando-as para trás. — Acorde, mocinha... mocinha linda! — Ela
puxou uma longa respiração, virou para o lado contrário, exatamente
onde eu estava, e ficamos cara a cara.
Com sua boca linda tão próxima à minha, eu não resisti. Não
tinha como, não sou um cara de respeitar certos limites. Eu a quero,
e quando quero, corro atrás. Sem desviar os olhos dos dela, eu
juntei nossos lábios. Com mansidão, passei a ponta da língua,
desenhando uma linha na pele sensível dos seus lábios doces,
quentes e malditamente tentadores.
Era foda, muito foda. Mordi levemente seu lábio inferior. A porra
do meu pau endureceu, o cavalo deu um coice que minhas bolas
ficaram doloridas. Ela era uma tentação, mesmo toda suja e
estropiada, era a porra da garota que me tirava dos trilhos.
Pietra, não sei o que você tem para me deixar assim, tão louco,
mas vou descobrir.
Deixei minha língua invadir um pouco os seus lábios, e assim que
fiz isso, Pietra se mexeu. Eu parei e não desviei os olhos do seu
rosto, esperando sua reação. Ela fez um muxoxo e provou a minha
língua. Acho até que ela se deu conta de que algo estava
acontecendo, então abriu os olhos lentamente, e quando nossos
olhares se fixaram, sorri levemente.
— Oi — disse, sem afastar a boca da dela. — Acho melhor se
levantar, ou eu farei sexo com você. O cara lá embaixo está brigando
com a minha cueca.
Sorri com deboche, juntei seus lábios e os mordi. Ela se afastou,
empurrando meu peito com a palma da mão.
— On... onde estou? — Sustentou o corpo nos cotovelos, piscou
rapidamente e os seus olhos percorreram o quarto.
— Você está em minha casa e em minha cama. — Ela me olhou
daquele jeito que eu amo – com fome – e não pude deixar de beijá-la
outra vez. Desta vez minha mão buscou seu seio por cima do tecido
da blusa. — Gostosa, muito gostosa — mostrei a devassidão da
minha voz, não sou homem de esconder minhas vontades.
— Cadê a minha irmã? Onde está a Marion?
Ela me empurrou e se levantou tão rápido que não tive tempo de
impedi-la. Tropeçou nas próprias pernas, e só não se esborrachou
no chão porque a cama era grande e ela encontrou apoio nela,
segurando-se.
— Ei, a Marion está dormindo no quarto ao lado. E não se
preocupe, ela já tomou banho, comeu e agora dorme o sono dos
anjos. Calma.
Aquele olhar acusador me avaliou.
— Ela está bem, mesmo? — Assenti. — Obrigada. Eu sou uma
irmã péssima, como pude ser tão irresponsável?
— Bem, eu quero saber a história completa, mas antes, a
senhorita precisa de um banho e de comida. Venha.
Eu a peguei nos braços.
— Solte-me, Luke, não estou inválida. Eu posso andar e tomar
meu banho sozinha, é só me mostrar onde é o banheiro.
— Tem certeza? — perguntei com um riso malicioso nos lábios,
enquanto me aproximava mais um pouco.
— Tenho. Onde fica o banheiro? — Ela tentou desviar o rosto,
mas eu a peguei com jeito, puxando-a de encontro ao meu pau.
Flexionei os joelhos e o rocei na frente do seu corpo.
— Tem certeza que não quer minhas mãos no seu corpo? —
Minhas mãos espalmaram os dois lados da sua bunda, que apertei,
esmagando a carne.
— Luke, agora não. Eu preciso de um banho e de comida. —
Ela tentou afastar o quadril, e eu o puxei para mim, roçando-me,
deixando-a sentir o tamanho da minha ereção.
— Ok, mas não pense que escapará de mim. O banheiro é ali.
— Apontei para a porta atrás dela. — Deixei a banheira pronta e tem
roupas minhas na bancada. Enquanto você se banha, vou buscar
algo para você comer.
Afrouxei meu aperto, ela se afastou e caminhou para o banheiro.
— Pietra, eu quero suas roupas, vou colocar na máquina de
lavar. — Ela me olhou, contrariada.
— Depois eu levo — disse.
— Deixe de bancar a garota pura, Pietra. Eu sei o que é uma
calcinha. Estou esperando aqui fora, ou eu mesmo posso despi-la,
se quiser. Não duvide, adoraria fazer isso, e ele também.
Ressaltei o meu pau esticando o tecido da bermuda,
desenhando o tamanho do bicho. Ela o olhou com os lábios
entreabertos, e isso só me deixou mais maluco.
— Pietra, não me tente. — Seus olhos subiram lentamente para
o meu rosto e pararam lá.
Caralho, se ela soubesse o que faz comigo quando me olha
assim, com tanta fome, pedindo para que eu a alimente.
Ela entrou no banheiro e eu escutei o som do trinco da porta.
Minutos depois, a porta se abriu um pouco, só o suficiente para ela
jogar as roupas sujas no tapete.
— Não sei por que essa timidez toda. Logo, logo eu verei tudo
isso, ao vivo e a cores.
Peguei suas roupas e saí do quarto, mas antes de fechar a
porta, eu parei para escutar o som da água da banheira quando
entrou nela.
Hoje você será minha.
Pensei, já imaginando as coisas que faria em seu lindo e gostoso
corpo.
Vamos lá, Luke, você precisa caprichar no lanche. Ela
precisará, com a fome que você está por aquela boceta, a dona vai
precisar de muita energia.
Suco de laranja, sanduíche de atum, sanduíche de peito de
frango e presunto, iogurte e uma fatia de bolo. Espero que ela não
coma tudo, fazer sexo com o estômago cheio não era muito bom.
Antes de subir, deixei suas roupas na máquina de lavar.
Ao entrar no quarto, encontrei-a penteando os cabelos. Já
estava vestida com minha camiseta de algodão preta e um short com
elástico na cintura, que eu uso para treinar. Ficou imenso nela, mas
na verdade ela não ficaria com essa roupa por muito tempo, eu
mesmo a retiraria daqui a pouco.
— Com fome? — Ela olhou, admirada, para a bandeja que deixei
na cama. — Venha comer, eu termino de pentear seus cabelos.
Notei sua estranheza com minhas palavras. Ela me fitou com um
olhar atravessado, como se estivesse tentando adivinhar as minhas
intenções com toda aquela gentileza.
Ela sabia quais eram as minhas intenções, mas não era por isso
que estava sendo gentil. Não precisava ser gentil para comer uma
mulher.
Mas, como eu disse, eu não quero trepar, comer, foder, nem
transar com ela, eu quero fazer sexo.
Sim, sexo sujo, duro. Não sou homem de fazer com jeitinho,
gosto de safadeza, sou um safado filho da mãe.
— Venha cá. — Bati com a palma da mão no colchão. Ela veio.
Desconfiada, mas veio.
Sentou-se. Eu peguei a escova da sua mão, comecei a pentear
seus cabelos e ela começou a comer. Essa porra de cena era quase
orgástica. Deslizar a escova sobre os fios sedosos dos seus cabelos
enquanto eu sabia que seus lábios saboreavam a comida que eu
acabara de trazer, era como se ela estivesse comendo meu pau
enquanto eu entrelaçava os dedos nos fios dos seus cabelos,
fazendo sua cabeça balançar para frente e para trás, socando
duramente o meu gigante em sua boca.
Porra!
Estou com o saco dolorido só de pensar nessa doideira de
boquete.
Meu celular tocou.
— Caralho! — Amaldiçoei o imbecil que ousou me ligar. Atendi
sem olhar quem era. — Espero que seja um caso de vida ou morte.
— Esbravejei. Era o Marcos, me chamando para resolver um
problema de dois machos brigando por causa de uma mulher. — Já
estou indo.
Desliguei.
— Eu preciso ir, mas volto logo, é só o tempo de resolver essa
merda.
— Pode ir tranquilo, você já nos ajudou. Não se preocupe, não
quero estragar sua diversão. Quando acabar aqui, vou dormir com a
Marion.
Ela achava mesmo que ia dormir com a Marion?
Quase soltei uma gargalhada.
— Pietra, quando eu voltar, se você não estiver nessa cama, eu
a trarei de volta pelos cabelos. Não se preocupe, a Marion está
dormindo, venha ver.
Estendi a mão. Ela largou o sanduíche e me seguiu. Abri a porta
do quarto onde a Marion dormia.
— Viu, ela está bem. Acho que só acordará amanhã.
Voltei a encostar a porta e a levei de volta para o meu quarto,
deixando-a na cama.
— Agora termine a sua refeição. Você nem terá tempo de sentir
minha falta.
— Luke, não precisa cuidar de mim, eu sei perfeitamente fazer
isso.
— Eu vi como você sabe se cuidar. Pare de reclamar, eu gosto
de cuidar do que é meu.
— Não sou sua.
— Claro que é. Não pedi para você chamar a minha atenção, e
agora que chamou, aguente as consequências. Já disse que quero
você.
— Assim como quer todas as outras garotas. — Ela tinha a
língua afiada.
— Sim, só que eu quero você de uma maneira diferente, e isso
você vai descobrir logo, logo. Agora guarde essa língua afiada para
outras coisas mais deliciosas e não bata boca comigo, você não vai
gostar do resultado... ou vai? Não sei.
Beijei sua testa e a deixei pensando. Mas escutei sua voz
murmurando:
— Vai, seu convencido. Você também vai descobrir que eu não
sou igual às suas vadias. Posso ser muito jovem, mas não sou burra.
Se ela soubesse o quanto estou louco por ela, mesmo ela sendo
jovem, inexperiente e certinha demais.
Além de adorar seus olhos famintos sobre mim.

Eu voltei o mais rápido que pude. Deixei o Marco tomando conta


de tudo. As festas eram patrocinadas sempre por algum ricaço que
queria fugir da rotina e dos olhos dos paparazzi. Aqui eles podiam
fazer o que quisessem, sem medo, sem culpa e sem precisar se
esconder. Por isso a ilha era tão conhecida por todos os continentes.
Nas minhas festas vips só entram os meus convidados, o que não
ultrapassa vinte pessoas. Claro que havia um preço e não era nada
barato.
E especialmente hoje tenho seis grandes convidados. Dois
deputados, um estadual e outro federal, um cantor, um ator mexicano
e sua namorada, que também é atriz, e o DJ norueguês. Os demais
eram convidados dos meus convidados.
Entrei no quarto em silêncio, ela estava dormindo. Tomei um
banho rápido, me sequei, peguei dois preservativos, deixei do meu
lado da cama e entrei nu debaixo do edredom. Meu corpo estava
tenso, a cabeça cheia de fantasias sobre o que ansiava fazer com
Pietra.
Inferno, eu a quero tanto que já estou de pau duro.
Toquei seus cabelos, escovando-os com os dedos. O cheiro que
vinha dela era bom demais, uma mistura de maresia com os sais de
banho. Levei uma mecha até meu nariz e inspirei profundamente.
Deixei-a cair displicentemente, enquanto meus dedos tocavam a pele
nua do seu pescoço. Minha mão foi escorregando por baixo do
edredom até encontrar a barra da sua camisa. Mergulhei a mão e
encontrei a suavidade de sua barriga lisa, fiz um caminho acima até
encontrar o que procurava. Seus seios. Toquei na pele macia,
alisando-a. Era uma sensação gostosa e excitante pra caralho.
Se eu estivesse com outra mulher, a esta hora eu já estaria todo
enfiado nela, socando meu pau com força na sua boceta. Estaria
fazendo a miserável berrar de prazer, dando-lhe tapa na cara,
xingando-a de vadia, de minha putinha e perguntando se ela me daria
o seu cuzinho depois. Porra! Eu não presto, sou um tremendo
sacana ordinário.
Ah, Pietra, que porra você está fazendo comigo?
Essa masturbação mental estava me deixando louco e vazando,
senti a meleca do meu pau em minha coxa. Ajeitei-o, tocando na
cabeça melada, apertando a porra da seta. Ele estava louco para
conhecer a gruta quente e molhada da linda moça que estava
deitada de costas e apontando os peitos redondos para mim.
— Pietra — sussurrei seu nome em seu ouvido. Beijei seu
ombro, seu pescoço. — Ei, acorde, mocinha. —E arrastando meu
tesão para a porra do meu cacete, mordi o lóbulo da sua orelha.
Senti seu corpo estremecer e os bicos dos seus seios se
eriçarem. Ela acordou.
— Moça, eu e mais alguém estamos loucos por você. Acorde.
— Suguei a pontinha da sua orelha e brinquei com minha língua lá,
lambendo-a.
Ela se virou e olhou para mim, seus olhos arregalados, fixados
nos meus.
— Oi, estou vazando por você. — Peguei a mão dela e a levei
até meu pau. Pressionei seus dedos nele, bem na cabeça. O filho da
mãe não me decepcionou, pulsou. — Está vendo? Ele está
desesperado. — Continuei pressionando seus dedos na cabeça da
seta, espremendo-a, fazendo-a molhar sua mão. — Imagine-o
escorregando dentro de sua bocetinha, esticando-a, alargando-a
para mim. Pense no que o meu piercing fará lá dentro, arranhando,
levando você à loucura...
Ela fechou os olhos e inspirou. Aproveitei e roubei sua boca,
invadi seus lábios e chupei sua língua. Não esperei permissão para
enfiar uma mão ousada dentro do elástico do short e deslizar sobre
seu monte lisinho, com poucos pelos. Meus dedos afoitos
encontraram o caminho no meio das suas coxas, que já estavam
grudentas com o líquido da sua excitação.
— Molhadinha, humm... Que tesão, toda lambuzada. Meu pau
vai adorar entrar aqui. —Dois dedos embrenharam-se entre suas
dobras até encontrarem seu grelinho. — Caralho, que fogo, garota.
Você queima.
Meu dedo do meio encontrou sua entrada enquanto o outro
bolinava seu carocinho.
— Luke... Luke. — Ela olhou para mim com aquele olhar pidão
do inferno.
— Porra, Pietra, você é apertada pra caralho... Que delícia, eu
quero fazer sexo com você agora.
Joguei o edredom bem longe, e antes que ela fizesse qualquer
gesto, arranquei sua blusa. Atordoada, ela tentou me impedir, mas
era tarde demais, pois eu puxei seu short para baixo enquanto me
sentava sobre os joelhos para arrancá-lo de vez. Pietra parou os
olhos em meu peito musculoso e lambeu os lábios como se quisesse
saboreá-lo.
— Vem cá, pode me provar. — Eu a puxei, fazendo-a se sentar
e ofereci meu peito à sua boca. — Chupe-os, pode brincar à vontade
em todos os brinquedos. Esse parquinho de diversão é todo seu —
disse, com a cara mais sacana do mundo.
Hipnotizado, eu vi sua boca seguir em direção ao meu mamilo
esquerdo. Quando seus lábios cercaram a borda e eu escutei seus
dentes tocarem o metal da argola do piercing, porra! Meu pau
envergou de tão duro que ficou, o sangue circulou tão rápido em todo
o eixo que eu pensei que ia gozar. Ela mamou, raspou os dentes,
sorveu, e quando ficou saciada, foi para o outro mamilo, fazendo o
mesmo. Eu rosnei baixo, pressionei sua cabeça de encontro a mim,
tornando seus chupões mais intensos.
— Isso, chupe os peitos do seu Lukinho. Mame gostoso, minha
bezerrinha. Eu quero que faça o mesmo com meu pau e minhas
bolas. Quero essa boquinha linda fazendo uma porção de safadezas
com eles.
Porra! Ela chupava com vontade, eu podia escutar as batidas do
meu coração toda vez que os dentes se fechavam na argola do
piercing.
— Agora ele. Eu quero que você mame ele. — Inclinei o corpo
para trás e levei sua cabeça em direção ao meu pau.
A porra do cacete estava ereto, todo orgulhoso para cima, com
a baba escorrendo. Segurei com orgulho meu pau, rolei os dedos em
torno dele, subindo e descendo, lubrificando-o. A cada escorregada,
ele pulsava.
— Lambe, lambe ele com a ponta da língua. — Não sei o que se
passava na cabeça dela, ela parecia hipnotizada, olhando para o
piercing. — Não se preocupe, sua boca não vai me machucar. E a
joia é segura, pode prová-lo.
Ela não se mexeu. Então enrosquei a mão em seus cabelos e
trouxe sua cabeça para a frente. Ela ficou praticamente com os seios
roçando no colchão. Levei a glande aos seus lábios e a deslizei
sobre eles, molhando-os.
— Abra a boca, Pietra. Não precisa me levar inteiro, só a
cabeça será suficiente. — Com uma timidez notável, ela entreabriu
os lábios e aos poucos meu pau foi se afundando até toda a glande
desaparecer.
Empurrei um pouco mais, ela quase regurgitou. Eu sou um putão
e, pela minha experiência, tudo indicava que a Pietra nunca chupou
um pau. Se chupou, só pode ter sido a cabecinha.
— Ei, você está bem? — Ela não respondeu, sua boca estava
cheia de pau. Desta vez ela me levou sem eu precisar ajudá-la. Foi
até a metade, podia sentir sua língua circulando em torno dele. Ela
ficou mais confiante e começou a brincar com o piercing.
— Mais fundo, morde ele. Chupa com força — disse com
autoridade enquanto pressionava sua cabeça em minha pélvis. Ela
me engoliu e eu arqueei o quadril. Pietra puxou o ar e se engasgou.
Rapidamente eu saí de sua boca e a trouxe para o meu peito,
abraçando-a. Afastei-a um pouco para observá-la. Seus olhos
lacrimejavam, ela respirava com dificuldade e sua boca estava toda
melecada com a minha porra.
— Você está foda demais, garota. Linda e deliciosamente sexy.
— Encostei os lábios nos seus e a beijei selvagemente. — Porra, eu
quero me enfiar todo em você, socar a porra do meu caralho nessa
porrinha gostosa. — Toquei entre suas dobras e a deitei lentamente.
Vesti o preservativo, me inclinando sobre ela sem desviar os olhos do
seu rosto.
— Luke... — Beijei-a outra vez. — Luke... — Outro beijo e fui
descendo, lambendo seu corpo delicioso com a ponta da língua.
Ela ia me chamar outra vez, mas quando eu espalhei suas
pernas e minha boca se enterrou em sua boceta, ela soltou um
gemido.
Eu mordi suas carnes, chupei sua excitação. Minha língua se
perdeu em sua abertura e eu a fodi com vontade. Pietra tremia,
erguia os quadris, forçando minha língua em sua abertura. Ela gritava
timidamente, fazia sons delirantes. E quando não aguentou mais,
envolveu minhas costas com as pernas, apertando-me e gozando em
minha boca. Eu sabia que ela podia me dar mais, então meu dedo foi
direto em seu cuzinho para fodê-lo.
— Oh, oh... Luke! — agora ela gritava.
Esperei seus últimos suspiros, seu último espasmo. Enquanto
esperava, eu a lambia e lentamente escorregava os lábios por sua
boceta, barriga e seios, até encontrar sua boca.
— Essa bocetinha deliciosa vai conhecer meu insaciável pau.
Agora eu farei sexo com você. Hoje você será minha, hoje saciarei
minha fome de você. E quando eu estiver todo enfiado, até o talo, eu
quero seus olhos pidões me encarando.
Afastei suas pernas, segurei sua bunda com uma mão e, com a
outra, levei meu pau para a sua entrada.
— Luke, eu... — Mordi seu lábio e o chupei, beijei-a como se
estivesse beijando sua boceta. — Luke... — Ela tentou falar, mas eu
chupei sua língua.
Ela ofegou, puxando o ar. Meu pau encontrou o caminho e foi
sendo empurrado para dentro com desespero.
— Caralho, há quanto tempo você não faz sexo?
Ela não conseguiu responder, porque enfiei dois dedos em sua
boca, fodendo-a com eles. Ela os chupava, mordia. E enquanto isso,
minha boca procurava seus seios.
— Pietra, sua boceta está massacrando meu pau. Que porra é
essa? — Empurrei com mais força, então ela se arqueou,
tensionando as costas no travesseiro.
Ela fez um barulho com a boca, e eu levantei a cabeça, fitando-
a. Pietra apertava os olhos e lágrimas desciam suavemente pelos
lados do seu rosto. O animal faminto e orgulhoso cresceu em mim.
Sem afastar os olhos do seu rosto, eu empurrei mais uma vez e as
suas unhas se cravaram em minhas costas, ardendo como o inferno.
— Pietra, você acabou de selar o seu destino. Você não sabe
onde acaba de se meter. — Eu a beijei como se ela fosse a única
mulher da face da terra e empurrei meu pau com calma e
lentamente. Posso jurar que eu senti o selinho de qualidade ser
rasgado nesse momento.
Ela soltou um grito de dor e se prendeu a mim. E eu a beijei com
posse até ter a certeza de que estava todo dentro dela.
— Você é minha agora, essa boceta é minha. Essa boca, esses
peitos, essa bunda, tudo agora é meu.
Aos poucos, fui me movendo, entrando e saindo, socando com
leveza, rebolando lá dentro. Ela foi relaxando e seu corpo se
acostumando, sua boceta aceitando o tamanho do meu pau, e o meu
ritmo se intensificou.
— Mexa gostoso, divirta-se com ele. Ele é todo seu, deixe sua
bocetinha feliz. Você quer com força? Que eu meta forte, hein?
Quer?
— Sim... — Ela me apertava com os braços.
— Você aguenta, tem certeza?
— Aguento. Mete forte, me quebre, Luke.
— Então tome pau. Vou arregaçar essa boceta, garota, você vai
ficar toda ardidinha de tanto cacete.
Eu empurrei.
— Quer mais forte, porrinha linda?
— Sim... sim.
— Sua bocetinha está gostando do pau do Lukinha? Ela quer
com mais força?
— Sim, a minha boceta está adorando o seu pau enfeitado e ela
quer que ele entre todo. — Ela me olhava daquele jeito... Porra, eu
pirei, aquele olhar faminto era a minha perdição. Então... eu dei tudo
para ela.
Meti com força, soquei, empurrei. Pietra gemia, tentava me
agarrar. Segurei seus braços no alto da sua cabeça e continuei
martelando fundo, o eco das minhas estocadas ressoando pelo
quarto. Ela começou a gritar de prazer. Nosso orgasmo estava vindo,
eu podia sentir em meu pau, na boceta dela, apertando-o, vibrando.
Não, eu queria que durasse um pouco mais, então saí de dentro dela
e a virei de bruços. Puxei seu quadril e a fiz ficar com a bunda para
cima. Lambi seu rego, sua rachadura e depois enfiei o pau em sua
boceta com força.
— Deus! Luke, eu vou morrer.
— Não, gostosa, você não vai morrer. Você vai gozar gostoso e
junto comigo. — Enfiei meu polegar no seu cuzinho, e quando ela
sentiu a pressão do meu dedo, empurrou a bunda em minha direção,
fazendo meu pau ir mais fundo.
Entrei e saí, o corpo tremendo, joelhos cedendo, o prazer vindo
com um turbilhão de emoções. Ela começou a gritar e a se mover
rápido, eu a segurei por baixo e aumentei o ritmo. Quando não
suportei mais, meu êxtase foi jorrado dentro do preservativo. Os
espasmos dos nossos corpos nos fizeram cair sobre o colchão, eu
por cima do seu corpo.
— Nossa! Eu não sinto minhas pernas. — Beijei suas costas
molhadas de suor. Lambi seu suor e escovei seus cabelos com meus
dedos. — Pietra, você está bem?
— Uhum! — Ela mal conseguia respirar.
Ficamos por algum tempo mergulhados em nossos próprios
pensamentos. Eu pensando no sexo que acabara de ter. Eu já fodi
tantas bocetas, já trepei de todos os jeitos e já transei com mais de
uma mulher ao mesmo tempo. Mas nunca fiz sexo, e eu sei a
diferença. O tesão não é o mesmo, a vontade de agradar não é a
mesma. Eu sabia, foram meses observando a Pietra, e eu sabia que
quando estivesse dentro dela, a porra da sensação e da minha
reação seriam diferentes, ainda mais agora, que eu sabia que fui o
primeiro.
A porra do meu animal possessivo a reivindicou.
— Venha, vou lhe dar um banho. — Ela não disse nada, estava
quase desmaiada.
Saí de dentro dela e olhei para meu pau. Lá estava a prova do
que eu já tinha certeza: o preservativo manchado de sangue. Olhei
para os lençóis, eles também estavam manchados com seu sangue
virgem. Eu a puxei para mim, beijei sua testa, peguei-a nos braços e
a levei para o chuveiro.
— Luke, eu preciso lhe dizer...
— Shhh... Depois, meu anjo. — Roubei seus lábios, saboreando
cada pedacinho deles. Por hoje, eu só queria dormir agarradinho
com ela, só isso.
Enxuguei seu corpo, vesti-lhe outra camiseta, ajeitei os lençóis e
a deitei na cama.
— Já volto. — Fui vestir uma cueca e me juntei a ela. Enrosquei-
me em seu corpo e dormimos juntinhos.
Capítulo 7

Acordei com o som dos passarinhos cantando na varanda.


Levantei o mais rápido que pude, sem fazer muito movimento no
colchão. Pietra se mexeu antes que eu pusesse colocar os pés no
carpete. Toquei sua perna por cima do edredom e a acariciei com
certa leveza. Ela se encolheu e fez um barulhinho com a garganta.
Ficou quieta.
Saí da cama e corri para a grande porta de vidro, fechando-a
rapidamente e deixando o quarto silencioso.
— Onde eu enfiei o controle? — Durante a madrugada, o ar-
condicionado, mesmo no mínimo, fez muito frio. Pietra ficou tão
gelada que eu tive medo que ficasse resfriada, então eu o desliguei e
abri a porta da varanda, deixando a brisa do mar entrar no quarto. —
Cacete, onde eu enfiei essa porra?
Procurei embaixo do meu travesseiro e o encontrei enfiado
dentro da fronha branca. Liguei o ar e fechei as cortinas, deixando o
quarto apropriado para um sono tranquilo.
— Dorme, meu anjinho. — Beijei sua cabeça e a cobri com
cuidado.
Costumava acordar cedo para correr na praia, uma espécie de
aquecimento, antes de vir treinar em casa, na academia que montei
onde era o escritório do papai.
Tomei um banho rápido, vesti um moletom, peguei uma toalha e
saí do quarto lentamente.
Assim que cheguei na sala, escutei um barulho de pratos na
cozinha. Estranhei, pois hoje não era dia da diarista.
Merda, devia ser o Marco.
Já estava pronto para soltar o verbo com meu amigo entrão,
mas não era ele que estava mexendo nas coisas na cozinha.
— Marion, o que faz aqui? — A pequena estrela estava de pé
em um banquinho, tentando alcançar uma caixa de cereal.
Corri rapidamente antes que ela caísse e a Pietra me matasse.
— Ei, por que não me chamou? — Peguei o cereal e a carreguei
no colo até a ilha da cozinha.
— Eu não sabia onde era o seu quarto. — Ela me olhou com
uma carinha de sono e de confusão. — Onde está a Pipi? Ela me
deixou, igual a mamãe?
Não era a primeira vez que a Marion mencionava isso. Tinha
problema aí, conhecia um de longe.
— A Pipi está dormindo no meu quarto. — Segurei em seu
queixinho e ela me olhou com um ar tristonho. — E por que a Pipi a
deixaria, hein, mocinha? — perguntei, curioso.
— Ela sempre acorda cedo e faz o meu café, eu tô com fome.
— Fez carinha emburrada, enchendo as bochechinhas de ar.
Eu apertei uma e ela soltou o ar, fazendo um barulhinho.
— Então eu vou alimentar a Marion faminta. O que quer comer?
— Tudo, Marion está com muita fome. — Ela cruzou os
bracinhos no peito, juntando as sobrancelhas e balançando a
cabecinha para cima e para baixo.
— Ok... — Eu baguncei o cabelo dela com a mão. — Cereal,
leite e... — Despejei o cereal na tigela, pus o leite e depois fui até a
geladeira. — Morangos ou bananas?
— Os dois — respondeu rapidamente, batendo a colher no
mármore, fazendo sua festa de criança.
Lavei as frutas e as cortei em cubos.
— Suco com bolo ou com sanduíche? — Ela levou o dedinho
indicador aos lábios, olhou para cima e ficou pensativa. — Já sei, os
dois... — Sorri, esperando sua resposta afirmativa.
— Como adivinhou?
— Não sei, acho que tenho superpoderes.
Ela começou a sorrir com alegria.
— Que tal você me ajudar a preparar o café da manhã da Pipi?
Topa?
— Oba! Eu posso mesmo? Você não tá brincando?
— Não tô brincando, falo sério. Termine seu café e depois venha
me ajudar.
Ela começou a comer o cereal e eu fui fritar dois ovos. Liguei a
cafeteira e pus os pães no micro-ondas.
— Pronto, eu já comi. — Olhei para trás, ela comeu rápido. — O
que faço?
— Pegue aquela bandeja ali. — Apontei para o armário todo de
vidro. — Está vendo as xícaras, pratos e copos? — Ela balançou a
cabecinha, afirmando. — Pegue um de cada e deixe na bandeja,
depois pegue o suco, o queijo e o presunto na geladeira.
Marion fez tudo o que eu mandei, até forrou a bandeja com uma
toalhinha. Ela sentou no banco alto perto de mim e ficou observando
todos os meus movimentos. Antes de preparar o café da Pietra, eu
comi um sanduíche, uma fatia de bolo e tomei uma caneca de café
com leite.
Montamos a bandeja com suco de laranja, sanduíche de queijo
quente e presunto, uma fatia de bolo, meio mamão e café com leite.
— Pronto, agora vamos acordar a preguiçosa?
— Vamos! — Ela pulou de alegria, batendo palminhas.
Subimos as escadas com cuidado. Marion abriu a porta do
quarto para eu passar. Ela correu até a cortina e a abriu um pouco,
deixando a claridade entrar. Sem que eu esperasse, ela se jogou na
cama por cima da irmã.
— Pipi, acorde! Olha o café da manhã que eu e o Luke fizemos
pra você! — Marion puxava o edredom e pulava na irmã. — Acorda,
Pipi...
Pietra tentou se cobrir, mas eu puxei de vez a coberta e ela fez
cara feia. Estava com o cabelo todo bagunçado, a cara amassada e,
mesmo assim, linda demais.
— Que merda! Ainda é noite, deixa eu dormir, Marion... —
Cobriu a cabeça com o travesseiro.
Deixei a bandeja na cama, longe dos seus pés, e me joguei ao
seu lado.
— Ei, olha pra mim. Vai dispensar o nosso café da manhã? —
Pietra afastou o travesseiro um pouco, deixando só os olhos à
mostra. — Olha ali, as delícias que trouxemos para você.
Vencida pelos ataques da pequena Estrela e pelo meu charme, é
claro, ela sentou, olhou para a irmã e a puxou para lhe dar um beijo
estalado no alto da sua cabecinha. Depois, direcionou o seu olhar,
aquele olhar que eu tanto adoro, para mim. Então sorriu.
Puta merda! O devasso que mora em mim logo se manifestou, e
as duas cabeças começaram a imaginar como seriam as próximas
horas da minha manhã de domingo.
— Bom dia! — ela disse, timidamente, desviando os olhos dos
meus. Eu sei que ela viu em meu olhar a vontade de prová-la outra
vez. — Isso tudo é pra mim?
— Sim. — Marion se jogou no pescoço dela e começou a beijá-
la. — Eu ajudei o Luke, sabia? Já sou uma mocinha, posso fazer
minha comida e tomar banho sozinha. Você deixa, Pipi, deixa?
— Luke, o que andou fazendo com minha irmã? Você deu o que
para ela comer?
— Cereal com morango e banana, suco, bolo e sanduíche —
Marion respondeu prontamente. Eu quase fiquei sem fôlego com a
rapidez das suas palavras.
— Nossa! É comida pra dar com pau, não acha, menininha
levada? Você está se aproveitando, não é?
— Sim, o Luke é porreta, ele me deixa comer o quanto eu
quiser.
— Ah, é? — Joguei um travesseio nela, ela sorriu e se escondeu
atrás da Pietra. — No almoço você vai comer um grão de feijão e um
pedacinho de frango.
— Duvido. — Ela fez uma careta.
— Quieta, Marion, depois nós duas teremos uma conversa.
Agora eu quero comer, estou faminta.
Enquanto Pietra comia, fui abrir as cortinas e a porta da
varanda. Desliguei o ar-condicionado e liguei a TV. Marion brincava
no jardim da varanda com os seus amigos imaginários. Pietra comeu
tudo, estava mesmo com fome.
— Luke, eu posso ver desenho na sua TV grandona da sala? —
Marion puxou a barra da minha camisa, chamando minha atenção.
— Marion, o que tem essa TV? O mesmo desenho que passa lá,
está passando aqui. — Pietra se levantou. Olhou para mim. — Posso
tomar um banho? Onde estão as minhas roupas?
Eu me levantei também. Olhei para Marion.
— Você pode fazer o que quiser. Venha, vou ensinar como
mexer na TV grandona. Sabia que lá tem joguinho? — Ela soltou um
gritinho e pegou a minha mão. — Vou buscar suas roupas — disse,
olhando para Pietra. Ela se virou e foi para o banheiro.
Marion se jogou no grande estofado branco, no meio das
almofadas, e eu lhe ensinei a usar a smart TV de oitenta e seis
polegadas.
— Quer mais alguma coisa? — Ela negou com a cabecinha, se
enrolou na manta e pôs o polegar na boca. — Certo. Se precisar, é
só me chamar, mas bata na porta antes de entrar. — Ela agitou a
cabecinha, concordando, mas não tirou os olhinhos do desenho.
Deixei-a entretida e fui buscar as roupas na secadora. Ao
retornar, fui até a sala de TV e vi que a Marion estava dormindo.
Melhor assim, pois não ficarei preocupado com interrupções.
Deixei a sala um ambiente confortável, bem fresquinho, e com o
volume da TV não muito alto. Fechei as cortinas e encostei a porta.
Subi as escadas tão malditamente apressado que quase
torpecei nos degraus. Já estava de pau duro, pronto para sentir
aquela boceta apertada em torno dele.
Abri a porta e depois tranquei-a. Deixei as roupas em um dos
sofás.
Ela abriu a porta do banheiro e saiu de lá apenas com uma
toalha enrolada no corpo. Os cabelos molhados, pingando... Porra,
eu salivei. Senti o calor no meu rosto e meu corpo formigando.
— Você é uma tentação, sabia? — disse com minha voz feroz,
olhando profundamente para ela.
Eu sei que, às vezes, sou assustador, que minha postura
agressiva dava medo. Sou alto, imponente e malditamente
musculoso. Eu já desconfiava que dentro de mim existia um ser
possessivo, mas agora, depois de ontem, tenho certeza que existe.
Ainda não sei como lidar com isso, mas sei que daqui para a frente
começarei a cercá-la por todos os lados, marcarei meu território em
torno dela.
— Por que você não me contou? —perguntei curiosamente.
— Contei o quê? — devolveu a pergunta. Ela queria brincar de
gato e rato.
— Que você era virgem. — Olhei-a com atenção.
— Que diferença faria? Por acaso não faria sexo comigo, só por
eu ser virgem?
— Faria muita diferença. E, sim, é claro que faria sexo com
você. Só que seria mais cuidadoso, não iria com tanta sede ao pote.
Dei dois passos em sua direção.
— E quem disse que não foi? Foi maravilhoso, se é isso que
quer ouvir.
Ela queria brincar com fogo, mal sabia das coisas sujas que
planejei fazer com ela. Apenas esse pensamento me tirou o controle.
Meu pau empurrou a frente do meu moletom, e tentei deixar o filho
da puta calmo. Observei o olhar que ela deu para a parte baixa da
minha virilha, e o bicho pulsou mais ainda quando ela lambeu os
lábios com a ponta da língua. Dei um passo adiante. Ela ficou
paralisada, só olhando para a porra do volume da minha calça, e eu
quis muito sair correndo em sua direção, arrancar aquela maldita
toalha, jogá-la no chão e espalhar suas pernas antes de mergulhar o
fodido do meu pau em sua boceta apertada.
Eu sou um fodido mesmo. Eu a desejo, eu a quero e estou mais
duro do que o granito. Isso era muito louco, porque eu podia ter a
porra da mulher que eu quisesse, mas, nesse momento, eu não
conseguia desviar a atenção dessa pirralha.
— Sim, é isso que quero ouvir e outras coisas também. Acho
que precisamos conversar — disse, avançando um passo mais.
Ela assentiu com a cabeça e lambeu os lábios outra vez. Essa
porra de gesto estava acabando comigo. Olhei com fome para a sua
boca perfeita. Imagens sujas encheram minha mente.
Meu pau sendo devorado por seus lábios, acariciado por sua
língua, sugado deliciosamente, mesmo com a sua pouca
experiência.
Merda, praticamente sentia a ponta do meu cacete batendo na
parte de trás da sua garganta, enquanto fodia sua boca e ela me
olhava com aquele olhar de pidona, pedindo por mais.
Cacete, eu quero a porra toda, todos os buraquinhos dela.
Quero marcar com minha porra o seu corpo todo.
— Não se sinta na obrigação de nada, Luke. Eu quis que você
fosse o primeiro, e pronto. Eu sei quem você é, sei que é
mulherengo, não espero fidelidade...
— Cale-se — exigi, e ela se calou.
— Você não me conhece, nem faz ideia de quem sou. Temos
que acertar certas coisas, Pietra, mas você está certa em uma
coisa... Eu sou um mulherengo, adoro uma boceta. Sou insaciável e
trepo muito, mas a partir de hoje eu só quero a sua boceta, mas tem
que ser nos meus termos.
— Ok, e quais são os seus termos? — ela finalmente sussurrou
as palavras.
— Você chamou a minha atenção, você me chamou para si. Eu
não costumo me relacionar com garotas novinhas, só me envolvi com
uma antes de você e não deu certo, ela era imatura demais. Mas
quando vi os seus olhos em mim, eu a quis, quis tanto que fiz de tudo
para me aproximar. Confesso que não estava muito disposto a dar
continuidade a essa relação, mas você me deu a porra da sua
virgindade e agora eu quero tudo. Quero você embrenhada em
minhas carnes, em minhas veias. Eu não sabia o quanto eu podia ser
possessivo, mas eu sou. Com você eu sou. Não pense que ficar
comigo será fácil, tenho má fama, sou perigoso e ninguém em sã
consciência gosta de mim. Mas eu estou louco por você, e se ficar
comigo, eu te darei o que nunca dei a mulher alguma...
Ela me encarava com um olhar estagnado, quase flutuava. Eu
podia jurar que os seus pensamentos pairavam no ar à sua volta,
como passarinhos voando em círculos. Esperei-a tomar fôlego e
acordar para a realidade.
— E... e o que é isso que você tem para me dar? — ela
perguntou, sem desviar os olhos dos meus, quase soluçando as
palavras.
— Eu.
Ela piscou. Piscou outra vez, engoliu a saliva e mexeu os pés,
embolando os dedos no carpete.
— Vo-você, quer dizer que... que será só meu?
— Sim, meu pau será exclusivamente da sua boceta, da sua
boquinha, do seu cuzinho. E eu serei todinho seu de corpo, alma e
mente, mas eu preciso da sua total atenção, entendeu?
— Entendi. — Ela baixou os olhos, esfregando as coxas uma na
outra.
— Agora, venha aqui — exigi, olhando-a duramente.
Ela fez o que pedi. Não tinha certeza se estava pronta para fazer
qualquer coisa que eu quisesse ou pedisse, mas a única verdade era
que eu, sim, estava, pois não queria mais ficar sem tocá-la, sem
correr minhas mãos pelo seu corpo e sem socar o pau em sua
boceta quente e deliciosa.
Então ela se colocou bem na minha frente, a sua forma delicada
e meiga fazendo eu me sentir como a porra de um homem protetor,
coisa que eu nunca fui. Ela começou a respirar com dificuldade, tão
rápido que pensei que fosse desmaiar.
E então eu a surpreendi, tocando sua bochecha. Ela tremeu ao
sentir a possessividade da minha força.
— Luke... — Sua voz era suave, e isso aumentou a minha
excitação. — Eu... eu... — engoliu as palavras.
Eu senti as batidas do seu coração.
Inclinei-me para perto, meu hálito quente em seu rosto.
— Eu sempre vi você me observando e a desejei desde o
primeiro momento que vi os seus olhos em mim. — Olhei para cada
detalhe do seu rosto. — Você ainda pode fugir, Pietra. Se tiver juízo,
sairá o mais rápido possível daqui, sem olhar para trás.
Inclinei sua cabeça para trás ainda mais.
— Mas se você ficar, eu nunca mais a deixarei ir e eu serei a
porra do homem mais territorial, mais sexual e mais controlador que
você terá em sua vida. Então, vai correr ou vai ficar?
Demorou alguns séculos de segundos para eu escutar a
resposta.
— Sim, vou ficar.
Observei-a atentamente, meus olhos passeando em cada
detalhe do seu rosto bonito e juvenil. Ela ainda tinha traços juvenis e
aquilo era uma porra perigosa, eu sabia que era. Um cara como eu,
com uma garota como ela, seria cadeia na certa e nem meu pai
conseguiria me tirar de lá. É, mas não sou homem de fugir do perigo,
eu gosto dele. Se tivesse medo, não teria deixado que as coisas em
minha vida chegassem onde estavam. Não teria permitido que os
boatos sobre os meus negócios tomassem o rumo que tomaram.
Sim, eu gostava daquela fama de mau.
— Repita. Repita novamente o que acabou de dizer.
— Sim, eu vou ficar, Luke
— De novo.
— Vou ficar com você.
Agora não tinha mais volta, nem que ela quisesse. Inclinei-me
mais um centímetro e deslizei meu olhar para sua boca.
— Farei coisas em você, garota. Coisas que nenhum outro cara
faria. Vou revirá-la pelo avesso.
Olhei com mais intensidade para ela.
— Pietra, eu adoro sexo e comigo não tem essa de que sexo é
o complemento da relação. Não, no meu caso a relação é o
complemento do sexo. Sou um putão, sou um devasso. Se eu
pudesse eu treparia umas dez ou quinze vezes ao dia, nem que
fossem só rapidinhas. Portanto, eu farei sexo com você sempre que
estivermos juntos. Meu pau ficará socado na sua boceta, na sua
boca e no seu cuzinho todas as vezes que estivermos juntos.
Eu disse em um rosnado e a vi tremer.
Puxei sua toalha e ela ficou nua. Peguei-a por um braço e a
trouxe para mais perto, a outra mão foi direto para o meio das suas
coxas.
— Abra as pernas, Pietra. — Ela ondulou a respiração e fez o
que eu pedi. — Garota, você está tão molhada. — Meu dedo
indicador e o médio deslizaram em suas dobras. Escorreguei-os de
uma ponta a outra, dando atenção maior ao seu grelinho.
— Lu-luke. — Ela me olhou com aquele olhar de pidona.
— Gosta disso, não é? Gosta dos meus dedos em você, gosta
que eu cutuque sua bocetinha. Gosta assim?
Belisquei seu grelinho e o prendi entre os dedos, alongando-o.
Pietra ofegou e seus joelhos dobraram. Eu a segurei rapidamente.
— Você precisa se acostumar com isso, Pietra, pois haverá
ocasiões que não estaremos em um lugar tão reservado quanto o
meu quarto. — Ela puxou o ar para os pulmões, mal conseguia
manter os olhos abertos. — Respire. Respire devagar... Olhe pra
mim, Pietra.
Ela se esforçou. A respiração sibilou e sibilou, mas conseguiu
equilibrá-la e os seus olhos se fixaram nos meus.
— Você não respondeu. Gosta quando eu faço isso em seu
grelinho? — Puxei-o entre os dedos e depois empurrei o dedo médio
em sua abertura. Ela abriu os olhos e prendeu a respiração.
— Lu-Lu-Luke, eu... eu gosto... Oh, meu Deus!
— Essa sua boceta me deixa louco, já imagino meu pau
entrando e saindo lentamente. — Minha boca foi para o seu pescoço
e eu comecei a mordiscá-lo. — Meu corpo batendo duro contra o
seu, seus peitinhos saltando na minha cara. Porra, Pietra, eu quero
fazer sexo com você e quero agora. — Eu mordia e falava ao
mesmo tempo.
— Eu quero, quero seu pau dentro de mim. Eu quero, Luke. —
Ela inclinava a cabeça, me dando acesso à sua carne, e minha boca
ia descendo até abocanhar um dos seus seios.
— Puta merda! Esses seus peitinhos são deliciosos — Meus
dentes cercaram o biquinho duro e o mordi até que ela soltou um
gritinho e tentou se afastar, então eu o chupei e o lambi e ela se
inclinou para trás completamente.
— Luke, você me deixa maluca. — Ela puxou o ar entre os
dentes quando eu enfiei o dedo todinho e o movi em círculos,
enquanto minha boca mamava o bico do seu seio. — Luke, me fode
logo, pelo amor de Deus!
Ela gritou, puxou meus cabelos.
Ela estava entregue a mim, pronta para aceitar o que eu tinha a
oferecer.
— Caralho! Ainda não, eu quero prová-la primeiro. — Retirei
meus dedos da sua boceta e os levei à boca. — Olhe para mim. —
Eu peguei um punhado de cabelo entre meus dedos e trouxe a
cabeça dela para cima, obrigando-a a me olhar. — Você é deliciosa,
sua boceta é gostosa pra caralho! — Chupei dedo por dedo, sem
afastar meus olhos dos dela.
Pietra revirou os olhos e mordeu o lábio inferior, depois soltou
um gemido baixo.
— Porra! — Eu a peguei nos braços e a levei para a cama, a
joguei no colchão.
— Luke. — Ela gritou, assustada, quando sentiu seu corpo ser
arremessado. — Minha nossa! Você, às vezes, me dá medo.
— Eu sei, e eu gosto disso. — Sem deixá-la pensar direito, eu
segurei suas duas pernas e as arreganhei, deixando-a
completamente aberta para mim. — Que boceta da porra você tem,
pequena, rosada e... ela parece uma flor.
Ah, porra, eu queria cair de boca naquelas carnes.
E caí.
Eu rosnei duro quando minha boca bateu na suavidade
aveludada. Ela apertou meu rosto entre suas pernas e arqueou o
corpo, roçando minha cara em sua boceta molhada, todo aquele
fogo deixou meu pau duro pra caralho, que eu poderia ter gozado ali
mesmo.
— Me fode, me fode, Luke.
E eu fodi, fodi minha língua na sua entrada. Chupei sua boceta
apertada com força.
— Luke... eu vou... vou gozar...
Sim, ela ia... Segurei sua bunda com minhas mãos e trouxe sua
boceta mais aberta em minha boca, e para aumentar o seu tesão,
enfiei meu dedo médio no seu cuzinho e a fodi nos dois lugares.
Pietra estava começando sua aventura no sexo, ela mal sabia que
isso era apenas o começo, eu a levaria ao extremo.
— Luke, eu não... não aguento.
Chupei seu prazer, ela derramou cada gota em minha língua, eu
a devorei, me lambuzei com seu sabor.
Ela ainda respirava com dificuldade, seu corpo ainda se
convulsionava com a sensação do seu orgasmo, mas estava apenas
começando. Estiquei o braço, abri a gaveta da cômoda e peguei um
preservativo. Pus a embalagem na boca, enquanto eu me livrava das
minhas roupas. Aos poucos, os meus músculos, adornados por
desenhos coloridos, iam ficando à mostra, ao vislumbre dos olhos da
Pietra, ela nem piscava enquanto me olhava, admirada.
— Nossa! Não me canso de ver você nu, é tão lindo! — Esticou
o braço para me tocar, mas não me alcançou.
— Calma, você vai me tocar. — Despi minha bermuda e minha
cueca. Segurei meu pau e o exibi para ela, enquanto o vestia com o
preservativo. — Esse cacete duro aqui é só seu, ele vai trabalhar
duramente dentro de você, sua boceta vai ficar ardidinha de tanto
receber pau. Quer ele agora, quer ele dentro de você?
Minha voz era profunda, grossa, carregada de tesão. Eu cobri
seu corpo com o meu, minhas pernas entre as suas, a cabeça do
pau entre suas carnes, e olhei fixamente em seus olhos. — Sua
boceta vai comer meu pau agora. — Ela engoliu em seco, fechou os
olhos quando eu entrei nela, sua boceta se alargando para me
receber. Não afastei meus olhos do rosto dela, então ela apertou os
olhos, como se estivesse com dor, e eu senti o aperto das suas
carnes em volta do meu pau. — Porra, Pietra, você está dolorida,
não está?
— Só um pouco, já está passando, continue, não pare.
— Pietra, tem certeza? Se continuar, não tenho como parar.
— Eu quero comer seu pau, Luke, agora... — Ela empurrou a
pélvis para cima e eu me enterrei mais dentro dela.
— Você quer me comer, quer comer meu pau, então rebole nele.
— Empurrei com força e fiquei dentro dela sem me mover. —
Rebole, Pietra, me sinta. — Ela rebolou, timidamente, mas rebolou.
— Rebole, gostosa, rebole como se estivesse dançando uma dança
escrota. Rebola, porrinha, rebola no pau do seu homem.
Ela lambeu os lábios, mexeu a bunda, dando voltas, depois foi
para frente e para trás, e quando me sentiu pulsando dentro dela,
suas pupilas se dilataram.
— Gostosa do caralho! Você ficará do jeito que eu gosto, será
todinha minha, essa bocetinha vai viciar no meu cacete, ele será sua
droga, Pietra. — Empurrei com mais força. — Quer mais forte? —
Ela assentiu e gemeu quando eu empurrei com mais força — Gosta
do meu pau em você? Hein, responda.
— Gosto, gosto muito.
— E essa boceta é minha? — Soquei e rebolei dentro dela.
— Toda sua, Luke.
— E o seu cuzinho, é meu também? — Circulei o dedo nas
pregas do seu buraquinho traseiro.
Ela abriu os olhos e me encarou, engoliu a saliva, piscou.
— Eu quero seu cuzinho, você me dará ele? — Enfiei a ponta do
dedo.
— Dói! Não sei se consigo. — Sussurrou, os olhos brilhando, ela
queria me dar, mas estava com medo.
— Vai doer, sim, vai doer pra caralho, no início. É como perder a
virgindade, de certa forma perderá mesmo, mas eu garanto que o
prazer superará a dor, e vá por mim, você gozará mais gostoso no
cu do que na boceta. Entenda uma coisa, Pietra, eu quero tudo,
todos os seus buraquinhos.
— E se eu não conseguir? — Ela engoliu a voz quando eu
empurrei tudo nela, meu pau arrasando com sua boceta gostosa.
— Eu farei que consiga, e você vai gostar e me dará esse cu
todas as vezes que fizermos sexo... — Ela rebolou, eu senti as
ondulações do meu orgasmo. — Porra, sua boceta está matando
meu pau.
Ela começou a rebolar mais rápido, e eu também. Aos poucos,
nossos movimentos ficaram mais intensos, as ondas do êxtase
crescendo dentro de nós, o corpo dela se arrepiando, meu sangue
correndo mais rápido em minhas veias, meus pensamentos se
evaporando, só queríamos jogar para fora nosso tesão. Ela gritou e
se arqueou e eu enfiei tudo. Soltando um rosnado longo e rouco, meu
corpo convulsionando e ela prendendo-se a mim, mordendo meu
ombro, cravando as unhas em minhas costas.
— Luke... Luke, eu... eu... am... — Ela se calou, engoliu as
palavras, mas eu entendi o que ia dizer.
Beijei seus cabelos molhados pelo suor, meus lábios fazendo um
caminho até seu rosto, nariz, bochechas, queixo e boca. Chupei sua
língua. Ela foi se acalmando, seu coração voltando a bater
normalmente, e o meu também. Saí de dentro dela com o pau ainda
duro.
— Venha cá. — Fiquei de joelhos e a coloquei nos braços. —
Banho.
— Eu posso fazer isso sozinha, Luke. — Ela escondeu o rosto
em meu pescoço, estava envergonhada pelo que acabara de tentar
falar.
— Eu sei que pode, mas eu quero tomar banho com você. —
Beijei o alto da sua cabeça e fiquei de pé. — Um banho com o Luke
é melhor do que sozinha.
Eu a deixei de pé no box, enquanto ligava o chuveiro e controlava
a temperatura da água. Coloquei-a debaixo do jato e deixei a água
morna cair em sua cabeça.
— Já volto. — Deixei-a e fui até o quarto.
Eu estava duro feito uma rocha, meu pau envergado e minhas
bolas doloridas de tanto tesão. Já disse eu sou hiperssexual. Adoro
sexo, principalmente se for com a parceira certa, e a Pietra nasceu
para ser minha. Ela pode ser inexperiente, jovem demais, mas é
minha e vai ter que aceitar isso. Peguei o preservativo e vesti meu
cacete.
Voltei para o banheiro e a encontrei virada de costas, tomando
banho. A água escorregava, fazendo um caminho delicioso pelo seu
corpo, até se esconder na fenda da sua bunda.
O depravado já pensou muitas coisas. Coisas deliciosas.
Que bunda linda! Redonda, grande, dura, empinada e
branquinha, sem nenhuma marquinha.
— Essa sua bunda é uma coisa de louco. Uma delícia, Pietra.
Assustada com o tom cru da minha voz, ela se virou e encostou
as costas no revestimento frio e molhado, como se quisesse
proteger sua retaguarda. Seus olhos desceram para a minha virilha e
se fixaram no tamanho do meu pau. Ela olhou para mim e depois
para ele.
— Não se preocupe, seu cuzinho ficará para outro dia. Primeiro
eu preciso treiná-lo, depois, quando ele estiver pronto, conhecerá a
poder do meu pau dentro dele.
— Eu já lhe disse que você, às vezes, é assustador?
— Já, e eu sou mesmo. — Entrei no box. — Agora monte em
mim, eu quero essa boceta me comendo outra vez. — Eu a segurei
firme pela cintura e a fiz montar em volta da minha cintura. — Prenda
as pernas em minhas costas. — Ela fez o que mandei. Apoiei-a pelas
costas na parede e enfiei meu pau lentamente em sua boceta
apertada.
Ela aprendia rápido. Eu já estava entrando e saindo do seu
corpo com facilidade.
— Pietra, olhe pra mim. — Ela olhou. — Complete a frase que
queria me dizer lá no quarto, quando estava gozando.
Ela baixou os olhos.
— Não foi nada, esqueça.
— Complete, eu quero ouvir. — Estoquei meu pau com força,
sem desviar os olhos dos dela. — Vamos. — Estoquei duro outra
vez.
— Eu... eu... eu amo você.
Eu a calei com um beijo, até que o nosso prazer explodiu outra
vez. Não dissemos mais nada e, exaustos, terminamos nosso banho.
Eu a levei de volta ao quarto, coloquei uma camisa e uma cueca
minhas nela, vesti uma roupa, deitei na cama e a trouxe para perto
do peito.
— Você tem certeza? — perguntei, alisando seus cabelos com
os dedos.
— Se eu amo você? — Ela virou a cabeça e os seus olhos
encontraram os meus.
— Sim — confirmei a pergunta.
— Eu não sei, mas é o que sinto. Nunca senti isso por ninguém,
e se não for amor, não sei o que é. Eu sinto a sua falta, quero vê-lo a
toda hora, penso em você a cada segundo. Tenho sonhos com você,
e é como se já fizesse parte de mim, mesmo sem nunca ter lhe
tocado.
— Eu sinto o mesmo, e depois que descobri que fui o primeiro,
agora eu a quero mais que qualquer coisa. Então a porra ficará
louca, Pietra. Você é minha, em todos os sentidos, entendeu?
— Não — ela respondeu rápido demais, o que queria dizer que
no fundo entendia. Mas se não fosse o caso, acabaria por entender
de um jeito ou de outro.
— Você entenderá, meu anjinho, entenderá. Agora, descanse um
pouco. — Beijei sua testa, depois seus lábios. Ela se aconchegou em
meu peito e eu fechei os olhos.
Capítulo 8

Acordei com o Luke enrolado em mim. Sua perna sobre a


minha e o seu braço prendendo o meu corpo com posse, como se
não quisesse me deixar escapar. Ele tinha razão quando disse que
era possessivo. Ele é. Só não sabia se eu gostava disso.
Com cuidado, movi sua perna e depois seu braço. Ele se mexeu
e disse algo incompreensível, que eu nem queria saber o que era.
Aproveitei e me levantei rapidamente.
Caramba! Ele estava nu.
Quando isso aconteceu? Que eu lembre, ele havia se deitado
vestido.
Deus! Vê-lo nu, dormindo assim, parecia até pecado desejá-lo.
Ele se parecia com um anjo, de tão lindo. Meu coração palpitou
rápido e senti a garganta ficar seca. Ele era gostoso demais. Com
os músculos perfeitos, que não eram grandes demais, mas na
medida certa, tão deliciosamente perigosos. Senti meu corpo ganhar
vida, minhas terminações nervosas gritaram e minha boceta
umedeceu. Eu o queria novamente, queria sua boca por todo o
corpo, enlouquecendo-me, deixando-me pegajosa com sua saliva e
seu suor. Deus! Estou parecendo uma adolescente insaciável.
Acho que sou quase isso.
Antes que me rendesse ao meu desejo por ele, virei as costas e
saí apressadamente do quarto. Desci as escadas à procura de
minha irmãzinha. A casa estava silenciosa, só dava para escutar o
som do vento batendo na vidraça das janelas entreabertas. As
cortinas brancas dançavam com o vento. Rodei pelas duas salas
enormes, pela cozinha, pelo jardim e, de repente, meu coração
bateu, medroso, ao pensar na piscina. Marion não sabia nadar. E se
ela resolveu dar uma espiadinha, já que era curiosa e doida por
água?
Estremeci.
Corri para o exterior, e com passadas incertas, fui guiada pelo
piso de pedras claras até chegar à área arejada, com algumas
palmeiras, cadeiras, mesas elegantes e diversas espreguiçadeiras
de vime. Olhei para a grande piscina de água azul e, para o meu
alívio, ela era cercada por um muro de alumínio e blindex da mesma
cor da água, alto o suficiente para a Marion não conseguir passar.
Se ela quisesse usar a piscina teria que passar pelo portão, que
também era alto e, graças a Deus, estava fechado.
Respirei, aliviada.
Mas, afinal, onde estava a bagunceira da minha irmã?
Voltei para o interior da casa.
A sala de TV.
Palpite certeiro, ela estava entretida jogando um joguinho de
atirar.
— Ei, mocinha, está tudo bem por aqui?
Ela virou a cabeça e aqueles olhinhos espertos brilharam ao me
ver.
— Pipi! — disse com animação. — Senta aqui, vem jogar
comigo. — Sua alegria contagiante inebriou meu coração.
Eu a amava tanto, mesmo ela não sendo minha irmã de sangue,
só de coração. Eu faria qualquer coisa por ela, era como se ela
tivesse nascido de dentro de mim, como se eu realmente fosse a
mãe dela.
— Minha mocinha, não está com fome? Já passa do meio-dia.
— Eu me sentei ao seu lado e alisei seus cabelos castanhos, quase
loiros.
— Morrendo! — Ela largou o controle e me olhou com aquele
olhar determinado de quem vai me dar uma bronca. Encheu as
bochechinhas e soltou o verbo: — Eu fui ao quarto do Luke, bati na
porta, mas ninguém respondeu, então eu vim para cá. — Ela juntou
os bracinhos no peito e fez um bico de zanga. — Poxa, você me
esqueceu igual a mamãe. Deixou a Marion com fome e sozinha,
fiquei triste.
Oh, Deus, eu sou uma irmã desalmada. Não podia fazer isso
com ela. Desde pequena ela sofria com os esquecimentos da
mamãe. Havia dias em que ela ficava sem ver a mamãe, pois esta
dizia que a Marion era uma estranha, que a única filha dela era eu.
Isso quando não se esquecia dela por completo. Nas vezes que eu
chegava da escola e a Marion estava aos prantos, com fome e com
a fralda suja. Na grande maioria das vezes, eu a levava para dormir
em minha cama, tinha medo que a mamãe, com raiva por causa do
choro, fizesse alguma coisa com ela. Com os remédios, ela voltou a
cuidar da Marion, mas quando as crises vinham fortes ela voltava a
esquecer. Não só da Marion, mas de todos nós. Com o tempo,
Marion passou a perceber os esquecimentos da mamãe e tudo se
tornou muito mais dolorido. Eu a peguei chorando por diversas vezes,
e quando ela me via, sempre perguntava por que a mamãe não
gostava dela.
Doía demais escutar aquilo. Se eu pudesse, eu a protegeria da
mamãe e de tudo o que a fizesse chorar.
— Desculpa, meu amor, acho que peguei no sono. Prometo que
isso nunca mais acontecerá. — Ela veio para o meu colo e abraçou
meu pescoço, escondendo o rostinho no meu peito. — Então, que tal
ajudar sua irmã maluca a fazer o almoço?
— Oba! Eu posso mesmo? — Pronto, ela já se esqueceu de
tudo.
— Uhum! Vamos até a cozinha procurar comida?
— Vamos! — gritou de felicidade.
A cozinha do Luke era maior que a minha sala e também tinha
muito mais coisas. Havia uma ilha de mármore branca enorme, bem
no meio, com bancos altos. Muitos móveis e eletrodomésticos que eu
nem imaginava que existiam. Por isso, resolvi usar o que conhecia.
— Vamos fazer um macarrão no micro-ondas, o que acha? —
Peguei Marion no colo e a coloquei sentada em um banco.
— Macarrão com queijo e presunto?
— Sim, e molho branco cremoso!
— Sim! — Ela levantou os bracinhos, batendo as mãozinhas.
Peguei os ingredientes do armário, depois o queijo, o leite e o
presunto na geladeira. Pus o leite em uma travessa funda para que
não derramasse e comecei a preparação. Marion ficava atenta a
cada detalhe, e tudo o que eu lhe pedia, ela fazia.
— Pipi, posso fazer algumas perguntas?
Eita, lá vinha bomba.
— Claro que pode, princesa. — Preparei-me para a enxurrada
de perguntas, inteligentes. Sim, inteligentes, porque a Marion não
fazia perguntas bobas.
— Por que você e o Luke dormem igual ao papai e a mamãe?
Olhei para ela, procurando uma resposta. O que eu diria?
Refleti. Não podia simplesmente responder de qualquer jeito, ela
precisava entender. Então procurei um termo adequado.
— Bem, acho que é porque eu e o Luke estamos namorando.
Ela ficou pensativa, depois me olhou com aquele olhar perspicaz.
— Então, quando eu estiver namorando posso dormir com o meu
namorado?
— Talvez, se você tiver mais de dezoito anos. — Luke surgiu na
porta e respondeu por mim.
— Luke! — Marion gritou de felicidade ao vê-lo e abriu os
bracinhos, pedindo colo.
Ele foi na direção dela, pegou-a no colo e piscou um olho para
mim. Depois me puxou e me deu um beijo. E que beijo.
Marion nos olhava com divertimento, segurava o rosto do Luke e
o meu e depois nos juntava outra vez para que nos beijássemos. Ela
fez isso umas duas vezes.
— Luke. — Ela segurou o queixo dele e o fitou. Lá vinha
pergunta. — Não é justo.
— O que não é justo, Estrelinha? — Ele olhou atentamente para
ela.
— Eu só tenho quatro anos, vai demorar muito pra chegar aos
dezoito. Eu já sei contar até cinquenta, então faltam muitos dedinhos
até dezoito...
Luke começou a gargalhar daquele jeito que eu adoro, jogando a
cabeça para trás.
— Estrelinha, você tem certeza que tem quatro anos? Aí dentro
de você não está escondida uma outra menininha mais velha? — Ele
levantou o cabelinho dela e começou a procurar.
Marion sorriu com vontade.
— Não, seu bobo. Não dá pra ter outra menininha dentro de
mim, eu não posso ser duas. Eu sou a Marion, e você está me
enrolando.
Eu tentei pegá-la dos braços do Luke, assim ela esqueceria de
cercá-lo de perguntas constrangedoras.
— Bem, justo não é. — Luke afastou as minhas mãos. — Mas
são as regras, e eu estarei de olho em você e nos moleques que se
aproximarem da minha Estrelinha. Eu coloco todos para correr.
Ele fez cócegas na barriga dela e Marion se desmanchou nos
braços do meu lindo namorado, que já estava se sentindo dono do
meu destino.
— Eu quero um namorado igual a você, Luke. Todo colorido e
cheio de enfeites.
Pronto, agora ela encheu a bola dele. Ele a beijou na bochecha
com força e a colocou de volta no banco. Olhou para mim e sorriu
com malícia, do jeito que só sorria para mim.
— O que temos para almoçar? Estou com fome, mulher. —
Piscou um olho e prolongou o sorriso.
— Macarrão com queijo, Luke — Marion respondeu, pegando no
queixo dele com o dedinho e virando o rosto dele em sua direção. —
A Pipi faz o melhor macarrão do mundo.
— É mesmo? Então quero provar. — Ele foi pegar os pratos.
Eu o servi e ele começou a comer, antes mesmo que eu e a
Marion.
— Caralho! — Eu o chutei na canela e ele viu a merda que fez.
Pôs a mão na boca e olhou para Marion.
— O que é caralho, Luke? — Tarde demais. Então, antes que o
Luke falasse alguma besteira, eu respondi.
— Marion, você não tem vagina? — Ela balançou a cabeça,
afirmando. — Então, os meninos têm pênis, mas algumas pessoas
chamam de caralho. Só que essa é uma palavra feia e não é
educado ficar chamando na frente dos outros. Só os adultos podem,
certo?
— Certo. — Pronto, ela ficou satisfeita e logo esqueceu a merda
toda. — Então, Luke, é gostoso?
— É, sim. Muuiito gostoso, o melhor macarrão com queijo que
eu já comi na vida. — Ele pegou minha mão e estalou um beijo nela.
— Já podemos casar. De fome, eu não morro. — O safado mordeu
a palma e depois deslizou a língua eroticamente bem no meio.
Fiquei excitada só com esse gesto.
Precisava ficar longe dele, ou não conseguiria comer. Luke
repetiu o prato duas vezes, e Marion também. Depois do almoço,
Marion foi assistir TV. Eu e o Luke fomos limpar a cozinha.
Ele estava limpando os pratos e eu os colocava na máquina de
lavar louça. Já estava me preparando para sair da cozinha, quando
fui pega de surpresa e colocada sentada na mesa de mármore,
minha bunda sentindo a pedra fria.
— Eu quero a sobremesa — ele disse, cheio de ousadia.
— Não fiz, desculpe. Mas deve ter algum doce na geladeira —
falei, fingindo inocência.
— Não precisa fazer, ela já está pronta e bem na minha frente.
— E antes que eu pudesse puxar o ar para os pulmões, Luke juntou
os lábios aos meus.
Ele devorou minha boca com a língua quente e ousada, enquanto
as mãos trabalhavam em meu corpo. Uma procurava o meu seio por
baixo da blusa e a outra abria minhas pernas e se escondia entre
minhas coxas. Seus dedos afastaram a cueca que eu usava para o
lado e varreram minhas dobras à procura do meu clitóris.
— Porrinha gostosa do caralho. Eu queria o meu pau aqui, mas
como não dá, serve meus dedos mesmo. Está gostoso, não está? —
Ele falou e ao mesmo tempo me beijou, mordiscando meus lábios.
Sua voz de tesão encheu meus ouvidos e acordou os meus
sentidos. Estava tão molhada, tão louca, que até me esqueci da
Marion.
— Luke, não podemos... — Ele não me deixou completar,
chupando a minha língua, calando-me.
— Ela está jogando. Posso escutá-la daqui, não se preocupe.
Relaxa, só sente os meus dedos trabalhando em sua boceta
gostosa. — Ele invadiu um dedo em meu núcleo e começou a me
foder.
— Porra, Luke, você me deixa maluca.
— Eu sei. Eu gosto de deixar você maluca e cheia de tesão.
Adoro a sua boceta, estou ficando viciado.
Ele beliscou o bico do meu seio e eu soltei um gemido alto.
— Isso, grite de tesão. Você gosta dos meus dedos dentro de
você, não gosta? Gosta quando eu faço isso... — Ele socou o dedo
com força e começou a martelar rapidamente.
— Oh, Deus! Isso é muito gostoso. — Puxei o ar e abri as
pernas o quanto pude. Inclinei-me para que ele levantasse a minha
blusa e abocanhasse o meu mamilo.
— Gostosa do caralho. Que peitinho delicioso. — Ele prendeu
os dentes no bico e mordeu com vontade. Quando soltei um grito, ele
o lambeu e mordeu outra vez. — Eu quero chupar sua boceta.
— Luke, não. — Tarde demais. Ele me puxou para a frente, me
deitou no mármore e, tão rápido quanto os segundos que duraram o
meu suspiro, eu já estava com as pernas em seus ombros e ele
chupando minha boceta, metendo a língua em minha fenda e fodendo
meu ânus com o dedo.
Meu juízo foi para o espaço e eu só me entreguei à luxúria. Com
meu corpo inteiro tremendo, meu coração batendo rápido, meu útero
se contraindo, meu ânus louco para ser tomado e meu corpo
entrando em erupção, eu só queria gozar na boca daquele homem
gostoso.
Eu já estava na beira do precipício, quando fui puxada e braços
fortes me desceram do mármore.
— Eu preciso gozar também. — Ele roubou meus lábios outra
vez, beijando-os com devassidão. — Afaste as pernas só um pouco.
— Estávamos de pé na cozinha, minhas costas encostadas na ilha, e
o Luke abrindo o zíper da bermuda, direcionando seu pau entre
minhas coxas. — Agora feche. — Eu fechei, prendendo seu pau
entre elas.
Ele começou a se mover, como se estivesse fodendo minha
boceta.
— Porra, que tesão do caralho. — Ele encostou a testa na
minha e depois me beijou, as mãos em meus seios, apalpando-os. —
Goze, Pietra. Goze comigo. — O movimento do seu pau entre as
minhas coxas e tão perto da minha boceta me enlouqueceu.
Então ele afastou a minha cueca e o seu pau começou a roçar
as minhas dobras. Isso me deu um fogo dos infernos, e antes
mesmo de eu pensar, já estava me agarrando nele, gozando feito
uma desvairada e o Luke abafando seu rosnado em minha boca.
— Caralho! Que gozada! Melei você e suas pernas de porra. —
Ele me segurava para que eu não caísse. Estava acabada. Pernas
bambas, coração a mil, respiração ofegante. Eu estava um caos. —
Você está bem?
Neguei com a cabeça. Ele me sentou no banco alto, foi até a
pia, pegou o rolo de papel toalha e me limpou. Depois limpou o chão,
em seguida se limpou e levantou a cueca.
— Você é maluco — disse, enquanto tentava manter a
respiração.
— Sim, eu sou, e fiquei muito mais depois que senti o gosto e o
calor da sua boceta.
Ele me beijou e sorriu com deboche.
— Esquecemos da Marion. E se ela entrasse aqui? Já
imaginou?
— Antes que ela chegasse aqui eu teria escutado. Não sou tão
maluco assim, você precisa confiar mais em mim.
Recebi outro beijo e ele me pegou no colo.
— Para onde vamos?
— Tomar um banho e fazer sexo. — Ele seguiu até a sala de TV
e chamou a Marion.
— Estrelinha, fique aqui, não saia. Eu e sua irmã vamos lá em
cima, mas voltamos já, já. Ok?
— Ok — ela respondeu, mas nem olhou em nossa direção.
Estava muito entretida com o joguinho.
— Viu? Agora eu posso fazer sexo com você sem me preocupar.
E lá fomos nós, nos entregar à luxúria outra vez.
Capítulo 9

Não podia negar, este domingo foi o melhor de toda minha


vida, até agora. Talvez eu tivesse outros domingos tão fodas ou mais
que esse, mas acolher a Pietra em minha casa foi a melhor coisa
que já fiz na vida, mesmo sabendo que não era o tipo de homem
ideal para ela...
O príncipe encantado com o qual toda garota na idade dela
sonhava.
Não, isso eu não era. Eu não era a porra de um príncipe, eu era
um fodido encrenqueiro, um mulherengo que adorava uma boa
trepada. Esse era eu.
Mas agora era tarde demais. Eu já desconfiava que aquela
garota mudaria alguma coisa em minha vida. Sou um velhaco filho da
mãe, já tive tantas mulheres em minha vida que sabia que a Pietra
era algo incomum, apesar da pouca idade. Ela era o inverso de
todas que já comi. Ela era a garota do Luke, a minha garota, e talvez
eu pudesse, sim, ser o seu homem. Eu poderia perfeitamente lhe dar
uma vida cheia de...
Cheia de histórias deliciosas e quentes. E, sim, claro que eu
poderia fazê-la se sentir a garota mais amada do mundo. Serei só
devoção, serei para ela o que nunca fui para mulher alguma. Se ela
ainda tinha alguma dúvida sobre o que eu queria com ela, em breve
não teria mais.
Eu sempre tive minhas prioridades, e uma delas era não andar
ao lado de ninguém. Achava que a solidão seria a minha melhor
companheira, mas agora eu acho que chegou a hora de abraçar a
felicidade.
Quando eu vi a Pietra pela primeira vez, com os seus olhos
esfomeados me encarando, eu até tentei não me importar. Nunca
gostei de ninfetas, nem na época em que era mais jovem, quando eu
sempre me envolvia com mulheres mais velhas. Mas a Pietra me
cercou, me secou, me desejou por meses, fazendo com que eu a
desejasse. Agora fodeu, eu provei o seu mel, rompi seu lacre, e ela
não sabia da porra da encrenca em que tinha se metido.
A partir de agora, seus passos serão dados ao lado dos meus.
— Luke... Luke... Oi, Terra para Marte. Oi...
Distraído, nem vi Pietra se aproximar. Ela encostou a mão em
minhas costas e me empurrou forte. Eu quase perdi o equilíbrio.
— Oi! Estava distraído, desculpe. — Eu a peguei pela cintura e
a puxei, beijando-a com carinho. Depois afastei-a um pouco e a
observei com atenção. Era como se eu quisesse memorizar cada
pedacinho dos seus traços delicados.
— Espero que sua distração tenha sido eu. — Ela franziu a testa
e o seu dedo tocou meu queixo. Logo em seguida, recebi uma
mordida ali.
Tínhamos acabado de fazer amor na banheira. Foi a maneira
que encontrei de enterrar meu pau em sua boceta apertada sem
machucá-la. Estava louco de tesão e a porra do meu cacete não
estava conseguindo se conformar com só brincar de esconde-
esconde, então, após muita sacanagem embaixo do chuveiro, eu a
levei para a banheira, e com muito cuidado, consegui dar prazer a
ela e ao meu pau. Pietra quase desmaiou de tanto gozar. Depois de
tanto sexo, eu finalmente consegui fazê-la dormir um pouco. Como
eu estava sem sono, vim para a varanda do meu quarto apreciar a
bela vista e pensar nela.
— Meus pensamentos são todos seus, dona moça. — Agora fui
eu quem mordeu a ponta do seu queixo. Ela soltou um gritinho e me
empurrou com a mão.
— Ai, Luke, isso doeu... Perverso. — Ela me bateu outra vez,
desta vez no peito, com a mão fechada.
— Foi pra doer mesmo — brinquei, puxando-a de volta para o
meu corpo e enrolando os fios dos seus cabelos sedosos nos dedos.
Fazendo pressão e inclinando sua cabeça para trás, provei dos seus
lábios com um beijo possessivo.
Pietra mordeu meu lábio e sorriu, ainda com a boca na minha.
Hoje ela estava perversa.
Gostei disso.
— Luke, já está pronto? — Ela espalmou a mão na frente da
minha bermuda e meu pau pulsou, todo orgulhoso.
— Eu nasci pronto. Pronto para você, mas... — Eu encostei os
lábios em sua testa, deixando um beijei morno em sua pele. — Eu sei
que está dolorida, ele vai ter que esperar. — Ela beijou o meu peito,
fazendo um barulho estalado nele. Eu me sentei. — Vem cá. —
Puxei-a para o colo e ela sentou nele, abraçando meu pescoço com
o braço. — Pietra, você ligou para os seus pais? Eles disseram o
quê, quando souberam que está comigo? Ou você escondeu esse
detalhe?
Já fazia um tempo que eu queria fazer essa pergunta. Afinal, ela
estava fora de casa desde o sábado à tarde, e o pior, estava com a
irmã pequena. Eu sei como os pais são protetores, e os dela não
deviam ser diferentes.
— Eu não avisei, deixei meu celular em casa.
Agora fodeu! A esta hora toda a polícia da ilha já devia estar à
sua procura.
— Pietra, enlouqueceu? Seus pais devem estar loucos de
preocupação. — Puxei meu celular do bolso da bermuda e o
entreguei para ela. — Ligue para eles... — Respirei fundo. — Porra,
Pietra. Por que não me pediu o celular?
Ela baixou os cílios, brincou com os dedos das mãos. Ficou
tensa.
— Não, não se preocupe. Meus pais não estão em casa. —
Voltou a olhar para mim.
Por que será que ela não estava me convencendo?
— Mesmo assim, eles devem ter ligado para você e devem
estar preocupados. Ligue para eles.
Praticamente a forcei a segurar o celular.
— Eles não ligaram, eu tenho certeza — ela sussurrou e isso me
preocupou. — Papai está com a mamãe no hospital. Ela está
doente, e ele só deve ligar amanhã à tarde. Até lá, eu já estarei em
casa.
Tinha algo que não se encaixava naquela história. Não sabia o
que era, mas não me convenci com a sua desculpa. Mesmo que a
sua mãe estivesse doente de verdade, o pai ligaria para ela para
saber como as duas filhas estavam, nem que fosse para dizer que as
amava e que estava com saudade.
— Pietra, tem certeza disso? Seu pai não ligará para você hoje?
— Encarei-a, sério.
— Tenho, está tudo bem. Se ele ligar será à noite e até lá já
estaremos em casa.
— Eu não quero que você vá embora. Sabe disso, não é?
Eu a puxei para mais perto e a beijei de um jeito bem feroz, um
beijo nada manso. Ela quase sufocou, tamanha foi a força que usei.
Ela se afastou.
— Eu também não quero ir, mas preciso. A Marion precisa de
roupas, e eu também.
— Até agora ela não reclamou, e pelo o que estou vendo, você
também não. Está muito à vontade usando as minhas cuecas.
— Luke, não posso ficar para sempre na sua casa.
Eu não tinha pensado nessa possibilidade, e ao escutar as
palavras vindas da sua boca, achei a ideia até boa. Pietra vivendo
para sempre em minha casa. Eu e ela. Nós dois.
Mas que porra era essa?
Eu pensei mesmo esta merda?
Viver juntos?
Eu e ela...
Acorda, Luke! A Pietra era uma moleca. Ela tinha uma vida
para viver antes de pensar em morar com alguém. Principalmente
com alguém como você.
— Luke?
— Hã! Oi...
— Estava pensando em quê? — Ela puxou meu cabelo.
— Merda. Eu estava pensando em merda, foi isso.
Pietra me olhou, desconfiada, com as sobrancelhas arqueadas.
— Ah, tá. Então é melhor eu ir, antes que fique tarde.
— Dorme aqui, já que seus pais não estão em casa.
Ela bem que podia aceitar. Era o que eu esperava.
— Acho melhor não. Meu pai pode me ligar e aí sim ele ficará
preocupado. Então eu preciso ir. Você me leva até o outro lado?
Eu não queria, mas não a deixaria ir sozinha. Ela agora era
minha responsabilidade, minha mulher.
— Claro que levo. E até a sua casa, preciso ter a certeza de
que ficará bem.
Ela sorriu com satisfação. Eu sorri, não muito satisfeito.
Afastá-la de mim não estava sendo muito aceitável para o meu
eu possessivo, que até algumas horas atrás nem sabia que ele
existia. Confesso, não sei se conseguirei administrá-lo. Vamos ver no
que essa porra dará.
A travessia de barco foi tranquila. Marion ficou o tempo todo em
meus braços, agarrada ao meu pescoço, fazendo um milhão de
perguntas sobre a vida marinha. Cada coral que ela conseguia
avistar vinha carregado de perguntas. Pietra sempre ralhava com
ela, pedia para que se calasse um pouquinho, mas a curiosidade da
pequena Estrela era maior do que as broncas da sua adorável e
linda irmã, e o meu coração cantava uma canção toda vez que os
meus olhos paravam em seu lindo rosto.
Vinte minutos depois, já estávamos no ancoradouro.
— Luke, cadê o carro? — Ela olhou, estagnada, para a minha
moto.
— Você já me viu alguma vez de carro nessa ilha? Meu carro e o
do Marco estão na garagem do hotel, só usamos para levar os
turistas metidos a besta para passear. Aqueles que não querem
andar a pé e nem na garupa de uma moto.
Na verdade, eu tinha dois automóveis. O segundo estava
guardado na garagem do ancoradouro, do outro lado da ilha. Eu
gostava de andar de moto na ilha, era mais prático e rápido.
— Luke, como você vai nos levar? A Marion é muito pequena...
— Eu quero... Eu quero, Luke.
Marion interrompeu a Pietra, agarrou a minha perna e começou
a dar pulinhos de felicidade.
— Cabe nós três, não se preocupe. Eu guiarei com cuidado e a
Marion ficará entre nós dois. — Coloquei o capacete na Marion e o
meu entreguei para a Pietra. Ajudei-a a colocá-lo. — Prontas para a
nova aventura? Vamos em busca da terra prometida. — Bati com a
mão no capacete da Marion.
— Luke, onde fica essa terra prometida? É muito longe? Lá tem
duende? Tem fada?
— Tem tudo o que você imaginar, pequena Estrela. A terra
prometida é a nossa casa.
— Oba! — Ela levantou os bracinhos e soltou um gritinho de
entusiasmo.
Em quinze minutos, estávamos ao pé das escadas que levavam
à casa da Pietra. Desci a Marion e ela, assim que viu uma menininha
quase do seu tamanho, saiu correndo em sua direção.
— Quer que eu suba com você? — perguntei, um nó se
formando em minha garganta.
— Não, não precisa. Eu provavelmente ficarei um pouco com a
vizinha, a Marion tem muitas novidades para contar para a
amiguinha. — Ela espalmou a mão no meu rosto e fixou os olhos nos
meus. — E você, voltará para casa?
— Acho que vou dar um pulo no show da praça. Já que estou
aqui, não custa nada ver como as coisas andam por lá. Depois
voltarei para casa.
— Você disse que não ia ao show. Mudou de ideia por quê? —
Ela ficou séria.
— Pietra, não precisa ficar assim. Se quiser, pode ir comigo.
Agora nós estamos juntos, onde eu estiver você estará, é só querer.
Só não poderei levá-la nas minhas festas VIPs, elas são proibidas
para você.
— Hoje tem festa VIP? — Não estava gostando do rumo da
nossa conversa.
— Tem, mas é o Marco quem vai administrar. Eu já dei as
ordens, se eu passar lá é só para dar uma olhada.
Ela largou meu rosto e virou as costas. Eu desci da moto e fui
atrás dela. Puxei-a pelo braço e a trouxe de volta para o meu corpo.
— Ei, que porra é essa? Eu disse algo que não gostou?
Pietra tentou se livrar do meu aperto.
— Solte-me, Luke. Eu sei que aquelas mulheres lindas e
gostosas estarão na festa, e como você mesmo disse... você adora
uma boceta e não vive sem sexo. Então eu já sei o que irá acontecer.
Uma boa foda para você.
Ela conseguiu se soltar das minhas mãos e correr na direção da
casa onde a Marion entrou. Eu dei alguns passos, mas parei assim
que a vi entrar e fechar a porta. Eu sabia que ela conseguiria me
escutar.
— Pietra, você terá que confiar em mim, se quiser que essa
porra dê certo.
Montei na moto. Fiz o maior barulho que pude e saí em alta
velocidade, puto da vida. Acho que essa foi a nossa primeira briga,
ou desentendimento. Para uma coisa serviu. Para descobrir que ela
era ciumenta.
Eu era possessivo, e ela, ciumenta. Estávamos fodidos.

Se eu fosse esperta, não teria me virado e fugido. Eu deveria ter


ficado e aceitado ir com ele à festa, mas fui uma covarde. Tornei-me
escrava da necessidade que sentia de chorar como uma boba. Eu
precisava crescer... ser uma mulher adulta e decidida, se quisesse
conquistar o Luke. Ele não era homem de ficar consolando garotas
imaturas, ele não corria atrás de mulher, as mulheres que corriam na
direção dele.
Agora ele deveria estar lá... no palco. Cercado por todo tipo de
garotas bem gostosonas. As que faziam o tipo dele.
Merda!
Sua otária, idiota.
Andei de um lado ao outro no vão do pequeno banheiro da minha
vizinha. Estava apavorada. Eu fiz besteira, não deveria ter
demonstrado a minha insegurança. Homens não gostavam de
ceninhas de ciúmes, principalmente homens como o Luke.
Pietra, você precisa consertar esta merda.
Virei-me, e antes de abrir a porta, limpei o rosto e arrumei meus
cabelos. Assim que saí, fui abordada por uma garotinha eufórica e
cheia de energia.
— Pipi, Pipi! Eu posso dormir aqui, posso? Por favor, deixa eu
dormir aqui! Deixa, vai, deixa...
Olhei para Mariana e ela deu de ombros, sorrindo.
— Não se preocupe, cuidarei bem dela. — Ela desviou o olhar
para as duas menininhas que brincavam de bonecas. — Elas estão
se divertindo e será ótimo para a Betinha, ela está com saudade da
avó, a minha mãe. Ela viajou para a capital e desde ontem a Betinha
anda chorosa. Pode deixar a Marion aqui.
Confesso que adorei a ideia, eu já ia mesmo perguntar à
Mariana se ela poderia ficar com a Marion. Claro que eu não ia dizer
que eu iria à festa na pracinha, eu diria que precisava ir até o
mercadinho comprar algo para fazer o jantar, já que o lugar só
fechava às vinte e duas horas.
Eu sei, eu sei. Sou uma irmã horrível. Estou louca para largar a
minha irmã pequena com uma estranha só para ir atrás de um
macho.
Mas esse macho está me deixando louca e irresponsável e eu
estou completamente apaixonada por ele.
Que se dane!
Eu vou.
— Tem certeza? — perguntei. Cínica, eu. Como podia ser tão
dissimulada? Rezei em pensamento para que ela não voltasse atrás.
— Tenho. Amanhã eu devolvo a sua irmãzinha, não se preocupe.
Alívio. Quase soltei a respiração num suspiro, mas a bloqueei.
— Ok, então vou pegar duas mudas de roupas e alguns
brinquedos.
Saí da casa da Mariana cheia de planos. Eu não poderia
simplesmente me jogar nos braços do Luke, teria que dar uma de
difícil e não me importar, caso ele estivesse com alguma garota
atracada no pescoço.
Eu a mato primeiro e depois ele, se por acaso vir isso.
Deixei três mudas de roupas para Marion, alguns biscoitos,
iogurte e quatro caixinhas de suco de pêssego.
Esperei a Mariana fechar a porta para escapulir pela tangente e
ir sorrateiramente para a praça, que ficava próxima à entrada
principal da ilha.
A praça estava tomada de gente. Eu não sabia que em uma ilha
tão pequena cabia tanta gente assim.
Com muito custo, eu consegui chegar bem próximo ao palco.
Logo me animei, pois o DJ estava tocando uma das minhas músicas
favoritas “Don’t call me up”. Enquanto dançava, procurei pelo Luke
e, por mais que eu esticasse o pescoço ou ficasse na ponta dos pés,
não o achava. O palco estava cheio e entre tantas pessoas havia um
grupo de seis garotas, vestidas para matar e lindas de dar um nó na
bunda. Meu ciúme foi ao topo.
Onde está você, Luke?
Será que estava em algum canto, se atracando com alguma
gostosa?
Esse pensamento me deixou louca. Eu queria matar alguém.
Então eu o vi, e ele não estava atracado a ninguém. Meu lindo
namorado estava bem concentrado, arrumando umas caixas de som.
Ele sequer olhava para as duas garotas de saias curtíssimas que
dançavam de modo provocante para chamar sua atenção.
Respirei fundo e comecei a dançar, mas sem tirar os olhos do
homem tatuado, cheio de piercing, gostoso e que até o momento era
só meu.
A música chegou na parte mais dançante e comecei a me soltar.
Fechei os olhos e fiquei imaginando Luke ao meu lado, segurando
minha cintura e dançando comigo.
Por um momento, pensei mesmo que tinha duas mãos em minha
cintura. Então eu senti o calor de uma respiração em minha nuca e
uma voz sussurrando:
— Se você mexer assim fodendo, juro que serei seu pelo resto
da minha vida.
Não era a voz do Luke. Eu me virei e meus olhos se fixaram em
um par de olhos negros como a noite. O homem tinha um sorriso
devasso esticando nos lábios.
— Quer me soltar, por favor? — pedi energicamente.
— Princesa, eu não quero largar não. Uma garota como você
não dá para deixar ir.
— Solte-me. — Eu o empurrei, no entanto, ele me puxou com
força, travando meu corpo no dele e prendendo minhas mãos.
— Me largue, seu idiota. Seu...
Não tive tempo de completar minha frase, pois o rapaz foi
brutamente afastado de mim. Quando eu percebi, ele já estava no
chão e com alguém por cima com um punho fechado em seu rosto.
Só escutei o baque.
— Luke! — gritei o seu nome com desespero.
Olhei para ele. Ele parecia especialmente feroz, seu olhar tinha
um brilho escuro, como se um animal selvagem estivesse
desesperado para sair. Parecia que longos momentos se passaram
diante de nós. Ele desviou os olhos de mim e chocou o punho outra
vez no maxilar do rapaz.
— Seu cretino — disse, furioso, e socou o rapaz novamente. —
Isso é pra você respeitar a mulher dos outros. — Luke parecia outra
pessoa.
E o pior era que ninguém se metia.
Olhei para o Marco e ele permanecia parado, só observando.
— Marco, faça alguma coisa! — Fui até ele, segurei seu braço e
exigi que apartasse a briga.
— Nem morto! Eu tenho amor à vida —respondeu e nem sequer
me olhou.
— Você é um imbecil! — disse, revoltada.
— Um imbecil vivo. — Assim que calou a boca, avançou dois
passos e afastou um rapaz que tentava segurar o Luke. — Isso é
assunto do Luke, não se meta — disse para o rapaz, que
prontamente se afastou.
Então eu fui. Mas não precisou. O homem no chão deu um golpe
no Luke, empurrando-o para longe. Ele aproveitou e se levantou. Eu
corri até o Luke, que já estava de pé.
— Não, Luke, não. — Eu o segurei quando ele tentou ir de
encontro ao rapaz outra vez.
— Se tocar nela novamente, eu juro que corto suas mãos. Aliás,
se olhar para ela, eu furo seus olhos.
Luke bufou.
— Engraçado, eu não vi nenhum nome no corpo dela. Não sabia
que ela tinha dono. Ele é seu dono? — O rapaz olhou para mim. Fingi
que não escutei. — É, cara, a moça não tem dono, portanto, eu
posso, sim, tocar nela.
Luke me empurrou, soltando-se da minha mão, e partiu para
cima do cara. Os dois começaram a trocar socos. Luke era muito
maior do que o seu adversário e logo o homem estava no chão e o
Luke por cima.
— Você sabe de quem eu sou filho, idiota? — O rapaz mal podia
falar. — Do delegado! Daqui a pouco você estará atrás das grades
— falou, cheio de orgulho, sorrindo com escárnio.
— Grande merda! O seu pai recebe ordens do meu, seu otário.
Luke voltou a bater no rapaz. Ele tentou se defender, mas Luke
estava completamente fora de si.
— Pare, Luke, pare... — gritei, segurando sua mão. — Ele já
teve sua dose de lição por hoje, não precisa bancar o Neandertal.
— Solte-me, Pietra. — Ele olhou para minha mão em seu punho
ensanguentado. Eu não reconhecia o Luke, ele estava
completamente enfurecido.
— Você é tão imbecil quanto ele.
Eu soltei a sua mão, virei-me e o deixei com seu machismo
carregado de empáfia. Não iria compartilhar da sua exibição de
macho-alfa.
— Pietra... — ele gritava meu nome enquanto eu me afastava.
— Pietra, volte aqui!
— Não, fique aí com a sua valentia de merda. — Continuei
andando.
Caminhei a passos firmes, passando entre as pessoas que
assistiam ao meu namorado massacrar um rapaz, cujo único pecado
foi flertar com a namorada do príncipe bad boy da ilha. E se ele
soubesse que eu pertencia ao Luke, duvido que teria se aproximado
de mim. De uma coisa agora eu tinha certeza: nenhum outro rapaz
da ilha sequer ousará olhar para mim.
— Pietra, quer me esperar? Mas que porra!
Ele estava bem atrás de mim, tentando me alcançar,
esbravejando e se achando o dono da situação. Meu coração estava
a mil, as batidas tão fortes que eu podia senti-las em minha jugular.
Se ele pensava que eu aceitaria aquela sessão de pancadas
numa boa, estava muito enganado.
— Caralho! — Ele me alcançou e me puxou pelo braço, parando
meus passos. — Caralho, Pietra, o que há com você? Eu a defendi e
ainda saio de ruim na história? Que merda, Pietra! — Eu o encarava
e ele a mim. — Não sou homem de deixar filho da puta algum tocar
no que é meu. Eu sou assim, Pietra, tenho pavio curto. Eu bato
primeiro e pergunto depois, e ele mereceu cada soco. Quando eu
voltar, se ele ainda estiver por lá e a minha raiva ainda não tiver
passado, juro que soco a cara dele de novo.
Ele estava assustador, com olhos saltados, punhos cerrados,
cabelo bagunçado, camisa rasgada e o lábio um pouco partido. Mas
o mais assustador não era a sua aparência, e sim o jeito como falou,
frio, duro e apavorante.
— Então, quer dizer que sempre que outro cara olhar para mim
e você vir, vai sair dando socos e pontapés por aí?
Ele engoliu em seco e o silêncio nos cercou, nem parecia que
estávamos em uma praça pública barulhenta e lotada de pessoas.
Luke soltou meu braço e se afastou. Eu tive uma sensação de
abandono.
Será que ele daria meia-volta e iria embora?
— Sim, e posso ser pior do que isso. Eu sou assim, Pietra, e
não mudarei. Ou você me ama ou me odeia. — A frase não era só
uma frase, era uma afirmação.
— Está me dando uma escolha, Luke? É isso? Por que se for,
não estou muito certa se quero ser motivo de brigas, acho que você
terá que aprender a lidar com esta merda de possessividade.
— Que se foda! Eu não aceitarei que nenhum filho da puta se
meta com você. Caralho! Eu não pedi para me apaixonar por você,
garota, se quiser ficar comigo terá que arrumar um jeito de engolir a
minha possessividade. Entenda, o problema não é você, o problema
é qualquer idiota que se meter a besta com você.
Ele ergueu uma sobrancelha e se aproximou, seus olhos frios
fixos nos meus.
— Você está sendo um idiota, Luke. Não precisa bancar o bad
boy pra mim. — Ele deu mais um passo em minha direção. — Nem
tudo se resolve com socos, e você não é um galo de briga, não
precisa se esconder de mim.
Luke parou e olhou para mim. Por longos segundos ele ficou em
silêncio e eu me perguntei se estava tentando encontrar as palavras
exatas para me dizer adeus.
— Pietra, não se iluda comigo. Eu não sou bom, eu matei a
minha mãe quando era um pirralho. Sim... — Eu abri os olhos o
máximo que pude quando escutei sua confissão exagerada. Eu já
sabia da sua história. — Sim, Pietra, minha mãe morreu por minha
causa. Se eu não fosse uma criança mimada e escrota ela estaria
viva hoje. Eu tinha uma escolha, poderia ter me conformado em não
ir para aquela merda de feira de games, mas eu fiz birra e deu no
que deu. Todo mundo tem escolhas, Pietra, e eu estou te dando
duas. — Seus olhos, nesse instante, escureceram e sua voz falhou.
— Então, eu posso, sim, ser cruel com quem mexer com o que é
meu — completou, fitando-me com tanta força que os pelos do meu
corpo se eriçaram. Ele queria me pôr medo, não sei por quê.
— O que quer dizer com isso tudo, Luke? Quer que eu fique com
medo, ou simplesmente foi a maneira que encontrou para me dar um
fora? — Olhei-o profundamente nos olhos.
— Nem uma coisa nem outra, Pietra. Eu só quero que saiba que,
se quiser ficar comigo, terá que se acostumar com o meu jeito de
ser. Você se apaixonou por mim sem saber quem eu era de verdade,
e esse sou eu, independente das fofocas que contam sobre mim. O
cara que viu há poucos instantes, batendo naquele safado, não tem
nada a ver com o bad boy, tem a ver com um homem apaixonado
que ainda não sabe como lidar com essa porra... Eu nunca me
apaixonei, eu nunca senti ciúmes e nunca quis ninguém como eu
quero você. Talvez eu mude as minhas atitudes, talvez não, isso só o
tempo dirá. Então, você vai ou fica? — concluiu.
— Luke, você está enganado quanto a mim. Eu me apaixonei
pelo bad boy, pelo fora da lei. Eu sabia que você era perigoso, mas
no fundo, quando eu olhava para você em cima do palco, ou na sua
moto, eu via um homem especial. Eu nunca o vi como um bandido.
Eu fico, mas você vai precisar domar esse leão que vive dentro de
você. — Sorri levemente, mas mantive os olhos em seu rosto.
— Garota, você não sabe o tamanho da encrenca em que se
meteu. Nem eu sei o tamanho dessa porra que estou sentindo por
você.
Eu balancei a cabeça e sorri outra vez. Estava a poucos passos
do seu corpo, e o cheiro que vinha dele inebriava meus sentidos.
Vamos, Pietra, ou você se atira nos braços dele ou corre e se
esconde outra vez. Afinal, ele bateu num cara por sua causa.
Ok, ok, não era algo para se orgulhar. Mas não era toda mulher
que tinha um homem que quebrava a cara de outro só por ter se
metido a besta de tocar nela. Isso era muito foda.
E o meu Luke era muito foda.
Hesitei por apenas um segundo, mas joguei a porra do meu
orgulho para o alto. Dei mais um passo, levantei a mão e coloquei-a
sobre seu coração. Ele olhou para ela e respirou fundo.
Colocou a mão sobre a minha. Luke inclinou o corpo para mais
perto de mim, dando mais um passo para frente.
— Eu quero você, garota. — Ele olhou para mim com um olhar
acalorado, perigoso. — E essa vontade de ter você pode ser
perigosa, pois eu não sei em que terreno estou pisando. Acho que
teremos que aprender juntos a lidar com isso. — Luke respirou forte
e eu senti o calor da sua respiração no rosto. — Então, Pietra, agora
não tem volta. Você é minha e eu sou seu, junto com todo o meu
ciúme e possessividade. Aceita?
— Sim... — Ele agora parecia mais perigoso que antes, havia
um brilho diferente no seu olhar. O animal estava tentando encurralar
a sua presa.
Luke se aproximou ainda mais, e eu, hipnotizada pelo seu olhar
felino, recuei. A cada passo que ele dava, eu dava outro, era como
se ele estivesse fazendo aquilo de propósito.
— Garota, acho que a partir de agora você é o que eu mais
quero nessa porra de mundo. — Ele veio rápido em minha direção.
Capítulo 10

Eu me aproximei mais dela, observando enquanto ela recuava,


cambaleando as pernas, tateando com a mão algo no qual pudesse
se apoiar. O que ela não sabia era que a estava guiando para um
local mais seguro. Seguro para fazer as coisas que pretendia fazer
com ela. Estava sedento, faminto. Eu a queria, queria prová-la mais
uma vez.
Olhei para ela com aquele olhar de predador, faminto, duro.
— Quero provar você, garota, e quero agora — disse sem
rodeios.
— Agora e aqui!? — sussurrou, engolindo, em seco sem
conseguir desviar os olhos dos meus.
— Sim... — Apressei os passos, e ela também. Eu sei que ela
estava vendo no brilho dos meus olhos o tamanho do meu desejo.
Não sou o tipo de homem que pede permissão para possuir uma
mulher, quando eu queria, eu pegava e pronto. Mas com a Pietra não
queria só fazer sexo, eu queria tudo dela. Era a porra mais egoísta
do inferno. Ela me deixava cego, indomável e muito duro. Não era só
o desejo pelo seu corpo intocado, não era só a sua inexperiência. Eu
estava, sim, adorando ser o primeiro, sou um fodido filho da mãe.
Era algo muito mais complexo, e essa complexidade estava
atordoando os meus sentidos. Nós só ficamos juntos um final de
semana e eu já estava me sentindo dono, amante, namorado,
marido, amigo e o caralho todo.
Se bastou só um final de semana para eu me sentir assim, fico
imaginando como será o resto das nossas vidas.
Será a porra mais intensamente fodida.
Estava com o olhar tão fixo no dela, que ela nem percebeu o que
eu estava fazendo. Ou melhor, para onde eu a levava. Como eu havia
dito, sou um cara hiperssexual, eu adoro sexo e agora mesmo quero
a boceta suculenta da Pietra. Não pretendia esperar o momento
certo para tê-la, o momento certo quem faz sou eu. E a Pietra,
medrosa do jeito que era, me diria um sonoro não. Então eu
precisava convencê-la, ainda que soubesse que não precisaria de
muitos argumentos para tê-la gemendo em minha boca. Podia sentir
sua respiração acelerada e o brilho dos seus olhos me comendo. O
coração dela batia tanto quanto ou mais do que o meu.
— Agora, Pietra, você será minha. — Ela bateu as costas na
parede de pedras frias do acostamento nos fundos da farmácia.
— Lu-Luke. — Ela olhou em volta. Tentou fugir, mas meus
braços cercaram os dois lados do seu corpo na altura dos seus
ombros, minhas mãos espalmadas nas pedras frias atrás dela. Ela
prendeu a respiração sutilmente, segurando-a por alguns instantes,
enquanto seus olhos se fixavam nos meus.
— Nem pense em fugir, Pietra. Eu quero você e a terei. —
Aproximei meu rosto do seu. Podia sentir o calor da sua respiração
nos meus lábios.
— Luke, não podemos, alguém pode nos ver — sussurrou, sem
forças para evitar o meu olhar. — Luke, não... — Ela parou com as
mãos abertas na parede de músculos do meu peito e soltou a
respiração.
Varri os olhos pelo seu rosto e me inclinei um pouco mais, meus
lábios quase tocando os seus. Ela até entreabriu a boca, pensando
que ia beijá-la, mas eu parei e soltei o ar, soprando lentamente.
Pietra fechou os olhos e inspirou e expirou rapidamente.
— Luke, deixe-me ir. Você não pode me ter sempre que quiser e
onde quiser, aqui mesmo não dá, estamos na rua e...
— E eu não me importo. — Encostei meu joelho entre suas
coxas e friccionei para cima e para baixo.
Pietra estava nervosa, mas estava muito mais excitada.
— Você me quer tanto quanto eu a quero, sinto o calor da sua
boceta em meu joelho. Você me quer, e me quer agora, confesse. —
Mantive os olhos nela. Ela entreabriu os lábios, soltando o ar,
gemendo baixinho.
— Luke, seja razoável. Aqui não é lugar... — Ela precisava
entender que eu nunca fui razoável e nunca serei.
— Pietra, sexualmente falando, eu nunca serei razoável com
você. Meu pau não pensa, ele só sente, e neste momento ele está
fodidamente duro, pulsando por sua boceta gostosa. — Sorri
despretensiosamente. — Eu quero fazer sexo com você, e você quer
me foder, simples assim. — A última frase eu sussurrei no seu
ouvido.
— Você não sabe o que eu quero... — Ela mordeu o lábio
enquanto fechava os olhos. Escutei o gemido erótico saindo suave do
fundo da sua garganta.
— Eu sei... — sussurrei, roçando o joelho com mais força entre
suas coxas. — Você me quer fazendo coisas em você. Negue, se me
convencer eu a deixo ir — desafiei, mas eu já sabia a resposta. —
Pietra, diga que não quer que eu faça coisas em você, aqui e agora?
—perguntei novamente, e desta vez lentamente, com a voz bem
baixa.
A porra do meu pau pulsava ferozmente na frente da bermuda,
minhas bolas doíam. Já estava a ponto de montá-la em cima de mim
e possuí-la de qualquer jeito, meu desejo por ela estava me deixando
louco, eu a queria em todos os malditos sentidos.
— Pietra. — Mordi a pontinha da sua orelha enquanto
sussurrava o seu nome. — Negue. — Puxei-a contra o corpo e senti
os seus seios pontudos roçarem meu peito. — Porra, eu preciso de
você.
Meus lábios cobriram sua pele até chegarem em seus lábios.
Deslizei a língua entre eles. Seu peito subia e descia rapidamente, a
respiração entrecortada. Ela me queria, seu corpo falava que sim,
mas eu precisava que me dissesse isso.
— Pietra, responda. Paro ou continuo?
— Você é maluco, Luke.
— Eu sou, mas sou mais maluco por você. — Mordi seu lábio e
o suguei. Ela sibilou. — Louco varrido, alucinado. — Mordi seu
queixo. Ela gemeu, e eu quase perdi o controle.
— Eu quero. Eu quero que faça coisas em mim, aqui e agora...
Deus! Eu perdi o juízo.
Quase gozei.
Corri minha língua na pele sensível de seus lábios. Eu já estava
viciado nela antes mesmo de prová-la, só com aqueles olhos sobre
mim, e agora que a provei, fiquei dependente. Isso era tão certo
como dois e dois são quatro. Ela tinha se tornado um vício absoluto.
Afastei minha boca e a fitei, meus olhos encontraram os dela.
— Você é muito foda, é gostosa pra caralho. — Inspirei seu
cheiro doce e esfreguei o pau duro contra o seu corpo.
Pietra soltou um gemido faminto e eu rosnei feito um animal
esfomeado.
— Luke, não me provoca.
— Diga que me quer dentro de você. — Minhas mãos ainda
estavam na parede fria e ela com a cabeça apoiada nela, a boca
entreaberta à espera do meu beijo, os olhos fechados. Era puro
tesão.
— Luke, eu quero seu pau dentro de mim. — Abriu os olhos
enquanto dizia as palavras e eles brilhavam de desejo.
Deslizei a mão para a sua nuca, enrolando os dedos em sua
pele sedosa, e virei sua cabeça para o lado. Inclinei-me para baixo e
corri a língua ao longo de sua garganta. Meus dentes mordiscaram a
pele sensível e ela arqueou o peito. Senti seus mamilos quase me
furando.
— Porra, Pietra. Você me enlouquece, sabia? — Beijei-a com
força, domando sua boca com a minha. Minha língua, sedenta por
seu calor, rodopiava no céu da sua boca. Ela me chupou e eu a
chupei. Porra de beijo do caralho.
— Foda-me, Luke. Que se danem meus medos, eu não aguento
mais! Minha boceta está derretendo, meu corpo está em chamas.
Pelo amor de Deus, acabe com a minha agonia.
Ela estava ficando do jeitinho que o Luke gostava: safada,
completamente desavergonhada.
Eu sabia que não podia fazer sexo com ela ali. Seria
desconfortável demais. Se fosse em outra época e com outra
garota, não pensaria duas vezes, a esta hora eu já estaria socando o
pau com força na sua boceta e no seu rabo. De quatro, de pé,
montada em mim, no chão. Mas a Pietra não era uma garota
qualquer, ela era a minha garota. Eu só queria ter a certeza de que
confiava em mim o bastante para que a tomasse em qualquer lugar.
Mesmo não podendo fazer sexo com penetração, eu poderia lhe
dar outro tipo de prazer.
Soltei sua boca e fiz um caminho para baixo. Mordi os seus
seios, chupei seus mamilos e fui descendo por todo o seu corpo, até
ficar de joelhos.
— Luke, o que está fazendo? — perguntou, ofegante. Com os
olhos nos meus e a boca vermelha das minhas mordidas, ela estava
linda.
— Vou comer você, literalmente, mas com minha boca, língua e
dedos.
Levantei sua saia e puxei sua calcinha. A pequena peça branca
escorregou por suas coxas, apressadamente.
— Luke, você às vezes é assustador. — Ela segurava os meus
cabelos, alisando os fios entre os dedos.
— Você já me disse isso. Agora afaste as pernas — ordenei.
Ela fez o que mandei.
Minha boca agarrou seu monte de vênus, que mordi sem
machucar. E antes que ela pudesse puxar uma segunda respiração,
eu enfiei o rosto entre suas pernas, chupando e mordendo sua
boceta, me deliciando com seu prazer que escorria entre meus
lábios. Minha língua trabalhou entre suas dobras, clítoris, no seu
núcleo e, quando senti que o seu prazer estava próximo, eu me
afastei.
— Luke... — disse, quase sem ar, prestes a gritar de prazer. —
Eu... eu ia gozar.
— Eu sei — respondi, com um sorriso cínico. — Você vai, mas
com meus dedos.
Beijei sua boceta e imediatamente soquei dois dedos dentro
dela. Enquanto minha boca mordia e beijava sua vulva, eu a fodia
com força, socando forte.
— Você gosta disso. Gosta dos meus dedos em sua bocetinha
molhadinha. Gosta quando empurro com força dentro dela, não
gosta, minha gostosa?
— Luke... Luke... — Ela prendeu meu rosto em sua vulva. —
Morda-me, morda-me.
— Gosta assim. Gosta dos meus dentes marcando a sua carne,
não é, minha safada? Essa bocetinha é minha, e você é a minha
safadinha, minha gostosa. Quer mais? Quer que coloque um dedo
em seu cuzinho?
— Quero... quero. Fode o meu cuzinho, Luke. — Ela abriu mais
as pernas, e eu mudei as posições dos dedos. Não dava para ir
muito fundo, mas ela estremeceu quando meu dedo penetrou as
pregas suaves do seu delicioso cuzinho.
— Está gostoso, minha gostosa? Gosta assim, nos dois
lugares? Logo você receberá meu pau aqui. — Empurrei o dedo com
força e ela gemeu alto. Suas pernas estavam cedendo, eu mordi
sua vulva e logo em seguida me levantei.
Roubei sua boca enquanto meus dois dedos estocavam sua
boceta com força. Pietra desceu o zíper da minha bermuda e puxou
meu pau para fora. Sua mão começou a me masturbar com a
mesma velocidade dos meus dedos.
— Porra, caralho. Você está ficando boa nisso... Mais forte,
amor, mais forte. Aperta a cabeça, isso. Mais forte. Isso, delícia.
Eu explodi, minha porra jorrou nas mãos da Pietra e ela jorrou o
seu prazer em meus dedos. Eu a segurei com um braço para que
não caísse e tentava me equilibrar em minhas pernas bambas. Foi
uma porra louca. Não que eu não esteja acostumado a foder em
lugares não muito apropriados, mas a loucura era estar com ela, era
levá-la ao limite.
Olhei para a minha porrinha linda e ofegante e beijei sua testa,
forçando os lábios um pouco mais no local. Meu coração batia tão
acelerado que eu podia escutá-lo.
Pietra respirou profundamente e encostou a cabeça em meu
peito.
— Você está bem? — perguntei enquanto a afastava e olhava
para seu rostinho lindo. Beijei sua boca enquanto a apertava nos
braços.
— Você é louco, e eu sou mais doida do que você. — Ela beijou
meu peito.
— Eu amo você, nunca se esqueça disso. Portanto, lembre-se
que as minhas loucuras nunca irão colocá-la em perigo. Se eu a
trouxe aqui, era porque sabia que era seguro.
Eu a beijei com paixão e ela correspondeu. Alisei os seus
cabelos com carinho, depois limpei suas pernas e vesti sua calcinha.
— Está dolorida?
— Estou bem. Cansada, mas bem.
— Venha, vou levá-la para casa.
Segurei sua mão, entrelaçando seus dedos nos meus. Saímos
do nosso esconderijo, e as pessoas nem se importaram quando
saímos da escuridão do beco. Não soltei a sua mão, eu queria que
todos soubessem que ela agora era minha. Não me importava com
nada, eu só queria que todos soubessem que estávamos juntos.
— Quer comer alguma coisa, ou beber? — perguntei. Na
verdade, eu queria romper o silêncio que cresceu entre nós.
— Não, eu só quero ficar assim com você. Não sei quando
poderemos nos ver.
Chegamos onde estava minha moto. Coloquei o capacete nela.
— Durante a semana, darei um jeito de ir vê-la, agora, no final
de semana, só poderemos nos ver no domingo. Sábado passarei o
dia na capital, acertando o show que teremos à noite, será um show
particular.
— Eu posso ir, peço para a Dona Mariana ficar com a Marion.
Mas nem morto que eu a queria em uma das minhas festas
VIP’s.
— Não, de jeito nenhum. Eu nem quero sonhar que você chegou
perto daquela casa, entendeu? — Ela ficou triste, mas assentiu com
a cabeça. — É para o seu bem, mas no domingo darei ordens ao
marinheiro para levá-la para a minha casa, logo cedo. E leve a
Marion, não quero que peça para sua vizinha ficar com ela. Certo,
minha garota linda?
— Você não ficará com nenhuma mulher nessa festa, não é?
Eu soltei uma gargalhada. E levei um tapa por isso.
— Isso dói, malcriada. — Bati com a mão na frente do
capacete. — Desde sábado que eu sou só seu. Só seu, entendeu?
Não se esqueça disso. — Ela assentiu.
Pus meu capacete e subimos na moto. Deixei Pietra na esquina,
onde eu pude vê-la subir as escadas, e só fui embora quando ela
desapareceu do meu campo de visão.
Capítulo 11

Quando vi o Luke pela primeira vez, eu fiquei hipnotizada por


sua beleza física. Ele parecia tão perigoso visto de longe, com suas
tatuagens, seus piercing, seus músculos e aquele sorriso safado e
audacioso. Ao vê-lo cercado por tantas mulheres lindas, logo pensei:
“esse cara deve ser feito de açúcar”. Ele tinha algo mais que os
outros que estavam com ele não tinham.
Lembro-me como se fosse hoje...
Eu tinha acabado de chegar em Corais e pedi para o papai me
deixar ir até o farol. Eu sabia que estava havendo algo lá, pois
quando saímos da balsa vi o movimento de carros, motos e pessoas
indo na direção do alto da ilha. Assim que chegamos na casa em que
ficaríamos por um tempo indefinido, escutei a música tocar. Papai
deixou, então eu saí às pressas antes que mudasse de ideia. O alto
do farol era um lugar enorme, com espaço para montar um show
para milhares de pessoas. Tinha até um parque de diversões
permanente. Fiquei entusiasmada, ao menos de tédio eu não
morreria. Me misturei no meio da multidão que queria assistir ao
show, nem sabia quem se apresentaria, na verdade, nem estava
interessada. Eu queria mesmo era me divertir um pouco, esquecer a
minha tristeza e as minhas preocupações.
Naquele mesmo dia, antes de virmos para cá, mamãe teve uma
crise.
Papai estava ocupado com o caminhão da mudança e eu estava
me despedindo das minhas amigas. Eu só escutei os gritos da
mamãe e o choro desesperado da Marion. Larguei minhas amigas –
que foram embora assim que escutaram os gritos, pois tinham medo
da mamãe – e fui correndo para casa. Quando eu entrei, mamãe
estava gritando com a Marion. Aquela cena ainda estava tão nítida
em minha cabeça...
— Vá embora, menina! Saia daqui! Eu não sou sua mãe, não
tenho filha pequena — ralhava com a Marion. — Vá embora, pirralha.
Vá pra sua casa.
— Mamãe, eu sou a sua filhinha, não grita comigo. Não grita
comigo, mamãe. — Marion se agarrou na barra da saia do vestido
dela e chorava de soluçar.
Corri até ela e a puxei, abraçando seu corpinho trêmulo.
— Graças a Deus que é você, Pietra. Leve essa menina chorona
daqui. Onde está a mãe dela? Como uma mãe pode deixar uma
criança tão pequena andando sozinha na rua?
Eu não sabia o que fazer, pois a mamãe não lembrava mesmo
da Marion. Ela estava tomando a medicação, mas a sua doença
estava piorando.
— Pipi, por que a mamãe não lembra de mim? Por que ela está
assim?
Mamãe saiu da sala e foi para o quarto, sem se importar com o
estado emocional da Marion.
— Não ligue, meu anjinho. A mamãe está dodói, logo ela
lembrará de você — disse, enquanto alisava seus cabelos.
— Eu estou triste, muito triste, Pipi. A mamãe esqueceu a
Marion...
Ela se agarrou a mim e chorou. Após isso, ela ficou febril, e
quando o papai voltou ela não quis mais desgrudar dele. Uma hora
depois, mamãe voltou a se lembrar da Marion e se esqueceu
completamente do que aconteceu. Quando chegamos aqui na ilha,
ela se transformou na mãe que sempre foi: dedicada, amorosa e
gentil. Não saiu de perto da Marion, ficou cuidando dela o tempo
todo.
Então eu merecia um pouco de distração.
E quando eu subi no muro que protegia uma cruz de ferro, eu o
vi.
Nossa! Ele parecia aqueles atores dos filmes americanos, caras
rebeldes e perigosos. Desse dia em diante, não consegui desviar os
olhos dele. Eu o secava com o olhar, literalmente. Luke tinha tudo o
que sempre amei nos rapazes. Não que eu conhecesse rapazes
como o Luke, mas eu os via nos filmes. Ele se tornou meu vício, meu
sonho de consumo.
Foram vários e vários shows, eu não perdia um. Até quando o
papai me proibia de ir, eu fugia e lá estava eu, em algum lugar
estratégico, comendo-o com os olhos e me deliciando com o seu
poder sedutor. Mesmo quando eu descobri que ele não era uma
pessoa muito confiável, que tinha má fama e que as pessoas diziam
que ele era o traficante dos ricos, eu não me importei, acho até que
o desejei muito mais.
Mesmo sabendo que não tinha chance alguma, pois via as
mulheres lindas que sempre estavam ao seu lado. Cada mulherão da
porra, gostosas e super gatas. Quando eu ia imaginar que o Luke
me olharia?
Nunca!
Mas ele olhou e me desejou.
Contudo, quando ficamos juntos pela primeira vez, minha
intenção era fingir que nada existia entre nós. Ninguém precisava
ficar sabendo que tínhamos um relacionamento. Não que eu não
quisesse expor o meu namorado perigoso para os quatro cantos da
ilha, na verdade, pensei que ele quem não quisesse. Nunca imaginei
que o Luke, algum dia, fizesse questão de chamar alguma garota de
“sua”, não depois do que fiquei sabendo sobre ele. Ele tinha fama de
mulherengo que odiava mulheres grudentas, mas ele me
surpreendeu, e quando menos esperei, ele me chamou de namorada.
Sem pedir permissão, segurou a minha mão e saímos passeando
pela cidade, sem nos importar com os olhares de reprovação das
pessoas. E o melhor de tudo isso era que eu sabia que ele me
queria. O corpo dele queria o meu, mas eu sabia que não era só
sexo. Mesmo porque eu não era uma garota experiente, o pouco que
sabia foi o Luke que me ensinou, mas quando estava nos seus
braços eu me sentia a garota mais gostosa do mundo. Era assim
que ele fazia eu me sentir.
Na segunda-feira, ele foi lá em casa. Eu quase morri de susto
quando abri porta e dei de cara com um Luke sorridente e com uma
sacola de supermercado cheia de suco de pêssego e sorvete de
chocolate. Eram quase quatro horas da tarde. Por sorte, a Marion
estava na casa da Mariana e ia jantar lá. Então o Luke me arrastou
para a praia e eu aprendi a fazer sexo na água salgada. Depois
descobri como era gostoso foder sentada no colo dele.
Isso tinha sido apenas alguns dias atrás, e eu sempre queria
mais, muito mais. Nós nos víamos todos os dias. O Luke cumpriu o
que prometeu, ele sempre dava um jeito de vir me ver, e isso estava
nos dando a oportunidade de nos conhecermos melhor. A cada dia
estávamos mais ligados, mais fissurados um no outro. Mesmo eu
sabendo que a nossa ligação era real e que ele realmente estava
apaixonado por mim e eu por ele, às vezes ele me deixava nervosa
com sua intensidade e o desejo faminto que sentia por mim. Quando
ele disse que gostava de sexo, eu não sabia que gostava tanto. Ele
era insaciável.
Hoje, sexta-feira, ele me ligou, querendo me ver.
Só não sei se ele ficaria zangado, porque eu precisei trazer a
Marion comigo. Dona Mariana teve que sair logo cedo.
— Oi, garota bonita! — Tomei um baita susto. Luke veio por trás
e me agarrou pela cintura. Eu estava procurando a minha irmãzinha
serelepe no meio do parquinho da pracinha principal da ilha, perto do
ancoradouro.
— Que susto, Luke! — Ele me virou e ficamos frente a frente. —
Você demorou. — Ele tentou me beijar e eu desviei o rosto, olhando-
o enviesado.
— Estava com um probleminha, mas já foi resolvido. Agora eu
quero matar a vontade da minha boca, ela quer a sua bem coladinha
aqui...
Ele tocou os lábios com o dedo. Sorri e rapidamente o beijei.
Luke me pegou com força e transformou um beijo normal em uma
versão pornográfica. Ele era assim, indomável e imprevisível.
— E o meu pau quer se esquentar em sua boceta — sussurrou
maliciosamente em minha boca e logo depois recebi uma mordida
nos lábios e um beliscão no mamilo. — Caralho, Pietra. Eu quero
chupar o seu grelinho e enfiar a língua no seu rabinho... Humm, que
tesão.
Sua boca estava em minha orelha, sussurrando sacanagem, e o
seu pau cutucando minha barriga. Luke era assim, ele dizia o que
sentia. Meu corpo se incendiou com aquele pensamento, imaginando
como o Luke chuparia minhas partes baixas.
— Luke! Luke! Luke! — Marion se meteu entre nós, tentando
nos separar. Luke olhou para mim sem entender. — Luke, o que
você está falando no ouvido da Pipi?
Nem queira saber, Marion. Ele quer fazer coisas indecentes
com sua irmã.
Meus olhos sorriam para ele e Luke me encarava com aquele
olhar sacana, certamente lendo os meus pensamentos.
— Eu estava dizendo — disse, se agachando, tentando disfarçar
o tamanho da ereção na frente da bermuda —, que estou com muita
vontade de tomar um sorvete com bastante cobertura de chocolate.
A estrelinha Marion vai querer um também?
— Oba! A Marion pode comer cachorro-quente também? — Ela
passou os dois bracinhos no pescoço dele e o encarou, séria. — Eu
quero muito comer cachorro-quente. Estou com muita vontade, se eu
não comer, minha barriguinha vai doer muito...
— Marion, pare de ser dramática — ralhei com ela. Quando ela
começava a dramatizar só parava quando cedíamos.
Luke me encarou com aquele olhar de desaprovação.
— A Marion pode tudo, e você fique quieta. — Ele enviesou o
olhar, fitando-me. — Ou então ficará de castigo e sem sorvete de
creme, entendeu?
É claro que eu entendi o duplo sentido da frase. O Luke era
terrível.
— Não, Luke. Eu amo a Pipi e ela pode, sim, tomar sorvete,
mas ela gosta de sorvete de fruta. — Fiquei com dó da minha irmã,
ela nem imaginava o que o tal “creme” era. Fuzilei o Luke com o
olhar e ele soltou uma gargalhada daquele jeito que eu amo.
— Vamos, minhas garotas. Vamos à sorveteria.
Luke abriu a porta da sorveteria e se afastou para que
pudéssemos entrar. Assim que entramos, eu logo percebi o quanto a
presença do Luke chamava atenção. As moças o comiam com os
olhares devoradores. Elas só faltavam pular nele.
Eu queria gritar para que todas escutassem em alto e bom som:
Ele é meu!
Mas apenas entrei de mãos dadas com ele. Acho que foi o
suficiente para que soubessem a quem ele pertencia.
Os homens pigarrearam e alguns se afastaram, levando com
eles suas mulheres ou filhas. Só sei que o clima ficou tenso.
— Boa noite, Batista, nós queremos três sorvetes com duas
bolas. Dois de chocolate com cobertura quente e um...
Luke olhou para mim.
— Coco com cobertura quente de chocolate — disse, sorrindo
para o homem atrás do balcão, que sequer demonstrou qualquer
reação de simpatia. Ele estava com uma carranca de dar medo.
— Só isso? — Foram as únicas palavras que disse.
— Três águas. — Luke finalizou. O homem virou as costas e foi
preparar os nossos sorvetes. — Vamos sentar ali. — Luke apontou
para uma mesa perto de uma grande janela de vidro.
Marion se sentou no colo dele e começou a traçar as tatuagens
do seu braço com os dedinhos. Ela fazia todo o trajeto e cantarolava
uma musiquinha. Luke cantava junto e os dois caíam na risada.
Eu adorava o jeito que ele mimava a Marion, e eu sabia que ele
não fazia aquilo para me agradar, fazia porque gostava da minha
irmã.
— Os sorvetes estão prontos. — O carrancudo do dono se fez
presente.
— Deixe que eu vou — eu disse para Luke, que já estava se
levantando com a Marion no colo.
— Você dá conta de trazer tudo? — Ele sorriu para mim,
piscando um olho.
— Mais do que você. Não estou com uma pirralha no colo. —
Devolvi o sorriso e a piscada de olho.
Luke abriu a carteira e me entregou uma nota de cem reais.
Segui até o balcão e entreguei o dinheiro para o tal Batista. Fiquei
esperando o troco.
— Eu não entendo como uma moça tão bonita se envolve com
um cara daquele tipo. Tudo bem, se ela quer virar mulher de bandido
é problema dela, agora envolver uma criança nessa lama? Essa
moça merecia uma surra bem dada.
Enquanto o tal Batista contava o troco, ele conversava com dois
homens que estavam no balcão. Ele não falou muito alto, mas eu
escutei, e o Luke também, pois eu o vi vindo em minha direção com a
Marion nos braços e os olhos faiscando de ódio.
— Luke, não! — Fiquei na frente. Ele me entregou a Marion.
Não pude fazer nada, mal pisquei e ele já estava do outro lado
do balcão com uma mão apertando a garganta do insolente do
Batista e um punho cerrado na direção do rosto dele.
Só escutei o barulho do soco.
— Isso é por chamar a minha namorada de mulher de bandido.
— Ele levantou o punho outra vez e jogou no maxilar do Batista. — E
isso é por falar o que não deve.
— Luke... — Marion gritou e começou a chorar, agarrada a mim.
Ele ia bater no homem outra vez, mas parou quando escutou a
voz desesperada dela.
— Seu monte de bosta, você nem vale a pena. Se não fosse por
mim, essa sua sorveteria de merda já tinha fechado. Você devia me
agradecer, e não cuspir no prato que come.
Luke soltou o homem. O engraçado era que a sorveteria estava
cheia e muitos dos clientes eram homens, mas ninguém moveu um
dedo para ajudar o dono, simplesmente só ficaram olhando.
— Não lhe devo nada, seu traficante filho da puta.
Luke já havia pulado para o meu lado. Temi que ele voltasse
para terminar o que começou assim que o Batista abriu a boca.
— Você sabe que me deve... — Luke pegou os sorvetes. —
Fique com o troco. E da próxima vez que vir a minha namorada, a
trate com respeito, ou eu não serei tão bonzinho. — Ele pegou a
Marion dos meus braços. — Vamos.
Saímos da sorveteria deixando um rastro de olhos
observadores. Eu não sabia onde enfiar a cara, estava morrendo de
vergonha e com uma vontade enorme de chorar.
Fui chamada de mulher de bandido!
Qual seriam os outros apelidos?
Nem queria imaginar.
— Luke... — Marion quebrou o nosso silêncio. Ele já tinha lhe
dado o sorvete e ela se lambuzava toda.
— Oi, Estrelinha. — Ele olhou para mim e eu desviei os olhos,
olhando para baixo.
— O que é traficante e filho da puta? — Ela segurou o queixo
dele com os dedinhos e o fez olhar para seu rosto.
— Marion! — ralhei com ela, e já estava para pegá-la dos
braços dele.
— Ei, se acalme. Não precisa agir assim. — Luke me fuzilou
com o olhar. — Vamos nos sentar ali, tomar nosso sorvete e
esquecer essa merda toda.
— Não sabe a resposta, Luke? — Marion não iria desistir
enquanto não soubesse a resposta.
— Marion...
— Ela perguntou a mim, Pietra. — Luke me interrompeu. Fiquei
com medo da resposta, mas não o impedi. Eu costumava responder
todos os questionamentos da Marion, até os mais cabeludos. —
Traficante é uma pessoa que negocia algo que é ilegal e errado. É
um bandido perigoso. E filho da puta é uma pessoa covarde,
indecente, nojenta, mas essas duas palavras são muito feias e não
devem ser ditas por uma criança tão linda como você, principalmente
uma Estrela. Agora, quando você for adulta e quiser falar, não
haverá problema algum. Você entendeu?
Ela balançou a cabecinha, olhou para mim e eu sorri, mas eu
sabia que ela não estava satisfeita.
— E você é um bandido e covarde? — Dito e certo; ela não
estava satisfeita.
Luke sorriu e eu fiquei com o rosto pegando fogo de tão
envergonhada. Ele segurou a minha mão e a beijou. Depois beijou o
rosto sujo da Marion. Limpou o chocolate do rostinho dela e lambeu
o dedo. Para disfarçar meu nervosismo, comecei a lamber meu
sorvete, que já havia derretido mais que a metade.
— Não, eu não sou nenhuma das duas coisas. As pessoas
acham que eu sou, mas estão enganadas.
— E por que você não diz isso para elas? — Ela semicerrou os
olhinhos e o encarou, muito séria.
— Porque eu não me importo com o que as pessoas pensam,
cada um pensa o que quer.
— Tá bom, tá bom. Já chega de perguntas, vamos tomar
nossos sorvetes e vamos para casa.
Eu disse, finalizando a sessão de perguntas e respostas.
— Desculpe-me. — Luke me puxou e encostou a testa na minha.
— Eu não podia deixar aquele imbecil falar de você daquele jeito.
Ninguém falará mal de você nessa ilha, só se eu não ficar sabendo.
Ele me beijou. Eu aceitei o beijo. De certa forma, estava me
sentindo a própria donzela protegida pelo cavalheiro de armadura.
Não vou negar, foi constrangedor, mas foi muito foda.
— Você precisa controlar essa fera que mora aí dentro. —
Toquei seu peito. — Não precisa usar a força todas as vezes, é só
mandar se... foder — sussurrei no seu ouvido.
Marion parou de lamber o sorvete e nos observou.
— Eu vi —disse sorrindo. — O que a Pipi disse, Luke?
— Eu disse que você precisa de um banho. Olha só isso, está
toda lambuzada de chocolate.
— Eu também. — Luke levantou as mãos e mostrou a camisa.
As mãozinhas da Marion estavam desenhadas na camisa branca.
Estávamos gargalhando quando escutamos um estrondo e o céu
se iluminou.
— Chuva, essa não. — Luke pegou a Marion no colo e corremos
em direção à sua moto. — Merda! Eu só trouxe um capacete e uma
jaqueta.
— Não tem problema, colocamos na Marion. — Vesti a Marion
com a jaqueta de couro e pus o capacete nela.
Durante os quinze minutos seguintes eu não conseguia pensar
em nada, só no aguaceiro que caía sobre as nossas cabeças.
Parecia que o céu estava desabando sobre nós. Como o tempo
podia mudar tão rápido?
Eu e o Luke ficamos completamente encharcados. Marion,
apesar de não ter se molhado, estava se divertindo muito e não
parava de soltar gritinhos.
— Chegamos, graças a Deus! — exclamei. Luke deixou a
Marion no sofá enquanto tirava o capacete e a jaqueta dela. —
Toma, pelo menos seca os cabelos. — Entreguei uma toalha para
ele. — Quer um café? — Luke esfregava os cabelos com a toalha,
secando o rosto e o pescoço.
— Não, acho melhor eu ir, antes que os vizinhos fiquem curiosos.
— Ele beijou a cabecinha da Marion. — Tchau, Estrelinha. Domingo
vamos tomar banho de piscina, você quer?
— Oba! — Ela cercou o pescoço dele com os bracinhos. — É
de verdade, não é? Você não tá me enganando, não?
— Claro que é verdade. — Ele a beijou outra vez. — Bye,
princesa.
— Luke, eu amo você.
Luke foi pego de surpresa. Ele olhou para ela, emocionado.
— Eu também amo você, Estrelinha.
— Vamos, é melhor ir antes que eu comece a chorar — falei, já
o empurrando para a porta.
— Não fique zangada comigo por só poder vê-la no domingo.
Não posso cancelar esse evento e não quero você lá, mas eu
prometo que compenso, certo?
Eu não entendia e confesso que não estava gostando de saber
que o Luke passaria a noite de sábado inteirinha ao lado de uma
porção de garotas gostosas.
— Não entendo e não gosto, mas preciso aceitar. Fazer o quê?
Agora vá embora, antes que eu brigue com você. — Eu o beijei e ele
me puxou de encontro ao corpo, roçando o pau duro em meu
umbigo.
— Esse pau agora é só seu. — Ele mordeu meu lábio e agarrou
minha boceta com a palma da mão. — E essa xoxota é só minha. —
Seus olhos faiscaram de luxúria. — Quero a senhorita bem cedo em
minha cama no domingo. O marinheiro estará esperando bem
cedinho por você.
— Eu vou. Não deveria, mas eu vou.
Ele se afastou e saiu correndo. A chuva não parava de cair e eu
estava encharcada até a alma.
Capítulo 12

Duas horas. Exatamente há duas horas eu esperava a Pietra e


nem sinal do seu sorriso inebriante, seus cabelos longos e aquele
olhar faminto que me queimava por dentro.
A noite de sábado foi uma merda.
Para mim, claro.
Porque para os meus amigos gringos foi uma maravilha. Eles se
divertiram, foderam, ficaram grogues e quando amanheceu nem
lembravam da metade das merdas que fizeram.
A filha de um grande ator de um estúdio famoso de Hollywood
ficou tão bêbada que eu precisei proibir o uso de álcool nos drinks
dela e pedir para uma das garotas que a acompanhava que
escondesse as bolinhas que ela estava usando. Se ela continuasse
usando aquele bagulho, com certeza a esta hora estaria no hospital,
e o pior é que ela nem percebia. Eu não sabia que porra era aquela
merda e nem queria saber, o meu trabalho era trazê-los para cá,
manter a mídia longe e deixá-los se divertir com todas as porcarias
que traziam.
Só sei que foi uma zona. Muito sexo, muita bebida e muita
porcaria. Os médicos, que foram contratados para dar suporte aos
convidados, tiveram que se contorcer para atender tanta gente
fodida. Até eu precisei ajudar. Um evento de vinte pessoas que mais
pareciam cinquenta. Outro desse, nunca mais. Festas particulares só
se forem produzidas por mim. Já avisei ao Max, o cara que contratou
o espaço. Ele queria reservar dois finais de semana do próximo mês,
um grupo de CEO’s que curtia swing estava louco para conhecer a
ilha e, é claro, o clube VIP. Então disse ao Max que eventos
programados, só se toda a produção e acertos fossem feitos por
mim. Max não aceitou, é claro que ele não aceitaria, pois com
certeza eu tomaria os clientes dele. O Max não tinha só a minha ilha
como fuga para os seus ricaços, havia outros lugares, inclusive
pousadas próprias para isso, onde os clientes já ficavam
hospedados e faziam suas orgias, usavam suas porcarias, ficavam
doidões e comiam quem quisessem. Era um negócio novo e que
estava se propagando mundialmente. Eu até já pensei em construir
uma pousada no lugar do clube VIP, mas eu tinha certeza que meu
pai não concordaria. Enquanto os meus convidados ficassem
restritos ao meu lado particular da ilha, ele não se meteria em meus
negócios.
Tirei um cigarro do maço que tinha guardado no bolso da
camisa. Eu só fumava quando perdia a noite, e ontem eu não dormi.
Eram quatro da manhã quando as duas lanchas vieram buscar os
convidados do Max, eles precisavam atravessar para a marina do
outro lado da ilha antes que o dia amanhecesse. Fui para casa,
tomei um banho demorado e tentei dormir, mas a porra dos meus
pensamentos, direcionados a Pietra, não me deixaram fechar os
olhos. Eu não a via e nem falava com ela desde sexta-feira. Não sei
por que diabo ela não atendia o celular. Se eu e o Marco não
estivéssemos tão ocupados no sábado, teríamos ido até lá. Mas eu
sabia que ela estava bem, se algo tivesse acontecido, o rapaz que
deixei de olho nela já teria me contado.
Olhei para o relógio no pulso. Nove e quinze da manhã, mas que
inferno!
Será que a Pietra ficou zangada?
Será que ela se chateou só porque não permiti que fosse me
encontrar na festa?
Não, não pode ser isso. Eu expliquei os motivos pelos quais ela
não poderia ir até lá. Peguei meu celular e liguei para ela. Chamou
até cair a ligação.
Merda!
Não, eu não irei atrás dela, mesmo morrendo de vontade de
fazer isso. Se ela queria fazer charminho, quebraria a cara. Eu não
sou homem de correr atrás de mulher, e mesmo estando
apaixonado, não faria isso. A Pietra precisava confiar em mim, afinal,
eu não estava brincando, estava trabalhando. Mesmo sendo um
trabalho fodido, era o meu trabalho.
— Vamos voltar para Passaredo, cansei de esperar. — Dei
ordens ao marinheiro.
Se a Pietra queria bancar a difícil, iria aprender que com o Luke
não se brincava.

Três horas da tarde, e nem sinal da Pietra. Ela não atendia as


minhas ligações e nem respondia às minhas mensagens. A sua
última visualização foi na sexta-feira à noite, quando eu mandei uma
mensagem de boa noite.
Ela estava me testando.
Foda-se.
Peguei minha jaqueta de couro, pus o celular no bolso e saí
furioso de casa, em busca da pirralha do caralho que estava me
deixando louco.
Saí do ancoradouro e fui pegar minha moto. Prendi os dois
capacetes extras na garupa e pilotei sem pressa. Já estava quase
perto da esquina que levava à ladeira onde ficava a casa da Pietra,
quando vi uma menininha andando sozinha pela calçada deserta. Aos
domingos, as ruas dessa parte da ilha ficavam completamente
vazias. Parei a moto e observei. Ela se parecia com a...
— Marion! — gritei. Ela parou e olhou para trás, pondo a
mãozinha acima da testa para proteger os olhos do sol. Atravessei a
rua e corri em sua direção. — Estrelinha, o que faz aqui? — Olhei
para todos os lados, à procura da Pietra.
— Luke. — Ela sorriu. Olhei para ela, estava sujinha e segurava
algo nas mãos. — Eu vou comprar comida, olhe. — Ela me mostrou
algumas notas amassadas na mãozinha. Pareciam duas notas de
cinco reais. — Estou com fome e não tem mais comida em casa. Eu
comi tudo e eu não alcanço o armário, nem subindo na cadeira. A
dona Mariana não está em casa, então eu vim comprar comida.
— Onde está sua irmã, Estrelinha? — Alisei seus cabelos. Ela
estava triste, alguma coisa tinha acontecido, a Pietra jamais deixaria
a Marion sair sozinha. Além do mais, o único mercado aberto no
domingo à tarde ficava na pracinha principal e era muito longe para
uma menininha do tamanho da Marion ir andando.
— Dormindo. Eu tentei acordar ela, mas ela só faz um barulho
estranho com a boca. Eu fiz barulho, chamei, mas ela não acordou.
Sabe o cara marrudo, decidido a mandar a Pietra à merda?
Acabou de se foder.
Meu instinto protetor – que eu nem sabia que existia – gritou
dentro de mim.
Peguei a Marion no colo.
— Vamos ver a sua irmã. — Comecei a andar depressa.
— E a comida? Eu tô com fome, Luke. — Marion começou a
choramingar.
— Não se preocupe, farei algo para você comer quando
chegarmos em sua casa.
Subi as escadas de dois em dois degraus, nem me cansei, nem
suei. Só o meu coração batia apressado contra o peito.
— Pietra! — Deixei a Marion no chão, segurei sua mãozinha e
olhei para ela. — Onde sua irmã está?
— Ali. Ali é o quarto da Pipi. — Ela apontou com o dedinho. —
Luke, eu tô com muita fome. Faz muito tempo que eu não como...
Ela ia chorar e eu não sabia o que fazer. Ou ia ao encontro da
Pietra ou mataria a fome da menininha chorosa que olhava para mim.
— Ok, vamos ver o que temos. Onde a Pietra guarda os seus
lanches?
— Lá em cima. — Ela apontou para um enorme armário de
parede que ficava na entrada da cozinha.
Fui até lá e o abri. Havia alguns pacotes de biscoitos,
salgadinhos, bolinhos, pães de forma e várias caixinhas de suco.
Peguei dois pacotes de biscoito de chocolate, dois bolinhos e duas
caixinhas de suco de pêssego.
— Sente-se aqui. — Eu a sentei na cadeira e lhe entreguei as
guloseimas. — Fique quietinha, vou ver o que sua irmã tem e já volto.
Marion estava faminta, pois nem prestou atenção no que eu
dizia. Ela abriu o pacote de biscoito num desespero que até me
assustei. Deixei-a comendo e corri para o quarto.
Pietra estava escondida entre camadas de edredons. Mesmo
com a pouca iluminação, eu pude vê-la toda encolhida e quieta.
— Pietra... — sussurrando seu nome, me aproximei. — Pietra.
— Ela não se mexia.
Sentei na cama, olhei rapidamente por todo quarto. Ele se
parecia com ela, calmo, paredes claras, bem arrumado e tinha o seu
cheiro. Virei os olhos para a mesinha de cabeceira. O celular dela
repousava lá.
— Pietra. — Toquei seu ombro por cima do edredom, mas ela
não se moveu. — Amor. — Puxei o edredom e me inclinei para olhar
seu rosto e toquei nele. — Meu Deus! Você queima.
Entrei em desespero. Puxei as cobertas e me inclinei sobre ela,
segurando seu rosto.
— Pietra, fale comigo. Vamos, reaja, abra os olhos... Pietra!
Sacudi-a pelos ombros, mas ela não reagia. Deixei-a deitada e
segurei sua mão, deixando meu dedo descansar no seu pulso. Ele
estava fraco.
— Merda! — Peguei meu celular apressadamente. — Marco,
não me interessa onde você está nem com quem, pegue o carro
agora e venha para a casa da Pietra. Agora, entendeu?
Desliguei.
Fui até o armário de roupas dela e peguei uma calça e uma
blusa. Vesti as peças nela, já que ela estava com uma camiseta
molhada de suor. Peguei mais duas mudas de roupas e duas
calcinhas e depois fui até a sala.
— Marion, onde está sua mochila? — Ela foi buscar e eu a
segui. — Aqui ficam suas roupas? — Apontei para um guarda-roupa
rosa e ela assentiu.
Peguei umas roupinhas para Marion também. Eu não sabia
quanto tempo passaríamos no hospital. Procurei a bolsa da Pietra e
a encontrei na sala. Olhei dentro e encontrei o que eu queria. Os
documentos dela e os da Marion.
— Luke! — Marco me chamava do lado de fora.
Joguei a bolsa da Pietra e a mochila da Marion no ombro, entrei
no quarto e com cuidado peguei a Pietra nos braços.
— Luke, por que a Pipi não acorda? — Marion pôs a mãozinha
no bolso da minha bermuda.
— Ela está dodói e vamos levá-la ao médico. Não se preocupe,
ela ficará bem.
— Eu não quero que a Pipi fique dodói. Eu não quero que ela
fique igual a mamãe, ela vai me esquecer...
Marion começou a chorar e se agarrou em minha perna. Eu não
entendia nada do que ela estava falando. Por que ela pensava que a
Pietra iria esquecê-la?
— Venha, Estrelinha. Precisamos ir rápido. — Segui para a
porta, e quando saí encontrei Marco me olhando assustado.
— Que merda está acontecendo? — perguntou enquanto
segurava as coisas que eu lhe entregava.
— Eu não sei, só sei que ela está muito quente, precisamos ir o
mais rápido possível para o hospital — disse, descendo às pressas
as escadas. — Pegue a Marion, ela está assustada.
Eu não sei o que estava acontecendo, só sei que eu precisava
ser rápido. A ilha não tinha um serviço hospitalar decente em que eu
pudesse confiar, então decidi atravessar de balsa para a capital. A
Pietra precisava de uma assistência médica de qualidade e eu podia
dar isso a ela.
Não conseguia me concentrar. Não com a Pietra queimando de
febre em meu colo e a Marion choramingando ao meu lado. Só sou
um, e não dava para consolá-la. Ela queria ficar perto de mim e a
cada instante tentava enfiar a cabeça debaixo do meu braço.
Os vinte minutos que ficamos na balsa foram desesperadores,
pois enquanto tentava acordar a Pietra, a Marion chorava de soluçar.
Ela ficava repetindo que a irmã ia esquecê-la.
Não sei por que ela pensava que isso aconteceria, mas assim
que essa merda toda passasse eu juro que a Pietra ia me esclarecer
isso. Não precisava ser um especialista para ver que a Marion era
traumatizada com a mãe, e essa merda fedia. Uma criança não
ficava com medo de ser esquecida à toa.
— Luke, o que a Pipi tem? — Marion ficou de joelhos no banco e
segurou meu queixo, puxando meu rosto para encará-la.
Seu rostinho sujo mostrava sinal de tristeza, a boca contraída
me deixava com uma vontade louca de fazer perguntas sobre o seu
medo de ser abandonada. Isso já estava me incomodando.
— Eu não sei, estrelinha, mas o médico irá nos dizer. Ela ficará
bem, não fique triste. O Luke cuidará de você, certo?
— Você promete? — Ela encostou a cabeça em meu ombro. E o
puto aqui quase se quebrou.
— Prometo, agora se sente e passe o cinto de segurança. Eu
ensino como faz. — Ela obedeceu e fez exatamente o que mandei.
— Marco, falta muito para chegarmos ao hospital Siciliano? Se
continuar desfilando no asfalto, só chegaremos daqui a dois dias.
Tire o pé do bolso e enfie no acelerador.
O Marco estava guiando lentamente. Era uma emergência, e
quase pedi para que parasse o carro e trocássemos de lugar. Só
não fiz isso porque o meu lado ciumento não permitiu.
Agora eu sinto essa porra... ciúmes.
E isso era uma merda doida do caralho.
— Se acalme, já chegamos. — Ele estacionou o carro na
entrada principal do hospital.
Desci desesperadamente.
— Cuide da Marion! — gritei, enquanto saía do carro.
Só deu tempo de dizer isso. Entrei com a Pietra na emergência.
Imaginem a cena.
Um cara todo tatuado, cheio de piercings, vestido com uma
camiseta preta, uma bermuda jeans com alguns rasgos e um tênis
velho, com uma moça desmaiada nos braços, gritando feito um
louco.
Era uma cena assustadora, se não fosse, no mínimo, suspeita.
— Senhor, parado aí... — Um homem vestido com um terno
negro, alto, musculoso e com uma cara não muito amigável me
parou.
Ele ficou bem na minha frente, impedindo a minha visão.
— Eu preciso de ajuda, será que não está vendo? — Juro que
estava tentando segurar o meu nervosismo.
O sujeito arrogante chamou alguém com o dedo e logo duas
moças surgiram com uma maca. Eu pus o corpo desacordado da
Pietra deitado sobre ela.
— Ela está muito quente...
— O senhor fica. — O sujeito encostou a mão sobre o meu
peito, me impedindo de acompanhar a Pietra... Para que ele fez
isso?
— Quer tirar a mão de mim!? — Segurei seu punho e o empurrei
longe. Assim que se recuperou do empurrão, deu um passo à frente
e ficamos um de frente ao outro. Encarei o sujeito com um olhar
furioso.
— Acho melhor o senhor me acompanhar. — O cara era um
arrogante de merda, e minha mão estava coçando para presenteá-lo
com um soco em sua cara de machão.
— Meu amigo, nesse momento eu só irei em uma direção, e é
pra lá. — Apontei com o olhar na direção onde levaram a Pietra.
— Não, o senhor virá comigo até a sala de segurança.
Ele ultrapassou o limite, afinal, o que estava pensando? Ou
melhor, quem ele pensava que era?
— Escute aqui, ou o senhor sai da minha frente ou eu passo por
cima de você. — Eu o empurrei com a mão e andei alguns passos,
mas ele me deteve, segurando meu braço.
— O senhor irá comigo, por bem ou por mal, e só sairá de lá
depois que explicar o que aconteceu com a moça. Eu conheço tipos
como você de longe e....
— E o quê? Que tipo de pessoa eu sou? Vá se foder, cara,
aquela moça é minha namorada e eu não devo satisfação da minha
vida a você. Agora saia da minha frente, se não quiser ganhar um
olho roxo.
Eu estava cansado. Não dormia há horas e aqueles intermináveis
segundos mais pareciam horas. Meus berros chamaram a atenção
de algumas pessoas que estavam na sala de espera. Duas
enfermeiras se aproximaram e uma me olhou de cima a baixo, virou-
se e saiu correndo, desaparecendo por uma porta de vidro.
— Escute, rapaz, acho melhor se acalmar e me acompanhar, ou
serei obrigado a chamar reforços.
Olhamos um para o outro em silêncio, por um longo momento. E
o cara marrento que morava em mim ficou inquieto. Claramente eu
não estava no meu melhor dia e esse cara não devia se meter
comigo.
— Escute aqui, eu não quero confusão, nem quero quebrar a
sua cara. Eu só quero saber se minha namorada está bem, e
claramente acho que você, só por ver as minhas tatuagens e os
meus piercings, acha que eu sou algum bandido que adora bater em
mulher... — Armei o punho e me aproximei mais do idiota que me
olhava com uma cara de convencido de merda. — E quer saber? Eu
não estou nem aí pra sua opinião ao meu respeito. Saia da minha
frente, ou não respondo por mim.
Ele não saiu, e pior, ele me impediu de avançar. Perdi a
paciência.
Foda-se.
Empurrei-o e parti para cima. Escutei um suave xingamento,
enquanto ele tentava me dar um golpe com o braço para me
imobilizar. Desviei do golpe e me movi rápido o suficiente para evitar
o choque. Xinguei e consegui me afastar. Escutei um gritinho e olhei
para trás. Era a Marion, que estava nos braços do Marco, e ao me
ver quase em uma luta corporal, escondeu o rostinho no pescoço
dele.
— Que merda! — Marco praguejou, me olhando, abismado.
— Senhores, o que está acontecendo aqui?
Um homem, que aparentava uns sessenta anos, alto, barbudo,
magro, de olhos escuros e brilhantes e vestindo um terno cinza,
surgiu de repente.
— Doutor Abelardo, este sujeito aqui recusou me acompanhar
até a sala de segurança. O senhor sabe que é o procedimento do
hospital, sempre que suspeitamos que há algo errado...
— Que se foda, seu idiota, você me viu e logo pensou que eu
era um bandido que tinha batido na minha namorada. Você me julgou
e me condenou sem me dar a chance de defesa. Eu tenho tatuagens
e piercings até no pinto, mas isso não me faz um bandido. E se você
não sabe, fique sabendo que isso dá processo e eu posso fazer você
perder o emprego. Não por um processo, mas por ser o filho do
maior investidor deste hospital.
Peguei minha CNH e a joguei na cara dele.
Silêncio.
— Da próxima vez, peça a identificação primeiro, babaca. —
Virei-me para o médico. — E o senhor, treine melhor seus
seguranças, não se pode simplesmente abordar alguém só pelo jeito
que o indivíduo trata o seu corpo. — Segui até o balcão da
recepção. — Minha namorada, quero notícias dela.
As pessoas me olhavam, boquiabertas. O tal do doutor Abelardo
conversava com o segurança, que enfiou o rabo entre as pernas e
saiu. Marco suspirou e seguiu até onde eu estava.
— Cara, você precisa de um tarja preta com urgência. Que
porra foi essa?
— Vamos mudar de assunto, esse já deu o que tinha de dar.
Marco ajeitou Marion nos braços. Ela continuava agarrada a ele,
escondendo o rostinho no seu pescoço.
— Ok. E a Pietra, como ela está?
— É isso que eu quero saber.
— Cadê a Pipi? — Marion me olhou com os olhinhos marejados.
— Está com o médico, ele está dando remédio para ela e logo
ela voltará para você. — Marion se jogou em meus braços,
encostando a cabeça em meu ombro.
— Eu tô com fome, Luke.
— Marco, leve-a até o restaurante. Ela precisa comer algo
saudável, nada de refrigerante e frituras.
— Cara, eu não sei cuidar de crianças. Você só me ferra. —
Devolvi a Marion para o Marco. Contrariado, ele a levou para o
restaurante.
Marion, pelo visto, não comia comida de verdade há muito
tempo, e pelo seu rostinho, estava muito cansada.
— Senhor Luke, aqui está sua carteira. Peço que desculpe o
Paulo, nosso segurança, mas é o procedimento do hospital, em
casos suspeitos de abusos, levarmos o suspeito para a sala de
segurança até conversarmos com a vítima e assim, ou liberá-lo ou
chamarmos a polícia.
— Por favor, não me chame de “senhor”. E não foi suspeita de
abuso, foram as minhas tatuagens, isso é fato. Mas deixemos isso
pra lá, eu quero saber da minha namorada.
— Qual é o nome dela?
— Pietra. Eu a encontrei queimando de febre. Não sei o que
aconteceu, ela estava desacordada, não pensei muito, só a peguei e
a trouxe para o hospital.
— Bem, enquanto o senhor preenche a papelada, vou lá dentro
ver se encontro o médico que a está atendendo, só um minuto.
Ele se virou com um sorriso morno nos lábios. Ele sabia que o
dele estava na reta. Se por acaso eu contar para o meu pai o que
aconteceu aqui, ele certamente levará, no mínimo, uma boa cutucada
no rabo.

— Sr. Luke!
Escutei meu nome.
Estava observando, através da janela da sala de espera da
emergência. Olhava para um ponto fixo qualquer. Já fazia uns dez
minutos que o tal Abelardo foi buscar informações sobre a Pietra e
eu já estava contando os segundos para me virar, entrar naquele
território restrito e ir em busca da minha namorada.
— Sou eu. — Virei e olhei para um homem jovem demais para
ser um médico, mais parecia um adolescente.
Magro... Não, ele era desprovido de qualquer gordura corporal.
O homem era esquelético. Baixo, devia ter um metro e sessenta, no
máximo. Loiro, olheiras profundas, olhos castanhos claros e vestia
um jaleco. Me aproximei e li o nome bordado no bolso.
Dr. Mário Leal, médico infectologista.
Ferrou.
O que um infectologista queria com a Pietra?
— Olá, sou o médico de plantão e estou cuidando da Pietra.
Acompanhe-me, por favor.
Sem palavras e me borrando de medo, eu o segui. Entramos
pela mesma porta pela qual a Pietra foi levada. A cada passo que
dava, meu coração apertava mais em meu peito.
Ele parou diante de uma porta entreaberta e eu a vi, deitada,
dormindo. Estava sendo medicada diretamente na veia e usava algo
no nariz. Observei que uma longa borracha seguia até a parede,
onde se prendia a um aparelho.
— Não se preocupe, este aparelho é só para ajudá-la a respirar
melhor. — Ele percebeu as três rugas em minha testa quando meus
olhos se fixaram na linda figura adormecida da Pietra.
— O que ela tem? — perguntei, sem desviar os olhos dela.
— Uma pneumonia leve, mas para descartar algo mais sério eu
já pedi outros exames. — Olhei para ele.
— Ela estava desacordada quando a encontrei e com febre alta.
Pelo o que a irmãzinha dela me disse, ela passou o final de semana
na cama, sem conseguir se levantar. Isso não pode ser só uma
pneumonia leve, doutor!
— Os exames iniciais detectaram isso: febre alta, falta de
energia, sonolência e fraqueza. Às vezes é um resfriado malcuidado
ou uma mudança de clima, e se o sistema imunológico estiver
debilitado pode favorecer a penetração de um agente infeccioso ou
irritante como bactérias, vírus, fungos. Sem falar em reações
alérgicas.
— Ela ficará boa?
— Claro que sim, está medicada e passará a noite em
observação. Se os exames não detectarem nada de anormal,
amanhã ela receberá alta.
— Amanhã! — Pensei logo em Marion. — A irmãzinha dela, de
quatro anos, está aqui, ela poderá ficar?
— Não, o hospital não permite crianças como acompanhantes.
— Ele me olhou desconfiado. — Onde estão os pais da Pietra?
— Viajando, eles estão viajando — menti, pois, mesmo sabendo
que a mãe da Pietra estava doente, não sabia em qual hospital
estava.
— A criança tem com quem ficar?
— Sim, ela tem.
Só pensei no Marco. Eu sei que ele ficará puto, mas ele era o
único com quem eu podia contar.
— Você pode entrar, se quiser. Eu preciso voltar para os outros
pacientes e mais tarde passarei aqui para ver como ela está. — Ele
tocou em meu ombro com a palma da mão. — Ela ficará bem, não
se preocupe.
— Obrigado, doutor Mário.
O médico me deu as costas e saiu andando pelo longo corredor.
Virei minha cabeça de volta para o quarto e entrei. Sentei-me na
cama e segurei a mão dela. Eu nunca estive em um hospital. Já
estive em consultórios, aliás, por quase toda a minha infância e
adolescência vivi em consultórios. Não por doença física, mas porque
achavam que eu tinha problemas psíquicos. Foram tantos psicólogos
que eu perdi a conta. Não sei se estava perturbado
psicologicamente, talvez estivesse, mas o que eu precisava mesmo
era da atenção de meu pai, não apenas que ele fizesse todas as
minhas vontades para assim mascarar a culpa que eu sentia pela
morte de minha mãe.
Joguei meus pensamentos para longe, pois pensar em minha
mãe ainda doía muito. Olhei para a Pietra.
— Garota, para eu estar sentado em uma cadeira no quarto de
um hospital, com o coração batendo forte e a cabeça dando voltas
de preocupação, a pessoa tem que ser bem especial para mim.
Então, eu não menti quando eu disse que a amava. Essa porra louca
que me toma toda a mente é amor. Um amor do caralho, um amor
que domina tudo aqui dentro de mim.
Levei sua mão até os lábios e demorei uma quantidade de
segundos escorregando meus lábios na pele macia e fria.
— Eu já volto. Só vou conversar com o Marco e tentar convencê-
lo a ficar com a Marion.
Beijei sua mão outra vez, reclinei sobre seu corpo e a beijei na
testa. Antes de sair completamente do quarto, me virei e dei uma
última olhada nela. Dormia tranquilamente e respirava bem, então
fechei a porta e fui ao encontro do Marco.
Já estava a caminho do restaurante, quando escutei meu nome
ao longe. Virei-me e vi um homem alto, forte, de músculos definidos
e de terno, parecendo o dono do mundo, vindo em minha direção
com uma cara de poucos amigos.
Meu irmão mais velho, Joshua.
O nosso encontro não foi com abraços e tapinhas nas costas.
Ele me pegou brutalmente pelo braço e saiu me arrastando para uma
sala que, para meu alívio, estava vazia.
— Que diabo você fez com a Pietra, seu moleque
inconsequente? Porra, será que trepar com as beldades do mundo
artístico não o satisfaz mais e agora você quer pegar adolescentes?
Mais de que porra ele estava me acusando?
— Me solte, Joshua. Você não é o papai. — Eu o empurrei com
força, livrando-me de sua mão em meu braço. — Eu sou maior de
idade, porra, e a minha vida sexual não lhe diz respeito. Qual o seu
interesse na Pietra? Não me diga que está de olho nela?
— Não queira bancar o engraçadinho, Luke. Minha paciência
com você está no limite. A Pietra é uma criança para mim e eu só
quero você bem longe dela. Ela não precisa das suas merdas,
aquela moça já tem problemas demais para enfrentar. Portanto, diga
logo, o que você fez?
Joshua estava puto. Ele nunca se meteu na minha vida sexual.
Na minha vida de negócios ele vivia me cercando, não pelos motivos
certos, mas por pensar que eu era um bandido disfarçado de
empresário. Ele já tentou várias vezes cancelar shows na ilha e
algumas vezes conseguiu, quando os meus argumentos não
convenciam meu pai, e isso fazia com que não nos déssemos muito
bem. Não que eu odeie meu irmão. Não, claro que não, eu o amava,
só que às vezes ele era um pé no saco. Mesmo eu dizendo que não
era nenhum criminoso, traficante e o caralho a quatro, ele sempre
acreditava nas coisas que os outros diziam. Então, que se fodesse
tudo, deixei que pensasse o que quisesse.
— Eu não fiz nada. Eu a encontrei em casa queimando de febre
e a trouxe para cá. Pietra é a minha namorada e eu tenho todo o
direito de estar com ela.
Ele me soltou. Seus olhos abertos de espanto em minha cara.
Acho que o assustei.
— Namorada!? E desde quando você tem namorada, Luke?
Você está sacaneando aquela garota? Luke, eu juro que lhe dou uma
surra, a surra que o papai nunca lhe deu, se por acaso você estiver
brincando com os sentimentos daquela moça.
Ele estava falando sério. Eu conhecia meu irmão, ele não era de
brincadeiras. Joshua sempre foi muito sério. Mamãe sempre dizia
que ele era a cópia do papai e eu era a cópia dela. Papai só
desfazia a carranca quando olhava para a mamãe ou para nós, para
mim e para o Joshua. Ao nosso lado ele sempre era sorridente,
alegre, brincalhão. Mas fora isso, ele era frio, duro, sério. As
pessoas nunca faziam piadinhas perto dele, pois corriam o risco de
escutarem uma bela e dura bronca.
O Joshua era assim também. Eu só o via sorrindo ou falando
merda quando estava ao lado da esposa. Ele a amava...
Quando descobriu que seria pai, ele tirou férias, coisa que nunca
fez, e veio para cá. Papai ficou tão feliz que montou um quarto para
o bebê, dizendo que ele nasceria brasileiro e só voltaria para Nova
York quando completasse um ano.
Joshua morava há quase cinco anos lá, ele estava administrando
um dos nossos hotéis na cidade e foi lá que conheceu a esposa.
Durante um tempo ele ficou aqui, cuidando do nosso hotel da ilha,
mas cinco meses depois eles voltaram para os Estados Unidos e a
vida do Joshua desmoronou. Ele perdeu a esposa e o filho em um
acidente de carro. Foi por isso que ele voltou para o Brasil, as
lembranças eram, e ainda são, muito dolorosas. Aqui na ilha ele
podia fugir dos seus fantasmas.
— Solte-me, Joshua, que porra! Eu a amo, tá? Amo, e não me
olhe assim. Sou humano e posso muito bem me apaixonar. A Pietra
não é nenhuma criança, ela é adulta e vacinada.
Ele me avaliou de cima a baixo. Respirou, deixou os braços
caírem ao longo do corpo, depois levou uma das mãos aos cabelos,
deslizou os dedos entre os fios desalinhados e me fitou.
— O que ela tem? E a Marion, onde ela está?
— O médico disse que é uma pneumonia leve, mas vai esperar
até amanhã para ver os resultados dos exames. — Respirei fundo
também. — Estava indo ver a Marion, ela está com o Marco no
restaurante. Ela está bem, mas está sentindo a falta da irmã. Nem
sei como irei dizer que ela ficará com o Marco, já que não poderá
dormir aqui.
— O quê?! Com o Marco? Não, de jeito nenhum, ela ficará
comigo.
Eu me espantei com a atitude dele. Não conseguia imaginar o
Joshua cuidando de uma menina de quatro anos.
— Com você? No hotel? Porque, pelo que eu sei, você vive mais
no hotel do que em casa.
— Não seja idiota, ela ficará melhor comigo e com o papai do
que com o Marco. E tem a Silvia, ela adora crianças. Lembra como
ela cuidava de você? Pronto, já está decidido. Marion voltará comigo
para a ilha.
Ele ficou me olhando.
— Certo, já que você está dizendo. Vamos até lá contar a
novidade, só espero que ela não abra o berreiro quando souber que
a Pietra ficará no hospital.
Joshua abriu a porta e me deu espaço para passar.
— Apaixonado, hein? — Me empurrou com o ombro, rindo de
forma descontraída. — Quem diria, Luke Saravejo está amando.
Eu sorri de leve, entortando a boca.
Sim, eu estava apaixonado... muito apaixonado.
Capítulo 13

Ainda a caminho do restaurante, eu me atentei para o que o


Joshua me dissera. O que ele quis dizer com “ela já tem problemas
demais”?
O que ele sabia sobre a Pietra?
— O que você sabe sobre a Pietra? — perguntei com a mesma
força do meu pensamento. Parei e fiquei no seu caminho,
impedindo-o de fazer qualquer movimento para frente.
Ele me olhou com impaciência.
— E o que você sabe sobre ela? — O Joshua era esperto,
estava tentando correr do assunto.
— Eu sei que ela tem dezoito anos, que mora com os pais e que
a mãe está doente e, no momento, internada em um hospital. O pai
também está lá com ela, por isso ela está cuidando da Marion.
— Foi o que ela disse? — Assenti, mas pelo olhar do Joshua eu
tinha certeza que estava sendo enganado. — É mais complicado do
que isso. Eu conheci a Pietra em um dos seus eventos. Ela estava
indo embora e terminou sendo quase atropelada por uma moto,
então eu a levei para casa. Achei estranho uma garota tão jovem
ficar sozinha com uma irmã pequena. Isso me deixou com uma pulga
atrás da orelha, então resolvi investigar.
— E o que você descobriu? — Joshua devia estar me achando
um idiota, e eu era mesmo. Como eu me envolvi com uma garota
sabendo tão pouco sobre ela? Ao menos algo concreto.
— O que eu descobri é assunto dela. Se ela não contou, deve
ter boas razões para isso, mas eu posso adiantar que a doença da
mãe é incurável e muito séria. Por isso, senhor Luke, pense muito
bem se realmente o que sente por essa garota é de verdade ou
apenas algo temporário.
— Merda, Joshua, diz logo o que a mãe da Pietra tem. Talvez eu
possa ajudar. — Impaciente, segurei-o pelos ombros, fixando os
olhos nos seus.
— Eu sinto muito, mas isso só quem pode esclarecer é a própria
Pietra. E volto a repetir, seja responsável uma vez na vida, se o que
sente por ela não é verdadeiro, deixe-a ir. Essa mocinha tem uma
cruz enorme para carregar e não precisa de um peso extra.
Ele desviou-se das minhas mãos e seguiu andando. Enquanto
ele se afastava, fiquei observando, tentando conciliar as ideias,
tentando descobrir uma pista em todas as conversas que eu tive com
a Pietra, quando falávamos sobre a sua família. Mas por mais que
eu me esforçasse, não me lembrava de nada.
Bem, eu tinha dinheiro, isso era fato. E com dinheiro era possível
fazer muitas coisas. Meu pai era um homem muito conhecido e
influente, e eu poderia usar tudo isso para descobrir sobre a família
da Pietra, se ela por acaso não me contasse algo nesses dias em
que muito provavelmente ficaríamos juntos. E se nada disso
adiantasse, eu também conhecia muitos homens realmente
poderosos, e isso poderia ser de muita ajuda, caso eu viesse a
precisar.
Veremos o que viria de hoje em diante, tudo vai depender do que
eu conseguir arrancar da própria Pietra. Se a intenção do Joshua era
me deixar com uma pulga atrás da orelha, ele conseguiu.
— Joshua!
Marion, assim que viu meu irmão, desceu da cadeira e saiu
correndo direto para os seus braços e gritando o seu nome. Marco
quase morreu com o susto quando viu a cadeira fazer um barulho
ensurdecedor.
— Princesinha, como você está linda! E grande! Você cresceu
bastante, desde o último dia que a vi.
Ela agarrou o pescoço do Joshua e depois deixou um beijo
melado com molho de macarrão em seu rosto.
— É verdade, eu tô grande?
Ela segurou o queixo do Joshua e o forçou a encará-la.
— Um pouquinho, só um pouquinho. — Ele sorriu. Era raro o
Joshua sorrir assim, ele sempre estava muito sério, mas vê-lo com a
Marion nos braços me trouxe de volta os traços do meu antigo irmão
feliz. — Então, como você está?
— Eu tô triste, a Marion tá muito triste.
Já percebi que quando ela estava com alguma dúvida ou medo
ela começava a falar dela mesma na terceira pessoa.
— E por que a Marion está triste? — Joshua encostou a testa
na dela.
Ela fechou os olhinhos e engoliu em seco, depois se afastou e
segurou outra vez o queixo do Joshua.
— A Pipi está dodói. Ela não abre os olhos e não fala, sabia?
— Sim, eu sei, mas ela ficará boa. Os médicos já lhe deram
remédio e logo, logo a Pietra voltará para você.
— E se ela esquecer a Marion, como a mamãe esqueceu? Eu
não quero, eu amo a Pipi. Ela abraça a Marion, cuida da Marion. Se
ela me esquecer, quem cuidará da Marion?
Ela começou a chorar e escondeu o rosto na dobra do pescoço
do Joshua.
— Ei, o que é isso? A Pipi não esquecerá essa mocinha linda,
ok?
Eu me aproximei e alisei seus cabelos lisinhos. Ela levantou o
rostinho todo molhado pelas lágrimas e lambuzado de molho de
macarrão.
— E se ela me esquecer? A mamãe me esqueceu.
Mas por que diabo ela vivia dizendo isso? Por que ela pensa que
a mãe tinha se esquecido dela? Isso já estava me deixando
encucado.
Joshua percebeu minha confusão. Ele olhou para mim, levantou
as sobrancelhas e balançou a cabeça. Como se dissesse: Nem ouse
fazer essa pergunta.
— Marion, eu tenho uma surpresa para você. — Ele voltou a me
encarar. — Eu conto ou você conta?
— Vá em frente. — Eu me afastei. Joshua olhou para ela.
— Vou levá-la para conhecer a minha casa. Você quer ir?
— Onde você mora? — Ela franziu a testa e perguntou, curiosa.
— No alto da ilha, em uma casa bem grande. Você nunca a viu?
— O castelo do príncipe? Aquela que a gente vê quando está no
barco grande?
O barco grande era a balsa.
— Sim, só não sabia que minha casa era um castelo. Você quer
conhecê-lo?
— Tem TV grandona? Piscina?
— Tem, e tem um quarto todo enfeitado só para você, cheio de
brinquedos. Quer ir?
Ele escondeu a tristeza quando comentou sobre o quarto. Papai
mandou construí-lo assim que soube que o Joshua seria pai. Após o
acidente, o quarto foi fechado e nunca mais se falou sobre ele.
— Quero, quando eu vou? — Ela abraçou o pescoço do Joshua.
— Você é tão legal quanto o Luke. Acho que eu amo você também,
posso amar você? O Luke deixa, ele não vai ficar com ciúmes, não
é, Luke? — Ela me olhou sorrindo.
— O meu irmão pode, eu não ligo — respondi, piscando um
olho.
— E o Marco? Eu também amo o Marco. — Seus olhinhos
procuraram o Marco, ele estava falando com alguém ao celular.
— Ele pode também. — Ela sorriu, feliz.
— Quando eu posso ir conhecer sua casa, Joshua?
— Agora, podemos ir agora.
Ela baixou a cabecinha, fez um biquinho.
— Agora eu não posso. A Pipi está dodói, não posso deixar
minha irmã.
Nossa, eu engoli a emoção. O Joshua a agarrou e a abraçou
bem apertado.
— Ela ficará bem, eu cuidarei dela. Se ela souber que você ficou
no hospital sem nenhum conforto, ficará triste. Você não vai querer
isso, vai? — Me aproximei. Acariciava seus cabelos enquanto dizia:
— E você precisa de um banho e de uma caminha bem quentinha.
Amanhã a Pietra estará com você, certo?
— Por que eu não posso ficar aqui com você e a Pipi? — Ela
olhou para mim com os olhinhos cheios de lágrimas. Joshua a beijou
e tentou consolá-la.
— Porque você é uma criança, só por isso. Mas será só por
uma noite, não fique triste.
— Marion está triste. Não quero ficar sem minha irmã, não
quero... — E as lágrimas foram despejadas com força. Meu coração
se despedaçou.
— Venha cá, Estrelinha. — Ela me deu os bracinhos e veio para
meu colo. Suas pernas se prenderam em minha cintura e os braços
em meu pescoço. Ela escondeu o rosto nele. — Ei, linda princesa,
não chore. Eu ficarei com sua irmã, cuidarei dela, e assim que ela
ficar boa vou buscar você no castelo. Enquanto isso, você vai brincar
e ficar bem feliz para poder deixar sua irmã completamente
recuperada, porque a sua felicidade curará o dodói dela.
Ela levantou a cabeça e limpou o rosto com a mãozinha.
— O Luke não vai esquecer a Marion?
— Nunca.
— E não vai deixar a Pipi esquecer a Marion?
— Jamais.
— Promete?
— Prometo.
— Então eu vou.
— Você é uma verdadeira princesa, sabia?
— Eu amo você, Luke. — Ela beijou meu rosto. Eu engoli o bolo
na garganta. Olhei para o Joshua. Ele me encarava, seu olhar
querendo ler o que estava se passando dentro da minha mente,
dentro de mim.
Eu podia dizer que o que estava sentindo só senti quando a
minha mãe me abraçava e dizia que eu era o menino mais amado do
mundo.
— Vamos, princesinha. — Eu a entreguei ao Joshua. — As
coisinhas dela, onde estão?
— Vou pegar, só um minuto. — Fui até a mesa onde o Marco
estava sentado. Ele continuava conversando no celular. Peguei a
mochila, fui até o caixa do restaurante, pedi uma sacola e joguei as
coisas da Pietra dentro dela.
— Vamos? — Joshua olhou para Marion, sorrindo.
— Sim. — Ela ainda estava triste, mas olhou para mim e sorriu.
— Eu levo vocês até o carro.
Eu os acompanhei até o estacionamento. Beijei a Marion antes
de colocá-la no banco de trás do SUV preto do Joshua. Ajeitei o
cinto de segurança o tanto quanto pude, pois a Marion era bem
pequena, e fechei a porta do carro.
— Obrigado por cuidar dela. Qualquer problema, me ligue —
disse, abraçando-o. Depois de muito tempo eu voltava a abraçar o
meu irmão e ele a mim.
Surpreso com minha reação, ele tentou dizer algo, mas engoliu
as palavras e simplesmente se afastou. Deu a volta no carro e
entrou. O motorista deu a partida e saiu guiando lentamente. Joshua
ficou me olhando através do espelho retrovisor.

Voltei para o quarto imediatamente. Pietra estava acordada.


Mesmo que não estivesse de olhos abertos, eu sabia, pela sua
respiração e lábios apertados, sabia que estava acordada. Talvez
estivesse pensando em mim. Puxei o ar para os pulmões e entrei
logo depois, fechando a porta. O barulho fez com que ela abrisse os
olhos, e não precisou de nenhum incentivo para labaredas se
acenderem dentro de mim quando ela ergueu um pouco a cabeça e
os seus lindos olhos encararam meu rosto.
O tempo parou.
Aqueles olhos tão lindos e famintos se fixaram nos meus. Eles
brilhavam com uma luz forte e colorida. Então as lembranças da
nossa última vez vieram à tona e o gosto dela em minha boca surgiu
como por mágica.
Eu já disse, sou um fodido hiperssexual. Adoro uma boceta, e
agora estou completamente viciado em uma...
A dela.
E eu a queria exatamente como na nossa última vez, mas queria
deixar claro que não gostaria de colocar só a boca e a língua nela
novamente. Queria enfiar o pau duramente em seu buraquinho
apertado com toda força, até escutar seus gritos de prazer e sentir
seu corpo macio se contorcendo por baixo do meu.
Porra! Fiquei de pau duro, de cacete completamente armado,
pronto para atirar.
Era uma pena que não podia fazer essas coisas com ela aqui.
Pelo menos, não as coisas com meu pau...
Caminhei lentamente em direção à cama. Acho que estava com
uma cara de um puto tarado, porque assim que me sentei eu vi que
ela se encontrava ruborizada. Passei uma mão em volta do seu
pescoço e peguei um punhado de todo aquele cabelo escorrido. Os
fios eram macios, gostosos de pegar. Algumas mechas estavam
moldando as curvas dos seus ombros e outras ornamentavam o
travesseiro. Ela sorriu e eu pude ver duas tímidas covinhas nas
laterais dos seus lábios. Pude perceber também que seu lindo rosto
estava pálido, mas a sua beleza simples e jovial me encantava e
fazia meu coração acelerar. Ela era tudo o que eu tinha sonhado e
nem sequer sabia que queria.
Toquei o polegar no seu lábio inferior e vi que seus olhos se
abriram muito mais em um flash de entrosamento, antes da minha
boca roubar a sua. Segurei sua nuca com uma mão e o seu rosto
com a outra para que ela pudesse sentir o tamanho da minha
vontade por ela. O seu gosto penetrou com devassidão em minha
boca. Ela era frutal, doce, sem ser enjoativa. Tinha gosto de salada
de frutas com chocolate cremoso, e eu poderia ficar beijando seus
lábios por toda a eternidade que nunca me cansaria. Juro pelo bom
Deus. Ela abriu os lábios lentamente e deixou que invadisse com a
língua o calor úmido de sua boca.
Porra, eu estava fodido!
Eu sorri contra seus lábios e lambi a suavidade da pele macia e
molhada. Isso fez com que pensamentos perniciosos surgissem em
minha mente libidinosa. Acho que ela sentiu o mesmo, ou talvez eu
tenha esse poder de provocar certas reações em seu corpo quase
virgem. Eu a senti tremer e respirar fundo. Não sei, talvez foi
cuidado, zelo, ou tudo junto, mas eu me separei dos seus lábios.
Quando ela piscou, eu vi que seus olhos estavam divinamente
brilhando de desejo.
— Garota, se você não estivesse em uma cama de hospital, eu
juro...
Ela não me deixou completar a frase, agarrou meu rosto com as
mãos e me puxou para baixo para poder me beijar novamente. Com
os lábios pressionando contra os meus, a língua macia e rápida
passando entre eles, seus dedos se curvaram para o lado do meu
rosto, acariciando ao redor do meu pescoço. A cada respiração,
sentia como se ela estivesse tentando me dar tudo de si. Mordi o
interior de seu lábio inferior para mostrar que eu queria lhe dar o
mesmo. Foi louco, devasso e gostoso demais. No momento em que
finalmente nos afastamos, ela tinha os lábios inchados e seus olhos
resplandeciam tesão. Sua respiração acelerada fez meu juízo
acordar, eu não podia fazer mais nada além de beijá-la.
Por enquanto.
— Acho melhor pararmos por aqui, ou corremos o risco de
sermos flagrados em uma situação não muito apropriada. — Pisquei
para ela e lhe dei um sorriso lascivo.
— Você me deixa louca e sem nenhuma noção.
Eu sabia disso e precisava ir mais devagar, afinal, a Pietra era
diferente de todas as garotas que já conheci e acho que foi por isso
que eu me apaixonei tão rapidamente. Ela não tinha nada a ver com
o meu mundo depravado. Eu a puxei para perto e beijei o alto da sua
cabeça.
— Você está sentindo alguma dor? — perguntei, enquanto me
sentava próximo à cabeceira da cama e a deixava confortável em
meu peito.
— Estou me sentindo cansada, enjoada, zonza e o meu peito dói
quando respiro. — Ela virou o rosto e me fitou. — Como soube que
eu estava doente?
Contei tudo, desde o momento em que fiquei puto por ela não
atender as minhas ligações e nem responder às minhas mensagens.
A cada palavra dita, Pietra arregalava os olhos.
— Meu Deus! Minha irmãzinha, tadinha dela! E se você não
tivesse ido me procurar?! Nem quero imaginar, fui muito
irresponsável...
— Ei, não é bem assim. Você estava doente e inconsciente, não
tinha como evitar isso. Pare de se culpar, o importante é que as duas
agora estão bem e em segurança.
Pietra voltou a olhar para o meu rosto, agora com curiosidade.
— Onde está a Marion? Cadê ela?
— O Joshua a levou para casa, ela ficará lá até que você receba
alta médica. Não olhe para mim, não sou eu quem faz as regras. O
que eu sei é que não é permitido criança como acompanhante. — Ela
me olhou com reprovação e, antes que abrisse a boca, completei: —
Pietra, a Marion não tinha com quem ficar. Se o Joshua não tivesse
vindo aqui, a esta hora ela estaria no apartamento do Marco, então
não se preocupe, a Marion será muito bem cuidada.
— Não foi você quem contou ao Joshua que eu estava doente?
— Neguei com a cabeça. — Como ele ficou sabendo?
— Não sei. Ele apareceu aqui todo nervoso, quase me bateu,
perguntando o que fiz com você. — Eu também estava curioso para
saber como o Joshua soube que eu trouxe a Pietra para o hospital e
justamente para aquele.
Ela ficou pensativa.
— Talvez tenha sido a dona Mariana, ela conhece o Joshua. Ela
não gosta muito de você e uma noite me viu descendo da sua moto e
me chamou para dar alguns conselhos. Disse que você é a ovelha
negra da família e que o seu irmão não gosta muito de você.
Aquela puta velha não tinha nada que se meter na minha vida.
Acho que acabei de colocar um nome novo na minha lista de
desafetos.
— Ninguém gosta de mim na ilha, mas eu lhe garanto que a
minha família não está inclusa. Essa mulher não passa de uma
fofoqueira, por isso não gosto dela.
— Luke, eu não ligo pra o que ela disse. Lembre-se que eu me
apaixonei por você já sabendo quem era, portanto, não precisa ficar
chateado. Eu sei quem você é de verdade, só não queria dar
trabalho para o seu irmão. A Marion é boazinha, mas quando ela se
ver naquele hotel, vai querer olhar tudo e vai fazer muitas perguntas.
— Ela não foi para o hotel, ela está na casa do meu pai.
— O quê!? Agora eu entendi por que ela foi tão rápido. Ela é
louca pelo castelo do príncipe do alto da montanha. É assim que ela
chama a casa da sua família... — Pietra começou a sorrir. —
Coitado do seu pai, vai precisar de muita paciência para responder
todas as perguntas da minha irmãzinha curiosa.
— Por falar em pai — disse, enfiando a mão no bolso da camisa
e pegando o celular —, ligue para o seu, ele precisa saber que você
está doente.
Pietra se mexeu, impaciente.
— Não precisa, já estou melhor e provavelmente amanhã já
estarei em casa. Papai já tem muitas preocupações, não precisa de
mais uma. Mas obrigada por lembrar.
Ela não escaparia desta vez.
— Me diga o número que eu mesmo ligo. Seu pai precisa saber
e não só sobre você, sobre a Marion também. Você não poderá
cuidar de si mesma e dela. Tudo bem que eu posso cuidar de vocês
duas, mas ele é seu pai, tem direito de saber o que está
acontecendo.
— Não! — Ela se afastou de mim, se arrastou e deitou a cabeça
no travesseiro, ficando de costas.
Eu me deitei ao seu lado e passei um braço em volta do seu
corpo. Beijei sua nuca. Respirei fundo.
— Pietra, me conte o que está acontecendo. Em que hospital
sua mãe está internada? Eu posso ajudar.
Ela respirou profundamente. Continuou calada, trêmula. Pietra
estava com medo.
— Meu amor, eu estou aqui. Me conte a verdade, seja qual for.
— Mamãe tem DA.
— O quê? O que é isso?
— Alzheimer.
— Impossível, sua mãe não é tão velha para ter Alzheimer. —
Eu a virei para que ficasse de frente para mim. — Pietra, esse
diagnóstico está errado. Eu posso ajudar, conheço médicos e eles
podem indicar...
— Não, não está errado, é Alzheimer mesmo. Ela foi
diagnosticada aos trinta anos, é raro, mas é possível. — Deus,
agora eu entendia o que o Joshua quis dizer com “ela já tem
problemas demais”.
— Mas tem tratamento, não tem? O que posso fazer para
ajudar? Eu quero ajudar, meu amor.
— Tem. Assim que ela soube começou a se tratar, mas quando
descobriu que estava grávida parou e ficou sem se medicar até a
Marion parar de mamar. Foi aí que tudo desceu ladeira abaixo. A
mamãe piora a cada dia que passa.
Eu a puxei para os braços. As lágrimas silenciaram a sua voz e
seus soluços ecoaram.
— Luke, a mamãe não está no hospital. Ela teve uma crise e
fugiu, e o papai está à procura dela. Nem sei onde ele está agora, na
última vez que veio nos ver ele disse que achava que ela estava em
uma cidade em Sergipe. — Ela escondeu o rosto em meu peito,
tentando engolir as lágrimas.
— Eu vou ajudar o seu pai a encontrar sua mãe, juro que vou.
Não fique assim...
— Luke, a mamãe não sabe quem é, ela se esquece de tudo,
até da família. Imagine o que pode acontecer com ela, uma mulher
tão linda perdida por aí e sem memória.
Então era por isso que a Marion vivia dizendo que a mãe se
esquecia dela. Meu Deus! Como uma menininha entenderia que sua
mãe se esquecia, porque estava doente? Como explicar isso para
uma criança de quatro anos?
— Como seu pai sabe onde sua mãe está?
— Ele era policial, mas precisou se afastar para cuidar da
mamãe. Ele conhece muita gente e é através dos seus amigos
policiais que ele consegue pistas sobre ela. Ele espalhou fotos por
todas as delegacias. Papai está sofrendo muito, não por estar
perdendo a mamãe, mas por precisar ficar longe de mim e da
Marion. E eu estou sofrendo por não poder fazer nada pela minha
mãe.
Eu precisava dar um fim nesta conversa, pois Pietra começava a
ficar com dificuldade de respirar.
— Se acalme, ficará tudo bem. Não se preocupe, agora você
tem a mim e tem a minha família também. Eu garanto que vamos
ajudar a encontrar sua mãe o mais rápido possível. Fique calma,
meu amor, não chore.
Eu a beijei para interromper os seus soluços, acariciei suas
costas com as mãos, languidamente, e foi assim que eu consegui
que adormecesse.
Capítulo 14

Ele era lindo, marrento e perigoso. Suas infinitas tatuagens e


piercings deveriam manter qualquer garota com um mínimo de juízo
longe dele. Quando o vi pela primeira vez, eu senti uma reviravolta
em meu estômago, e todas as vezes que nossos olhares se
cruzavam minhas pernas ficavam bambas. Eu o queria tanto, mas
nunca imaginei que algum dia poderia tê-lo, principalmente quando
soube da sua história. Dizia o povo que ele tinha matado a mãe
quando era apenas uma criança. Contudo, agora eu sabia que não
foi bem assim que as coisas aconteceram. Mesmo não sendo
verdade, o Luke se culpava, era um fato, e foi esta culpa que o fez
querer ser o que não era.
Um cara do mal.
Hoje eu sei que ele não era nada do que as pessoas falavam
dele.
Ele não era um traficante dos ricos e poderosos.
No entanto, para todos que pensavam que o conheciam, ele não
prestava, era um bandido de costas quentes.
Para mim, na pior das hipóteses, o Luke não passava de um
oportunista. Ele usava a fraqueza dos ricos para ganhar uma boa
grana e prestígio... Bem, da grana ele não precisava, pois seu pai
era milionário e ele tinha a herança da mãe, que não devia ser
pouca. O que ele queria mesmo nesta história de fora da lei era se
sentir importante e chamar a atenção do pai e do irmão. Ele
conseguiu tudo isso, só não sei até quando ele achará que sua fama
de bandido funcionará como vantagem para alguma coisa.
Eu acho... Só acho que um dia ele terá que escolher.
Entre ser bandido ou mocinho.
Pois essa vida de badboy funcionou enquanto ele era um
moleque, mas o tempo passou e a idade chegou. Agora ele
precisará encarar isso, nem sempre seu pai e o seu irmão
conseguirão livrá-lo das bagunças que provocava. Um dia sua má
fama o colocaria em um caminho sem volta.
Mesmo ele não sendo um bad boy fora da lei, ele era
esquentado e brigão. Duro, cheio de marra e um mulherengo sem
nenhuma sensibilidade.
Vejam bem, não foi ele que me disse isso. Foram as poucas
garotas que eu conhecia e que eram vidradas nele. Elas me
disseram que ele não se apegava a mulher alguma, que era bom no
sexo, sim, mas que só queria se divertir. Então, durante todo esse
tempo que fiquei só o comendo com os olhos, eu pude observar a
quantidade de mulheres que iam e vinham, penduradas no seu
pescoço. Às vezes, até mais de uma ao mesmo tempo.
O Luke era um sacana comedor.
Por isso fiquei surpreendida quando ele me disse que estava
apaixonado por mim. Confesso que tinha medo que isso tudo fosse
um sonho. Não sei, só sei que a cada dia eu me surpreendia com
ele. Durante todo o tempo que fiquei no hospital, ele cuidou de mim.
Eu nem sabia que o hospital era particular, só soube quando um
rapaz trouxe uma papelada para o Luke preencher.
Ele não me falou o valor, mas eu sei que foi alto. Não tinha como
duvidar do seu amor, pois nenhum homem que não esteja tão
apaixonado faria isso por uma mulher. É o que eu acho.
— Ei, garota pensativa, o almoço chegou.
Chutei meus devaneios para longe e olhei para aquele cara lindo,
todo colorido e com um sorriso nos lábios que fazia um rebuliço
dentro de mim. Ele estava de pé perto da porta do meu quarto. Fazia
umas duas horas que havíamos chegado do hospital. Ele me deixou
descansando e foi comprar o nosso almoço, já que eu precisava me
alimentar na hora certa.
Devido à chuva que eu tomei na sexta-feira e por não ter me
preocupado em me secar nem tirar a roupa molhada — pois eu
precisava cuidar da Marion e fiquei com medo de ela ficar doente —
eu peguei uma pneumonia e terminei descobrindo que estava com
anemia por não cuidar direito da alimentação. Bastou isso para o
Luke me cercar de todos os cuidados. Agora eu tenho uma lista de
tarefas para cumprir, desde as medicações à alimentação.
— Ei, aonde pensa que vai?
Eu já ia me levantando da cama, pois estava nela desde que
cheguei do hospital. Em dois tempos, duas mãos me colocaram de
volta no colchão.
— Luke, eu quero comer na mesa. Estou cansada de ficar
deitada, passei a noite e parte da manhã esticada em uma cama
hospitalar. Por favor...
Meus lábios foram bloqueados pelos dele.
— Minha garota precisa ser mimada. — Ai, meu Deus, eu
derreti. Ele disse isso e ainda por cima com a boca sobre a minha.
Não era todo dia que uma garota tinha um homem assim para
mimá-la. Eu sorri e ele mordeu meu lábio.
— Não se engane, garota, estou fazendo isso porque quero
esse corpinho forte, resistente e saudável para suportar meu corpo
batendo contra ele, fazendo sexo duro e selvagem. Além do mais,
fraquinha assim eu não vou conseguir nem chupar o seu grelinho,
uma lapeada da minha língua em sua boceta a jogará na lona.
Ele estava olhando para mim, seu rosto bem próximo ao meu.
Piscou um olho e depois beliscou o bico do meu seio por cima do
tecido da blusa do meu pijama com estampa de ursinho.
Eu sei, eu estava ridícula, mas foi ele quem escolheu. Disse que
era para eu não ficar tão sexy.
— Está querendo me engordar pra me comer depois?
Disse alto, já que ele despareceu através da porta e voltou com
um sorriso safado no rosto e uma bandeja nas mãos.
— Comer, não. Já disse, eu quero fazer sexo, quero saciar
minha vontade de você, quero enfiar meu pau todinho nessa
bocetinha apertadinha, enfiar tudo até sentir minhas bolas baterem
em sua bunda redonda. É isso que eu quero, garota, então trate de
comer tudo, pois estou de pau duro só de pensar nessas
sacanagens.
— Luke, você sabe deixar uma garota molhada. — Deixei o
garfo ao lado do prato e peguei em sua coxa. Eu queria fazer
sacanagem também.
Esse homem me mostrou o céu e agora eu não queria mais sair
dele.
Minha mão se agasalhou na frente da sua bermuda. O pau dele
estava duro, latejante.
— Garota, eu não sou um cara muito controlado, principalmente
agora que estou cheio de tesão.
Ele segurou minha mão, mas não a afastou, ao contrário, ele a
pressionou sobre seu pau, fazendo meus dedos massagearem sua
protuberância.
Luke puxou o ar entre os dentes quando eu apertei o nervo rijo.
— Cacete! Minha porra vai jorrar em sua mão. Você nem
imagina o tamanho do meu tesão.
Ele me olhou daquele jeito, comendo-me por pedacinhos. Os
seus olhos mudaram de cor, ficaram mais escuros. As narinas
tremeram, e ele engolia rápido. Eu o queria, queria aquela força
avassaladora batendo em meu corpo, fazendo-me tremer, gritar...
gozar.
Ele me mostrou o sexo, mostrou o prazer. Ele me ensinou a
gozar. E eu queria conhecer mais, sentir mais, viver mais. E tudo
com ele.
— Porra! Pietra, vou enlouquecer de tesão. Vou me foder no
banheiro, enquanto você almoça.
E ele foi para o banheiro.
Nem deu tempo de argumentar. Ele se levantou tão rápido que
eu só senti a mão vazia, seu pau duro tinha deixado a minha mão
molhada.
— Luke...
— Nem pense em se levantar, é uma ordem. Eu juro que vou
embora.
Só o escutei urrando. Falando palavrões enquanto se
masturbava em meu banheiro.
— Porra! Estou imaginando você ajoelhada me chupando...
Porra, que gostoso! Boquinha quente dos infernos, caralho! Humm!
Chupa, Pietra, chupa forte... Deus, vou gozar...
— Luke, pare, ou eu vou aí.
— Caaaraalhooo! — Ele gozou e eu quase corri para ver.
Escutei a descarga e minutos depois ele surgiu com a cara mais
safada do mundo. Não posso negar, ele era um puto. Meu puto.
— Foi bom pra você? — perguntei, enquanto levava o garfo com
um pedaço de fígado acebolado à boca.
— Satisfatório. Aliviou a pressão das minhas bolas.
— Você é um devasso, Luke.
— Eu sou um putão, garota. Gosto de sexo e amo você, vá se
acostumando com essas três coisas.
Ele se sentou na cama, tomou o garfo da minha mão e começou
a me alimentar.
— Quando você vai buscar a Marion?
— Mais tarde. Ela está se divertindo, deixe-a ser mimada um
pouco.
— Com assim? — Fechei a boca e a mão dele parou no ar.
Olhei para ele.
— Abra a boca — ordenou, sério. Enchi as bochechas de ar. —
Pietra, não me teste.
Ele apertou minhas bochechas e o ar saiu. Fez cócegas em mim
e eu abri a boca.
— Malcriada, coma. — Ganhei outra garfada com fígado e
macarrão na boca. — Marion está fazendo a festa. Eu liguei para
avisar que ia buscá-la, mas me pediram para ir pegá-la depois do
jantar. A Marion virou princesa com direito a vestido, coroa e varinha
mágica. Ela fez meu pai comprar tudo isso. Joshua disse que a casa
virou um parque de diversão e quem manda lá agora é a Marion.
— Jesus!
Eu quase me engasguei. Eu já sabia que a Marion onde chegava
fazia amigos e se transformava no centro das atenções, ela sempre
foi assim. Mas ter conquistado o pai do Luke em tão pouco tempo
me surpreendeu.
— O importante é que ela está feliz. Que nós estamos felizes...
Ele percebeu a minha tristeza, pois eu baixei os olhos e desviei a
boca do garfo que ele me oferecia.
— Amor, não se preocupe. Eu ajudarei a encontrar a sua mãe,
não fique assim. — Luke pegou a bandeja e a afastou para o lado.
— Vocês não estão mais sozinhos. Farei de tudo para ajudar o seu
pai, confie em mim.
Ele se inclinou e eu senti seus lábios sobre os meus. O seu beijo
foi o suficiente para fazer a minha pele formigar, meu corpo querê-lo
desesperadamente e minha cabeça rodar.
— O que é isso aqui? Solte a minha filha, seu moleque!
Fui tomada pela surpresa de ver meu pai se jogar em nossa
direção e afastar o Luke brutalmente do meu corpo.
— Seu moleque pretencioso! Quem você pensa que é?
— Pai, por favor, solte o Luke...
— Você cale a boca! Meu assunto com você será depois —
papai dizia segurando o Luke pela gola da camisa, sequer olhando
para mim. — Eu sei quem você é, seu bandidinho de merda. Não
pense que só porque é filho do prefeito eu vou deixá-lo abusar da
minha filha. Saia daqui e nunca mais olhe para ela, entendeu?
Papai sacudia o Luke com força, e pela primeira vez eu vi o Luke
não reagir.
— Papai, por favor, pare...
— Fique deitada! — Luke gritou quando percebeu que eu ia me
levantar. Eu não reagi, fiquei parada, tomando um susto com o seu
grito. Ele desviou os olhos para o rosto do meu pai. — Senhor, eu
sinto dizer, mas não irei me afastar da sua filha, pois eu a amo. Se
quiser me bater, fique à vontade, mas dela eu não me afasto. Só se
o senhor me matar.
— Petulante de merda... Chegue perto dela novamente e eu
mando prendê-lo.
Papai armou o punho e eu me levantei rapidamente para ir em
defesa do Luke, pois sabia que ele não reagiria. Segurei a mão do
papai, mas quando fiz isso fui empurrada com força e caí alguns
passos para trás. Luke empurrou meu pai e correu em minha
direção.
— Pietra, por que você é tão teimosa? — Quando eu vi já
estava sendo carregada para a cama. — Fique quieta. Machucou?
Você está bem? — Comecei a chorar. Eu não sabia o que fazer, os
dois homens que amava estavam em pé de guerra e eu não queria
perder nenhum dos dois. — Pietra, você não pode fazer esforço, são
ordens do médico. Será que é tão difícil ficar quieta?
— Filha, o que você tem?
— Ela pegou uma pneumonia. Faz algumas horas que chegamos
do hospital, e ela precisa repousar. — Papai olhou para o Luke,
depois para mim. — Senhor, peço que deixe para depois qualquer
coisa que queira me dizer. No momento, pense só na sua filha, ela
precisa do senhor. Vou deixá-los sozinhos para que possam
conversar, enquanto isso irei buscar a Marion, ela está na casa do
meu pai.
Luke me beijou nos lábios sem se importar com o olhar
descontente do meu pai.
— Eu volto com a Marion. Não se esqueça, eu amo você —
disse rapidamente, sem desviar os olhos dos meus.
Ele se levantou, e sem dar a oportunidade do meu pai articular
qualquer palavra, saiu apressadamente do quarto.
Eu fiquei com o olhar de censura do papai sobre meu rosto.
Papai inspirou e mexeu nos cabelos desalinhados com os dedos.
Ele estava tão diferente, não se parecia nem de longe aquele homem
lindo que já foi. Magro, pálido, barba grande, desigual e cabelos sem
corte e opacos, parecendo sujos. Suas roupas estavam amassadas
e um pouco sujas. Acho que fazia uns dois dias ou mais que não
tomava um banho.
— Papai...
Ele me encarou com seus olhos cansados e ladeados por
olheiras escuras. Papai estava um trapo. Sentou-se ao meu lado na
cama.
— Filha... — Passou os dedos trêmulos pelo meu rosto,
acariciando-me com singela delicadeza. Fechei meus olhos e isso fez
lembranças não muito distantes surgirem em minha mente saudosa.
Uma lágrima desceu lentamente, aquele carinho me fazia tanta falta,
que até solucei. — Oh, minha criança linda, não chore. Eu a amo
tanto que chega a doer, filha. — Ele me puxou para seu peito
protetor. Senti seus lábios no alto da cabeça. — Perdoe-me, meu
amor, por não estar ao seu lado no momento em que mais precisou.
Perdoe-me, minha filhinha linda... Oh... Oh, meu Deus!
Ele desabou agarrado a mim. Chorava feito uma criança
desolada. Senti todo o seu corpo tremer, seus soluços sofridos, suas
lágrimas quentes em meu couro cabeludo. Eu o abracei apertado e
tentei não chorar também, pois era a minha vontade.
— Papai... — Ele se afastou e segurou os dois lados do meu
rosto com as palmas das mãos, olhando atentamente para mim. —
Não chore, eu entendo. Eu sei que o senhor está procurando a
mamãe, não se culpe.
— Eu sou o seu pai e sou o pai da Marion, vocês precisam de
cuidados, de atenção e de carinho. Eu me culpo, sim, meu amor, eu
sempre quis uma família para cuidar, e agora que tenho, não estou
cuidando dela. Fui desleixado com a sua mãe, não cuidei dela direito
e ela escapou entre meus dedos. Agora estou sendo desleixado com
vocês e esse desleixo está abrindo espaço para que bandidos, como
aquele vagabundo que acabou de sair daqui se aproximem de você.
Perdoe-me, filha...
— Papai — disse, calando seus lábios com dois dedos —, o
Luke não é nenhum bandido e nem vagabundo. Eu sei que ele tem
uma má fama, mas eu o conheço e posso garantir que ele é uma boa
pessoa, e acima de tudo, ele me ama e está cuidando de mim e da
Marion. Não o odeie por isso, por favor, pois ele é a melhor pessoa
que já conheci. Converse com ele, tente escutar sua versão e não o
julgue pelo o que os outros falam dele. Foi o senhor mesmo quem
me disse que não devemos acreditar no que escutamos, e sim no
que nos é mostrado. E... e eu estou apaixonada por ele, muito
apaixonada.
Papai inspirou. Meu rosto continuava sendo analisado
demoradamente. Depois senti seus lábios tocarem o meio da minha
testa.
O beijo foi demorado, quente e cheio de amor.
— Desde quando isso vem acontecendo? — Ele se afastou e
me perguntou, olhando em meus olhos.
— Nosso namoro faz pouco tempo, mas eu me apaixonei por ele
desde o primeiro dia que o vi. Exatamente no dia que chegamos
nesta ilha.
— Meu Deus! Como eu não percebi isso? Minha linda garotinha
está apaixonada. Mesmo que seja por um cara completamente
errado...
— Papai! — eu o repreendi. Ele sorriu e beijou minha bochecha.
— Ok, tudo bem. Assim que ele voltar, eu e ele teremos uma
longa conversa, eu prometo. Agora eu preciso de um banho. Não
quero que a Marion me veja assim, ela certamente ficará assustada.
Afastou-se e se levantou, seguindo para a porta do quarto.
— E a mamãe, o senhor a encontrou?
Ele parou, respirou fundo, e sem olhar para mim, respondeu:
— Sim, amanhã estarei indo buscá-la, eu prometo.
Papai não disse mais nada e eu não quis perguntar, pois sabia
que perguntas agora só fariam com que ele se sentisse mais
desolado e fracassado. Por isso eu me recostei na cabeceira da
cama e fechei os olhos. A tristeza estava voltando e a saudade da
mamãe aumentando.
— Mamãe, onde você esteve esse tempo todo? — disse
baixinho, tentando engolir as lágrimas.
Fechei a porta atrás de mim e desci as escadas que me levavam
à rua principal. Antes de chegar à calçada, eu vi alguém se
escondendo atrás da cortina da janela da casa que ficava na
esquina. Exatamente a casa da porra da Mariana, a fofoqueira de
plantão. Olhei diretamente para a janela.
— Gosta do que está vendo, puta fofoqueira? — disse em tom
alto. Eu queria que ela escutasse palavra por palavra, e ela escutou,
já que segundos depois um estalo violento soou.
Ela bateu a janela com força, fechando-a e passando o trinco.
— Foda-se. — Voltei a verbalizar minha antipatia.
Segui para o carro. Havia deixado a moto no ancoradouro. Não
podia andar com a Pietra na garupa, não do jeito que ela estava
debilitada. Antes de dar a partida, procurei um maço de cigarros e
encontrei um todo amassado. Desolado, procurei por algum que
servisse para ao menos uma tragada.
Encontrei três cigarros dentro e puxei um. Suspirei e acendi o
cigarro. Era um mau hábito e eu estava tentando parar, mas
considerando a situação na qual me encontrava, havia coisas piores
do que fumar um cigarro.
Balancei a cabeça quando as lembranças de minutos atrás
perturbaram meu momento relax. Liguei o carro, dei a seta para a
esquerda e saí lentamente, ainda tentando administrar o tom furioso
da voz do pai da Pietra.
— Bandido, vagabundo.
Eu nunca me importei com tais adjetivos. Eu até gostava, pois
afastavam pessoas para as quais eu nem queria dar um “bom dia”.
Mas hoje, justamente hoje, eu não gostei de ser chamado assim.
Enfiei o pé no acelerador e os pneus derraparam no asfalto. Estava
me sentindo cansado, e não só fisicamente, por não ter dormido
quase nada durante a noite, mas psicologicamente também estava
me sentindo um trapo, um lixo.
Pietra tinha se tornado meu elo entre o que era certo e o que
era errado, só que eu ainda não estava pronto para escolher qual
lado seguir. Quando eu a vi me olhando daquele jeito, quando senti o
seu olhar me devorando, me comendo, eu não sabia que a desejaria
tanto. Ela soube, sim, chamar a minha atenção. Todas as vezes que
eu olhava para a multidão, procurava aqueles olhos lindos e não os
encontrava, era como se nada que estivesse fazendo tivesse valor.
Mas quando os encontrava, meu mundo ficava perfeito. Vê-la me
olhando, babando por mim, era fodido demais, era putamente
tentador. E na quarta vez que eu a vi, pedi ao Marco para descobrir
quem era aquela garota com carinha de adolescente recém-saída do
colegial. Para meu alívio, ela não era adolescente, e ainda melhor, eu
não tinha concorrente.
Minha devoradora estava esperando por mim.
E foi assim que o meu cerco começou. Ela seria minha. E a
porra piorou quando eu descobri que era o seu primeiro.
O ser escroto ciumento e possessivo surgiu do nada. Não sei
explicar, mas o que eu sentia não era só territorial, era muito mais.
Caralho! Amor era um sentimento escroto do cacete.
Parei o carro em frente à entrada principal da mansão. Luiz, o
segurança, me viu e acenou. O portão foi aberto e eu passei com o
carro.
— E aí, viado, tem dado muito? — Parei o carro em frente à
guarita, estiquei o braço e bati o punho fechado no punho do Luiz.
Ele era um pouco mais velho do que eu, quase uns seis anos, mas
éramos amigos de academia e fui eu quem o indicou para aquele
emprego.
— Só se for pra você, seu filho da puta — respondeu e se
inclinou, sorrindo. — Que novidade é essa? Eu nunca o vejo por aqui.
— Pois é, o bom filho à casa... — Esqueci o resto da frase. —
Esse caralho mesmo que você entendeu. — Luiz caiu na gargalhada.
— Eu vim buscar uma estrela.
— A princesa Marion?!
Até ele já conhecia a Marion.
— Essa mesma. Ela já andou por aqui?
— Aquela menina é ligada no 220V, não para. Não sei onde seu
pai encontrou tanta energia para correr atrás dela. Eu nunca o vi tão
feliz.
Se o Luiz estava abismado, imagine eu. O senhor Lúcios não era
de espalhar sorrisos, ele normalmente vivia com os lábios bem
pressionados.
— Eles estão fazendo algo lá dentro, pois já ganhei bolo e
balões. — Luiz apontou para dentro da guarita.
Dois balões rosas flutuavam no ar, amarrados em uma fita azul.
— Acho melhor verificar com os meus próprios olhos. Bom te
ver, cara.
— Tem ido treinar?
— Sem tempo, mas estou treinando em casa. E você?
— Por enquanto, não. Seu pai demitiu o outro cara, agora só
tem eu e o cara da noite. Estou fazendo dois turnos.
— A gente se vê. — Liguei o carro e segui até o estacionamento
que ficava em frente ao jardim de rosas brancas.
Antes mesmo de abrir a porta, eu escutei os gritinhos da Marion.
Ela estava feliz. Só em pensar que ela tinha se esquecido da tristeza
de ser esquecida pela própria mãe me alegrava, pois agora já sabia
os motivos do medo em seus olhos todas as vezes em que se sentia
abandonada.
— Eu soube que aqui tem uma linda estrela! — falei. Marion
brincava com algo nas mãos, sentada no chão, e meu pai estava ao
seu lado.
— Luke! — Ela virou a cabecinha e sorriu maravilhosamente
quando me viu. — Luke, Luke! — Largou tudo e correu em minha
direção, pulando em meu corpo. — Luke, eu sou uma princesa. Olha
o meu vestido lindo, olha a minha coroa... — Ela olhou para os lados.
— Vovô, cadê a minha varinha mágica?
Vovô!?
Olhei para meu pai. Ele me encarou, sorrindo, e deu de ombros.
Pegou algo do chão e se levantou.
— Aqui está sua varinha, majestade — gesticulou. — Oi, Luke,
como vai?
— Oi, pai. Estou bem, e o senhor? — Parecíamos dois
estranhos que acabavam de se conhecer.
— Me sentindo no céu. — Fez um gesto com a cabeça para a
menininha que brincava de desenhar com os dedinhos nas tatuagens
do meu ombro. — Fazia tempo que não me sentia tão bem, ela é um
sonho.
— Eu sei... não é, estrela? — Beijei seus cabelos e ela sorriu.
— Luke, essa casa é mais legal do que a sua. É maior, tem
brinquedo e eu tenho um quarto só meu, sabia?
— Nossa! Em apenas poucas horas a pequena estrela já ganhou
um quarto? — Ela agitou a cabeça, afirmando.
— E brinquedos — concluiu, sorrindo. — E a Silvia disse que eu
posso escolher os meus lençóis todas as vezes que eu vir pra cá. —
Silvia era nossa funcionária, ela estava na família desde que eu
nasci. Marion pegou meu queixo com os dedos pequeninos, fazendo-
me prestar atenção nela. — Ontem eu escolhi os lençóis de
palhaços. Eles são lindos, você quer ver?
Ela fez um gesto para descer dos meus braços, pegou minha
mão e saiu me puxando escada acima. Eu não tive como negar, fui
praticamente arrastado. Papai nos seguiu.
O quarto era o mais próximo do quarto do Joshua, afinal o
aposento foi criado para quando o filho ou filha do Joshua nascesse.
A porta estava aberta, e quando eu entrei, tudo o que vi me
remeteu ao passado. A profunda tristeza nos olhos do Joshua que
quase o afundou.
As paredes eram verdes, decoradas com papéis coloridos da
metade até o encontro com o teto, o que dava ao quarto um ar
alegre, acolhedor e tranquilo. O berço não estava mais lá, mas havia
uma cama de ferro branca, agora decorada com algumas bonecas e
ursos de todos os tamanhos.
— De onde eles vieram? — Olhei para o papai e perguntei.
— Joshua trouxe ontem. Ele passou no shopping antes de vir
para cá, tudo aqui é novo.
— Como ele encarou isso tudo? Afinal, ele não entra aqui
desde...
Engoli as palavras.
— Ele está bem. Quem a colocou para dormir foi ele, e se ele
conseguiu deitar ali... — Apontou para a caminha confortavelmente
forrada com um edredom com estampa de palhaços. — Pelo menos
não escutei seus gritos. Acho que ele não teve pesadelos.
O Joshua, quase todas as noites, tinha pesadelos. Mesmo após
todos esses anos, ele continuava sendo assombrado pela culpa.
— Ele não deveria ter abandonado o tratamento...
— Luke, essa é a Pipi.
Marion me interrompeu para mostrar uma boneca de cabelos
castanhos claros e olhos dourados que realmente se parecia com a
Pietra.
— Nossa, que linda! — Ela me entregou a boneca.
— Vamos brincar?
— De boneca?!
Eu quase soltei uma gargalhada. Nem nos meus tempos de
pirralho eu brincava com bonecos, quanto mais depois de grande.
— O Joshua e o vovô brincam. — Ela encheu as bochechinhas
de ar, mostrando insatisfação e cruzando os bracinhos no peito.
— Princesa Marion, hora do lanchinho. — Silvia chegou para me
salvar, entrando no quarto com uma bandeja com suco, bolo, biscoito
e uma maçã. — Boa tarde, senhor Luke!
Eu a ajudei com a bandeja, mas antes beijei levemente sua
testa.
— Tudo bem, minha véia? — Ela sorriu.
— Tudo ótimo. E melhor agora, que Deus nos mandou um anjo
— sussurrou.
— Venha, Estrelinha. Sente-se aqui e como tudinho — chamei a
Marion enquanto deixava a bandeja sobre a mesa e puxava a
cadeira. Ela abraçou a boneca e se sentou igual a uma mocinha
comportada. — Marion, fique aqui com a Silvia, eu e o seu avô
estaremos lá embaixo esperando por você. — Olhei para Silvia. —
Arrume as coisinhas dela...
— Eu não quero ir agora, quero ficar mais um pouquinho. — Ela
me encarou com aqueles olhinhos pedintes, iguais aos da irmã.
— Marion, tem alguém em sua casa que está morrendo de
saudade de você.
— Busca a Pipi, a casa é grande, cabe ela também. — Papai
soltou uma gargalhada.
— Ela já está se sentindo dona da casa — ele falou, olhando
feliz para o rosto da Marion.
— Sim, senhorita mandona, mas além da Pipi, tem outra pessoa
que está com saudades... — Fiz uma pausa e ela me fitou, curiosa.
— Seu papai, ele está esperando por você.
— Papai chegou! — Gritou, feliz. — E a mamãe veio também?
Ela lembra da Marion? Lembra, Luke?
Papai me encarou sem entender o porquê da pergunta e da
tristeza imediata da menina, mas eu já sabia o motivo.
— Seu papai voltou sozinho, mas quer vê-la. Então coma
tudinho, daqui a pouco venho lhe buscar.
Deixei a Marion com a Silvia. Papai me acompanhou até o seu
escritório no andar térreo. Entramos no amplo ambiente
confortavelmente decorado e iluminado pelas amplas janelas de
vidro. O local era aromatizado pela brisa do mar, misturada ao
perfume das flores do jardim. Ele se sentou na sua poltrona favorita,
pegou o celular e ligou para o Joshua, avisando-o que eu vim buscar
a Marion. Enquanto ele conversava, eu me sentei na outra poltrona,
uma de couro negro.
— Joshua já está vindo. Pediu para não ir antes de ele chegar.
— Como estão as coisas em Gramado? O hotel fica pronto
quando?
Em breve será inaugurado mais um hotel da nossa rede, e desta
vez a cidade escolhida foi Gramado, devido ao clima e ao alto índice
de turistas.
— Daqui a três ou cinco meses, no máximo. Joshua está
pensando em ir ele mesmo administrá-lo, mas para isso acontecer
ele vai precisar encontrar alguém muito competente para cuidar do
hotel da ilha. Até lá, ele ficará indo e vindo.
O sonho do papai era que os seus dois filhos administrassem a
rede hoteleira da família. Não nego que sempre gostei deste ramo e,
apesar de não ter conseguido terminar a faculdade, se eu tivesses
que escolher algo para fazer que não fosse produções de eventos,
eu teria coragem de encarar aquele desafio. Começaria com uma
pousada, depois, sei lá, acho que criaria a minha própria rede.
— Luke, por que a Marion disse aquilo sobre a mãe dela? Não
foi a primeira vez que a escutei dizer isso, ontem ela chorava com
saudade da irmã, e entre as lágrimas que derramava, repetia que a
irmã se esqueceria dela igual a mãe.
Respirei fundo. Não gostava de pensar que uma criança tão
meiga sofria tanto por causa da doença da mãe. Ela nem entendia
ao certo o que estava acontecendo.
— A mãe da Marion e da Pietra tem DA, Alzheimer.
— Puta merda! Quantos anos ela tem?
— Eu não sei, mas deve ser jovem. O que eu sei é que os
sintomas apareceram aos trinta anos e agora ela está em um
estágio bem ruim. Para piorar, ela está desaparecida, e o marido, o
pai da Marion, está feito um louco à procura dela. A Marion pensa
que a mãe está no hospital.
— Que merda!
— Eu também fiquei chocado quando a Pietra me contou toda a
história. — Papai cruzou os braços no peito e me encarou quando
citei o nome da Pietra.
— Então é verdade? — Ele descruzou os braços e apoiou as
mãos nas coxas, inclinando o corpo para frente.
— O que é verdade? — Eu já sabia mais ou menos do teor da
pergunta.
— Você está envolvido com a irmã da Marion? — Papai se
levantou e foi até a porta de vidro que dava acesso ao jardim. Parou,
enfiou as mãos nos bolsos da calça e ficou por alguns segundos
admirando a vista. — Luke, eu nunca interferi em seus
relacionamentos, mas o Joshua...
— Eu não estou envolvido, estou apaixonado. — Não o deixei
continuar, pois eu já sabia o que ele falaria e tenho a certeza de que
terminaríamos discutindo. — Pai, eu sei o que estou fazendo. O que
eu sinto pela Pietra é diferente, portanto, não precisa jogar um
sermão em minha cara.
— Sabe mesmo, Luke? — É, eu acho que vai rolar uma DR. —
Pois quer saber? Eu não acho que sabe, pois se soubesse já teria
tentado mudar de vida ou pelo menos de atitude. Eu soube da briga
que você teve com o filho do delegado e depois com o dono da
sorveteria. É assim que quer assumir um relacionamento? Quando
você vai parar de querer resolver tudo na base da porrada? Quando
vai tomar consciência que essa sua vida não o levará a lugar algum?
— Ele se virou e me encarou com aqueles olhos inquisidores que eu
tanto conhecia. — Quando vai virar um homem de
responsabilidades? Eu nem sempre estarei presente para livrá-lo das
merdas que faz e o seu irmão não é tão paciente quanto eu. Acho
que está na hora de mudar de conceitos, Luke. Aproveite esse seu
amor...
— Chega! — vociferei, levantando-me. — Eu não vim aqui para
escutar como devo agir com a minha vida. Quando quiser conselhos,
eu lhe peço.
— Luke! Eu sou o seu pai, não...
— Luke, Luke, olha o que eu ganhei... — Papai se calou assim
que a Marion entrou correndo no escritório. Eu também me calei e
imediatamente mudei minha atitude. — Vocês estão brigando? —
Seus olhinhos curiosos corriam ligeiros entre meu pai e eu.
— Não, só estamos conversando com a voz um pouco alterada,
meu amor. Então, o que foi que você ganhou?
— Isso. O vovô disse que era seu. — Ela me mostrou um peão.
Eu o peguei e imediatamente me lembrei de quando era criança.
Papai me deu o brinquedo quando eu tinha cinco anos,
costumávamos sentar na varanda de casa e passávamos horas
jogando. Olhei para ele com o peão na mão. Nossos olhares se
fixaram e eu soube que as nossas lembranças eram as mesmas. O
brilho emotivo de seus olhos com certeza refletia o dos meus.
— Sim, era meu. Brinquei muito com ele. — Limpei a garganta e
entreguei o brinquedo novamente a ela. — Já sabe brincar com ele?
— O vovô me ensinou. — Também foi com ele que eu aprendi.
Ela se sentou no chão e começou a brincar. — Viu que eu sei jogar?
Meio desajeitada, ela brincava, e eu me via através dela. Nas
vezes em que tentava manter o peão girando.
— Nossa, que menininha esperta! — Joshua disse, animado.
— Joshua! — Marion largou o brinquedo e correu para os
braços dele. — Vou ficar com saudade, muita saudade, sabia?
Marion recebeu um abraço apertado e um beijo na cabeça.
— Eu também, princesinha, mas sempre que quiser vir é só
pedir ao Luke que ele a trará aqui.
— Posso morar aqui com vocês? O vovô disse que pode. Eu
posso trazer o papai e a mamãe também? Vamos ser uma família
bem grandona, desse tamanhão. — Ela abriu os bracinhos.
— Claro que pode, não é, papai? — Joshua olhou na direção do
nosso pai e piscou um olho.
— Claro que sim, se o papai da Marion quiser.
— Ok, mocinha, agora vamos embora antes que você resolva
trazer todos que conhece para vir morar aqui.
Ela se jogou em meus braços, mas antes beijou o Joshua.
— Amo você, Joshua.
— Eu também a amo muito, princesa.
— Tchau, tia. — Olhou para Silvia e mandou um beijo com a
mãozinha.
Silvia devolveu o beijo e saiu, emocionada. Havia muito tempo
que esta casa não sentia tanta alegria.
— E eu não ganho um beijo? — Papai se aproximou.
Marion jogou os bracinhos ao redor do pescoço dele e o
presentou com um beijo demorado no rosto.
— Amo você, vovô.
— Eu também, minha princesa.
Joshua e papai nos seguiram até o carro. Deixei a Marion no
banco de trás, presa ao cinto de segurança e agarrada à sua nova
boneca, Pipi.
— Crie juízo, filho. Não destrua a oportunidade de ser feliz.
— Pai, sem sermão.
— Ok, quando puder, traga-a para nos visitar. — Ele acenou
para Marion e o Joshua também.
— Não se preocupem, se depender de mim ela sempre virá vê-
los.
Entrei no carro, e enquanto guiava em direção ao portão de
saída, via meu pai e meu irmão desaparecerem pelo espelho
retrovisor.
Capítulo 15

Deixei as lembranças de quando era criança no meu passado


tenebroso. As únicas que ainda me acompanhavam eram a de
quando minha mãe morreu. Elas me assombram todas as noites,
ainda escuto o som da explosão da lancha nos corais. O ranger dos
meus dentes quando a lancha da marinha me resgatou da água fria
do mar. Passei quase duas horas boiando, à deriva. O local onde
sofremos o acidente ficava a poucos metros do ancoradouro de lá de
casa, por isso demoraram para virem nos resgatar. A minha sorte foi
que um pescador viu o fogo e chamou o resgate. Saí da água
tremendo e mudo. Durante dias fiquei sem falar, sem expressar
nenhuma emoção.
Estava vazio por dentro.
Sentindo a falta dela.
Todas as manhãs, eu escutava sua voz me chamando, e eu
respondia, mas segundos depois percebia que era só a minha mente
me pregando uma peça.
Um mês depois, eu voltei para a escola, e foi aí que minha vida
mudou.
Quase todos os dias eu me metia em brigas. Nas primeiras
vezes, apanhei muito, mas não por muito tempo. Apanhar me ensinou
a bater e só parar quando meu rival não conseguisse mais se mover.
A partir daí me tornei o menino mau, o menino com quem
nenhum outro queria se meter.
Foram várias e várias escolas. Não conseguia ficar mais do que
seis meses em uma. Se o papai não fosse milionário e muito
conhecido, e por que não dizer generoso, eu certamente teria que
estudar em casa, pois me tornei o menino problema, o menino que
nenhuma instituição de ensino queria. Minha adolescência foi regada
a muita bebida, farra e sexo. A única coisa que eu não quis
experimentar foram as drogas ilícitas. Eu já fumava meu cigarro, que
atualmente estava tentando largar, mas era só isso. Porém eu me
viciei em sexo, acho que era a minha válvula de escape. Eu fodia
muito, trepava adoidado.
Por causa disso, sempre vivia trocando socos com alguém, pois
não me importava se a porra da mulher estava só ou acompanhada,
se me agradasse, eu a queria e só sossegava quando pegava.
Fui preso por desacato, por atentado ao pudor, por arruaça, por
desordem e por invasão de propriedade. Mas nunca fui fichado,
nunca passei a noite na cadeia.
Eu tenho um pai poderoso.
No entanto, fui obrigado a estudar fora do Brasil.
Fui estudar em Coimbra, Portugal. Mas minha vida não mudou
muito, continuei me envolvendo em confusão lá também.
E, para fugir dos sermões do papai, comecei a viajar. Viajava
mais do que estudava. Rodei o mundo, conheci muita gente. Meu
sobrenome atraía pessoas famosas, e foi assim que eu encontrei
uma maneira de me divertir, e por que não lucrar fazendo isso?
Mesmo não precisando. Conheci o Marco na Espanha. Eu nem sabia
que ele também estudava em Portugal, e a partir daí surgiu uma
grande amizade. Posteriormente, eu o convidei para trabalhar
comigo. Ele conhecia muita gente, assim como eu, e começamos a
produzir pequenos eventos em Portugal, Espanha e adjacências. O
clima em Portugal acabou esquentando por motivos puteris – minha
sede de comer qualquer boceta – e fui convidado a voltar para o
Brasil. Só que eu voltei com a agenda cheia de convidados para
conhecer a Ilha Paraíso de Corais e algumas regiões isoladas do
Brasil, começando assim a minha vida como produtor de eventos. Eu
queria diversão e sexo, e os gringos, um lugar seguro, longe dos
holofotes e dos paparazzi para que pudessem ser quem realmente
eram. Para que pudessem fazer o que bem quisessem e
entendessem.
Joshua e meu pai, a princípio, não viram as minhas ideias com
bons olhos, mas quando o hotel começou a lotar, e com isso a renda
per capita da ilha aumentou, eles abriram uma exceção, com uma
ressalva: minhas festas particulares ficariam na parte restrita da ilha.
Eu concordei na hora.
Sabia que essa exigência se dava ao fato das desconfianças
dos habitantes da ilha, que pensavam que eu não passava de um
traficante dos ricos e famosos. Eu deixei de ser um arruaceiro e
passei a ser visto como um bandido de costas quentes.
Durante anos, evitei meu pai. Joshua era o único com quem eu
mantinha contato, pois mesmo que eu não quisesse, ele sempre
estava na minha cola, me espionando. Não só eu, mas qualquer um
que trabalhasse para mim. As poucas vezes que cruzei meu caminho
com o de papai não foram muito agradáveis, pois ele sempre estava
pronto para aplicar os seus sermões.
E hoje não foi diferente.
Se, durante toda a época em que precisei de ajuda, ele em vez
de passar a mão em minha cabeça tivesse me dado esses sermões,
ou melhor, tivesse me dito um “não”, talvez hoje eu fosse uma
pessoa confiável.
Mas ao menos hoje nos comportamos um pouco melhor.
Talvez uma menininha linda tenha sido a bandeira da paz.
Olhei pelo vidro retrovisor, à procura dos seus olhinhos curiosos.
Eles estavam fechados, ela dormia agarrada à sua boneca, Pipi.
Estacionei o carro e saí com cuidado. Peguei sua mochila e a
pus no ombro. Ela se mexeu.
— Shh, quietinha. Já chegamos, mas continue dormindo. —
Peguei meu pequeno pacote nos braços.
Subi a escadas sem pressa.
— Luke, já chegamos? — Ela acordou, esfregou os olhos e
ergueu a cabeça, olhando em volta.
— Sim, olha sua casa lá em cima. — Apontei com a cabeça
para o alto.
As janelas e portas estavam fechadas, poderia dizer que não
havia ninguém lá dentro, mas eu sabia que havia. Parei diante da
porta de madeira pintada de branco e inspirei.
— Pronta para rever o seu papai? — perguntei sorrindo, olhando
para um lindo rostinho sorridente e dedinhos que faziam cócegas em
meus lábios.
— Saudade do meu papai. — Ela concordou com a cabeça e
articulou as palavras com sinceridade no olhar pueril.
Bati na madeira com as juntas dos dedos. A porta se abriu. Um
homem com aparência fadigada, olheiras profundas, cabelos
bagunçados e molhados, como se tivesse acabado de sair do banho,
surgiu à minha frente.
Ele me olhou com um olhar inquisidor, não muito amistoso, mas
assim que viu o pequeno anjo que eu trazia nos braços, seu rosto
imediatamente mudou e um sorriso encantador esticou os seus
lábios.
— Papai! — Marion gritou, seus bracinhos se abriram e ela se
jogou nos braços do homem que a encarava com lágrimas nos olhos.
— Meu amor, minha pequena flor cheirosa. Meu Deus, eu estava
morrendo de saudades...
Ele a abraçou apertado, por um momento pensei que fosse
sufocá-la. Marion era tão pequena que chegava a sumir no abraço
do pai.
Eu me contive, pois pensei em chamar-lhe a atenção.
O homem emocionado não me convidou a entrar, mas mesmo
assim eu entrei e o acompanhei. Era como se eu tivesse a obrigação
de proteger a pequena estrela que brilhava em seus braços. Não sei
dizer, mas já me sentia o protetor da pequenina.
— Papai, eu quase morri, doía aqui dentro. — Ela se afastou o
quanto pôde para mostrar ao pai com a mãozinha onde doía. —
Você ficou muito tempo longe da Marion, sabia?
Ela pegou o queixo do pai, forçando-o a fixar os olhos nela. Eu
fiquei com ciúmes, pois era exatamente assim que ela fazia comigo.
— Perdoe-me, minha florzinha. Perdoe-me, mas eu preciso
cuidar da sua mamãe. Você entende, não entende?
Marion piscou os olhinhos e a tristeza resplandeceu com força
neles.
— Mamãe lembra da Marion? Ela ainda ama a Marion?
Por Deus, eu quase gritei. Um nó torceu forte em minha
garganta. O homem emocionado que estava diante de mim me
encarou e eu vi a dor no seu olhar.
— Oh, meu amor, é claro que sua mamãe lembra de você. Ela
pergunta todos os dias por você. — Ele mentiu.
E eu vi o quanto isso doeu nele. Ele engoliu com força, fechou os
olhos rapidamente. Não fazia ideia do quanto estava sendo difícil
para ele lidar com tudo isso. A mulher a quem tanto amava, a mãe
das suas filhas, não lembrava mais de nenhum deles e talvez nunca
mais voltasse a lembrar. Ela ficaria presa para sempre em outro
mundo que desconhecíamos.
— Quando ela volta para Marion e para Pipi? — A pequena
mãozinha mudou de posição e agora tocava o rosto do pai, na barba
de pelos espessos, que agora estavam aparados.
— Logo. Mamãe voltará logo, pois está com muitas saudades
da linda filhinha dela.
— E da Pipi?
— Sim, e da Pipi.
Marion olhou para mim.
— Papai, esse é o Luke, o namorado da Pipi. Ele é lindo, não é?
Quando eu crescer eu quero um namorado assim, todo colorido.
Eu enfrentei um par de olhos não muito amáveis.
— Bem, você mudará de opinião várias vezes até chegar o dia
em que pensará em namorar. — Ele desviou os olhos de mim e
voltou a encarar a filha. — E esse vestido lindo, onde arrumou ele?
— Gostou, papai? Eu sou uma princesa, tenho até varinha. —
Ela olhou para mim. — Luke, cadê a minha varinha?
— Acho que você esqueceu. — Ela fez uma carinha triste. — Ei,
depois eu pego, certo? — Mesmo com o olhar tristinho ela
concordou. Desviei os olhos para o homem que olhava admirado
para filha. — A Pietra está acordada, será que eu posso falar com
ela? — perguntei, com medo de ouvir um não como resposta.
— Eu levo você ao quarto dela. — Marion foi rápida, não deu
tempo ao pai de me dizer um não.
Ela desceu dos braços do pai e pegou em minha mão. Quando
eu percebi, já estava no quarto da minha bela garota.
Pietra dormia, mas não por muito tempo, pois a pequena sapeca
se jogou na cama, por cima da irmã.
— Pipi, Pipi! Acorde, Marion chegou! Olha, olha, quem veio ver
você! Olha o que eu ganhei... eu ganhei um montão de presentes e o
meu vestido de princesa. Olha como ele é bonito!
Ela ficou de pé na cama e começou a pular e soltar gritinhos.
— Meu Deus! Onde é o incêndio? — Pietra abriu os olhos e
tentou conciliar tanta informação. Eu tentava segurar a menina
espoleta.
— Marion, se acalme, sua irmã está doente. Venha cá,
Estrelinha...
Eu tentei segurá-la, mas toda vez que tentava ela escapava para
longe.
— Deixa, Luke. Ela vai parar já, já. — Minha mão foi tocada por
uma mão macia e quente, e automaticamente meu corpo inteiro
acendeu. Era como se todas as células do meu corpo estivessem
adormecidas e bastasse só um toque dela para que despertassem
para a vida.
Pietra percebeu minha eletricidade e os seus olhos fitaram sua
mão sobre a minha, para logo depois deslizarem para o meu rosto.
Foi a porra do olhar mais foda que já recebi na vida, ela literalmente
me devorava.
Sim, pode me chamar de tarado, eu sou. Se quiserem podem
me crucificar, não ligo.
Fiquei de pau duro só com aquele olhar faminto. Já fazia tempo
que eu não a provava e a minha boca, língua e pau estavam
salivando de vontade.
— Você está melhor? Sente alguma dor ou desconforto? Se
precisar de algo, peça, que eu juro que irei onde for preciso, mas
conseguirei para você o mais rápido que puder.
Ela sorriu, e eu quase derreti. O amor era uma droga, nos
deixava bobos até com um simples sorriso.
— Agora estou ótima. Você está aqui, não preciso de mais
nada.
É, o amor era uma droga fodida da porra. Ela me jogava de
joelhos sem precisar fazer muito.
— Senhor Luke, acho que precisamos conversar.
A porra agora acabava de ficar tensa.
A voz concentrada do homem atrás de mim gelou minha espinha.
Se fosse outra pessoa, já o teria mandado para puta que o pariu,
mas o homem em questão era o pai da garota que mandava em meu
coração.
— Papai, por favor.
Pietra olhou para trás de mim e tentou se levantar, mas eu a
impedi imediatamente com a mão.
— Está tudo bem, não se preocupe. Fique aqui quietinha —
disse, olhando suplicante para o seu rosto. — Marion, cuide da sua
irmã enquanto eu e seu pai conversamos. — Pisquei um olho para
Marion e depois soltei um beijo no ar para Pietra.
— Ela ficará quietinha, Luke, eu juro. — Marion se jogou nos
braços da irmã.
Virei, dando as costas para Pietra. Eu sabia que ela estava
preocupada, pois conhecia o meu temperamento e com certeza
conhecia o do pai. Talvez fôssemos parecidos e isso a preocupava.
Confesso que a mim também.
Ele estava na cozinha, mexendo na cafeteira e virado de costas
para mim.
— Meu nome é Paolo Costas, não sei se a Pietra lhe disse. E
antes que comece a se explicar, eu peço que me escute sem me
interromper.
Eu cruzei os braços na altura do peito e fiquei encarando as
costas do homem sisudo diante de mim. Ele continuava preparando o
café.
— Eu sei bem quem você é, quando cheguei aqui e descobriram
que eu tinha uma filha muito jovem, fui avisado sobre sua reputação,
como também sobre de quem você é filho...
Silêncio.
Ele se virou e em quatro passos estávamos face a face. Ele era
um pouco mais alto do que eu.
— Quero que saiba que não tenho medo do seu pai, nem de
você. Quero que saiba que eu também tenho amigos muito perigosos
e que tenho porte de arma e ando armado. Sou um policial não muito
paciente com bandidos, sei desovar um corpo sem deixar pistas, e
se eu desconfiar que está fazendo a minha filha de boba ou tentando
brincar com os sentimentos dela, eu não pensarei duas vezes em
matar você. Estamos entendidos?
Mantive o olhar fixo ao dele. Eu mal respirava, continuei de
braços cruzados no peito.
Inspirei.
— Eu quero que o senhor saiba que eu amo a sua filha e isso
basta. Estamos entendidos?
Seus olhos varreram meu rosto por alguns segundos. Ele me
estudava como um excelente policial.
— Estamos, mas não se esqueça de que estarei de olho em
você e em suas atividades. Se realmente quiser continuar com a
minha filha, terá que abandonar sua vida de marginal, ou eu mesmo
providenciarei sua ida para o inferno ou para a cadeia. E isso não é
uma ameaça, é uma constatação, entendeu? — Ele se virou, foi até
a pia. — Quer café?
— Quero.
Ele serviu duas xícaras e as trouxe até a mesa.
— Sente-se e sirva-se. — Mostrou o açúcar e o leite. — Nada
de confusão, orgias e drogas. Amanhã estarei voltando para o
hospital, e quando eu voltar para cá eu quero essa ilha limpa e você
também. Arrume um emprego e volte a estudar, pois eu sei que
largou a faculdade para viver uma vida fácil. Eu não ligava para o que
acontecia nesta ilha, não ligava para o bandido que você era, mas
agora você está apaixonado por minha filha e ela por você. — Como
ele tinha tanta certeza disso? — Não me olhe assim, eu sei que está.
Como sei também que não posso ficar contra o relacionamento de
vocês, pois não iria adiantar, mas eu posso fazer exigências. Se você
realmente quer ficar com ela, mostre-me o tamanho do seu amor e
mude para melhor, pois quando amamos alguém com muita
intensidade, fazemos de tudo para proteger essa pessoa. Vá por
mim, eu sei o que digo. — Ele bebeu o café sem desviar os olhos do
meu rosto. — Caso isto não aconteça, você estará muito
encrencado.
Ele voltou a bebericar o café na xícara.
— Eu não sou traficante. — Eu nunca achei necessário me
retratar com alguém, pois gostava da ideia de meter medo nas
pessoas, mas agora era diferente. — Não compro, não vendo e não
uso drogas. Sim, eu sou esquentado, vivo me metendo em brigas,
mas este é o meu temperamento. Quanto às minhas festas
particulares, o que os meus convidados usam não é da minha conta,
eles trazem com eles, só sou pago para organizar o evento. E eu lhe
garanto que a Pietra não chegará nem a mil metros de distância de
qualquer festa VIP que for organizada por mim. O senhor tem a
minha palavra.
Ele se levantou calmamente e veio até onde eu estava sentado.
Eu me levantei, não era justo ficar em desvantagem. Ficamos mais
uma vez frente a frente.
— Luke, se você quer continuar levando a fama de bandido sem
ser, eu não me importo. A vida é sua, a reputação é sua, para você
tanto fez ou tanto faz, mas eu lhe garanto que a minha filha não será
chamada de mulher de bandido, não mesmo. Portanto, ou você muda
ou eu garantirei que fique bem longe da Pietra. A escolha é sua. —
Ele se afastou. — Nossa conversa acabou. Vá se despedir da minha
filha e caia fora da minha casa. — Respirou fundo. — E antes que
me esqueça, deixe o número do seu telefone anotado.
Ele passou por mim e entrou em outro quarto. A conversa foi
muito mais difícil do que eu pensava. Engoli o meu orgulho e a
vontade de bater na porta do quarto dele e o mandar ir se foder.
Respirei fundo, retirei o meu cartão de visitas da carteira e o deixei
sobre a mesa, fiz cara de feliz e segui para o quarto da Pietra.
Ela estava de olhos fechados e Marion dormia aninhada em seu
peito. Aproximei-me e me inclinei, juntando os lábios aos dela. Eu a
beijei lentamente, sem fazer força, e aos poucos sua boca se
entreabriu, deixando minha língua sedenta escorregar por entre seus
lábios e se aquecer no calor da sua carne suculenta e macia. Eu me
sentei no colchão, pus a mão por baixo da sua nuca e provei com
mais força sua boca.
Ela era deliciosa.
Pietra fez um barulhinho de tesão, e eu chupei sua língua.
Caralho, aquilo me remeteu a momentos ébrios de prazer, quando eu
chupava seu grelinho e me fartava em sua boceta, mordendo suas
dobras.
Só podia ser sacanagem, eu nunca fiquei tanto tempo sem foder.
Sei que se quisesse trepar com alguém era só mandar uma
mensagem para quantas bocetas fossem, que elas estariam me
esperando na casa VIP. Mas eu não queria mais qualquer boceta, eu
queria esta boceta que estava a poucos centímetros de mim.
Acabei de descobrir que sou fiel.
— Garota, eu preciso ir, ou corro o risco de ser morto — disse
baixinho, sem afastar os lábios da sua boca. — Estou de pau duro e
vazando, se ficar mais um pouco perto de você, pego a Marion, levo
para o quarto dela, volto aqui, tranco a porta e faço sexo com você
com força, batendo meu pau na sua boceta apertada enquanto minha
mão tapa a sua boca para que não solte gemidos. E eu garanto que
iria adorar fazer isso...
Voltei a beijá-la e a minha mão se enterrou por baixo do lençol
até ficar entre suas coxas e os meus dedos encontrarem o elástico
da sua calcinha.
Sim, eu não tinha juízo, grande novidade!
Eu tinha mesmo era muito tesão, essa é a verdade. Abri os
olhos e encontrei um par de olhos castanhos abismados com a minha
ousadia. Meus dedos se embrenharam no calor quente da sua
boceta, varrendo sua excitação, lambuzando-se.
— Estou fodido. Você me enlouquece, sabia? — murmurei em
sua boca. Pietra mal se movia, só as suas coxas que apertavam
meus dedos. Ela estava tentando conter o tesão. — Juro que se a
Marion não estivesse aqui eu chuparia sua boceta, nem que fosse só
por alguns segundos. — Enfiei os dedos em sua abertura, e o
impacto da nossa volúpia fez com que ela arqueasse o corpo e a
Marion se mexesse.
Parei e retirei os dedos de dentro da sua boceta.
— Luke... — Pietra me olhou daquele jeito que me deixava
louco.
— Oi...
— Você é maluco.
— Eu sei. — Levei os dedos à boca e os chupei. — E você é
deliciosa e cheirosa. — Cheirei meus dedos e ela fez uma careta. Eu
sorri. — Amo você, amo muito. Agora eu tenho que ir, pois preciso
foder meu pau com os dedos. — Pisquei um olho e a beijei
levemente.
— Luke, você não irá atrás de alguma mulher para...
Beijei-a, não a deixando completar a frase.
— Você precisa confiar em mim, certo? — Ajeitei o pau na frente
da bermuda, escondendo seu volume o quanto eu pude. — Quando o
seu pai for embora, me avise. Acho melhor não o provocar. Boa
noite!
Ela segurou a minha mão.
— Luke, não respondeu à minha pergunta. Você não vai atrás...
Inclinei o corpo e encontrei seus lábios.
— Não respondi e nem responderei. Aprenda a confiar em mim.
Beijei sua testa e depois o alto da cabeça da Marion.
Pietra fechou os olhos e virou o rosto. Ficou zangada, e eu sei
que ficou insegura. Não tiro sua razão, afinal eu sou a porra de um
puto insaciável e o meu passado me condena.
Comecei a pensar que realmente ter uma fama de mau não era
vantagem para quando se estava apaixonado por alguém. No
entanto, a Pietra me conheceu assim e teria que conhecer o meu
outro lado, também. O lado fiel, que eu nem mesmo sabia que
existia.

Luke, às vezes, me deixava louca. De todas as formas, é claro,


mas uma delas era com o seu jeito alfa de ser, sempre querendo me
deixar insegura. Ou talvez eu fosse mesmo insegura. O interessante
era que ele sempre fazia com que me sentisse culpada, com uma
vontade louca de correr até ele e lhe pedir desculpas. Talvez seja
paranoia minha. Ou não. Não sei...
Merda! Deixa de ser imatura, Pietra. O Luke não precisa de
uma pirralha insegura, ele precisa de uma mulher de verdade.
Mas eu não era uma mulher, era a merda de uma garota que
tinha acabado de sair da adolescência.
O que há com você, Pietra? Ele sabe disso, ele sabe que você
não tem experiência, que é uma bobona apaixonada e só isso.
Idiota!
Ele era um idiota.
Olhei para a Marion, que dormia com o rostinho enfiado na curva
do meu pescoço. Empurrei seu corpo com cuidado e deitei sua
cabeça no travesseiro.
Levantei, vesti o roupão e saí à procura do papai.
Ao abrir a porta, escutei o barulho de pratos e panelas vindo da
cozinha. Dei dois passos e me senti meio tonta. Parei e respirei
fundo.
Isso é o que dava ficar muito tempo deitada.
Papai estava lavando a louça.
— Pietra, filha, por que se levantou? Eu ia levar o seu jantar na
cama. — Ele se virou, e assim que me viu de pé na porta da cozinha
veio até mim e me guiou para a cadeira mais próxima. — Você está
bem? — Balancei a cabeça, dizendo que sim. — Oh, meu amor, me
perdoe por não cuidar de você como um pai deve cuidar.
Ele me abraçou, beijando minha testa com emoção.
— Papai, estou bem. A culpa foi minha, fui eu quem tomou
chuva, e na pressa de cuidar da Marion deixei a roupa secar no
corpo e terminei dormindo com os cabelos molhados. Eu não estava
me alimentando direito e a anemia deixou meu sistema imunológico
fraco, por isso, o que devia ser uma gripe, virou pneumonia. Mas
estou medicada e melhorando, não se preocupe.
Segurei sua mão e a acariciei. Ele estava muito preocupado,
olhava-me com extremo cuidado, como se quisesse desvendar meus
pensamentos.
— Pietra, vou ligar para a clínica onde sua mãe está internada e
avisarei que só irei dentro de alguns dias. Não posso deixar você
sozinha e assim...
— Não, já disse que estou bem. O senhor precisa ir buscar a
mamãe, ela já ficou muito tempo longe da gente. Por favor, ela
precisa do senhor.
Papai puxou minha mão, levando-a de encontro aos seus lábios
e depositando um beijo lento sobre o dorso.
— Filha, é sobre isso que eu preciso lhe falar. Eu tomei uma
decisão, e se eu tivesse feito isso antes, não estaríamos passando
por isso. Nem sua mãe teria sofrido tanto...
Papai deixou a emoção transparecer através do brilho enevoado
dos seus olhos. Baixou a cabeça, respirou fundo. Senti o tremor do
seu corpo. Eu já sabia mais ou menos qual era a decisão, e isso me
deixou tensa.
— Sua mãe não lembra de nós, filha, sequer lembra do próprio
nome. A falta de medicações e cuidados pioraram seu quadro
clínico, então eu decidi que a levarei direto para aquela clínica que o
médico indicou. Não tenho condições de cuidar de vocês e de sua
mãe ao mesmo tempo. Eu até poderia pensar em contratar alguém
para cuidar dela enquanto estivesse trabalhando, mas não posso
expor a Marion a tanto sofrimento, ela é muito pequena para
entender que a mamãe se esquece dela porque está doente. Então é
melhor deixar sua mãe por um tempo na clínica, até que a Marion
entenda o que está acontecendo. Você compreende, filha?
É claro que eu compreendia. Desde a primeira crise da mamãe,
o médico que cuidava dela nos aconselhou a interná-la, que isso
seria melhor para ela e para nós, pois mesmo com uma pessoa
cuidando da Marion, a mamãe não era confiável. Só que na época os
sentimentos do papai falaram mais alto e ele não concordou. Eu não
o culpava, não devia ser fácil para ele ver a mulher que amava
definhando, perdendo a memória sem que ele pudesse fazer nada.
— Será melhor para todos nós. Eu entendo, papai, mas
precisamos conversar com a Marion, ela precisa saber que a mamãe
está muito doente e que a doença está fazendo com que se esqueça
das coisas. A Marion é esperta, e aos poucos ela irá aceitar.
— Concordo, filha, prometo que quando eu voltar levarei sua
irmã a um especialista. Ele será mais adequado para ter esta
conversa com ela.
— Eu sinto muito, papai, sinto mesmo...
Engoli o choro preso na garganta.
— Oh, minha querida. Não sinta, ninguém é culpado de nada.
Mas não se preocupe, logo nossa vida voltará ao normal, se
podemos chamar algo mais de normal. Assim que tudo estiver certo
com sua mãe, voltaremos para nossa casa e você poderá ir para a
faculdade, a Marion para a escolinha e eu posso retomar as minhas
atividades. Vida que segue, filha.
Ele completou com tristeza.
— Vamos voltar para a capital? — questionei, surpresa em
saber que em breve voltaríamos para nossa casa antiga.
— Sim, quero voltar o quanto antes, acho que em dois meses,
no máximo três. O contrato de aluguel dos nossos inquilinos vencerá
em um mês e meio e preciso tirá-la dessa ilha o quanto antes.
— Papai, essa pressa toda é por causa do Luke? Se for, quero
logo avisar que não adiantará querer nos separar. Eu não desistirei
dele... — Se ele pensava que me afastar do Luke faria com que
deixasse de amá-lo, estava muito enganado. — Papai, eu amo o
Luke e ele me ama. Eu não me importo com o que o povo pensa
sobre ele...
— Mas eu me importo. — Ele me interrompeu. — E você se
importará também. Acredite, eu sei do que estou falando.
Principalmente quando começarem a apontar o dedo para você, a
chamando de “mulher de bandido”, “a dona da boca”, “mulher de
traficante” e coisas piores. As pessoas não perdoam, filha. Não
queira essa vida para você, eu garanto que não existe nada de
romântico nem de lindo em ganhar esses apelidos. Ninguém mais do
que eu sabe do que estou falando, já cansei de prender namoradas,
esposas, amantes, mães, irmãs e filhos de traficantes e de
bandidos. Até os que eram inocentes levavam a fama. Acredite, você
não conseguirá viver assim...
Ele segurou em meu queixo e fui forçada a olhar para o rosto
impassível.
— Imagine-se entrando em um lugar cheio de pessoas
desconhecidas e elas começarem a cochichar, ou se encontrando
com pessoas conhecidas e elas se afastarem de você por medo ou
vergonha. É isso que acontecerá, Pietra, sua vida virará um inferno.
— O Luke não deixará que isso aconteça, ele me protegerá —
falei com a voz embargada.
— Eu sei disso. Eu também não deixarei, mas e quando não
estivermos por perto? Pois nem sempre estaremos ao seu lado.
— E o que é que o senhor quer que eu faça? Que eu largue o
Luke, desista dele? Eu o amo... — Desabei a chorar.
— Ei... Não precisa chorar, eu já conversei com o Luke. Ele
precisará se decidir, se realmente a ama, ele mudará por você. Filha,
não estou dizendo que será fácil, uma boa reputação demora muito
para ser restituída. Muitas vezes nem se restitui por completo, mas
ele só precisa mudar algumas coisas na vida dele. Fazendo isso, não
se preocupe que eu e ele cuidaremos do resto. Seu namorado pode
ser um bad boy, mas, se ele realmente a ama, ele provará o seu
valor. Certo? Está com fome?
Seu rosto mudou e logo um sorriso surgiu em seus lábios. Dedos
carinhosos limparam meu rosto, enxugando minhas lágrimas. Fui
beijada na testa, nas bochechas e meu corpo foi apertado por
braços protetores.
— Pietra, eu a amo tanto, mas tanto, que seria capaz de
reinventar o Luke só para não a ver chorar. Você é minha filha,
mesmo que não seja biológica, é minha filha de alma. Nunca se
esqueça disso.
— Eu também amo muito você. Como diz a Marion, amo de
montão... — Rimos juntos. — O que temos para o jantar?
— Meu famoso macarrão com queijo, bife acebolado e um
delicioso purê de cenoura com creme de leite. Então, é ou não é
maravilhoso?
— Não podia ser melhor, papai.
Decidimos não acordar a Marion, e se ela acordasse, faríamos
algo mais leve para ela comer. Depois do jantar, eu o ajudei com a
louça e fomos assistir um pouco de TV. Papai me contou suas
aventuras em busca da mamãe e a cada palavra que me dizia, eu
tinha a certeza absoluta da imensidão de amor que ele sentia por
ela. Passar por tudo que ele passou faria outro homem no seu lugar
já ter desistido de encontrá-la viva, pois por várias vezes ele precisou
reconhecer corpos de mulheres que tinham características físicas
parecidas com as dela.
— Vamos dormir, querida? Você precisa descansar, onde estão
seus remédios?
Ele foi buscar os remédios.
— Filha, amanhã sairei logo cedo. Não quero me despedir da
Marion, você sabe como ela fica quando vou embora. Só lhe diga
que logo, logo estarei de volta, ok?
— Eu digo sim, papai.
Abraçados, seguimos até a porta do meu quarto, entrou, pegou
a Marion nos braços e a levou para o quartinho dela, eu o segui, ele
a deixou na caminha, beijou-a na testa e despois veio até mim e me
acompanhou de volta ao meu quarto. Paramos. Ele me deu um
abraço bem apertado.
— Minha filha maravilhosa, eu sinto muito orgulho de você e sei
que você cuidará da sua irmãzinha muito bem. Amo você, amo muito.
— Também te amo, papai. Boa noite!
— Boa noite, meu amor. Em dois dias, no máximo três,
estaremos de volta e nossa vida se reestabelecerá, eu prometo.
— Eu sei, papai.
Beijei seu rosto. Papai esperou que eu fechasse a porta. Ainda
escutei seus passos indo em direção ao quarto.
Sentei na cama, peguei meu celular e digitei uma mensagem
para o Luke.
“Estou com saudade. Não sei explicar, mas estou sentindo um
nó na garganta, um aperto no peito. Quero chorar, quero você, sinto
a sua falta.”
Enviei.
Alguns segundos depois, recebi a resposta.
“Estou a caminho. Deixe a janela do quarto encostada.”
Quinze minutos depois, ele estava dentro do meu quarto, deitado
na cama comigo.
— Quieta. Chore o quanto quiser, estou aqui para secar suas
lágrimas, e quando você dormir, irei embora. — Ele cochichou bem
próximo à minha orelha enquanto acariciava meus cabelos.
E foi assim que adormeci, depois de muito chorar. Eu não sabia
o motivo das lágrimas, só queria me livrar delas. Luke não fez
perguntas, só me abraçou apertado e eu adormeci em seus braços.
Capítulo 16

Meu sono sempre foi leve, por isso quando meu celular avisou
que eu tinha uma mensagem, bem lá no fundo eu já sabia que era da
Pietra. Estiquei o braço e alcancei o aparelho na mesinha de
cabeceira. Preocupado com ela, resolvi dormir na lancha, assim eu
ficaria mais perto, caso ela precisasse de mim. Mesmo com seu pai
em casa, nunca se sabe, né? Até porque eu já estava me sentindo
importante demais para ser colocado de lado. Ao ler a mensagem,
senti como se estivesse escutando sua voz fraca e chorosa. Meu
chão estremeceu e eu quis matar quem quer que fosse que ousou
fazê-la ficar daquele jeito. Eu nem respirava enquanto escrevia a
resposta, e antes mesmo de enviá-la já estava perto da moto.
Sabe aquele cara hiperssexual, que só pensa em trepar?
Deixou de existir quando entrei no quarto e a vi, tão triste.
Caralho! Eu só queria tanger toda sua tristeza para bem longe. Só
queria abraçar e beijar aquela garota linda e frágil.
E foi o que eu fiz. Deitei-me ao seu lado, beijei a sua boca e
apertei seu corpo trêmulo contra o meu. Ela chorou por quase uma
hora. Não fiz perguntas, só lhe dei o que precisava.
Eu.
Já estava amanhecendo quando pulei a janela e voltei para a
lancha. Sem sono, resolvi me deitar no convés. Devo ter cochilado,
porque acordei com o barulho das gaivotas e as risadas das
pessoas que estavam se preparando para embarcar na primeira
balsa do dia. A marina onde deixava minha lancha ficava um pouco
próxima ao ancoradouro. Fui em busca de um café, e quando voltei
ao convés, dei de cara com o Paolo.
— Bom dia, Luke!
Lá estava ele com uma expressão indecifrável. Encarando-me
de cima a baixo, como se eu fosse um ser insignificante.
— Como soube que eu estava aqui? — Não me movi e o encarei
do mesmo jeito que ele me encarava.
— Não sabia, eu apenas perguntei onde ficava sua lancha. Só
queria deixar um recado. — Ele mostrou um papel embrulhado. —
Mas já que está aqui, darei pessoalmente. — Amassou o papel e o
pôs no bolso da calça. — Só queria lembrá-lo que se escolher ficar
com minha filha tenha em mente que suas escolhas serão refletidas
nela também, portanto, faça as escolhas certas. A Pietra é muito
jovem para ser marcada com os vincos da sua estupidez.
Paolo não me deixou responder, simplesmente virou as costas e
seguiu para o ancoradouro. Não sei se teria uma resposta adequada
para tal disparate. Mas mesmo que eu tivesse, ele já tinha a opinião
formada sobre mim e nada do que eu dissesse a mudaria. Ele seguiu
em direção ao carro, entrou e guiou para a fila de automóveis na
balsa. Enquanto bebericava o café, eu o observava e só desviei os
olhos do seu carro quando a balsa começou a navegar nas águas
calmas da baía.
Ele havia me dado um tempo para fazer as mudanças em minha
vida, mas o pior é que eu não fazia ideia de como ou por onde
começar. Nunca vi, em minha maneira de lidar com a vida ou em meu
trabalho, algo sujo ou imoral. Sujas e imorais eram as mentes de
algumas pessoas, por isso nunca me importei com a opinião de
terceiros. Não queria mudar, não precisava mudar. As pessoas é que
precisavam mudar de opinião a meu respeito, mas eu não estava
muito interessado nisso. Eu precisava mostrar ao pai da Pietra que
não era bandido, nem perigoso, sem precisar abrir mão do que eu
escolhi e do que gostava de fazer.
Terminei meu café, tomei um banho e fui me encontrar com o
Marco. Tinha responsabilidades, não podia simplesmente me abster
dos meus deveres como empresário. Decidido a dar continuidade às
minhas atividades, liguei para meu amigo e sócio, avisando-o que já
estava a caminho.
Apesar de a ilha não ser muito grande, ela tinha vias que muitas
vezes tornava o trânsito insuportável, por isso escolhi a moto em vez
do carro. Eu gostava de me sentir livre, do vento na cara e da
velocidade. Em cinco minutos, já estava diante do prédio de quatro
andares onde Marco morava.
— Que cara é essa? — Marco abriu a porta do apartamento
quase de olhos fechados.
— Sono. — Ele se afastou para que eu pudesse entrar. — Você
pode ser o fodão que não se importa em dormir só algumas horas,
mas eu preciso de no mínimo umas três, ou você correrá o risco de
ficar ao lado de alguém muito mal-humorado.
— Para o mau humor, café. — Entrei na cozinha e liguei a
cafeteira.
— E a Pietra, como está? — Marco se jogou no sofá. Ele estava
péssimo.
A culpa era minha, com a doença repentina da Pietra ele
assumiu sozinho a produção do show do domingo à noite na ilha
vizinha. Eu começava a aceitar a ideia de contratar pessoas novas
para ajudar nos eventos. Só nos eventos, porque nas reuniões
particulares a responsabilidade era minha.
— Ela está bem, daqui a pouco estou indo vê-la...
— Calma aí! — Ele se levantou e foi até a cozinha, pegou uma
xícara e se serviu de café.
— Acordou? — perguntei, olhando para ele com um sorriso
torto.
— Como assim, está indo ver a Pietra? Temos um dia cheio
hoje, ou você se esqueceu que temos dois eventos no final de
semana e duas festas VIP’s, uma com cinco convidados e a outra
com trinta? Endoidou? Vai me deixar sozinho nessa?
Ele tinha razão, não podia exigir tanta responsabilidade dele, as
festas VIP’s eram minhas, então só tinha um jeito.
— Cancele as VIP’s, não tenho cabeça para cuidar de riquinhos
e famosos loucos, a Pietra não está totalmente recuperada e precisa
da minha total atenção. Quanto aos dois shows, você pode dar início
sem mim. Só irei até a casa da Pietra, ver como ela está, e me
encontro com você no escritório.
Nós tínhamos um escritório na cidade muito bem montado e
equipado, com um grupo de pessoas que cuidava das divulgações e
da papelada, incluindo belas modelos muito gostosas, que eu já havia
comido várias vezes, e com duas delas a Pietra já havia
demonstrado ciúmes. Já estava na hora de dispensá-las. Não queria
provocar a minha garota, mesmo tendo a certeza de que a Pietra
precisava confiar em mim, e não na minha fama de comedor de
boceta.
— Cara, essa porra de amor está atrapalhando os negócios. É
melhor você começar a separar as coisas e começar a priorizar o
que é negócio do que é prazer.
— Não preciso fazer isso, eu sei o que é prioridade — disse,
deixando a xícara sobre a mesa.
— Ainda bem que sabe. — Marco me seguiu enquanto falava.
— Pois é, minha prioridade hoje é a Pietra. Até mais.
Fechei a porta na cara do Marco e desci as escadas
apressadamente, pois tinha pressa. Minha boca e língua estavam
sedentas. Antes de ir, passei na banca de flores da praça central e
comprei rosas.
Quem diria, Luke Sarajevo comprando rosas.
Deixei minha moto bem na entrada da escadaria que dava
acesso à casa da Pietra, e assim que desci vi a cortina da casa ao
lado se afastar. Era a casa da tal Mariana. Já estava no segundo
degrau, quando escutei uma voz atrás de mim.
— Se eu fosse você não iria até lá. O pai dela chegou ontem,
ele não vai gostar nada de saber que você está tentando seduzir a
filha dele.
Essa mulher fofoqueira tinha sorte, uma sorte filha da puta, pois
se fosse ontem ela escutaria poucas e boas. Porém, hoje eu estava
de bom humor e cheio de tesão, portanto, não tinha tempo de
mandar a vaca se foder.
— Eu sei, já conheci meu sogro. Bom dia para a senhora
também.
Virei as costas e continuei subindo.
— Marginal. — ela sussurrou.
Sem virar em sua direção eu articulei no tom que ele pudesse
escutar: — Puta fofoqueira.
— O quê!? Você me respeite, seu moleque!
Parei. Respirei e me virei. Ela estava procurando confusão.
— Se dê ao respeito. Acho melhor a senhora se preocupar com
sua vida — disse, descendo dois degraus — Não me queira como
inimigo, dona Mariana. É só um aviso.
Ela me encarou com os olhos arregalados, recuou, entrou em
casa e bateu a porta em minha cara.
Olhei em volta. Alguns vizinhos tinham saído de suas casas,
outros estavam nas janelas.
— E vocês, não têm o que fazer não? Chispem, vão foder
alguém!
Imediatamente portas e janelas foram fechadas com violência.
Cheguei em frente à porta da casa da Pietra e bati. Levei as
mãos atrás das costas e esperei pela minha garota.
Ela abriu a porta, surpresa, com os olhos fixados nos meus, os
cabelos bagunçados e em um pijama de bichinhos. Sorriu satisfeita
ao me ver.
— Bom dia, garota! — Mostrei o buquê de rosas vermelhas. —
Não se iluda com minha delicadeza, eu quero mesmo é jogá-la por
baixo do meu corpo e fazê-la gozar. Meu pau está pulsando de tanto
tesão.
Ela nem teve tempo de responder, eu a puxei para o meu corpo
e roubei sua boca, dominando sua língua, apalpando sua bunda e
espremendo seus peitos no meu.
— Gostosa do caralho. Eu quero essa boceta apertando meu
pau, garota. — disse enquanto a beijava.
— Cadê a Marion? — Afastei um pouco minha boca para
observá-la.
— No quarto dela — respondeu.
— Deus me ama — gracejei. Voltei a beijá-la enquanto a levava
para o seu quarto.
Com os pés suspensos do chão, Pietra só podia me segurar
pelos ombros. Ela mal conseguia respirar, pois minha boca comia
cada pedacinho da sua. Com uma mão, abri a porta e com o pé a
empurrei. Deixei a mão ir em direção à fechadura e virei a chave,
assim não teríamos surpresas.
— Lu... Luke. — Ela empurrou meu peito com as mãos. —
Minhas rosas! Ah, não!
O buquê estava espremido entre nós dois, algumas rosas
esmagadas.
— Eu compro outro — disse apressadamente, buscando sua
boca para continuar beijando.
Inclinei-me para um pouco mais perto e senti o cheiro adocicado
da sua pele sedosa. Isso fez crescer em mim um demônio
dominador. Seu cheiro me consumia, me deixava ainda mais
intoxicado, quase um puto enlouquecido.
Ah, ah... Caralho! Ela olhava para meu rosto como se estivesse
com fome de mim, faminta por tudo que eu fazia. De repente, senti-
me completo, como se tudo o que eu precisava fosse ela, somente
ela. Nada além dela.
À medida em que os segundos passavam e os meus braços
continuavam ao redor do seu corpo quente, senti o ar girar em torno
de nós. E quando senti o seu coração bater descompassado contra
o peito, eu percebi que não podia perder aquela garota. Eu precisava
fazer o impossível para não a perder, caso contrário estaria para
sempre perdido.
— Quero fazer sexo com você, garota. Quero deslizar o pau
lentamente dentro de você e depois quero entrar e sair com força,
deixando-a tonta de prazer, saciada do meu pau.
Deus, minha voz estava tão rouca, minha excitação correndo por
cada veia do meu corpo. Uma sensação de plenitude, que era como
se já estivéssemos envolvidos há muito tempo, como se nos
conhecêssemos por toda a vida.
— Luke, eu nunca ficarei saciada de você, sempre vou querer
mais e mais. Me foda, Luke, me foda com força.
Empurrei-a contra a cama. Pietra soltou um grito baixo, surpresa
pelo meu ímpeto voraz. Já estava ligado nos 220v, se não socasse o
pau em sua boceta entraria em curto circuito.
— Porra, você tem muita roupa, e eu também — articulei com
voz crua e rouca, e imediatamente me livrei da minha camisa,
bermuda e cueca. O tênis se foi junto com esta última, quando se
enganchou nela.
— Caralho, Luke! — Pietra se alarmou olhando diretamente para
meu membro gigante e grosso, babando como um cachorrão louco.
— É impressão minha ou essa porra ficou maior desde a última vez
que o vi? — Olhava admirada para ele, com os olhos brilhando,
cheios de tesão.
— Ele cresce na proporção do meu tesão. Eu estou vazando por
todos os poros, garota.
E então eu me ajoelhei no colchão, inclinei-me sobre ela e
comecei a despi-la. Estava com pressa, estava faminto. Com o
tesão me consumindo e as bolas doloridas, meu medo era não
conseguir sustentar meu fogo por muito tempo. Foi fácil arrancar
toda sua roupa, e quando ela ficou completamente nua, fixei os olhos
em tudo aquilo que era meu, só meu.
A Pietra não era um mulherão, não tinha um corpo de fazer os
homens virarem a cabeça. Ela era bem diferente das mulheres que
eu costumava comer. Já trepei com muitos corpos famosos e
anônimos. Modelos magricelas, modelos gostosas, atrizes com
corpos esculturais e de uma beleza facial de ficar boquiaberto.
Mas a Pietra tinha algo que nenhuma das mulheres que eu comi
tinham. Sua beleza não era visível aos olhos, sua beleza era
sensorial.
Agora, filosofei.
Sua beleza vinha do seu olhar, do seu sorriso, do jeito como
gesticulava quando conversava. Do seu jeito de andar, de se vestir,
de me beijar e de fazer amor...
Caralho, eu disse isso?
Fazer amor...
Eu faço amor com ela.
Sim, eu faço.
Olhei para os seus pés, toquei em seus dedos.
— Hoje, eu farei... — Me inclinei e chupei o seu dedão, e ela
engoliu um grito. Segui com a boca por suas pernas grossas, beijei
seus joelhos, entre suas coxas e parei ao ver sua boceta lisinha. —
Farei amor com você... — Meu olhar seguiu o caminho acima e
finalmente encontrei o seu rosto. Ela estava emocionada, as pupilas
dilatadas e a boca entreaberta a entregavam.
— Luke...
— Minha garota é linda e perfeita. E é minha, não é? — Eu sei
que estava parecendo um maldito tarado, eu me conhecia. Já me vi
fodendo através dos espelhos dos quartos da casa VIP. Eu virava um
bicho no cio.
— Sim, eu sou... — sussurrou, fechando os olhos quando
belisquei um dos seus mamilos, puxando-o e retorcendo.
— Você quer meu pau dentro dessa bocetinha meladinha? —
Deslizei o dedo, percorrendo sua barriga até a sua rachadura,
enquanto apertava o pau com a outra mão.
Porra, estava difícil de me manter concentrado, meu cacete
estava latejando entre os dedos. Minhas bolas tão cheias e prontas
para explodir todo o meu tesão. Estava pronto para meter forte,
socar fundo e fazê-la gritar meu nome, enquanto seu corpo se
sacudia em espasmos orgásticos e viciantes.
Sou um filho da mãe egocêntrico.
— Garota, eu passei mais de vinte e quatro horas sem a sua
boceta. Não estou me aguentando, então não vamos ter
preliminares. Vou entrar em você sem dó, com todo o meu tesão —
disse com dureza, com autoridade crua.
— Abra as pernas, quero ver sua xoxota toda arreganhada. —
Pietra ficou rubra. Ela engoliu em seco, eu vi o bolo descendo por
sua garganta. Eu sei, às vezes sou assustador. Mas eu gosto de
foder verbalizando.
Ela fez o que pedi, e apertei a mandíbula ao ver seu grelinho.
Ele estava pingando de desejo por mim. Comecei a esfregar o pau
em toda sua extensão. Meus dedos se melecaram em minha porra e
isso facilitou minha masturbação. Movi mais rápido a mão, sem
afastar os olhos da sua bocetinha.
— Garota, eu vou passar o inferno pra segurar meu gozo. —
Deslizei mais rápido a palma sobre a cabeça do meu pau, meu corpo
inteiro tenso, minha respiração pesada.
— Quer me sentir aqui dentro? — Escorreguei dois dedos
dentro da sua apertada entrada. Pietra engoliu e apertou os lábios,
gemendo baixinho. — E aqui? — Retirei os dedos lambuzados da
sua boceta e os enfiei sem dó em seu cuzinho. Ela arregalou os
olhos e arqueou o corpo, e eu meti os dedos até o final, começando
a entrar e a sair. — Quer ser fodida no cuzinho, garota? Quer? Você
vai morrer e ressuscitar sem perceber. Conhecerá o inferno e o céu
ao mesmo tempo... Rebola esse rabinho nos meus dedos... Isso,
assim... Deliciosa, vou mostrar todos os prazeres que um pau pode
lhe dar, garota.
— Luke... sim... sim... Eu quero... Oh, Deus! Isso é bom...
Porra! Eu sou um maldito devasso. A garota tímida estava
desabrochando.
Ela gemeu, ia gozar. Tirei a mão do pau e finalmente me inclinei
para cima dela. Por alguns segundos, ficamos em silêncio, mas
nosso tesão exalava, deixando o quarto com cheiro de boceta e pau.
Fodi seu cuzinho com mais força. Ela gemeu alto e eu rosnei. Eu
queria tirar a virgindade dali também.
— Eu fui o primeiro aqui. — Toquei sua boceta com a outra mão.
— Serei o primeiro aqui também. — Movi os dedos dentro dela,
sentindo as pregas roçarem neles. — Serei o primeiro e o último,
garota.
Encarei o seu rosto e disse, exigente. Ela apenas assentiu com
o olhar, estava ébria demais para falar qualquer coisa, seu corpo
estava trêmulo e sua respiração ofegante.
— Eu quero essa boceta comendo meu pau e devorando cada
pedacinho dele. — Deslizei dois dedos dentro da sua boceta
novamente e a fodi nos dois lugares. Pietra não conseguiu segurar o
grito, ela puxou o ar e lutou contra o desconhecido. Mas o prazer
veio com força, seus dedos apertaram o lençol da cama.
— Luke, me foda logo. Eu vou gozar, seu sacana...
Seus olhos encontraram os meus e eu sorri, vitorioso.
Inclinei a cabeça e a beijei com fome. Por alguns minutos eu
suguei sua língua. Rosnei sem controle, pois estava também na
borda e se vacilasse gozaria em suas coxas. Retirei os dedos de
dentro dela. Pietra reclamou com o olhar. Eu sei, eu também não
queria isso, mas meu pau estava a ponto de explodir, então o deixei
entre suas coxas.
— Aperte-o, deixo-o sentir o calor da sua boceta. — Ela
obedeceu como uma boa garota. Minha mão seguiu pelo seu corpo
até sua nuca, enquanto minha boca começava a chupar seus seios,
alternando de um para o outro, enlouquecendo-a.
— Foda-me, Luke.
— Quer isso mesmo?
— Quero.
— Deixe seus pés nos meus ombros. — Olhei para ela,
exigente. Não estava pedindo, estava mandando.
Ajudei-a a colocar suas pernas em meus ombros. Esta posição
fez meu pau escorregar para a entrada do seu ânus. Pietra percebeu
minha intenção.
— Luke, eu não sei...
— Shh! Relaxe, não será hoje. Só quero que sinta o quanto será
gostoso.
Deixei meu pau fazer seu caminho, a cabeça da glande
encontrou as pregas virgens e logo tentou invadir o território
imaculado, ele se encaixou na entrada e eu empurrei, a cabeça
entrou. Pietra gemeu, seu corpo se arqueou com a espera da
invasão. Não me movi por um segundo, pois estava sentindo a
pressão do aperto, eu sei que sou pauzudo e sei o quanto será
dolorido.
— Está gostoso, sente a invasão, sente como ele a enche?
Porra, Pietra, não vejo a hora de comer seu cuzinho, de enfiar meu
pau aqui dentro até o final, de enchê-lo com minha porra. Caralho, é
bom demais.
— Luke, eu quero, estou pronta.
Ela tentou forçar, mas eu vi a dor nos seus olhos. Não, ela não
estava pronta, se fosse outra mulher eu já teria entrado com força
nela, quando ela percebesse eu já estaria a fodendo. Mas é a Pietra,
a minha garota, eu quero dar prazer, eu quero que seja especial.
Beijei sua boca. Depois sua testa molhada de suor.
— Hoje não — Puxei meu pau e o levei para a entrada apertada
da sua boceta, em um impulso profundo e duro, empurrei tudo nela.
Seu corpo se arqueou involuntariamente num movimento
repentino, por causa penetração poderosa. Seus seios foram
empurrados para cima, seus mamilos duros na mira da minha boca.
A dor estava lá, afiada, eu vi em seu rosto, no aperto dos seus
lábios, na tensão do seu corpo. A porra do meu pau escroto estava
enchendo-a, esticando-a. Gemi, fechei meus olhos, gotas de suor
saindo da minha testa, escorrendo por meu corpo, pingando nela.
Minhas bolas estavam pressionadas contra sua bunda e esta
sensação só pioraram as coisas, pois o animal fodido que morava
dentro de mim queria possuir tudo, queria sentir cada buraquinho do
seu corpo.
— Porra, caralho! Sua boceta está me comendo, garota. Você
gosta de comer o Luke, gosta? Porque meu pau adora sentir o seu
aperto, ficar todo enfiado nessa xoxotinha apertadinha.
Comecei a puxar para fora e brutalmente empurrei de volta para
dentro. Senti meu pau se perdendo dentro dela, ele pulsava
juntamente com as paredes da sua boceta. Pietra se prendeu a mim,
suas unhas encontraram a carne das minhas costas.
— Gostosa, minha garota gostosa... — Fixei meus olhos nos
dela enquanto socava forte, e a cada estocada o corpo dela
respondia, eu via através das pupilas dos seus olhos que o prazer
estava vindo.
Meus movimentos se tornaram mais ferozes, mais determinados.
Mantive meus olhos abertos, focados nela. Ela ofegava, lutava contra
o prazer, tentando prolongá-lo.
— Quer mais forte, quer que meta com mais força, quer ficar
ardidinha de tanto pau?
Empurrei profundamente, tão profundo que a cama balançou.
Saí e entrei com mais força. Ela sacudiu, gritou, fincou as unhas em
minha pele, eu urrei. Puxei-a para mim, agarrei um punhado de
cabelos da sua nuca, puxei forte, inclinando sua cabeça para trás.
— Tome pau, garota, tome com força, essa boceta é minha,
coma meu pau com vontade.
Observava como seu corpo reagia à invasão do meu pau, em
como sua boceta o aceitava todo dentro dela. Bati forte meu quadril
de encontro ao seu corpo. Deitei-a novamente e segurei suas pernas
no alto. E empurrei, empurrei...
O eco dos nossos corpos se batendo tomou conta do quarto.
— Luke... — Ela gritou, olhou desesperada para mim, ela queria
gozar.
— Goze, goze, meu amor. — Entrei com mais força novamente,
sentindo todo o aperto do seu orgasmo em torno da minha ereção.
— Porra, caralho... — Saí de dentro dela apressadamente e
jorrei minha porra em sua barriga. Eu havia esquecido da porra do
preservativo. Quase ferrava tudo. — Perdão, amor... vacilei.
Descansei suas pernas no colchão e me inclinei sobre ela. Meu
corpo ainda estava sob o impacto do orgasmo, e o dela também. Ela
estava linda demais, com cara de mulher bem fodida, muito satisfeita
com o pau do seu homem.
— Pietra, eu preciso levá-la ao ginecologista, não quero usar
camisinha com você. — Sustentei o corpo com os braços, mantendo
o peso do corpo longe do dela, e a fitei com amor. — Nunca fodi
sem camisinha, essa foi a primeira vez. Confesso que foi sem querer,
meu tesão foi maior do que a prevenção, mas... caralho! É a porra
mais gostosa do mundo. Sentir sua boceta nua deslizando em meu
pau é loucamente alucinante.
— Eu também gostei, é mais confortável. Não se preocupe,
depois eu passo na farmácia e compro um anticoncepcional...
— Nem pensar — cortei sua fala. Imagina se eu deixaria a Pietra
comprar um remédio sem antes passar no médico. — Vamos hoje
mesmo, eu tenho uma reunião no escritório à tarde e você e a
Marion irão comigo. Na volta passamos no médico. — Mordi seu
lábio inferior e me levantei. Ela já ia contestar. — Calada, quem
manda sou eu. Já está decidido. — Sorri. — Agora banho, garota.
Puxei-a pela mão e a trouxe para perto de mim. Antes de ela se
afastar, eu a beijei vorazmente, como se fosse nosso último beijo.
— Você me deixa tonta, Luke.
— Acho que você precisa é de comida. Depois de uma foda
dessa, esse corpinho precisa de energia. — Bati na sua bunda. —
Banho, antes que eu mude de ideia e resolva comer o seu rabinho
redondo e empinado. Olha como você me deixa. — Indiquei o meu
pau, envergado e duro, apontando para meu umbigo.
— Jesus! Isso não é de Deus, você é um tarado.
— Corra, garota, ou vou te enrabar... — Joguei o lençol em sua
direção e fiz menção de ir atrás dela. Pietra se enrolou e saiu
correndo.
Ela abriu a porta e eu a fechei imediatamente. Estava nu, de
cacete armado, não queria correr o risco de ser pego de surpresa.
Marion ainda dormia, mas a qualquer instante poderia entrar no
quarto da Pietra. Me limpei, vesti minha roupa e fui para a cozinha,
Pietra precisava comer algo nutritivo.
O cheiro da manteiga fritando os ovos abriu meu apetite. Eu
também estava com fome. Joguei o queijo e o presunto em cubos
dentro da frigideira, mexendo devagar. Acrescentei uma pitada de
sal, pimenta, orégano e duas gotinhas de mostarda. Puxei o ar,
sentindo o cheiro gostoso dos ovos...
— Cadê meu papai? — Olhei por cima do ombro e encontrei
uma menininha com as tranças desfeitas agarrada à sua boneca, que
agora era sua preferida, e com uma carinha triste me encarando.
— Bom dia, Estrelinha! — Desliguei o fogo e fui em sua direção.
Ela não parecia muito receptiva. Estava amuada e com os
olhinhos caídos.
— Cadê a Pipi?
— No banho.
— Cadê meu papai? Ele não está no quarto dele... — Esfregou
um olhinho, depois me encarou. — Ele foi embora? Ele deixou a
Marion?
Peguei-a no colo e a levei para a mesa. Deixei-a sentada nela e
puxei uma cadeira para mim. Sentei com ela bem na minha frente.
— Você dormiu bem? — Eu não sabia bem o que dizer, então
procurei mudar de assunto.
— Não enrola a Marion, Luke. Cadê meu papai?
Fui surpreendido. Sorri. Pensei e engoli a saliva.
Era melhor contar a verdade.
— Seu papai foi buscar a sua mamãe, não é legal?
— Não sei... — Ela baixou os olhinhos enquanto murmurava.
— Por que não sabe? Não está feliz por ter sua mamãe de
volta? — inquiri.
— Ela esquece a Marion, ela grita com a Marion. Diz que a
Marion não é a filha dela, diz que a Marion é chorona e muito chata.
Não quero essa mamãe, ela deixa a Marion triste, muito triste.
Deus! Eu a puxei e apertei seu corpinho com carinho, enquanto
alisava seu cabelo. Se eu pudesse, retirava toda aquela tristeza do
seu coraçãozinho.
Segurei seu rostinho e fiz com que ela me encarasse.
— Meu anjinho, a sua mamãe está dodói. É por isso que ela às
vezes se esquece de você, da Pipi e do seu papai.
— E por que a Pipi não me esqueceu quando ficou dodói? Eu
quando fico dodói não esqueço ninguém. Eu acho que a minha
mamãe não gosta mais da Marion.
Engoli minha emoção, era muito sofrimento para um tiquinho de
gente. Eu queria colocá-la em uma redoma de vidro e protegê-la.
— Estrelinha, o dodói da sua mamãe é diferente do seu dodói e
do dodói da Pipi. Cada pessoa tem um dodói diferente. O dodói da
sua mamãe faz com que ela esqueça as coisas... — Ela apertou os
olhinhos, estava tentando entender. — Quando você fica dodói toma
um remedinho para sarar, não é? — Ela assentiu. — A Pipi tomou
remedinho e sarou, não foi?
— Foi. — Piscou os olhinhos, acho que já estava começando a
entender.
— Então, sua mamãe vai tomar remedinho para não esquecer
mais as coisas.
— Ela vai ficar boa? Não vai mais esquecer a Marion?
Pensei por alguns segundos. Não podia enganá-la, mas não
podia ser cruel, ela era muito pequena para entender um problema
tão extenso quanto a doença da mãe.
— Isso eu não posso garantir, Estrelinha... — Baixou a
cabecinha, suspirou. Ela ia começar a chorar. Segurei o seu queixo e
os seus olhinhos nublados me fitaram outra vez. — Sua mamãe está
muito doentinha, ela vai precisar de muitos cuidados e remédios, mas
você pode ajudar a sua mamãe a não esquecer nem de você, nem
da Pipi e nem do seu papai.
— Como? Como posso ajudar?
— Quando você olha uma foto, você lembra imediatamente de
onde e quando ela foi tirada, não lembra?
— Sim, a Pipi adora tirar fotos, temos uma porção. Eu tenho
fotos de quando ainda estava na barriga da mamãe.
— Então, você pode fazer um álbum com fotos dos seus
momentos com a sua mamãe, desde o dia em que estava na barriga
dela até mais recentemente. Quando ela chegar, peça para a Pipi
tirar fotos de vocês duas. Todos os dias você tira uma foto e guarda,
assim quando ela esquecer, você mostra as fotos para ela e aí ela
se lembrará que você é a filhinha dela. O que acha?
— Legal! Luke... — Ela sorriu e tocou no meu queixo.
— Oi.
— Eu amo você.
Quase choro. Ela falou com tanta naturalidade, com tanto amor
nos seus lindos olhinhos, que quase gritei de felicidade.
— Eu também amo você, pequena Estrela. — Beijei sua testa,
demorando os lábios um pouquinho lá. Ela alisou meu rosto com seus
pequenos dedos. Eu me afastei. — Está com fome?
— Sim! — Levantou os bracinhos, gritando de felicidade. As
crianças esqueciam facilmente os momentos de tristeza.
— Eu também estou. — Olhei por cima do ombro da Marion e vi
minha linda garota recostada na parede, de braços cruzados no
peito.
Cabelos molhados, short branco soltinho, blusinha estampada de
mangas curtas se ajustando no corpo e nos pés um tênis All Star
branco. Ela estava perfeitamente linda. Lembrei do primeiro dia em
que a vi olhando para mim, me comendo com seus olhos lindos.
— Até onde a senhorita escutou nossa conversa? — perguntei
curioso, eu não queria que ela pensasse que eu estava me metendo
em um assunto tão delicado.
— Ouvi tudo. — Pietra veio até nós e beijou o alto da cabecinha
da Marion, que sorriu para a irmã. — Vamos comer a delícia que o
Luke fez para nós. — Apertou as bochechas da Marion.
— Vamos! — Marion respondeu com alegria.
— Desculpa, Pietra. Não queria me intrometer, mas...
— Obrigada! — Ela pôs dois dedos em meus lábios e depois me
beijou. — Eu não teria explicado melhor. Aliás, eu nem saberia por
onde começar, você explicou com a linguagem dela, isso foi perfeito.
— Sua mão alisou meu rosto e os seus olhos me avaliaram com
carinho. — Você será um pai maravilhoso, sabia?
— Epa! Não precisa exagerar, de namorado a pai há um longo
caminho a percorrer. Não que eu não queira, mas você primeiro tem
que ir para a faculdade...
— Calma ai, garanhão! — Ela me interrompeu novamente. —
Não disse que você seria pai de um filho meu, nem sei se quero ser
mãe...
— Pois trate de querer, porque eu quero uns três, só para
começar.
Pietra levou as mãos aos quadris e me olhou com uma careta.
— Vou fingir que não escutei isso. — Foi até o armário e pegou
a louça. Fui ajudá-la.
Pietra pôs os ovos mexidos no pratinho da Marion, leite em um
copo e suco de pêssego no outro. Depois colocou bastante ovos em
um prato.
— Para mim, isso tudo? — apontei para o exagerado prato.
— Para nós dois. — Ela piscou um olho.
Eu peguei dois garfos, duas xícaras, pão, suco e uma fatia de
mamão que eu havia descascado para Pietra.
— Vai comer, sim — afirmei quando ela olhou com desdém para
o mamão.
Comemos no mesmo prato, ela sentada em meu colo com a
bunda roçando meu pau. Ele crescendo e cutucando seu rabo
redondo. Porra, ela percebeu e começou a se mover.
— Não me provoque, garota. Se não pode brincar, não desça
para o play, entendeu? — Belisquei com força sua bunda. Ela soltou
um grito e eu levei um tapa mo braço.
Após meia hora, estávamos indo em direção ao ancoradouro.
Marion soltando gritos de felicidade por estar na moto, ela adorava o
vento no rosto. Deixei minha moto e fomos para a lancha. Tomei um
banho, vesti uma calça jeans e uma camisa social azul. Dobrei as
mangas e calcei um sapatênis marrom. Não precisava de muita
produção, eu só iria ao escritório resolver dois assuntos, depois
levaria a Pietra ao médico e depois levaria as duas para almoçar e
passear.
Seguimos para o carro, pois pegaríamos a próxima balsa.
Olhei para as duas garotas agarradas a mim e me senti o cara
mais sortudo do mundo.
É, Luke, nem tudo está perdido, você tem a chance de ser
importante para alguém.
Capítulo 17

Estava preocupado com a Pietra. Ela andava triste, chorosa,


os únicos momentos em que sorria era quando estávamos fazendo
sexo ou quando estávamos brincando com a Marion. Eu tinha uma
leve desconfiança de quem estava tirando o riso do seu lindo do
rosto.
Seus pais.
Fazia dois dias que o Paolo viajou para buscar a mãe da Pietra e
até agora não nos deu notícias. Eu até tentei ligar para o celular dele
– consegui o número com a Pietra – mas a ligação não completava.
Confesso que também estava começando a ficar preocupado, por
isso resolvi passar esses dias com ela e com a Marion. Praticamente
estava morando com elas. Eu até tentei convencê-la a ficar em minha
casa, mas a Pietra não aceitou, ela queria estar em casa quando os
pais chegassem. Concordei, mas não abri mão de ficar ao seu lado,
não gostava de ver a minha garota triste.
— Luke... Luke...
— Oi... Hein? — Olhei para o lado, à procura da voz.
— Cara, onde está a sua cabeça? Tem meia hora que estou te
chamando.
Marco me olhava esquisito, estava bem em frente à minha mesa,
de braços cruzados e me encarando feio.
— Problemas, problemas. Você não tem? O que foi? Onde é o
incêndio?
Tentei desviar meus pensamentos, pegando alguns papéis que
estavam jogados na minha frente. Alguns contratos de shows e
outros da casa VIP.
— Então acrescente esse à sua lista. — Ele jogou um envelope
branco com um logotipo na mesa. — Aquele seu amigo jogador
famoso quer um final de semana na casa VIP. Ele, mais cinco amigos
e algumas “modelos”. — Ele frisou a palavra modelo, pois nós dois
sabíamos que elas não eram modelos porra nenhuma.
O amigo jogador era bem conhecido mundialmente como
encrenqueiro. Na verdade, ele adorava ficar em evidência e estava
jogando em um grande time fora do Brasil. Ele sempre me procurava
quando queria aliviar a pressão das longas temporadas europeias. O
time dele foi campeão e eles estavam de folga, ou seja, para a
família, os principais jogadores entravam em retiro “espiritual”.
Retiro espiritual com a putaria, isso sim.
Eu já sabia o que isso significava, todas as vezes que ele
agendava um dia de “retiro” comigo, algo saía errado e um dos seus
amigos sempre fazia uma merda. Da última vez um amigo dele não
suportou os bagulhos que eles trouxeram e eu quase me ferrei, pois
o cara quase foi para o inferno, faltou pouco. Quando comecei com
esse lance de festa VIP, o motivo principal era oferecer aos meus
convidados “estrelas” algo que nenhum produtor ofereceria. Uma
festa particular e completamente íntima, onde o convidado principal
escolheria o tema e poderia fazer o que bem entendesse. Em troca,
eles seriam a atração principal, tornando o evento grandioso e
lucrativo. Funcionava, mas eu tinha os meus limites, não queria ser
responsável pela morte de ninguém. Já tinha problemas demais com
a minha fama, não queria acrescentar mais o adjetivo assassino em
meu currículo.
— Já falamos sobre isso, Marco. Esse cara é problema e não
quero correr o risco. Você sabe que todas as vezes que ele vem ao
Brasil, ligam ele a mim e à ilha e dá última vez deu merda. Quase me
ferro e o nosso advogado já disse que se acontecer mais uma vez,
nem todo o dinheiro e poder do meu pai vão me livrar da cadeia.
Portanto, se ele quiser a festa VIP, será nos termos descritos no
contrato: ele, mais dois amigos, cinco amigas e dois médicos, e sem
drogas pesadas. Se eles querem suruba, fiquem à vontade, mas
sem as porras que costumam usar. As mesmas regras que valem
para os outros convidados valem para eles também. Não importa o
que dizem ao meu respeito, eu tenho regras e elas serão seguidas.
Avise a eles.
— Eu já avisei e ele quer conversar com você. Acho melhor ligar
para ele.
— Não vou ligar porra nenhuma. Se ele está pensando em me
intimidar, se lascou, isso não funciona comigo. Você sabe que nós
temos filmagens de tudo o que acontece lá dentro e se for preciso
usá-las, eu uso.
Estiquei os braços na frente do corpo, entrelaçando as mãos.
Estalei os dedos e relaxei o pescoço.
— Ok, então as regras não mudam.
— Não. Se ele quiser, será assim.
Peguei um cigarro. Essa porra de conversa já estava me
deixando tenso. Acendi e puxei a fumaça com gosto pra dentro dos
pulmões. Relaxei quando a soltei.
Estava tentando parar com essa porra, mas quando estou tenso,
só tem duas coisas que me relaxam: uma boa trepada ou uma boa
tragada, e no momento eu só tinha o cigarro.
Alguém bateu na porta. Marco foi até lá e abriu. Era nossa
secretária. Ele saiu do escritório e voltou, com uma cara assustada.
— Cara, tem dois policiais procurando por você na recepção. —
Marco me encarou com um olhar inquisidor. — O que você aprontou
dessa vez? Bateu em quem?
— Em ninguém. — Levantei.
Não estava preocupado, pois que me lembre, o último cara que
eu bati não prestaria queixa de mim. Ele apanhou porque ousou
mexer no que era meu. E quanto aos meus negócios, que alguns
achavam incorretos, eles estavam com toda a documentação em dia
e eram totalmente legais diante da lei. Até alguns policiais achavam
que não eram legais, mas quebravam a cara quando eu provava o
contrário. Sim, é claro que eu saí da linha algumas vezes. Fui preso
e até fui pego com algumas drogas, mas isso foi há um bom tempo,
e as drogas eram para meu uso ou de alguns amigos. Mas agora
estava limpo, minhas únicas drogas eram o sexo e o cigarro.
— Tem certeza? Cara, eu já te avisei que esse seu
temperamento esquentado ainda ia complicar sua vida.
Sim, eu sou esquentado. Resolvia meus problemas na base de
socos e pontapés, sou o tipo de cara que bate primeiro e pergunta
depois.
— Tenho — respondi enquanto me encaminhava para a porta. —
Vamos lá enfrentar os homens, quero saber em que merda eu me
meti agora.
Cheguei à recepção e encontrei dois homens sentados,
saboreando um cafezinho. Eles não pareciam policias, pois não
estavam vestidos como tais.
— Senhores, sou Luke Sarajevo. Estão me procurando?
Eles se levantaram. Eu estendi a mão e cumprimentei os dois.
— Sim, senhor. — Um dos homens, o mais alto e mais forte, de
cabelos e olhos castanhos e com uma barba grande, respondeu, me
olhando de cima a baixo.
Ele notou as minhas tatuagens, mas quem não notaria? Eu
também notei as deles.
— Meu nome é Edgar e este é o Diego. — Eles mostraram os
distintivos. — Somos amigos do Paolo. O senhor o conhece, não é?
— Eu conheço um Paolo, ele é o pai da minha namorada. É ele?
Eu sabia que o Paolo era policial civil e estes dois caras também
eram.
— Sim, é ele — responderam ao mesmo tempo.
— O que tem ele? — perguntei. Eles se entreolharam e não
gostei disso. Meu coração acelerou.
— O Paolo que nos pediu para vir procurá-lo, para avisar se...
— Ele limpou a garganta. — Ele pediu antes de...
— Mas que merda! Despejem logo a porra toda!
— Luke... — Marco me chamou a atenção. — Se acalme.
— Me acalmar o caralho, não gosto de suspense. Falem logo,
andem.
Algo dentro de mim avisava que a notícia não seria boa, e fosse
o que fosse, eu precisava saber de uma só vez, não em doses
homeopáticas.
— O Paolo e a esposa sofreram um acidente, o carro capotou
quando estavam voltando para Salvador. Não sabemos o motivo, a
perícia está trabalhando nisso. O que sabemos é que ele capotou
várias vezes e parou na murada de proteção do acostamento. A
esposa dele morreu no local, mas ele ficou preso nas ferragens e foi
resgatado pelos bombeiros. Quando chegamos ao hospital, os
médicos disseram que ele não sobreviveria, mas fomos conversar
com ele, e ele nos pediu para procurá-lo. Pediu para que você desse
a notícia para as filhas dele. Até então, só sabíamos o seu primeiro
nome, então a polícia forense nos entregou os pertences dele e lá
encontramos o seu cartão. Foi assim que chegamos aqui. Eu sinto
muito.
Eles falavam, falavam, e eu só consegui escutar até “a esposa
dele morreu no local”. O resto se tornou incompreensível demais,
pois eu só conseguia ver os rostos da minha garota e da Marion.
Como eu daria esta notícia para elas?
Eu sei o que sentimos quando perdemos alguém que amamos
muito.
É uma dor que não sara nunca.
Eu tinha doze anos de idade quando perdi minha mãe e até hoje
ainda sinto a dor do impacto de saber que nunca mais a veria. Os
pesadelos ainda rondavam as minhas noites de sono, o vazio dentro
mim...
Deus! Ninguém merecia essa dor.
— Senhor Luke!
— Luke!
— Oi...
— Você está bem?
Olhei para o Marco e para os dois homens que me encaravam.
Buscava dentro de mim alguma reação, eu não queria estar ali, não
queria ser o portador dessa notícia. Eu não queria fazer a minha
garota chorar.
Por que eu?
— Não, não estou bem — respondi. — Onde os corpos estão?
Engoli a emoção, não era hora para lágrimas, era hora para ser
objetivo, resolver o que tinha de ser resolvido e depois encarar a
minha garota e a sua irmãzinha. A parte mais difícil teria que ser
deixada por último.
— No necrotério do hospital. Temos algumas opções de
funerárias e do local para onde os corpos serão levados. Podemos
cuidar disso, se a família quiser...
— Família! O senhor está falando de uma garota de dezoito
anos e outra de quatro, elas não terão condições psicológicas para
resolver nada. Escolham os melhores, eu pago. Não quero que a
Pietra se preocupe com nada.
Procurei um lugar para me sentar. Estava sem ação, não
conseguia enxergar nada. Então me encostei na parede e
escorreguei as costas nela, até encontrar o chão. Encolhi as pernas
e encostei a testa nos joelhos.
Isso será muito cruel.
— Luke...
Marco se agachou e tocou meu ombro.
— Eu estou bem, cara. Só preciso de um tempo para engolir
essa merda toda.
Encostei a cabeça na parede.
— Então, estamos indo. Não se preocupe, providenciaremos
tudo...
— Espere um pouco. — Eu os chamei. — Nossa secretária irá
com vocês, ela é boa em compras. Eu quero tudo de primeira
qualidade, enterros são tristes, mas não precisam ser feios.
Chamei a Ieda, ela era ótima em produção e eu confiava nela.
Conversei com ela e pedi sua ajuda, ela concordou e se foi com os
policiais.
Peguei minhas coisas, respirei fundo. Neste momento, eu pensei
em minha mãe e pedi a sua ajuda, eu precisava ficar calmo.
— Luke, vou com você. Não deixarei que passe por isso sozinho.
Marco pegou a chave da moto da minha mão. Não protestei, não
tinha condições de guiar nem um carrinho de mão.
Acho que o clima reconhece quando estamos tristes. A manhã
estava quente como o inferno. O mar calmo, a balsa nem balançava.
Meu suor descia por minhas têmporas e meu estômago queimava.
Marco foi buscar algo para bebermos quando percebeu minha
agitação. Eu me sentei em uma das cadeiras na parte de cima da
balsa e acendi um cigarro. Puxei um trago e alguém ao meu lado
limpou a garganta. Não me importei.
Puxei outro trago e soltei a fumaça. Fiquei olhando-a
desaparecer diante dos meus olhos.
— Tem gente que não se importa em morrer e ainda quer levar
os outros com ele. Povinho sem noção, tinha que ser um bandidinho
mesmo...
Olhei para meu lado direito.
— Desculpe-me, o senhor está falando comigo? — perguntei,
sem muita paciência, para um homem de barba por fazer, calça
jeans surrada e camisa xadrez.
— Estou, não gostou?
É, os problemas vinham até mim.
Olhei para o alto, dizendo em pensamento:
Bom Deus, o senhor não acha que eu já tenho assuntos por
demais para resolver hoje? Tem que me mandar mais merdas?
— A fumaça está incomodando?
— Está, e você também.
— É... — Olhei a distância que faltava para chegar à ilha. Não
faltava muito, a balsa até havia diminuído a velocidade.
Então eu pus o cigarro na boca, me levantei e fiquei de frente
para o homem. Ele me olhava desafiadoramente, como se já
estivesse preparado para a briga. Ele queria isso, mas eu não, hoje
não estava com paciência para bater em ninguém, mas...
Eu o surpreendi. Peguei-o pelos braços de um jeito que ele não
pudesse reagir e o arrastei até um dos lados da balsa. Não precisei
fazer muito esforço, pois estava com muita raiva. Eu o levantei nos
braços e o joguei no mar.
— Pronto, agora o senhor pode respirar melhor e ficar sozinho.
Só espero que saiba nadar!
Só escutei as pessoas gritando e alguém berrar “homem no
mar”. Jogaram uma boia e alguém se atirou na água para ajudá-lo.
Algumas pessoas me xingaram de louco, de moleque, e outros
adjetivos que é melhor nem mencionar, mas eu me senti bem melhor.
Até agradeci a Deus por ter colocado aquele homem em meu
caminho. Fui para perto da minha moto e me encostei nela.
Continuava fumando.
— Luke, um maluco se jogou na água... — Marco me entregou
uma latinha de Coca-Cola.
— Ele não se jogou, eu o joguei — afirmei, antes de entornar o
refrigerante em minha garganta.
— O quê!? Cara, eu não posso sair um minuto de perto de você,
merda! Luke, segure sua onda, cara... — Ele montou na moto. —
Sobe logo, precisamos sair daqui assim que a balsa atracar. Reze
para que não chamem a polícia.
Saímos da balsa deixando para trás um barulho ensurdecedor.
Eu não estava com medo do que aconteceria, devido à minha atitude
de jogar aquele merda no mar. As pessoas na ilha já me conheciam,
sabiam que eu não levava desaforo para casa. Elas sequer olhavam
para mim, por medo da minha reação. Aquele lá, com certeza, não
me conhecia direito ou só queria mesmo levar uma surra. Como me
pegou em uma hora ruim, o que ganhou foi um belo banho.
Abri a porta. Eu tinha a chave, a Pietra fez uma cópia. Marco
estava atrás de mim. Escutei um barulho vindo da cozinha, engoli o
bolo na garganta e inspirei. Olhei para o Marco e ele me ofereceu
um sorriso morno. Caminhei lento, sem coragem, tremendo. Eu não
queria estar aqui, não com notícias tão ruins.
Pietra limpava a pia, estava de costas. Com os cabelos presos
no alto da cabeça, shortinho jeans curto e na parte de cima apenas
um bustiê de malha, daqueles de academia. Os pés estavam
descalços. Mesmo assim ela estava linda, perfeita.
Encostei-me na parede, precisava de coragem.
— Pietra... — Tentei disfarçar a emoção contida na minha voz.
Pietra virou-se e me encarou.
— Lu-Luke! — Eu a assustei. — Nossa! — Ela jogou o pano de
prato, que estava no seu ombro, na pia e veio até mim de braços
abertos. — Por que não me avisou que viria? — Abri os braços para
recebê-la e seu corpo juntou-se ao meu. — Você me disse que só
viria no final da tarde.
Beijei seus lábios e saboreei o doce da sua boca.
— Cadê a Marion? — Eu não tinha visto a menina quando
cheguei. Ela tinha o costume de vir correndo para os meus braços
todas as vezes que escutava minha voz, por isso estranhei.
— Na casa da Mariana, brincando com a Betinha — respondeu
Pietra, olhando para mim sorrindo, enquanto alisava minha camisa.
Não gostei.
— Pietra, a Mariana não gosta de mim, e agora que ela sabe
que estamos juntos, tenho receio que faça algo para ferir os
sentimentos da Marion.
— Ei, se acalme. A Marion foi brincar com a Betinha, e não com
a Mariana, não se preocupe.
— Pietra, pais preconceituosos criam filhos preconceituosos. Vá
por mim, a qualquer momento a Betinha vai fazer algo pra machucar
a Marion. É só um aviso.
Olhei, impaciente, para o seu rosto. Eu sei que não tinha que me
meter, mas eu já me sentia um pouco irmão mais velho da Marion.
— Ok, daqui a pouco irei buscá-la. Mas me diga, o que o fez vir
tão cedo, algum problema?
A pergunta bateu em minha cara e a realidade veio com força. E
agora?
Não consegui. Meus olhos marejaram, meus lábios tremeram. Eu
a puxei com força de encontro ao corpo e a apertei em meus braços.
Queria tanto poupá-la desta dor.
— Lu-Luke... — Duas mãos tentaram me afastar, mas eu a
mantive em meu peito, bem pertinho. — Luke, o que está
acontecendo? Me solte. Me solte, Luke...
Ela me empurrou e as minhas lágrimas me entregaram. Caíram
por meu rosto, nublando os meus olhos, fechando minha garganta.
— Pietra... — Minhas palmas circularam os dois lados do seu
rosto e eu olhei para ela profundamente, bem lá no fundo dos olhos.
Queria que meu olhar transmitisse não só amor, mas que aquecesse
sua alma.
— Luke, o que foi? Você está me deixando nervosa... — Ela
segurou minhas mãos e o nosso olhar se aprofundou. Varri seu lindo
rosto ternamente com o olhar.
Deus! Por que tinha que ser assim?
Eu queria encontrar as palavras para lhe dizer algo tão dolorido.
Procurei frases prontas em meu cérebro e não as encontrei.
— Cara, fala logo, isso está se tornando uma tortura. — Marco
avançou dois passos e Pietra desviou os olhos para ele. Com medo
que ele despejasse toda a merda, minha reação foi imediata e eu
trouxe a atenção dela de volta para mim.
— Meu amor, eu juro que não queria ser o portador de tamanha
dor. Se eu pudesse, voltaria ao tempo, e juro, juro que eu não
deixaria que nada disso acontecesse.
Inspirei.
Engoli.
Chorei.
— Luke, pelo amor de Deus, o que aconteceu? — gritou,
desesperada.
— São seus pais...
— Hã!? O... o que tem meus pais?
— Eles sofreram um acidente quando estavam a caminho de
Salvador...
— A-acidente! Como? Eles estão bem? Estão em que hospital?
— Ela se soltou das minhas mãos, começou a ficar agitada. —
Precisamos ir. Vou buscar a Marion, ela...
— Pietra, eles estão mortos! — disse rapidamente e ela parou,
os olhos arregalados, os braços jogados ao longo do corpo, seu
rosto mudando de cor...
Juro que eu tentei encontrar palavras para lhe dizer algo tão
ruim, mas nos segundos que se passaram, não houve tempo.
Despejei a realidade da morte em seu lindo rosto. Não tive
complacência, fui cruel.
Cruel com a minha garota.
— Pietra. — Dei alguns passos e toquei suas mãos geladas. —
Meu amor, eu sinto muito.
— É mentira. Diga que é mentira — gaguejou, olhando para mim
com os olhos jorrando lágrimas. Balancei a cabeça, negando. —
Mentiroso! Como pode brincar desse jeito comigo? Mentiroso... —
Ela se jogou em mim, batendo com os punhos fechados em meu
peito, sacudindo o corpo. — Mentiroso... mentiroso...
Segurei seus braços, prendendo-os, e juntei seu corpo ao meu.
Beijei sua testa.
— Como eu gostaria que fosse mentira, garota. Como eu
gostaria, mas não é. — Ela relaxou o corpo e eu afrouxei meu
aperto. — Eu sinto muito, meu amor. Eu sei o quanto está sofrendo,
juro que eu sei...
— Como foi? Onde eles estão agora? — Encostou a cabeça em
meu peito enquanto eu alisava suas costas.
— Sua mãe faleceu no local do acidente e o seu pai foi socorrido
e levado para o hospital. Os amigos dele da polícia foram vê-lo, só
deu tempo de ele pedir para que eles me procurassem. Seu pai
pediu para que fosse eu a lhe dar a notícia.
Ela se afastou e me encarou. Seus olhos estavam sem emoção,
vermelhos.
— Eu quero vê-los.
— Eu sei, nós vamos. Já mandei providenciar o enterro. Tem
mais alguém para avisar?
— Não, só eu e a... — Ela se afastou completamente e procurou
uma cadeira. Sentou-se e chorou. — Meu Deus, a Marion! Como
direi isso a ela? A minha menininha, como contarei para ela?
Escondeu o rosto entre as mãos e soluçou.
— Eu conto, não se preocupe. — Me agachei e segurei suas
mãos. Eu queria que ela olhasse para mim.
— Não, eu preciso fazer isso. Ela precisa saber através da
minha boca. Mesmo assim, obrigada.... — Se jogou em meus braços
e voltou a chorar.
— Pipi!
Fomos surpreendidos por uma vozinha doce vinda da porta da
cozinha e viramos a cabeça na mesma direção. Marion nos
encarava, assustada com a cena, vestida de princesa e agarrada à
sua boneca.
— Você tá dodói? Onde dói? — Largou a boneca no chão e
correu para perto da irmã. Suas mãozinhas tocaram o rosto da
Pietra. — Dói muito, é? — Ela tentava secar as lágrimas da irmã. —
Luke, leva a Pipi pra o médico, não quero que ela sinta dor. — Seus
olhinhos apreensivos encararam meu rosto.
Fiquei sem reagir, vendo-a tão inocente e tendo a certeza de que
dentre alguns minutos ela sentiria uma dor imensa. Meu coração
apertou contra o meu peito.
— Não estou dodói, meu amor. — Pietra soluçou e fez uma
pausa para engolir as lágrimas.
— Então por que tá chorando?
— Porque estou triste, muito triste... — Pietra fechou os olhos e
as lágrimas desceram lentamente.
— Por quê?
— Porque aconteceu uma coisa muito ruim... — Levantei e me
afastei. Encostei-me na parede, não queria que a Marion me visse
chorando.
Fiquei quieto, só assistindo, mas pronto para ajudá-las, caso
precisassem de mim. Marco veio para perto e se encostou na
parede também. Olhei para ele e vi que também estava chorando.
— O que foi? — Marion alisou o rosto da irmã, os dedos
gorduchinhos dedilhando entre as lágrimas.
— Vem cá, senta aqui no meu colo. — Ela se sentou e deixou
seu pequeno braço circular o pescoço da irmã. Pietra sorriu um
sorriso lento, sofrido. — Aconteceu um acidente... — engoliu. —
Lembra do Lillo?
Quem era Lillo? Um ex-namorado?
Deixa de besteiras, Luke. Isso não é hora para sentir ciúmes.
— Sim, meu gatinho, ele morreu... — Ela ficou triste, baixando
os olhinhos. — O que tem ele?
— O Lillo sofreu um acidente, não foi? — Ela balançou a
cabeça, afirmando. — O carro o atropelou, então nós o levamos
para o hospital. O médico cuidou dele e deu remédio, mas o Lillo não
suportou os ferimentos e morreu, não foi?
— Foi. E nós o colocamos numa caixa de sapatos e enterramos
no quintal. Ele foi para o céu dos gatinhos e a Marion ficou muito
triste. Ela ficou até dodói, lembra?
— Lembro, sim... — Pietra olhou para mim e eu vi a dor nos
seus olhos. Voltou a encarar o rostinho da Marion. — Então... —
Segurou o rostinho da Marion entre as mãos. — O papai e a mamãe
sofreram um acidente. Eles foram para o médico, ele deu remédio
para eles, mas eles não suportaram os ferimentos e... e morreram.
Eles foram para o céu dos humanos. Você entendeu, meu anjinho?
— A Marion e a Pipi tá sem papai e mamãe? — sussurrou, e de
onde eu estava vi seu corpinho tremendo.
— Estamos, meu amor. Agora seremos só eu e você. — Então,
dois bracinhos se prenderam no pescoço da minha garota e soluços
altos ecoaram pela pequena cozinha.
— Não... não, eu quero meu papai e minha mamãe. Traz eles de
volta, traz...
Não consegui ficar indiferente, fui até elas, me agachei e toquei
as costinhas da Marion, acariciando-as.
— Meu amor, ficará tudo bem. Tudo bem...
— Quem cuidará de nós agora, Luke? Não temos mais o papai.
— Ela me encarou com seus olhos carregados de lágrimas
inocentes, e eu soube que seu coraçãozinho estava destroçado.
— Eu. — Pietra me encarou. Ela chorava sem controle. — Eu
cuidarei de vocês, não deixarei nada nesse mundo machucar as
minhas garotas, nada. — Beijei sua testinha, continuei escovando os
fios dos seus cabelos e acariciando o rosto da minha garota com o
meu olhar de amor.
— A Marion tá muito triste, dói aqui. Faz parar, Luke, faz parar.
— Eu farei, meu amor. Vem cá. — Ela se jogou nos meus
braços e eu me levantei. Pietra se agarrou às minhas pernas,
soluçando com força. Eu precisava cuidar da minha garota. —
Marion, quer um sorvete com duas bolas, cobertura de chocolate e
um cachorro-quente bem suculento?
— Eu posso? — sussurrou, sem fazer festa como sempre fazia,
mas aceitando a minha sugestão.
— Claro que pode. O Marco irá com você e depois ele a levará
para ver o Joshua e o vovô. O que acha?
— Marion gostou. Quando?
— Agora. — Olhei para o Marco e o chamei com um gesto de
cabeça. — Vá com ele. — Ela se jogou nos braços do meu amigo.
— Leve-a para tomar um sorvete e depois avise ao Joshua e ao meu
pai. Quando eu chegar ao ancoradouro ligo para você.
— Pipi ficará bem? — Marion, antes de sair, olhou para a irmã,
estava preocupada com ela.
— Eu ficarei, meu anjinho. Vá tomar seu sorvete.
Assim que a Marion saiu, Pietra se entregou ao desespero.
— E agora, meu Deus? O que será da minha menininha? Ela
perdeu os pais e me perderá também, e eu a ela. Eu não suportarei,
mais uma vez a vida tira de mim as pessoas que eu amo. Não...
— Ei, que história é essa? Você não perderá a Marion, ela é sua
irmã. Você é maior de idade, é claro que ficará com a guarda dela.
Pare de pensar bobagens.
— Não, Luke, eles não vão deixá-la ficar comigo. Não sou a irmã
dela, meus pais não são os meus pais biológicos, entendeu? A
Marion não é minha irmã consanguínea.
— Como assim!?
Capítulo 18

Ele não conhecia a minha história. Apesar das perdas, a minha


história era bonita. Eu fui amada, muito amada. Ele não sabia que vivi
em um lar cheio de amor, carinho, compreensão. Tampouco sabia
que eu fui a menina mais sortuda do mundo, pois tive dois pais e
duas mães.
Não, ele não sabia.
Luke sustentava meu olhar. Ele queria entender, queria
compreender minhas palavras. Suas mãos continuavam espalmadas
em meus ombros, pressionando minha pele. Eu o encarei e as
lágrimas desceram desesperadamente. Meu único consolo era o
olhar complacente do meu namorado tatuado e perigoso, mas que
me amava... e muito.
— Pietra, que história é essa? Como assim, você não é irmã da
Marion?
Eu me agarrei a ele, desviei os olhos e deitei minha cabeça no
seu peito, deixando meu ouvido escutar as batidas do seu coração.
— Pietra, se não quiser me contar, entenderei.
— Não é isso — respondi, mas não me afastei do seu corpo,
era bom demais escutar o compasso do seu coração.
— Então, é o quê?
Eu me afastei, ergui a cabeça e encarei seu rosto lindo,
másculo. Seus traços eram tão fortes, nossa! Ele era o homem mais
lindo que já vi.
Corri os dedos por seus braços, traçando as linhas coloridas das
suas tatuagens. Fiz o mesmo que a Marion adorava fazer, desenhar
em meu belo caderno de desenho.
— Minha mãe morreu quando era bem pequena, bem menor que
a Marion...
Meus dedos chegaram em sua mão, entrelaçamos os dedos e
eu o puxei para a sala. Sentamo-nos no sofá, ele segurou minhas
mãos e as trouxe para o colo, acariciando-as com o polegar.
— Papai me criou sozinho por um bom tempo. Eu já tinha mais
ou menos a idade da Marion quando conheci a Naia no parquinho
onde minha babá me levava para brincar. Ela cuidava de uma menina
que tinha necessidades especiais, então todas as vezes que eu a
encontrava no parquinho ficávamos juntas. Daí nasceu um laço
afetivo entre nós, e um belo dia ela conheceu o papai. Meses depois,
eles se casaram.
Inspirei.
Havia tempo que eu não lembrava do papai. E lembrar dele
nesse momento doeu.
A saudade, às vezes, machucava.
Respirei fundo, fechei os olhos e afastei as lembranças. Inspirei
outra vez e continuei:
— Eu passei a chamá-la de mamãe, pois a amava muito, e ela a
mim. Fomos uma família feliz, cercada de amor. Naia era uma mãe
maravilhosa e uma esposa muito apaixonada, mas... — A dor da
lembrança veio outra vez e eu me lembrei do dia em que perdi meu
pai. — Papai sofreu um acidente e morreu.
Lembrar daquele dia era dolorido demais. Eu era bem mais
velha que a Marion e ainda me lembrava de cada detalhe.
— Bem, um dia Naia e eu estávamos no supermercado. Já no
caixa, passando as compras, ela só havia levado dinheiro suficiente
para comprar o jantar e eu precisei deixar os meus deliciosos
iogurtes de laranja, cenoura e mel. Eu adorava esses iogurtes e eles
eram bem difíceis de encontrar, mas como o dinheiro não dava, eu
os deixei no balcão. Quando já estávamos na saída do mercado,
alguém nos chamou. Foi quando conhecemos o Paolo e ele
gentilmente me presenteou com uma bandeja de iogurte.
Eu sorri com a lembrança. Ainda me lembro do rosto da mamãe
olhando para ele, desconfiada, como se dissesse: Qual é? O que
você colocou nesses iogurtes, está querendo o quê com a minha
filha?
Mamãe, quando se tratava de me proteger, ficava
irreconhecível. Estava divagando, e o Luke me olhando, com certeza
querendo adivinhar meus pensamentos. Continuei.
— Paolo se apresentou rapidamente e foi então que a mamãe
se lembrou dele. Ele foi o policial que investigou a morte do papai. A
partir daí, mamãe vivia esbarrando coincidentemente com o Paolo,
até que ele resolveu nos chamar para sair, e assim os nossos
encontros deixaram de ser coincidências e ele passou a frequentar a
nossa casa. Um belo dia, ele pediu a mão da Naia em casamento a
mim. Claro que consenti, eu já o amava. E foi assim que eu ganhei
um novo pai. Com um tempo, passei a chamá-lo de papai, e anos
depois nasceu a Marion, minha irmãzinha de alma.
Eu chorava enquanto contava minha história de amor e percebi
que o Luke também estava muito emocionado. Ele continuava a
acariciar a minha mão, seu polegar massageando minha pele com
extrema delicadeza.
O Luke era contraditório, pois de longe ele parecia tão
selvagem, tão durão, tão cru e perigoso. Porém, assim tão de perto,
sentindo o seu toque e seu olhar, ele era o que podemos comparar a
uma seda vermelha reluzindo à luz do sol. Quente, brilhante, delicada
e protetora.
— Nossa! Sua vida foi cercada de tanto amor, tanta ternura...
— E tanta saudade. — Eu o cortei e nossos olhares se
cruzaram. Ele me olhou com tanto amor que quase derreti. — Você
entende agora o meu medo de perder a Marion? Eu não sou irmã
dela, não temos parentesco algum, a não ser eu ter sido criada
como filha pelos pais dela. Não sei se isso bastará para a lei.
— Claro que bastará... — Ele se levantou, andou alguns passos,
passou as mãos pelos cabelos nervosamente e depois virou-se para
mim, olhando-me com aqueles olhos cheios de amor. — Daremos um
jeito. Minha família tem um excelente advogado, tenho certeza de
que ele encontrará uma maneira de ajudá-la. — Ele pegou o celular,
ligou para alguém e se afastou.
Eu fiquei onde estava, vendo-o desaparecer pela porta da
frente. Não sei com quem ele falava, só escutava o seu sussurrar,
mas parecia que a conversa era séria, pois em alguns momentos ele
xingou alto. Então ele ficou em silêncio e voltou para onde eu estava.
— Pietra, eu preciso que separe todos os documentos dos seus
pais, os seus e os da Marion. Você pode pegá-los agora? Nosso
advogado virá buscá-los no velório, ele me disse que quanto antes
dermos entrada na documentação de guarda, melhor.
Além de lindo, ele era prático. Não foi à toa que eu me apaixonei
por ele.
Eu me levantei rápido e fui para o quarto dos meus pais. Graças
a Deus, eu sabia onde o papai guardava toda a documentação.
Peguei a caixa como se ela fosse a coisa mais valiosa do mundo,
abracei-a e voltei para a sala.
— Aqui está. Todos os nossos bens estão dentro desta caixa.
Luke abriu a caixa e começou a remexer dentro. Ele lia papel por
papel, até que se ateve a um em particular. Olhou para mim e sorriu.
— Garota, você é muito amada. Amada de tal forma, que o
universo conspira ao seu favor.
Ele abanou o papel, largou a caixa na mesa e veio até mim. Eu
não estava entendendo, mas me deixei ser abraçada, pois naquele
momento era onde eu mais queria estar.
No abraço dele.
— Garota, este documento aqui diz, com todas as letras, que
você é a filha de Naia Costas e Paolo Costas. Ninguém, garota, eu
digo ninguém, tirará a nossa menina de você. Ela é sua, sua
menininha é sua, entendeu?
Eu peguei o papel e li, reli, e uma onda de felicidade invadiu meu
corpo. A Marion estava salva, eu seria sua guardiã, ela seria minha
protegida. Eu agarrei e apertei o Luke, nesse instante meu mundo
não tinha dor, era somente eu e ele e nada mais.
— Garota, não que eu não queira ficar aqui agarrado a você,
mas precisamos ir. Temos um longo dia pela frente. Você precisa
comer algo e arrumar os pertences dos seus pais. Eu sei que não
será fácil, mas eu estarei com você a cada segundo.
Uma hora depois, estávamos do outro lado da ilha. Eu não quis
enterrar meus pais, não queria que a Marion passasse por isso,
então o Luke sugeriu a cremação. Ele tomou a frente de toda a
documentação necessária, e às vinte horas nos despedimos dos
meus pais. Não sei explicar o que senti. Não consegui chorar, não
consegui sequer falar. Estava me sentindo tão vazia que era como se
uma parte de mim tivesse se esvaído e também virado cinzas.
A única certeza que eu tinha era de que agora eu nunca mais
veria outra vez os meus pais nem escutaria suas vozes. Seríamos só
eu e a minha menininha.
A tristeza estava me tomando e o meu refúgio era o Luke. Acho
que se ele não estivesse comigo, eu já teria desabado. Ele estava ao
meu lado, com as mãos coloridas em meus ombros. Seu corpo forte,
seu olhar amoroso, seu coração enorme e cheio de amor estavam
me cercando, protegendo-me.
Marion estava nos braços do homem que ela agora chamava de
vovô, dormindo como um anjo. Ela não chorou, não fez perguntas,
nem reclamou, apenas levou a mãozinha à boca e jogou um beijo no
ar. Não ficamos até o final do processo. Eu não quis, era muito
dolorido saber que os meus pais estavam dentro de um forno sendo
queimados. As cinzas seriam entregues no dia seguinte e o Luke
ficou de ir buscá-las.
Não voltamos para a ilha, fomos dormir em um dos hotéis da
família do Luke. Foi melhor assim, pois a Marion nos preocupou,
ficou febril, enjoada, teve pesadelos e foi preciso chamar um
pediatra para examiná-la. Após um exame cuidadoso, o médico
chegou ao diagnóstico de que era emocional. Marion, mesmo sem
entender direito o que estava acontecendo, foi atingida
emocionalmente e seu corpo reagiu à tristeza. Então, pelo seu bem,
todos nós ficamos juntos na maior suíte do hotel. Quando ela
melhorou e viu todos juntos fez a festa, ficou tão cheia de energia
que demorou a voltar a dormir.
— Pietra.
Acordei com uma voz sussurrando em meu ouvido. Tentei me
levantar, mas uma mão me segurou no travesseiro.
— Shh, não precisa se levantar, durma mais um pouco. — Senti
lábios sobre os meus em um beijo doce, mentolado, tão bom. — Não
faça barulho, vai acordar a Marion. Shh! — Recebi outro beijo. —
Estou indo me encontrar com o papai e o Joshua. O Marco já foi na
frente e está nos esperando no cemitério. Quando tudo for resolvido
virei buscá-las. Descanse, e quando quiser é só pedir o café da
manhã, ok?
— Luke — sussurrei enquanto minha mão puxava a sua, o
trazendo para mais perto. — Obrigada, amo você.
— Tudo pela minha garota. Eu também amo você. — Ele me
beijou, sua mão circulou minha nuca e o nosso beijo se tornou mais
forte. — Sou louco por você, garota. — Mordeu meu lábio, depois se
afastou e aproveitou para beijar a cabeça da Marion. — Descanse.
Ele atirou um beijo no ar e foi embora. Eu voltei a deitar, fechei
os olhos e tentei não pensar em mais nada.
Dentro de algumas horas, faríamos uma pequena cerimônia
religiosa para poucas pessoas: a família do Luke, o Marco e alguns
amigos do papai. Depois jogaríamos as cinzas no mar. A mamãe era
apaixonada pelo mar e foi por isso que o papai tinha nos trazido para
a ilha.

Antes que eu percebesse, o tempo já havia passado mais rápido


do que uma ventania. Já faziam nove dias da morte de meus pais e
eu estava uma pilha de nervos, por isso Luke não voltou para
Passaredo, e eu gostei disso. Ficar com ele, dormindo e acordando
juntos, era como ter um escudo protetor. E era assim que ele se
sentia.
Meu protetor.
Não que estivéssemos morando juntos. Não, isso nem se
passava pela minha cabeça, agora eu tinha preocupações maiores, e
uma delas era resolver o quanto antes a aquisição da guarda
definitiva da minha irmã.
Eu também sei que o Luke não pensava em morarmos juntos.
Ele jamais iria querer assumir um compromisso tão sério assim. Não
que ele não quisesse algo sério comigo, claro que queria, mas
morarmos juntos, tenho certeza de que não estava em seus planos.
Às vezes, quando estávamos na cama, logo depois de fazermos
sexo e ele me olhava com aqueles olhos de quem queria mais, eu
pensava, sim, nessa possibilidade. Afinal, quando imaginava o Luke
longe de mim, ele em sua casa e eu na minha, batia uma insegurança
do cão.
O Luke era, sim, puro sexo. Ele não mentiu quando disse que
adorava o ato. Ele é fogo.
Fazemos amor quase sempre. Se ele estiver em casa e a
Marion não estiver por perto, ele me tranca no quarto e me devora,
incansavelmente. Luke me ensinou o prazer carnal, me mostrou a
luxúria e em pouco tempo eu aprendi como satisfazê-lo. Estava
ficando boa em muitas coisas, só não tinha experimentado o sexo
anal... ainda.
Não que não tivéssemos tentado. Eu até tentei umas três vezes,
mas não suportei a dor. Então o Luke parou de tentar e disse que vai
esperar meu tempo de luto passar. Mas quando ele achasse que
chegou a hora... Disse que “vai me jogar de quatro e comer meu
rabo”. Foram suas palavras.
Ele era assim, direto, objetivo e boca suja.
E eu amava esse seu jeito.
— Oi. — Ele me abraçou por trás, jogando longe meus
pensamentos. — O que está fazendo? — Esticou o pescoço por
cima do meu ombro.
— Café — respondi e ele me deu uma tapa em minha bunda
nua.
— Garota, não me tente. Esse seu rabo redondo é muito
tentador, e você sabe que estou louco para comer esse seu cuzinho
virgem...
Mordeu minha nuca, levantou a barra da camisa de algodão e
escorregou o polegar nas pregas do meu ânus.
— Lu-Luke... — Encostei o rosto no seu ombro quando senti o
corpo inteiro arrepiar com o toque devasso do seu dedo.
— Se incline na pia, garota, quero experimentar você. — Ele
empurrou minha cabeça para frente, meu tronco ficou deitado sobre
a pia. — Abra as pernas, minha gostosa, quero lamber seu cuzinho e
fodê-lo com a minha língua.
Esse homem não existia. Ele me acendia sem precisar de
combustível. Abri as pernas.
Luke suspendeu minha camisa e a puxou por minha cabeça.
Fiquei nua.
— Olhe para a janela, fique apreciando a vista, garota, não olhe
para o que estou fazendo.
Sua voz crua, dura, deixava-me inebriada, sedenta, se ele
dissesse que comeria minha bunda, nesse momento eu deixaria.
— Apertadinho, delicioso, esse buraquinho logo conhecerá a
grossura do meu pau, vou enfiar todinho até você gritar.
Luke mordeu meu ombro, segurou meus cabelos entre os dedos
e os puxou com força, minha cabeça foi para trás, e enquanto eu
sentia a dor fina do puxão, recebi um tapa na bunda para logo depois
seu dedo penetrar meu ânus outra vez. Ele girava o dedo dentro de
mim, torturando-me.
— Garota, a cada enfiada que eu der no seu cuzinho, darei uma
palmada na sua bunda, e socarei com força a cada grito que você
der.
Eu gemi alto. De onde eu estava podia ver a movimentação da
rua lá embaixo. Minha casa ficava no alto, a janela era de vidro. Eu
sei que se alguém olhasse para cima poderia ver os movimentos que
eu estava fazendo, caso o Luke resolvesse me comer ali mesmo.
Seus dedos soltaram meus cabelos e eles fizeram um caminho
abaixo, desenhando as curvas da minha cintura enquanto sua boca
descia por minhas costas. Ele mordeu um lado da minha bunda
— Ai... — gritei. Mordeu o outro lado. — Por Deus, Luke...
— Shh, quero comer você, garota, quero socar minha língua
nesse seu cuzinho enquanto meus dedos fodem sua bocetinha. Abra
mais as pernas.
Ele puxou o ar quando eu fiz o que ele pediu. Estava toda
inclinada sobre a pia, com as pernas esparramadas e minha bunda
completamente ao seu dispor.
— Puta que pariu, isso que é um cu de respeito. — Se fosse
outro cara que me dissesse isso, com certeza eu me sentiria
constrangida, mas era o Luke, o desbocado do meu Luke.
Então, ele enfiou sua língua lá. Meus dedos se prenderam com
força na borda da janela, mordi meu lábio para gritar de prazer. Ele
sabia foder com a língua. Eu tentei fechar as pernas, mas recebi
uma tapa violenta e rapidamente me mantive no lugar.
Luke usou a língua em mim do jeito que queria. Ele sucumbiu ao
seu prazer de foder, com dedos, língua e dentes.
— Garota, está pronta para ir ao inferno e depois para o céu?
Ele sempre dizia isso, quando ia me fazer gozar.
— E-estou. — Fechei meus olhos e me deixei levar.
Seus dedos me fodiam na boceta e sua língua no meu ânus.
— Lu-Luke... — Eu ia gozar, mas ele se afastou e rapidamente
encheu minha boceta com o seu pau, e começou a socar com força
dentro de mim. Agarrou meus cabelos e puxou minha cabeça.
— Gostosa do caralho, olha como você nos deixa, estamos
loucos, viciados em você, meu pau só pensa na sua boceta e eu só
penso em você.
Ele socou duro, forte, cavalgava duramente até que seu corpo
se juntou ao meu e eu senti seu esperma quente jorrando dentro de
mim.
Minutos depois, fui carregada para o banheiro, sem forças. As
pernas trêmulas, a respiração ofegante, morta...
Estávamos nos trocando, quando escutei batidas na porta
— Termine de se arrumar, eu vejo quem é. Seja quem for,
mandarei embora em dois tempos. — Luke foi ver quem era.
Rapidamente coloquei um vestido, ajeitei o cabelo e saí calçando o
sapato.
— Quem é você? — Escutei a rudeza da voz do Luke.
— Gostaria de falar com a Pietra, ela está? — Uma voz
masculina bem marcante, grave e decidida respondeu.
— O que quer com ela e quem é você? — Luke olhou para trás
e me viu. Encostou a porta um pouco, impedindo-me de ver quem
estava na sua frente.
— Meu nome é Alberto e gostaria de falar com a Pietra. Um
assunto do interesse dela... E você, quem é?
— Luke, o namorado dela. Pode falar o que quer com ela, tudo
que diz respeito a Pietra me diz respeito também. Portanto,
desembuche logo o que quer.
Luke engrossou a voz, tornando-a ameaçadora.
— Luke... Já ouvi muito sobre você hoje.
— Foi mesmo? Que bom, então, o que quer com a minha
garota?
Luke estava ficando impaciente.
— Sou assistente social, trabalho na...
— En-entre... — Quando escutei aquelas palavras, abri a porta
rapidamente. Luke até perdeu o equilíbrio e cambaleou dois passos
à frente. — Sou a Pietra. — Estendi a mão. O rapaz me olhou dos
pés à cabeça, analisando-me. Depois sorriu.
— Posso ver sua identificação? — Luke exigiu.
— Claro. — O homem mostrou o crachá.
Ele era bonito, aparentava ser um pouco mais velho do que o
Luke. Cabelos loiros, olhos acinzentados, era alto, tinha o corpo forte
e um sorriso muito franco. Trajava roupa social, calça preta e camisa
azul-marinho.
— Prazer, Pietra. — Ele apertou minha mão, mas me encarou, e
quando eu menos esperei fui puxada com força para os braços do
Luke. Ele olhava para o tal Alberto como se quisesse esganá-lo.
— Nós estávamos esperando uma ligação para avisar a data da
visita — Luke articulou, olhando para o homem com desconfiança.
— Não avisamos, sempre chegamos quando menos esperam. —
Olhou para o Luke, avaliando-o. Cada detalhe dele.
— Bem, eu posso entrar?
— Claro — respondi, afastando-me e empurrando o Luke para
dar espaço para o Alberto passar.
Alberto entrou e avaliou cada pedaço do espaço da minha
pequena sala. Depois ele se voltou para mim.
— Eu preciso conversar com você em particular. — Olhou para o
meu rosto e depois encarou o Luke.
— Não vai precisar conversar com a Marion também? — Luke
instigou. Eu sabia o que ele pretendia: adiar a entrevista, já que a
Marion estava na casa do seu pai. Assim eu teria tempo de arrumar
a casa para a inspeção.
— Eu já conversei com ela — respondeu Alberto, sorrindo para
o Luke. — E com o seu pai e o seu irmão. Quando terminar a minha
entrevista com a Pietra, será a sua vez, mas em particular. Portanto,
será que poderia nos deixar a sós?
Luke deu um passo à frente, e eu percebi seus punhos cerrados.
Ele estava pronto para o combate.
— Luke. — Eu fiquei em sua frente e sorri para ele. — Vá
buscar a Marion, é o tempo que converso com o Alberto.
Rezei.
Luke abriu as mãos. Inspirou, relaxou, virou as costas e saiu
sem dizer uma só palavra.
Virei-me e encarei o Alberto, que me analisava.
— Não ligue para o meu namorado, ele é muito protetor —
disse, sem graça.
— Sei. — Alberto voltou a analisar toda a sala. — Podemos
começar a inspeção?
— Sim, claro que podemos. — Bateu o medo, pois a casa
estava uma bagunça. Então eu me lembrei da cozinha. Eu acabara
de fazer sexo lá, e se o chão estivesse sujo de esperma?
— Podemos começar pelo quarto da Marion? — Mostrei o
caminho, e enquanto ele olhava cada detalhe, pedi licença e corri
para a cozinha. Por sorte, o chão estava limpo, só a pia é que estava
uma bagunça.
Alberto fez todas as inspeções, escrevendo muita coisa no
tablet. A cada análise ele me olhava. Depois nos sentamos na sala e
começou a parte mais difícil: falar sobre os meus pais.
— História bonita, a sua — disse ele assim que terminei de
contar. — A Marion adora você. Sabe que de cada três palavras que
ela fala, Pipi é uma delas? — Adorei escutar isso. — Isso é muito
bom, é sinal que ela confia em você e a ama mais do que uma irmã.
— Então isso quer dizer que o juiz me dará a guarda?
— Não, isso é um atenuante. — Ele desligou o tablet e o
guardou na bolsa. — Pietra, depois de mim virão outros
entrevistadores e eles farão as mesmas perguntas e mais outras.
Eles falarão com as mesmas pessoas com as quais eu falei. Sua
vida será investigada, eles falarão com seus velhos e novos amigos.
Depois tudo será levado para o juiz e ele analisará...
Eu não gostei da cara que ele fez.
— O que está te incomodando, Alberto? Pode ser franco
comigo. Eu não posso perder a guarda da minha irmã, ela só tem a
mim e ela é tudo o que me restou de família. Eu farei qualquer coisa
para ficar com ela.
Ele me encarou.
— Tudo mesmo? — inquiriu.
— Sim, tudo.
— Olha, não posso e nem devo dar conselhos, tampouco
apontar as falhas dos meus entrevistados, mas no seu caso, farei
isso. — Ele limpou a garganta. — É sobre o seu namorado. O que
eu descobri sobre ele não é nada bom. A vida que ele leva, o jeito
marrudo, encrenqueiro, fora o seu modo de ganhar a vida, mesmo
ele sendo rico, filho do prefeito e de um dos homens mais ricos do
Brasil, tem um caráter duvidoso. Não é um bom exemplo para uma
garotinha de quatro anos, e quando o juiz souber que você namora
um cara assim, principalmente se for um juiz linha dura e austero,
com certeza ele negará a guarda.
— Então, você quer dizer que o meu namoro com o Luke pode
fazer com que eu perca a guarda da minha irmã?
— Sim.
Perdi o chão. O que eu faria agora?
Nesse instante, a porta se abriu e uma garotinha serelepe
invadiu a sala, voando em meu pescoço e me enchendo de beijos.
— Pipi, Pipi! — Sua mãozinha circulou o meu queixo e fui
obrigada a olhar para o seu rostinho. — O vovô comprou um balanço
e colocou no jardim. É meu, não é legal?
— Sim, meu amor, é muito legal. E você se balançou nele?
— Muito! E não foi só isso, o Joshua comprou uma bicicleta rosa
lindona.
— Nossa! Você já sabe andar?
— Não, sua boba. Ela tem rodinhas, mas o Luke me prometeu
que vai me ensinar, e quando eu souber andar de bicicleta, ele vai
me ensinar a pilotar a moto dele, não é legal? Só falta eu ter as
tatuagens e os brincos... oba! — Ela levantou os bracinhos, e eu
olhei desesperada para o Luke.
Alberto prestava atenção em cada palavra que a Marion dizia.
— Bem, eu preciso ir. — Alberto se levantou. Marion se virou e
olhou para ele.
— Eu conheço você. Estava na casa do vovô, não foi?
— Sim. Como você está, Marion? — Ele se inclinou e mexeu no
cabelo dela.
— Feliz. — Ele se virou e olhou para mim. — Pipi, tô com fome!
O Luke não me deixou comer, disse que estava com pressa.
— Ok, vou deixá-la cuidar da sua irmã. — Alberto olhou para o
Luke. — Você me acompanha, Luke? Assim conversamos no
caminho.
— Sim, vamos.
Luke deu espaço para o Alberto passar, veio até mim e me
beijou nos lábios.
— Volto já. — Piscou um olho, sorriu e foi embora.
Capítulo 19

Eu não gostava daquele cara. Não que ele tenha feito, ou dito
algo contra mim, eu simplesmente não gostava do jeito que ele
olhava para a minha garota. Qualquer um que olhasse demais para
ela era, sem dúvida alguma, meu inimigo mortal.
E eu queria arrancar a cabeça dele.
— Bem, Luke, há quanto tempo você e a Pietra estão juntos?
O babaca estava pedindo para apanhar.
Parei e me virei para encará-lo. Estávamos prestes a atravessar
a rua, meu carro estava do outro lado, estacionado.
— Não sei o que essa pergunta tem de relevante para o
problema da Pietra. — Eu avaliei seu maldito rosto enquanto soltava
o verbo.
— Deixe que eu me preocupo com o que tem ou não de
relevante, só responda à pergunta. Será melhor para a Pietra,
concorda?
Deixei escapar uma respiração pesada. Esse babaca estava
jogando com a própria sorte.
— Escute aqui, Alberto não-sei-lá-das-quantas, você já ouviu
algumas pessoas falarem sobre mim, então já sabe que eu não sou
muito amigável. Portanto, acho melhor você ser direto e parar de
jogar.
— Alberto Simões, esse é meu sobrenome. E eu não estou
jogando, estou fazendo o meu trabalho. Acredite em mim, outro em
meu lugar não tentaria ajudar a sua namorada, por isso, desarme-se
ou continue bancando o estúpido.
Minha paciência foi para o espaço. Agarrei o cretino pelo
colarinho e trouxe o seu focinho para junto do rosto.
— Quer ver o estúpido ou o diabo, senhor Alberto Simões? Da
próxima vez, não olhe para minha garota do jeito que olhou, ou verá o
diabo em pessoa, entendeu?
Ele pegou em minhas mãos e, num movimento rápido,
desprendeu-se dos meus dedos. Deu um passo para trás, ajeitou a
camisa e me encarou.
—Da próxima vez não serei eu a vir vê-la. Eu fui o primeiro, mas
virão outros, e creia, eles só farão o trabalho deles, que é perguntar,
anotar e transcrever as respostas para o responsável pelo processo.
E eu lhe garanto que se forem as mesmas respostas que tive, a sua
namorada terá pouquíssimas chances de conseguir a guarda
definitiva da irmã.
Ele se virou e atravessou a rua, seguindo a passos rápidos em
direção a um automóvel branco, um pouco à frente do meu.
— Ei, não vai me entrevistar? — Será que eu estraguei a porra
toda?
— Não preciso, você já me deu as respostas que buscava. —
Abriu a porta do carro, e antes que ele entrasse, eu o alcancei e o
segurei pelo braço.
— Será que podemos começar tudo de novo? Não por mim, mas
pela Pietra.
Ele fechou a porta e se encostou no carro.
— Luke, você realmente ama aquela moça? — Ele apontou com
a cabeça na direção das escadas que levavam à casa da Pietra.
— Amo e faria qualquer coisa por ela.
— Que bom. Então é melhor pensar na possibilidade de ajudá-la
a não perder a guarda da Marion...
Ele se virou e abriu a porta do carro novamente, mas o impedi.
— O que quer dizer com isso?
— Pense, Luke, qual juiz em sã consciência daria a guarda de
uma menina de quatro anos de idade a uma moça que acabou de
sair da adolescência e que, para piorar, está envolvida com um cara
como você? E antes que queira me bater, não sou eu quem está o
acusando, são as pessoas que eu entrevistei. O seu temperamento
estourado é o menor dos seus problemas.
Eu lhe dei um olhar assassino e ele não me ofereceu resistência,
apenas entrou no carro e fechou a porta.
— Se você gosta realmente dessa garota, saia do caminho dela,
ou a irmãzinha dela acabará em um orfanato. Não é um conselho, é
só um aviso. Passe bem, Luke.
Ele deu a partida no carro e saiu lentamente. Fiquei parado no
meio da via, observando o veículo desaparecer, e só me dei conta
quando escutei uma buzina soando forte e alguém chamando meu
nome.
— Luke, o que há com você? — Fui puxado com força para o
meio-fio. — Caralho! Quer ser atropelado? — Eu só conseguia olhar
para o meu irmão, mas não tinha reação. — Luke! — Joshua me
sacudiu, segurando meus braços.
— Eu tô na merda, cara. — Só consegui dizer isso. Meu mundo
acabara de desabar.
— Venha, acho que você precisa conversar. Vamos até o hotel.
Fui guiado por ele. Mal conseguia guiar meus próprios passos.
Chegamos ao grande hotel Sarajevo. Mesmo a família tendo
mais de uma dúzia de hotéis cinco estrelas espalhados pelo mundo,
este era o orgulho do papai. Ele tinha um imenso amor por este
hotel, talvez porque foi a mamãe que cuidou de cada detalhe. Mas
realmente, ele era muito lindo.
— Sente-se aí. Vou pegar uma bebida, acho que você precisa.
Eu me sentei em uma confortável poltrona junto à imensa janela
de vidro com vista total para a baía. De fato, a visão era de tirar o
fôlego.
— Tome. — Olhei para o copo com o líquido amarelo, fiz uma
cara feia. — Eu sei que você não gosta de uísque, mas tome. Vai
ajudar bastante.
Ele se sentou na poltrona da frente com uma garrafa de água na
mão. Joshua não bebia nada alcoólico desde o dia que sua mulher e
filha faleceram. Ele não bebia e nem dirigia.
— O que foi que você aprontou dessa vez?
Eu mereço essa merda! Mereço que desconfiem de mim,
sempre fiz por merecer toda a minha fama de bad boy arruaceiro e
delinquente.
Joshua me olhava, esperando a resposta.
— Me apaixonei, foi o que eu fiz. E agora estou fodido.
Virei o copo de vez e a bebida queimou dentro de mim, deixando
um rastro de fogo dos infernos. Mas não era o suficiente, mesmo
não gostando daquela porra eu precisava de mais. Levantei e fui até
a mesinha onde estavam as bebidas. Joshua me acompanhou com
os olhos. Fiz uma mistura de tudo o que tinha lá.
— Cara, devagar. Assim você vai parar no hospital — Ele gritou,
e eu só senti sua mão tentando pegar meu copo.
— Porra! Não preciso de babá, eu preciso dessa porra. —
Empurrei sua mão e virei o copo. — Caralho! Que porra é essa? —
Fiz uma careta e um estalo com a boca. Das duas uma: ou eu cairia
duro no tapete felpudo do meu irmão, ou ficaria muito louco.
Bem, nem uma coisa, nem outra. Só consegui ficar um pouco
zonzo, mas nada de aliviar aquela pressão em meu peito.
— Senta aqui, Luke. — Joshua me jogou no sofá outra vez. — É
sobre a guarda da Marion, não é? — Subitamente eu fiquei bom,
ergui a cabeça e o encarei.
— O que aquele idiota do Alberto disse? — O Joshua sabia de
alguma coisa, estava escrito na cara dele.
— Ele não precisou me dizer nada. Não é preciso ser um expert
em assuntos jurídicos, Luke. Só você que não quer enxergar, e acho
que já está na hora de você fazer algo com a sua vida. Se não for
por você, que seja pela Pietra, ou ela perderá a guarda da irmã.
— E o que você quer que eu faça? Eu não posso mudar meu
passado, porra. Mesmo não sendo verdade um terço do que falam
de mim, a merda já está feita.
— É, a merda já está feita, mas você pode mudar seu futuro.
Comece hoje.
— E vai adiantar!?
— Eu não sei, mas já é um bom começo, não acha?
— Eu juro, cara, se eu soubesse que levar a fama de mau no
futuro prejudicaria a pessoa que eu amo, eu teria feito tudo diferente.
— Pois é, agora não adianta chorar o leite derramado. Se vire
com o que restou na xícara e vá à luta. Eu sei que uma má
reputação não se apaga assim, mas você pode fazer tudo diferente
a partir de hoje. Não deve ser difícil para você, afinal, essa sua vida
de bad boy é só uma fachada. Eu sei disso, papai sabe disso e você
sabe também. Acho que chegou a hora de deixar o passado para
trás. Nada do que você fizer trará a mamãe de volta nem redimirá
sua culpa. Mesmo você, no fundo, sabendo que não foi o culpado,
ser um delinquente não acabará com a sua culpa.
— Isso funcionou para você? Esse discurso funcionou para você,
Joshua?
— Não misture as coisas, Luke, a minha história é diferente da
sua. No meu caso, eu fui o culpado, eu matei a minha família... — Eu
vi a dor nos olhos do meu irmão e imediatamente me arrependi de
ter tocado no assunto. — Você era só uma criança, meu irmão, e a
mamãe só queria realizar um desejo seu. Não foi sua culpa, ao
contrário de mim, que era adulto. Eu sabia das consequências em
dirigir após ter bebido e ainda tendo a certeza de estar muito
cansado. Eu dirigi e dormi no volante. Eu bati a porra do carro e
matei minha mulher e minha filha. A justiça pode ter me inocentado,
mas eu... eu não sou inocente.
Eu me levantei e fui até ele. Abracei-o.
— Meu irmão, me perdoe, eu não queria abrir velhas feridas. Eu
sou um estúpido, perdoe-me.
— Não se preocupe, Luke, estou acostumado, essa culpa nunca
me deixará. Não luto mais contra a dor, acho até que ela já faz parte
mim. Eu estou reagindo da minha maneira. E você, vai reagir?
Ele se afastou de mim, suas mãos espalmaram meus ombros e
os seus olhos se fixaram nos meus. O silêncio se fez presente por
alguns segundos e eu respirei fundo.
— Eu amo aquela garota, amo muito.
— Luke, preste atenção, não brinque com o coração da Pietra.
Apesar de ela ser muito jovem, ela tem uma grande
responsabilidade, e se você resolver ficar com ela, lembre-se que
não virá sozinha. Você ficará com o pacote completo, a Pietra e a
Marion, e não será fácil assumir uma família completa. Por isso
pense bastante antes de mergulhar de cara nessa relação.
— Eu quero, quero a porra toda. As minhas garotas serão muito
amadas, trabalharei para que isso aconteça.
— É assim que se fala, então. Antes que você saia por aí,
gritando aos quatros cantos do mundo que assumirá a Pietra,
primeiro faça por merecê-la. O juiz não quer saber o que você
pretende fazer, ele só verá o seu passado. Então trate de trabalhar
no seu futuro, pois o seu presente ainda é duvidoso.
O Joshua tinha razão, eu não podia ignorar as merdas que eu
fiz. Quem quer que seja que vá julgar o processo da Pietra também
não, eles sempre me julgariam um delinquente, um traficante dos
ricos e famosos, mesmo que não houvesse prova alguma contra
mim. Contudo, eu podia, sim, provar que não era mais um moleque e
que estava disposto a ser um homem responsável e pronto para
assumir uma família. Eu só precisava me livrar do meu passado, e
isso levava tempo, pelo menos algumas semanas.
— Então eu preciso começar já. Acho que já sei até por onde.
Dará um pouco de trabalho e tempo, mas assim que conseguir fazer
o que estou pensando, conto para a Pietra.
— Se precisar de ajuda, é só pedir.
Eu me levantei, puxei meu irmão para um abraço. Ultimamente
tínhamos nos abraçado mais e eu gostava disso. Eu e o Joshua
erámos muito ligados, ele era meu protetor quando criança.
Tínhamos onze anos de diferença de idade e nossa relação foi
cortada quando a mamãe morreu.
— Eu sei disso. — Ele me beijou no rosto. — Não precisa
exagerar. Sem beijo, tá?
Ele sorriu. Um riso tímido, mas um riso.
Voltei para o ancoradouro de mototáxi, tinha algumas coisas
para fazer antes de ir para a casa da Pietra, e se tudo desse certo,
em mais ou menos um mês eu estaria em um outro ramo de negócio.
Desta vez seria um negócio limpo, sem festas particulares.
Tudo pela minha garota.
Uma semana se passou após as visitas dos assistentes sociais.
O Alberto me disse que outros viriam. Conheci uma senhora
chamada Linda, ela veio um dia depois que o Alberto veio. Confesso
que não gostei dela. A mulher sequer olhava para mim, apenas
escrevia naquele tablet e analisava cada centímetro da casa. Olhou
até dentro da máquina de lavar e perguntou por que não havia redes
de proteção nas janelas. Eu respondi que não havia necessidade,
pois Marion era uma menina muito inteligente e nunca se pendurava
nas janelas. Ela não gostou muito da resposta, por isso o Luke já
mandou colocar redes em todos os lugares que oferecessem perigo
para a Marion, inclusive na sua casa e na do seu pai também. Se o
problema era falta de segurança, ele não existia mais.
Entretanto, a minha maior preocupação foram as perguntas que
ela fez sobre o Luke. Era como se ela só estivesse confirmando o
que já sabia sobre ele. Eu sabia que algo não estava certo com
aquelas perguntas, mas o Alberto já havia me prevenido, eu só
pensei que os próximos assistentes pegariam mais leve. O terceiro
foi um homem com um pouco mais de quarenta anos. Esse me deu
medo, pois ficou conversando com a Marion sozinho e depois me
pediu para ver os brinquedos dela. Não sei o que isso tinha a ver
com o processo, mas em todo caso eu o deixei vê-los. Após toda
inspeção na casa, ele fez uma pergunta que me deixou confusa,
perguntou se o Luke estava morando comigo. O Luke estava
dormindo aqui, mas não morava comigo, ele só estava me dando
apoio até o processo da guarda acabar, depois ele voltaria para a
casa dele. Então, eu respondi que não.
O que não era mentira. No entanto, o homem me olhou
desconfiado. E eu não sei se foi por maldade ou por querer me
alertar. Antes de ir embora, ele avisou que eu teria uma última
inspeção com a chefe dele. Seria ela quem faria o relatório final para
ser entregue ao responsável pelo processo. Então, assim que ele foi
embora eu liguei para o advogado que estava me ajudando e o que
ele me disse me assustou.
Ser a namorada do Luke não favorecia a minha situação, pois os
antecedentes dele não o qualificavam como boa companhia para a
Marion. Exigi que ele fosse direto e ele foi. Segundo ele, Luke ser o
meu namorado poderia, sim, ser o motivo para que eu não ficasse
com a guarda da Marion.
Então eu fiz a pergunta que não queria calar.
Se eu me afastasse do Luke, teria mais chances de obter a
guarda da Marion?
E escutei a resposta mais terrível, a resposta que eu já sabia,
mas não queria aceitar.
Sim, se eu me afastasse do Luke, se cortasse relações com ele,
pelo menos eu teria a guarda provisório até que saísse a decisão
final, o que não levaria muito tempo, só alguns meses.
Por isso, antes que o último inspetor viesse, tomei uma decisão.
Não foi fácil, mas era preciso. Eu não queria ter que escolher, mas
era o que faria.
Amadurecer doía.
Capítulo 20

Já estava preocupada com o Luke. Ele me prometeu chegar


antes do jantar, pois o avisei que precisávamos conversar. Há dois
dias tomei a decisão mais difícil da minha vida e eu queria logo
acabar com isso antes que fosse surpreendida pela última visita de
um assistente social. Nos últimos dias, não tenho ficado tempo
bastante com o Luke para termos essa conversa, pois ultimamente
ele andava muito ocupado, saindo sempre muito cedo e voltando
tarde da noite. Quando ele chagava eu já estava dormindo e só tinha
força e vontade para fazer amor com ele. Na manhã seguinte era a
mesma coisa, ele me acordava entre beijos e o meu corpo era
despertado pelo prazer do dele. Sem forças e coragem, eu deixava
a conversa para depois, porque não queria acabar com aquela
sensação de ser tão amada e desejada. Quando eu pensava que
tudo aquilo logo acabaria, sentia o medo crescendo dentro de mim.
Eu não sabia se conseguiria terminar com ele.
Mas hoje nós teríamos essa conversa.
Hoje eu não deixaria meu corpo me trair.
Hoje ele não me seduziria.
Já tinha colocado a Marion para dormir e justamente hoje foi
uma luta árdua. Ela queria esperar o Luke, parecia que estava
adivinhando que hoje ele iria embora para sempre das nossas vidas.
Depois de muita luta e de ralhar muito com ela, finalmente
adormeceu.
Agora estou aqui, na sala escura, sentada no sofá, esperando
por ele.
A porta se abriu e eu escutei o tilintar da chave sendo
depositada no aparador. Escutei seu respirar profundo e um gemido.
Algo não estava bem, então a luz foi acesa e não gostei do que vi.
— Pietra! — Espantou-se ao me ver. — O que faz acordada? —
Ele tentou esconder a desordem em que estava e saiu caminhando
para a cozinha. — Vá para a cama, já estou indo. — Abriu a
geladeira e se escondeu atrás da porta. Eu fui até ele. — Pietra! —
Fechei a porta da geladeira e ele me encarou.
— Que merda é essa, Luke? Em quem você bateu agora?
Porra, será que você se esqueceu do momento que estou vivendo?
— Eu não provoquei isso. Juro que até tentei, mas não tenho
sangue de barata. — Saiu da minha frente e foi para o banheiro. Ele
estava tentando fugir da conversa.
Tinha marcas pretas ao redor dos dois olhos, o nariz estava
sangrando e vermelho. Um fluxo constante de sangue escorria do
corte em seu supercílio e seu lábio inferior estava rachado.
Fui atrás dele e bati firme na porta. Ele abriu.
Olhou para mim sem emoção. Parecia cansado, posso dizer,
derrotado. Não estava reconhecendo o Luke, o cara antigo agora
estaria dando socos no ar ou quebrando algo, mesmo que tivesse
vencido o outro na briga. Luke sempre ficava com adrenalina
suficiente no corpo para continuar enfurecido e isso só acabava com
sexo, mas agora ele não parecia que me pegaria brutalmente e me
jogaria no canto, rasgando minhas roupas com desespero e só
sossegando quando socasse o pau com dureza em mim. Não, o
Luke estava se controlando, e isso era novidade.
— Desculpe, mas tem certos babacas que só batendo. — Sua
voz saiu forçada.
Encontrei seu olhar com firmeza.
— Justo agora, Luke? Você tinha que se meter em confusão
justo agora? — Ele abaixou a cabeça em um pequeno aceno de
reconhecimento.
Seu olhar encontrou o meu outra vez e eu vi uma sombra passar
rapidamente através dele. Ele levantou a mão e esfregou o rosto,
limpando o sangue.
— Ele não prestará queixa, não se preocupe. E eu não me
arrependo, faria tudo outra vez se ele abrisse aquela boca de merda
para...
— É claro que faria — eu o interrompi. — Porque o grande Luke
tem que revidar, tem que mostrar que é o rei do pedaço. Que é
fodão, merda!
Freei minhas palavras, respirei profundamente pelo nariz.
— Sim, eu sou assim, e você já sabia disso antes de me
conhecer, portanto, não reclame.
— Idiota. Você é um idiota, Luke, só pensa em você...
Ele circulou meus ombros com as palmas e me encarou com um
olhar furioso.
— Eu só penso em mim? Tem certeza disso, Pietra? Jura?
Caralho!
Ele me soltou e seguiu para a cozinha.
— Sim, tenho — gritei. — Você sabia que por causa das suas
atitudes eu posso perder a guarda da minha irmã?
Ele abaixou o olhar, pegou um pano de prato e colocou-o sobre
o nariz.
— Eu sei, e você acha que isso não me preocupa? Mas fique
tranquila, estou trabalhando para que isso não aconteça.
— Como? Batendo em pessoas?
— Pietra, por favor, agora não... — suplicou. Talvez ele
estivesse adivinhando o que estava prestes a acontecer.
Moveu-se para ir em direção ao banheiro.
— Luke, eu amo você, amo muito, mas não podemos mais ficar
juntos. — Despejei de vez. Ele parou, mas continuou de costas,
esperando minhas próximas palavras. — Se ficarmos juntos, eu
perderei a guarda da Marion. Eu não queria ter que escolher, mas no
momento eu não posso pensar em mim e nem em você, eu preciso
pensar na minha irmãzinha. Ela é pequena e já perdeu o papai e a
mamãe, não pode perder também a irmã.
Fiz uma pausa, esperando sua reação.
— Eu preciso de um banho — desconversou e começou a
caminhar.
— Luke, você escutou o que eu disse? — Ele não parou. —
Luke, acabou! — gritei. Ele parou.
— Eu sei e não contestarei. É o melhor a ser feito. Não se
preocupe, já estou indo embora.
Ele pôs a mão na maçaneta da porta do banheiro, eu corri até
ele e o impedi de entrar.
— Luke, reaja! Não vai dizer nada? Não vai brigar, berrar? Não
vai nem ao menos tentar me impedir?
Ele se virou, e eu vi, pela primeira vez, seus olhos enevoados.
Seus lábios estavam trêmulos e o maxilar tensionado. Aquele olhar
lindo e magoado me avaliava.
— Garota, no momento, a minha vontade é matar o idiota do
responsável pelo seu processo. Você não faz ideia da força do
caralho que estou fazendo pra me controlar.
Luke desistiu do banheiro e voltou para a sala, pegou as chaves
da moto, a carteira e se virou.
— Luke, não precisa ser assim. Você pode dormir aqui, pelo
menos só hoje...
Eu queria chorar. Queria me jogar nos braços dele.
Também queria que ele me mandasse à merda e dissesse que
não iria embora porra nenhuma.
— Luke.
E como um furacão, ele se voltou, e em questão de segundos
minhas costas encontraram a parede fria. Um braço forte me
segurou pela cintura e uma mão espalmou meu queixo. Olhos
nublados me encararam e um hálito quente soprou em minha pele.
— Garota, eu só amei duas mulheres em minha vida, uma foi a
minha mãe e a outra é você. Tenha certeza que eu farei qualquer
coisa para vê-la feliz, mesmo que eu precise me afastar do seu
caminho. No fundo, eu já sabia que cedo ou tarde a nossa separação
seria inevitável. Eu não sou um cara bom e talvez nunca seja, mas o
meu coração e o meu pau só pertencerão a você.
Eu só senti sua boca esmagando a minha, seus dedos entre os
fios dos meus cabelos, puxando-os. E, sem perceber, minhas pernas
estavam circulando seu quadril. A língua quente dele procurando a
minha, minha boceta roçando em seu pau por cima de nossas
roupas. Ele estava duro como um ferro e quente como o inferno, e
eu era apenas uma massa de terminações nervosas e prazer
ardente que não se continha.
— Caralho, eu não sei se conseguirei ficar sem isso. Sem esse
fogo, sem esses olhos famintos que me comem, sem essa boceta
cremosa. Pietra, você sequer sabe o poder que tem sobre mim?
Ele mordeu meu queixo, e enquanto seus dentes me
mordiscavam, fazia pressão com o corpo contra o meu, deixando-me
presa na parede. Assim ele pôde mover a mão entre minhas pernas,
descer o zíper da própria calça, puxar seu pau e afastar minha
calcinha. Eu só senti o calor ardente da carne espessa entrar em
mim, alargando-me, enchendo-me e pulsando forte.
— Essa bocetinha é minha. Eu serei o único e entrar aqui, o
único a enfiar tudo nela, assim...
Ele socou e minhas costas bateram na parede. Mordeu meus
lábios, comeu minha boca, mordeu minha língua.
— Olhe pra mim, garota. Você gosta quando eu a como com
selvageria, não é? — Ele socou com mais força e me olhou
selvagemente. Sua outra mão soltou meus cabelos e cercou meu
seio, apertando-o.
— Sim, eu gosto.
Ele me beijava com desespero e eu sucumbia aos seus desejos.
Perdida, rendida, sendo fodida com força.
— Diga, Pietra, diga...
— Dizer o quê?
Ele apertou o meu mamilo entre os dedos e eu perdi o fôlego.
— Diga que me ama e que não deixará nenhum imbecil tocar em
você.
Ele estava selvagem, seus olhos brilhavam, furiosos, e eu
conseguia me ver refletida neles. Luke era o próprio demônio.
— Eu amo você e nenhum outro homem chegará perto de mim.
Eu prometo.
Ele empurrou o pau profundamente e parou. Só se mexia
lentamente. Enquanto meu corpo pedia mais força, ele só rebolava
dentro de mim.
— Garota, eu sou a porra do homem mais egoísta da face da
terra. Eu juro que vou me transformar em um Stalker se eu sonhar
que algum idiota está pensando em pegar o que é meu.
— Eu sei, é por isso que eu te amo. — Ele acelerou e eu
enlouqueci, prendendo-me em seu corpo, agarrando seus cabelos,
mordendo sua orelha e gemendo de prazer.
— Gostosa, gostosa pra caralho. Meu pau viciou na sua
bocetinha apertadinha, porra...
— Assim espero, pois eu também sou ciumenta pra caralho.
Ele me beijou, sorrindo, e acelerou as estocadas. Eu me agarrei
com força a ele, enquanto sua boca golpeava a minha, sufocando
meus gemidos. Com seu corpo batendo forte contra o meu, os
espasmos se fundiram com o meu prazer e ficamos quietos por um
tempo, só olhando um para outro, esperando recuperarmos o fôlego.
— Assim você me mata, garota. Estou todo dolorido, todo
ferrado e morto de desejo.
Fui levada em seus braços para o quarto. Ele me deitou na
cama, ajeitou minha camisola e se sentou ao meu lado.
— Não vai deitar comigo? — Eu já sabia a resposta, os olhos
tristonhos dele me disseram.
— Não, para que prolongar o sofrimento? Não gosto de
despedidas, elas são doloridas e eu não suportaria ver a carinha da
Marion chorando. Então eu quero ir agora, quero levar o seu cheiro
em mim, nas minhas roupas e no meu pau.
Comecei a chorar, e o choro calado se transformou numa
confusão de soluços e suspiros.
— Eu-eu sinto muito. Eu não queria que fosse assim, mas...
— Shh! — Ele me calou com os lábios nos meus. Beijou-me com
carinho, suavidade e ternura. — Não se preocupe, eu vou consertar
essa bagunça e logo estaremos juntos.
— Luke, vai demorar. Me disseram que pode demorar meses
até o juiz me dar a guarda da Marion e durante a guarda provisória
eu serei avaliada, eles ficarão de olho em mim. Você não pode
chegar perto de nós, entendeu?
— Entendi. Não se preocupe, ficará tudo bem. Eu cuidarei de
vocês. Mesmo longe, eu cuidarei das minhas garotas. — Ele me
beijou nos lábios, na testa, e depois se levantou ainda segurando a
minha mão.
— Luke, fique.
— Não, estarei perto. Se precisar de algo é só me ligar, ok?
— Luke. — Sentei e o assisti se afastar de mim. Nossos dedos
se separando lentamente, até que nossas mãos não se tocavam
mais. — Luke...
— Amo você. — E eu vi uma lágrima descer suavemente por seu
rosto machucado.
Ele virou as costas e se foi, só escutei o tilintar das chaves e a
porta da frente sendo trancada.
Amanhã o meu dia seria vazio sem o meu Luke para me acordar
com beijos.
Escondi o rosto no travesseiro e chorei até adormecer.

Fiquei surdo, cego e mudo quando fechei a porta atrás de mim.


Um bolo crescia em minha garganta, sufocando-me. No fundo, eu já
sabia que isso aconteceria, se não fosse ela a tomar a decisão,
seria eu. Meus planos de consertar a porra toda não estavam
funcionando, iriam demorar um pouco.
Há certos contratos que não podem ser desfeitos tão
rapidamente. E só depois que eu resolvi sair do meu ramo de
trabalho foi que eu percebi a merda em que tinha me metido.
E justamente hoje, tive uma reunião de merda com um dos meus
contatos estrangeiros, onde nada ficou decidido, pois o cara teria
muito a perder caso eu cancelasse a porra toda. Eu estava decidido
a contar a Pietra sobre os meus planos, mas o diabo sempre
adorava me provocar.
Eu resolvi fazer uma surpresa para as minhas garotas quando
elas acordassem, então aproveitei que o mercadinho da pracinha
fechava tarde. Ele abria ao meio-dia e fechava logo depois da meia-
noite, e eu resolvi comprar ingredientes para fazer panquecas. Já
estava no caixa, com a mão na carteira, quando o idiota do filho do
farmacêutico jogou uma indireta.
— A vadia domesticou mesmo o cretino. — Ele resmungou para
alguns dos amigos que estavam na frente do mercado. Eles estavam
bebendo.
Eu sabia que era de mim que estavam falando, mas resolvi
ignorar, não estava com muita paciência para tipos como aqueles
caras.
Paguei, peguei o embrulho e antes de ir pedi uma carteira de
cigarros, pois a minha havia terminado. O rapaz que estava no caixa
me entregou e eu lhe dei uma nota de vinte reais. Como estava com
pressa, deixei o troco para ele.
— Dizem que mulher de bandido tem uma boceta gostosa.
Eu já havia passado por eles, estava indo para a minha moto.
Parei.
Virei.
Encarei os três caras. E sorri com escárnio.
— O que você falou? — perguntei, andando lentamente na
direção deles.
— Acho que você escutou perfeitamente, cara. — O cara
estufou o peito.
Ele era do meu tamanho, forte. Eu o via sempre na academia
treinando, os outros dois eram mais franzinos. Avaliei o espaço e os
meus oponentes... sim, eu podia vencê-los.
— Quem você chamou de mulher de bandido? — Parei bem
perto do idiota, olhando-o com um olhar assassino.
— A vadia que está dormindo com você. Quem fode com
bandido é mulher de bandido. Aquela lá nunca me enganou, vivia de
nariz empinado, nem olhava para os lados. Ela queria mesmo era ser
mulher de traficante, vadia estúpida.
Ele cuspiu no chão e depois voltou a me encarar com um riso
debochado esticado nos lábios.
O cara não tinha amor à vida.
Larguei o embrulho no chão, displicentemente, e soquei sua cara
com força. Ele caiu para trás, por cima de algumas caixas que
estavam do lado da porta do mercadinho. Os outros dois vieram em
minha direção e me golpearam com uma força equivalente a dois
tratores. Eles eram magros, mas tinham uma força sobre-humana.
Caí no cimento com força suficiente para bater com a cabeça e
sentir tudo girar. Eu gemi quando senti fortes golpes nas minhas
costelas e os empurrei para que saíssem de cima de mim o bastante
para que me levantasse. Os três vieram com tudo para cima de mim
e não perderam tempo em me golpear de novo. Só que desta vez eu
estava preparado, peguei um saco de ração e joguei em um e no
outro dei um soco. Os dois caíram no meio do asfalto e um deles
não levantou mais. Acho que bateu a cabeça com força no chão e o
outro foi socorrê-lo. Então agora a luta seria justa, seria só eu e o
insolente. Ele olhou para os amigos e depois para mim.
— Vou matar você, seu bandido de merda. — Veio cambaleando
em minha direção e eu armei os punhos.
Então só esperei o encontro, e quando ele ficou próximo o
suficiente, dei um golpe duro em um lado de seu rosto. Um fluxo de
sangue saiu de sua boca e ele pulou para trás, quando de repente
revidou, um punho atingindo meu olho esquerdo e outro o meu olho
direito. Eu vi passarinhos voando ao redor da minha cabeça e um
zumbido nos meus ouvidos. Voltei ao normal quando recebi um soco
na boca e provei meu próprio sangue.
Caralho! Doeu.
O ar fugiu de meus pulmões e a escuridão começou a tomar
conta da minha visão. Para mim, aquilo bastava, era hora de terminar
com aquela porra antes que a polícia chegasse. Ela certamente
chegaria, eu vi o dono do mercadinho com o celular no ouvido,
olhando para mim, e isso foi o suficiente para me deixar furioso.
Esperei o filho da puta do meu oponente se aproximar e segurei
sua cabeça com as mãos, dando-lhe uma joelhada na cara, depois
outra e outra. Quando ele cuspiu sangue, eu o soltei. Ele me olhou,
atordoado, com sangue saindo por todos os lugares, então eu lhe dei
um golpe de misericórdia: um chute bem no meio da sua caixa
torácica. Ele literalmente voou e caiu de costas na calçada de
pedras.
— Da próxima vez que for falar da minha mulher, pense duas
vezes no que vai dizer, pois sua língua pode matá-lo. — Olhei para
os lados, e já havia várias pessoas assistindo ao show, inclusive
filmando. — E isso serve para todos vocês.
Dei meia-volta e subi na moto.
Se eu soubesse o que aconteceria depois disso, teria ido para
minha casa.
De qualquer forma, eu só teria adiado o inevitável. Se não fosse
hoje, seria amanhã. A Pietra já tinha decidido acabar com a nossa
relação.
Só não sei se terei força suficiente para me manter longe dela.

Dias depois de ter levado um pé na bunda, recebi a visita do


delegado em minha casa. Ele queria que eu abrisse as portas da
casa VIP para que fizessem uma vistoria. Bem, eu sabia os motivos
pelos quais queriam fazer isso. Um deles foi pela surra que dei nos
três indivíduos na terça-feira. Como eles não deram queixa, pois a
minha fama de mau fazia as pessoas terem medo de represálias —
elas ficavam quietas e fingiam que não sabiam de nada — o
delegado, de qualquer maneira, queria mostrar serviço.
— Tem um mandado ou eu preciso ligar para o meu advogado?
— perguntei, e o delegado sorriu cinicamente, mostrando o papel.
Eu o peguei, abri e li. Ele tinha.
Acompanhei o delegado até a casa de dois andares, muito bem
arquitetada. Dois policiais o acompanharam ao interior, ele queria
que eu ficasse do lado de fora e eu pedi que ele me mostrasse onde
estava escrito no mandado que eu não podia acompanhar a
inspeção.
Vencido, me deixou passar à frente. Como eu já sabia, eles não
encontraram nada. Não existia nada que me comprometesse, nem
hoje e nem durante as festas. Pelo menos, se estivessem
procurando por drogas. Sim, meus convidados traziam seus bagulhos
para se divertirem, mas só os que eu permitia. Como eu disse antes,
eu tenho regras, e uma delas é: não permito drogas pesadas.
Quanto ao resto, eles podiam se matar com o que quisessem. Se
eles se sentiam felizes, tinham todo o direito.
— Estou de olho em você, Luke — disse o delegado, sem
esconder o riso irônico.
— Que bom, assim eu me sinto mais seguro. — Sorri,
devolvendo a ironia.
Fiquei assistindo o delegado e os seus cachorrinhos irem
embora. Quando meu celular tocou, eu sabia que era ela por causa
do toque da música. Fui eu quem escolhi.
1
In hell I'd be without your love
Birds laying down, the day is done
Reflections tell the stories about life when no one's listening
Tearing down and tearing up, it's tough but it's where you begin
— Oi, meu amor. Penso em você todos os dias — articulei e
senti a respiração dela. Posso afirmar que ela sorriu.
— Oi. Se eu pudesse correria para os seus braços nesse
momento. Dói tanto não ter você, principalmente agora...
— Você está bem? — Não esperei a resposta, já estava indo
em direção à lancha. — Pietra, que merda. Responda-me, ou eu
mando todos à merda e vou buscar você.
— Luke, nem mais um passo. — Ela me conhecia, sabia que eu
estava indo ao seu encontro.
Parei.
Inspirei.
— Eu estou bem. Estou feliz, pelo menos tenho um motivo para
sorrir. Eu tenho a guarda provisória da Marion, ela poderá ficar
comigo até o juiz decidir se posso ficar com ela definitivamente. Eu
queria que soubesse disso e que o nosso sacrifício está valendo a
pena.
Engoli a emoção, não queria que ela percebesse que quase
chorei.
— Eu queria estar aí com vocês. Queria abraçá-las, beijá-las e
comemorar, mas um dia faremos isso. Um dia faremos isso juntos.
— Luke, tem alguém aqui que quer falar com você, vou passar
para ela.
Eu respirei profundamente, limpei a garganta e esperei.
— Luke, você esqueceu a Marion? Ela tá com saudade, muita
saudade, sabia?
Era sacanagem, como podia não me abalar com tanta
sinceridade? Eu queria sair correndo, pegar a lancha e abraçar
aquela menininha, bem apertado.
— Oi, Estrelinha! Eu não esqueci, não. Também estou morrendo
de saudade, mas acontece que precisei viajar...
— Não mente pra Marion — ela me cortou de repente, até fiquei
assustado. — Eu sei que tem um homem mau que pensa que você
não é bom pra Marion, por isso você tem que ficar longe de nós. A
Pipi me contou.
A Pietra sempre me surpreendia. Achei lindo como tinha
explicado para a irmã o motivo do meu sumiço e fiquei orgulhoso da
minha garota. Não haveria melhor pessoa no mundo para criar uma
menininha tão esperta.
— É, mas não se preocupe, logo tudo isso vai passar e
estaremos juntos novamente.
— Mas eu tô com saudade. Dói aqui, lá no fundão... — Eu até vi
a cena dela encostando a mãozinha no peito, e nesse momento senti
muita raiva. — Luke, amo você, não quero ficar longe. A Marion fica
tristinha, sabia?
— Ahã! Sim, eu sei. Eu também estou triste, minha Estrela, mas
logo estaremos juntos, certo?
— Uhum! — Ela parou de falar, eu escutei um chorinho e logo
sua voz soou distante.
— Pipi, não quero falar mais não. Eu tô triste, quero o Luke...
Ela começou a chorar.
Partiu meu coração, dei dois passos em direção à lancha.
— Luke, não venha. Por favor, fique aí. — Pietra me conhecia
mais do que eu conhecia a mim mesmo. Parei, engoli minha raiva. —
Luke...
— Oi. — Inspirei.
— Ela ficará bem, vou acalmá-la. Não se preocupe, ficaremos
bem. Com saudade, mas bem. Amo você, mas agora tenho que pôr
alguém no colo. Beijos.
Ela desligou. Estava chorando, eu percebi, e eu não estava lá
para confortá-la. A raiva veio como um lança-chamas enfurecido.
Isso tinha que acabar, eu precisava dar um jeito nessa porra. A
culpa era minha, se eu não tivesse sido tão inconsequente no
passado, hoje o meu presente não sofreria por isso. Fui um tolo.
Capítulo 21

“ Garota, você é minha”. Essas palavras soavam em meus


ouvidos todas as noites, eu não conseguia fazê-las calar. Sua voz
profunda recém-saciada de luxúria. Seu jeito possessivo fazia eu me
sentir malditamente sua, e eu adorava me sentir dele. Não que eu
fosse um objeto para seu uso. Mas sim, sua era como realmente me
sentia. Ou como ele me fazia sentir... só dele. Sei que tudo entre nós
foi rápido demais, grudento demais e avassalador demais. Talvez até
insano, mas parecia tão demasiadamente certo. Meus instintos não
estavam errados ao supor que nós tínhamos um sentimento tão
nosso, tão verdadeiro.
E lá estava ele, no palco, trabalhando nas caixas acústicas. Ele
estava atento, não olhava para os lados, mas eu via tudo. Vi três
mulheres lindas de matar, corpos torneados em suas saias
curtíssimas e abdomens à mostra. Seus corpos falavam por si.
Comam-me.
Elas eram gostosas, mas o Luke sequer desviou o olhar na
direção delas.
Eu continuei escondida, não queria que ele soubesse que eu
estava aqui, vigiando-o.
Já fazia quase um mês que estávamos separados e desde então
não nos tocamos mais. Ele nas primeiras semanas me ligava quase
todos os dias, mas depois eu pedi que não ligasse mais. Era muito
dolorido, porque depois que ele desligava eu caía no choro, ficava
deprimida, e a Marion percebia e ficava tristinha também. Por isso
resolvi me afastar de verdade e não escutar a voz dele era melhor
do que senti-lo através do celular. No entanto, eu não conseguia ficar
longe e sempre que podia ia até o ancoradouro esperá-lo chegar da
capital. Por três vezes eu freei os passos para não correr para os
seus braços.
Estava difícil, muito difícil ficar longe.
E para minha tristeza, eu não sabia por que os shows não
aconteciam mais com tanta frequência como antes de nos
separarmos. Quando eu soube que hoje teria um show especial,
deixei meu orgulho de lado e pedi para a Mariana ficar com a Marion.
Claro que eu não disse que viria ver a festa, inventei uma desculpa
de que precisava conversar com o senhor Lúcios sobre as próximas
visitas dos assistentes sociais e ela acreditou.
E agora estava aqui, com o coração aos pulos, morrendo de
vontade de ir até o palco e gritar o nome dele bem alto.
Ele levantou e eu parei de respirar. Uma das moças foi até ele e
o agarrou, uma mão circulou seu pescoço e outra alisou seu peito.
Ela esfregou o corpo no dele, roçou a coxa nele, disse-lhe algo
sorrindo e apontou para as duas amigas, que acenaram. Por um
momento eu pensei que ele chamaria as moças e as levaria para
trás do palco, como ele sempre fazia. Então ele as comeria...
Eu quase infartei.
Luke olhou para ela, sorriu, disse alguma coisa e a mulher
fechou a cara, empurrou o peito dele e se afastou, dando-lhe as
costas e indo ficar ao lado das outras. Ela falou algo para as amigas
e depois elas desceram do palco. Eu ainda pensei que ele iria atrás
delas, mas o Luke sequer voltou a olhá-las, ele simplesmente voltou
a trabalhar e as três periguetes riquinhas logo encontraram consolo
nos braços de um dos caras que estavam conversando com o
Marcos.
A renúncia do Luke só me deu mais vontade de ir atrás dele,
pois eu sabia o quanto ele era sexual, o quanto gostava de sexo. Se
ele estava recusando mulher, com certeza estava na seca e se
virando com os dedos, assim como eu.
Saí do esconderijo e dei um passo à frente.
Pietra, o que está fazendo? Quer pôr tudo a perder?
Não, eu precisava resistir, precisava ficar longe do Luke.
Mas até quando?
Dei meia volta, mas não fui para casa. Eu precisava fazer
alguma coisa, precisava ficar longe do Luke, mas longe de verdade.
Então peguei um mototáxi e fui para o Grande Hotel. O Joshua
havia me oferecido ajuda e agora eu precisava desta.
Joshua estava ocupado conversando com um fornecedor no
celular, mesmo assim fez questão que eu entrasse em sua sala e o
esperasse terminar.
— Desculpe, é a quinta ligação que atendo em uma hora. Já
estou com a orelha queimando. — Ele se levantou da sua cadeira
confortável e veio até mim.
Eu me levantei também. Recebi um beijo no rosto.
— Aconteceu algo? A Marion está bem? — Joshua me mostrou
o estofado e fomos até lá nos sentar. — O que foi, Pietra?
Limpei a garganta, ajeitei as pernas e juntei as mãos nas coxas.
Inspirei.
— Eu preciso da sua ajuda. — Com esforço consegui formular
as palavras.
— O que precisar, você sabe que pode contar comigo para
qualquer coisa.
— Eu quero que me ajude com a mudança. Preciso voltar para a
minha casa no continente. O pessoal que morava lá já saiu. Você me
ajuda?
Ele me avaliou por longos segundos.
— É o Luke, não é? Você quer ir embora por causa dele,
acertei?
— Sim, se eu ficar perto dele não ficarei longe por muito tempo
e sei que fazendo isso perderei a minha irmã.
— Quando quer ir?
— O mais rápido possível, só o tempo de empacotar as nossas
coisas. Não é muito, já que a nossa mobília ficou em nossa casa. Só
trouxemos TVs os móveis do quarto da Marion, louças e roupas.
— Você consegue resolver isso em um dia?
— Consigo.
— Ok, hoje mesmo entrarei em contato com uma transportadora
e depois de amanhã você já estará em sua casa. A casa não precisa
de alguma reforma antes que se mudem?
— Não, a imobiliária já fez tudo o que era preciso, eles só
estavam esperando meu sinal para voltar a colocar o anúncio de
aluguel.
— Então está tudo resolvido, pode começar a mudança. — Ele
me olhou desconfiado. — Há mais alguma coisa, não há?
— Sim, eu preciso de um emprego. Será que você não conhece
alguém que possa empregar uma garota sem nenhuma experiência e
que só tem o nível médio e uma criança pequena para cuidar?
— Isso é menor dos seus problemas, Pietra. Me dê o seu
endereço. Eu conheço muitos empresários, não se preocupe que
encontrarei o melhor posto para você. É só isso?
— Sim. — Eu me joguei nos seus braços e chorei.
Estava assustada, com medo. Ficar com a Marion em uma ilha
pequena, onde conhecia algumas pessoas e sabia que se gritasse
logo estariam me socorrendo era uma coisa, mas enfrentar uma
cidade grande e vizinhos que eram como estranhos era outra coisa
completamente diferente. Se duvidar, eles nem sabiam o meu nome,
pois viviam de portas fechadas e mal nos cumprimentavam. Tudo
ficava longe, tudo era complicado. Estava acostumada a ser cuidada,
a ter tudo nas mãos. Nunca me preocupei com nada e agora seria a
dona da casa e com isso viriam as responsabilidades não só com as
contas, comida e outros custos, mas com a educação de uma
criança.
Deus!
Inspirei profundamente.
— Ei, você dará conta de tudo, eu sei que dará. Qualquer coisa
que precisar é só me ligar, eu e o papai não a deixaremos passar
por isso sozinha e tenha certeza que o Luke não ficará longe de
vocês por muito tempo.
— O problema é esse. Eu não sei até quando o Luke vai esperar
por mim.
Desabei no choro. Eu sabia que levaria um tempo até a decisão
do juiz, ainda mais agora que haviam mudado de julgador. Antes era
uma juíza que estava cuidando do meu caso, mas de repente ela foi
afastada e colocaram um juiz em seu lugar. O meu advogado disse
que ele era muito rigoroso.
— Pietra, não vai demorar tanto tempo, a Thereza é rápida
nesses casos.
— Você não sabe? Não será mais a doutora Thereza. Agora
será um tal de juiz Osvaldo e eu tenho medo que ele resolva rever
todo o processo e decida tirar minha irmã de mim.
— Tem certeza que o nome do juiz é Osvaldo? — Joshua
parecia surpreso.
— Tenho, pode perguntar para o advogado.
— Vou perguntar, mas não se preocupe, estamos do seu lado.
Nunca se esqueça disso, ok?
Ele me abraçou outra vez. Ficamos conversando um pouco mais
e claro que o assunto era a Marion. Meia hora depois o celular dele
tocou, mas antes de atender ele pediu para que seu motorista me
levasse em casa.
Três dias depois eu me despedi da ilha dos Corais. Não liguei
para o Luke para avisá-lo, ele saberia cedo ou tarde, de qualquer
forma. Se estava indo embora era por causa dele e não queria me
despedir. Seria cruel para mim, para ele e para Marion.
Era melhor deixar as coisas acontecerem no tempo certo.
Estava voltando para minha antiga casa, minha vida antiga, meus
antigos amigos e cheia de novas responsabilidades. Agora além de
chefe de família eu estava empregada em um supermercado. O
Joshua tinha um amigo que era fornecedor de uma rede que tinha
dois supermercados, um deles em meu bairro, bem perto de onde eu
morava. Eu poderia até ir andando para o trabalho. E o melhor, eles
tinham uma creche.
Deus me amava.
Agora só faltava o juiz decidir se a Marion ficaria para sempre
comigo.

Um mês sem ver e sem falar com a minha garota. Durante esse
tempo andei ocupando a mente. Mergulhei de cabeça no trabalho,
em meus planos. Por um lado, foi até bom ela pedir para que eu me
afastasse por completo, assim eu não teria distrações, poderia fazer
tudo o que tinha planejado. Sem motivos para voltar para Corais, eu
passava mais tempo em Salvador. Só coloquei os pés aqui no último
show que demos. Foi a minha despedida, o Marco ficou surpreso
quando eu lhe disse que não estava mais no ramo do entretenimento,
e finalmente pude lhe contar meus planos, pois eles não estavam
mais só no papel, já estavam se realizando.
Retornei para a faculdade de administração e consegui minha
licença para trabalhar no ramo do turismo sustentável, que incluía o
turismo de aventura, um subproduto do ecoturismo. Com isso, já
comprei mais duas lanchas, contratei marinheiros e seis
mergulhadores, além dos guias que eram da região. E o principal,
esta semana começará a construção da pousada Passaredo. Os
engenheiros e arquiteto que contratei já estavam finalizando a planta
que uniria a casa onde aconteciam as festas VIPs e a casa em que
eu morava, além de vários bangalôs construídos em pontos
estratégicos. Dinheiro não era problema, felizmente eu tinha
guardado a herança da minha mãe e mais da metade do dinheiro que
ganhei durante todo esse tempo que andei metido no negócio do
entretenimento.
Mesmo assim o Marco não colocou muita fé quando eu lhe
contei, até eu lhe dizer que havia vendido a lista de todos os clientes
e contatos para o nosso principal concorrente.
Ele perguntou se estava desempregado. Dei a ele duas opções:
trabalhar com o nosso concorrente ganhando quase o dobro do que
ganhava comigo, ou continuar ao meu lado, ganhando bem menos,
mas com a vantagem de não se preocupar em acabar preso, já que
o nosso concorrente não seguia regra alguma. As festas eram feitas
em uma pousada de luxo em Porto Seguro. Eles não faziam shows,
só eventos para convidados vips, mas os convidados podiam fazer o
que bem entendessem. E agora, com o aumento de prováveis
clientes, é claro que a polícia ficaria de olho.
Marco não pensou duas vezes, aceitou a minha oferta.
Ele ficará responsável pela parte turística, pois é um biólogo e
excelente mergulhador profissional. Para minha surpresa, ele me
pediu para que contratasse a Luana como recepcionista. Marco é
esperto, encontrou uma maneira de ficar perto da namorada, só não
sabia quando ele criaria coragem para enfrentar o pai da moça.
Agora se tudo der certo largarei minha vida de futilidades no
passado e para isso precisarei do apoio do meu irmão. Andei
pensando e tive uma ideia maravilhosa, só esperava que ele
aceitasse a minha proposta. É por isso que agora estava em sua
sala, tomando um chá de cadeira e esperando que terminasse uma
reunião para enfim termos uma conversa.
— Desculpe, Luke, estes dias parecem uma eternidade, é tanta
coisa para resolver. Preciso encontrar alguém para ficar no meu
lugar e preciso resolver os assuntos da inauguração do novo hotel.
Tenho que fiscalizar os últimos acertos da decoração, verificar a lista
dos novos contratados e fornecedores... Como vê, só de me ouvir
falar você já ficou cansado. Então, você veio conversar sobre a
Pietra, não foi? Sobre a ida dela para Salvador e a mudança do juiz,
o Marins. Nosso advogado já deve ter lhe contado.
Pisquei e balancei a cabeça para ordenar todas as informações.
Eu vim falar de um assunto e agora tinha mais dois para colocar
na lista.
— Espere! — Levantei da cadeira. Escovei os cabelos com os
dedos e cocei o maxilar. — A Pietra foi embora? Quando foi isso e
por que ela não me contou? E que história é essa de mudança de
juiz? Não será mais a Thereza? Quem é agora?
Ele me olhou surpreso.
— Eu pensei que a Pietra havia lhe falado. Já faz uns quinze dias
que ela foi embora, voltou para a antiga casa. Eu a ajudei com a
mudança, inclusive arrumei um emprego para ela. — Joshua saiu de
trás da mesa e veio até mim. Segurou meus ombros e me encarou.
— Se ela não contou é porque tinha motivos. Ela precisava ficar
longe de você para não fazer besteira, entende? Pietra não estava
conseguindo segurar a saudade, não a culpe...
— Entendo. Na nossa última conversa eu percebi, por isso
estava evitando vir para a ilha. Para mim também estava ficando
difícil. Eu só fiquei surpreso com a novidade. — Surpreso e triste por
saber que minha garota preferiu ir embora por não estar suportando
a dor da separação. — E que história é essa da mudança do juiz?
— Pois é. Lembra do Osvaldo, aquele velhaco que o papai
venceu em um processo milionário? No qual ele era irmão do homem
que estava processando o papai?
— Um metido a gás com água? Sim, eu me lembro, ele disse
que o papai comprou o juiz para ganhar a causa, foi o maior reboliço
na mídia.
— Eu desconfio que ele descobriu sobre você e a Pietra e agora
quer se vingar. Esse indivíduo não vale a bosta que caga e ele vai
terminar encontrando algum jeito de fazer a Pietra perder a guarda
da Marion.
— O sobrenome desse juiz é “Pacheco”?
— É.
Peguei meu celular e comecei a navegar na internet até
encontrar o que procurava.
— Esse é o juiz. — Mostrei uma foto de um homem alto, magro
e de cabelos grisalhos. Ao lado dele estavam a esposa, duas filhas e
o filho mais velho com a respectiva esposa e as duas filhas
pequenas. Eles estavam comemorando a posse do filho na Câmara
dos deputados federais. E eu o conhecia.
Eduardo Pacheco, meu cliente assíduo, duas vezes ao mês ele
fazia reserva e sempre vinha acompanhado de um ou dois rapazes
diferentes.
O juiz orgulhoso não iria querer que a mídia soubesse que o filho
macho, casado, pai e deputado, era na verdade um viado covarde
que não tinha coragem de assumir sua verdadeira sexualidade.
E eu tinha a prova de toda aquela safadeza.
Sorri satisfeito.
— Não se preocupe, a Pietra já ganhou a guarda da Marion, e
eu lhe garanto que amanhã, ou no mais tardar em dois dias, ela já
ficará sabendo disto. — Estava ne sentindo vivo novamente. — Mas,
mudando de assunto, vamos ao meu real motivo para ter vindo aqui
lhe procurar.
Ele me olhou como se não me conhecesse. Estava
completamente boquiaberto.
— Luke, o que você fez agora? — Joshua sempre esperava o
pior de mim, mas hoje ele teria uma surpresa.
— Bastantes coisas, e vá por mim, elas são bem interessantes.
A primeira delas é que não estou mais no ramo da diversão, sem
shows e sem festas VIPs. A segunda é... — Peguei os papéis em
minha pasta e os apresentei ao Joshua. — Meu futuro está todo aí.
Sou um novo empreendedor e preciso da sua ajuda. Para falar a
verdade, não é bem uma ajuda e sim uma sociedade.
Não sei se ele prestou atenção em minhas palavras, pois seus
olhos estavam atentos aos papéis em suas mãos. Fiquei calado,
observando-o. Ele estava concentrado na leitura.
— Luke, isso aqui é verdade mesmo? — Fixou os olhos em meu
rosto e não pude decifrar as emoções em seus olhos.
— É, e as obras começam amanhã. Os engenheiros e o
arquiteto já estão em Passaredo, as máquinas e a mão de obra já
estão a todo vapor. Aquilo lá está um inferno, eu até me mudei para
um pequeno apartamento no mesmo prédio do Marco.
Joshua se levantou, colocou as mãos nos quadris e me encarou
sério.
— O papai sabe disso?
— Ainda não, mas saberá. Eu quis conversar com você primeiro,
pois se aceitar a minha proposta, papai não ficará com um pé atrás.
Eu estava nervoso, mas não deixei que Joshua percebesse. Se
ele aceitasse, eu ganharia credibilidade no mercado e tudo ficaria
mais fácil.
— Qual é a proposta?
Ele voltou a sentar.
— Unir o hotel e a pousada. Alguns turistas vêm para cá porque
querem conhecer a beleza natural da ilha e das pequenas ilhotas,
mas o hotel não tem infraestrutura para fazer o turismo ecológico.
Os shows que eu trazia para cá favoreciam bastante o turismo e
agora com fim dos eventos eu tenho certeza que as reservas cairão
absurdamente, mas se trabalharmos juntos vamos ganhar muito mais
hóspedes e consequentemente poderemos oferecer mais empregos
para os nativos. O que acha?
Ele estava pensativo. Foi até a grande janela de vidro, enfiou as
mãos no bolso da calça e ficou imóvel olhando fixamente para a bela
vista. Comecei a ficar nervoso.
— O que você quer na verdade é fazer da sua futura pousada
um anexo do hotel, uma opção para os turistas que querem ficar
mais perto da natureza nativa, não é?
— Sim. Eu não havia pensado nisso, mas vendo por esse ângulo
é isso mesmo. Não é uma excelente ideia?
— É, mas eu tenho uma contraproposta.
Fodeu. Ele não ficou tão empolgado quanto eu, e se o Joshua
não ficou, imaginei como o papai ficaria. Mesmo assim não
desanimei, iria demorar um pouco para as coisas acontecerem sem
o apoio do Joshua, mas eu seria um concorrente bem pentelho.
Contudo, não custava nada escutar o que ele tinha a me oferecer.
Inspirei.
— Pode falar.
Ele se virou, veio até mim e se encostou na mesa, cruzando as
pernas nos calcanhares. Continuou com as mãos nos bolsos
olhando-me seriamente.
— Em vez de sermos sócios, você fica em meu lugar
administrando os hotéis de Salvador, inclusive este.
Ele tinha ficado louco.
— Joshua, eu não tenho experiência no ramo da hotelaria, entre
administrar uma pousada e vários hotéis há uma grande diferença.
Você endoidou? O papai nunca permitirá uma sandice dessas.
— Deixe que do papai cuido eu. E você tem experiência sim, o
que fazia antes não era muito diferente. Sim, é mais trabalhoso, mas
é quase a mesma coisa. — Ele descruzou as pernas e cruzou os
braços na frente do peito, mas continuou me encarando. — Você
organizava e cuidava de eventos no mundo todo, não só aqui na ilha.
Tudo passava por suas mãos: contratação de pessoal qualificado,
músicos, máquinas, localização, licença, montagem do palco,
iluminação, gráfica e alimentação da mão de obra. Luke, é igualzinho,
só muda que tudo está concentrado em um só lugar, concorda?
Pensando assim, ele tinha razão. Era um trabalhão do caralho,
mas eu adorava fazer tudo aquilo e, confesso, sentirei saudade da
zorra toda.
— E então, aceita ser o novo administrador dos hotéis Sarajevo?
Luke, em algumas semanas viajarei para Gramado. O nosso hotel
será inaugurado daqui a três ou quatro meses, eu preciso estar
presente para os últimos ajustes e... — Ele sentou na outra cadeira
ao meu lado. — Não pretendo voltar para Corais, já escolhi até a
cidade para morar. É uma cidade tranquila e com uma vantagem, lá
não tenho recordações da Victória, e fica a menos de quinze minutos
de Gramado. Já andei sondando casas para alugar ou até mesmo
comprar. Se você aceitar, ficarei mais tranquilo, pois os hotéis de
Salvador ficarão nas mãos de um Sarajevo e não de um estranho.
Mas não se preocupe, você só será responsável direto por este
hotel, os três demais têm gerentes contratados. Você só precisa
inspecioná-los a cada quinze dias e antes de ir eu lhe passarei todos
os detalhes. Então, aceita ou não?
Era um grande passo a ser dado. Uma mudança radical em
minha vida. Só bastaria uma palavra para que eu deixasse o Luke
bad boy para trás e começasse do zero. Eu sei que as feridas
sarariam, mas as cicatrizes ficariam. Isso não era problema, eu
queria mudar, precisava mudar.
Mas será que estava pronto para isso?
Se queria realmente uma mudança de vida, um recomeço, era
daqui que eu teria que partir. A Pietra e a Marion mereciam o meu
melhor, e eu queria o melhor.
Então, por que não tentar?
Fiquei de pé. O Joshua também. Ficamos frente a frente e olhei
seriamente para ele.
— Quando começo?
— Agora. Está pronto mesmo?
— Não, mas ficarei.
Estendi a mão. Ele a pegou.
— É assim que se fala. — Ele me puxou e me abraçou, dando
tapinhas em minhas costas. Depois se afastou e me avaliou dos pés
à cabeça. — Primeiro, você precisa mudar essa roupa e todo o seu
guarda-roupa. Tem que ficar mais formal, esqueça suas roupas
despojadas, deixe-as para usá-las em seu momento de lazer.
Espelhe-se em mim, irmãozinho, só charme e sofisticação. — Ajeitou
o paletó e a gravata, mostrando o corte impecável do seu terno. —
Vamos até o meu quarto, acho que vestimos o mesmo número.
— Caralho, Joshua, eu não sei se quero usar terno e gravata.
Isso não vai combinar comigo, olhe para mim...
Mostrei minhas tatuagens e piercings.
— Acho que o terno e as tatuagens combinam perfeitamente, dá
um ar selvagem. Só acho que não combina muito com alguns
piercings, tipo de nariz, lábios e língua, mas com os outros fica até
estiloso.
Ele piscou um olho e me empurrou para o elevador.
— Sei não, essa porra vai ficar esquisita.
— Um conselho, irmão, dome sua língua. Palavrões têm seus
momentos, certo? Depois eu mando por mensagem o endereço onde
faço meus ternos. Eles criarão modelos de acordo com a sua
personalidade.
É, o Joshua tinha razão. Se eu pretendia mudar, teria que mudar
quase tudo. Eu disse quase tudo, pois sempre serei o Luke
desbocado e linha dura.
Vestido em um terno cinza escuro, camisa branca, sem gravata
e de tênis – não ia usar aquele sapato social de jeito nenhum –
fomos ao encontro dos meus futuros fornecedores.
No caminho, eu liguei para o Marco e o promovi a gerente do
anexo do Hotel, ou futura pousada Sarajevo. Ele gritou de felicidade
e começou a exploração, fazendo uma lista de exigências. Prometi
que depois sentaríamos para conversar.
À noite, eu e o Joshua iríamos para casa do papai. Será a nossa
primeira reunião em família desde que a mamãe morreu.
Capítulo 22

Avenida dos Ourives, 435. Este era o endereço da Pietra. O


bairro era sossegado, de classe média. As casas eram cercadas por
muros altos, algumas com grades e outras protegidas por cercas
elétricas. Eu não sei se conseguiria viver assim, preso entre muros e
cercas. No entanto, era um lugar bonito, arborizado, silencioso, com
pouco movimento de carros. Havia uma pracinha no centro da rua,
com muitos brinquedos, e algumas crianças brincavam, mas
observadas por babás ou pelos pais. Pessoas circulavam com
cachorros em guias, outras faziam suas corridas de final de semana.
Hoje era sábado e a tarde estava linda, fresquinha, bastante
convidativa para um passeio ou uma pedalada.
Estacionei a moto em frente à casa da Pietra. Não era diferente
das outras, com os muros altos com um portão enorme de alumínio.
Não havia possibilidade de ver o que tinha por trás dele.
Estava um silêncio do outro lado. Eu sabia que ela estava em
casa, pedi ao Joshua que ligasse antes. Só queria me certificar de
que ela estaria.
Hoje eu daria a notícia para ela.
Na quinta-feira, fui até o juiz Osvaldo Pacheco, enfrentá-lo. Ele
não queria me receber, mas insisti. Nunca tive medo da lei, muito
menos de um juiz safado. Ele me recebeu com um riso debochado na
cara, dizendo que sabia quem eu era e o motivo pelo qual eu estava
tão ansioso em vê-lo. Deixei que destilasse o seu veneno, eu queria
mesmo que ele deixasse sua máscara cair.
Ele fez sua retórica.
Relatou toda a minha vida, desde a época da minha
adolescência, quando eu vivia entrando e saindo de brigas e
desordens, até a minha vida em Portugal e outros países dos quais
fui convidado a me retirar. Ele tinha feito o dever de casa completo,
sabia até sobre a minha famigerada fama de traficante dos ricos e
famosos, mesmo ela sendo feita de rumores, já que ninguém nunca
conseguiu provar caralho nenhum. Relatou em detalhes minhas
festas particulares, citou alguns nomes de convidados ricos e
viciados. Depois de jogar toda a porra em minha cara, tocou no
nome da Pietra e me associou a ela, dizendo que erámos amantes e
só estávamos esperando que ela ganhasse a guarda definitiva da
Marion para reatarmos a relação. Com ódio refletido na cara, ele me
disse, com todas as letras, que a Pietra não era indicada para cuidar
de uma criança...
Juro que quase soquei a cara dele, mas me detive a engolir
minha raiva.
E, quando ele finalmente se calou e me encarou com aquele riso
estúpido nos lábios, eu peguei meu celular, abri um vídeo e lhe
mostrei o conteúdo.
As cenas reproduzidas, para um pai conservador e austero,
eram de fazer parar de respirar.
Osvaldo olhava atento, com os olhos esbugalhados.
O filho Eduardo, com dois rapazes. Ele deitado sobre uma
mesa, sendo enrabado por um deles, enquanto fazia um boquete no
outro rapaz que estava de pé em sua frente.
Ele jogou o celular na mesa com violência, gritando que o vídeo
era montagem. Então eu lhe mostrei mais outros, todos com datas e
2
horários. Em alguns deles o Eduardo estava colocando um “selo”
embaixo da língua. Em outros, ele retirava balinhas de êxtase do
bolso da camisa, antes da orgia, e as colocava na boca, depois
passava para os seus acompanhantes.
Ele desabou. Olhou para mim, consternado.
Perguntou desde quando o Eduardo frequentava as minhas
festas. Respondi que nos conhecíamos desde Portugal. Então, com
um olhar decepcionado, perguntou o que eu queria em troca do meu
silêncio, e eu lhe disse.
Na sexta-feira ele me ligou, avisando que já estava feito e que eu
podia dar a notícia para a minha amante. Ele pediu uma garantia de
que eu não revelasse o vídeo para a mídia e eu lhe disse que a
garantia só dependia dele. Era só nos deixar em paz.
Não filmava meus convidados no intuito de chantageá-los, eu os
filmava por pura segurança. Nunca precisei usar nenhuma das
gravações, até hoje. Mas foi por uma causa maior, para impedir o
safado cretino de um juiz.
Procurei uma campainha e encontrei, mas estava quebrada,
então toquei no portão com o punho fechado, pronto para bater e
chamar o nome da minha garota. O portão se abriu um pouco e logo
pensei nas coisas para consertar mais tarde: campainha e portão.
Empurrei o portão e entrei. Eu estava com tanta saudade que nem
sei como me comportaria quando ela abrisse a porta.
Quando a Pietra resolveu ir embora, respeitei a sua decisão.
Sim, eu me senti de certo modo ignorado, pois ela nem ao menos me
ligou para se despedir. Mas eu sabia que o seu afastamento era por
um motivo nobre, por isso não a procurei e nem quis ligar, sabendo
que se escutasse sua voz não resistiria a tanta saudade e foderia
com a porra toda.
Luke, chega de saudade. Bate logo na porra dessa porta,
caralho!
Bati.
Ela abriu.
E o meu coração disparou, quase caí de cara no chão.
Minha garota estava muito mais linda. Por Deus, como eu a
amava!
— Luke!
Eu vi seus dedos apertarem a madeira da porta com força.
Não resisti, empurrei a porta e agarrei seu corpo, prendendo-o
entre os braços, movendo-a para dentro de casa e fechando a porta
com a ajuda do pé.
— Luke!
Ela tentava me afastar do seu corpo, da sua boca.
Colocou o polegar no centro do meu lábio inferior. Eu o chupei e
mordi. A partir daí, não raciocinei mais, inclinei a cabeça para baixo e
a beijei, fazendo uma pressão suave da sua boca contra a minha. A
minha língua sedenta procurou a sua e as duas se enroscaram.
Mesmo reticentes, seus braços envolveram meu pescoço enquanto o
meu corpo pressionava contra o seu. Meus dentes famintos
morderam ao longo da pele fina do seu lábio inferior. Meu coração,
que já batia acelerado contra o meu peito, disparou. Eu me esfreguei
nela, mostrando o tamanho da minha saudade e da minha
necessidade. Enquanto meu pau se exibia, eu suguei sua língua na
boca. Ela deu um grito afogado e eu aproveitei para juntar mais o
seu corpo ao meu, roçando-me como um desesperado.
Ela ofegou.
Apertou a minha nuca.
Roçou os mamilos no meu peito.
Eu queria fazer sexo com ela, ali onde estávamos. Eu precisava
socar meu pau em sua boceta apertada, necessitava do seu aperto.
— Marion? — perguntei, ofegante, sem me afastar da sua boca.
— Ela dorme? Onde é o seu quarto?
Sem saber para onde estava indo, caminhei carregando-a nos
braços, sustentando-a pela cintura.
— Ela... ela saiu... com... com seu pai...
Eu queria perguntar para onde, mas meu egoísmo e minha fome
por ela eram muito maiores. Então esbarrei em algo.
Parei.
Olhei.
Ela estava com a bunda encostada na mesa da sala.
Eu praticamente babava. E meu pau também. Conseguia senti-lo
pulsando dentro da calça.
— Garota, eu estou na seca, com o pau esfolado de tanto bater
punheta. Então, nada de perguntas por enquanto, ok?
Ela engoliu e eu vi o bolo descendo lento por sua garganta.
Fechou e abriu os olhos.
Toquei em sua blusa, ela prendeu a respiração, podia sentir sua
respiração quando toquei o botão e o abri. Eu levantei uma
sobrancelha e a encarei. Ela inspirou e lambeu o lábio. Caralho! Que
se foda essa porra de pedaço de pano, e por instinto, peguei os dois
lados da sua blusa com os punhos e a rasguei. Pequenos botões
saltaram no chão. Sem lhe dar tempo de pensar, eu puxei o sutiã e o
parti em dois, e os seus dois melões apetitosos saltaram, se
mostrando para mim. Com uma pressa desesperada de arder o
juízo, coloquei minhas mãos na sua pequena saia e desci o zíper,
empurrando com a mão para baixo até que ela conseguiu fazer o
trajeto sozinha para seus pés. Toquei em sua pele sedosa, matando
a saudade dos meus dedos. Fechei meus olhos por alguns
segundos, viajando em sua sedosidade. Abri os olhos e fixei-os em
sua calcinha minúscula.
Ela sabe que essa porra me deixa louco, então me ajoelhei.
— E aí, bebê, estava com saudade do papai? — Falei com sua
boceta, que estava coberta por sua calcinha. — Vou esfolar você
lentamente com minha língua, belezura, se prepare que hoje você
ficará ardida.
Puxei a calcinha para baixo, e enquanto eu a descia por suas
coxas, mergulhei minha cara entre suas carnes. Pietra soltou um
gritinho de tesão e apertou meus cabelos com os dedos,
sussurrando meu nome. Afastei suas pernas e enfiei meu rosto em
sua xoxota melada, toda pegajosa de tesão. Foi uma fartura para
minha língua, chupei e lambi tudo. Mordia suas carnes com
necessidade de um louco por bocetas, como sou.
— Xoxota gostosa do caralho, garota, hoje eu te como de todas
as maneiras.
Voltei a saboreá-la. Coloquei minhas mãos em sua bunda e
espalhei as bandas, mergulhando meu dedo em seu cuzinho virgem.
Pietra se fechou, e eu enfiei tudo, enquanto solvia seu grelinho e
batia minha língua nele. Fodi seu rabinho duramente, e quando
percebi que ela relaxou, enfiei outro dedo e a fodi com dois dedos.
— Luke... — Ela puxou meus cabelos e abriu as pernas mais um
pouco. — Eu... eu... Por Deus! Você me enlouquece...
Sorri, satisfeito. Era assim que eu a queria, completamente
entregue, sem medos, sem tabus, sem regras.
Pois eu sou um puto, não tenho regras, eu quero tudo.
Mordi suas dobras, mas mordi com força e ela gritou, apertando
meu rosto no meio das suas pernas. Soquei meus dedos com mais
força no seu cuzinho, senti o aperto, senti a pressão, já imaginando
meu pau lá dentro, sendo engolido por seu buraco enrugado.
Caralho!
Afastei-me e olhei para sua linda boceta, toda melada, pingando
seu caldo, deixando um brilho entre suas pernas. Eu sabia que minha
cara estava toda lambuzada, sentia o cheiro dela e o gosto de sexo.
Sem retirar meus dedos, eu ergui meu corpo, beijando todo caminho,
até encontrar seus peitos. Abocanhei um mamilo, mamando duro,
mordendo o bico. Passei para o outro e fiz o mesmo. Circulei meu
braço em volta do seu corpo, e com o meu corpo eu a empurrei para
a mesa. Continuei mamando seus peitos e fodendo seu cuzinho com
meus dedos. Ela arqueou o corpo e soltou um gritinho. Afastei-me.
Apreciei a vista, olhando-a com desejo cru, desejo de um animal
no cio. Segurei seus joelhos e espalhei suas coxas, deixando-a toda
arreganhada para mim. Pietra ficou rubra e fechou os olhos, estava
envergonhada.
— Olhe pra mim, garota. — Demorou alguns segundos, mas ela
abriu os olhos e me encarou. — Se toque, se foda pra mim, quero
que goze se fodendo. — Ela ia protestar, mas bati em sua boceta
com meus quatro dedos. — Foda-se, Pietra, é uma ordem. — Ela
engoliu e lentamente sua pequena mão alcançou sua boceta.
Seu dedo médio tocou seu grelinho, ela o movia timidamente.
— Olhe pra mim, minha gostosa, foda-se como se fodia quando
estava sem mim, eu quero ver. — Ela segurou um dos seus peitos e
beliscou o mamilo.
Quase gozo.
Sua mãozinha acariciou sua xoxota, até que eu vi dois dedos
fincados em sua abertura e eles começaram a se mover dentro e
fora. Fiz o mesmo com meus dedos em seu cuzinho e ela puxou o ar,
soltando um gemido.
— É gostoso, não é, ser fodida nos dois buracos ao mesmo
tempo? Garota, você não tem noção do que farei com você pelo
resto da sua vida. Foda-se com mais força. — Exigi.
Retirei meus dedos de dentro dela e comecei a me despir
apressadamente, mas não desviei meus olhos da sua xoxota. Nu, de
pau duro e envergado, babando feito um cão raivoso, eu me
aproximei, ficando entre suas coxas.
— Chega, agora é a vez dele. — Apontei com o olhar para
minha tora dura. — Garota, hoje você não terá escapatória. — Enfiei
tudo de vez, sem dó.
Pietra engoliu um gemido agudo e arqueou o quadril, enquanto ia
e vinha com força.
— Saudade do pau do Luke, hein? O pau do Luke estava com
saudade da boceta da Pietra — Bolinei seu grelinho enquanto metia
forte. — Gosta assim, gosta com força? — soltei um grunhido.
Coloquei uma das minhas mãos em seus cabelos e a mantive
imóvel enquanto a comia. Ela gemeu um pouco quando exagerei, e
me movi mais lento.
— Você é linda, garota, mas fica deslumbrante quando é fodida
por mim. — Ela sorriu e ficou rubra ao mesmo tempo, eu gostava
disso, gostava da sua timidez na cama, do seu espanto com o meu
vocabulário chulo.
Sou verbal, gosto de verbalizar enquanto fodo, gosto de expor o
que sinto com todo o meu corpo.
— Xoxota gostosa, o pau do Lukinho está tirando o atraso. —
Segurei um seio e belisquei o bico, puxando-o para cima. — Tesão,
quer com mais força, hein?
— Simm! — Ela mal podia falar, revirava os olhos, apertava as
laterais da mesa.
Fui mais forte, e o meu corpo, assim como o dela, já estavam
prontos para explodir, meu sangue pinicava em minha pele, e o
frisson fervilhava em minhas entranhas. Pietra estava toda arrepiada,
seus pelos se eriçavam a cada toque dos meus dedos, ela estava
pronta para o próximo passo.
Saí de dentro dela, e antes que ela reclamasse, em um só
movimento eu a virei de bruços.
— Pronta para conhecer o inferno e depois o céu? Porque eu
estou pronto para lhe mostrar o que há por lá. — disse-lhe com a voz
carregada de luxúria, inclinado sobre o seu corpo, com minha boca
encostada em sua orelha.
Levei seus braços para o alto da sua cabeça.
— Segure firme a borda da mesa. — Ordenei com voz
selvagem.
A porra do meu pau pulsava, acho que ele sabia o que estava
prestes a fazer, tanto que sabia, que babava feito um cachorro louco.
— Luke... — Ela também sabia, seu corpo inteiro estremeceu
quando espalmei as duas bandas da sua bunda. — Luke...
— Tarde demais, garota, o Luke vai comer o seu cuzinho bem
lento e depois bem duro.
Dei um tapa forte no seu traseiro.
Minhas bolas doíam, não ia durar muito quando entrasse naquele
rabo apertado, mas valeria a pena, tanto para mim, como para ela.
Passei a cabeça do pau no rego da sua bunda até chegar em
sua boceta.
— Ele precisa ser lubrificado — Deixei minha tora entrar
lentamente em sua xoxota, Pietra ofegou quando me sentiu outra
vez. Entrei e saí várias vezes.
Desviei para a porta da felicidade, seu cuzinho apertadinho.
Encostei a cabeça e empurrei.
— Caralho! Buraquinho pequeno para um cabeça tão grande,
mas ele consegue, garota, não se preocupe que o Lukinho sabe
como fazer.
Forcei. Pietra se retraiu e soltou um grito de dor. Cuspi em
minha mão e passei em meu pau, esfregando-o enquanto dois dedos
penetravam seu buraquinho. Eles entraram sem pressão. Retirei
meus dedos e pus meu pau no lugar. A cabeça entrou e a minha
garota gemeu, desta vez de prazer.
— Relaxe — Articulei, forcei um pouco mais. Pietra ficou tensa.
— Onde tem um óleo? Serve óleo corporal.
Ela era virgem lá, mesmo eu lubrificando com minha saliva não
seria suficiente. Precisava de algo escorregadio.
— No armário do banheiro, primeira porta à sua direita.
— Não saia desta posição. — Ordenei e sai apressado.
Encontrei um óleo de bebê; servia. Voltei e fiquei deslumbrado
com a visão da bunda da Pietra empinada para cima, à minha
disposição.
— Cacete de bunda linda, garota. — Espalhei as duas bandas e
observei seu cuzinho virgem e rosado, as preguinhas perfeitas.
Despejei bastante óleo nele, lambuzando-o, com os três dedos
espalhei por dentro e depois lambuzei meu pau, em todo o
comprimento.
— Agora vou lhe mostrar o inferno — me inclinei e sussurrei em
seu ouvido. Com a mão guiei a cabeça do pau para a entrada do seu
buraquinho e comecei a entrar. — Vai doer pra caralho... — Disse-
lhe e enfiei de vez.
Pietra soltou um grito, prendendo os dedos com força na borda
da mesa.
— Conheça o inferno. — Soquei duro. — É quente, áspero,
espinhoso, mas é bom. — Soquei outra vez.
— Luke, dói... Não, por favor... — Ela tentou me afastar.
Empurrei e fiquei quieto.
— Eu lhe disse que iria mostrar o inferno e o céu, garota, agora
relaxe, pois estamos a caminho do céu.
Rebolei lentamente dentro dela. Sai, entrei. Aos poucos, seu
corpo foi relaxando e comecei a escutar gemidos de prazer.
Continuei lento. Ergui o corpo e deixei minha mão entre suas coxas,
dois dedos entraram em sua boceta e começaram a fodê-la.
— Deus, isso é bom. — Ela disse, delirando.
— Não sou Deus, garota, sou o diabo. — Continuei lento, não
era isso que eu queria, mas eu precisava.
Pietra precisava implorar. Ela tinha que me pedir para fodê-la
com força. Ia colocá-la no limite, destroçando-a antes que pudesse
se perder em meu corpo.
Não demorou.
— Mais forte, Luke, você está me matando.
— Boa garota, agora vou levá-la ao céu.
Eu pressionei meu polegar em seu clitóris e vi seu corpo inteiro
se quebrar diante de meus olhos. Foi fodidamente incrível e
poderoso. Já fodi muitas mulheres em todos os lugares, mas eu
sempre adorei um anal e nunca me importei se doía ou não, elas
também não se importavam, as garotas que eu comia eram loucas e
adoravam uma boa trepada, mas com a Pietra eu me importava,
com ela tudo o que eu fizesse tinha que valer a pena.
Empurrei dentro dela com tanta força que nos movíamos em
cima da mesa. Ela estava totalmente deitada.
Agarrei seus quadris com tanta força, que não havia dúvida de
que estaria marcada quando a soltasse, e me empurrei contra ela.
Eu me sentia o todo poderoso, o homem certo para a garota certa,
fomos feitos um para ou outro, tudo em nós se encaixava
harmoniosamente. Meu corpo se deitou sobre o dela enquanto eu
bombeava meu pau dentro dela, juro que eu podia sentir o
descompasso do meu coração batendo nas costas dela, e eu podia
sentir o coração dela também, podia me deliciar com sua respiração
apressada, com o seu suor cheiroso em gotas, em sua pele sedosa,
o cheiro gostoso do seu cabelo e o aperto das suas paredes
internas.
— Pietra!
Eu disse seu nome como se fosse a palavra mais linda.
— Luke!
E ela sussurrou o meu como se ele fosse uma corda que
pudesse salvá-la de qualquer coisa.
E eu salvaria.
Beijei sua nuca, para em seguida mordê-la, e gozei dentro dela.
Demorou uma parcela de minutos para recuperarmos o fôlego.
Estávamos uma bagunça, e a sala, uma devassidão. Saí de dentro e
de cima dela, virei seu corpo e a peguei nos braços.
— Hora de cuidar do que é meu. — Beijei sua testa e a levei
para o banheiro.
Eu a banhei, ensaboando tudo, inclusive sua boceta e ânus.
Enquanto ela se livrava da espuma do sabonete, eu me lavei
também, principalmente meu pau, que ainda estava duro, mas nós
dois sabíamos – eu e ele – que por hoje nada de boceta, que dirá
outras partes mais apetitosas da minha garota.
De banho tomado, nos embrulhamos em uma toalha e fomos
arrumar a bagunça que fizemos. Não dava para deixar do jeito que
estava.
— Luke, pode deixar que eu limpo. Você precisa ir antes que
alguém o veja. — Ela parou de varrer e me encarou com aquele
olhar de brava. — Você não deveria ter vindo. Já pensou se há
alguém me vigiando? Poxa, Luke.
Ela se sentou, desanimada.
— Ei, não fique assim, se tinha alguém vigiando já foi embora. —
Eu me ajoelhei diante dela e afastei uma mecha do seu cabelo,
levando-a para trás da sua orelha. — Não precisa se preocupar,
saiba que você já é a guardiã legal da Marion. Por que acha que eu
vim até aqui? Eu queria ser o primeiro a dar a notícia.
Ela me olhou com lágrimas emocionadas nos olhos.
— Você está brincando?
— Não, eu não brincaria com algo tão sério.
— Por que eles não me ligaram? Não seria preciso eu
comparecer diante do juiz?
— Eles devem ligar na semana que vem, mas você já é
legalmente a tutora da sua irmã. Eu disse que resolveria, não disse?
— Dei-lhe um olhar confiante.
— Luke... o que você fez?
— Eu, bem... só coloquei um juiz safado e mau-caráter no seu
devido lugar.
— Luke...
— É sério. Esse sujeito nunca mais nos incomodará, vá por mim.
— Pisquei um olho.
— Obrigada! Eu amo você muito mais agora, sabia?
Olhei para seu rosto, vi sua expressão emocionada. Pude
entender o simbolismo do amor cantando na voz de um homem
apaixonado, sem se importar o quanto seria ridículo. Amar estava
além da razão, transpassava a dimensão do ser, da própria vida.
— Eu sei, e eu também amo muito você.
— Peça-me o que quiser que será seu. — Eu sei que ela estava
brincando, era só um jeito amoroso de dizer o quanto estava feliz.
— Eu já tenho tudo o que quero, garota. — Meu olhar encontrou
o seu, e eu a puxei pela nuca, trazendo-a para perto. Beijei seus
lábios.
Ela se derreteu contra mim e por longos segundos ficamos
assim, perdidos em um beijo suave, simples, sem precisar de força,
só o movimento dos nossos lábios um sobre o outro.
— Você é tudo que quero. — Coloquei a mão em sua bochecha
e disse-lhe com um olhar emocionado.
Voltei a beijá-la e nós ficamos assim, apenas nos beijando.
Apenas sentindo.
Só nos afastamos porque escutamos batidas lá fora.
— Eles chegaram. — Pietra se levantou e eu também.
— Vou para o quarto vestir minha roupa. Não conte para o papai
que estou aqui.
— E se ele quiser entrar?
— Não vai. Eu conheço meu pai, ele jamais ficaria sozinho com
uma mulher tão jovem dentro da casa dela. Ele não mancharia sua
reputação.
— O cavalheirismo dos Sarajevo é inacreditável.
Ela sorriu, foi até a janela e gritou:
— Já estou indo!
Fomos para o quarto vestir nossas roupas. Pietra se vestiu
rapidamente e saiu apressada. Enquanto eu vestia a camisa,
escutava os gritinhos de felicidade da Marion.
Que saudade da minha princesinha.

Eu estava que não me cabia de tanta felicidade. Queria abraçar


o mundo e beijar as pessoas. Finalmente minha princesa estava
segura, eles não a levariam para longe da única família que tinha lhe
restado, e agora eu podia dormir, podia deitar a cabeça no
travesseiro e dormir tranquilamente, sem pesadelos medonhos, sem
monstros tentando arrancar a Marion dos meus braços. Ninguém
nunca mais tentaria nos separar.
Abri o portão e ela surgiu nos braços do “avô”, batendo
palminhas e soltando os seus gritinhos de felicidade. Assim que me
viu, jogou-se em meus braços e segurou o meu queixo com sua mão
pequenina.
— Pipi! Pipi! Eu fui ao cinema assistir desenho, você já foi ao
cinema? É uma tela grandona, maior do que a TV do vovô e do Luke.
Os bonequinhos ficam grandão, desse tamanhão. — Ela abriu os
bracinhos para mostrar o tamanho.
— Nossa! E você gostou? — Beijei o seu rostinho e o senti
pegajoso. — Caramba! Essa mocinha deu trabalho para o vovô.
Você se empanturrou de doces, não foi?
— Só um pouquinho, não foi, vovô? — Sorriu e mediu com os
dedos juntinhos.
— Foi sorvete. Ela se sujou um pouco, mas eu troquei a
blusinha. Doces uma vez na vida não fazem mal a ninguém, ela
precisa ser criança, o tempo passa rápido demais.
— Briga com a Marion não, Pipi. — Fez beicinho.
— Ok, menina levada. — Brinquei com seu queixo, segurando
entre os dedos e balançando sua cabeça.
— Quer entrar, Lúcios?
— Não, mas tenho uma proposta para fazer. Não quer ir comigo
para a ilha, passar o final de semana?
Todos os finais de semana o Lúcios tentava me convencer a ir
com ele, mas desta vez a resposta seria diferente.
— Bora, Pipi, por favor! Eu quero brincar no meu balanço. O
vovô comprou brinquedos novos e eu tô com saudade da Silvia, do
Joshua e... — Ela fez uma carinha triste e segurou os dois lados do
meu rosto. — Talvez o Luke vá me ver, eu tô com muita saudade.
Ela teria uma surpresa e tanto quando entrasse em casa.
— Hoje não, mas amanhã nós iremos. — Lúcios abriu um vasto
sorriso e a Marion soltou gritinhos de felicidade.
— Amanhã mando meu motorista vir buscá-las. Às oito horas
está bom?
— Está ótimo.
— Então até amanhã. — Ele me beijou no rosto e beijou a
Marion na testa. — Comporte-se.
— Tchau, vovô.
Ficamos acenando para o Lúcios até seu carro desaparecer.
— Banho, mocinha, você está açúcar puro.
Ela deitou a cabeça em meu ombro. Entramos, ela foi para o
chão e correu até o sofá, pegando o controle remoto da TV e ligando
o aparelho.
— Marion, banho. Depois você assiste TV.
— Por favor, Pipi. Só esse desenho, depois eu vou.
— Não, banho primeiro. — Tentei pegar o controle, mas ela
escondeu atrás do corpo.
— Marion, me dê isso.
— Não. — Encheu a bochechinha de ar.
— Vamos, mocinha, obedeça a sua irmã.
Ela olhou em direção ao corredor.
— Luke! — gritou, desceu do sofá e saiu correndo, voando nos
braços do Luke.
— Luke, você é mau! Você fez a Marion chorar. A Marion ficou
triste, sabia? Ela quase morreu...
— Nossa, a Marion ficou muito dramática. — Luke beijou o
pescocinho dela, fazendo cócegas. Ela se derreteu com os carinhos
dele. — A Marion sabia por que o Luke não podia vir vê-la, não
sabia?
— Sim, o homem mau queria levar a Marion para longe da Pipi,
porque achava que o Luke não era bom para a Marion.
— Isso. O Luke também quase morreu de saudade da Marion,
mas agora ele pode ficar para sempre com a Marion e com a Pipi. O
homem mau enfiou o rabinho entre as pernas e nunca mais vai
perturbar as nossas vidas.
— Ele tinha rabo?
Luke soltou uma gargalhada.
— Acho que sim, e chifres também.
— Luke! — ralhei com ele.
— O que foi? Não duvido que aquele lá tenha tudo isso.
— Luke, ele é um homem ou um bicho? — Marion ficou curiosa,
segurava o queixo do Luke e o encarava, séria.
— Viu aí? Agora conserte sua merda.
— Não, princesinha, ele é um homem. E “rabinho entre as
pernas” é só uma maneira de falar, agora vá tomar banho.
— Eu sou pequena, Luke, não tomo banho sozinha.
Luke sorriu outra vez.
— Oh, mas é claro.
Eu a peguei dos braços do Luke e a levei para o banheiro.
— Luke, você faz alguma coisa para comermos?
— Sim, senhora, seu pedido é uma ordem. — Ele gesticulou.
Marion estava uma bagunça, lavei seus cabelos e depois os
sequei. Vesti nela o seu pijama de palhaço, e quando estava
penteando seus cabelos ela veio para os meus braços.
— Chega, Pipi. Eu quero ficar com o Luke.
— Ele não vai fugir, menina levada. Mas tudo bem, vamos para a
sala.
A mesa já estava lindamente montada, e o cheiro que vinha da
cozinha só confirmou o tamanho da minha fome.
— Hum! O que temos para o jantar? — perguntei, enquanto
sentava a Marion na cadeira. Luke estava na cozinha, mexendo no
micro-ondas.
— Bem, eu precisei ser rápido, então temos macarrão com leite,
queijo e presunto.
Ele trouxe a travessa para a mesa e nos serviu.
— Hum, gostoso. — Marion bateu o garfo no prato.
— Luke, olhe pra mim. — Ele estava sentado ao meu lado,
mastigando uma porção de macarrão na boca. Ele me olhou e
peguei em seu queixo, avaliando seu rosto. — Onde estão os
piercings? Meu Deus, você cortou o cabelo? O que fez na minha
ausência?
Com a fome que estávamos um do outro, eu nem percebi as
mudanças no Luke. Então comecei a fazer uma retrospectiva de
horas atrás. Notei e senti os piercings da cabeça do pênis, dos
mamilos, mas já estava tão acostumada com os do seu rosto que
nem percebi que ele os havia tirado, inclusive o da língua. Só ficaram
mesmo os das orelhas.
— Eu gostava dos brincos, Luke. — Marion puxou o rosto dele
e o observou. — Por que tirou os enfeites? — perguntou de boca
cheia. O rosto do Luke ficava todo sujo de molho de macarrão onde
ela tocava.
— Estrelinha, eu tirei porque em minha nova atividade seria
muita informação para exibir — articulou, fazendo mistério.
— Luke, Luke, o que andou aprontando? Que nova atividade é
essa?
Ele empurrou o prato. Já havia terminado de comer e começou a
alimentar a Marion, que jogava mais macarrão fora do prato do que
na própria boca.
— Sou o novo administrador dos hotéis Saravejo da Região de
Salvador, principalmente do da Ilha dos Corais.
— Como assim?! — Arrastei a cadeira para mais perto dele. —
E o seu trabalho de produtor de eventos?
— Desisti, passei para outra pessoa. — Luke não olhava para
mim, ele continuava cuidando da Marion. — Também voltei para a
faculdade, e tem mais, estou construindo uma pousada em
Passaredo, um anexo do hotel para turistas que queiram ficar mais
próximos à natureza. Sendo assim, vou precisar me mudar pra cá.
Ele me encarou com a cara mais cínica do mundo.
— Oba! — Marion gritou, levantando os bracinhos. Luke olhou
para ela, sorrindo, e depois voltou a olhar para mim. Eu estava
tentando absorver tanta informação. — Você vai morar com a gente,
Luke? — Ela perguntou enquanto brincava com o macarrão,
sugando-o para a boca.
— Pretendo, mas antes eu quero fazer uma pergunta para você.
— Ele falava com a Marion, mas olhava para mim. Eu fiquei muda.
Não sei por que, mas tinha a impressão de que vinha uma
grande novidade, muito maior do que as que escutei minutos atrás.
— Pergunte. — Ela parou de comer e encarou o Luke.
— Eu gostaria de saber se permite que eu me case com a sua
irmã. — Desviou os olhos de mim e encarou a Marion.
— Ela vai vestir aquele vestido de princesa e eu também? Vai
usar uma coroa e eu também?
— Se ela quiser, sim.
— Então eu deixo.
Ele olhou para mim, enfiou a mão no bolso da bermuda e tirou
uma pequena caixa negra de lá.
O mundo parou.
Ele se levantou.
Se ajoelhou.
Abriu a caixinha.
E um anel com uma pedra brilhante e linda reluziu diante dos
meus olhos.
Minha visão nublou.
— Pietra, você quer se casar comigo?
Marion nos observava, e eu sequer respirava.
— Eu...
— Tem outra Pietra aqui?
— Não.
— Então, ou aceita ou não aceita.
— É de verdade?
— Claro que é. Eu quero me casar com você, quero cuidar das
minhas garotas como manda o figurino. Quero uma família, quero
criar a Marion em um lar cheio de amor e respeito. Quero fazer suas
vontades e as delas e quero ter filhos, mas só depois que você
terminar a faculdade, disso eu não abro mão. Então, quer se casar
comigo? Quer me fazer feliz?
— Quero, sim. Eu quero, quero muito. É o que mais quero na
vida...
Foram tantos “quero” que me perdi, só enxerguei meu Luke e
voei no seu pescoço, enchendo-o de beijos.
— Ei, calma, quer quebrar o protocolo? Primeiro eu tenho que
enfiar esse anel no seu dedo.
— Sim, sim!
Ele pôs o anel em meu dedo, e eu me senti uma princesa.
— E o meu? A Marion não ganha um anel?
Olhamos um para o outro e começamos a rir alto.
— Vocês estão rindo da Marion! — Ela fez beicinho.
— Não, só achamos graça, mas eu tenho, sim, algo para a
Marion. Não é um anel, porque seu dedinho vai crescer junto com
você, mas é algo muito lindo.
Luke enfiou a mão no bolso outra vez e pegou outra caixinha, só
que maior, e de dentro dela saiu uma pulseira de ouro com uma
plaquinha e algumas pedrinhas brilhantes.
— Olha, está escrito aqui, “Estrelinha Marion”.
Luke prendeu a pulseira no bracinho dela, e eu vi lágrimas
descendo dos seus olhinhos. Ela ficou emocionada, pulou nos braços
dele e escondeu o rosto em seu peito.
— Eu amo você, Luke. Quando eu crescer quero um príncipe
assim, igualzinho.
— Ah, tá, não tenha dúvida quanto a isso. Esse futuro namorado
terá que ser bem melhor do que eu, ou ele sairá correndo de medo.
Medo de mim.
Ele me puxou e ficamos os três abraçados.
Deixamos a bagunça na mesa e fomos para a sala. Marion não
queria sair do colo do Luke e eu tive que limpar a cozinha sozinha.
Já era tarde quando fomos deitar. Luke levou a Marion para o
quarto dela e eu fui arrumar a nossa cama.
— Ela está crescendo, logo começarão as birras.
Luke entrou no quarto. Retirou a camisa e pude admirar com
detalhe o meu futuro marido. Lindo, musculoso, gostoso e colorido.
— Você falou sério sobre ser o novo administrador do hotel?
— Sim, já estou trabalhando há mais de uma semana lá e estou
adorando.
— E o Joshua?
— Ele está me orientando, mas daqui a dois meses ele irá para
Gramado, e parece que não voltará mais.
Jogou a camisa na cadeira e veio até mim.
— Dolorida?
Ele pegou minha bunda, espalmando as mãos nas duas bandas.
— Um pouco. — Mordi seu queixo.
— E essa bocetinha, está ardidinha? — Soltou minha bunda e
encheu a mão na carne da minha boceta.
— Só um pouquinho. — Sorri com malícia e ele encostou os
lábios nos meus.
— Então... eu posso comer a minha sobremesa? — Enfiou a
mão dentro da minha calcinha e acariciou a minha boceta. Eu já
sentia a excitação molhando minhas coxas.
— Sim, pode. — Mordi seu lábio.
— Gostosa...
Luke desceu um lado da minha calcinha. Ela já estava se
arrastando para minhas coxas, quando um furacão invadiu o quarto.
Apressadamente ele a subiu e eu me afastei.
— Luke, Luke! Eu posso dormir aqui? Por favor, deixa eu dormir
com vocês...
Marion agarrou as pernas do Luke e ele ficou completamente
desconcertado, tentando esconder a ereção proeminente na frente
da bermuda.
— Não, a mocinha vai dormir na sua caminha.
Eu tentei puxá-la, mas ela não soltava a perna do Luke.
— Deixa, Pietra, ela dorme entre a gente. Eu só preciso ir ao
banheiro. — Ele olhou para baixo, para Marion. Ela sorriu, vitoriosa,
e o soltou.
Quando Luke voltou, a Marion já estava deitada no meio da
cama, com sua boneca Pipi e o seu cobertor rosa. Ele deitou e ela
colocou uma mãozinha no peito dele e outra em minha barriga. Luke
se inclinou para me beijar.
— Vá se acostumando. Às vezes, ela inventa de dormir junto —
articulei.
— Não estou reclamando, estou adorando.
Ele beijou a cabecinha da Marion.
— Boa noite, meu amor! — disse antes de se afastar da
cabecinha dela.
— Boa noite, papai... — Ela já estava quase dormindo.
Luke se surpreendeu ao ouvir a palavra “papai”, e eu também.
Então eu me lembrei que o papai, antes de se deitar, sempre ia ao
quarto dela e a beijava na testa. Fosse a hora que fosse, ele sempre
fazia isso.
Olhei para ele e percebi que tinha ficado emocionado, seus olhos
brilhavam. Ele a amava muito, assim como eu. Seríamos uma família
linda
Capítulo 23

Acordei com uma perninha por cima da minha coxa, uma


mãozinha em meu rosto e um cheiro gostoso de inocência inebriando
o nariz. Abri os olhos, peguei o pequeno braço com cuidado e o
afastei, fazendo o mesmo com a pequena perna. Virei a cabeça para
encontrar o rosto lindo da minha garota, mas ela não estava lá.
Minha garota tinha acordado cedo.
Ergui o corpo e saí da cama lentamente. De pé, cocei o saco, a
bunda e a cabeça. Estiquei os braços para cima, entrelacei os dedos
e me espreguicei, alongando todo o corpo.
Bocejei e fui à procura da minha garota.
Ela estava uma delícia com seu shortinho de dormir e uma
blusinha que eu rasgaria só com um puxão. Fazia o café.
— Bom dia! — disse. Ela me olhou por cima do ombro e sorriu.
— Bom dia, dorminhoco!
Eu me aproximei e circulei sua fina cintura com os braços,
beijando seu pescoço.
— É cedo, vamos voltar para a cama ou para o sofá. — Rocei o
pau em suas costas.
— Eu sei que é cedo, mas eu esqueci de avisar que o motorista
do seu pai virá nos buscar às oito. Eu prometi passar o domingo com
ele.
— Fazendo planos sem mim? — Ela virou o rosto para me
encarar e mordi a ponta do seu nariz.
— Não, só achei que seria ótimo passarmos um domingo em
família... — Ela se virou, encostou-se na pia e ficou me avaliando.
Tentando, na certa, ler a minha expressão. — A não ser que você
não queira que seu pai saiba que me pediu em casamento, é isso?
Claro que não era isso. Eu só não sei se estava preparado para
voltar a fazer parte da minha própria família.
— Não, claro que não. Será um lindo domingo em família, mas...
— Eu a puxei e a prendi ao meu corpo. — Antes, podemos matar a
saudade que meu pau está sentindo da sua bocetinha. O que acha?
Mordi seu queixo e fui descendo a língua pela extensão do seu
pescoço, mordiscando levemente com os dentes. Pietra fazia um
barulhinho gostoso de tesão.
— Quero comer essa xoxotinha antes do café da manhã. —
Apertei um dos seus seios. Ela ofegou. — Quero chupar seus
peitinhos, mordiscar os biquinhos e foder seu cuzinho com o dedo,
até você gozar bem gostoso.
Baixei as alças da sua blusa, fazendo-a escorregar por seus
braços. Inclinei a cabeça o suficiente para sorver o bico retesado de
um dos seus seios.
— Luke... Luke, a Marion pode acordar.
— Eu sei.
Peguei-a pela mão e a fiz me seguir até o banheiro.
Despi minha bermuda e também tirei as suas roupas minúsculas.
Caralho, que gostosa!
— Se eu pudesse você só andaria nua. Odeio ter que despir
você, perco um tempo do caralho com isso. — Baixei a tampa do
vaso e me sentei. Pietra olhava para meu pau. Eu o peguei e
comecei a mover a mão nele, para cima e para baixo, parando na
cabeça, brincando com o piercing. — Quer prová-lo? Quer pôr a
boquinha aqui e chupar a cabecinha?
Pietra lambeu os lábios.
— Se ajoelhe, garota, e prove a minha porra — ordenei, com a
voz dura e um tesão fodido do caralho. Ela se ajoelhou, quase
hipnotizada. — Esse caralho é seu, então faça o que quiser com ele.
Segurei sua nuca e empurrei sua cabeça até que senti sua
respiração acelerada na virilha. Empurrei mais um pouco e seus
lábios tocaram a pele sensível. Fechei os olhos, inspirei e, ao sentir
seus lábios em volta da cabeça do pau, sibilei.
— Chupa. Chupa com vontade, garota.
Ela chupou.
E eu quase gozei.
— Puta que pariu, que boca quente do caralho.
Segurei os dois lados da sua cabeça e comecei a movê-la para
frente e para trás. Impaciente, arqueei o quadril e circulei seu queixo
com a palma da mão, deixando-a imóvel.
— Abra mais a boca e só me tome. — Ela fez o que mandei, e
eu comecei a foder sua boca. — Caralho, eu vou gozar desse jeito.
— Saí da sua boca. — Senta no meu cacete, Pietra. — Segurei meu
pau e movi a mão para espalhar o pré-sêmen. — Senta aqui, minha
gostosa. — A porra do pau latejava em meus dedos, minhas bolas
estavam quase explodindo.
Eu a segurei pela cintura e apontei a cabeça do pau para a
entrada da sua xoxota.
— Quente como o inferno. Essa sua bocetinha pega fogo
quando fica perto de mim. — Ela me olhou com aquele olhar faminto.
— Senta no pau do seu homem. — Eu a segurava enquanto ela se
sentava. A porra do meu pau era devorada lentamente por aquela
xoxota melada. — Foda, foda essa porra, garota. Coma tudo.
Com minhas mãos eu a ajudava a subir e a descer.
— Luke, que porra você tem que me deixa maluca? — Ela
mordeu meu queixo e puxou os piercings dos meus mamilos.
— Eu tenho um pau que é louco por sua boceta, garota, e agora
ele quer tudo de você.
Rapidamente eu me levantei com ela no colo, empurrei suas
costas na parede fria de azulejos brancos e, enquanto mamava um
dos seus peitos, socava duro meu caralho em sua xoxota.
— Coma essa porra, garota. Coma tudo, ele é todo seu. —
Enfiei um dedo no seu rabinho e a fodi. Dedo no cuzinho, pau na
boceta e boca no peito.
Pietra soltou um grito desesperado, puxando meus cabelos com
força. Seu corpo se arqueava com a intensidade do seu orgasmo e
eu meti o pau todo, tremendo dentro dela.
— Que porra foi essa, meu Deus!? — Disse ela, ofegante,
quase sem conseguir respirar.
— Isso foi uma gozada, garota. Uma gozada do caralho.
— Luke, você me assusta, sabia?
— Sabia, mas eu sou gostoso pra caralho, não sou?
— É, e esqueceu também de acrescentar que é muito modesto.
— Ela sorriu e eu a beijei, devorando sua boca.
— A modéstia não faz parte da minha grade curricular. Eu sou
muito gostoso, e isso é fato.
— Convencido. — Ela me bateu.
— Sim. — Mordi seu lábio. — Mas este gostoso já tem dona e
ela é você.
Eu ainda estava duro e me mexi dentro dela.
— Luke, você não se cansa?
— Nunca.
Desci-a e a levei para dentro do box, virando-a de costas.
Segurei-a pela cintura e inclinei seu corpo, deixando-a um pouco
encurvada.
— Vamos ver se esse rabinho está pronto para encarar um pau
outra vez. — Bati em sua bunda. Cuspi em minha mão e melei o
cumprimento do pau. — Sua bunda me deixa doidinho, garota. —
Levei seus cabelos para cima, deixando sua nuca exposta. Mordi o
local, raspando os dentes.
— Humm, está ardendo um pouco... — Pietra reclamou.
Ela ficou tensa. Abri o chuveiro e molhei o sabonete, ensaboei
bem a mão e esfreguei-a em toda extensão do meu eixo, depois
passei o dedo na entrada do seu buraquinho apertado.
— Agora relaxe e goze, meu pau vai encher esse cuzinho e
esticá-lo todinho. — Puxei seus cabelos e trouxe sua cabeça para
trás, articulando palavras chulas no seu ouvido, deixando-a arrepiada
de tesão.
Enfiei tudo nela. E sem pausas, soquei duramente no seu
rabinho sem soltar os seus cabelos. Pietra gemia. Eu urrava, e
quando a porra ficou indomável, gozei dentro dela, prendendo-me em
seu corpo, tirando-a do chão.
— Eu ainda vou morrer disso... — sussurrei em seu ouvido.
— Ou eu — respondeu ela, levando o braço para trás para
alcançar minha cabeça. Eu a coloquei no chão, liguei o chuveiro e a
levei para debaixo dele.
— Você é uma delícia, garota, e se for pra morrer enfiado em
você, morrerei feliz.
— Doido. Você é doido, Luke Saravejo, e eu sou louca por você.
— Eu sei, sempre soube.
Embaixo da ducha, eu a beijei com amor, um amor jamais
sentido, jamais vivido e que agora estava em mim. A sensação de
tesão já estava vindo novamente, quando escutamos batidas na
porta.
— Pipi, deixa eu entrar? Quero tomar banho com vocês também.
— Eita porra! — sussurrei, surpreso. — E agora?
Pietra saiu do box, enxugou-se rapidamente e se embrulhou na
toalha.
— Termine o banho, ficarei com ela. — Pietra abriu a porta, não
deixando muito espaço para que Marion entrasse, mas por
precaução eu fechei a porta do box.
— Por que eu não posso tomar banho junto?
Escutei a reclamação em forma de pergunta.
— Porque não pode. — Pietra não foi feliz na resposta.
Mudei a temperatura da ducha, de morno para fria, eu precisava
baixar o ânimo do meu amigo lá embaixo. Terminei o banho
rapidamente, vesti a cueca, depois a bermuda e saí do banheiro com
a toalha em volta do pescoço.
Escutei a vozinha da Marion.
— “Porque não” não é resposta, Pipi. Eu quero tomar banho
com vocês, eu quero.
— Marion, você não pode tomar banho com a gente. Onde já se
viu isso? — Pietra estava ficando impaciente. Eu deixei que se
entendessem.
Estava até achando engraçadas as perguntas da Marion.
— Então, me diga por que eu não posso?
— Porque meninas não tomam banho com meninos —
respondeu Pietra, e eu tinha certeza que viria outro questionamento.
— E por que você pode? Você é menina e o Luke é menino!
Agora fodeu. Era hora do socorro.
— O que está acontecendo com as minhas garotas? — Entrei
na sala e me sentei no outro sofá.
Marion saiu de perto da Pietra e veio até mim. Sentou em meu
colo e segurou meu queixo, pedindo minha atenção.
— Eu quero tomar banho com vocês e Pipi disse que eu não
posso porque sou menina, mas ela é menina também e toma banho
com você. Isso não é justo.
A vontade de soltar uma gargalhada era forte, mas fui forçado a
ficar sério, ela precisava de uma resposta que a convencesse.
— Não é bem assim...
— Viu só? — Marion me interrompeu e olhou rapidamente para
Pietra. Eu recebi um olhar furioso da minha garota.
— Espere aí, mocinha, eu não terminei. — Ela voltou a olhar
para mim. — A Pietra pode tomar banho comigo porque é minha
namorada, entendeu?
Ela ficou me olhando por alguns segundos.
— Então, quando eu namorar vou poder tomar banho com o meu
namorado?
Comecei a imaginar a cena das porradas que eu daria no
moleque que ousasse tocar na minha pequena garota. Uma porra
que ela iria tomar banho com algum molequinho do caralho.
— Só quando você ficar bem grande, assim, do tamanho do
Luke, pesar mais de sessenta quilos, estiver formada e morando
sozinha. E se eu não ficar sabendo, caso contrário, a...
— Vamos acabar com essa conversa — Pietra me interrompeu.
— A Marion já sabe o porquê que não pode, então acabou. — Ela
pegou Marion do meu colo. — Banho, a mocinha vai para o banho, e
você... — Ela me encarou com aquele olhar de mandona. — Vá
terminar o nosso café. O motorista do seu pai logo, logo estará aqui.
— Sim, senhora! — Levantei e fui para a cozinha. — Mas não
retiro nada do que eu disse.
— Isso não é justo — respondeu Marion.
— A vida não é justa, Estrelinha.
— Luke! — Pietra ralhou.
— O que é?
— Café.
— Estou fazendo.
Ela sumiu com Marion pelo corredor.

Um pouco antes das oito da manhã, o motorista do meu pai


buzinou na frente da casa. Como eu estava de moto, resolvi seguir o
carro, deixaria a moto estacionada na marina e na volta viríamos no
meu carro.
Papai já estava na frente da casa nos esperando, quando o
Alemão estacionou o carro. Marion saiu apressada, correndo para os
braços do homem alto, de cabelos grisalhos e olhos claros, que a
esperava agachado e de braços abertos para recebê-la.
Ela praticamente voou no corpo dele e desandou a falar.
— Vovô, vovô! O Luke vai morar com a gente e pediu permissão
pra casar com a Pipi. Eu vou vestir um vestido de princesa igual da
Pipi e uma coroa também! Ele deu um anel lindão pra ela e pra mim
ele deu essa pulseira, olha como ela é linda. Está escrito aqui,
“Estrelinha Marion”, tá vendo? — Ela segurava o queixo do papai.
Até eu fiquei sem fôlego, escutando tantas palavras ao mesmo
tempo.
— Nossa! Isso tudo aconteceu ontem à noite? — Papai soltou
uma gargalhada, o que era raro de acontecer, pelo menos depois da
morte da mamãe.
— Sim. Não é da hora?
— É, sim. — Ele a beijou na testa e olhou para mim. Eu estava
ao lado da Pietra com o braço em volta dos seus ombros. — Oi,
filho. Então é verdade?
— Oi, pai. Sim, é. Eu pedi a Pietra em casamento.
— Mostra o anel para o vovô, Pipi.
Pietra estendeu a mão direita e mostrou o anel. A pedra brilhou
com a luz do sol.
— Nossa! Você caprichou no tamanho da pedra, é magnífica. E
quando será o casamento?
— Ainda...
— O mais depressa possível — cortei a Pietra e respondi.
— Espero que seja antes da minha partida para o sul. — Joshua
saiu de dentro da casa e veio até nós.
Beijou a testa da Pietra e pegou a Marion dos braços do papai.
— Como está a minha princesinha? — Ela abraçou o Joshua e o
beijou no rosto. — Então, o que acham, vamos fazer esse
casamento acontecer antes da minha partida? — Encarou-nos,
oferecendo um sorriso tímido.
— Por mim, tudo bem. E você, amor? — Olhei para Pietra.
— E dará tempo? Casamento envolve uma porção de coisas,
vestido, festa, e o principal... — Ela fez uma pausa. — Precisamos
arrumar a casa, afinal, não posso me casar e ir morar naquela casa
do jeito que está.
Marion desceu do colo do Joshua e correu em direção à Silvia,
nossa governanta, jogando-se nos braços dela. Silvia disse algo para
a Marion e as duas foram para o interior da casa.
— Eu acho que a Marion vai se empanturrar de bolo e suco —
disse papai, sorrindo. — Que tal irmos nos sentar perto da piscina?
Fomos para o jardim. As lindas bromélias que cercavam o local
todo davam um colorido lindo. A manhã ainda estava fresca, sem
aquele calorão costumeiro.
Todos sentamos.
— Eu tenho uma proposta para vocês dois. — Papai cortou o
silêncio. Olhei para a Pietra e em seguida para meu pai. Joshua se
manteve calado, só observando.
— Estamos ouvindo — articulei.
— Por que vocês não vêm morar aqui? A casa é enorme e
temos muitos quartos, vocês podem reformar um para os dois. A
Marion já tem o quarto dela e a casa já está toda segura para uma
criança e para as outras que com certeza virão.
— Senhor Lúcios, não quero dar trabalho. Uma coisa é a Marion
passar um final de semana com vocês, outra coisa é morarmos aqui.
A Marion dá muito trabalho, ela é muito agitada e bagunceira,
acabará com a sua paz.
Pietra ficou constrangida. Eu não sabia se ela acreditava que o
papai só estava falando por falar, mas eu tinha certeza que ele falava
sério. Papai vivia sozinho naquela casa. Eu nunca quis vir morar aqui
e o Joshua passava mais tempo no hotel do que em qualquer lugar.
Agora que estava indo embora para o sul, então o papai ficaria
completamente sozinho.
— Pietra, a Marion traz alegria para o meu coração. Estou
completamente apaixonado por ela, e quando ela não está comigo eu
sinto um imenso vazio. Ela precisa ficar cercada de pessoas que a
amam, mesmo não demonstrando, ela sente a falta dos pais. Ela é
pequena, mas a essência do pai e da mãe continua dentro dela e vai
demorar muito tempo para que se esqueça de toda essa tragédia.
Eu sei o que estou falando.
Ele olhou para mim e eu vi a emoção em seus olhos. Eu fui
rebelde, me culpei pela morte da mamãe, me culpei por ter tirado do
meu pai o amor da sua vida, por ter tirado do Joshua o seu porto
seguro. Mesmo os dois fazendo de tudo para provar que eu não tive
culpa do que aconteceu, quis me punir. Nunca quis punir meu pai e
irmão, só a mim mesmo, por isso me transformei no moleque
arruaceiro, que quebrava todas as regras, fazia tudo errado e se
metia nas piores confusões. Eu achava que se fizesse isso meu pai
seria rigoroso e me castigaria, mas ele nunca me puniu. Ao contrário,
ele vivia encobrindo meus erros, passando a mão em minha cabeça,
e quanto mais eu errava, mais ele era indulgente. Isso me deixava
puto, eu não queria que ele fosse solidário com a minha dor, eu
queria que ele fosse meu pai, que brigasse comigo, que chamasse a
minha atenção.
Então eu me tornei um adolescente problema, depois um jovem
problema e, consequentemente, um adulto problema. A culpa não foi
dele, foi minha.
Não soube administrar a minha frustração de ter sido criado
cheio de vontades. Mas hoje eu sei que fui muito amado, que eu tive
um pai benevolente e que ele, da sua maneira, tentou me guiar para
o melhor caminho, mesmo eu não aceitando.
Mas o mundo dava voltas e nunca era tarde para mudar.
— Pietra — continuou —, o Luke agora administra o hotel e
daqui a alguns meses o anexo será inaugurado. Ficará cansativo ir e
vir. A travessia, mesmo sendo rápida, é estressante, principalmente
quando chove. Não há necessidade deste sacrifício, você há de
concordar comigo.
Pietra olhou para mim.
— Luke, você decide. Seu pai tem razão.
Ela sabia que eu não me dava bem com o papai. Mas o
problema não era ele, nem meu irmão. O problema era eu, e estava
na hora das coisas mudarem. Eu precisava de uma família, as
minhas garotas mereciam isso.
— Podemos fazer a mudança que quisermos? — Estava
brincando, eu só queria descontrair a tensão que se instalou.
— Até em toda casa, se quiserem. Agora ela é de vocês. —
Papai ficou de pé.
— Não me dê ideias. — Levantei também.
— Eu amo você, filho. Amo muito.
Fui pego de surpresa. A emoção travou minha voz e me joguei
naqueles braços aconchegantes, braços dos quais há tanto tempo eu
não sentia o calor.
— Eu também, pai. — Calei-me, engoli e inspirei.
— Vamos parar com isso, senão daqui a pouco eu começo a
chorar. — Joshua se levantou e nos abraçou. — Venha cá, Pietra,
abrace logo esses bobões.
A Pietra se levantou e o abraço ficou mais gostoso.
— Então, eu posso contar a novidade para aquela menininha ali?
— Joshua apontou para a Marion que brincava no balanço.
— Claro que pode — Pietra respondeu.
Joshua foi ao encontro da Marion.
Nos sentamos e ficamos observando o encanto da Marion ao ver
a aproximação do Joshua. Ela saiu do balanço e correu na direção
dele, e ele se agachou para recebê-la no momento do encontrão. Ele
perdeu o equilíbrio e os dois caíram no chão. Marion soltou um
gritinho, feliz, e Joshua a segurou por baixo dos bracinhos e a
levantou, imitando um avião.
— Mais, mais... — pedia repetidamente.
— Depois os dois vão escolher o quarto, e vejam o que querem
mudar na casa. Estarei no meu gabinete, preciso fazer umas
ligações, afinal, temos um casamento para realizar. Eu, como pai do
noivo, quero cuidar disso pessoalmente. —Papai disse, sem afastar
os olhos da Marion.
— Após o almoço faremos isso — eu disse.
— Joshua, faz de novo, eu quero voar...
— Seu irmão se afeiçoou tão rápido a Marion — Pietra
comentou.
— É, nem parece ele — comentei.
— Se a filha dele estivesse viva, ela teria a idade da Marion.
Acho que foi isso que o fez se apaixonar por sua irmã, Pietra —
articulou papai, com a voz distante e triste.
— Oh, meu Deus! Será que ele não sofre mais ao conviver com
uma menina que poderia ser sua filha?
— Acho que não, o Joshua muda quando está com a Marion. Ele
fica mais feliz, de alguma forma o riso volta ao rosto dele. — Papai
desviou os olhos para nós.
— É, eu já percebi isso também. — Segurei a mão da Pietra e a
acariciei com o polegar. — Meu irmão não era assim tristonho,
apático, nem com esse semblante de homem frio e distante. Ele era
sorridente e divertido. As mulheres praticamente se derretiam com o
charme dele. Acho que deve ser o mal dos Sarajevo, somos
irresistíveis...
— Convencido! — recebi um tapa no ombro.
— Calma, amor. Eu me aposentei, agora sou só seu.
— Assim espero, ou a praia dos Corais terá um novo tipo de
peixe boiando, mortos em suas águas: peixes periguetes.
Papai sorriu de repente, quase dando uma gargalhada, e eu
fiquei abismado. Ele não era de sorrir assim.
— Luke tem razão, Joshua mudou completamente após a morte
da esposa e da filha. Acho que ele nunca irá se perdoar nem se
recuperar da tragédia. O Joshua amava a Victória, muito mais que a
si mesmo, ela foi a razão pela qual ele se mudou para Nova Iorque.
Por ela, ele aceitou mudar de país.
Papai ficou em silêncio, observando o Joshua brincar com a
Marion. Ele não gostava muito de falar sobre isso, eu até me
surpreendi quando iniciou a conversa.
— Sabe, Pietra, nós, os Sarajevo, quando amamos alguém é
para sempre. Olhe para mim, depois que a Glória morreu não
encontrei ninguém que valesse a pena amar, por isso escolhi ficar
sozinho. E não é por causa da minha tristeza, é porque não é fácil
encontrar um amor de verdade, que dirá dois.
Ele se levantou e saiu rapidamente. Bem, na verdade, ele queria
um pouco de privacidade. Papai estava emocionado e para ele era
difícil demonstrar suas emoções.
— Seu pai ainda sofre com a morte da sua mãe, não é?
Baixei meus olhos.
— Sim...
— Luke, não foi sua culpa. Não fique assim.
— Talvez, mas quando penso que se não tivesse insistido em ir
para aquela feira, ela ainda estaria viva e o papai não estaria tão
triste.
— Luke, meu amor, foi uma fatalidade e essas coisas,
infelizmente, acontecem. Não se culpe, se dê uma chance de se
perdoar. A vida está lhe dando vários motivos para ser feliz, não
acha?
Olhei para ela e sorri. Minha garota, além de linda, era
perspicaz.
— Acho, sim. E estou me agarrando a essa felicidade agora. —
Eu a puxei com cadeira e tudo, ficamos lado a lado e, como eu não
era bobo, aproveitei para beijá-la. — Seremos uma linda família.
— Seremos, sim. — Ela encostou a cabeça em meu ombro e
ficou olhando para a Marion e o Joshua. Os dois estavam brincando,
e eu não sabia quem era mais criança na brincadeira. — Será que
um dia ele supera essa tristeza? — Ela se referia ao Joshua.
— Eu não sei. Só sei que o Joshua nunca mais se envolveu com
outra mulher, ele se fechou completamente. Um dia, ele me disse
que os Sarajevo não nasceram para amar nem serem amados. —
Ela me olhou, surpresa.
— Calma! Eu não acredito nessa baboseira. Nunca acreditei. Só
não me envolvia com nenhuma garota porque não era a minha
intenção. Eu só queria era foder muito, e as mulheres que passaram
em minha vida eram loucas demais para se envolverem em
relacionamentos sérios. No máximo, chegávamos a dois encontros,
isso quando as trepadas eram boas. Quando não eram, eu fingia que
nem as conhecia.
— Nossa, Luke! Que feio. — Sua mão empurrou meu ombro e
eu a puxei de volta.
— Estou sendo sincero. Eu gosto de sexo, e para mim trepar
era o suficiente. Mas tudo mudou depois que eu fui o primeiro na vida
de uma mocinha que me devorava só com o olhar. Aí fodeu, e eu me
tornei a porra do homem mais possessivo e egoísta do mundo. Se
eu não quero dividir, eu também não me divido, ok, minha garota?
— Eu já disse que te amo? — Ela me olhou daquele jeito, me
devorando com os olhos. Eu logo pensei em uma porção de
sacanagens.
— Já, mas é sempre bom ouvir novamente — disse, desviando o
foco dos meus pensamentos obscenos.
— Amo você, seu doido. — Beijei o alto da sua cabeça e
voltamos a ficar em silêncio, observando o Joshua e a Marion.
— Eles eram tão felizes. A Victória era bailarina principal de uma
das maiores companhias de balé de Nova Iorque. Eles se
conheceram quando o Joshua foi cuidar do nosso hotel, ela estava
hospedada lá. Não demorou para os dois se casarem e seis meses
depois ela engravidou.
“Joshua não cabia em si de tanta felicidade. Eles vieram passar
alguns meses aqui e foi quando decoraram o quarto do neném.
Victória pretendia passar alguns meses no Brasil, após o nascimento
da Brianna, esse seria o nome da menina. E esta foi a última vez que
a vimos, ela estava grávida de seis meses e faltando poucas
semanas para o bebê nascer, quando sofreram o acidente.”
— Como foi que aconteceu? — Pietra me olhou, curiosa.
Na realidade, eu não sabia muito, já que Joshua não gostava de
tocar no assunto. O pouco que eu sabia veio do papai e do que li nos
noticiários locais. Papai acompanhou todo processo ao lado do
Joshua, foram longos seis meses até que o meu irmão pudesse
voltar para o Brasil.
— Eu não sei muito sobre o assunto, mas o pouco que eu sei é
que o Joshua estava trabalhando feito um louco na reforma do hotel.
Ele queria terminar antes do nascimento da Brianna, para poder
dedicar cem por cento do seu tempo à família, e um dia antes do
acidente havia virado a noite trabalhando. Estava cansado, mas
mesmo assim foi levar a Victória para a casa dos pais dela. Era
aniversário do pai, eles moravam em uma cidade a duas horas de
Nova Iorque. Papai contou que o Joshua bebeu duas doses de
uísque durante a manhã e, no final da tarde, eles voltaram. Era uma
tarde de domingo tranquila, a Victoria adormeceu e o Joshua
também... e o carro atravessou a via e bateu de frente com uma
árvore. Meu irmão foi arremessado pelo para-brisa, o automóvel
pegou fogo e o Joshua ainda tentou salvar a Victoria, mas foi puxado
para fora do carro antes de ele explodir. Joshua ficou com várias
cicatrizes de queimaduras nas costas. Eu só as vi uma vez, entrei no
quarto dele sem querer e ele estava dormindo de bruços. Elas são
terríveis.
— Que horror, Luke!
— Pois é, o Joshua se culpa até hoje, mesmo a justiça tendo o
inocentado. Ele não aceitou o veredito e até hoje se pune, vivendo
recluso do mundo.
— Meu Deus! Eu nem imagino a dor que ele sente, o vazio que
vive dentro dele. E eu que pensei que minha dor por perder meus
pais fosse a pior dor do mundo. Ela não chega aos pés do que o
Joshua sente até hoje.
Nós no calamos, pois o Joshua vinha em nossa direção com a
Marion nas costas.
— Essa mocinha quer tomar banho de piscina. Agora é com
vocês, eu preciso voltar para o hotel.
— Eu vou com você — disse, já me levantando.
— Nada disso, você fica com a sua família. Curta as suas
garotas.
Ele beijou a Marion e saiu acenando.
Gostei do modo como ele falou “curta as suas garotas”.
Esta foi a segunda casa onde eu fui muito feliz e amada. A
primeira foi a dos meus pais biológicos. Quando o papai morreu, a
Naia herdou uma parte da casa, mas quando ela se casou com o
Paolo, abriu mão do direito e vendeu o imóvel. O dinheiro, ela
depositou em uma conta poupança em meu nome. Paolo já tinha esta
casa antes de se casar com a Naia e fez uma reforma para nos
receber. É claro que quando a Naia ficou doente eu não pensei duas
vezes, entreguei todo o dinheiro que eu tinha para ajudar a custear o
tratamento da minha segunda mãe, e não me arrependo. E agora
que estou prestes a me mudar outra vez, sinto toda a felicidade que
vivi aqui dentro, apesar dos momentos tensos dos últimos anos. A
casa ainda tinha cheiro de amor, alegria, afeto, cuidados, respeito e
devoção.
Daqui a dois dias nos mudaremos em definitivo para a mansão
do pai do Luke. Lúcios não fez só a reforma do nosso quarto, como
também resolveu fazer uma reforma na casa inteira, e isso levou
cerca de dois meses, mas agora já estava tudo pronto.
Marion vivia aos pulos de felicidade e não parava de perguntar
quando iríamos morar na casa nova. Talvez para ela seja melhor,
pois ela não tinha boas recordações daqui. Para Marion, esta casa
era sinônimo de esquecimento.
Mas, para mim, foi o meu lar por quase toda a minha vida e
agora ficaria no passado, seria o lar de outras pessoas. Em breve
receberia seus novos moradores, e eu esperava que fossem tão
felizes quanto eu fui.
— Meu amor, você viu a chave do meu carro? Já procurei no
quarto, no meio daquelas caixas, e não estou encontrando... — Ele
parou de falar e me encarou. — O que foi, tem algo de errado
comigo?
Errado? Não, não tinha nada de errado com ele, era tudo
perfeito, perfeito até demais. Aquele homem gostoso diante de mim,
bom de cama, bom de língua, bom de tudo, estava vestido para
seduzir e eu fiquei com muito ciúme.
— Eeee... está com ciúmes? — O filho da mãe debochado
sorriu cinicamente, como se estivesse adorando a minha
insegurança.
— Você está parecendo aqueles CEO’s gostosões dos livros de
romance...
— Jura? — Ele me cortou e veio em minha direção. Deixou os
braços descansarem em meus ombros e me encarou com um riso
escroto nos lábios. — Aqueles caras fodões, que fazem as mulheres
virarem as cabeças quando passam espalhando masculinidade,
domínio, segurança e sexualidade? Que deixam um rastro de
suspiros e calcinhas molhadas?
Cachorro, ele estava adorando isso.
— Bem, é exatamente isso que está acontecendo. As turistas e
funcionárias do hotel só faltam se jogarem no chão quando eu passo.
Nossa, às vezes eu acho que serei sequestrado por algumas delas e
obrigado a realizar seus desejos sexuais mais devassos...
Ele parou de falar e ficou me encarando, escondendo a vontade
de gargalhar.
— Seu filho da mãe presunçoso, será que eu preciso me
preocupar? — Bati no seu peito com o punho. — Juro, senhor Luke,
que se eu sentir um cheiro em você que não seja o meu, capo você...
Segurei seu pau e apertei.
— E eu juro que se continuar segurando meu pau desse jeito,
esqueço que tenho uma reunião importante e fodo você aqui mesmo,
no meio dessas caixas.
Ele me olhou seriamente e senti seu pau endurecendo em minha
mão.
— Luke, não mude de assunto. — Minha mão soltou o bendito
pau, mas eu vi o seu olhar de luxúria, aquele olhar que dizia: vou
foder você, garota. — Acho que eu preciso marcar meu território
naquele hotel e mostrar para aquelas filhas da puta quem é a sua
dona.
Ele me puxou de jeito, juntando nossos corpos em um aperto
cruel. Segurou meu queixo e, por longos segundos, apenas me
encarou. Senti o ar ao nosso redor mudar, não porque eu estava
zangada, com ciúmes, mas porque o safado estava adorando ver os
sentimentos conflitantes em meus olhos. Eu podia senti-los me
envolvendo. Senti seus braços fortes me apertando e o calor do seu
pau... Cacete, eu fiquei excitada, eu queria ser fodida.
Esse homem me enlouquecia.
Fazia com que sentisse coisas inexplicáveis.
Fazia a minha calcinha virar um coador.
Não havia maneira de ignorar como me sentia em relação a ele.
Bastava um toque, uma palavra obscena, um olhar intenso e eu já o
queria dentro de mim. E quando eu me lembrava do primeiro dia em
que o vi, acreditava firmemente que tinha sido colocada em seu
caminho por uma razão.
Ele seria meu.
E eu seria sua.
— Garota, não precisa de nada disso. — Sua voz marcante e
quente me trouxe de volta à realidade. — O bad boy foi dominado, a
única mulher que ele quer em todas as posições é você. O coração
do Lukinho pertence a Pietra, e o pauzinho do Lukinho pertence à
bocetinha da Pietra.
— Pauzinho! — Olhei para o volume na frente da sua calça. —
Acho que nem quando você era criança tinha um pauzinho. Santo
Deus, Luke! Como pode isso?
— Garota, ele foi feito para agradar uma única boceta, a sua.
Agora vamos parar de falar em pau e em boceta, porque isso já está
me deixando louco de tesão, e hoje, especialmente, não posso me
atrasar.
Eu também não podia, hoje eu e a Marion vamos experimentar
nossos vestidos de princesas. Levantei-me sobre os dedos dos pés,
colocando os lábios sobre os de Luke. Ele me envolveu outra vez,
seus braços ao meu redor, segurando-me num abraço e me fazendo
sentir todos os tipos de sentimentos. E o maior de todos era
segurança.
Ele, além de me fazer sentir amada, fazia-me sentir cercada por
muralhas de puro aço.
Estiquei a cabeça para trás e olhei para seu rosto lindo. Mesmo
sem os piercings ele continuava selvagem. Luke sorriu um sorriso
acolhedor, carregado de amor.
— Luke, eu ficaria com você mesmo que fosse um bandido. Não
me importaria de ser chamada de mulher de traficante. Eu o amo e
sei que você me ama, e isso para mim seria o suficiente. — Naquele
segundo a sua expressão mudou instantaneamente.
Felicidade e desejo duelavam em seu rosto.
— Garota, se eu fosse um bandido deixaria de ser no instante
em que me apaixonei por você. Eu jamais permitiria que alguém a
chamasse de mulher de traficante. Eu mataria essa pessoa da
forma mais cruel que possa imaginar.
Ele levantou a mão e tocou gentilmente em meu rosto,
acariciando com tanta ternura que quase derreti. Olhou-me
intensamente.
— Pietra, eu a amei no dia em que tirei sua virgindade e a partir
daquele dia toda a minha vida mudou. Eu mudaria por você, como de
fato mudei. Nunca imaginei que algum dia estaria vestido desse jeito,
administrando os hotéis da minha família. Eu posso dizer, com
certeza, que nunca quis esta vida para mim. Acho que o meu destino,
cedo ou tarde, seria atrás das grades, eu me tornei perigoso para
mim mesmo. Viver perigosamente como eu vivia só me traria esse
tipo de final. — Sua voz soou dolorosa.
— Ainda bem que eu olhei para você, porque acho que eu nasci
para amar você. — Na verdade, eu tinha certeza disso.
— Seus olhos famintos foram a minha salvação, garota. — Ele
beijou minha testa. — Eles me guiaram até você. — Segurou minhas
bochechas e beijou com adoração meus lábios. — Porra, garota,
farei de tudo para fazê-la cada vez mais feliz. — Ele me apertou
mais e o ar me deixou. Eu amei isso. — Eu não sabia o que era
viver, até que você veio para a minha vida, garota.
Eu o beijei, segurando com força a sua nuca. Não foi um beijo
sexual, foi um beijo de puro amor.
Em três dias, eu serei a sua esposa. Em três dias ele será meu
marido, e em três dias seremos uma família. Eu, Marion e ele.

Nosso casamento foi na igreja central da ilha. Não foi um


casamento simples, foi um senhor casamento. Lúcios não
economizou, foram tantos convidados que parecia um dos eventos
produzidos pelo Luke. Eu não conhecia ninguém, meus poucos
amigos não eram da ilha e, com a doença da mamãe, eles se
afastaram de mim. Então eu não tinha a quem convidar, mas isso
não me abalou, pois tinha o que mais precisava.
Luke e Marion.
Acho que nunca imaginei que um dia eu me casaria e seria mãe
tão jovem. Sim, mesmo que a Marion não tenha nascido de mim, ela
seria criada como nossa filha, minha e do Luke.
É o que iremos fazer.
O Luke adotará a Marion.
Inclusive, ele já falou com o advogado, que por sua vez já deu
entrada na papelada.
Em breve, a minha menininha será a nossa filhinha.
Marion estava feliz, cercada de amor, mimos e do mais
importante, uma família maravilhosa.
Minha menininha parecia que estava em seu próprio reino
encantado.
E eu no meu.
Com um homem lindo, gostoso e fodão.

Não estava em meus planos casar, tampouco ser pai. Aliás, eu


nunca imaginei tal coisa. Eu não precisava de casamento para fazer
o que mais gostava.
Foder.
Tinha as bocetas mais gostosas e experientes que um homem
poderia desejar. Onde eu chegava, podia escolher qual comer. Às
vezes, eu comia todas que se ofereciam para mim, apetite era o que
não me faltava. Eu tinha fome de sexo, adorava diversificar, e foder
para mim não era só um lado da moeda, gostava da porra toda. A
mulher, quando vinha até mim, já sabia o que aconteceria. Ela me
daria a porra de todos os seus buracos, não tinha essa de dizer: O
cu eu não dou.
Não daria o caralho, eu a convenceria.
Mas confesso que não tive muitos problemas com isso. Se
houve algumas pudicas foram duas ou três, mas deixaram de ser e
devem estar me agradecendo onde estiverem.
Sexo para mim não era o complemento da relação, a relação
que era o complemento do sexo. Eu sou fodidamente escroto e
gosto de foder pra caralho, não é pouco.
Pietra que o diga.
Só não fazíamos sexo quando eu estava trabalhando e, mesmo
assim, quando batia à vontade eu inventava uma desculpa e ia atrás
dela. Aquela boceta me viciou.
Meu pau só ficava satisfeito quando comia tudo.
E eu viciei a Pietra. Ela já dormia nua, pois sabia que odiava
despi-la. Quando eu chegava tarde, corria para o banheiro, tomava
um banho rápido e me enfiava todo dentro da sua bocetinha
apertada e meladinha. E se durante a noite a sua bunda redonda
encostasse em mim... não tinha essa de deixar para a manhã
seguinte. Eu acordava a Pietra, já com a cabeça do pau pronta para
invadir o seu cuzinho.
É, eu sou um puto sacana.
Mas amo a minha vida de casado. Amo a minha esposa e a
minha filha.
Sim, minha filha. Adotamos a Marion e não vejo a hora de
escutá-la me chamar de papai. Sei que poderá demorar, talvez isso
nunca acontecesse, mas eu seria o cara mais feliz da face da terra
se a minha Estrelinha me chamasse de papai.
Quanto à minha nova atividade, o anexo do hotel, onde foi
construída a pousada, estava quase pronto, faltava só alguns
ajustes. Acho que em duas semanas ele poderá ser inaugurado, mas
o serviço de turismo aquático já estava funcionando e o Marco era o
responsável por esta área.
Por falar em Marco, ele finalmente criou coragem e foi conversar
com o pai da Luana. Aproveitou e a pediu logo em casamento. Acho
que teremos outro matrimônio em breve.
O importante era que ele estava feliz e a sua reputação foi
restaurada.
A minha também.
O Joshua estava de passagem comprada e bagagem pronta
para Gramado. Daqui a dois dias, ele nos deixará e disse que só
voltará para Corais quando estiver de férias, o que só Deus sabe
quando acontecerá, pois meu irmão nunca tirava férias.
Eu já me adaptei à vida de homem de negócios, acho até que
nasci para isso. Adoro o que faço, e faço com perfeição. Papai está
muito orgulhoso e estamos nos dando muito bem. Mamãe, se estiver
nos vendo, deve estar muito feliz.
Eu sei que fiz muita cagada. Sei que dei muito trabalho para meu
pai e irmão. Fui um revoltado, rebelde, criador de caso, briguento e
até me envolvi com coisas ilegais quando era um moleque
inconsequente. Talvez eu não quisesse mudar, talvez, com os meus
vinte e seis anos, ainda quisesse viver aquela vida de comedor de
boceta e farrista. Talvez.
Mas a vida era como uma tempestade, ela mudava quando
menos esperávamos. E aconteceu.
Eu não sonhei com isso, não procurei por isso. Estava satisfeito
com a vida que levava, que para alguns poderia ser uma vida
transviada, mas para mim era satisfatória. Porém, dois olhos se
fixaram em mim e se fizeram notados.
E a porra pegou.
Comi uma virgem e me apaixonei.
Luke foi pego pelo selo de controle de qualidade.
E ela se transformou na minha razão de viver.
A minha garota.
Eu a amo, e se a vida reiniciasse, faria tudo igualzinho
novamente.
Só para viver de novo a nossa história de amor.
Epílogo
Dois anos depois

Olhei pela janela do carro. As pessoas lá fora não podiam me


ver, não com os vidros escuros, cobertos pelo filtro para proteção
solar. Não que eu me importasse com a luz do sol, eu a adorava, por
isso amava andar de moto. Mas isso era por causa das minhas
garotas, principalmente a Marion, que tinha uma pele branquinha e
costumava ficar bem vermelha quando ficava muito exposta ao sol.
Portanto, os vidros de todos os carros da família foram revestidos
por películas protetoras. Eu dirigia apressadamente, feito um louco.
Pietra me ligou há algum tempo. Ela queria me ver e notei sua voz
nervosa, quase chorosa.
E isso me deixou completamente louco.
Não pude ir ao seu encontro de imediato, estava preso em uma
porra de reunião dos infernos com uma das principais empresas de
turismo internacional. Eles estavam ameaçando cancelar o contrato.
Tudo porque o fodido do meu concorrente usou o meu passado para
tentar quebrar a confiabilidade da nossa rede de hotéis.
Pois é, eu não me livrei totalmente da minha má reputação, ela
ainda me assombrava, às vezes. Eu já sabia disso, reputação era
algo que se custava recuperar.
No entanto, eu fiz grandes progressos. Os moradores da ilha
hoje me veneram, desde que descobriram que fui eu o responsável
pela criação da creche comunitária, da farmácia popular e do centro
de saúde. Eu não só criei os estabelecimentos, como mantinha todos
e continuava mantendo.
Recebi até desculpas do próprio delegado. Ele não precisava
fazer isso, pois eu reconhecia que fui um pé no saco e que merecia,
sim, umas porradas, quem sabe até ficar alguns dias atrás das
grades. Mas eu acho que ele me pediu desculpas pelo fato de
pensar que eu realmente era o traficante dos ricos e famosos.
Freei o carro bruscamente. Quase ultrapassei o sinal vermelho.
O que aconteceu para minha garota estar tão nervosa?
Tentei ligar para ela quando a reunião acabou, mas seu celular
estava desligado. Liguei para o telefone fixo e a Silvia não a
encontrou, disse que bateu na porta do nosso quarto e ela não
respondia.
Isso só me deixou mais nervoso.
Papai estava na capital, ele tinha ido buscar a Marion na
escolinha. Nosso motorista poderia perfeitamente fazer isso, mas ele
preferia fazer o papel de avô, e agora que adotamos Marion ele era
oficialmente seu avô.
Tentei ligar para Pietra novamente.
Este número está desligado ou fora da área de cobertura.
A voz entojada articulou.
Dois anos de casados.
Poxa, o tempo voava. E eu vivia como se tivesse acabado de
conhecê-la. Vivíamos em uma eterna lua de mel.
Caralho! Eu sou um puto de um sortudo.
Tenho uma esposa gostosa pra cacete e que me amava do jeito
que eu era. Eu sei que se eu não tivesse mudado ela me aceitaria
daquele jeito mesmo.
Um louco inconsequente.
É, somos perfeitos um para o outro.
Somos um só.
Ela é o meu tudo.
Minha garota.
A mulher que amo mais do que minha própria vida.
Minha esposa.
E agora ela era minha e sempre será.
Eu a amava pra caramba, como um lobo faminto.
Parei o carro em frente à casa. Desci e saí correndo,
procurando a minha garota feito um louco desesperado.
— Silvia, alguma novidade? Ela abriu a porta?
— Não, eu sei que ela está lá dentro, mas não responde as
minhas chamadas.
Silvia parecia preocupada. Ela se apegou a Pietra como uma
mãe a uma filha e vivia sempre a cercando de mimos e cuidados.
Há alguns dias, a Pietra comeu um cachorro-quente na faculdade
e passou mal. Eu quase processei a cantina. A partir desse dia, ela
passou a não se sentir bem, vivia cansada e enjoada, talvez por isso
chorasse por qualquer coisa. Ela nem conseguia atravessar a balsa,
então, não estava mais indo para a faculdade. Fiquei tão preocupado
que a levei para fazer alguns exames no hospital da ilha e hoje
chegariam os resultados.
Caralho! Então era isso.
Será que deu merda?
Será que a minha garota está com alguma infecção?
Se for isso, eu juro que eu fecho aquela espelunca de cantina.
— Merda! Eu juro, Silvia, se a Pietra ficou doente por causa
daquele maldito cachorro-quente, eu vou derrubar cada tijolinho
daquele maldito lugar.
Silvia sabia que eu estava falando sério.
E estava mesmo.
Subi as escadas de dois em dois degraus.
— Pietra, abra a porta, amor...
Ela abriu. Estava com uma carinha assustada.
Deu merda.
Pietra segurava um papel nas mãos.
Meu coração foi na boca. Será que era algo grave?
Não sei se estaria preparado para isso...
Olhei para ela, seus olhos marejaram.
Morri por dentro.
— Garota? — Olhei para o fundo dos seus olhos.
Baixei a vista para o papel em suas mãos e senti a mudança no
ar.
Deus, era isso. Ela estava muito doente.
Era notável o seu nervosismo e eu sabia que era por causa da
merda daquele pedaço de papel que segurava. Ela abriu mais a
porta e se afastou, dando-me espaço para entrar no quarto. Fiquei
na sua frente, sem me afastar.
As lágrimas já nublavam seus olhos e eu só podia fazer uma
coisa. Segurei suas bochechas, varri seu rosto com o olhar mais
terno e a puxei para perto. Meu coração batendo forte e as pernas
tremendo.
— Pietra, seja o que for, nós lutaremos juntos.
— Eu não sei como isso aconteceu. Eu juro, Luke, eu estava...
Ela engoliu o choro e me entregou o papel. Comecei a ler.
Deu tremedeira.
Suor frio.
Visão embaçada.
Olhei para ela.
Depois para o papel.
Eu não podia acreditar.
Ou podia?
— Grávida!?
— Uhum!
Ela desabou, escondeu o rosto entre as mãos e começou a
chorar.
Eu não entendi. Afinal, por que ela estava chorando?
— Me desculpe, Luke, não foi de propósito. Eu sei que você só
queria filhos depois que eu concluísse o curso, e eu estava tomando
a medicação direitinho, não sei como isso aconteceu...
— Shhh, vai ficar tudo bem. — Eu baixei um pouco a cabeça e
segurei suas bochechas novamente, olhando em seus olhos,
desejando que ela se acalmasse. — Um filhotinho? Jura? — Ela
sorriu levemente. Um sorriso fraco, meio sem graça.
Tentei manter a calma, ela já estava nervosa por nós dois.
Abracei seu corpo trêmulo, assustado, e dei o melhor abraço que já
lhe dei em toda a nossa vida juntos. Depois de alguns segundos, me
afastei e dei um sorriso largo, feliz.
Na verdade, eu queria gritar de felicidade.
— Luke, nós vamos ser pais. Isso não o assusta?
Ela estava com medo.
Beijei o topo de sua cabeça.
— Medo? Medo por quê? Nós já somos pais da Marion, não
deve ser mais complicado sermos pais de mais um.
— Luke, a Marion não conta, ela já é grandinha. O nosso ficará
por meses em minha barriga e depois virá para os nossos braços,
bem pequenininho. E se eu não souber cuidar dele? Meu Deus, o que
vamos fazer?
Dei de ombros.
— Criá-lo, oras. Vamos criá-lo como estamos criando a Marion,
e você cuidou da Marion desde quando ela era bebê. Não será
diferente, Pietra.
— Sim, mas...
— Mas a diferença é que agora você me tem e vamos fazer isso
juntos. Vem cá, mamãe.
Sem que esperasse, eu a peguei nos braços. Com seus pés
suspensos do chão, girei o corpo, beijando seu rosto sem parar, até
que ela começou a ficar ofegante. Eu queria que ela soubesse, sem
precisar dizer em palavras, que eu estava feliz, muito feliz.
— Pietra Sarajevo, nem imagina o quanto está me deixando feliz.
— Eu a coloquei de volta ao chão e caí de joelhos diante dela,
moldando seu ventre ainda lisinho com as mãos. — Seja bem-vindo,
pequeno Saravejo. Aqui você encontrará muito amor.
— Luke, e se for uma menina? — Olhei para ela e estava
sorrindo, as lágrimas haviam desaparecido.
— É um menino, tenho certeza. Nós já temos uma menininha, a
nossa princesa. Agora virá o nosso príncipe.
Ela enfiou as mãos no meu cabelo, sorrindo para mim.
— Meu Deus! E a Marion? Como ela receberá essa notícia?
Será que não ficará com ciúmes?
— Duvido. Ela adora crianças e vai amar ser irmã mais velha. Do
jeito que é mandona, nosso filho vai precisar de muita paciência para
lidar com a irmã.
— Luke, você é o melhor marido do mundo.
— Eu sei. E o mais insaciável.
Ela sorriu e revirou os olhos.
Fodeu.
— Você merece ser castigada por me dar o maior susto. Eu
pensei em uma porção de probabilidades, menos em uma gravidez.
Agora eu preciso castigá-la por me deixar com tanto medo de perdê-
la.
Beijei seu ventre mais uma vez e desci sua pequena saia, depois
sua calcinha.
— Dizem que as bocetas das mulheres grávidas ficam inchadas.
Já estou imaginando a sua, acho que vou comprar um monte de
vibradores só para experimentar nessa xoxotinha.
— Por Deus, Luke! Você é terrível.
— E safado. E você gosta. Agora abra essas pernas que eu
quero me fartar de boceta. Esse será o seu castigo. Satisfaça-me,
garota.
Ela abriu um pouco as pernas e quando sentiu o poder da minha
língua batendo em suas carnes, gemeu e segurou meus cabelos com
força.
— Suba em meus ombros, Pietra. Quero enterrar a cara entre
suas coxas.
Ela apoiou as pernas nos meus ombros, ficando completamente
arreganhada em meu rosto. Segurei sua bunda e me levantei com
cuidado. Enquanto seguia para a cama, enfiei o dedo médio no seu
rabinho. Chupava sua boceta com necessidade, ela sabia o quanto
gostava de fodê-la com a língua e com a boca.
Eu já disse que adoro uma boceta. Principalmente a da minha
garota.
Ajoelhado na cama, eu me inclinei com cuidado e lentamente a
deitei no colchão, sem deixar de chupar sua xoxotinha. Pietra gemeu
alto quando sentiu minha língua fodendo-a. Bastou dois chupões para
ela chegar ao topo e gozar, arqueando o corpo com força e
empurrando a boceta no meu rosto.
— Adoro quando você goza, garota. — Ergui o corpo e me
levantei da cama. — Livre-se do resto da sua roupa — exigi. Ela
ainda estava com a blusa e o sutiã.
Comecei a me despir. Sapatos, meias, paletó, gravata, camisa,
calça e cueca voaram.
Peguei meu pau e comecei a acariciá-lo.
— Vou foder a minha garota grávida. — Dei um sorriso lascivo.
— Projeto novo: vamos moldar o bebê. Começaremos com o
dedinho mindinho do pé, precisamos caprichar.
— Luke, você não vale nada. — Ela achou graça.
— Sim, mas eu a amo.
Subi na cama e fiquei entre suas pernas, com sua linda boceta
na direção dos meus olhos. De jeito nenhum iria conseguir demorar,
não do jeito que estava cheio de tesão. Eu a foderia duramente.
Inclinei-me sobre seu corpo com o pau entre suas coxas e a beijei
por longos segundos, correndo a língua pelos seus lábios,
mergulhando-a em sua boca. Quando separei a boca da sua, segurei
suas pernas e a virei de costas para mim. Afastei suas pernas e me
inclinei para trás para olhar a sua boceta exposta.
— Delícia de boceta. — Salivei, meu pau pulsou e o meu dedo
escorregou entre suas dobras molhadas, lambuzando-se
completamente. — A beleza desta posição é que posso ver os seus
dois buracos. — Puxei o ar entre os dentes e enfiei dois dedos em
seu cuzinho. Meus olhos brilhavam de tesão ao ver meus dedos
entrando e saindo do seu buraquinho apertado.
Soltei meu pau e levei a outra mão para a sua boceta. Quando
corri os dedos pela sua fenda molhada e a ouvi gemer suavemente,
percebi que ela estava pronta para ser fodida duramente.
— Quer meu pau grande aqui? — Enfiei o dedo em sua boceta
apertada. — Ou aqui? — Girei os dedos que estavam dentro do seu
buraco pregueado.
— Nos dois. — Ela gemeu quando respondeu, já estava
ofegante.
— Garota gulosa. Não sei se você merece.
— Não negue um desejo a uma grávida, Luke. — Ela sorriu.
Safada e chantagista.
— Começou a exploração? Então tá, se quer nos dois buracos
apertados, seu desejo é uma ordem. Mas já vou avisando, não vou
demorar muito, estou cheio de tesão.
— Luke, me foda logo. Eu quero tudo.
Deitei sobre ela e enfiei o pau lentamente em sua boceta. Ela
estava tão molhada que meu cacete escorregou todo de vez.
Desesperado para a plena satisfação dos nossos corpos, entrei e
saí do seu corpo.
— Caralho de xoxota gostosa. — Enfiei com força. O corpo de
Pietra ia para frente e para trás. — Coma meu pau, coma tudo.
Já estava chegando ao clímax. Então gemi baixo, agarrei seu
traseiro e abri suas nádegas. Desviei meu cacete para o seu cuzinho
e empurrei lento, sentindo seu ânus ser esticado, expandindo-se com
a grossura do meu pau. Este se sacudiu e minhas bolas se
esticaram. Precisava a todo momento disso, do corpo, da boceta
dela. Ela era um vício. Ela se tornou o meu oxigênio.
— Está gostoso, minha gostosa? Quer mais forte?
— Sim — ela sussurrou. — Mais forte, meu fodão.
Eu agarrei seu cabelo, puxei sua cabeça para trás e enfiei o pau
dentro dela duramente. Ela arqueou as costas e abriu a boca num
grito silencioso. Senti seu cu se estender ao meu redor.
— Caralho! Que gostosa. Tome, garota. Tome o pau do Luke no
seu cuzinho apertadinho. Você gosta, gosta de ser fodida por trás,
não é? — Ela soltou um gemido profundo, movendo a bunda para
cima e para baixo, como se sentir meu pau todo dentro de si fosse
algo do qual não se cansava.
— Adoro. — Ela empinou a bunda. — Foda-me com mais força,
eu não vou quebrar.
E então a porra pegou e a besta que há em mim surgiu. Puxei
meu pau para fora e, quando a cabeça saiu, empurrei para dentro
com força. Seu corpo deslizou para frente devido à intensidade. Seu
cuzinho tão apertado se fechava em torno de mim e eu o sentia muito
quente. O som da minha carne batendo na sua encheu o quarto e a
porra da minha mente.
— Porra, gostosa, eu não vou durar. — Puxei o ar e agarrei
forte seu quadril, apertando os dedos em sua carne.
— Mas rápido, Luke. — Ela gemeu, movendo-se para trás.
Caralho!
Alcancei seu grelinho com o dedo e brinquei com ele, sabendo
que ela gozaria lindamente para mim. Mergulhava meu cacete cada
vez mais duro em seu buraquinho ao mesmo tempo em que
esfregava seu clitóris de um lado para outro. Precisava que minha
garota se sentisse totalmente satisfeita. Ela gemeu meu nome
suavemente, bem antes de finalmente chegar ao êxtase. Isso foi o
bastante para me levar ao nirvana e sentir todo o corpo arrepiar e o
sangue pinicar a minha pele. Enterrei o pau nela uma última vez e a
porra do orgasmo veio me rasgando por dentro.
— Porra... porra! Caralho, que gostoso...
O corpo dela estremeceu e a escutei gemer de satisfação. Caí
para o outro lado da cama, saindo de dentro do seu corpo, e a puxei
para cima de mim. Os bicos dos seus seios roçaram meu peito.
— Amo você, garota. — Sorri, satisfeito e ofegante.
— Eu sei disso. — Devolveu o riso.
Segurei os dois lados do seu rosto e a puxei para mim, cobrindo
sua boca com a minha, mergulhando a língua na profundidade morna
e molhada, fodendo seus lábios como gostava de fazer entre suas
coxas. Eu me afastei e fixei os olhos na mulher linda e quente que
estava em meu peito.
Sorri.
— Banho. Precisamos contar a novidade para todos.

Estávamos na mesa de jantar. Pietra ficou faminta após o


orgasmo intenso, mas eu sabia que de hoje em diante o seu apetite
seria monstruoso e ao mesmo tempo dramático, pois ela já estava
sentindo enjoos e isso significava que, com a mesma rapidez com
que comia, a comida sairia.
Escutei a voz de criança da Marion.
— Eles chegaram. — Levantamos e fomos para a sala, esperar
a nossa princesinha e o papai.
A porta se abriu e um furacão de seis anos entrou. Ao me ver,
ela abriu um lindo sorriso.
Meu pai veio logo atrás dela, tentando evitar a correria, mas era
tarde demais. Conformado, ele entregou a mochila e a lancheira para
a Silvia.
— Essa menina ainda me mata de tanto susto. — Ficou de pé,
nos observando.
— Papai, papai, você veio me esperar? Vai voltar para o hotel?
Não vá, por favor, fique comigo. Eu sinto saudade do meu papai.
Ela começou a me chamar de papai seis meses depois que a
adotamos.
— Mamãe, pede para o papai não ir pro trabalho. Você pede?
— E passou a chamar a Pietra de mamãe também. Nós não
pedimos, isso aconteceu naturalmente. Mas quando eu escutei sua
voz doce me chamando de papai pela primeira vez, chorei.
Eu a peguei nos braços e me sentei no estofado, deixando-a
sentada no colo.
— Nós temos algo para lhe contar.
Papai, ao nos ver reunidos, foi saindo, sorrateiro. Na certa,
pensou que se tratava de algo que só dizia respeito à minha família.
— Não, papai, pode ficar. A novidade é para todos da família.
Ele sorriu e veio para perto, sentando-se no outro estofado.
— Oh, oh... eu fiz besteira? — Ela segurou o meu queixo e
perguntou, com os olhinhos juntos. — Estou encrencada?
— Não, meu amor, só escute o papai. — Pietra pegou a
mãozinha dela e a levou aos lábios.
— Filha, algo maravilhoso aconteceu, mas eu quero que saiba
que nós temos amor suficiente para todos e você sempre será nossa
princesinha.
— Vocês vão me mandar embora? — Ela cruzou os braços no
peito e fez uma carinha de zanga.
— Não, meu amor... — Achei graça e beijei sua cabeça. —
Aqui... — Toquei o ventre da Pietra. — Aqui dentro da barriga da
mamãe tem...
— Meu Deus! — Papai se levantou e levou as mãos à boca,
seus olhos se encheram de lágrimas. — É o que estou pensando? —
Ele fitou a Pietra.
— É — respondeu ela com a voz embargada.
— A mamãe está dodói? — Marion começou a fazer carinha de
choro.
— Não, meu amor... — Segurei seu queixinho. — Aqui dentro da
barriga da mamãe tem um bebê. O seu irmãozinho...
Ela olhou para minha mão, depois para mim e em seguida para a
Pietra. Desceu do meu colo e ficou de pé em frente à mãe.
— Irmãozinho! Pequenininho, igual como eu era nas fotos, na
barriga da minha outra mamãe?
— Sim, meu anjinho, igualzinho. — Pietra começou a chorar.
— Não chora, mamãe. Nós vamos cuidar de você, certo?
— Oh, meu amor, eu sei... — Pietra passou a mão levemente no
rosto da Marion. — Você está feliz por saber que vai ganhar um
irmãozinho?
— Claro! Eu vou cuidar dele como você cuidou de mim e vou
amar esse bebê de montão. Ele será meu também, não é?
— Sim, minha princesa.
— Posso tocar?
Pietra se encostou no estofado e a Marion se inclinou sobre ela,
deixando a orelha encostada em sua barriga.
— Oi, irmãozinho, sou a Marion e nós vamos brincar de montão.
Eu prometo que dividirei o balanço com você.
Depois ela beijou demoradamente a barriga.
Estávamos todos emocionados. Papai chorava, Pietra chorava e
eu engoli minhas lágrimas. Pensávamos que a Marion iria se sentir
enciumada ou até mesmo rejeitada por saber que teria que dividir os
pais com outra criança, mas fomos pegos de surpresa. Ela aceitou
muito bem a vinda do novo membro da família.
— Precisamos comemorar. Cerveja para você, Luke, uísque
para mim e suco para as nossas garotas. — Ele saiu todo feliz, a
alegria flamejava em seus olhos.
Marion voltou para o meu colo e eu puxei a Pietra para perto,
beijando-a com paixão.
— Papai ama a mamãe.
Marion tocou nossos rostos, sorrindo feliz.
— Sim, Estrelinha. Eu amo a sua mamãe. Eu amo a minhas duas
garotas — disse, inalando o cheiro doce dos seus cabelos. — Vocês
são a melhor parte da minha vida louca.
Sim, elas eram.
Eram tudo de bom que eu poderia ter na vida.
Elas eram minhas.
Para proteger, cuidar e amar... E seria assim para sempre.
Notes
[←1]
Música (Don't Look Away (feat. Allan Eshuijs), Chemical Surf)
Tradução da música - No inferno eu ficaria sem o seu amor
Pássaros se recolhem, o dia acabou
Reflexões contam as histórias sobre a vida quando ninguém está ouvindo
Destruir e ex nguir, é di cil, mas é por onde você começa.
[←2]
LSD - die lamida do ácido lisérgico, droga de laboratório alucinógena

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