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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Mestrado em Administração Pública

Conhecimento Científico

De:
Gito Ernesto Alone Njanje
Lucas Atanásio Muidingue
Maria Luísa de Ernesto Vinte Martins
Sérgio Fernandes Mucheleze

Docente:
Doutor – Alba Paulo Mate (PhD)

Maio, 2023
Introdução
A matéria de conhecimento é muito discutida, porque carrega consigo várias abordagens que foram
sendo construídas ao longo do tempo em função da evolução da sociedade. Alguns autores versam
da existência de diferentes tipos de conhecimentos; entre os quais: o popular (senso comum, vulgar
ou empírico), filosófico, religioso (teológico) e científico. Este último, ou seja, o conhecimento
científico é entendido como o mais sistematizado que é obtido através de procedimentos próprios
e bem concebidos, independentemente do seu objeto de estudo.
Aliado a isso, o conhecimento científico é adquirido de forma intencional, consciente e sistemática,
obedecendo um caminho próprio de acordo com o problema identificado, enquanto que o
conhecimento vulgar é visto como algo que se adquiri com base em apenas nas experiências vividas
e casuais que se transmite de geração em geração. Entretanto este conhecimento pode ser
comprovado através de métodos científicos apropriados a partir dos questionamentos que podem
ser feitos segundo os acontecimentos. É no desenrolar destas abordagens que surge a seguinte
questão: como se caracteriza o conhecimento científico?

É assim, que na realização deste trabalho de pesquisa iremos estabelecer a diferença existente entre
o conhecimento científico com outros tipos de conhecimentos, com maior detalhe no processo de
aquisição do conhecimento cientifico no contexto do MIC (Metodologia de Investigação
Científica), que depois irá terminar com a síntese conclusiva e as referências bibliográficas que
sustentam a nossa pesquisa.

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Conceito do Conhecimento
De acordo com Kauark, Manhães e Medeiros (2010), “o conhecimento é a crença verdadeira
justificada” (p. 21).

Para Tartuce (2006, cit. em Pereira, F. J. Pereira, Shitsuka & R. Shitsuka, 2018):
O conhecimento é um processo dinâmico e inacabado, serve como referência para a
pesquisa tanto qualitativa como quantitativa das relações sociais, como forma de busca de
conhecimentos próprios das ciências exactas e experimentais. Portanto, o conhecimento e
o saber são essenciais e existenciais no homem, ocorre entre todos os povos,
independentemente de raça, crença, porquanto no homem o desejo de saber é inato (p. 15).

O conhecimento é adquirido de várias formas. Segundo Zanella (2006), “o conhecimento é obtido


de diversas maneiras, por imitações, por meio da experiência pessoal ou de conhecimento adquirido
pela educação informal, transmitido pelos antepassados, pela lógica, pela fé e crença e pela
objectvidade e evidências dos factos” (p. 23).

Nas abordagens dos autores em epigrafe, coloca-nos a interpretar o conhecimento como a


capacidade humana de entender, capturar e compreender os fenómenos, e este pode ser aplicado à
medida que vai criando e experimentando o novo conhecimento. Contudo, o homem obtém o
conhecimento na sua convivência quotidiana, onde é alcançado através de um esforço individual
ou colectivo.

Muito antes do conhecimento científico, o homem já estabelecia uma relação com o meio em que
vivia, onde permitiu compreender vários fenómenos, questionando o que ele observava e os que o
rodeavam, dai que surgiram vários tipos de conhecimentos. Segundo Mascarenhas (2017, cit. em
Pereira et al., 2018):
O conhecimento popular surge a partir da interação e observação do ser humano com
ambiente que o rodeia, baseia-se nas experiências, não apresenta legitimidade da
comprovação científica e é suscetível a erros, o conhecimento filosófico nasce a partir da
relação do ser humano com o seu quotidiano, mas baseado nas reflexões e especulações que
este faz sobre todas as questões imateriais e subjectivas, dispensa a comprovação científica,
mas é deste que são construídas ideias, conceitos e ideologias que buscam explicar de modo
racional, diversas questões sobre o mundo e a vida humana; enquanto que o conhecimento
teológico baseia-se na fé religiosa, acreditando que esta é a verdade absoluta e apresenta
todas as explicações para os mistérios que rondam a mente humana, não há necessidade de
comprovação científica para que determinada verdade seja aceita sob a visão do
conhecimento teológico (pp. 15-16). E o conhecimento científico, sobre o qual iremos
debruçar a seguir.

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CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Antes de abordarmos profundamente, sobre o conhecimento científico é importante começar por
conceituar a ciência.

Conceito da ciência
Para Ferrari (1974, cit. em Silva, 2015, p. 13) “etimologicamente, ciência significa conhecimento
que vem do latim scientia, e por sua vez, provém de scire, que significa aprender ou conhecer”.

De acordo com Gil (2000, cit. em Almeida, 2021), a ciência é “uma forma de conhecimento que
tem por objectivo formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada, se possível com o auxílio
da linguagem matemática ou leis que regem fenómenos” (p. 10).

Na abordagem Ferrari (1974, p. 14), “A ciência é todo um conjunto de atitudes e de atividades


racionais, dirigida ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à
verificação”. Por outro lado, Galliano (1979, p. 16) afirma que "a ciência é o conhecimento
racional, sistemático, exato e verificável da realidade”.

Silva (2017, cit. em Pereira et al., 2018) referem que:


A ciência pode ser verificada sob duas dimensões: relativa ao carácter compreensivo –
contextualiza uma questão específica estudada em abrangente conteúdo; e operacional –
refere a aspectos lógicos e técnicos da investigação, envolve decisões muitas vezes
complexas sobre como interpretar os dados, identificar problemas, prosseguir após a
resolução deles e identificar quando finalizado o processo de investigação (p. 23).

Na teoria dos autores em alusão, entendemos que a ciência é o conhecimento que explica os
fenómenos, quais eles forem obedecendo regras estabelecidas e métodos próprios bem concebidos,
baseando-se na regularidade, previsão e controlo dos fenómenos observados. Contudo, a ciência é
a responsável da constante evolução do conhecimento na comunidade humana.

Conceito do conhecimento científico


Silva (2015) refere que “o conhecimento científico não se satisfaz com a aparência imediata dos
fenómenos e parte em busca daquilo que eles não apresentam na sua face mais visível, parte em
busca do que está oculto” (p. 37).

De acordo com Fonseca (2002):


O conhecimento científico é produzido pela investigação científica, através dos seus
métodos. Resultante do progresso do senso comum, o conhecimento científico, tem a sua
origem nos seus procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. É um
conhecimento objectivo, metódico, passível de demonstração e comparação (p. 11).

Para Severino (2017, cit. em Silva, Foggiato, Neto & Parreiras, 2020):
A maior parte dos que buscam definir a ciência, concorda que ao se falar em conhecimento
cientifico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento
existentes. Pois a ciência é a construção do conhecimento e precisa adotar práticas

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metodológicas e procedimentos técnicos, capazes de assegurar a apreensão objectiva dos
fenómenos através dos quais a natureza se manifesta (p. 17).

Pereira et al., (2018) refere que:


O conhecimento científico engloba todas as informações e factos que forma comprovados
com base em análises e testes científicos. Para isso, no entanto, o objecto analisado deve
passar por uma série de experimentações e análises que atestam ou refutam determinada
teoria. O conhecimento científico está relacionado com a lógica e o pensamento crítico e
analítico, representa o oposto do conhecimento do conhecimento popular (p. 16).

Lakatos e Marconi (2003) afirmam que:


O conhecimento científico é transmitido por intermédio de treinamento próprio, sendo um
conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos.
Visa explicar “por que” e “como” os fenómenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os
factos que estão correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com
um simples facto (p. 74).

Ainda Rover (2006) “o conhecimento científico por meio da ciência, busca um conhecimento
sistematizado dos fenómenos, obtido segundo determinado método, que aponta a verdade dos
factos experimentados e sua aplicação prática” (p. 16).

Na perspetiva dos autores deste trabalho, posicionando as citações acima o conhecimento científico
é entendido como conjunto de informações e saberes obtidas através de análise dos factos concretos
e comprovados cientificamente, que se baseia em observações e experiências que validam a
veracidade da corrente teórica.

Características do conhecimento científico


Ainda Galliano (1979, cit. em Zanella, 2006), o conhecimento científico é comunicável, pois seu
propósito é informar, deve ser compartilhado não só com a comunidade cientifica, mas com a
sociedade toda (p. 15).

O conhecimento científico apresenta características peculiares, que são: real (factual) e verificável;
metódico, sistemático; falível e aproximadamente exacto.

 Real (factual) e verificável – lida com toda e qualquer forma de existência, isto é, tem
como preocupação ocorrências e factos verificáveis na realidade empírica;
 Metódico – não é imediato e espontâneo, mas é resultado de uma busca organizada através
de um método e não nasce da inspiração, mas da pesquisa realizada com ferramentas
apropriadas, cujo o percurso também conta com regras básicas;
 Sistemático – procura organizar logicamente os dados conseguidos na pesquisa do objecto
investigado, relaciona tais dados em tabelas, descreve-os, analisa-os e elabora teorias que
pode ser facilmente transmitido para outros pesquisadores ou estudantes, tornando-se
facilmente generalizável para toda a sociedade;

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 Falível e aproximadamente exacto – não é definitivo, revela sempre aproximidade da
realidade, não consegue exaurir o objecto de forma absoluta, revela algum teor de verdade
sobre os objectos estudados ao ponto de possibilitar a intervenção prática dos sujeitos, seu
controlo e transformação (Silva, 2015, p. 37).

Segundo Pereira et al., (2018), considera como uma das características do conhecimento científico
é ser contingente – porque suas proposições ou hipóteses têm o resultado conhecida através do
experimento e não pelo pensamento, como ocorre no conhecimento filosófico e é ser verificável –
porque as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao mundo da ciência.

De um modo geral, os autores acima referenciados, leva-nos a entender que o conhecimento


científico é caraterizado por ter métodos próprios de pesquisa que permitem a comprovação das
abordagens técnicas que são baseadas em observação e experimentação para obter a veracidade da
teoria, aspecto importante para melhor estudo e interpretação dos fenómenos que acontecem na
sociedade. Ademais, o conhecimento científico é caracterizado pelos seus métodos que são
inseridos em prova, leva ao alcance de um objecto, onde apresenta a ciência como uma actividade
humana.

Ainda, o conhecimento científico é caracterizado pela sua estruturação porque consiste num saber
ordenado, o qual é produzido a partir de um conjunto de ideias, por ser lógica na medida em que
usamos a razão, imparcial, verdadeira, analítico, explicativo e comunicável como forma de
compreender os fenómenos na sociedade.

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Conclusão
O conhecimento científico é importante na vida académica e na sociedade no seu geral, é através
deste que o homem interpreta os factos. É neste pensar que podemos afirmar que este difere dos
outros tipos de conhecimentos, pois procura conhecer o além do fenómeno, enquanto os outros são
de emissão de opiniões valorativos.
Deste modo, a partir da revisão bibliográfica deste trabalho, concluímos que o conhecimento
cientifico é aquele que o homem adquiri no seu quotidiano através de uma experimentação que
obedece caminhos próprios e que está em constante evolução. Ele resulta de uma investigação
metódica e sistemática da realidade, buscando as causas dos factos.
Relativamente as características do conhecimento cientifico, muitos autores são unanimes em
afirmar que existe várias, como: a verificável e falível onde suas hipóteses são comprovadas não
no definitivo, porque o conhecimento de uma forma geral e em particular o científico está em
constante mudança. Outras características fundamentais, é de ser objectivo por que a forma que o
investigador pensa não influencia necessariamente nos resultados; é racional porque se baseia
exclusivamente na razão, sem ter em conta as sensações e impressões e; é geral porque o
conhecimento produzido, pode servir de base para criação de leis e normas gerais. Um dos aspectos
peculiares que encontramos no conhecimento científico é da sua imperiosidade da compartilha.

De referir ainda, que o conhecimento científico é baseado e fundamentado em conteúdos já


produzidos por outros pesquisadores, o que permite a sua evolução, e confere mais credibilidade
ao objecto de estudo.

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Referências Bibliográficas

Almeida, I. D’A. (2021). Metodologia do trabalho científico. Recife: Ed. UFPE.

Ferrari, A. T. (1974). Metodologia da ciência (2ª. ed.) Rio de Janeiro: Kennedy editora.

Fonseca, J. J. S. (2002). Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC editora.

Galliano, A. G. (1979). O Método Científico: teoria e prática. São Paulo: Mosaico editora.

Kauark, F. S., Manhães, F C., Medeiros, C. H. (2010). Metodologia da pesquisa: guia prático.
Itabuna - Bahia, Brasil: Via Litterarum.

Lakatos, E. M., Marconi, M. A. (2003). Fundamentos de metodologia científica (5ª. ed.). São
Paulo: Atlas.

Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Perreira, F. J. & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa
científica. Santa Clara, RS: UFSM, NTE.

Rover, A. (2006). Metodologia científica: educação a distância. Joaçaba, Brazil: UNOESC.

Silva, A. M. (2015). Metodologia da pesquisa (2ª. ed. Revisada) Brazil: Fortaleza Ceará editora.

Silva, D. F., Foggiato, A. A., Neto, J. L. T. & Parreiras, S. O. (2020). Manual prático para
elaboração de trabalhos de conclusão de curso. São Paulo, Brazil: Editora Edgard Blücher
Ltda.

Zanella, L. C. H. (2006). Metodologia da pesquisa. Florianópolis: SEaD/UFSC.

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