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BARROCO

Definição
• A palavra BARROCO tem origem obscura,
mas existem duas hipóteses para defini-lá:
- primeira: barroco adjetivo que designava
certas pérolas de superfície irregulares e
preço inferior;
- ou uma fórmula de memorização utilizada
nos estudos filosóficos medievais,
desprezados durante o Renascimento.
CONTEXTO HISTÓRICO
O termo BARROCO é usado para designar
o estilo que, partindo das artes plásticas,
teve seu apogeu literário no século XVII,
prolongando-se até meados do século
XVIII.
Devido a razões essencialmente didáticas,
costuma-se delimitar este movimento, no
Brasil, entre 1601 e 1768:
• 1601: publicação de Prosopopéia, de
Bento Teixeira Pinto;
• 1768: publicação das Obras poéticas, de
Cláudio Manuel da Costa, que assinala o
início do Arcadismo no Brasil.
A Reforma
• A Reforma Protestante de Martinho
Lutero, iniciou-se em 1517, seguida da
adesão de João Calvino, em 1532.
• Lutero na Alemanha e Calvino na França,
reivindicaram a reaproximação da Igreja
do espírito do cristianismo primitivo.
A Contra-Reforma
• Com objetivo de eliminar os abusos que
haviam afastado tantos fieis e permitido o
êxito dos reformistas em alguns países, a
Igreja organizou a Contra-Reforma.
• Então, convocou o Concílio de Trento, que
deveria objetivar o restabelecimento da
disciplina do clero e a reafirmação dos
dogmas e crenças católicas.
• A partir do Concílio, cria-se a
Congregação do Índex, para censurar
livros contrários à doutrina católica (Índex
Librorum Prohibitorum), e a Inquisição é
reorganizada para o julgamento de
cristãos, hereges e de judeus acusados
de não seguirem a doutrina da Igreja,
estabelecendo-se a tortura e a pena de
morte.
• A tentativa de conciliar o espiritualismo
medieval e o humanismo renascentista
resultou numa tensão entre forças
opostas: o teocentrismo e o
antropocentrismo. A procura da
conciliação ou do equilíbrio entre ambas
equivale à procura de uma síntese que,
em resumo, é o próprio estilo Barroco.
Diferentes linhas estruturais
• Maneirismo ou Marinismo: na Itália, por
influência do poeta Giambattista Marini,
serviu de elo entre a crise do
Renascimento e o início do Barroco, com
uma arte que registra a incerteza das
formas.
• Culteranismo, cultismo ou gongorismo:
na Espanha, por influência do poeta Luís
de Gôngora y Argote. Cultivou
construções obscuras e preciosistas,
características da poesia e da prosa
barrocas.
• Conceptismo: Próprio da prosa barroca,
substituiu a ênfase culteranista no
intelectualismo. Visava a um perfeito
domínio das palavras, por meio do
conhecimento conceitual e da concisão.
• A literatura conceptista é marcada pelo
jogo de idéias (conceitos), onde é
construído um raciocínio lógico,
racionalista, com retórica aprimorada.
Muitas vezes são buscadas respostas
para um fenômeno que antes eram
atribuídos à obra de Deus.
• Algumas figuras de linguagens são muito
empregadas nas obras literárias
conceptistas, como:
• Silogismo: É uma dedução que se tira de
duas ou mais proposições.
• Exemplo: "Todo ser humano é mortal
(proposição); eu sou um ser humano;
logo, sou mortal."
• Barroquismo: deu origem ao rococó, um
Barroco de construções rebuscadas e
preocupação decorativa. Constitui um
traço importante da literatura brasileira.
Características da literatura
barroca
Culto do contraste
• o dualismo barroco coloca em contraste a
matéria e o espírito, o bem e o mal, Deus
e o Diabo, o céu e a terra, a pureza e o
pecado, a alegria e a tristeza, a vida e a
morte, a juventude e a velhice, a claridade
e a escuridão, entre outros.
Ex:
O alegre do dia entristecido,
o silêncio da noite perturbado,
o resplendor do sol todo eclipsado,
o reluzente da lua desmentido!
(Gregório de Mattos)
Consciência da transitoriedade da
vida
• a ideia de que o tempo tudo consome,
tudo leva consigo, conduzindo
irrevogavelmente à morte, reafirma os
ideais de humildade e desvalorização dos
bens materiais.
Ex:
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer a hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia


O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quanto vem passear-te pela fria:
Goza, goza, da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade


Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra,
[em nada.
Gosto pela grandiosidade
• Característica comumente expressa com
o auxílio de hipérboles.

Ex:
Suspende o curso, ó Rio (...)
pois já meu pranto inunda teus escolhos.
(Gregório de Mattos)
Frases interrogativas
• Que refletem dúvidas e incertezas:
Ex:
Que amor sigo? Que busco? Que
[desejo?
Que enleio é este vão da fantasia?
Cultismo
• É o jogo de palavras, o estilo trabalhado.
Predominam hipérboles, hipérbatos (isto
é, alteração da ordem natural das
palavras na oração ou das orações no
período) e metáforas, como: diamantes
significando dentes ou olhos; cristal
significando água, orvalho, rio; cravo ou
rubi significando boca etc.
Ex:
Ofendi-vos, Meu Deus, é bem verdade,
É verdade, Senhor, que hei delinquido,
Delinquido vos tenho ofendido
Ofendido vos tem minha maldade.
(Gregório de Mattos)
Conceptismo
• É o jogo de ideias ou conceitos, de
conformidade com a técnica de
argumentação. É comum o uso de
antíteses, paradoxos ou juízos contrários
ao senso comum. Enquanto os cultistas
se dirigiam aos sentidos, os conceptistas
dirigiam-se à inteligência:
Ex:
Que Demócrito não risse, eu o provo; Demócrito ria
sempre. Logo, nunca ria. A consequência parece difícil e
é evidente. O riso, como dizem os filósofos, nasce da
novidade ou da admiração e cessando a novidade ou
admiração, cessa também o riso; e como Demócrito se
ria dos ordinários desconcertos do mundo, e o que é
ordinário se vê sempre não pode causar nem admiração
nem novidade, segue-se que nunca ria, rindo sempre,
pois não havia matéria que motivasse o riso.
(Antônio Vieira)
O Barroco Brasileiro
• Jesuítas cuidavam da educação e dominavam a
mentalidade;
• A imprensa estava proibida e grandes
latifundiários mantinham as redéas do poder;
• A atividade agrícola mais importante era a cana-
de-açucar;
• Os portugueses mantinham o monopólio do
comércio, e os jesuítas o monopólio da cultural.
Gregório de Mattos
• Único escritor que se destacou no Barroco
brasileiro.
• Refletindo o dualismo barroco, Gregório
de Mattos ora demonstrava a aversão que
sentia pelo clero, ora revelava em seus
poemas uma profunda devoção às coisas
sagradas, ora escrevia versos
pornográficos e sensuais.
Sua obra costuma ser dividida
em:
• Poesia lírico-amorosa:
“Ontem quando te vi, meu doce emprego
Tão perdido fiquei por ti, meu bem,
Que parece este amor nasce, de quem
Por amar-te já vive sem sossego.”
• Poesia religiosa:
“Estou, Senhor, da vossa mão tocado,
e este toque em flagelo desmentido
era à vossa justiça tão devido,
quão merecido foi o meu pecado.”
• Poesia satírica:
“Ilustre e reverendo Frei Lourenço,
quem vos disse que um burro tão imenso,
siso em agraz, miolos de pateta
pode meter-se em réstia de poeta?”
Bento Teixeira
• É considerado a primeira expressão do
nosso nativismo e iniciador da produção
literária influenciada pelo Barroco
português.
• Obra mais importante é Prosopopéia.
Manuel Botelho de Oliveira
• Primeiro poeta lírico nascido no Brasil e o
primeiro a sair em livro.
• Precursor da poesia de sentimento
brasileira, com o poema “À ilha da Maré”.
Barroco em Portugal
• Padre Antônio Vieira foi o maior de seu
tempo, defensor dos negros e dos índios –
sobretudo dos índios – e dos cristão
novos (judeus convertidos).
• A defesa dos cristãos-novos e sua
fidelidade ao rei d. João IV valeram-lhe o
ódio da Inquisição.
• Após a morte do seu protetor, a Inquisição processou-o
por opiniões heréticas.
• Sua obra compreende:

- Obras de profecia: História do futuro; Esperanças de


Portugal;
- Sermões, entre os quais se estacam: Sermão da
sexagésima (sobre a arte de pregar); Sermão pelo bom
sucesso das armas (por causa da invasão holandesa,
em 1640); Sermão de Santo Antônio aos peixes (em
defesa do índio escravizado).
• O conflito barroco na pintura:
• A cana-de-açucar.

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