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Gil Vicente,

Auto da Feira
Síntese da unidade
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

Prosperidade e Expansão
• Expansão ultramarina
• Prosperidade económica
• Estatuto mediador de Portugal
entre a Europa e o novo Mundo
• Procura de lucro no Oriente pelas
classes sociais mais elevadas
Contextualização
histórica
(primeira metade
do século XVI)
≠ Grandes transformações sociais
/ Dualidades no novo Portugal
Quinhentista
• Devoção religiosa vs. hipocrisia social
• Moralismo em público vs. devassidão
em privado
• Valorização do dinheiro vs. diminuição
da fé
CRISE DE VALORES
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

Gil Vicente

 Francisco de Assis Rodrigues,


estátua de Gil Vicente,
Teatro Nacional D. Maria II,
1842
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

Obras de Gil Vicente

1502 1536 1562


Auto da Barca do Inferno
Primeira Auto da Índia Última
peça Auto da Alma peça
Farsa de Inês Pereira
Auto da Feira
Monólogo …
do Vaqueiro Floresta de
Enganos

Copilaçam de Todalas
Obras de Gil Vicente
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

Auto

Nome dado a qualquer peça


de teatro na Idade Média
(farsa, moralidade, etc.)

• Assunto religioso ou profano,


sério ou cómico
• Compatibilização do riso e da fé
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

Estrutura interna/enredo

Auto da Feira

Toda esta ‘moralidade’ é construída em torno duma ideia


central, que é a do comércio.
Cenas de estilos muito diferentes desfilam ante os olhos dos
espectadores, reportando-se todas elas a trocas comerciais,
a atos de compra e venda.

Paul Teyssier, Gil Vicente – O autor e a obra,


Lisboa, ICLP, 1982 [p. 59]
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

Estrutura

Estrutura • Ausência de divisão em atos


externa • Ausência de marcação de cenas

Estrutura • Desfile de quadros (≠ intriga)


interna
Superstição e imoralidade clerical

Religiosidade popular

Exaltação divina
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

Estrutura interna (quadros)

Superstição e Religiosidade Exaltação


imoralidade clerical popular divina

• Monólogo de
• Apresentação deMercúrio
cenas da –vida
esclarecimentos relativos à
• Apresentação de cenas daquotidiana
vida quotidiana no contexto
no astrologia
contexto da
da feira:
e às superstições
feira:
• Realização
− Moças do monte:
− Amâncio de uma
Vaz feiraLourenço:
devotas
e Diniz cujos
de vendedores
Nossa Senhora, são o Tempo,
através
queixas das do canto
mulheres;
Serafim
(entoação
desejoe ode
de Diabo
cantiga
trocaremdehonra de Cristo e da Virgem Maria) cf.
cônjuges
− Roma:
romaria compradora
medieval
− Branca de bens
Anes: queixas espirituais (simonia)
do marido
− Mancebos:
− Martaacompanhantes
• Denúncia Dias: compradora
da crise dasde
de valores moças
dacoisasno canto
materiais
sociedade em geral e da
− Vicente e Mateus: compradores de amores
imoralidade
• Denúncia clerical
da degradação dos costumes e das dicotomias
(tentativa de compra de bens às raparigas pelos mancebos)
da religiosidade popular
• Exaltação das virtudes
Gil Vicente, Auto da Feira– Síntese da unidade

Dimensão religiosa

• Crítica à crença em superstições e na astrologia enquanto elementos


influenciadores da vida e do destino do Homem

• Crítica do mal (mundo às avessas / degradação de costumes)


− crise de valores da sociedade em geral
(mentira, hipocrisia, ganância, desejo de trocar de cônjuge)
− corrupção e dissolução de costumes do clero
(crítica à venda de indulgências)

• Exaltação do bem (virtudes)


− exaltação divina / esvaziamento do sentido comercial da feira
por parte das moças e dos mancebos do monte

• Mecanismos: personagens-tipo (tipos sociais característicos da época)


e personagens alegóricas; recurso ao cómico (de situação, de carácter e
de linguagem)
Gil Vicente, Auto da Feira – Síntese da unidade

Representação alegórica (personagens e situações alegóricas)

Tempo e Serafim, enviado de Deus → bem, virtude


(vendem virtudes, justiça, verdade,
paz, conselhos)

Diabo → mal, vício


(vende artes de enganar, ruindade,
falsas manhas, hipocrisias)

Roma → Igreja Católica Apostólica


Romana e, por extensão,
todo o clero

O Auto da Feira situa-se, por conseguinte, no remate de uma


evolução que esvaziou completamente a antiga écloga de Natal
do seu conteúdo litúrgico, transformando-a numa alegoria
satírica ou farsa de chacota.
Paul Teyssier, Gil Vicente – O autor e a obra, Lisboa, ICLP, 1982

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