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FUNÇÕES DO GOVERNO

Disciplina: Economia e Gestão do Setor Público


(7)

Finanças Pública- Fabio Giambiagi, Ana Cláudia Além, Campus- 2. Edição,2000.


Economia do Setor Público-Alfredo Filellini, Atlas,1989.

O Sistema Tributário Brasileiro; o Sistema Federativo e o Fenômeno da


Descentralização.

Professor Ms Regis Ximenes


Tipos de Tributos
O Código Tributário Nacional define tributo em seu Art. 3 da
seguinte forma:
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.

Os tributos podem tomar a forma de impostos, taxas contribuições de


melhorias e contribuições sociais.

 Apesar de não aparecer como tributo nem na Constituição Federal


nem no Código Tributário Brasileiro as contribuições sociais são
consideradas como tributos por vários autores. Isto decorre da
importância crescente que estas contribuições passaram a ter no
Brasil.
TRIBUTOS
 Para poder funcionar regulando atividades do mercado e ofertando
bens públicos o estado precisa de receitas. Estas receitas são obtidas
por meio de tributos.

 A implementação de um tributo deve considerar dois aspectos


fundamentais: a neutralidade e a equidade.

 A equidade deve ser de tal forma que garanta que indivíduos iguais
recebam o mesmo tratamento – equidade horizontal – e que exista
algum critério capaz de diferenciar indivíduos de modo que pessoas
diferentes recebam um tratamento diferente – equidade vertical.
CRITÉRIOS DE EQUIDADE

 Critério do Benefício: Propõe atribuir a cada indivíduo um ônus


equivalente aos benefícios que ele usufrui dos programas
governamentais.

 Critério da Capacidade de Contribuição: Defende que a repartição


do ônus tributário deve ser feita em função das respectivas capacidades
individuais de contribuição.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

 Progressivo: O valor da contribuição aumenta de forma mais que


proporcional à renda.

 Proporcional: O valor da contribuição aumenta de forma


proporcional à renda.

 Regressivo: O valor da contribuição aumenta de forma menos que


proporcional à renda.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

 Diretos: Os contribuintes são os mesmos que arcam com o ônus da


respectiva contribuição. Em geral são impostos que incidem sobre o
patrimônio ou a renda.

 Indiretos: Os contribuintes podem transferir total ou parcialmente o


ônus da contribuição para terceiros. Em geral são impostos cujo a base é
transação com mercadorias e/ou serviços.
PRINCIPAIS TRIBUTOS NO BRASIL

 Tributos sobre o Patrimônio: ITR, IPTU, IPVA.

 Tributos sobre Fluxos de Renda: IRPF, IRRF, Contribuição para


Previdência Social, IRPJ, IOF.

 Tributos sobre Vendas de Mercadorias e Serviços: ICMS, PIS,


Cofins, II, IPI, ISS.
CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL

1971 25.2 1981 25.2 1991 24.4 2001 34.0

1972 25.9 1982 26.2 1992 25.0 2002 35.6

1973 25.6 1983 26.9 1993 25.3 2003 34.9

1974 25.1 1984 24.2 1994 27.9 2004 35.9

1975 25.2 1985 23.8 1995 28.0 2005 37.4

1976 25.1 1986 26.5 1996 28.6 2006 38.8

1977 25.6 1987 24.3 1997 28.9

1978 25.7 1988 23.4 1998 28.9

1979 24.7 1989 23.7 1999 29.5

1980 24.4 1990 29.6 2000 33.0

Fonte: Receita Federal e IBPT


IMPOSTO SOBRE A RENDA PESSOAL
 O imposto sobre a renda pessoal incide sobre a renda das famílias
ou indivíduos. Sua principal vantagem é permitir o desenho de um
sistema progressivo compatível com o princípio da equidade. Uma
crítica importante é o desestimulo ao trabalho causado por alíquotas
muito elevadas.

 O imposto sobre a renda é dito geral quando submete,


indistintamente, todas as espécies de rendimento à mesma escala para
pagamento de tributos.

 A renda pessoal pode ser advinda do trabalho, do capital ou da posse


da terra. O imposto sobre a renda do tipo geral ignora tais diferenças.
IMPOSTO SOBRE A RENDA PESSOAL

 O imposto sobre a renda é dito parcial quando permite, diretamente


ou por meio de isenções, a exclusão do pagamento por determinadas
espécies de rendimentos.

 Um alto imposto sobre a renda advinda do trabalho tende a reduzir o


total de horas trabalhadas. No caso de esquemas fortemente progressivos
o efeito é maior sobre os trabalhadores mais qualificados.
IMPOSTO SOBRE A RENDA DO CAPITAL

 Alíquotas muito altas sobre a renda do capital tendem a reduzir os


incentivos para que as famílias poupem. Este problema é
particularmente grave em países em desenvolvimento que precisam de
poupança interna para financiar seu investimento.
IMPOSTO SOBRE A VENDA DE MERCADORIAS E
SERVIÇOS

 Existem vários tipos de impostos sobre vendas de mercadoria e


serviços. Estes se diferenciam devido a amplitude de sua base, o estágio
do processo de produção e comercialização onde o tributo incide e a
forma de apuração da base de cálculo do imposto.
IMPOSTO SOBRE A VENDA DE MERCADORIAS E
SERVIÇOS

 Impostos gerais são aqueles que incidem amplamente sobre


determinado conjunto de transações. Especiais são impostos cobrados
sobre a compra e a venda de determinado bem ou serviço.

 A estrutura da alíquota classifica os impostos gerais em uniformes


ou seletivos. Uniformes apresentam alíquotas únicas e seletivos são
aqueles que diferenciam a alíquota do imposto conforme a natureza do
produto. Os impostos especiais, por sua natureza, são seletivos.
IMPOSTO SOBRE A VENDA DE MERCADORIAS E
SERVIÇOS

 O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) tributa apenas o valor


adicionado em cada estágio da produção. Existe uma equivalência entre
o IVA e o Imposto sobre Vendas a Varejo (IVV).

 Um imposto pode ser cobrado “por dentro” ou “por fora”. O


cálculo do imposto “por dentro” inclui o imposto na base tributária do
valor do mesmo, enquanto o cálculo “por fora” exclui o imposto da
fórmula.

Atualmente temos 63 tributos em vigência.


CURVA DE LAFER

 Gráfico que mostra como o nível de alíquotas afeta a receita


tributária (devido ao economista americano Arthur Laffer). Com base
nessa curva é que alguns defendem a redução de alíquotas como forma
de aumentar a receita tributária. A partir de certo ponto, maiores
alíquotas reduziriam a arrecadação.
CURVA DE LAFER

Arrecadação

Alíquota
CURVA DE LAFER PARA O IMPOSTO
INFLACIONÁRIO

Arrecadação
Máximo de arrecadação
do Imposto Inflacionário

Inflação
TRIBUTOS E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

 Distribuição Funcional: Quanto da renda do setor privado assumirá a


forma de lucros e quanto de salários;

 Distribuição Pessoal: Que percentual da renda ficará com cada


percentil da população;

 Distribuição Regional: Como se distribuem os recursos entre as


diversas unidades federativas.
O SISTEMA FEDERATIVO E O FENÔMENO DA
DESCENTRALIZAÇÃO
Desde o final dos anos 70 e início dos anos 80 tem-se verificado no
Brasil uma descentralização – de recursos e de poder. Este conjunto
de slides focaliza a complexidade do sistema tributário, da repartição
de receita e da execução de gastos, objetivando acomodar uma
multiplicidade de demandas.
As razões da descentralização

Decorre de fatores;
a) econômicos,
b) culturais, políticos e institucionais e
c) geográficos.
FATORES ECONÔMICOS
•A descentralização significa determinar qual esfera de governo pode
administrar, de forma mais eficiente, os impostos, os gastos, as
transferências, a regulação e outras funções públicas.
•Os defensores da descentralização dos gastos alegam que, se os bens e
serviços públicos locais são fornecidos pelas esferas de governo que
encontram mais próximas dos beneficiários, a alocação dos recursos
públicos tende a ser mais eficiente. Em outras palavras, as esferas de
governo subnacionais estariam mais perto dos eleitores, dos
consumidores e dos contribuintes e, dessa forma, mais capacitadas para
perceber as preferências locais no que diz respeito aos serviços
públicos e impostos.
•Assim sendo, os bens e serviços públicos cujos benefícios se espalham
por todo o país devem ser fornecidos pelo governo central e aqueles
cujos benefícios são limitados geograficamente – como a iluminação
pública e o corpo de bombeiros – deveriam ficar sob a
responsabilidade das esferas de governo subnacionais.
FATORES CULTURAIS, POLÍTICOS E
INSTITUCIONAIS

•A descentralização pode favorecer uma maior integração social,


por meio do envolvimento dos cidadãos na determinação dos rumos
da comunidade, o que reforça a transparência das ações
governamentais, além de contribuir para reduzir os perigos potenciais
que um poder centralizado pode representar para a liberdade
individual.

•Com a descentralização, a maior autonomia dos governos


subnacionais levaria à maior participação política e desconcentraria o
poder político, fortalecendo a governabilidade e as instituições
democráticas.
FATORES GEOGRÁFICOS

•Quanto maior for a área do território nacional, maiores tendem a ser


os ganhos de eficiência com a descentralização. Isto porque, em um país
de grandes dimensões, certamente é mais fácil para os governos
subnacionais, do que para o governo central, atenderem às demandas
de certo tipo de bens e serviços públicos por parte da população
local.
OS DOIS MODELOS DE DESCENTRALIZAÇÃO
O MODELO DO PRINCIPAL AGENTE

•Neste caso, existe uma espécie de contrato entre o governo central e


os governos subnacionais que recebem transferências do governo
central, que estabelece quais bens e serviços públicos devem ficar sob a
responsabilidade da unidade nacional.

•As autoridades locais têm que prestar contas ao governo central e


não ao contribuinte local. O problema inerente a este modelo é a falta
de autonomia dos governos subnacionais.
OS DOIS MODELOS DE DESCENTRALIZAÇÃO
O MODELO DA ELEIÇÃO PÚBLICA LOCAL

•Enfatiza o processo de tomada de decisão por parte dos cidadãos –


que se reflete no processo eleitoral – e pressupõe maior grau de
autonomia dos governos subnacionais.

•Nesse caso, a sua responsabilidade fiscal é reforçada em


decorrência da capacidade dos eleitores de premiar ou castigar o
governo local – promovendo sua reeleição ou a eleição de seu sucessor
ou, alternativamente, escolhendo um candidato da oposição – segundo
sua avaliação quanto ao desempenho do dirigente em questões
administrativas e ao fornecimento de bens e serviços públicos.
OS PROBLEMAS ASSOCIADOS À
DESCENTRALIZAÇÃO

•É preciso atentar para o fato de que um certo nível de centralização


permite economias de escala e uma melhor coordenação do setor
público.

•Os que defendem esta linha apontam, no caso da função alocativa,


que, considerados os desníveis na distribuição da renda e recursos
produtivos das unidades subnacionais, poderiam existir desde migrações
internas indesejáveis a pressões políticas e sociais insustentáveis.

•Então, a descentralização poderia implicar em custos de eficiência


significativos.
OS PROBLEMAS ASSOCIADOS À
DESCENTRALIZAÇÃO
•No que diz respeito à função distributiva, a experiência internacional
sugere que a forma mais adequada de atuação do governo é por meio de
política nacional centralizada, aplicada pelas esferas de governo
subnacionais com um certo grau de autonomia, o que sugere alguma
forma de cooperação entre os diferentes níveis de governo.

•Em relação à função estabilizadora, as decisões de gasto das esferas


subnacionais podem afetar a demanda agregada da economia de uma
forma que poderia prejudicar os objetivos de estabilização
macroeconômica do governo central.

•Sendo assim, quanto maior for o nível de gastos públicos sob


responsabilidade das esferas subnacionais, maior é a necessidade de
conscientizá-las da importância de um ajuste fiscal, no caso da
implementação de políticas de estabilização.
AS DEFINIÇÕES DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

•Com a Constituição de 1988 observou-se uma crescente


descentralização tanto de receitas quanto de gastos.

•Em relação ao sistema tributário nacional, a nova constituição


concedeu aos governos subnacionais competências tributárias exclusivas
– incidentes sobre bases econômicas consistentes e abrangentes – e
autonomia para legislar, coletar, controlar e gastar os recursos,
podendo, além mesmo, fixar as alíquotas de impostos.

• Entretanto, o principal aspecto do processo tem sido o aumento da


participação dos estados e municípios na arrecadação do governo
federal, por meio do aumento das alíquotas de transferência dos
fundos de participação
Principais impostos e participação por esferas de governo (%)
Esferas de governo Antes da Constituição de 1988 Depois da Constituição de 1988
Federal Estadual Municipal Federal Estadual Municipal
Alíquota Federal
Imposto de Renda 67 16 17 53 24,5 22,5
IPI 67 16 17 43 32 25
Imposto de Importação 100 100
IOF 100 100
B. Estadual
ICMS 80 20 75 25
IUEE 30 50 20
IUCL 40 40 20
IUM 10 70 20
IUST 30 50 20
IUSC 100
IPVA 50 50 50 50
ITBI 50 50 100
IR Adicional 100
C. Municipal
ISS 100 100
IPTU 100 100
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 A administração pública está intrinsecamente relacionada ao


serviço público e ambos estão ligados à ideia de Governo e de Estado.

 O Estado brasileiro, de acordo com o Artigo 18 da constituição


federal, é organizado como uma República Federativa sendo composto
por três níveis de governo: Governo Federal (União), os Governos
Estaduais e os Governos Municipais. Compõem também a Federação o
Distrito Federal e os Territórios.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 A federação tem 27 estados e mais de 5.000 municípios.

 Os Estados e o Distrito Federal gozam de autonomia perante a


União, entretanto não possuem soberania. Os Municípios são dotados de
autonomia administrativa, uma característica peculiar da Federação
Brasileira.

 A Federação é caracterizada, portanto, pela união indissolúvel de


seus entes federados.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 As atribuições e competências dos Estados Federados são


definidas no Capítulo III da constituição Federal.

 As atribuições e competências dos Municípios são definidas no


Capítulo III da constituição Federal.

 As atribuições e competências do Distrito Federal e dos


Territórios são definidas no Capítulo V da constituição Federal.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 A estrutura administrativa de cada estado e município é definida
pelos próprios governos estaduais e municipais.

 As prefeituras e os governos estaduais tem seus serviços


organizados em Secretarias, com subordinação ao Prefeito ou ao
Governador do Estado.

 As Prefeituras também poderão prestar serviço público por meio


de Subprefeituras e Administrações Distritais.

 Os serviços de responsabilidade dos Governos Estaduais e


Municipais poderão ser realizados pela administração direta, pela
administração indireta ou ainda por particulares mediante concessão a
partir de processo licitatório.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 A administração direta ou centralizada é constituída dos serviços


integrados na estrutura administrativa do Gabinete do Governador e
Secretarias de Estado, no âmbito estadual, e, na administração
municipal, no Gabinete do Prefeito e nas Secretarias Municipais.

 A administração indireta ou descentralizada é aquela atividade


administrativa, caracterizada como serviço público ou de interesse
público, transferida ou deslocada do Estado, para outra entidade por
ele criada ou cuja a criação é por ele autorizada.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

 Autarquias

 Serviço autônomo, criado por lei, com personalidade de direito


público interno, com patrimônio e receita próprios, para executar
atividades típicas da administração pública.

 Entidades Paraestatais

 Ente disposto paralelamente ao Estado, para executar atividades


de interesse do estado,mas não privativo do Estado.
ATIVIDADES PARAESTATAIS
 Empresas Públicas

 Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,


com patrimônio próprio e capital exclusivamente governamental,
criação autorizada por lei, para exploração de atividade econômica
ou industrial, que o governo seja levado a exercer por força de
contingência ou conveniência administrativa.

 Sociedades de Economia Mista

 Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,


com patrimônio próprio, criação autorizada por lei para a exploração
de atividade econômica ou serviço, com participação do poder
público e de particulares no seu capital e na sua administração.
ATIVIDADES PARAESTATAIS
 Fundações

 Instituídas pelo poder público são entidades dotadas de


personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio,
criação autorizada por lei, escritura pública e estatuto registrado e
inscrito no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, com objetivos de
interesse coletivo (geralmente de educação, ensino, pesquisa,
assistência social e etc) com a personificação de bens públicos, sob o
amparo e o controle permanente do Estado.

 Serviços Sociais Autônomos

 Autorizados por lei, com personalidade de direito privado, com


patrimônio próprio e administração particular, com finalidade
específica de assistência ou ensino a certas categorias sociais ou
determinadas categorias profissionais, sem fins lucrativos.
EXEMPLOS DE AUTARQUIAS

 Autarquias Previdenciárias
 Instituto de Previdência do Estado de São Paulo

 Autarquias Profissionais

 Ordem dos Advogados do Brasil

 Autarquias Industriais

 Depto. Nacional de Estradas e Rodagens

 Depto. Estadual de Águas e Energia Elétrica

 Autarquias Especiais

 Banco Central do Brasil

 Comissão Nacional de Energia Nuclear

Final desse módulo

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