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INSTITUTO POLITECNICO DE SAUDE DE MOCAMBIQUE

CURSO DE TÉCNICO DE NUTRIÇÃO


CADEIRA DE NUTRIÇÃO CLÍNICA

TEMA:
 DESNUTRIÇÃO E INFECÇÃO
1. CONTINUAÇÃO DA AULA ANTERIOR:
2. TRATAMENTO CLÍNICO DA DESNUTRIÇÃO
3. TRATAMENTO DA DESNUTRIÇÃO NO AMBULATÓRIO

Docente:
ALBERTO VAHALA
PASSO 8: RECONSTRUIR OS TECIDOS PERDIDOS
(FASE DE REABILITAÇÃO OU DE CRESCIMENTO
RAPIDO)

TRATAMENTO NUTRICIONAL NA FASE DE


REABILITAÇÃO
 A fase de reabilitação é associada a uma recuperação completa
e um rápido ganho do peso.
A passagem da fase de transição para a fase de reabilitação no
internamento é obrigatória para as crianças e adolescentes que
não podem retornar à sua comunidade ou que não podem
comer o ATPU e que apresentam as seguintes condições:
 Bom apetite: consumindo pelo menos 80% do F100 receitado
na fase de transição;
 Edema bilateral reduzindo para moderado (++) ou (+)
ligeiro;
 Ausência de complicação médica;
 Clinicamente bem e alerta.

Na fase reabilitação a criança deve receber 5 ou 6


refeições de F100 e ATPU na base de +/-200 kcal/kg
de peso.
A Crianças devem beber muita água potável (fervida
ou tratada) durante e depois do consumo de ATPU.
 Dar a criança uma papinha enriquecida uma vez por

dia como forma de preparar a criança para a mudança


gradual da alimentação terapéutica para a
alimentação normal.
Se houver falta de resposta no tratamento ou se a
criança desenvolver algumas complicações, deverá
ser transferida para a fase de estabilização.
Causas frequentes da falta de resposta ao
Tratamento no Internamento
Problemas relacionados com a Unidade Sanitária:
 Ambiente desagradável para crianças e adolescentes

desnutridos;
 Falta de adesão aos protocolos de tratamento da

DAG;
 Mau preenchimento do multicartão individual para o

controlo do tratamento, resultando na falta de dados


para acompanhar o desenvolvimento da criança
 Pessoal insuficiente (particularmente de noite) ou
escassez de pessoal treinado;
 Balanças não calibradas;
 Leites terapêuticos incorrectamente preparados ou

administrados;
Problemas relacionados com cada criança, tais como:
 Diarreia, vómito, HIV, Tuberculose;

Em geral se a criança estiver clinicamente bem, e a


consumir quantidade suficiente de ATPU e F100 e tiver
ganho 15% do peso em relação ao peso de entrada
podem receber alta com seguimento no ambulatório.
PASSO 9: ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO
FÍSICO E PSICOSSOCIAL
 As crianças com desnutrição aguda grave, geralmente

têm atraso mental e de desenvolvimento e alterações do


comportamento. Estes atrasos, se persistirem,
constituirão a longo prazo, a consequência mais grave
da desnutrição. O atraso mental pode ser
substancialmente reduzido pela estimulação
psicológica, através de programas de jogos que devem
iniciar-se no hospital e continuar após a alta. Deve-se
evitar a privação sensorial às crianças e não se deve
tapar os seus rostos, pois elas precisam de ver e ouvir
tudo o que se passa à sua volta.
 As crianças não podem ser embrulhadas ou
restringidas de se moverem nas camas e os
brinquedos devem estar sempre ao seu alcance. Os
brinquedos devem ser seguros, laváveis e apropriados
para o nível de desenvolvimento das crianças.
PASSO 10: PREPARAR PARA ALTA E
ACOMPANHAMENTO APÓS ALTA
Antes de se dar alta a criança ou o adolescente deve
assegurar que os seguintes requisitos sejam
preenchidos:
 educação nutricional completo;
 Substituição completa e apropriada do ATPU pela
alimentação normal;
 Referência dos cuidadores da criança ou adolescente

para os programas comunitários de promoção da


saúde e nutrição ou de Consultas de Criancas em
Risco (CCR), de modo a garantir o acompanhamento
apropriado e prevenir o retorno;
 Calendario de vacinação atualizados.

Acima de tudo deverá certificar se a criança tem


apetite e esteja clinicamente bem.
IMPORTANTE:
Se o ATPU não estiver disponível, para tratamento em
ambulatório, todos doentes com DAG sem complicações
devem continuar o tratamento no hospital com leite
terapêutico F100. Crianças entre os 6-59 meses devem ter
prioridade em receber ATPU, se não estiverem disponíveis
quantidades suficientes de ATPU.
RESUMO DO TRATAMENTO NUTRICIONAL NO
INTERNAMENTO
ESTABILIZAÇÃO
 Dura 2 a 7 dias;
 Visa estabilizar a condição médica e restabelecer os

electrólitos e micronutrientes;
 A condição da criança é: sem apetite ou clinicamente

mal;
 Usa-se o F75 como o alimento terapéutico, sendo

130ml/kg de peso em 8 ou 12 refeicoes/dia;


 O consumo de energia deve ser de 100kcal/kg de

peso/dia;
 O ganho de peso não e esperado.
TRANSIÇÃO
 Dura 2 a 3 dias e podem ser referenciados aos
ambulatoriais logo que passe o teste de apetite;
 Visa recuperar o metabolismo;
 A condição da criança e sem anorexia e clinicamente
bem;
 F100 é o alimento terapéutico usado, sendo nos
primeiros dias 130ml/kg de peso por dia e aumentar
10ml por cada refeicao ou diariamente ate 150ml/kg de
peso;
 O consumo de energia deve ser +/- na ordem de
150kcal/kg de peso/dia;
 O ganho de peso é medio.
FASE DE REABILITAÇÃO
 Em media dura 1 a 4 semanas e podem ser

referenciados ao tratamento ambulatorial logo que


passe o teste de apetite e que tenha atingido o peso
alvo (15% do pesode entrada);
 Visa restaurar a função do organismo;
 A condição da criança e alerta e clinicamente bem;
 Alimento terapéutico é F100 e/ou ATPU;
 O consumo de energia deve ser de +/- 200kcal/kg de

peso;
 O ganho de peso é bem notavél.
PREPARAÇÃO DE F75 E F100
Como preparar:
 Ferva a água e deixe arrefecer;
 Reserve 500ml de água morna;
 Num jarro limpo, adicione uma saqueta inteira de

F75 ou F100;
 Adicione pequena quantidade de água no jarro e vai

mexendo ate formar uma mistura pastosa em seguida


adicione a quantidade restante de água e continue
mexendo.
IMPORTANTE:
De modo a evitar a contaminacao do leite pelos
microrganismos, a área de preparo do leite
terapeutico e/ou substitutos do leite terapéutico deve
ser previamente higienizado e o pessoal responsável
pela preparação deve higienizar adequadamente as
mãos e os braços e devem estar munidos de tocas,
aventais e mascaras (opcionais).
PREPARAÇÃO DO SUBSTITUTO DO LEITE
TERAPÉUTICO F75 E F100
Na ausência do leite terapeutico, podemos preparar o
substitutos de leite terapaéutico também conhecido
como LOA(____), na base dos seguintes
ingredientes:

Ingrediente F75 F100

Leite gordo em pó 35/300 100/880


(g)/Leite fresco
Açucar (g) 100/100 50/75

Óleo (g ou ml) 20/20 30/20

Água potavel morna 1000 1000


(ml)
Como preparar:
 Ferva 1litro de água e deixe arrefecer;
 Num jarro limpo graduado ponha o leite, o açúcar e
óleo, vai mexendo até formar uma pasta homogénea;
 Adicione a água potável (fervida ou tratada),morna
lentamente, mexendo, à pasta até a linha onde mostra
1L;
 Após opreparo, consumir dentro de 3horas.
TRATAMENTO DA DESNUTRIÇÃO NO
AMBULATÓRIO (TDA)
O tratamento da desnutrição no ambulatório destina-se
aos pacientes com desnutrição aguda grave ou
desnutrição aguda moderada sem complicações
clínicas. Por exemplo, pacientes com:
 P/E: 6-59 meses: < -3 DP
 IMC/Idade: 5–15 anos: < -3 DP
 PB: 6-59 meses: < 11,5 cm
 PB: 5–10 anos: < 13,0 cm
 PB: 11-15 anos: < 16,0 cm
O Tratamento da Desnutrição em Ambulatório (TDA)
oferece vantagens tanto para a família como para os
serviços de saúde.
VANTAGEM PARA A FAMÍLIA
 As mães e as crianças permanecem em casa, no seu
ambiente familiar;
 Evitam deslocamentos longos e traumáticas para as
crianças desnutridas e a separação da família;
 Permite que as mães continuem a cuidar de outros
filhos em casa;
 Reduz o risco de a criança contrair infecções na
Unidade Sanitária (US).
VANTAGENS PARA O CENTRO DE SAÚDE
LOCAL
 Pemite alcancar níveis de cobertura muito mais

elevados na população alvo;


 Apresenta elevada aderência;
 A identificação da criança com desnutrição ainda na

sua fase inicial, permite que ela seja tratada de


maneira mais fácil e eficaz e, com menos gastos
O tratamento da desnutrição no ambulatório é feita na
base de ATPU ou Misturas Alimenticias Enriquecidas
(MAE), no nosso pais usamos “CSB Plus”. Após
admissão no tratamento, o controle deve ser semanal
ou de 2 em 2 semanas nas Consultas de Criancas em
Risco (CCR).
 Participação comunitária na identificação
das crianças desnutridas

Para garantir o sucesso do TDA, é essencial que haja


participacao comunitaria na identificacao das criancas
desnutridas o mais cedo possível atraves de triagens
nutricionais nas comunidades.
Deste modo, a comunidade deve ser envolvida com o
objectivo de se assegurar a sua participação activa nas
seguintes acções:
 Criação de uma rede de voluntários da comunidade –

ACSs, APEs, mães modelo, etc, que deverão realizar as


seguintes tarefas:
 Triagem nutricional usando o perímetro braquial (PB),
avaliação da presença de edema em crianças com mais
de 6 meses de idade ou mais de 65 cm de comprimento
ou altura, e referência para a Unidade Sanitária se
necessário;
 Visitas ao domicílio para o seguimento das crianças em

tratamento, em particular as crianças que apresentam


problemas;
 Educação nutricional e sanitária nas comunidades;
 Mobilização social para a promoção do programa nas

comunidades, usando vários canais de comunicação


social e recursos disponíveis, para obter elevada
cobertura e aderência.
CATEGORIAS DAS CRIANCAS E
ADOLESCENTES ADMITIDOS AO TDA
As crianças e adolescentes admitidos para o tratamento
em ambulatório, podem ser agrupados nas seguintes
categorias:
 CASOS NOVOS

São as crianças ou adolescentes com DAG sem


complicações médicas, admitidos pela primeira vez no
TDA. Estão também nesta categoria, as crianças ou
adolescentes reincidentes, quer dizer, as crianças ou
adolescentes que já foram tratados com sucesso, mas
que retornaram ao hospital devido a novo episódio de
desnutrição aguda.
 CASOS READMITIDOS
As crianças ou adolescentes:
• Referidos do internamento hospitalar após a Fase de
Estabilização e a Fase de Transição, para continuar a
Reabilitação do mesmo episódio de desnutrição em
ambulatório;
• Transferidos do TDA de outro sector ou unidade
sanitária: são as crianças ou adolescentes transferidos
dos cuidados ambulatórios de um outro local;
• Que abandonam o tratamento antes de o terminar e
retornam para serem tratadas pelo mesmo episódio de
desnutrição
 CASOS DE ABANDONO
São aqueles que faltam em mais de 2 visitas
consecutivas de controlo na US e, portanto, saem do
programa sem terem terminado o tratamento. Se
voltam para serem tratadas pelo mesmo episódio de
desnutrição, devem ser readmitidas como “casos de
abandono que retornam”
OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

O NOSSO MAIOR VALOR É A


VIDA

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