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Tratamento da Desnutrição em Ambulatório (TDA)

O tratamento em ambulatório é dirigido a crianças de 6 meses a 14 anos com DAG sem


complicações médicas, sem edema e com apetite, e aos doentes com DAM. Para
garantir o sucesso deste tipo de intervenção, é essencial que os casos sejam detectados o
mais cedo possível. O tratamento das crianças e adolescentes com DAG em ambulatório
deve ser feito com distribuição de ATPU para uso domiciliar, de acordo com a dosagem
recomendada.

Enquanto o ATPU não estiver disponível as crianças e adolescentes com DAG sem
complicações médicas, deverão ser tratados em regime de internamento com leites
terapêuticos. Logo que o ATPU estiver disponível, as crianças e adolescentes com DAG
sem complicações médicas que estiverem a receber tratamento no internamento deverão
passar para o tratamento em ambulatório com seguimento semanal na CCR.

Experiências de outros países têm mostrado que, através da abordagem em ambulatório,


é possível obter resultados satisfatórios com reduzidos encargos sócio-económicos,
contribuindo para a redução dos custos hospitalares de internamento, assim como do
impacto psico-social de se cuidar de uma criança fora do seu ambiente familiar.

O Tratamento da Desnutrição em Ambulatório (TDA) oferece vantagens tanto para a


família como para os serviços de saúde. As vantagens para a família consistem em: as
mães e as crianças permanecerem em casa, no seu ambiente familiar; evitarem viagens
longas e traumáticas para as crianças desnutridas e a separação da família; permitir que
as mães continuem a cuidar de outros filhos em casa e; reduzir o risco de a criança
contrair infecções na Unidade Sanitária (US).

As vantagens para os serviços de saúde consistem em: pemitir atingir níveis de


cobertura muito mais elevados na população alvo do que o Tratamento da Desnutrição
no Internamento (TDI); apresentar elevada aderência e aceitação devido ao facto de que
a triagem inicial dos casos é feita na própria comunidade com um controlo regular nas
Unidades Sanitárias. Além disso, a identificação da criança com desnutrição ainda na
sua fase inicial, permite que ela seja tratada de maneira mais fácil e eficaz e, com menos
gastos (recursos financeiros e materiais nos cuidados de saúde).

Os princípios de manejo e critérios de admissão para o tratamento em ambulatório e no


internamento são quase idênticos. Quando a condição de uma criança no tratamento em
ambulatório se deteriora ou se a criança desenvolve uma complicação, ela deve ser
referida para o internamento para a sua estabilização, podendo depois retornar ao
ambulatório, logo que a complicação médica estiver resolvida.

Para se realizar o tratamento da criança ou do adolescente com desnutrição aguda grave


em ambulatório, a mãe ou o provedor de cuidados deve receber o ATPU para
administrar à criança em casa, de acordo com a dosagem recomendada. O controlo do
tratamento em ambulatório pelos serviços de saúde nas Unidades Sanitárias deve ser
efectuado numa base semanal, na CCR.

Contudo, as sessões de controlo podem ser realizadas em cada duas semanas em


determinadas circunstâncias, tais como:

 O fraco acesso devido a longas distâncias entre as comunidades e a Unidade


Sanitária, tornando difícil as visitas semanais por parte das mães ou
acompanhantes;
 Um elevado número de casos que sobrecarrega os horários das Unidades
Sanitárias;
 Número limitado de pessoal de saúde oferecendo cuidados nas Unidades
Sanitárias. As sessões quinzenais podem permitir atendimento em grupos por
semanas alternadas;
 Os factores sazonais ou eventos que envolvem as mães ou os cuidadores, como
época de colheita ou de sementeira, podem impedir a participação semanal
deles.

Categorias das crianças admitidas

As crianças e adolescentes admitidos para o tratamento em ambulatório, podem ser


agrupados nas seguintes categorias:

Casos novos

São as crianças ou adolescentes maiores de 6 meses com DAG sem complicações


médicas, sem edema, e com apetite admitidos pela primeira vez no TDA. Estão também
nesta categoria, as crianças ou adolescentes reincidentes, quer dizer, as crianças ou
adolescentes que já foram tratados com sucesso, mas que retornaram ao programa
devido a novo episódio de desnutrição aguda. As visitas de controlo devem ser
semanais. Em casos excepcionais (ex.: a US fica a uma longa distância da casa do
doente), as visitas de controlo podem ser feitas de 15 em 15 dias.

Casos readmitidos

As crianças ou adolescentes:

 Referidas do internamento hospitalar após a Fase de Estabilização e a Fase de


Transição, para continuar a Reabilitação do mesmo episódio de desnutrição em
ambulatório;
 Que abandonam o tratamento antes de o terminar e retornam para serem tratadas
pelo mesmo episódio de desnutrição.

Casos de abandono são aqueles que faltam em mais de 2 visitas consecutivas de


controlo no programa e, portanto, saem do programa sem terem terminado o tratamento.
Se voltam para serem tratadas pelo mesmo episódio de desnutrição, devem ser
readmitidas como “casos de abandono que retornam”.

Medicamentos de rotina

As crianças e adolescentes com DAG não mostram os sinais usuais de infecção, como
por exemplo, febre e inflamação. Portanto, a medicação de rotina é fornecida no
momento da admissão. O médico irá decidir se uma medicação adicional será necessária
para condições clínicas aparentes.

As crianças e adolescentes provenientes do internamento ou dos cuidados ambulatoriais


de um outro local, não devem receber de novo os medicamentos de rotina. Deve-se
conferir nas fichas de registo ou Cartão de Saúde da criança, os detalhes sobre a
medicação já administrada e, eventualmente, continuar com o plano de medicação e ou
suplementação, de acordo com este protocolo.

O progresso da criança durante o tratamento em ambulatório

O progresso da criança durante o tratamento em ambulatório deve ser monitorado


semanalmente na US. Nos casos em que o acesso ao Centro de Saúde é difícil as visitas
podem ser feitas em cada duas semanas. Os seguintes parâmetros devem ser
monitorados e registados a cada visita:

Antropometria
 PB
 Peso
 Estatura (comprimento ou altura)

Exame físico

 Presença de edema bilateral


 Ganho de peso: Crianças e adolescentes que não apresentam ganho de peso ou
tem perda de peso, merecem atenção especial durante o exame médico. o
Temperatura corporal
 Os seguintes sinais clínicos devem ser avaliados: fezes, vómitos, desidratação,
tosse, respiração, tamanho do fígado, olhos, ouvidos, condição da pele e lesões
peri-anais
 Teste do apetite o Situação do aleitamento materno das crianças de 6 a 23 meses
o Episódio de doença desde a última visita e conduta
 Medidas antropométricas tomadas

Em cada visita de controlo, o cuidador deve ser informado dos progressos da criança ou
adolescente e, individualmente e/ou em grupo, deve ser fornecido aconselhamento
(mensagens padronizadas) em saúde e educação. Deve-se dar especial atenção à
introdução gradual de alimentos complementares (qualidade) para preparar a criança
para o desmame gradual do ATPU.

A mãe ou cuidador da criança deve dar os pacotes vazios de ATPU ao pessoal da saúde
durante a visita de seguimento. Isto é para evitar a venda do ATPU bem como é uma
forma de gerir o lixo criado pela saqueta de ATPU nas comunidades pois na US pode
ser incinerado, mas não é um controlo da quantidade que a criança come.

Crianças com DAG tratadas em ambulatório que desenvolvem complicações médicas,


não aumentam de peso, ou que não estão a responder devidamente ao tratamento,
devem ser encaminhadas para o tratamento no internamento.

As seguintes complicações médicas e deterioração do estado nutricional requerem


referência para o tratamento no internamento ou uma investigação médica:

 Falta de apetite (falhou o teste do apetite);


 Outros sinais de perigo de acordo com AIDNI: vómito intratável, convulsões,
letargia/não alerta, inconsciência;
 Deterioração geral.
 Edema bilateral recente ou o seu agravamento
 Perda de peso em 2 visitas consecutivas;
 Peso estático (não ganhou peso algum) durante 2 visitas consecutivas
 A hipoglicemia, desidratação, febre elevada, hipotermia, elevada frequência
respiratória ou respiração dificultada, anemia, lesão de pele, infecção superficial,
ou nenhuma resposta a qualquer outro tratamento

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