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A visão da PGFN sobre os

métodos alternativos de
resolução de conflitos
tributários
Phelippe Toledo Pires de Oliveira
Procurador-Chefe da Defesa da 3ª Região

FIESP
Setembro/2018
Introdução
1) Competências da PGFN

a) Representação judicial da União em matéria tributária;


b) Cobrança administrativa e judicial da DAU (art. 131, § 3º, CF/88); e
c) Consultoria jurídica no âmbito do MF.
Introdução (cont.)
1) Nova Concepção de Fazenda Pública

 mudança paradigma nos últimos 10 anos;


 vanguarda e inovação na defesa e cobrança judicial;
 busca pela racionalidade e eficiência;
 fim de uma cultura de recorrer por recorrer
Introdução (cont.)
1) Nova Concepção de Fazenda Pública (cont.)
a) Na Representação Judicial:
a1) Lei n. 10.522/2002 (art. 18 e 19) – alterada pela Lei nº 12.844/2013
a2) Portaria PGFN nº 294/2010
a3) Portaria PGFN nº 502/2016: hipóteses de dispensa de contestação e interposição de
recursos bastante abrangentes;

b) Na Gestão e Cobrança da DAU:


b1) RDCC: suspensão de EF de valor inferior a R$ 1 milhão; e
b2) ajuizamento seletivo: EF condicionada a:
-diligências patrimoniais; indícios de bens úteis à satisfação crédito
Contencioso Tributário Federal
1) Administrativo (CARF)

- 144 Conselheiros;
- 2017: R$ 614 bilhões em discussão;
- 119 mil processos (800 processos representam 70% do valor discutido);
- 14 mil julgados;
- volume crescente que chega das DRJs;
- sem monocrática e sem sistema de precedentes => congestionamento
Contencioso Tributário Federal
(cont.)
2) Judicial

2.1. Execução Fiscal:


- 2017: R$ 2 trilhões em DAU
- 6 milhões de EF da PGFN;
- taxa de congestionamento de 95%
- 2016: 1,5 milhões arquivadas com o RDCC;
- fortalecimento da cobrança administra e ajuizamento seletivo de novas EFs;
- aumento significativo na arrecadação de 2016 para 2017 (400%)
Contencioso Tributário Federal
(cont.)
2) Judicial

2.2. Processo de Conhecimento:


- 1,1 milhão de processos contra a União (PGFN);
- processos chegam a 20 anos de duração;
- recursos e decisões diferentes para o mesmo assunto em que pese a força dos
precedentes do nCPC/2015;
Contencioso Tributário Federal
(cont.)
Diante desse cenário: o que fazer?
Uma solução viável

 Prevenção e/ou resolução alternativa de controvérsias

“O advogado do futuro é aquele que evita o litígio” (Min. Luís Roberto Barroso)
Síntese
1) O modelo de cobrança e discussão judicial estão saturados;
2) A sistemática de precedentes foi importante, mas não o suficiente;
3) Precisamos de alternativas: meios alternativos de solução de controvérsias;
4) Transação e arbitragem tributária podem ser alternativas viáveis
Transação Tributária
1) Contextualização:
- Instrumento utilizado em outros países: França, Itália, EUA
- Previsto no ordenamento brasileiro como causa de extinção do crédito tributário (art. 156, III,
do CTN);
- Permite participação efetiva do contribuinte/jurisdicionado;
- Em consonância com nova tendência do Direito Tributário contemporâneo: “Contratualismo
Fiscal” (permite negociação e participação efetiva do contribuinte);
Transação Tributária
2) Requisitos:
- Requisitos estabelecidos para a transação em matéria tributária (art. 171 do CTN):

Lei autorizadora

Concessões mútuas

Terminação do litígio
Transação Tributária
Lei autorizadora:
- Controvérsia: lei específica ou genérica que permita a transação e estabeleça parâmetros para a
sua realização?
- Existem críticas no que se refere à lei genérica: excessos de discricionariedade da autoridade
quando da celebração de eventual transação tributária;
- Deverá ela prever as situações e condições em que a Administração Tributária poderá celebrar
a transação; deve conter alguns parâmetros;
Transação Tributária
Concessões mútuas:
- Ambas as partes devem abrir mão de, ao menos, uma parcela de suas respectivas pretensões;
- A reciprocidade é que diferencia a transação de outros institutos jurídicos, notadamente a
renúncia ao próprio direito ou a submissão ao direito alheio;
- Concessão por parte do Fisco é a redução de multas e juros incidentes em razão do não
recolhimento do tributo;
- Pode ser considerado como concessão, por parte do contribuinte, a renúncia à discussão
administrativa ou judicial sobre a legitimidade do tributo.
Transação Tributária
Terminação do litígio:
- Um dos pressupostos da transação é que ela importe em (de)terminação do litígio (conflito de
interesses);
- Deve colocar fim ao conflito de interesses existente entre as partes;
- Pode ser aplicada tanto aos conflitos na fase judicial como na fase administrativa;
- A transação tributária teria uma amplitude menor que a transação civil:, cabimento da
transação somente terminativa;
- Art. 171 do CTN: trata a transação como forma legal de extinção do crédito;
Transação Tributária
Situação atual da transação tributária:

- Existe em tramitação, na Câmara dos Deputados, Projeto de Lei Geral de Transação em Matéria
Tributária e também Projeto de Lei Complementar, que faz algumas alterações no CTN;
- PL n° 5.082/2009 e PLC n° 469/2009
- Se aprovado trará vantagens para a relação Fisco-contribuinte; e
- Limites da transação tributária (multa, juros, encargos, etc).
Arbitragem tributária
1) Contextualização:
 Lei nº 9.307/96 permite a arbitragem;
 Requisitos para a utilização da arbitragem: 1) ser pessoa capaz; e 2) o direito em
jogo seja patrimonial disponível
 Discussão sobre se violava princípio da inafastababilidede do poder judiciário (art.
5º, XXXV, da CF/88);
 STF entendeu válida (SE 5.206)
Arbitragem tributária
2) Arbitragem pela Administração Pública:
 A Lei nº 13.129/2015 previu expressamente a possibilidade da Administração Pública utilizar-se da
arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
 Possui dois requisitos essenciais:
1) será sempre de direito; e
2) respeitará o princípio da publicidade (Art. 37, caput, da CF)
 A 13.140/2015 autorizou U, E, M, DF a criar câmaras de prevenção e resolução de conflitos no
âmbito dos órgãos da advocacia pública, inclusive com particulares.
 A possibilidade de composição com particulares e a celebração de TACs não se aplica em relação
aos tributos administrados pela SRB ou créditos inscritos em DAU (art. 38)
Arbitragem tributária
3) Arbitragem tributária:
 Hoje a arbitragem não consta entre as causas de extinção do crédito tributário (art. 156 CTN);
 PLC nº 469/2009 inseria o laudo arbitral como hipótese de extinção do crédito;
 Nenhum dos DTCs celebrados pelo Brasil adota arbitragem para resolução de controvérsias;
Arbitragem tributária
4) Pontos para reflexão:
 Necessidade de lei complementar:
1) art. 146, III, b CF/88: normas gerais em matéria tributária em relação à obrigação, lançamento,
crédito= LC;
2) art. 31 da Lei 9.307/96 equipara a sentença arbitral à sentença judicial;
 Necessidade de fazer constar que o início do procedimento arbitral dá ensejo à suspensão da
exigibilidade do crédito tributário (art. 151 CTN);
 Como escolher as Câmaras arbitrais: inexigibilidade/dispensa de licitação?
Conclusão
1) O Poder judiciário se encontra abarrotado;
2) A transação e a arbitragem são alternativas importantes para a resolução de
conflitos tributários;
3) A PGFN tem buscado maior eficiência e redução de litígio e está aberta ao debate
sobre meios alternativos de solução de controvérsias; e
4) Importância da cooperação entre o poder público e a sociedade.
FIM

Phelippe Toledo Pires de Oliveira


email: phelippe.oliveira@pgfn.gov.br

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