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NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA

Aula 10 – CONTROLE RENAL


NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Regulação da filtração glomerular
Pressão osmótica
proteínas 30 mmHg

• A pressão hidrostática glomerular e a pressão Pressão hidrostática


55 mmHg
oncótica glomerular são os determinantes da GFR
mais susceptíveis de controlo fisiológico, por Pressão hidrostática
espaço de Bowman
intermédio do sistema nervoso simpático (SNS), 15 mmHg
hormônios e autacóides (substâncias vasoativas
libertadas pelo rim) e outros mecanismos de Pressão final de filtração:
feedback intrarrenal; 55 mmHg – (30 + 15) mm HG = 10 mmHg

- A ativação do sistema nervoso simpático diminui a GFR – uma ativação forte do SNS
leva à constrição das arteríolas renais, diminuindo o fluxo sanguíneo renal e a GFR.
ex: isquemia cerebral ou hemorragia grave;
- As hormônios e autacóides controlam a GFR e o fluxo sanguíneo renal (RBF);
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Moléculas reguladoras
• Noradrenalina e adrenalina – atuando na suprarrenal liberando adrenalina, gera
constrição dads artérias aferentese eferentes reduzindo a taxa de filtração (GFR) e
o fluxo sanguíneo renal (RBF);
• Endotelina - produzida pelas células endoteliais geram constrição das artérias
renais e reduz a GFR e a RBF;
• Angiotensina II - produzida no pulmão gera constrição das artérias aferentes e
eferentes reduz a GFR e a RBF;
• Oxido nitrico (NO) – produzido pelas células endoteliais vasculares, gera
diminuição da resistência vascular renal e aumenta a GFR e a RBF;
• Prostaglandinas (PGE2 e PGI2) – podem aumentar os efeitos vasoconstritores no
SNS ou da Angiotensina II (principalmente ao nível das artérias aferentes), a
inibição da sua sintese (ex.: aspirina) pode causar diminuição marcada da GFR e do
RBF (mais frequente em pacientes cujo volume extracelular está diminuído);
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Autoregulação renal

• A autorregulação permite uma constância relativa da


GFR e do RBF dentro de um intervalo de pressões:
75-160 mmHg, prevenindo que alterações sistêmicas da
pressão sanguínea;
• Feedback Tubuloglomerular - depende do complexo
justaglomerular, este é formado por células da mácula
densa e células justaglomerulares, localizadas na parede das arteríolas aferente e
eferente. Quando a pressão sanguínea diminui, a concentração de NaCl ao nível
da mácula densa diminui, o que conduz a dois efeitos:
1. Diminuição da resistência das arteríolas aferentes – aumento da PG e da GFR
em direção a valores normais;
2. Aumento da libertação de Renina pelas células justaglomerulares – aumento da
formação de Angiotensina II gera constrição da arteríola eferente. elevação da PG e
da GFR em direção a valores normais;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Mecanismo miogênico

• Refere-se à capacidade intrínseca dos vasos sanguíneos


se contraírem quando a pressão sanguínea aumenta o que
previne o estiramento excessivo dos vasos e o aumento
excessivo da GFR e do RBF;
– Dieta rica em proteínas – aumento da GFR e do RBF (por estimulação do
crescimento dos rins e por redução de resistência vascular renal);
– Hiperglicemia - a glicose é cotransportada, tal como os aa, com o sódio no túbulo
proximal;
– Glicocorticóides – diminuem a resistência vascular renal (aumentam GFB e RBF);
– Idade – diminui GFR e RBF por redução do número de néfrons funcionantes
(diminuem 10% por década a partir dos 40 anos).
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Vasopressina - ADH

• Induz alterações estruturais na parede luminal das


células principais, determinando um aumento da
permeabilidade à água e à ureia;
• Sistema de feedback
Efeito antidiurético - com concentrações plasmáticas
relativamente baixas;
Efeito vasoconstritor - ocorre com concentrações
plasmáticas superiores;
• A sua secreção é determinada por 2 fatores:
- osmótico - osmolaridade alta (tonicidade plasmática);
- não-osmótico - (volêmia) diminuição do estiramento atrial e
diminuição da pressão arterial;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Efeitos do ADH

• Aumento do ADH – aumenta a osmolaridade


plasmática, reduz o volume sanguíneo e a pressão
sanguínea;
• Diminuição do ADH – reduz a osmolaridade do
plasma, aumenta o volume sanguíneo e a pressão
sanguínea;
• Déficit de água - leva ao aumento da osmolaridade extracelular e secreção do
ADH, que gera o aumento da reabsorção e da permeabilidade à água:
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Mecanismo da sede

• É estimulada pelas mesmas variáveis


que estimulam o ADH, ou seja, o aumento
da osmolaridade plasmática ou a diminuição
da volemia;
• Aumento da sede – aumenta a
osmolaridade, reduz o volume sanguíneo e a
pressão arterial e leva ao aumento da
angiotensina II e secura na boca;
• Diminuição da sede – reduz a osmolaridade
aumenta o volume sanguíneo ea pressão
sanguínea, reduz a angiotensinaII e gera distensão gástrica;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Regulação do volume extracelular e da
excreção de NaCl

• A regulação da osmolaridade do líquido


extracelular e a concentração do Na+ estão
intimamente ligados porque o Na+ é o íon mais
abundante no compartimento extracelular;
• Atividade simpática renal e os níveis de
catecolaminas circulantes – atuam na expan
são do volume reduz a atividade simpática renal, o que conduz
ao aumento da excreção de Na+ (a GFR e o RBF são pouco afetados);
• A depleção do líquido aumenta a atividade simpática renal, estimulando a
reabsorção de Na+ por efeito tubular direto e por vasoconstrição e
diminuição do fluxo sanguíneo e da taxa de filtração glomerular (efeito
indireto);
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Sistema renina/angiotensina/aldosterona

• A Renina é uma enzima sintetizada e libertada


pelas células granulares (células musculares lisas
modificadas localizadas na maioria das arteríolas
aferentes renais) que integram o complexo
justaglomerular;
• A Renina degrada o Angiotensinogênio (proteína
circulante produzida no fígado e rins) em
Angiotensina I (decapeptídeo) que, por sua vez, é
convertida no pulmão em Angiotensina II
(octapeptídeo ativo) pela enzima de conversão da
angiotensina (ACE);
• O nível plasmático da Angiotensina II é determinado
pelo nível de Renina plasmática;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Sistema renina angiotensina

• A secreção de Renina é estimulada por 3


mecanismos principais:
- Aumento da atividade simpática (através
de receptores β presentes nas células granulares);
- Redução da pressão arteriolar aferente (mecanismo ainda desconhecido);
- Diminuição da concentração de NaCl na mácula densa: o oposto também se
verifica, isto é, a secreção de Renina também é inibida por um aumento do NaCl
na mácula densa;
- A concentração de NaCl neste local é dependente do sódio corporal total e é
influenciada pela GFR e pela reabsorção tubular proximal, as duas variáveis que
são modificadas pelo ECV.
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Angiotensina II e aldosterona

• Angiotensina II - estimula a reabsorção de Na+ principalmente


no túbulo proximal, onde ativa o trocador Na+ / H+;
• A produção de angiotensina II plasmática é auto-limitada porque
a sua formação inibe a secreção de Renina;
• Aldosterona - é um hormônio sintetizado na zona glomerulosa do córtex da glândula
suprarrenal e sua produção é estimulada por:
- Angiotensina II e hormônio antidiurético (ACTH);
- Diminuição da concentração plasmática de Na+;
- Aumento de concentração plasmática de K+;
- Diminuição dos níveis plasmáticos do peptídeo natriurético auricular (PAN);
- A aldosterona estimula a reabsorção de Na+ renal atuando no ducto coletor;
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Peptídeos atrial natriurético - ANP

• É um hormônio peptídico (28 aa) que é


sintetizado pelos miócitos auriculares e
libertado em resposta à distensão auricular;
• O ANP inibe diretamente a reabsorção
de Na+ (via GMPc ), inibe a vasopressina e
aumenta a excreção de Na+ e água;
• Reduz a liberação da renina e inibe a liberação da aldosterona,
diminuindo a pressão arterial;
• Em concentrações mais elevadas aumenta a GFR (por
vasodilatação das arteríolas aferentes e aumenta o fluxo renal);
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Regulação do equilíbrio ácido/básico

• A concentração do íon hidrogênio livre no


plasma é extremamente baixa ( ≅ 40 nEq/L) e
as variações normais são apenas 3 a 5 nEq/L;
• O principal motivo da regulação apertada dos
níveis de H+ deve-se ao fato destes íons afetarem a estrutura terciária de
macromoléculas como proteínas, ácidos nucléicos, lipideos e
consequentemente as propriedades funcionais destas moléculas;
• O pH arterial normal é de 7,35 enquanto que o pH venoso e do fluido intersticial
é de 7,25;
• Os ácidos são produzidos continuamente pela atividade metabólica, sendo o
ácido carbônico o mais abundante (derivado do CO2);
• A produção de outros ácidos é reduzida e resulta fundamentalmente do
metabolismo de aminoácidos.
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Controle do pH dos fluidos corporais

• Sistemas tampão químicos - atuam imediatamente,


combinando-se com os ácidos ou com as bases para
prevenirem alterações excessivas na concentração de
íons hidrogênio;
• Sistema respiratório - regula a remoção de CO2 e
H2CO3 do sangue. Este mecanismo atua em
segundos/ minutos e é utilizado como segunda linha de defesa;
• Sistema renal - excretam urina alcalina ou ácida, ajustando a
concentração de H+ em direção ao normal durante a alcalose ou
acidose. Este mecanismo atua lentamente (horas a dias) mas de modo
potente;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Tamponamento químico

• Primeira linha de defesa contra variações do pH,


participação um ácidos fracos e sua base conjugadas;
• O tampão pode ser definido como uma substancia
que se liga de modo reversível ao H+:
Tampão + H+ = H Tampão
Os principais tampões extracelulares são:
- Bicarbonato / dióxido de carbono (HCO3- / CO2)
- Fosfato inorgânico (HPO4-2 / HPO4-)
- Proteínas plasmáticas (PTNs)
• No sangue, a hemoglobina é o principal tampão intracelular(oxihemoglobina e
da hemoglobina “reduzida”) e o Bicarbonato apesar de ser fraco é o principal
tampão extracelular porque é o que os componentes encontram-se em maior
quantidade.
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Tamponamento respiratório

• A taxa de remoção de CO2 é diretamente


dependente da taxa de ventilação e esta é
regulada pelo pH e pelo PCO2
(quimiorreceptores respiratórios centrais na
formação reticular do Bulbo);
• Esta regulação é tão eficiente que permite que, em condições de
produção máxima de CO2 (ex:. exercício físico violento), o CO2
seja removido à taxa que é produzido, sem alteração do
equilíbrio ácido-base;
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Síntese de amônia

• O íon NH4+ é produzido por todas as células


tubulares renais mas principalmente pelas dos túbulos contorcidos
proximais;
• Quando o organismo sofre uma acidose prolongada
o metabolismo de aminoácidos no fígado é diminuído
porque este ocorre a partir de reações de desaminação
que produzem amônia e liberam H+;
• Então as células tubulares renais passam a realizar reações de
desaminação em proteínas como a glutamina liberando NH4+
como forma de eliminação dos compostos nitrogenados
vem aumentar a concentração de H+ no plasma;
• O NH4+ é trocado com o Na+
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Regulação da secreção de H+ e HCO3-

• Alterações na PCO2 arterial associam-se a


alterações paralelas na reabsorção de HCO3- ou
na secreção de íon H+, e a diminuição da PCO2
arterial inibe a secreção H+ e a reabsorção HCO3-;
• A reabsorção HCO3- é afetada pela concentração
plasmática de HCO3- ;
• O HCO3- filtrado é quase totalmente absorvido até um certo
nível plasmático de HCO3- acima do qual aumenta a
excreção de HCO3- , enquanto que a excreção de H+ está
inibida.
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
desequilibrio ácido/base

• Desequilíbrios ácido-base respiratórios –


Quando existe um defeito primário na capacida
de dos pulmões removerem CO2, ou quando a
sua remoção está exagerada, há um ganho, ou
uma perda de íons hidrogênio. A perturbação do
equilíbrio ácido-base é designada repiratória.
Deste modo, a alteração primária dos
desequilíbrios respiratórios é na pressão de
dióxido de carbono (PCO2);
• Acidose respiratória - a diminuição do pH resulta da redução
da relação HCO3- / PCO2 (<20);
• Alcalose respiratória - em que há remoção excessiva de CO2,
a relação aumenta (>20) e o pH eleva-se;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Causa do excesso de produção de ácidos e bases

• Causas de excesso de produção de ácidos:


- Produção de ácidos aumentada (ex: cetoacidose diabética ou acidose láctica);
- Perda de HCO3- (ex: diarréia);
- Excreção urinária de H+ inadequada (ex: Insuficiência renal crônica);
• Causas de excesso de produção de bases:
- Produção de bases aumentada (ex: dieta vegetariana);
- Perda de íons H+ (ex: vomito);
- Excreção urinária de HCO3- inadequada (ex: hiperaldosteronismo);
• A alteração primária neste tipo de desequilíbrios é a modificação da concentração de
HCO3- .Quando a concentração de HCO3- diminui, a relação HCO3- / PCO2 diminui
(<20) e o pH diminui também, originando uma Acidose Metabólica. Na Alcalose
Metabólica há aumento da concentração de HCO3- e do pH.
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Cálculo renal

• O depósito organizado de sais minerais


nos rins ou em qualquer parte do
aparelho urinário;
• Cálculos constituídos por cálcio são os mais
comuns;
• Outros minerais encontrados são: oxalato, fósforo,
ácido úrico;
• Deficiência genética para excreção desses sais;
• Dieta rica nessas sais: ex.: leite e derivados;
• Tratamento cirúrgico ou não invasivo: ultra-som;
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Gota – ácido úrico

• Gota é uma doença caracterizada pela elevação de ácido úrico


no sangue e surtos de artrite aguda secundários ao depósito de
cristais do sal deste ácido (uratos);
• O ácido úrico é um resíduo nitrogenado
do metabolismo de purinas (lembrar das bases
nitrogenadas);
• Mariscos, sardinha, salmão, bacon, fígado
devem ser evitados por aqueles que sofrem de gota;
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Hemodiálise

• O tratamento mais utilizado por aqueles


pacientes que, por qualquer motivo,
perderam a função renal e irreparavelmente
atingiram a fase terminal da doença renal;
• No dialisador, o sangue é exposto à solução de diálise
(também conhecida como dialisato) através de uma
membrana semipermeável, permitindo assim, as trocas de
substâncias entre o sangue e o dialisato. Após ser retirado
do paciente e passado através do dialisador, o sangue “filtrado”
é então devolvido ao paciente pelo acesso vascular. É importante ressaltar que a água
usada durante a diálise deve ser tratada e sua qualidade monitorada regularmente;

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