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NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA

Aula 06 – ATIVIDADE ELÉTRICA CARDÍACA


NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Tecido cardíaco

• Vemos na figura um corte transverso de


tecido cardíaco miocárdio;
• Podemos observar neste corte com
menos de 100 micrometros, a presença
de várias mitocôndrias, um capilar
sanguíneo, junções gap e discos
intercalados;
• Uma das características do miocárdio é
grande quantidade de mitocôndrias
devido ao gasto de energia e muitos
capilares, uma microcirculação que
possibilita a nutrição tecidual;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Mecanismo Contrátil Cardíaco

• A contração do músculo cardíaco


depende da chegada do potencial lento
(marcapasso), que ativa a abertura dos
canais de cálcio e canais sódio/cálcio
dependentes de voltagem;
• O cálcio entra e libera Ca2+ libera Ca2+ do reticulo sarcoplasmático
através de receptores rianodínicos;
• Esse Ca2+ atravessa toda fibra transportado pelos túbulos T
(transversos), ativando a troponina C (Ca2+ dependente) a ligação das
pontes cruzadas;
• A noradrenalina atua em receptores beta-adrenérgicos aumentando a
força de contração por aumentar a liberação do Ca2+ do retículo;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Contração Muscular

Todo músculo realiza dois tipos de contração, a


saber:

Contração isométrica – onde não ocorre


encurtamento da fibra muscular, é uma
preparação para a isotônica, pois a fibra se
encaixa mas não encurta as pontes cruzadas;

Contração isotônica – onde ocorre encurtamento da


fibra muscular gerando trabalho e força;

A – músculo em repouso, pouco antes da abertura


das válvulas AV
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Contração Isométrica e Isotônica

Vemos a contração com pré-carga (isométrica)


e com pós carga (isotônica)
B e C – Contração isométrica
B – Estiramento sem encurtamento externo.
O músculo já foi estirado, mas a carga ainda não foi deslocada
porque o comprimento total do músculo não se alterou. Final do
enchimento ventricular;
C – pré carga sustentada mais a pós carga. Pouco antes da
abertura da válvula semilunar;
D – Contração isotônica - Contração com encurtamento externo
e elevação da pós carga. A força desenvolvida pelo elemento
contrátil chegou a ser igual a carga (pós carga) e a carga foi
suspensa sem qualquer estiramento adicional. Encurtamento do
músculo sem aumento de força. Ejeção ventricular;
NOÇOES DE FISIOLOGIA HUMANA
Volume de Ejeção
O Volume de Ejeção (VE) é regulado por três variáveis:
Volume Diastólico Final (VDF) é denominado “pré-carga” e influencia o volume de
ejeção da seguinte maneira:
- A formação da contração ventricular aumenta com o aumento do VDF (isto
é, distensão dos ventrículos). Essa relação se tornou conhecida como a Lei de
Frank-Starling. O aumento do VDF acarreta um alongamento das fibras cardíacas,
aumentando a força de contração de uma maneira similar observada no músculo
esquelético, fazendo com que a quantidade de sangue bombeada por batimento
aumente.
- A principal variável que influencia o VDF, é a taxa de retorno venoso ao
coração.
Pressão Aórtica Média – Para ejetar o sangue, a pressão gerada pelo ventrículo
esquerdo deve ser superior a pressão na aorta.
Força da Contração Ventricular – O efeito da adrenalina e noradrenalina estimula o
sistema simpático do coração pelos nervos aceleradores cardíacos, aumentando a
contratibilidade cardíaca.
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Lei de Frank Starling

• A Lei de Frank Starling define a relação entre o


comprimento inicial da fibra miocárdica (volume
inicial) e a força desenvolvida pelo ventrículo (pressão).
Para que se consiga força máxima é necessário que
a fibra muscular esteja em seu comprimento ideal;
• A fibra muito curta enrijece (fibrose muscular), não
tem espaço para contração reduzindo a força (A). A
fibra com comprimento normal (B e C) gera força máxima.
Fibra muito dilatada (D), fica insuficiente
(Cardiomegalia);
• Tanto os músculos esqueléticos como cardíacos apresentam relação comprimento
e força semelhantes;
• O aumento de volume quando o coração está em diástole leva ao aumento de
pressão em relação a pressão máxima produzida pelo ventrículo durante sístole,
para cada grau de enchimento;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Bloqueadores de Cálcio e a Força de Contração

• Como já vimos a Ca2+ é fundamental para a


força de contração;
• Vários medicamentos atuam reduzindo a força
de contração do miocárdio através de
bloqueio de canais de Ca2+ dependentes de
voltagem;
• Entre esses medicamentos temos o diltiazem
e a nifedipina (adalat); Vemos que o aumento
da dose de diltiazem de 3 para 30 micromolar
reduziu totalmente a força de 2 mN para
0.3mN com 30 micromolar de concentração,
demonstrando a importancia do Ca2+;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Correntes Iônicas do Potencial Cardíaco

• Vemos em (A) o momento 0 , chegada do


potencial lento a abertura dos canais de Na2+, e
canais Na+/Ca2+ dependentes de voltagem, uma
forte entrada de carga positiva (despolarização);
• Logo os canais de Na+ e Na+/Ca2+ se fecham e
permanece um platô Ca2+ dependente;
• Os canais de Ca2+ vão fechando permanecendo
abertos apenas os canais de K+ até a volta ao
repouso do miocárdio;
• Vemos em (B) as correntes de Na+, correntes de
Ca2+ e correntes de K+;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Ciclo Cardíaco
• O ciclo cardíaco se refere ao padrão de repetição da contração e do
relaxamento do coração;
• A fase de contração é denominada sístole
é a do relaxamento diástole. Quando
esses termos são utilizados isoladamente
eles se referem à contração e ao
relaxamento dos ventrículos;
• No entanto, os átrios também se contraem
e relaxam ocorre uma sístole e diástole
atrial , chamada diástase;
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Ciclo Cardíaco

• Sístole Ventricular – Contração Isovolumétrica. Tempo


decorrido entre o início da sístole ventricular e abertura das
válvulas semilunares, neste período o volume não se altera;
• Ejeção - A abertura das válvulas semilunares marca o
início da fase de ejeção, subdividida em ejeção rápida e
reduzida. Durante a sístole o sangue que retorna aos átrios
produz elevação progressiva da pressão atrial;
• Diástole Ventricular – Relaxamento Isovolumétrico. Tempo decorrido entre o
fechamento das válvulas semilunares e a abertura das válvulas AV , ocorre redução
acentuada da pressão ventricular, sem modificações de volume;
- Fase de enchimento rápido – imediatamente após a abertura das válvulas AV, o
sangue é liberado do átrio abruptamente para os ventrículos que se relaxam. Ocorre
diminuição das pressões atriais e aumento acentuado do volume ventricula;.
- Fase de enchimento lento – Adição lenta ao enchimento ventricular;
- Diástase – Contração atrial;
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Bulhas cardíacas

O coração produz quatro bulhas cardíacas (sons), apenas duas


são audíveis pelo estetoscópio. Com amplificação as menos
intensas podem ser detectadas e registradas no fonocardiograma.
1a bulha – mais alta e duradoura, ocorre com o fechamento das
válvulas AV, auscutada no quinto espaço intercostal e a da
válvula mitral no quinto espaço intercostal esquerdo;
2a bulha – menor duração e intensidade, ocorre pelo fechamento das válvulas
semilunares. A válvula semilunar pulmonar é ouvida no segundo espaço
intercostal torácico, a esquerda do externo;
3a bulha – ouvida em crianças com parede torácica fina ou pacientes com
falência ventricular esquerda, ocorre pelo enchimento rápido do ventrículo;
4a bulha – bulha atrial, decorrente da contração atrial;
As bulhas podem ser alteradas por problemas nas válvulas, produzindo os
sopros, que servem como indício para o diagnóstico das doenças valvulares;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Período Refratário
• Período Refratário Absoluto - Uma vez iniciada a resposta rápida uma célula
despolarizada não é excitável até a metade do período da repolarização final. A
completa excitabilidade só é readquirida após a fibra cardíaca estar inteiramente
repolarizada;
• Período Refratário Relativo – A medida
que uma célula é estimulada, mais e mais,
durante o período refratário relativo, a
amplitude da resposta e a velocidade da
deflexão inicial (subida) aumentam
progressivamente;
• Presumivelmente, o número de canais de
sódio recuperados da inativação aumenta a
medida que a repolarização prossegue. A
amplitude e o grau de inclinação aumenta
conforme o potencial é provocado cada vez
mais tardiamente durante o período refratário;
NOÇÕES FISIOLOGIA HUMANA
Síndrome da Reentrada

• Normalmente o impulso trafega pelo feixe S é


conduzido pelos ramos L e R. Quando este impulso
chega ao conector C, extingue-se no ponto de
colisão C devido ao período refratário absoluto;
• Sob certas condições um impulso cardíaco pode
reexcitar uma região por onde já tenha passado. A
condição necessária para a reentrada é que em
alguma alça do circuito o impulso possa passar em
uma direção, não o fazendo na direção oposta.
Assim um impulso é bloqueado enquanto o outro é
conduzido reentrando no feixe;
• A síndrome da reentrada é responsável por muitos
distúrbios clínicos;
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Eletrocardiograma (ECG)
• A atividade elétrica do coração pode ser registrada para o monitoramento das
alterações cardíacas ou para o diagnóstico de possíveis problemas cardíacos.
• Os impulsos elétricos gerados no coração são conduzidos através do líquidos
corporais até a pele, onde eles podem ser detectados e impressos por um
aparelho sensível denominado eletracardiograma. O três componentes do
ECG representam aspectos importantes da função cardíaca:
• A onda P representa a despolarização atrial e ocorre quando o impulso
elétrico vai do nodo sinotrial, passa pelos átrios e vai até o nodo AV.
• O complexo QRS representa a despolarização ventricular e ocorre quando o
impulso dissemina-se do feixe AV até as fibras de Purkinje através dos
ventrículos.
• A onda T representa a repolarização ventricular. A repolarização atrial não
pode ser observada,uma vez que ela ocorre durante a despolarização
ventricular (complexo QRS).
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Registro Eletrocardiográfico Normal

Onda P – despolarização dos átrios


Complexo QRS – despolarização dos
ventrículos
Onda T – repolarização dos ventrículos
Intervalo PR – tempo requerido para a
despolarização passar do nodo AS para o
AV.
Intervalo QRS – tempo que o ventrículo
leva para se despolarizar.
Intervalo ST – intervalo no qual os
ventrículos estão despolarizados.
Intervalo QT – intervalo entre o início da
despolarização e o final da repolarização
dos ventrículos.
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ECG
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Bloqueios Atrioventriculares
Causado por um redução na velocidade de condução ou por um
bloqueio nas vias internodais;
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Extra-sístoles e fibrilação ventricular

Resultam de impulsos anômalos em intervalos irregulares e fibrilação ventricular


que ocorre por infartos no miocárdio;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Possíveis Alterações na Condução Cardíaca
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Regulação dos Batimentos Cardíacos
- Componentes Simpáticos
A estimulação dos nervos cardioaceleradores
simpáticos libera noradrenalina. Estes agem acelerando
a despolarização no nodo SA, o que induz o coração a
bater mais rapidamente e aumentando a contratibilidade
ventricular esquerda ativando receptores Beta 1 no nodo
SA e no ventrículo esquerdo. Isto aumenta AMPc, que
aumenta influxo de Ca+2 e o efluxo de K+
- Componentes Parassimpáticos
A acetilcolina, que é o neurotransmissor do sistema
nervoso parassimpático, retarda o ritmo da descarga no
nodo SA e torna o coração mais lento. O efeito é
mediado, em grande parte, pela ação do nervo vago,
cujos corpos celulares tem origem no centro
cardioinibidor no bulbo. A ação da acetilcolina ocorre por
ativação de receptores muscarínicos M2.
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Atividade Autonômica e a Resposta Cardíaca

• Vemos na figura a administração de duas drogas


em cobaia (atropina e propranolol) e os efeito
apresentados sobre o ritmo cardíaco;
• Primeiramente, a atropina, um antagonista
muscarínico que bloqueia a atividade
parassimpática elevando o ritmo cardíaco,
quando foi utilizada propranolol que bloqueio os
receptores simpáticos beta-1 reduzindo a
frequência novamente;
• Quando usamos primeiramente o propranolol
percebemos uma pequena redução na frequência
mas quando foi aplicada a atropina a frequência
voltou a subir;
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Metabolismo do Miocárdio

Metabolismo do miocárdio
O coração depende quase totalmente da energia liberada nas reações
aeróbicas. De fato, o músculo cardíaco humano possui uma capacidade
oxidativa três vezes maior que o músculo esquelético. Como tal, as fibras
do miocárdio possuem a maior concentração de mitocôndria de todos os
tecidos e assim sendo, estão altamente adaptadas ao catabolismo das
gorduras como fonte primária de ressíntese de ATP;
A glicose, os ácidos graxos e o lactato (formado no músculo esquelético
durante a glicólise), proporcionam a energia (ATP) para um bom
funcionamento do miocárdio. O coração utiliza qualquer substrato para
obter energia. Durante um exercício intenso quando o efluxo de lactato do
músculo esquelético para o sangue aumenta de maneira significativa, o
coração pode obter mais de 50% de sua energia total pela oxidação do
lactato circulante.
NOÇÕES DE FISIOLOGIA HUMANA
Principais patologia cardíacas
• Entre as principais doenças que atingem o sistema
cardiovascular temos a hipertensão arterial, uma doença
que acomete principalmente devido a obstruções
vasculares, gerando aumento da pressão arterial, que
leva ao infarto do miocárdio;
• Outra patologia cardíaca importante é a angina pectoris, que se caracteriza por
uma dor no peito, devido a entupimento coronariano, gerando dor e falência
cardíaca;
• Temos também todas as patologias ligadas a produção e propagação do impulso
elétrico no miocárdio como vimos demostrados em diversos eletrocardiogramas;
• Além disso devemos ter cuidado com infecções no miocardio que também podem
leva-lo a falência;

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