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A experiência

e o juízo estético
Um dos objetivos da estética filosófica é compreender a natureza das
propriedades estéticas.

Exemplos de propriedades estéticas:


- Beleza
- Harmonia
- Delicadeza
- Unidade
- Originalidade
- Expressividade
- Etc.
Um objeto estético é algo a que pode ser atribuída uma propriedade estética,
seja ou não um objeto em sentido literal.

 Atribuímos frequentemente propriedades estéticas a objetos comuns, a


obras de arte e a aspetos da natureza.

Existirá uma experiência específica, diferente de todas as outras, associada à


nossa relação com os objetos estéticos? Existirá uma experiência estética? E se
existe, o que a caracteriza?

 Mais à frente, serão apresentadas várias resposta a estas questões.


Quando atribuímos uma propriedade estética a um objeto, fazemos um juízo estético.

Exemplos de juízos estéticos:


- Esta obra é perturbadora.
- O Gerês tem paisagens deslumbrantes.
- O rosto da minha amiga Ana é muito bonito.
- O filme que vi este fim de semana é muito
original.

O juízo estético é um enunciado valorativo,


capaz de exprimir uma experiência estética,
e em que se atribui uma propriedade estética
a algo que percecionamos.
Por vezes, as pessoas discordam quanto aos juízos estéticos que consideram
verdadeiros.

O pintor Vincent van Gogh afirmou acerca de


um dos seus quadros, O Café Noturno, que este
era uma das pinturas mais feias que tinha feito,
acrescentando que, ao tentar expressar as
terríveis paixões da humanidade, tinha
escolhido um conjunto disparatado de verdes e
vermelhos. Imaginemos agora que o João tem
na sua sala uma reprodução do mesmo quadro
de Van Gogh e que habitualmente costuma
dizer que é uma das pinturas de interior mais
deslumbrantes que conhece. Quando afirma tal
coisa está, portanto, a fazer um juízo estético
oposto ao de Van Gogh.
A questão da natureza dos juízos estéticos pode ser formulada das seguintes formas:

- São os juízos estéticos proposições subjetivas, cuja verdade ou falsidade dependem


apenas dos sentimentos de aprovação ou reprovação do sujeito, ou, pelo contrário,
expressam verdades objetivas, passíveis de serem conhecidas por todos da mesma
forma?

- Os juízos estéticos têm validade apenas para quem os profere ou possuem validade
universal?

- Que tipo de propriedades são aquelas que atribuímos aos objetos quando fazemos
um juízo estético? Serão as propriedades objetivas que encontramos nos objetos
meras projeções das nossas mentes?
O subjetivismo radical defende que:
- Os juízos estéticos são subjetivos, uma
vez que atribuem, aos objetos,
propriedades que são meras projeções,
resultantes dos sentimentos de prazer e
desprazer que ocorrem no sujeito.
- Os juízos estéticos têm apenas validade
individual, ou seja, são verdadeiros ou
falsos apenas em função dos
sentimentos de prazer ou desprazer de
cada sujeito.
Consequentemente, leva-nos a admitir que:
- Os juízos estéticos são juízos sobre o que nos é ou não agradável.
- A função dos juízos estéticos não é a de descrever a realidade, a de indicar
propriedades que os objetos tenham efetivamente.
- A função dos juízos estéticos é a de traduzir os sentimentos do sujeito aquando da
perceção de um certo objeto.
- Não há uma verdade única quando se trata de juízos estéticos. Se o sujeito A
afirma que x é belo e o sujeito B defende o contrário, nenhum deles está mais
certo do que o outro, dado que a beleza está nos olhos de quem vê e não nas
próprias coisas. Neste sentido, seria absurdo perguntar quem tem razão ou
procurar argumentar a favor desta ou daquela posição. Se os juízos estéticos são
juízos subjetivos, então não precisamos de outras razões para justificá-los para
além do prazer ou desprazer que sentimos perante o objeto em causa.
Consequentemente, leva-nos a admitir que:
- A função dos juízos estéticos não é a de descrever a realidade, a de indicar
propriedades que os objetos tenham efetivamente.
- A função dos juízos estéticos é a de traduzir os sentimentos do sujeito aquando
da perceção de um certo objeto.
- Não há uma verdade única quando se trata de juízos estéticos. Se o sujeito A
afirma que x é belo e o sujeito B defende o contrário, nenhum deles está mais
certo do que o outro, dado que a beleza está nos olhos de quem vê e não nas
próprias coisas.
O subjetivismo radical enfrenta algumas
dificuldades:
- O problema do gosto: Se os juízos estéticos
são meras expressões individuais do gosto,
não deveremos comportar-nos como se
tivessem validade universal nem dar
importância às justificações que podem
defender este ou aquele juízo estético.
- Argumento da coincidência de valores: Existe
um largo consenso na atribuição de certas
propriedades estéticas a alguns objetos,
reforçando a tese da objetividade dessas
propriedades.
O objetivismo estético defende que:
- Os juízos estéticos são objetivos, ou seja, verdadeiros ou falsos apenas em
função de propriedades que os objetos efetivamente têm, e não em função de
sentimentos do sujeito que faz o juízo.
- Os juízos estéticos têm, consequentemente, validade universal.

À luz do objetivismo estético, é razoável afirmar “x é belo, mas não gosto de x”.
O objetivismo enfrenta algumas dificuldades:
- Argumento do desacordo insanável: Raramente
se conseguem encontrar critérios que resolvam
disputas em torno dos juízos estéticos.
- Argumento da estranheza: Não existem dados
que possam esclarecer o que são as
propriedades estéticas nem sequer uma forma
de saber se elas existem no mundo
independentemente dos sentimentos dos
observadores. A existirem, serão propriedades
estranhas, diferentes de outras propriedades
objetivas, como ter cinco metros ou pesar um
quilo.
Existem várias propostas que defendem alguma forma de subjetivismo moderado.

David Hume defende que:


- Os juízos estéticos são subjetivos.
- Existem juízos estéticos que são verdadeiros ou falsos independentemente dos
gostos individuais.

Kant defende que:


- Os juízos estéticos são subjetivos.
- Os juízos estéticos têm validade universal.
A propósito da questão de saber o que
caracteriza a experiência estética:
- Os subjetivistas defendem que a experiência
estética caracteriza-se pela ocorrência no
sujeito de uma emoção – ou de emoções –
que acompanha a perceção dos objetos
estéticos.
- Os objetivistas defendem que o que marca a
experiência estética é a perceção de certas
propriedades dos objetos, como a sua
estrutura ou forma.

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