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Transtorno de Ansiedade

Generalizada (TAG)
Minha cabeça repete
As mesmas coisas, repete
As mesmas coisas, até
Não ter mais coisa
Minha cabeça escreve
Mil roteiros com fins
Mirabolantes
Em que ninguém sai vivo

(Clarice Falcão)
O que é ansiedade
• A ansiedade é uma herança dos nossos ancestrais.
Ela funcionava como um mecanismo de sobrevivência para lidar com as
situações de perigo, como a possibilidade de ser atacado por um animal
na selva, por exemplo – preparação para luta ou fuga.
• A ansiedade é um sentimento natural que é muito útil para nos alertar
de um perigo e fazer com que nos preparemos para enfrentá-lo.
Ansiedade x Medo
• Medo é a resposta emocional à ameaça iminente real ou percebida.
Por exemplo, diante de uma situação de perigo como um assalto ou
uma agressão, temos uma série de respostas no corpo para nos
proteger, atacar ou fugir.

• A ansiedade é a antecipação de ameaça futura, podendo tal ameaça


ser real ou imaginada. É associada a tensão muscular e vigilância em
preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou
esquiva (não se expor a situação ameaçadora).
Ansiedade Adaptativa x Transtorno de Ansiedade

O que diferencia a ansiedade e preocupação adaptativa do transtorno


de ansiedade são:
• Intensidade: é proporcional ou desproporcional ao risco
apresentado?
• Frequência: surge em momentos específicos, ou está presente de
forma persistente e excessivo?
• Desempenho: melhora ou tem uma queda no desempenho?
Transtorno de Ansiedade
Generalizada (TAG)
Critérios diagnósticos, segundo DSM-V:
A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias
por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar
ou profissional).
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas
(com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses).
• 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
• 2. Fatigabilidade.
• 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.
• 4. Irritabilidade.
• 5. Tensão muscular.
• 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e
Transtorno de Ansiedade
Generalizada (TAG)
Critérios diagnósticos:
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo
ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso,
medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo).
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental.
Características Diagnósticas
• Os adultos com transtorno de ansiedade generalizada frequentemente se
preocupam com circunstâncias diárias da rotina de vida, como possíveis
responsabilidades no trabalho, saúde e finanças, a saúde dos membros da
família, desgraças com seus filhos ou questões menores.
• É comum o início dos sintomas ser sobre um assunto específico que causa
maior preocupação e ser generalizado para outras áreas da vida da pessoa.
Prevalência e
desenvolvimento
• Segundo a OMS, são quase 19 milhões de pessoas com Transtorno de
Ansiedade no Brasil, sendo o país com maior índice de pessoas com transtornos
de ansiedade no mundo, desde 2017, e que pode ter piorado com o período de
pandemia;
• Muitas pessoas com TAG relatam serem ansiosos “a vida toda”, devido a isso é
um transtorno que normalmente demora muito a ter diagnóstico, quando uma
pessoa procura tratamento, os sintomas já a acompanham há muito tempo;
• É comum buscarem primeiro tratamento médico, por desgastes físicos causados
pela preocupação ao longo dos anos: náuseas, insônia, dores musculares,
fadiga;
• Os sintomas tendem a ser crônicos, com remissões ao longo da vida.
Modelo cognitivo-comportamental
• Intolerância a incerteza: se não pode ter certeza sobre algo, interpreta a situação como
perigosa, estressante e negativa; pensamentos como “mas e se...” aumentam o nível de
ansiedade;
• Preocupação: saúde de familiares, segurança, perder emprego, filhos, atividades
cotidianas; outro tipo de preocupação seria a avaliação negativa sobre a preocupação
“preocupar-se por se preocupar tanto” - acreditar que precisa parar de se preocupar para
não adoecer ou perder o controle;
• Crenças sobre preocupação: “preocupando-me ajudo a evitar surpresas
desagradáveis”; “preocupando-me evito que coisas ruins aconteçam”; “a preocupação é
um sinal de que uma pessoa e responsável e cuidadosa”. Se dá tudo certo, é porque se
preocupou, se der errado, significa que não se preocupou o suficiente;
• Evitação: Fuga e esquiva de situações e pensamentos que possam aumentar a
ansiedade.
Modelo cognitivo-comportamental
Segundo Leahy, na mente da pessoa que se preocupa, que as quatro
regras da ansiedade entram em cena:
• detecte o perigo;
• transforme-o em catástrofe;
• controle toda a situação;
• evite o desconforto.
Seguir esse conjunto de regras interfere na capacidade de avaliar riscos de
uma maneira equilibrada e racional; ignora o fato de que tudo o que
fazemos (ou não fazemos) implica riscos.
Tratamento do TAG
• Os componentes para o tratamento do TAG na abordagem cognitiva comportamental
são:
a) psicoeducação: preocupação, ansiedade, distorções cognitivas;
b) reestruturação cognitiva: RPD, método socrático;
c) descatastrofização da preocupação;
d) Resolução de problemas reais e não aos que ainda não existem e que talvez nem se
concretizem;
e) Atenção ao presente;
f) treino de relaxamento muscular, respiração diafragmática, mindfulness (atenção plena);
g) Mudança de hábitos: atividade física, práticas de autocuidado, descanso, rotina do sono;

• Tratamento farmacológico pode ser associado, sobretudo em casos moderados e


graves.

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