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Correspondência
Pedro Fernandes
Serviço de Ortopedia do Hospital de Santa Maria
Av. Professor Egas Moniz
Lisboa
pfpcm@iol.pt
Caso Clínico
Doente com história de tentativa de correcção de tíbia vara aos 16
anos com osteotomia e osteossíntese rígida complicada de síndroma
compartimental e infecção, seguida de pseudartrose do foco de osteotomia.
Aos 19 anos foi efectuado encavilhamento endomedular e retalho rodado do
gémeo interno com consolidação da pseudartrose contudo sem resolução da
infecção. Esta veio a justificar remoção da cavilha 2 anos mais tarde,
mantendo o doente, desde então, supuração activa por dois trajectos
fistulosos a nível do terço médio da perna. Iniciamos o tratamento do doente
aos 40 anos altura em que apresentava fractura patológica do terço médio da
tíbia com 3 meses de evolução com orientação para tratamento em aparelho
gessado sem evidência de evolução para consolidação (Fig.1 e 2). Nos
antecedentes pessoais a referir hábitos tabágicos marcados desconhecendo-
se outras doenças.
Fig.3
Fig.4
Fig.5
Fig. 6
Fig.8
Discussão
Apresentamos este caso, não só pelo desafio que representou mas
sobretudo pela oportunidade de reflectir sobre as opções terapêuticas
tomadas em várias fases do tratamento bem como o seu “timing”. A
osteomielite crónica da tíbia já por si uma situação de difícil tratamento
quanto mais complicada de uma fractura que ocorre num local infectado e
com necrose óssea onde o potencial para consolidar é extremamente baixo
dada a pobreza da biologia local. Na avaliação inicial do doente há ainda a
salientar a presença de um desvio em varo bem como a integridade do
perónio dois factores que em nosso entender não mereceram a devida
ponderação dada a nossa preocupação em remover o osso necrosado e ter a
maior estabilidade possível durante o transporte. A opção do transporte
parece-nos consensual embora bons resultados tenham sido obtidos por
ressecção óssea e transporte lateral do perónio em defeitos consideráveis da
tíbia. Talvez discutível tenha sido a opção de fazer um transporte trifocal
aumentando assim a taxa de complicações e não um transporte bifocal disto-
proximal. Este provavelmente teria evitado os problemas encontrados com o
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