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O suicídio
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Formada em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) (2013). Mestranda em
Psicologia Clínica da Universidade Federal do Paraná. Desenvolve pesquisa sobre luto sob
orientação da Profª Maria Virginia Filomena Cremasco; atua na clínica psicanalítica.
Endereço eletrônico: schlemm.julia@gmail.com
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Doutora em Saúde Mental (Unicamp/2002), Pós-doutorado no Centre d´Études en Psychopathologie et
Psychanalyse (Paris VII/2009-2010). Professora no Departamento e Mestrado em Psicologia da UFPR,
Chefe da Unidade de Programas e Projetos da Pró Reitoria de Extensão e Cultura da UFPR, Diretora do
Laboratório de Psicopatologia Fundamental da UFPR (CNPq), organizadora do livro: Trauma, Traços e
Memória, Curitiba, CRV, 201e, entre outros. Membro da Associação Universitária de Pesquisa em
Psicopatologia Fundamental.Endereço eletrônico: mavicremasco@hotmail.com
saúde pública para a Organização Mundial da Saúde e para o Ministério
da Saúde do Brasil.
O suicídio, de acordo com Roudinesco e Plon (1998), era
considerado antes do século XV como um crime voltado para o próprio
sujeito contrário à concepção atual que entende o suicídio como
conseqüência de uma patologia. Historicamente, na Idade Média o
suicídio era visto pela igreja católica como um insulto e um pecado.
Atualmente ainda é considerado um pecado, mas a igreja não realiza
mais execuções como fazia antigamente permanecendo em silêncio,
assim como o faz o estado. No entanto, nem sempre nem em todas as
culturas o suicídio é visto como um pecado. Como exemplo podem ser
citados os suicídios cometidos pelos gregos e romanos e atualmente os
dos "homem-bomba", todos estes vistos como atos honrosos.
Já para Freud (1917) entende-se a partir do artigo "Luto e
Melancolia" que o suicídio é um desejo primitivo inconsciente. É um
desejo de matar voltado para o próprio indivíduo. O suicídio ocorre
quando o ego se a - sujeita, não é mais sujeito de suas ações e deixa-se
tomar como objeto. Por isso o suicida não atende ao instinto de
preservação de vida, tornando possível o matar-se ou deixar-se morrer.
Para Freud (1917), o suicídio seria, então, decorrente de uma melancolia,
uma patologia: o ego fica completamente à mercê de um superego super
crítico que o julga negativamente como objeto.
Contudo, mesmo tão presente na sociedade, pouco se fala sobre o
suicídio. Por envolver a decisão de tirar a própria vida, algo de tão
sagrado como propaga a igreja, não é bem visto pela sociedade. Assim, é
considerado um estigma, um tabu e por isso evita-se pensar e falar sobre
este ato. O silêncio da religião e do estado ajudam a criar e a reforçar a
imagem de tabu deste tema. Pode-se observar estas afirmações na fala de
uma das mães entrevistadas que perdeu seu filho pelo suicídio:
"Me sinto culpada da morte de meu filho. Será que ele achou que
não gostávamos mais dele?"
Fácil perceber que o suicídio remete aos desejos recalcados e traz
à tona algo de que se repudia: o assassinato de si mesmo, a agressividade
voltada ao próprio sujeito. As mães participantes do grupo Amigos
Solidários na Dor do Luto em sua unanimidade consideram que não há
dor maior que a perda de um filho/uma filha, mas acreditam que uma dor
ainda maior é causada por um filho que cometeu suicídio. Não é de
duvidar que uma mãe que perde um filho por este tipo de morte pense o
mesmo:
Luto ou Melancolia?
Este segundo caso mostra como esta mãe sofre pela morte de um
filho. Sente-se culpada e sente sua falta, mas aceita um tratamento
psicológico o que aponta para uma vontade de superar o sofrimento
sentido e de não aceitar a culpa sentida, contrariamente ao primeiro caso.
Além disso, nesta mãe não se encontra uma identificação com este filho
morto, características do primeiro caso. Ele não renasceu dentro de sua
mãe, ao contrário do que ocorre com a outra mãe. Esta mãe também não
fala que a morte de um filho e que o suicídio são a pior dor do mundo.
Conclusão
Referências Bibliográficas
FREUD, S. O Ego e o id. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund
Freud. Rio de Janeiro: Imago, v. XIX, p. 25-71, 1923/2006.