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Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Instituto de Ciências Exatas


Depto. de Química

QUI 154 – Química Analítica V


Análise Instrumental

Aula 5 – Métodos de Separação


Parte 1

Julio C. J. Silva

Juiz de Fora, 2017


Métodos de Separação
Introdução

• Técnicas analíticas  um número pequeno apresenta


seletividade para uma única espécie química

• Concomitantes  espécies diversas presentes na


matriz

• Interferentes  espécies que afetam o sinal analítico

• Separações  estratégia empregada para isolar a


espécie de interesse

• Estratégias usadas para reduzir interferências


(efeitos de matriz)  modificação de matriz, o
mascaramento e a diluição
Métodos de Separação
Métodos de Separação
O processo de Separação
Separação por Precipitação

• Requer alta diferença de solubilidade entre o analito e


os potenciais interferentes

• Produto de solubilidade (Kps)  hidróxidos e sulfetos

• Limitações :

1) Coprecipitação

2) Velocidade de precipitação

3) Formação de precipitados coloidais


Separação por Precipitação

• Separações baseadas na acidez


Separação por Precipitação

• Separações baseadas na formação de sulfetos


Separação por Extração com Solvente

• A extração é a transferência de uma substância dissolvida de


uma fase para outra

• Quando a extensão segundo a qual os solutos distribuem entre


duas fases liquidas imiscíveis difere significativamente

• Essa característica pode ser usada para separações de espécies


químicas (concentrar ou isolar)

• Lei de distribuição  fenômeno de equilíbrio que explica a


partição de um soluto entre duas fases líquidas imiscíveis

A(aq)  A(org)

K (constante de distribuição) = [A]org/[A]aq


• Constantes de distribuição  úteis para calcular a concentração
do analito que permanece e m solução após “i” extrações

• K  coeficiente de partição
Separação por Extração com Solvente

Partição de um soluto entre duas fases imiscíveis


Separação por Extração
• Exemplo: Extração líquido-líquido
Separação por Extração

• Constantes de distribuição (K):

• K = [S]2/[S]1

• K = ((1 – q) x n/V)/(q x n/V)

• q  fração do solução que permanece na fase 1 (solução aquosa)


• (1 – q)  fração do solução transferida para a fase 1 (solução orgânica)

• Resolvendo para “q”, temos...

• Exemplo:
Um soluto A tem um coeficiente de partição (K) igual a 3 entre o tolueno e
água. Suponho que 100 mL de uma solução aquosa de A 0,010 mol/L sejam
extraídas com tolueno. Qual a quantidade de A que permanece a fase
aquosa (a) se for feita uma extração de 500 mL e (b) se forem feitas 5
extrações com 100 mL de solvente.
a)  6%
b)  0,1%
Métodos de Separação
Separação por Extração

• Constantes de distribuição (K):

• [A]i  concentração de A que permanece em solução aquosa


• [A]o  concentração original

• Vaq  Volume da fase aquosa

• Vorg  Volume da fase orgânica

• K  constante de distribuição
Métodos de Separação
Separação por Extração
• Exemplo:

A constante de distribuição do iodo entre um solvente orgânico e a água é


85. Encontre a concentração de I2 que permanece na fase aquosa após a
extração de 50 mL de 1,0 x 10-3 mol L-1 de iodo com as seguintes
quantidades de solvente orgânico:
a) 50 mL

b) Duas porções de 25 mL

c) Cinco porções de 10 mL

d) Qual a estratégia mais eficiente ?


Separação por Extração
Efeito do pH

• Se um soluto é um ácido ou uma base sua carga muda com o pH

• A espécie neutra é tem maior afinidade pela fase orgânica (apolar)

• A espécie carregada é tem maior afinidade pela fase aquosa (polar)

• Coeficiente de partição (DM):

• [CM]s = concentração total do soluto na fase 2

• [CM]1 = concentração total do soluto na fase 1

• Exemplo: considere um ácido cuja forma neutra (HA) possui um K entre


a fase 1 e a fase 2. Considere que a base conjugada seja (A-). Demonstre
como o pH influencia a extração da espécie neutra HÁ.
Exemplo:
Suponha que o coeficiente de partição de uma amina (B) seja K = 3 e a
constante de dissociação ácida de BH+ seja Ka = 1,0 x 10-9. Se 50 mL de
amina aquosa 0,010 mol/L forem extraídas com 100 mL de solvente, qual
será a concentração formal restante na fase aquosa:
a) Em pH 10 ? (R = 1,5 x 10-3 mol/L)
b) Em pH 8 ? (R = 6,5 x 10-3 mol/L)
Separação por Extração – Extração com um quelato
metálico

2HQ(org) + M2+(aq)  MQ2(org) + 2H+(aq)


K´= [MQ2]org . [H+]2aq/[M+2]aq . [HQ]2org

K=?
Separação em Fase Sólida

• Limitações da extração líquido-líquido:

1 – Solventes devem ser imiscíveis com a água e não


formar emulsões

2 – Grandes volumes de solventes

3 – Procedimento moroso

• Extração em fase sólida (extração liquido sólido) 


boa alternativa

• Membranas, pequenas colunas descartáveis (seringas


ou cartuchos)
• Funcionamento:
Separação em Fase Sólida
• Separação de íons por troca iônica  processo no qual íons presos
num sólido poroso são trocados por íons presentes em uma solução
levada ao contato com o sólido

• Resinas trocadoras de Íons

• Resinas trocadoras de cátions  contém grupos ácidos (-SO3-H+)

xR-SO3-H+ (sólido) + Mx+ (solução)  (-SO3-H+)xMx+ (sólido) + xH+ (solução)

• Resinas trocadoras de ânionscontém grupos básicos (-N(CH3)3+OH-)

xR-N(CH3)3+OH- + Ax-  [R-N(CH3)3+]xAx- + xOH-


Métodos de Separação
Separação em Fase Sólida

• Equilíbrio de troca iônica  lei da ação das massas

Ca2+(solução) + 2H+(resina)  Ca2+(resina) + 2H+(solução)

K´= ([H+]2aq . [Ca2+]res)/([H+]2res . [Ca2+]aq)

• Separação de troca iônica  um dos íons deve prevalecer em ambas as


fases. Por exemplo H+

[Ca2+]aq << [H+]aq

[Ca2+]res << [H+]res

• Assim:

(K´. [H+]2res)/[H+]2aq= [Ca2+]res/[Ca2+]aq  K = [Ca2+]res/[Ca2+]aq


Separações Cromatográficas
• Método amplo  permite a separação, a identificação e a
determinação de componentes químicos em amostras complexas

• Cromatografia  técnica na qual os componentes de uma mistura


são separados com base nas diferenças de velocidade nas quais
são transportados através de uma fase estacionária fixo por uma
fase estacionária móvel (liquido ou gás)

• Soluto (amostra/mistura de componentes)

• Fase estacionária (FE)  fase retida em uma coluna ou


superfície plana

• Fase móvel (FM)  fase que se movimento através da FE


transportando o soluto.

• FM  gás, líquido, etc.


Introdução

M. TSWEET (1903): Separação de misturas de pigmentos


vegetais em colunas recheadas com adsorventes sólidos e
solventes variados.

éter de
petróleo
mistura de
pigmentos

CaCO3
pigmentos
separados

Cromatografia =
kroma [cor] + graph [escrever]
(grego)
Introdução
Separação de misturas por interação diferencial dos seus
componentes entre uma FASE ESTACIONÁRIA (líquido ou sólido) e
uma FASE MÓVEL (líquido ou gás)
Métodos de Separação

Eluição em Cromatografia
• Eluição  processo de lavagem dos
solutos pela FM

• Eluente  FM

• Eluato  FM que deixa a coluna


CROMATOGRAFIA
CLASSIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS PELAS FORMAS FÍSICAS

Critério de CROMATOGRAFIA
Classificação

Técnica Planar Coluna

Fase Móvel Líquido Gás Fluido Líquido


Supercrítico

Fase
Estacionária Líquido Sólido Fase Líquido Sólido Fase Sólido Fase Líquido Sólido Fase
Ligada Ligada Ligada Ligada

Tipo de
Cromatografia CP CCD CCD CGL CGS CGFL CCS CSFL CLL CLS CE CLFL CTI CB
Cromatografia de partição

Cromatografia por adsorção

Cromatografia de exclusão molecular

Cromatografia de troca iônica

Cromatografia por afinidade


Cromatograma ideal
Cromatograma: gráfico de resposta do detector em função do tempo de eluição

Picos separados
Picos simétricos
O parâmetro diretamente mensurável de retenção de um analito é o
TEMPO DE RETENÇÃO AJUSTADO, tR’:

tR
tR’ = tR - tM tR = Tempo de Retenção (tempo
decorrido entre a injeção e o
ápice do pico cromatográfico);
SINAL

tM = Tempo de Retenção do
Composto Não-Retido (tempo
mínimo para um composto que
tM não interaja com a FE atravesse
a coluna);

tR’ = Tempo de Retenção


TEMPO Ajustado (tempo médio que as
moléculas do analito passam
sorvidas na FE)
Cromatograma:
• Tempo de retenção ajustada (t´r ) = tr – tm

• Retenção relativa () = (t´r(2))/(t´r(1)) 

• t´r2  t´r2    1

• Fator de capacidade (K´) = (tr – tm)/tm (fator de retenção)

• K´ = (t do soluto na FE)/(t do soluto na FM)

• K´ = (n na FE)/(n do soluto na FM)

• K´ = (Ce.Ve)/(Cm.Vm)

• K = Ce/Cm (coeficiente de partição)

• K´ = K(Ve/Vm) = (tr – tm)/tm

• Retenção relativa () = (t´r(2))/(t´r(1)) = (K´2)/(K´1) = (K2)/K1)


Eficiência de separação
– Fatores que afetam a separação
1) Diferença entre os tempos de eluição entre picos
2) Alargamento dos picos

– Resolução (Rs) 
Eficiência

Cromatogramas ilustrando a relação entre resolução, seletividade e eficiência


a) má resolução b) boa resolução c) boa resolução
má seletividade boa seletividade boa seletividade
má eficiência má eficiência boa eficiência
• Exemplo: Um pico com tempo de 407s tem uma
largura de base de 13s. Um pico vizinho é eluído a
424s com uma largura de 16s. Qual a resolução
desse cromatograma ?
• Rs = 1,17
Eficiência de separação
– Fatores que afetam a separação

2) Alargamento dos picos

– Difusão (D): O coeficiente de difusão mede a velocidade na qual


uma substancia se move aleatoriamente de uma região mais
concentrada para uma menos concentrada

– Uma das principais causas de alargamento dos picos cromatográficos


Eficiência de separação
– Fatores que afetam a separação

2) Alargamento dos picos

Alargamento de uma banda de um soluto, inicialmente estreita, à medida que


ele se move através de uma coluna cromatográfica
Eficiência de separação
– Dados para o calculo de número de pratos (N) e altura de prato (H)
Eficiência:
• Número de pratos teóricos (N)
– Cada “N”  uma etapa de equilíbrio entre FE e FM
– Quanto  N   Eficiência = maior separação (picos mais estreitos)
– Quanto  N   Eficiência = menor separação (picos mais largos)

• Equação de “N”:

• N = 16 (dr/Wb)2

• N = 5,54 (dr/Wh)2

– N = numero de pratos teóricos


– dr=distancia de retenção (tempo de retenção)
– Wb = largura do pico na linha de base
– Wh = Largura a meia altura

• Altura equivalente a um prato teórico (H)


– Comparação entre colunas de comprimentos diferentes

• Equação de “H”:

• H = L/N
• L = comprimento da coluna
Eficiência:
– Fatores que afetam a resolução (N x Rs):

– Quanto maior for a resolução maior será a separação entre


dois picos

– Rs = Resolução

–  = retenção relativa

– N = número de pratos

– KB = K´= fator de capacidade ou fator de retenção


Equação da altura de prato (H)
Análise Qualitativa

a) Comparação do tR com o do composto padrão


* Identifica de forma aproximada, pois 2 componentes
podem apresentar mesmo tR
* Confirmar o resultado: outra técnica ou testar colunas diferentes

b) Adição de padrão
Adicionar o composto que se imagina presente
- aumenta na altura do pico  confirma
- aumento na largura do pico  não é o composto

c) Índice de Kovats (comparar c/ literatura)


Análise Quantitativa
Avaliar: análise qualitativa, exatidão e precisão
Causas de erro: perdas mecânicas, amostra volátil, contaminação

Integração dos picos

a) Altura do pico b) Área do pico c) Área na meia altura


A = a x wb / 2 A = a x wh

Outros tipos: peso do pico ; integradores eletrônicos


Cálculo da concentração

a) Normalização: compara a área com a % da composição da mistura

%A = (área A / área total) x 100

b) Calibração externa: curva de calibração:


A x C

c) Padronização interna:
adição de quantidade conhecida de um padrão na amostra
Ax /API x C

d) Adição de padrão

Aplicação Analítica
Áreas: ambiental; farmacêutica; alimentícia; petroquímica,
medicina, pesquisa, ...
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Silva, L.L.R. Notas de Aula. FACET, UFVJM, 2008.


- Juliano, V. F. Notas de Aula. Depto de Química. UFMG. 2010
- Faria, L.C. Notas de Aula. Instituto de Química. UFG. 1995
-D. A. SKOOG, F. J. HOLLER e T. A. NIEMAN – Princípios de Análise
Instrumental, 5a ed., Saunders, 2002.
- A. I. VOGEL - Análise Analítica Quantitativa, LTC, 6ª ed., Rio de Janeiro.

- Galen W. Ewing. Métodos Instrumentais de Análise Química (Volume 1).


Editora Edgard Blücher/Ed. da Universida
- Cadore, S. Notas de Aula. IQ, UNICAMP, 2004.
- SKOOG, D. A; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A., Princípios de Análise
Instrumental, 5ª edição, Editora Bookman, 2006.
- COLLINS, H. C.; BRAGA, G. L.; BONATO, P. S., Fundamentos de Cromatografia,
Editora Unicamp, 2006.

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