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Bases metodológicas do teste cardiopulmonar de exercício

Chapter · January 2015

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4 authors, including:

Paulo Eugênio Silva Gerson Cipriano Júnior


University Hospital of Brasília - Brasil University of Brasília
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Osteopathic Manipulative Treatment (OMT) and Circuit Resistance Training (CRT) in Heart Failure View project

Association between inspiratory muscle weakness and slowed oxygen uptake kinetics in patients with chronic obstructive pulmonary disease View project

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| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


BASES METODOLÓGICAS DO
TESTE CARDIOPULMONAR DE
EXERCÍCIO
Murillo Frazão
Vinicius Zacarias Maldaner da Silva
Paulo Eugênio Silva
Gerson Cipriano Jr.

■■ INTRODUÇÃO
Diversas doenças agudas e crônicas interferem no funcionamento fisiológico de vários sistemas. Essas
alterações funcionais podem ser mensuradas por diferentes métodos de avaliação, sendo úteis para
a determinação da gravidade da alteração funcional, de estratégias terapêuticas e dos prognósticos.

O teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) ou ergoespirometria é a associação


de um teste ergométrico convencional com a análise do ar respirado pelo paciente,
acrescentando dados importantes ao exame, como medidas diretas de parâmetros
respiratórios, a exemplo do consumo de oxigênio (VO2), da produção de gás
carbônico, da frequência respiratória (FR) e da ventilação pulmonar.

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O TCPE é um exame complexo que avalia o desempenho físico máximo do paciente e a resposta
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dos sistemas cardiovascular, muscular e pulmonar a situações de esforço. Fornece um meio de


desvendar o funcionamento fisiológico anormal de vários sistemas que aparentemente não pode
ser detectado em repouso.

Com o advento de aparelhos microprocessados, houve um aumento na capacidade técnica de


analisar um grande número de variáveis, de forma simultânea, em uma única sessão de exercício
de curta duração, sendo esta uma ferramenta avançada de avaliação para o fisioterapeuta
moderno, competindo ao mesmo a realização do TCPE com finalidade de avaliação funcional.

Apesar das evidências científicas atuais, que demonstram a segurança do TCPE, bem como a
qualidade e a acurácia dos exames realizados por profissionais de saúde não médicos devidamente
capacitados, a literatura científica infelizmente diverge sobre a responsabilidade técnica e/ou
legal na realização das avaliações ergoespirométricas.

A inexistência de diretrizes nacionais específicas para as avaliações ergoespirométricas


funcionais e/ou a ausência de entidades científico-culturais multiprofissionais, assim
como as que existem em outros países (American Heart Association, American College
of Sports Medicine, European Society of Cardiology, European Respiratory Society,
etc.), impõem uma barreira adicional ao uso do TCPE como forma de avaliação na
prática clínica dos fisioterapeutas.

■■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, espera-se que o leitor seja capaz de:

■■ identificar o racional fisiológico por trás do TCPE;


■■ conhecer as indicações e contraindicações do exame;
■■ criar familiaridade com o material necessário para a realização do exame;
■■ reconhecer os principais protocolos utilizados;
■■ conhecer as principais variáveis analisadas.

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■■ ESQUEMA CONCEITUAL

| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


Ajustes metabólicos Ergômetros
Bases fisiológicas do teste Ajustes ventilatórios Monitor eletrocardiográfico
cardiopulmonar de exercício
(eletrocardiograma)
Ajustes cardiovasculares
Indicações e contraindicações Esfigmomanômetro
Sala de teste
Transdutores
Materiais utilizados no teste Equipamentos
cardiopulmonar de exercício Analisadores de gases
Equipamentos e medicamentos
para situação de emergência Oxímetro de pulso
Assinatura do termo de
consentimento e instruções ao
Previamente ao exame paciente
Preparação para o teste
Dia do exame Preparação do paciente
Protocolo de exercício de estágios
Protocolos em esteira ergométrica
Protocolo de rampa
Principais protocolos
Rampa
Protocolos em cicloergômetro
Carga constante
Potência ou taxa de trabalho
Consumo de oxigênio
Produção de dióxido de carbono
(volume de dióxido de carbono)
Taxa de troca respiratória
Volume minuto expirado
Limiar anaeróbico
Ponto de compensação respiratória
Principais variáveis e Equivalentes ventilatórios de
parâmetros analisados no teste
oxigênio e dióxido de carbono
cardiopulmonar de exercício
Ponto ótimo cardiorrespiratório
Eficiência ventilatória para a produção
de dióxido de carbono (slope)
Pressões expiratórias finais de
oxigênio e dióxido de carbono
Eficiência metabólica
Eficiência ventilatória para o
consumo de oxigênio (oxygen
uptake efficiency slope)
Pulso de oxigênio
Eficiência cardiovascular
Métodos de estimação do
limiar anaeróbico e ponto de Método de equivalentes ventilatórios
compensação respiratória
Método V-Slope
Equações e valores de referência

Caso clínico

Conclusão

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■■ BASES FISIOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

AJUSTES METABÓLICOS

O termo metabolismo é utilizado para identificar os processos de intercâmbio gasoso sistêmico.

Durante o exercício ocorre a quebra da homeostase do organismo, com o aumento da demanda


energética da musculatura exercitada. Com isso, fontes de energia devem ser disponibilizadas
para os músculos ativos, de forma a atender essa demanda de maneira adequada.1

Em geral, a energia é oriunda dos chamados complexos fosfatos de alta energia, sendo a
maioria disponível na forma de adenosina trifosfato (ATP). Para sustentar a contração muscular, o
organismo lança mão de uma ou da combinação de mais de uma das seguintes vias metabólicas:

■■ ATP-CP;
■■ via glicolítica;
■■ via oxidativa.

LEMBRAR
Na prática, nenhuma modalidade de atividade utiliza exclusivamente um tipo de via
metabólica. Uma das vias pode predominar em detrimento das outras, dependendo
da intensidade e/ou do tempo de exercício.2,3

A via oxidativa é a mais eficiente na produção de ATP e requer a utilização de oxigênio mitocondrial.
Os carboidratos e ácidos graxos são convertidos a acetil-CoA, que está envolvida na interação
de mecanismos metabólicos: ciclo de Krebs [produzindo dióxido de carbono (CO2) durante o seu
processo] e cadeia de transporte de elétrons mitocondrial, em que o hidrogênio fornecerá energia
para a ressíntese da adenosina difosfato (ADP) em ATP na presença de oxigênio (O2), formando
água como produto final dessa via.1,2,4
A grande vantagem do sistema anaeróbico é que ele independe da disponibilidade de
O2 na mitocôndria e do sistema de transporte, captação e utilização do O2 aos músculos
esqueléticos. A velocidade de formação de ATP é relativamente alta nesse sistema e as
suas reações ocorrem sem a presença de O2, mantendo a contração, porém, por um
período curto de tempo e produzindo ácido lático como produto final.3,4

AJUSTES VENTILATÓRIOS
O sistema respiratório tem como principal função fornecer a devida oxigenação arterial e remover
o CO2 proveniente do metabolismo. A resposta ventilatória ao exercício (VE, em L/min) está
intimamente relacionada aos determinantes do CO2, que são:

■■ taxa metabólica muscular;


■■ estimulação dos centros respiratórios;
■■ fração da ventilação que não realiza troca gasosa (aumento do espaço morto pulmonar).3

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| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


Para atender à demanda ventilatória ao exercício, a bomba ventilatória poderá utilizar
combinações entre o aumento da FR e do volume corrente (VC). Na fase inicial do exercício,
o VC aumenta até 75 a 80% da capacidade inspiratória do indivíduo, sendo uma fase
relativamente curta.

Em um determinado momento, o VC atinge um platô com consequente aumento da FR por


redução do tempo expiratório, para suprir a maior necessidade de retirada do CO2, com a
participação dos quimiorreceptores centrais e periféricos [que avaliam as concentrações
de O2, CO2, hidrogênio (H+) e temperatura] no ajuste fino da resposta ventilatória. Quando
a intensidade do exercício aumenta, o aumento da ventilação é mais relacionado à
necessidade de eliminar CO2 do que fornecer O2.3,4

Em exercício com altas intensidades e/ou extenuante, um aumento desproporcional


da FR com redução do VC pode ser evidenciado para remover o CO2 extra, oriundo do
tamponamento do ácido produzido pela via metabólica anaeróbica.

AJUSTES CARDIOVASCULARES
O débito cardíaco (DC) aumenta de forma linear durante o exercício (5L/min em repouso, para
até 25L/min durante o exercício). Esse aumento é intimamente relacionado ao incremento da
frequência cardíaca (FC), que ocorre quase linearmente ao aumento do VO2.1,3

O volume sistólico (VS) apresenta um rápido incremento nas fases iniciais do exercício (até
35-40% do VO2 máximo), por incremento do retorno venoso e do efeito de Frank Starling.
Paralelamente, a estimulação simpato-adrenérgica aumenta o inotropismo cardíaco, que também
auxilia no aumento do VS. Após esse aumento inicial do VS, o mesmo atinge um platô e o
incremento do DC depende mais do aumento na FC.1,2

O fluxo sanguíneo deve ser direcionado para as áreas ativas do exercício, sendo redirecionado
da área esplâncnico-visceral para os tecidos ativos (músculo, pele e coração), sem reduzir o fluxo
sanguíneo cerebral.1,2 Durante o exercício, os tecidos ativos extraem maior quantidade de O2,
reduzindo o conteúdo venoso de O2, com taxas de extração que podem atingir 85%.2,3

■■ INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
O TCPE tem por objetivo submeter o paciente ao estresse físico programado e personalizado,
com a finalidade de avaliar a resposta clínica/funcional, hemodinâmica, eletrocardiográfica
e metabólica ao esforço. Este exame possibilita ao profissional uma avaliação diagnóstica e
prognóstica das alterações funcionais cardiopulmonares e dos músculos estriados esqueléticos,
além da prescrição de exercícios e da avaliação objetiva dos resultados alcançados na reabilitação
cardiorrespiratória.

O TCPE deve ser sugerido à luz das evidências científicas, com indicações e
contraindicações precisas para que os pacientes possam se beneficiar com os
resultados obtidos.

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As principais indicações e contraindicações para a realização do TCPE estão citadas nos
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

Quadros 1 e 2.5,6
Quadro 1

PRINCIPAIS INDICAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DO TCPE


■■ Indicações
■■ Avaliação da intolerância ao exercício.
■■ Avaliação de aptidão física e prescrição de exercício.
■■ Estratificação funcional e prognóstica para os pacientes com dispneia inexplicada aos esforços.
■■ Estratificação funcional e prognóstica para os pacientes com doenças cardiovasculares.
■■ Estratificação funcional e prognóstica para os pacientes com doenças pulmonares.
■■ Risco pré-operatório e avaliação pós-operatória.
■■ Avaliação para transplante pulmonar, cardíaco ou cardiopulmonar.
■■ Avaliação de evolução funcional de patologias crônicas.

Quadro 2

PRINCIPAIS CONTRAINDICAÇÕES PARA O TCPE


■■ Modificação recente significativa no eletrocardiograma (ECG) de repouso
sugestiva de isquemia significativa, infarto agudo do miocárdio recente (em
até 2 dias) ou outro evento cardíaco agudo.
■■ Angina instável.
■■ Arritmias cardíacas descontroladas que causem sintomas ou comprometimento
hemodinâmico.
Absolutas ■■ Estenose aórtica sintomática grave.
■■ Insuficiência cardíaca sintomática descontrolada.
■■ Embolia pulmonar ou infarto pulmonar agudo.
■■ Miocardite ou pericardite aguda.
■■ Aneurisma dissecante suspeitado ou conhecido.
■■ Infecções sistêmicas agudas acompanhadas por febre, dores pelo corpo ou
linfonodos tumefeitos.
■■ Estenose de artéria coronária esquerda principal.
■■ Doença cardíaca valvular estenótica moderada.
■■ Anormalidades eletrolíticas (hipocalemia, hipomagnesemia, etc.).
■■ Hipertensão arterial grave [pressão arterial sistólica (PAS) > 200mmHg e/ou
pressão arterial diastólica (PAD) > 110mmHg] em repouso.
■■ Taquiarritmias ou bradiarritmias.
■■ Miocardiopatia hipertrófica e outras formas de obstrução no trato de escoamento
do fluxo anterógrado.
■■ Distúrbios neuromusculares, musculoesqueléticos ou reumatoides exacerbados
Relativas pelo exercício.
■■ Bloqueio atrioventricular de alto grau.
■■ Aneurisma ventricular.
■■ Doença metabólica descontrolada (p. ex., diabetes, tireotoxicose ou mixedema).
■■ Doença infecciosa crônica [p. ex., mononucleose, hepatite, AIDS (síndrome da
imunodeficiência adquirida)].
■■ Deficiência mental ou física que resulte em incapacidade de exercitar-se de
forma adequada.

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ATIVIDADE

1. O termo ......... é utilizado para identificar os processos de intercâmbio gasoso


sistêmico.

A) resposta ventilatória.
B) ajuste metabólico.
C) metabolismo.
D) demanda ventilatória.
Resposta no final do artigo

2. Sobre as bases fisiológicas do TCPE, marque V (verdadeiro) e F (falso).

( ) Durante o exercício ocorre a quebra da homeostase do organismo, com o aumento


da demanda energética da musculatura exercitada.
( ) Para sustentar a contração muscular, o organismo lança mão de uma importante
via metabólica: ATP-CP.
( ) A via glicolítica é a mais eficiente na produção de ATP e requer a utilização de O2
mitocondrial.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V – F – V.
B) F – V – F.
C) V – F – F.
D) F – V – V.
Resposta no final do artigo

3. Com relação aos ajustes ventilatórios, quais são os determinantes do CO2?

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

4. Para atender à demanda ventilatória ao exercício, a bomba ventilatória poderá


utilizar combinações entre o aumento da FR e do VC. Na fase inicial do exercício,
o VC aumenta até ........ da capacidade inspiratória do indivíduo, sendo uma fase
relativamente curta.

A) 70-75%.
B) 75-80%.
C) 80-85%.
D) 85-90%.
Resposta no final do artigo

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5. Qual destas é uma contraindicação absoluta à realização do TCPE?
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

A) Estenose de artéria coronária esquerda principal.


B) Anormalidades eletrolíticas.
C) Hipertensão arterial grave em repouso.
D) Modificação recente significativa no ECG de repouso sugestiva de isquemia
significativa.
Resposta no final do artigo

6. Cite quatro indicações para a realização do TCPE.

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

■■ MATERIAIS UTILIZADOS NO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO


O TCPE é uma ferramenta que provê informações diagnósticas e prognósticas, além de avaliar a
capacidade funcional do indivíduo. As instalações de um laboratório de fisiologia do exercício
incluem desde equipamentos muito sofisticados a equipamentos convencionais utilizados no
cotidiano de um centro de reabilitação cardiorrespiratória.

Para a realização do TCPE, além de um ambiente adequado, equipamentos básicos são


necessários para garantir a qualidade do exame, o conforto e a segurança dos pacientes.8

SALA DE TESTE
A sala de teste deve ser grande o suficiente para acomodar todos os equipamentos necessários
para a realização do TCPE, incluindo equipamentos de emergência, além de ter espaço adequado
para permitir a circulação de três profissionais caso precisem ter acesso ao paciente em uma
situação de emergência.8,9 Uma área reservada para o preparo do paciente também é importante,
constando de vestiário e banheiro.

LEMBRAR
O laboratório deve ser adequadamente iluminado, limpo e bem ventilado, com controle
da temperatura, umidade e pressão atmosférica. Assim, termômetro, higrômetro
e barômetro devem ser instalados na sala. Manter uma temperatura apropriada é
importante porque a FC e a percepção de esforço se elevam com o calor. Além disso,
a resposta cardiovascular torna-se variável quando a umidade excede 60% e, assim, a
combinação de calor e umidade interferirá no desempenho máximo.

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De um modo geral, a temperatura deve estar entre 20 e 22ºC e a umidade relativa do
ar entre 50 e 60%. O barômetro auxiliará na calibração do equipamento e, também, na
manutenção da precisão do TCPE.

Durante testes ergoespirométricos, não é desejável a comunicação verbal do paciente com o


examinador, pois esta interfere na coleta dos gases expirados. Assim, sugere-se a utilização de
um pôster que apresente uma escala para a indicação gestual da sensação subjetiva de cansaço.8
Emprega-se, com frequência, uma das escalas propostas por Gunnar Borg, a rating of perceived
exertion (RPE scale), conhecida como “original”, e a category-ratio (CR10 scale), conhecida como
“modificada”.

EQUIPAMENTOS

Ergômetros

Esteira rolante

A esteira deve ser eletronicamente controlada e capaz de suportar cargas de, pelo menos,
150kg. Além disso, deve ter uma variação de velocidade mínima entre 1,6km/h e 12,8km/h, com
inclinação de, pelo menos, 15%. A plataforma de corrida deve ter dimensões mínimas de 127cm de
comprimento por 40cm de largura. Para segurança dos pacientes, faz-se necessária a presença
de suportes laterais e frontais para o apoio em caso de desequilíbrio.

Durante o teste, os pacientes devem ser desencorajados a se apoiarem nas barras,


uma vez que isso pode diminuir a taxa de consumo metabólico. O botão de parada de
emergência deve ser visível e de fácil acesso à equipe e ao paciente.8

Alguns modelos de esteira podem ser vistos nas Figuras 1 A e B.

A B

Figura 1 – A e B) Esteiras rolantes.

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Cicloergômetro
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

O cicloergômetro é uma ferramenta versátil, de menor custo e que oferta mais parâmetros
durante a realização da ergoespirometria. Além disso, é uma alternativa para os pacientes com
problemas ortopédicos, limitações neurológicas e com sobrepeso. É o ergômetro padrão para
realização do TCPE na Europa.

Uma grande vantagem é a possibilidade de mensuração da taxa de trabalho [do inglês work
rate (WR)], em watts, o que proporciona uma informação importante sobre respiração externa
em relação à celular (∆VO2/∆WR – será discutido posteriormente). Na avaliação em esteira, este
dado é impreciso porque a WR em watts é estimada.

Os cicloergômetros podem ser de dois tipos: os de frenagem eletrônica e os de frenagem


mecânica. Estes últimos necessitam de uma rotação específica para manter a WR constante. Os
cicloergômetros com frenagem eletrônica são mais caros, mas ajustam, de forma automática, a
resistência interna para manter uma WR constante, independe da taxa de rotação. Assim, esse
tem sido o ergômetro padrão para a realização do TCPE.

Independente do tipo de cicloergômetro utilizado, este deve ser passível de ajuste tanto
da WR quando do incremento, de forma automática ou manual. O cicloergômetro deve
possibilitar regulagem da altura do selim, bem como da distância horizontal, além dos
ajustes do guidão tanto na horizontal como na vertical. O display com as informações
geradas pela pedalada deve ter tamanho apropriado e disposto em posição de fácil
leitura.8

Dois modelos de cicloergômetros são apresentados nas Figuras 2 A e B.

A B

Figura 2 – A e B) Cicloergômetros.

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| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


Monitor eletrocardiográfico
O eletrocardiograma (ECG), com um adequado sistema de gravação, é essencial para a
monitoração contínua do ritmo cardíaco e para a avaliação de alterações eletrocardiográficas
isquêmicas durante o exercício e na recuperação. Existe no mercado uma gama de equipamentos
que variam em relação à complexidade e à precisão dos registros. O mais importante é saber se
estes se encontram dentro das especificações recomendadas.6

A utilização de eletrodos adequados tem um papel importante na qualidade do sinal


gerado. Os eletrodos de cloridrato de prata são os mais recomendados para diminuir os
artefatos e estão disponíveis em diversos tamanhos e em material adesivo. Entretanto,
a preparação da pele não pode ser negligenciada, independentemente da utilização de
eletrodos adequados.

Um tempo a mais despendido com a preparação da pele (tricotomia, limpeza e abrasão) irá resultar
em registros mais precisos. O posicionamento dos eletrodos de forma acurada e reprodutível
também ajudará a garantir a padronização do ECG. Além disso, cabos leves e blindados
suspensos de forma adequada irão proporcionar menos artefatos.

Esfigmomanômetro
A aferição da pressão arterial durante o exercício pelo método auscultatório ainda é a mais
simples e adequada para a sua monitoração. Existe uma variedade de equipamentos para a
mensuração automática da pressão arterial, mas estes dispositivos são mais caros e podem
realizar medidas erradas durante exercícios intensos em virtude da movimentação do avaliado.
Além disso, as medidas de pressão diastólicas podem não ser acuradas quando realizadas de
maneira automática. O laboratório deve ter manguitos de diferentes tamanhos, variando de 27 a
52cm, para atender desde crianças a adultos obesos.

O esfigmomanômetro deve ser periodicamente calibrado e o manguito deve ter o tamanho


adequado para cada indivíduo. Durante a mensuração, o manguito deve ser posicionado
ao nível do coração. Assim como os outros equipamentos, o esfigmomanômetro e o
manguito devem ser inspecionados e limpos regularmente.8

Transdutores
Os transdutores para os testes de esforço são basicamente de dois tipos: a fluxo ou a volume.
Contudo, uma vez que a integração numérica pode ser empregada para calcular e corrigir a
relação não linear entre fluxo e volume por meio de microprocessadores, a escolha do tipo de
transdutor deixou de ser relevante.

LEMBRAR
Os transdutores utilizados para a realização do TCPE devem ser leves, ter pouco
espaço morto e baixa resistência nas variações de fluxo encontradas durante os
esforços. Além disso, não devem sofrer interferência ao efeito do vapor de água ou
da saliva, que podem se acumular durante o teste.

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Medidas acuradas dos parâmetros ventilatórios e metabólicos obtidos durante o TCPE são
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criticamente dependentes da precisão do sensor de fluxo do transdutor. Por essa razão, uma
calibração adequada é essencial e o software deve disponibilizar métodos fáceis, tanto para
mudanças nos fatores de calibração quanto para a verificação da precisão da calibração realizada
antes de cada teste. Os transdutores devem preencher os critérios de qualidade que estão
estabelecidos na literatura.10-12

LEMBRAR
Além da classificação dos transdutores em “a fluxo” ou “a volume”, estes são
descritos classicamente em quatro tipos: pneumotacógrafo, sensor de massa de
fluxo, tubo de Pitot ou transdutor de turbina. Informações mais detalhadas podem
ser encontradas no Guideline da American Thoracic Society (ATS).6

Analisadores de gases
Atualmente, dois tipos de analisadores são utilizados com mais frequência:

■■ espectrômetro de massa (padrão-ouro), o qual é capaz de mensurar todos os gases


respiratórios, isto é, CO2, O2 e nitrogênio (N2);
■■ analisadores isolados de O2 e CO2.

Alguns modelos de analisadores de gases são apresentados nas Figuras 3 A e B.

A B
Figura 3 – A e B) Analisadores de gases.
Fonte: Inbrasport (2014) 13 e Compek Medical Services (c2010). 14

A dinâmica de resposta dos analisadores tem dois componentes separados: o atraso de


transporte (tempo necessário para o gás atravessar a distância entre o sítio de amostra e o
analisador) e a resposta do analisador (a resposta cinética para a mudança na composição do gás
introduzida no analisador).

O tempo dos dois componentes da dinâmica de resposta dos analisadores deve


ser mantido o mais curto possível. Uma preocupação adicional é a sensibilidade do
analisador à pressão parcial do vapor de água na amostra do gás, pois a pressão parcial
do vapor de água pode ser difícil de ser predita e isso pode ser uma fonte substancial de
erro nos cálculos da taxa metabólica.

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| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


O espectrômetro de massa ioniza as moléculas de gás em ambiente de vácuo e, então, as separa
com base na massa em razão da carga. Assim, é possível mensurar a quantidade dos gases.
Estes analisadores são lineares, altamente estáveis, com característica de resposta rápida (tempo
médio de 50 milissegundos), e são configurados para ignorar o vapor de água, analisando apenas
a fração seca de gás. Entretanto, o alto custo dos espectrômetros de massa tem inibido a sua
utilização para o uso comercial do TCPE.6

Os distintos analisadores de O2 e CO2 separados ao longo do tempo foram adaptados para a


realização dos TCPE. Os analisares de CO2 mais comuns fazem a mensuração fundamentados
na absorção do feixe de luz infravermelho pelo CO2. Os analisadores de O2 empregam comumente
os princípios paramagnéticos e eletroquímicos. Estes analisadores apresentam desvantagens
potenciais.

LEMBRAR
Os resultados dos analisadores comumente não apresentam uma função linear da
concentração de gás e o computador precisa fazer a correção.

A sensibilidade dos analisadores ao vapor de água tem sido contornada utilizando tubo de
amostragem (polímero Nafion) que absorve a água. Portanto, o gás que alcança o analisador
contém pequena quantidade de vapor de água. Uma falha no processo de secagem do gás pode
ser uma fonte de erro na mensuração do VO2 e da produção de dióxido de carbono (VCO2).6

Oxímetro de pulso
Durante o TCPE deve ser realizada a monitoração contínua da saturação periférica de O2,
sendo este dado muito relevante, principalmente para avaliar o impacto das doenças pulmonares
no desempenho físico.

Para saber mais:

O oxímetro detecta a variação na transmissão da luz em dois comprimentos de onda


diferentes que ocorrem com o pulso arterial na extremidade (dedo ou lobo da orelha). O O2
e a hemoglobina reduzida produzem diferentes formatos de onda e, dessa forma, é possível
estimar a saturação arterial de O2. Em geral, a oximetria de pulso tem boa acurácia, com
variação de ± 4%. A medida é menos acurada em valores abaixo de 88%, o que pode ser
exacerbado em pacientes negros.

Alguns estudos relatam uma tendência de hiperestimação da saturação de pulso de oxigênio


(SpO2) na oximetria. Porém, em casos de baixa perfusão nas extremidades, a leitura pode estar
prejudica. A garantia de qualidade dos oxímetros de pulso deve incluir a validação das medidas
com base na pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2).

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EQUIPAMENTOS E MEDICAMENTOS PARA SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

Embora seguro, o TCPE apresenta riscos potenciais, ainda que raros. Todo o laboratório de exercício
deverá ter um plano de emergência estabelecido, baseado nos protocolos universalmente aceitos da
American Heart Association para suporte básico e avançado de vida. Até mesmo a forma como serão
removidos os pacientes instáveis para um hospital adequado deverá estar prevista nesse plano.

Todos os profissionais alocados no laboratório de exercício devem estar adequadamente


treinados para situações de emergência.

Os Quadros 3 e 4 listam os equipamentos e as medicações de emergência indispensáveis em


qualquer laboratório de exercício.9
Quadro 3

EQUIPAMENTOS DE EMERGÊNCIA OBRIGATÓRIOS NO


LABORATÓRIO DE FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO9
Equipamentos e insumos
■■ Cardioversor/desfibrilador portátil.
■■ Cilindro de O2.
■■ Máscara de Venturi.
■■ Cânula nasal, máscara para macronebulização.
■■ Laringoscópio (cabo e pelo menos uma lâmina curva e uma lâmina reta).
■■ Mandril.
■■ Tubos para entubação orotraqueal de diferentes tamanhos.
■■ Ambu.
■■ Escalpes, jelcos, seringas e agulhas para administração de medicamentos.
■■ Esparadrapo.
■■ Aspirador (portátil).
■■ Equipamentos de proteção individual (luvas, óculos e máscara).

Quadro 4

MEDICAÇÕES INDISPENSÁVEIS NO LABORATÓRIO DE


FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO9
■■ Adenosina.
■■ Amiodarona.
■■ Atropina.
■■ Adrenalina.
■■ Procainamida.
■■ Verapamil.
■■ Dopamina.
■■ Dobutamina.
■■ Lidocaína.
■■ Nitroglicerina (sublingual ou spray).
■■ Broncodilatadores.
■■ Soro fisiológico a 0,9%.
■■ Solução de glicose a 25 ou 50%.

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59

| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


ATIVIDADE

7. Com relação aos materiais utilizados no TCPE, marque V (verdadeiro) e F (falso).

( ) O TCPE é uma ferramenta que provê basicamente informações diagnósticas, além


de avaliar a capacidade funcional do indivíduo.
( ) As instalações de um laboratório de fisiologia do exercício incluem desde
equipamentos muito sofisticados a equipamentos convencionais utilizados no
cotidiano de um centro de reabilitação cardiorrespiratória.
( ) Para a realização do TCPE, além de um ambiente adequado, equipamentos básicos
são necessários para garantir a qualidade do exame, o conforto e a segurança dos
pacientes.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V – F – V.
B) F – V – F.
C) V – V – F.
D) F – V – V.
Resposta no final do artigo

8. Sobre a sala de teste, é correto afirmar que

A) deve ser grande o suficiente para acomodar, pelo menos, metade dos equipamentos
necessários para a realização do TCPE.
B) deve oferecer espaço suficiente para acomodar um equipamento de emergência de
escolha do profissional que realizará o teste.
C) deve permitir a circulação de um profissional caso precise ter acesso ao paciente em
situação de emergência.
D) deve ter uma área reservada para o preparo do paciente, como vestiário e banheiro.
Resposta no final do artigo

9. Sobre o TCPE, a resposta cardiovascular torna-se variável quando a umidade excede

A) 50%.
B) 55%.
C) 60%.
D) 65%.
Resposta no final do artigo

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60
10. O aparelho que mede a umidade relativa do ar é o:
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

A) termômetro.
B) anemômetro.
C) higrômetro.
D) barômetro.
Resposta no final do artigo

11. De um modo geral, a temperatura da sala de teste deve estar entre:

A) 18 e 20ºC.
B) 20 e 22ºC.
C) 22 e 24ºC.
D) 24 e 26ºC.
Resposta no final do artigo

12. Por que, durante testes ergoespirométricos, não é desejável a comunicação verbal
do paciente com o examinador?

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

13. Quais especificações técnicas da esteira rolante devem ser levadas em consideração
para que o paciente realize um teste sem riscos?

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

14. Sobre os transdutores, é correto afirmar o seguinte:

A) os transdutores para os testes de esforço são basicamente de dois tipos: a fluxo ou


a volume.
B) os transdutores utilizados para a realização do TCPE devem ser leves, ter pouco
espaço morto e baixa resistência nas variações de fluxo encontradas durante os
esforços.
C) os transdutores utilizados para a realização do TCPE não devem sofrer interferência
ao efeito do vapor de água ou da saliva que podem se acumular durante o teste.
D) Todas as alternativas estão corretas.
Resposta no final do artigo

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61
■■ PREPARAÇÃO PARA O TESTE

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PREVIAMENTE AO EXAME
O paciente deve receber instruções pelo menos um dia antes do teste, contendo informações
sobre alimentação, vestuário, medidas de higiene e utilização de medicamentos. As refeições
maiores devem ser evitadas pelo menos três horas antes do teste. As roupas devem ser
confortáveis e folgadas e o calçado deve ser adequado para o ergômetro. As instruções quanto à
utilização ou suspensão de medicamentos devem seguir as orientações do profissional solicitante
do exame. No dia do exame, a utilização dos medicamentos deve ser anotada.8

DIA DO EXAME

Assinatura do termo de consentimento e instruções ao paciente


Como parte do processo de instrução, a assinatura do termo de consentimento deve ser obtida
sob a orientação de pessoal que possa descrever acuradamente o teste e os riscos potenciais.

Para otimizar o valor diagnóstico do teste, a cooperação do paciente é essencial. Na


maioria dos casos, um paciente bem informado realizará um esforço máximo e, assim,
proporcionará informações necessárias para uma boa interpretação.

Uma explicação adequada do profissional sobre a segurança do TCPE, os procedimentos de


monitoração utilizados e a importância dos dados que serão obtidos podem diminuir a ansiedade
dos pacientes. As instruções específicas devem ser dadas sobre como será realizado o teste,
bem como o protocolo de esforço utilizado. Por fim, todas as perguntas do paciente devem ser
respondidas antes de iniciar o exame.8

Preparação do paciente
A preparação da pele (limpeza e abrasão) deve ser realizada em todos os avaliados. Além disso,
os pacientes com pelos no tórax devem ser tricotomizados previamente à fixação dos eletrodos.

A escolha da interface adequada (bucal ou máscara) para a captação dos gases pode
fazer toda a diferença no resultado do exame.

A ingestão de pequena quantidade de água antes do início do teste pode gerar menos
ressecamento oral e tornar o teste menos desconfortável. Assim, somente após a confirmação de
que a interface está bem ajustada e confortável o teste deve começar.8

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62
■■ PRINCIPAIS PROTOCOLOS
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

Existem diversos protocolos que podem ser utilizados para a realização do teste ergoespirométrico,
e a escolha do protocolo deve levar em consideração a característica da população, o nível de
aptidão física e a especificidade do exercício. A ATS e o American College of Chest Physicians
(ACCP) resumiram, em seu Guideline, 6os diversos protocolos existentes de forma didática,
considerando a forma com que a carga/esforço é aplicada, sendo estas:

■■ protocolo de exercício progressivo incremental – protocolos de rampa com incremento a cada


minuto ou contínuo;
■■ protocolo de exercício de estágios – incrementos de carga a cada 2 a 3 minutos, com um
“pseudo”período de estabilização em cada nível;
■■ protocolo de carga constante – utiliza a mesma carga, comumente por 5 a 30 minutos;
■■ protocolos descontínuos – consiste em períodos curtos (3-4 minutos) de carga constante,
separados por períodos de repouso.

A escolha do protocolo utiliza como critério principal a capacidade cardiorrespiratória estimada


do paciente, tendo como base a sua história pregressa. Os pacientes com maior independência
devem utilizar protocolos com maiores incrementos, enquanto aqueles com redução da capacidade
cardiorrespiratória devem realizar protocolos com menores incrementos por carga ou maior tempo
de estabilização entre as fases (Tabela 1).

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63

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Tabela 1

EXEMPLOS DE PROTOCOLOS DE ERGOMETRIA EM


CICLOERGÔMETRO E ESTEIRA ERGOMÉTRICA
Cicloergômetro Esteira ergométrica

Bruce (3min/estágio)

Rampa

Rampa de Bruce

1Mph 1min/estágio
Balke (% inclinação)

(1min/estágio)
Balke modificado

(1min/estágio)
Naughton modificado % Inclinação
Carga (kgf/min)

Carga (watts)

Velocidade (mph)

% Inclinação

Velocidade (mph)

% Inclinação

Velocidade (mph)

% Inclinação

25

Velocidade (mph)

% Inclinação

Velocidade (mph)
1.500 245 5,5 20 3 25 5,6 20 25 3 25 3 25
1.350 221 5 18 3 24 5,6 19 25 3 22,5 3 22,5
1.200 197 4,2 16 3 23 5,3 18 23 3 20 3 20
1.050 172 3,4 14 3 22 5 18 22 3 17,5 3 17,5
900 148 2,5 12 3 21 4,8 17 21 3 15 3 15
750 123 1,7 10 3 20 4,5 16 20 3 12,5 3 12,5
600 96 3 19 4,2 16 19 3 10 3 10
450 74 3 18 4,1 15 18 3 7,5 3 7,5
300 49 3 17 3,6 14 17 3 5 2 10,5
150 24 3 16 3,4 14 16 3 2,5 2 7
3 15 3,1 13 15 3 0 2 3,5
3 14 2,6 12 14 2 0 1,5 0
3 13 2,5 12 13 1 0
3 12 2,3 11 12
3 11 2,1 10 11
3 10 1,7 10 10
3 9 1,3 5 9

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64
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

LEMBRAR
O tempo adequado para a manutenção de um protocolo tem sido considerado entre
8 a 12 minutos,15,16 pois, neste período, a maioria dos sujeitos alcança o seu maior
valor de VO2.17

Quanto à escolha dos ergômetros, o cicloergômetro apresenta vantagens em relação à melhor


estabilização, maior facilidade para a obtenção de dados cardiovasculares, como pressão arterial
e ECG. Como desvantagens, pode mais facilmente desencadear fadiga muscular precoce em
pacientes com redução da capacidade funcional, em especial para os exercícios de membros
inferiores, além de determinar consumo máximo de oxigênio (VO2máx) com valores 10 a 20%
inferiores àqueles obtidos no teste em esteira ergométrica.15

A esteira ergométrica parece ser mais amplamente utilizada em países primariamente


americanos, além de se caracterizar como um exercício mais global. Além disso, o VO2máx obtido
nesta modalidade é mais próximo do valor real. Quanto às limitações, a esteira apresenta maiores
dificuldades para aquisição de dados cardiovasculares e pode ser de difícil execução para os
pacientes com dificuldade de deambulação.

PROTOCOLOS EM ESTEIRA ERGOMÉTRICA


Os protocolos em esteira ergométrica têm a sua carga de trabalho graduada em % de inclinação
e velocidade (em km/h ou mph), em que 1mph x 26,8 = velocidade em m/min, e 1km/h x 16,7 =
velocidade em m/min.

Protocolo de exercício de estágios


Entre os protocolos em estágio utilizados para a avaliação da capacidade cardiorrespiratória, o
protocolo de Bruce18 é o mais utilizado; entretanto, a sua carga inicial estimada em 5 METS
(equivalente a 5 x 3,5mL de O2/kg/min) pode ser excessiva para os pacientes com disfunção
moderada. Além disso, as fases do protocolo possuem longa duração (3 minutos), podendo induzir
à estabilização durante o exercício, o que pode interferir na qualidade do VO2máx atingido.15,19

Os protocolos com redução da carga inicial (Bruce modificado) ou o tempo entre as


fases (2 minutos) (Naughton, Balke e Weber) são mais utilizados nos pacientes com
baixa capacidade física (ver Tabela 1).

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Exemplos de protocolos de exercício em estágios são encontrados na Figura 4.

PROTOCOLO DE BALKE MODIFICADO PROTOCOLO DE WEBER


(HARBOR)
24 24
22
20
20 20
Velocidade em mph 18
16
16 2%/min 16 15
14
Inclinação (%)

12,5
12 12 10,5 1,0

8 8 7 7,5
1%/min

4 4 3,5

1 3,5
0 Velocidade constante 0

0 4 8 12 16 20 24 28 0 4 8 12 16 20 24 28
TEMPO (min) TEMPO (min)

Figura 4 – Protocolos de exercício em estágios.


Fonte: Neder e Nery (2002).1

Protocolo de rampa
O protocolo de rampa tem início com cargas mínimas e incremento contínuo de velocidade e/
ou de inclinação em intervalos de tempo constantes e reduzidos (de 1 a 60 segundos). A taxa de
incremento é definida a partir dos dados de capacidade física do sujeito a ser avaliado, a fim de
que o protocolo leve-o à exaustão em um período de tempo aproximado de 10 minutos.

PROTOCOLOS EM CICLOERGÔMETRO
Os protocolos em cicloergômetro têm a sua carga de potência quantificadas em watts (W), ou
kilogramametro/min (kgm/min), em que 1W = 6,12kgm/min.

Rampa
Os protocolos de rampa em cicloergômetro são os mais utilizados em pacientes com limitação
funcional. Utiliza-se, em geral, carga inicial entre 0 e 25W, sendo esta incrementada em taxas que
variam de 5 a 25W/min, até a exaustão.7,15

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66
Carga constante
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

Os protocolos de carga constante em cicloergômetro têm como finalidade principal a avaliação


da cinética de variáveis, como o VO2 e a FC na transição do repouso ao exercício em diferentes
intensidades de esforço. Independente da finalidade, sugere-se que a carga seja ajustada como
um percentual da potência máxima alcançada em TCPE incremental previamente realizado.

Exemplos de protocolos de carga incremental e constante são encontrados na Figura 5.

Protocolo Incremental Protocolo de Carga Constante


300 30 W/min 300

20 W/min Até o limite da


tolerância (Tlim)

10 W/min

0 0
10min 6min

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
TEMPO (min) TEMPO (min)

Figura 5 – Protocolos de carga incremental e constante.


Fonte: Neder e Nery (2002).1

ATIVIDADE

15. Sobre a preparação para o teste, é correto afirmar que

A) o paciente deve receber instruções 12 horas antes do teste.


B) o paciente precisa receber informações somente sobre alimentação e vestuário.
C) as refeições maiores devem ser evitadas pelo menos 1 hora antes do teste.
D) as roupas devem ser confortáveis e folgadas, e o calçado deve ser adequado para
o ergômetro.
Resposta no final do artigo

16. Que medidas podem ajudar a minimizar a ansiedade do paciente antes do TCPE?

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

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17. A respeito da preparação do paciente para o teste, marque V (verdadeiro) e F (falso).

( ) A preparação da pele deve ser realizada em todos os avaliados.


( ) Os pacientes com pelos no tórax devem ser tricotomizados previamente à fixação
dos eletrodos.
( ) A ingestão de grande quantidade de água antes do início do teste é indicada, pois
pode gerar menos ressecamento oral e tornar o teste menos desconfortável.
( ) A escolha da interface adequada (bucal ou máscara) para a captação dos gases
pode fazer toda a diferença no resultado do exame.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) V – V – F – V.
B) F – F – V – V.
C) V – F – V – F.
D) V – V – F – F.
Resposta no final do artigo

18. Existem diversos protocolos que podem ser utilizados para a realização do teste
ergoespirométricom, e a escolha do protocolo deve levar em consideração a
característica da população, o nível de aptidão física e a especificidade do exercício.
Nesse sentido, correlacione as colunas a partir da forma com que a carga/esforço é
aplicada.

(1) Protocolo de exercício progressivo ( ) Consiste em períodos curtos (3


incremental a 4 minutos) de carga constante,
(2) Protocolo de exercício de estágios separados por períodos de repouso.
(3) Protocolo de carga constante ( ) Protocolos de rampa com incremento
(4) Protocolos descontínuos a cada minuto ou contínuo.
( ) Incrementos de carga a cada 2 a 3
minutos, com um “pseudo”período de
estabilização em cada nível.
( ) Utiliza a mesma carga, comumente
por 5 a 30 minutos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) 1 – 2 – 4 – 3.
B) 4 – 1 – 2 – 3.
C) 2 – 3 – 4 – 1.
D) 3 – 4 – 2 – 1.
Resposta no final do artigo

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68
19. O tempo adequado para a manutenção de um protocolo tem sido considerado entre
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

............, pois, neste período, a maioria dos sujeitos alcança o seu maior valor de VO2.

A) 2 e 8 minutos.
B) 8 e 12 minutos.
C) 12 e 20 minutos.
D) 20 e 26 minutos.
Resposta no final do artigo

20. Qual protocolo é realizado em esteira ergométrica, iniciando com cargas equivalentes
a 5 METS e incrementos a cada 3 minutos?

A) Rampa.
B) Carga constante.
C) Naughton.
D) Bruce.
Resposta no final do artigo

■■ PRINCIPAIS VARIÁVEIS E PARÂMETROS ANALISADOS


NO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

POTÊNCIA OU TAXA DE TRABALHO

A potência ou WR representa a quantidade de trabalho que é realizada pelo paciente


durante o período de tempo do teste.

Em geral, a potência é expressa em watts (1W = 1J/s ou 1Nm/s). O valor da taxa de incremento
proposta para o protocolo pode influenciar diretamente na WR atingida ao final do teste. Os
protocolos com incrementos excessivamente rápidos ou excessivamente lentos podem levar a
potências máximas diferentes para o mesmo indivíduo. 1,6,20-24

CONSUMO DE OXIGÊNIO
Calculado como a diferença de O2 inspirado e expirado, o VO2 é determinado pela
demanda celular de O2 até um nível em que seja equivalente à taxa de transporte de O2,
sendo medida de forma absoluta (mL/min ou L/min) ou em função da massa corporal
(relativa) (mL/kg/min).

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| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


Analisando a equação de Fick: VO2 = DC x (CaO2 – CvO2), são fatores que influenciam no VO2:

■■ volume de O2 extraído do ar inspirado pela ventilação pulmonar;


■■ capacidade de transporte de O2 (hemoglobina disponível, saturação arterial de O2 e mudanças
na curva de dissociação de hemoglobina por temperatura, gás carbônico e pH);
■■ função cardíaca (FC e VS);
■■ redistribuição do fluxo sanguíneo periférico;
■■ capacidade de extração pelos tecidos (densidades capilar e mitocondrial, adequada perfusão
e difusão tecidual).

O VO2max é determinado quando o aumento da carga de trabalho não consegue mais promover o
aumento no VO2, havendo, então, um platô na curva de incremento do VO2. Este platô, na prática,
é representado por variação do VO2 menor do que o previsto para a carga de trabalho imposta.

LEMBRAR
Valores menores do que 150mL/min ou, ainda, mais baixos (< 50mL/min) são
encontrados na literatura. Estas diferenças em relação ao critério para a identificação
do platô podem ser justificadas pelo protocolo escolhido ou, ainda, pela massa
corporal do sujeito avaliado.25

O VO2max é o melhor índice para determinação de capacidade aeróbica e padrão-ouro


para a determinação de aptidão cardiorrespiratória, representando o nível máximo de
metabolismo oxidativo envolvendo grandes grupos musculares.

Em situações clínicas, a obtenção de um platô de VO2 nem sempre é possível antes que os
sintomas limitem o exercício. Consequentemente, o pico de consumo de oxigênio (VO2pico) é
utilizado com frequência como referência ao VO2max. O VO2pico é o valor mais alto de VO2 atingido
em um teste de carga incremental.

PRODUÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO (VCO2)

A VCO2 pode ser definida como o volume de CO2 adicionado ao ar inspirado pela
ventilação pulmonar em um determinado período de tempo. Calculado, portanto,
como a diferença entre o volume de CO2 inspirado e expirado.

Em geral, a produção de CO2 é expressa em L/min ou mL/min. A VCO2 durante o esforço é


determinada por fatores similares aos que governam o VO2, como o DC, a capacidade de transporte
do gás carbônico do sangue e a difusão tecidual. Porém, como o CO2 é mais solúvel nos tecidos e
no sangue do que o O2, a VCO2 medida na boca é mais dependente da ventilação do que o VO2.

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70
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

LEMBRAR
O VCO2 será maior quanto mais elevada for a ventilação alveolar para uma dada
taxa de produção periférica de CO2 (hiperventilação) e/ou maior for a contribuição
anaeróbia para a geração de ATP, uma vez que mais lactato será tamponado e,
portanto, mais CO2 liberado por unidade de tempo.

Os valores isolados de VCO2, tanto no exercício máximo como submáximo, apresentam escassa
importância prática; porém, quando relacionados dinamicamente ao VO2 e à ventilação, fornecem
importantes informações quanto à detecção não invasiva do limiar de lactato e à adequação da
resposta ventilatória para a demanda metabólica periférica.

TAXA DE TROCA RESPIRATÓRIA

A taxa de troca respiratória [do inglês respiratory exchange rate (R ou RER)] reflete
a razão entre a VCO2 e o VO2 medidos no ar expirado (VCO2/VO2).

Os valores de R indicam diferentes fontes de substratos metabólicos:

■■ valores de R maiores do que 1,0 indicam metabolismo primariamente com “queima” de


carboidratos;
■■ valores de R menores do que 1,0 indicam metabolismo com mistura de “queima” de carboidratos
e lipídios (R ~ 0,7) ou proteínas (R ~ 0,8).

O valor de R será maior quanto mais rápido for o incremento da carga para o nível de aptidão do
indivíduo e/ou maior for a utilização de carboidratos na mistura de substratos sendo metabolizada
(mais CO2 é liberado por ATP regenerado quando a mistura sendo “queimada” é rica em carboidratos).

VOLUME MINUTO EXPIRADO

O volume minuto expirado (VE) constitui o volume de ar exalado por minuto (L/min).

O VE atingido no ponto de tolerância máxima ao exercício incremental (VEmáx) depende


fundamentalmente da taxa de aumento do VCO2 e da concentração de hidrogênio, ou seja, da
própria intensidade de exercício realizada. Logo, o VEmáx será maior em homens e indivíduos
jovens, variando, ainda, de acordo com a massa corporal e a estatura.

Todavia, também é importante considerar o VE em relação ao máximo teórico de acordo com as


condições mecânicas da bomba ventilatória, ou seja, em relação à ventilação voluntária máxima
(VVM) estimada ou obtida. Assim, pode-se determinar a reserva ventilatória, sendo esta a
diferença entre a taxa máxima de ventilação que um indivíduo pode teoricamente atingir (VVM) e
a taxa ventilatória realmente atingida (VEmáx).

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71

| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


LIMIAR ANAERÓBICO

O limiar anaeróbico (LA), também conhecido como limiar de lactato, limiar ácido lático,
limiar de troca gasosa ou limiar ventilatório, é considerado um estimador da ocorrência de
acidose metabólica, em que o metabolismo aeróbio é complementado pelo metabolismo
anaeróbico, com a finalidade de suprir a demanda cardiorrespiratória, e é refletido pelo
aumento de lactato e da relação lactato/piruvato no sangue arterial e músculo.

O LA ocorre quando há perda do paralelismo entre a resposta do VO2 e do VCO2 em um


determinado ponto do exercício incremental (Figura 6). Esta condição deve-se à liberação adicional
de CO2, resultante da dissociação do ácido carbônico, formado a partir do tamponamento do
lactato pelo bicarbonato sanguíneo. Este “extra-CO2”, então, adiciona-se ao CO2 que está sendo
produzido pela via aeróbia, o que causa aumento da ventilação para “lavar” o CO2 produzido. Os
métodos para a determinação do LA serão discutidos posteriormente.

L/min
4

V CO2 (●)

V O2 (○)
3

2 LA

0
0 3 6 9 12 15 18
Tempo (min)
Figura 6 – LA.
Fonte: Wasserman e colaboradores (2012).21

PONTO DE COMPENSAÇÃO RESPIRATÓRIA


Quando ocorre o LA e o extra-CO2 produzido pelo tamponamento do ácido láctico eleva a VCO2,
a ventilação aumenta proporcionalmente à VCO2. Por um período variável, a relação ventilação e
VCO2 mantém-se estável no assim chamado período de tamponamento isocápnico.

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72
Finalmente, após um período (o qual será menor quanto mais rápida for a taxa de incremento da
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

carga, maior a sensibilidade dos receptores carotídeos ao pH e mais baixo o ponto de ajuste do CO2),
a resposta hiperventilatória à acidose metabólica se inicia para promover a alcalose respiratória
compensatória, caracterizando o chamado ponto de compensação respiratória (PCR) (Figura 7).

170 VE
160
Ponto de
150
140 Compensação
130 Respiratória
120
110
100
90
l(min)

80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 5 10
t(min)

Figura 7 – PCR.
Fonte: Ramos e colaboradores. (2013).31

EQUIVALENTES VENTILATÓRIOS DE OXIGÊNIO E DIÓXIDO DE CARBONO

Os equivalentes ventilatórios de O2 e CO2 tratam-se das razões entre a taxa


ventilatória instantânea (VE) e, respectivamente, o VO2 e a produção de CO2. Estes
valores dão uma boa ideia da relação ventilação/perfusão pulmonar.

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73

| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


O comportamento fisiológico dos equivalentes ventilatórios é uma queda hiperbólica em seus
valores no início do exercício até os seus valores mais baixos (nadir), próximo ao LA. Então, há uma
elevação de seus valores até o limite máximo do exercício (Figura 8). Esta elevação dos valores após
o LA se dá por aumento da ventilação em virtude da acidose metabólica. Os valores elevados dos
equivalentes no exercício moderado sugerem aumento do espaço morto ou hiperventilação.

L/min
70
○ ○
VE/ V CO2 (●)
○ ○
60 VE/ V O2 ( ○)

50
LA
40

30

20

0 3 6 9 12 15 18

Tempo (min)
Figura 8 – Equivalentes ventilatórios de O2 e CO2.
Fonte: Wasserman e colaboradores (2012).21

PONTO ÓTIMO CARDIORRESPIRATÓRIO


O comportamento típico dos equivalentes ventilatórios em um exercício incremental possui um
formato em “U”, caracterizado por níveis subótimos de eficiência no repouso e em esforços muito
intensos e uma maior eficiência em níveis submáximos de exercício.

Entre as medidas ventilatórias obtidas durante um exercício incremental, permanece por


ser mais bem explorado o valor mínimo do equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2
mínimo), ou seja, o valor mais baixo dessa variável em um dado momento de um TCPE
realizado em protocolo de rampa.

Em teoria, o momento em que ocorre o VE/VO2 mínimo representa a melhor relação ou integração
entre os sistemas respiratório e cardiovascular ou ventilação-perfusão, podendo ser denominado
ponto ótimo cardiorrespiratório (POC).

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74
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

O POC corresponde ao momento durante o exercício incremental em que há a


menor ventilação para que seja consumido um litro de O2.

Uma característica importante do POC é que, ao contrário da grande maioria de outros índices
ou variáveis ventilatórias obtidas ou calculadas no TCPE, para a sua obtenção não é necessária
a realização de um esforço máximo. Hipoteticamente, o POC é muito menos dependente do
avaliador e, muito provavelmente, da escolha do protocolo ou da razão incremental do esforço,
proporcionando, assim, maior facilidade e precisão para a sua determinação.

EFICIÊNCIA VENTILATÓRIA PARA A PRODUÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO


Um aumento adequado na ventilação alveolar é primordial para a “eliminação” do CO2 produzido
pelo metabolismo. Durante o exercício, a ventilação para uma dada quantidade de CO2 produzido
é inversamente relacionada com a pressão arterial de gás carbônico (PaCO2) e com a relação
espaço morto (Vd)/volume corrente (Vt), então tem-se:

VE 1
=
VCO2
PaCO2 [1 – ( VdVt ( ]

Clinicamente, maiores valores de taxa de variação (slope) da VE/VCO2 podem ser taxados como
ineficiência ventilatória, ou seja, uma resposta ventilatória maior do que a esperada para uma
dada demanda metabólica. A taxa de variação da ventilação em relação ao CO2 será maior
quanto maior for o “desperdício” ventilatório no espaço morto (seja porque o VC não aumenta
satisfatoriamente e/ou o espaço morto fisiológico eleva-se) e/ou mais baixo for o ponto de ajuste
do CO2 (porque é preciso ventilar mais para manter um CO2 já baixo).

LEMBRAR
Quanto menor o VE/VCO2 slope, maior a eficiência ventilatória.

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75

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PRESSÕES EXPIRATÓRIAS FINAIS DE OXIGÊNIO E DIÓXIDO DE CARBONO

As pressões expiratórias finais de O2 e CO2 (PEFO2 e PEFCO2) constituem-se nos


valores da pressão parcial dos gases respiratórios na porção final da expiração, ou
seja, após o ar do espaço morto anatômico – o qual é “contaminado” com o ar da
inspiração anterior – ter sido exalado (PEFO2 e PEFCO2, em mmHg).

As pressões expiratórias finais podem representar, de forma razoável, as pressões alveolares


médias de O2 e CO2 em indivíduos normais, mas não em pacientes com acentuados desequilíbrios
da relação ventilação/perfusão. Uma aplicação prática das pressões expiratórias finais é a
análise dos valores de PEFCO2 ao nível do LA como indicativo da integridade da vasculatura
pulmonar, uma vez que se necessita de uma rede íntegra para “descarregar” a maior taxa de CO2
produzido perifericamente no exercício; logo, as diminuições na PEFCO2 até o LA (simultaneamente
ocorrendo aumento na PEFO2) são sugestivas de aumento da resistência na circulação pulmonar
(Figura 9).

mmHg
140
PEF O2
120

100
LA
80

60
PEF CO2

40

20

0 3 6 9 12 15 18

Tempo (min)

Figura 9 – PEFO2 e PEFCO2.


Fonte: Wasserman e colaboradores (2012)219

Em pacientes com desequilíbrios ventilação/perfusão, as pressões expiratórias finais podem


subestimar, de forma grosseira, as pressões alveolares de O2 e CO2: de fato, a diferença entre
os valores de PEFO2 e PaO2 e PEFCO2 e PaCO2 podem ser utilizada clinicamente para estimar a
integridade da troca gasosa intrapulmonar.

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76
EFICIÊNCIA METABÓLICA
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

A razão entre a variação do VO2 e a variação da taxa de trabalho (ΔVO2/ΔWR) reflete a eficiência
da conversão metabólica de energia química em energia mecânica no musculoesquelético. Esta
variação normalmente encontra-se entre 8,5 e 11mL/min/watt. Dessa forma:

■■ as respostas e os valores normais indicam adequado custo metabólico para a produção de


energia mecânica;
■■ as repostas e os valores abaixo dos normais são indicativos de disfunção circulatória e/ou
mitocondrial.

Para uma mensuração acurada, qualquer atraso na elevação do VO2 no início do teste
ou um eventual platô perto do final do esforço devem ser descartados (Figura 10).

3500 3500

3000 3000
Consumo de oxigênio (mL .min-1)

Consumo de oxigênio (mL .min-1)

2500 2500

2000 ◦ 2000
∆VO2

1500 1500 ∆VO2

1000 1000
∆WR
500 500
∆WR
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
Taxa de trabalho (W) Taxa de trabalho (W)
Figura 10 – Eficiência metabólica.
Fonte: Ramos e colaboradores (2013).33

Normalmente, o aumento do VO2 ocorre linearmente ao aumento da carga de trabalho,


necessitando de medidas acuradas da carga de trabalho. Como dito anteriormente, a WR é
determinada com muita acurácia em cicloergômetros, mas apenas é estimada quando utilizadas
esteiras ergométricas.

LEMBRAR
Quanto maior a ΔVO2/ΔWR, maior a eficiência metabólica.

EFICIÊNCIA VENTILATÓRIA PARA O CONSUMO DE OXIGÊNIO


A ventilação aumenta curvelinearmente em relação ao VO2, em resposta ao teste de esforço com
protocolo incremental de rampa. Pelo menos em termos teóricos, diversas variáveis conhecidas
são capazes de interferir tanto na ventilação quanto no VO2, modificando a sua relação. Esta
relação é modulada por fatores cardiovasculares, pulmonares e musculares.

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77

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LEMBRAR
Na década de 1990, foi proposta uma transformação logarítmica da ventilação ao
longo de todo o período de exercício para “linearizar” essa relação. Maiores valores
de VO2 para uma dada ventilação indicam maior eficiência ventilatória para o VO2.

PULSO DE OXIGÊNIO
O pulso de oxigênio (PuO2) é calculado pela divisão do VO2 pela FC, identificados de
forma simultânea. Analisando a equação de Fick: VO2 = DC x (CaO2 – CvO2) e assumindo
que DC = FC x VS, tem-se, então: VO2/FC = VS x (CaO2 – CvO2), ou seja, PuO2 = VS x
(CaO2 – CvO2). Esta medida corresponde ao volume de O2 consumido perifericamente
em cada batimento do coração.

Analisando a fórmula, vê-se que a medida é extremamente útil porque é igual ao produto do VS
e da diferença arteriovenosa do conteúdo de O2, mantendo uma relação direta com estas duas
variáveis, ou seja, as variações no PuO2 indicam variações do VS e/ou da extração periférica de
O2 pelos tecidos.

LEMBRAR
O aumento do PuO2 no início do exercício depende, primariamente, do aumento do
VS; em seguida, à medida que a carga de trabalho aumenta, o PuO2 se eleva pelo
aumento da diferença arteriovenosa do conteúdo de O2.

Alguns modelos matemáticos foram desenvolvidos na tentativa de uma medida mais acurada do
VS por meio do PuO2. Estudos com sujeitos saudáveis sugeriram que o “PuO2 assintótico”, que é
o produto de 1/CaO2 pela variação da relação de VO2/FC, ao invés do máximo de PuO2 atingido,
pode fornecer uma estimativa mais confiável do VS durante o teste de esforço incremental.

EFICIÊNCIA CARDIOVASCULAR
A FC se eleva junto com o aumento do VO2 durante o incremento da carga de trabalho. As
elevações na FC são inicialmente mediadas por uma queda no tônus vagal (diminuição da
atividade parassimpática) e, de maneira subsequente, quase que exclusivamente por aumento
da atividade simpática.

LEMBRAR
Em geral, a relação entre a FC e o VO2 não é linear a baixas cargas de trabalho, se
tornando relativamente linear à medida que a carga de trabalho aumenta até o máximo.

Bases metodológicas.indd 77 30/01/2015 13:51:40


78
De acordo com o princípio de Fick, menores valores de VS e/ou menores diferenças no conteúdo
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

arteriovenoso de O2 promovem uma elevação de ΔFC/ΔVO2, sendo o revés também verdadeiro,


ou seja, esta variável é dependente tanto da oferta quanto da extração de O2.

Analisando a Figura 11, pode-se observar que uma redução da oferta e/ou extração de O2 (situações
patológicas) repercutem com desvio da curva para a esquerda, indicando maior necessidade de
variação da FC para dada variação do VO2 (pior eficiência cardiovascular).

200
Máximo predito

160

120
FC (bpm)

80
Máximo predito

40

0
0 1 2 3 4 5
· (L/min)
VO 2

Prejuízo ou oferta na extração de oxigênio


Normal
Treinado

Figura 11 – Eficiência cardiovascular.


Fonte: Ramos et al. (2013).21

Quando há preservação (indivíduos normais) ou aumento (indivíduos treinados) da oferta e/ou da


extração de O2, há desvio da curva para a direita, indicando menor necessidade de variação da
frequência cardíaca para dada variação do VO2 (melhor eficiência cardiovascular).

LEMBRAR
Quanto menor a ΔFC/ΔVO2, maior a eficiência cardiovascular.

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79

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ATIVIDADE

21. Qual variável reflete a razão entre a produção de CO2 e o VO2 medidos no ar expirado?

A) VO2.
B) VCO2.
C) Taxa de troca gasosa.
D) LA.
Resposta no final do artigo

22. Explique o significado de ineficiência ventilatória.

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

23. Apresente uma aplicação prática das pressões expiratórias finais.

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

24. Qual variável reflete a eficiência da conversão metabólica de energia química em


energia mecânica nos músculos esqueléticos?

A) ΔVE/ΔVO2.
B) PuO2.
C) ΔFC/ΔVO2.
D) ΔVO2/ΔWR.
Resposta no final do artigo

25. O fluxo de O2 pelos fluidos corporais segue os princípios descritos pelo fisiologista
alemão Adolph Fick. Qual fórmula descreve os achados de Fick?

A) VCO2 = DC x (CaCO2 – CvCO2).


B) VCO2 = DC x (CaO2 – CvO2).
C) VO2 = DC x (CaO2 – CvCO2).
D) VO2 = DC x (CaO2 – CvO2).
Resposta no final do artigo

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80
26. As pequenas variações na FC para as grandes variações no VO2 indicam:
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

A) disfunção cardiovascular.
B) baixa eficiência cardíaca.
C) grande eficiência cardiovascular.
D) grande eficiência ventilatória.
Resposta no final do artigo

■■ MÉTODOS DE ESTIMAÇÃO DO LIMIAR ANAERÓBICO E PONTO DE


COMPENSAÇÃO RESPIRATÓRIA

O LA é definido como o início da atividade anaeróbia durante um exercício, causado,


primariamente, pela elevação do lactato arterial.

Conforme discutido anteriormente, sabe-se que o LA é muito mais complexo, envolvendo também
o aumento da acidose por elevação do CO2, subproduto da formação de ATP, redução do pH
celular, hiperventilação, baixa oferta de O2 tissular e desbalanço no recrutamento das fibras
musculares oxidativas e glicolíticas.26

LEMBRAR
O PCR, por sua vez, ocorre com intensidades superiores aquelas onde ocorre o LA.
Nesta fase, diversos estímulos ventilatórios estão ocorrendo de forma simultânea,
tais como queda do pH produzido pela acidose lática e aumento na pCO2. Como
resultado, a ventilação pulmonar se eleva de maneira abrupta.

O TCPE é considerado um método não invasivo para se identificar o LA, a partir da observação do
comportamento do VCO2 e VE, em relação ao VO2 frente ao protocolo de exercício. Existem vários
métodos para a determinação do LA, sendo que dois serão apresentados neste artigo, a seguir.

MÉTODO DE EQUIVALENTES VENTILATÓRIOS


A determinação do LA a partir do método de equivalentes respiratórios tem sido utilizada desde a
década de 1980, com base na observação simultânea do comportamento das variáveis VE/VO2, VE/
VCO2, PEFO2 e PEFCO2. A identificação do LA ocorre quando, após as variáveis VE/VO2 e PEFO2
terem atingido os seus menores valores, estas apresentam comportamento simultâneo de elevação.27
A identificação do PCR, quando possível, ocorre com cargas superiores, sendo caracterizada pela
queda visível da PEFCO2, com concomitante elevação da VE/VCO2 28 (Figura 12).

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81

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50 160
LA PCR

120
40

80
30
40

0 0
0 25 50 75 100
Potência (W)
VE/VO2 PEFO2 (mmHg)
VE/VCO2 PEFCO2 (mmHg)
Figura 12 – Método dos equivalentes ventilatórios para a identificação
de LA e PCR.
Fonte: Mezzani e colaboradores. (2009).39

MÉTODO V-SLOPE
A determinação do LA a partir do método V-Slope, proposto pelo grupo do Professor Wassermam
em 1986 e atualizado em 1988, tem como objetivo identificar no gráfico da relação entre o VO2
(eixo X) e VCO2 (eixo Y) a perda da linearidade observada no início do exercício, quando o
VCO2 passa a se elevar de forma mais acelerada do que o VO2, ponto este denominado de S1. À
medida que o exercício prossegue ainda em aumento da intensidade, o VCO2 passa a se elevar
novamente, de forma ainda mais acelerada, ponto este denominado S2.
A acurácia do método V-Slope está intimamente relacionada com o fato de esta
inclinação na curva não estar ocorrendo em virtude da hiperventilação. Desta forma,
a observação do VE/VCO2 e PETCO2, durante as transições S1 e S2, é de extrema
importância30,31(Figura 13).

4,0
VO2 (L/min - STPD)

3,0
S2
2,0
S1

1,0 LA

0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0

VO2 (L/min - STPD)
Figura 13 – Método V-Slope para a identificação de LA.
Fonte: Neder e Nery (2002).1

Bases metodológicas.indd 81 30/01/2015 13:51:41


82
■■ EQUAÇÕES E VALORES DE REFERÊNCIA
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

Nas Tabelas 2, 3 e 4 são apresentadas as equações e os valores de referência para a população


brasileira das principais variáveis analisadas no TCPE.
Tabela 2

EQUAÇÕES DE REFERÊNCIA PARA TECP EM CICLOERGÔMETRO


Variável Gênero Equação de referência
Idade (anos); massa corporal (kg) e estatura (cm)
VO2 (mL/min)32 Masculino -24,3 x idade + 12,5 x massa corporal + 9,8 x estatura + 702
Feminino -13,7 x idade + 7,5 x massa corporal + 7,4 x estatura + 372
VO2 no LA (mL/min)32 Masculino -6,043 x idade + 4,477 x massa corporal + 943
Feminino -3,011 x idade + 5,654 x massa corporal + 519
PuO2 (mL/sist)32 Masculino -0,09 x idade + 0,09 x massa corporal + 10,1
Feminino -0,04 x idade + 0,08 x massa corporal + 5,1
VE (L/min)32 Masculino -0,97 x idade + 146
Feminino -0,55 x idade + 0,58 x estatura – 1
*VE/VCO232 Masculino 0,17 x idade – 0,08 x estatura + 38,6
Feminino 0,02 x idade – 0,14 x estatura + 56,8
*VE/VO232 Masculino 0,08 x idade + 21,6
Feminino 0,07 x idade + 29,9
WR (watts)32 Masculino -1,78 x idade + 0,65 x massa corporal + 1,36 x estatura – 45,4
Feminino -1,19 x idade + 0,96 x estatura + 28,1
OUES22 Masculino -0,61 – 0,032 x idade + 0,023 x estatura + 0,008 x massa corporal
Feminino -1,178 – 0,032 x idade + 0,023 x estatura + 0,008 x peso
POC24 Masculino 0,158 x idade + 15,7
Feminino 0,149 x idade + 17,7
* Valores de equivalentes ventilatórios no LA.

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83

| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


Tabela 3

VALORES DE REFERÊNCIA PARA TECP EM ESTEIRA ERGOMÉTRICA33


Gênero Variável Faixa etária (anos)
15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 64-75
VO2 (mL/kg/ 47,4 ± 7,9 41,9 ± 7,2 39,0 ± 6,8 35,6 ± 7,7 30,0 ± 6,3 23,1 ± 6,3
min)
VO2 no LA 30,4 ± 6,9 25,8 ± 6,3 24,5 ± 6,2 22,6 ± 5,9 19,1 ± 4,0 15,9 ± 4,5
Masculino (mL/kg/min)
PuO2 (mL/ 17,9 ± 3,8 17,8 ± 3,4 17,3 ± 3,4 16,2 ± 3,2 14,0 ± 3,1 11,8 ± 3,2
sist)
VE (L/min) 107,8 ± 108,3 ± 102,1 ± 92,7 ± 81,0 ± 57,8 ±
23,4 23,7 22,1 24,3 21,3 14,7
VO2 (mL/kg/ 35,6 ± 5,7 34,0 ± 4,8 30,0 ± 5,4 27,2 ± 5,0 23,9 ± 4,2 21,2 ± 3,4
min)
VO2 no LA 21,5 ± 5,2 21,3 ± 4,4 19,1 ± 4,3 17,8 ± 3,8 16,1 ± 2,8 14,9 ± 2,9
Feminino (mL/kg/min)
PuO2 (mL/ 10,9 ± 2,1 10,7 ± 1,8 10,2 ± 2,0 9,9 ± 1,9 9,6 ± 1,7 9,3 ± 1,3
sist)
VE (L/min) 70,7 ± 69,9 ± 64,8 ± 60,1 ± 51,6 ± 45,1 ±
17,6 15,7 15,0 14,7 10,5 11,3

Tabela 4

VALORES DE REFERÊNCIA PARA OS PRINCIPAIS ÍNDICES


ANALISADOS NO TECP34
Masculino Feminino
Faixa etária ΔVO2/ΔWR ΔFC/ΔVO2 VE/VCO2 ΔVO2/ΔWR ΔFC/ΔVO2 VE/VCO2
(anos) (mL/min/W) (bat/L/min) slope (mL/min/W) (bat/L/min) slope
20-39 11.2 ± 0.9 48.3 ± 8.2 24.3 ± 2.2 10.4 ± 1.5 70.0 ± 9.4 27.8 ± 2.6
40-59 11.3 ± 0.8 50.5 ± 14.1 27.2 ± 2.8 9.9 ± 1.1 83.4 ± 13.6 28.4 ± 3.2
60-80 10.7 ± 0.7 65.6 ± 14.0 29.8 ± 2.2 9.8 ± 1.1 89.6 ± 12.3 31.2 ± 2.5

ATIVIDADE

27. Defina LA.

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................

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84
28. O TCPE é considerado um método não invasivo para se identificar o LA, a partir
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

da observação do comportamento do ......... e ........ em relação ao ........ frente ao


protocolo de exercício.

A) PEFO2 – VCO2 – VO2.


B) VO2 – VE – VCO2.
C) PEFCO2 – VCO2 – VE.
D) VCO2 – VE – VO2.
Resposta no final do artigo

29. A determinação do LA a partir do método de equivalentes respiratórios tem sido


utilizada desde a década de 1980, com base na observação simultânea do
comportamento da(s) variável(is)

A) VE/VCO2, PEFO2 e PEFCO2.


B) VE/VO2, VE/VCO2, PEFO2 e PEFCO2.
C) PEFO2 e PEFCO2.
D) PEFCO2.
Resposta no final do artigo

30. Qual o método de determinação do LA que tem como objetivo identificar, no gráfico
da relação entre o VO2 (eixo X) e VCO2 (eixo X), a perda da linearidade observada
no início do exercício, quando o VCO2 passa a se elevar de forma mais acelerada
do que o VO2?

A) V-Slope.
B) Equivalentes ventilatórios.
C) Pressões expiratórias finais.
D) Taxa de troca gasosa.
Resposta no final do artigo

31. No que diz respeito às principais variáveis analisadas no TCPE, qual equação
representa o PuO2 (mL/sist) para o gênero masculino?

A) -24,3 x idade + 12,5 x massa corporal + 9,8 x estatura + 702.


B) -6,043 x idade + 4,477 x massa corporal + 943.
C) -0,09 x idade + 0,09 x massa corporal + 10,1.
D) 0,08 x idade + 21,6.
Resposta no final do artigo

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85
■■ CASO CLÍNICO

| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


Paciente P.E.S., 31 anos, ex-atleta, sexo masculino, 1,74m e 85Kg, com história de
asma brônquica, realizou TCPE em cicloergômetro para determinação de capacidade
funcional, com protocolo de carga incremental de 30W/min, apresentando os seguintes
resultados:

■■ WR = 297W; pico de VO2 = 2,58L/min; VE = 99,85L/min; PuO2 = 15,1mL/sístole;


■■ VE/VO2 no LA = 19,6; VE/VCO2 no LA = 19,5; POC = 18,1; ∆VO2/∆WR = 7,27mL/
min/W; ∆FC/∆VO2 = 42,13bat/L/min; VE/VCO2 slope = 23,35; OUES = 2.322 e
comportamento fisiológico das curvas das frações expiradas de CO2 e O2.

ATIVIDADE

32. Baseado nas equações e nos valores de referência, qual o percentual do previsto
atingido pelo indivíduo do caso clínico em cada variável?

............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Resposta no final do artigo

■■ CONCLUSÃO
O TCPE é uma ferramenta de avaliação cardiorrespiratória completa, visto que permite a análise
simultânea do desempenho de diversos sistemas (isolados ou em conjunto), devendo ser utilizada
sempre que possível. É padrão-ouro para determinação do VO2, intolerância ao exercício, dispneia
inexplicada aos esforços, determinação de prognóstico em diversas doenças crônicas, além
de nortear com muita precisão a prescrição de exercícios físicos. O seu uso pelo profissional
fisioterapeuta tem crescido muito nos últimos anos, o que pode ser avaliado pelo grande número
de publicações de estudos científicos com emprego dessa ferramenta e pelo aumento crescente
de serviços nos quais o fisioterapeuta é responsável por este exame.

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86
■■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

Atividade 1
Resposta: C

Atividade 2
Resposta: C
Comentário: Para sustentar a contração muscular, o organismo lança mão de uma ou da combi-
nação de mais de uma das seguintes vias metabólicas: ATP-CP, via glicolítica e via oxidativa. A via
oxidativa é a mais eficiente na produção de ATP e requer a utilização de O2 mitocondrial.

Atividade 4
Resposta: B

Atividade 5
Resposta: D
Comentário: Como o indivíduo já apresenta sinais de isquemia em repouso, não seria indicado
submetê-lo ao esforço, primeiramente, em virtude do elevado risco de complicações e eventual
óbito durante a realização do exame e, segundo, porque talvez o principal dado a ser investigado
para este paciente já é conhecido (isquemia). As demais contraindicações são relativas, onde
deve-se pesar a relação entre o risco e o benefício da execução do exame.

Atividade 7
Resposta: D
Comentário: O TCPE é uma ferramenta que provê informações diagnósticas e prognósticas, além
de avaliar a capacidade funcional do indivíduo.

Atividade 8
Resposta: D
Comentário: A sala de teste deve ser grande o suficiente para acomodar todos os equipamen-
tos necessários para a realização do TCPE, incluindo equipamentos de emergência, além de
ter espaço adequado para permitir a circulação de três profissionais caso precisem ter acesso
ao paciente em uma situação de emergência. Uma área reservada para o preparo do paciente
também é importante, constando de vestiário e banheiro.

Atividade 9
Resposta: C

Atividade 10
Resposta: C

Atividade 11
Resposta: B

Atividade 14
Resposta: D

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| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


Atividade 15
Resposta: D
Comentário: O paciente deve receber instruções pelo menos 1 dia antes do teste, contendo
informações sobre alimentação, vestuário, medidas de higiene e utilização de medicamentos. As
refeições maiores devem ser evitadas pelo menos 3 horas antes do teste.

Atividade 17
Resposta: A.
Comentário: A ingestão de pequena quantidade de água antes do início do teste pode gerar menos
ressecamento oral e tornar o teste menos desconfortável.

Atividade 18
Resposta: B

Atividade 19
Resposta: B

Atividade 20
Resposta: D
Comentário: Entre os protocolos em estágio utilizados para a avaliação da capacidade cardiorrespi-
ratória, o protocolo de Bruce é o mais utilizado; entretanto, a sua carga inicial estimada em 5METS
(equivalente a 5 x 3,5mL de O2/kg/min) pode ser excessiva para os pacientes com disfunção
moderada. Além disso, as fases do protocolo possuem longa duração (3 minutos), podendo induzir
a estabilização durante o exercício, o que pode interferir na qualidade do VO2max atingido.

Atividade 21
Resposta: C
Comentário: A taxa de troca gasosa (R) reflete a razão entre a liberação de CO2 e a captação de
O2 pulmonares medidos no ar expirado (VCO2/VO2). R > 1,0 indica metabolismo com “queima” de
carboidratos; R < 1,0 indica metabolismo com mistura de “queima” de carboidratos e lipídios (R em
torno de 0,7) ou proteínas (R em torno de 0,8).

Atividade 24
Resposta: D
Comentário: A variação de ΔVO2/ΔWR reflete a eficiência da conversão metabólica de energia
química em energia mecânica no musculoesquelético. Esta variação é normalmente entre 8,5
a 11mL/min/watt. As respostas e os valores normais indicam adequado custo metabólico para a
produção de energia mecânica. As repostas e os valores abaixo dos normais são indicativos de
disfunção circulatória e/ou mitocondrial.

Atividade 25
Resposta: D
Comentário: Os achados do fisiologista alemão Adolph Fick sugerem que o VO2 relaciona-se
diretamente com o DC e a diferença arteriovenosa de O2.

Atividade 26
Resposta: C
Comentário: A relação entre a FC e o VO2 geralmente não é linear a baixas cargas de trabalho, se
tornando relativamente linear à medida que a carga de trabalho aumenta até o máximo. Quanto
menor ΔFC/ΔVO2, maior a eficiência cardiovascular.

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Atividade 28
BASES METODOLÓGICAS DO TESTE CARDIOPULMONAR DE EXERCÍCIO

Resposta: D

Atividade 29
Resposta: B

Atividade 30
Resposta: A
Comentário: A determinação do LA a partir deste método proposto pelo grupo do Professor
Wassermam em 1986 e atualizado em 1988 tem como objetivo identificar no gráfico da relação
entre o VO2 (eixo X) e o VCO2 (eixo Y) a perda da linearidade observada no início do exercício,
quando o VCO2 passa a se elevar de forma mais acelerada do que o VO2, ponto este denominado
de S1. À medida que o exercício prossegue ainda em aumento da intensidade, o VCO2 passa a se
elevar novamente, de forma ainda mais acelerada, ponto este denominado S2.

Atividade 31
Resposta: C

Atividade 32
Resposta: Com base nos valores previstos, tem-se: pico de VO2 = 95% do previsto; VE = 86%
previsto; PuO2 = 100% do previsto; VE/VO2 no LA = 81% do previsto; VE/VCO2 no LA = 65% do
previsto; POC = 88% do previsto; ∆VO2/∆WR = 65% do previsto; ∆FC/∆VO2 = 88% do previsto;
VE/VCO2 slope = 92% do previsto; e OUES = 75% do previsto.

■■ REFERÊNCIAS
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| PROFISIO FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA | Ciclo 1 | Volume 2 |


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Como citar este documento

Frazão M, Silva VZM, Silva PE, Cipriano Jr. G. Bases metodológicas do teste cardiopulmonar
de exercício. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em
Terapia Intensiva; Martins JA, Karsten M, Dal Corso S, organizadores. PROFISIO Programa
de Atualização em Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória: Ciclo 1. Porto Alegre: Artmed
Panamericana; 2015. p. 45-90. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 2).

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