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Segunda lei da termodinâmica

Por Carla Reis Evangelista

Licenciatura em Física (UNESP, 2010)

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Na Primeira Lei da Termodinâmica é abordada a conservação de energia nos sistemas


termodinâmicos e a sua característica quantitativa, por meio da equação que relaciona
calor, trabalho e energia interna. Já a Segunda Lei, de forma mais específica e
qualitativa, estuda a transformação do calor em trabalho, abordada na Primeira Lei.

As máquinas térmicas foram o grande incentivo para que os estudos e,


consequentemente, as leis da termodinâmica evoluíssem. O grande desafio era criar
máquinas cada vez mais eficientes. Máquina térmica é o dispositivo que opera em
ciclos, transformando parte da energia térmica (calor) em energia mecânica (trabalho),
rejeitando o restante da energia térmica adquirida.

O francês Nicolas Léonard Sadi Carnot (1796-1832) desenvolveu conceitos que


fundamentaram a Segunda Lei, sendo que na época em que ele viveu a Primeira Lei
nem era conhecida. Mesmo assim, foi ele quem estabeleceu o último padrão de
eficiência de uma máquina térmica. Há duas conclusões importantes dos estudos de
Carnot:

1. a eficiência de uma máquina (cuja fonte é o calor) depende da natureza do


processo cíclico em que ela opera, e não do material que sofre a transformação
(substância de trabalho);
2. não existe máquina mais eficiente do que a de Carnot, pois ele descobriu o
processo cíclico mais eficiente para converter calor em outras formas de energia.

Além de Carnot, Rudolf Clausius (1822-1888), Lord Kelvin (1824-1907) e Max Planck
(1858-1947) contribuíram para que a Segunda Lei fosse formulada. Dessa forma, temos
a seguir os dois enunciados que definem a Segunda Lei da Termodinâmica:

Enunciado de Clausius: o fluxo de calor ocorre espontaneamente do corpo de


maior temperatura para o de menor temperatura. O inverso seria uma
transformação forçada, que dependeria do fornecimento de energia ao sistema
para que ela ocorresse.
Enunciado de Kelvin-Planck: nenhuma máquina térmica, que funcione em
ciclos, pode transformar toda a energia térmica recebida (calor) em energia
mecânica (trabalho), ou seja, não existe uma máquina térmica com 100% de
rendimento.

Uma conclusão importante, que relaciona estes dois enunciados, é de que sempre
deverá existir energia térmica sendo rejeitada para a fonte fria (corpo com temperatura
menor). Se a fonte fria não existisse para receber esta energia, não seria possível a
saída de energia térmica da fonte quente (corpo com temperatura maior). A figura a
seguir mostra como este processo é fundamental para o funcionamento da máquina
térmica.
Figura 1. Representação de uma máquina térmica (Ta > Tb)

Se a máquina térmica da figura 1 funcionar segundo o Ciclo de Carnot (duas isotermas


e duas adiabáticas), então ela é uma Maquina de Carnot e pode-se afirmar a seguinte
relação:

|QB | TB
=
|QA | TA

ou seja, o módulo da quantidade de calor em B pelo módulo da quantidade de calor em


A é igual a razão entre as temperaturas de B e A.

Já o rendimento da Máquina de Carnot é dado por:

TB
η = 1 −
TA

Para η = 1, o rendimento seria 100%, mas para isso acontecer a temperatura da fonte
fria TB teria que ser nula, atingindo o zero absoluto. Como é impossível atingir o zero
absoluto, também não se pode ter uma máquina térmica com total aproveitamento.

Máquina Térmica

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