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A Dissolução da Metafísica

na Navalha de
Guilherme de Ockham

Disciplina de Metafísica I
Bacharelado em Filosofia
Prof.: Tony
Vida e Obra
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Guilherme de Ockham também se debruçou sobre a questão do conhecimento,


discutiu, dissertou como se dá o processo do conhecimento, isto é, como o
sujeito, o indivíduo apreende a realidade e os fenômenos que estão a sua volta. A
teoria do conhecimento elaborada e defendida por Ockham, em alguma medida,
influencia, fundamenta os seus trabalhos produzidos a respeito da metafísica.
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Para Antiseri e Reale (2012, p. 617), Ockham passa a “[...] conceber o mundo
como conjunto de elementos individuais, sem qualquer laço verdadeiro entre si e
não ordenáveis em termos de natureza ou de essência”. Esta forma de pensar o
mundo e a realidade faz com que a presença do homem na existência receba
demasiada importância.

“só devemos afirmar que uma coisa existe quando nossa própria experiência nos
obriga fazê-lo” (BOTELHO, 2015, p. 147).
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Ockham defende que o conhecimento pode ser de natureza


incomplexa/não-complexa ou complexa. O conhecimento incomplexo refere-se a
termos singulares, particulares e aos objetos da realidade que eles representam,
ou seja, existe uma relação direta entre o termo utilizado e o objeto da realidade
que é representado pelo termo. Já o conhecimento complexo refere-se a um
conjunto de proposições, as quais são formadas a partir de termos incomplexos.
Daí conclui-se que não existindo termos singulares não é possível formular
proposições.
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

A partir do conhecimento incomplexo Ockham conceitua dois tipos de


conhecimento: o conhecimento intuitivo e o conhecimento abstrativo.

A respeito do primeiro, é o conhecimento que é capaz de perceber a verdade


contingente dos objetos da realidade, do mundo concreto, em outros termos, é
por meio do conhecimento intuitivo que se alcança o conhecimento verdadeiro,
que permite ao indivíduo atribuir verdade ou falsidade em relação às coisas
existentes.
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

“[...] capacidade de saber se uma coisa existe ou não existe. Se ela existe, o
intelecto julga imediatamente que ela existe, pois — salvo algum impedimento ou
obstáculo no caminho do próprio conhecimento — ele sabe evidentemente que ela
existe” (ALMEIDA, 2011, p. 34).
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Para Morente (1980, p. 48), a intuição manifesta-se quando o sujeito em único


contato com realidade consegue captar, apreender as características, as
propriedades dos objetos. A intuição é instantânea, é uma comunicação direta
entre o sujeito e o objeto.
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Pode-se dizer que o conhecimento intuitivo é o conhecimento primário do sujeito.


O conhecimento empírico da realidade inicia-se com o conhecimento intuitivo,
então o sujeito que é capaz de ter experiência com a realidade desfrutará do
conhecimento verdadeiro, por assim dizer, uma vez que ele possui algum
conhecimento incomplexo de algum termo ou algum ente. Por sua vez, o sujeito
que não tem a capacidade de ter experiência com mundo não possui tal
conhecimento.
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Portanto, “[...] em última instância, nenhum conhecimento é possível sem um


contato direto ou indireto com algum objeto da experiência ou, mais exatamente,
com as realidades singulares, individuais, positivas” (ALMEIDA, 2011, p. 35).
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham
Acerca do conhecimento abstrativo, para Ockham, ele pode considerado em
duplo sentido: primeiro, quando se refere a algo abstrato que parte de muitos
singulares e que conduz a um conhecimento universal das coisas, ou seja, é um
“[...] conhecimento de um universal que pode ser abstraído de várias realidades
tomadas individualmente” (ALMEIDA, 2011, p. 35); segundo, o conhecimento é de
forma abstrata quando faz abstração da existência e não-existência das coisas,
isto é, “este abstrai não somente da existência e da não existência das coisas,
mas também de todas as outras condições que, contingentemente, pertencem a
ou são predicadas de uma coisa” (ALMEIDA, 2011, p. 35).
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Cabe ressaltar que o conhecimento abstrativo está relacionado com o


conhecimento intuitivo, entretanto, o conhecimento abstrativo não se ocupa da
existência ou não do objeto, assim, diferenciando-se do conhecimento intuitivo.
“[...] o conhecimento intuitivo capta a existência ou inexistência de realidade, ao
passo que o conhecimento abstrativo prescinde desse dados” (ANTISERI; REALE,
2012, p. 619).
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Apesar de diferentes, tanto o conhecimento intuitivo quanto o abstrativo


compartilham o mesmo objeto, o que muda é a forma de compreensão,
apreensão, dito de outra forma, o conhecimento intuitivo e o conhecimento
abstrativo são distintos na maneira de perceber o mundo e a realidade, mas o
objeto observado pelos dois tipos de conhecimento é o mesmo, o objeto não se
modifica, etc.
Teoria do Conhecimento de Guilherme de Ockham

Diante do exposto, é possível resumir a teoria do conhecimento de Guilherme de


Ockham valendo-se das palavras de Bertrand Russell (2015, p. 206), onde ele
afirma: “É em vão fazer com mais o que pode ser feito com menos. [...] se numa
ciência tudo puder ser interpretado sem pressupormos este ou aquele ente
hipotético, não há razão para pressupô-lo”.
A Navalha de Ockham

Ockham construído sua teoria a partir de fundamentos lógicos que buscam a


verdade nas coisas principalmente nas coisas mais diretas questiona a
intelecção, ato de entender, provocando o dilema: "ou os gêneros e as espécies
existem na realidade extramental ou os gêneros e as espécies existem apenas no
intelecto".
A Navalha de Ockham

O pensamento do autor é demonstrado na frase de OLIVEIRA (2018, p. 87) "em


Ockham a exposição é montada de modo a mostrar que o fundamento do
universal não é nada mais que uma relação entre signos e significados."
A Navalha de Ockham

a.) “Qualquer coisa existente imaginável é, desde si, sem qualquer adição, uma coisa
singular e numericamente uma de modo que nenhuma coisa imaginável é singular por algo
acrescentado a ela.”;
b.) “Não há um universal existente realmente fora da alma nas substâncias individuais, nem
desde a substância ou desde a essência delas. Ora, o universal ou é unicamente na alma
ou é universal por instituição, do modo pelo qual a voz falada ‘animal’ (e, de modo
semelhante, ‘homem’) é universal: porque é predicável a muitos; não por si, mas pelas
coisas que significa.”
A Navalha de Ockham

o universal nesse ponto seria um conceito mais amplo, que teria em si inúmeros
singulares, como podemos ver na Summa Logicae, no capítulo XIV da parte I,
lemos:
“(...) o universal é uma intenção singular da própria alma, capaz de ser predicada
de muitas coisas, de modo que pelo fato de se destinar a ser predicado de muitas
coisas, não representando a si mesma e sim essas muitas coisas, se chama
universal
“nenhum universal é uma substância singular e numericamente una”
Conclusão
Referencial Bibliográfico

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