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ÁLVARO DE CAMPOS

O IMAGINÁRIO ÉPICO

Nas odes, perpassa uma ideia de imaginário épico, presente na


exaltação de tudo aquilo que é Moderno e no próprio arrebatamento
do canto, expresso através do verso livre e um estilo torrencial
assinalado por versos longos. Os poemas da fase futurista celebram
as conquistas da modernidade, o elogio do progresso e da técnica
bem como a apoteose da civilização industrial, na linha das odes
clássicas que celebravam feitos heroicos da antiguidade. Na Ode
Triunfal, podem, ainda, vislumbrar-se marcas épicas tanto nas
referências a Virgílio, autor da Eneida, como a Alexandre Magno,
pois há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes elétricas
/ (…) E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta.

O Filho indisciplinado da sensação, no dizer de Pessoa, mais do


que louvar a maquina, quer ser a maquina (Promíscua fúria de ser
parte-agente / Do rodar férreo e cosmopolita); o poeta, na linha
do norte-americano Whitman e do italiano Marinetti, distancia-se
do conceito de estética aristotélica ao afirmar que o belo reside
numa ideia de força e não numa ideia de beleza é, agora, a própria
expressão do excesso de expressão: onomatopeias, aliterações,
polissíndetos, gradações, assíndetos, interjeições estáticas
(heia, up-láho, eh-lá…) conjugam-se numa acumulação e recursos
expressivos, tendo em vista o excesso de expressão atras referido,
acentuando o arrebatamento do canto.

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