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Introdução

I- Para que serve o Arco de Maguerez?

Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez - como caminho de


ensino e de pesquisa com vistas o suporte de várias teorias da educação e concepções de
conhecimento que as fundamentam. As versões do Arco indicam um processo de
renovação no contexto das teorias críticas e das epistemologias da práxis. Dessa forma,
a Metodologia da problematização revela maior sustentação teórica e epistemológica e
aplicabilidade no campo do ensino e da pesquisa.

 “Esse arco tem a realidade social como ponto de partida e como ponto de
chegada” (Neusi Aparecida Navas Berbel)
II- Qual o tema do trabalho?
 Patrimônio Histórico-Cultural da Escola e o Adestramento do Corpo e da
Mente, segundo Michel Foucault.
III- Qual Objetivo do trabalho?
 Demonstrar o patrimônio histórico-cultural em uma perspectiva filosófica
subjetividade
IV- Metodologia:
Problematização com o Arco de Maguerez.

Desenvolvimento:

Realidade/ Problema:

1- A concepção do homem como objeto foi necessária na emergência e


manutenção da Idade Moderna, porque dá às instituições a possibilidade de
modificar o corpo e a mente. Entre essas instituições se inclui a educação.
2- O conceito definidor da modernidade, segundo o francês, é a disciplina - um
instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou domesticar os
comportamentos divergentes.
3- Ao mesmo tempo que o iluminismo consolidou um grande número de
instituições de assistência e proteção aos cidadãos - como família, hospitais,
prisões e escolas -, também inseriu nelas mecanismos que os controlam e os
mantêm na iminência da punição.
4- Foucault chamou de tecnologia política, com poderes de manejar espaço, tempo
e registro de informações - tendo como elemento unificador a hierarquia. "As
sociedades modernas não são disciplinadas, mas disciplinares: o que não
significa que todos nós estejamos igual e irremediavelmente presos às
disciplinas", diz Veiga-Neto.

Palavras Chave:

Para Foucault, a “Escola” é uma das "instituições de seqüestro", como o


hospital, o quartel e a prisão. São aquelas instituições que retiram compulsoriamente os
indivíduos do espaço familiar ou social mais amplo e os internam, durante um período
longo, para moldar suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo que
pensam etc." O “panóptico”, idealizado pelo filósofo inglês Jeremy Bentham (1748-
1832): uma construção de vários compartimentos em forma circular, com uma torre de
vigilância no centro. Embora não tenha sido concretizado imediatamente, o panóptico
inspirou o projeto arquitetônico de inúmeras prisões, fábricas, asilos e escolas. Uma das
muitas "vantagens" apresentadas pelo aparelho para o funcionamento da disciplina é
que as pessoas distribuídas no círculo não têm como ver se há alguém ou não na torre.
Por isso, internalizam a disciplina. Ampliada a situação para o âmbito social, a
disciplina se exerce por meio de redes invisíveis e acaba ganhando aparência de
naturalidade.

Teorização:

 Em vez de tentar responder ou discutir as questões filosóficas tradicionais, Foucault


desenvolveu critérios de questionamento e crítica ao modo como elas são encaradas. A
primeira conseqüência desse procedimento é mostrar que categorias como razão,
método científico e até mesmo a noção de homem não são eternas, mas vinculadas a
sistemas circunscritos historicamente. Para ele, não há universalidade nem unidade
nessas categorias e também não existe uma evolução histórica linear. O peso das
circunstâncias não significa, no entanto, que o pensador identificasse mecanismos que
determinam o curso dos fatos e os acontecimentos, como o positivismo e o marxismo.

Investigando o conceito de homem no qual se sustentavam as ciências naturais e


humanas desde o iIuminismo, Foucault observou um discurso em que coexistem o papel
de objeto, submetido à ação da natureza, e de sujeito, capaz de apreender o mundo e
modificá-lo. Mas o filósofo negou a possibilidade dessa convivência. Segundo ele, há
apenas sujeitos, que variam de uma época para outra ou de um lugar para outro,
dependendo de suas interações. 

O filósofo não acreditava que a dominação e o poder sejam originários de uma


única fonte - como o Estado ou as classes dominantes -, mas que são exercidos
em várias direções, cotidianamente, em escala múltipla (um de seus livros se
intitula Microfísica do Poder). Esse exercício também não era necessariamente
opressor, podendo estar a serviço, por exemplo, da criação.

Foucault via na dinâmica entre diversas instituições e idéias uma teia complexa,
em que não se pode falar do conhecimento como causa ou efeito de outros
fenômenos. Para dar conta dessa complexidade, o pensador criou o conceito de
poder-conhecimento. Segundo ele, não há relação de poder que não seja
acompanhada da criação de saber e vice-versa. "Com base nesse entendimento,
podemos agir produtivamente contra aquilo que não queremos ser e ensaiar
novas maneiras de organizar o mundo em que vivemos", explica Veiga-Neto.

Hipóteses de Solução:

1- Fundamentar os questionamentos sobre a subjetividade e a história.


2- Desenvolver temas epistemológicos com base nas diferentes perspectivas da
história escolar.
3- Oferecer recursos que superem a pedagogia conservada de forma política e
determinadora da subjetividade.
4- Definir como meta a educação a superação da educação disciplinadora.
5- Fomentar a problematização das normas e disciplinas do contexto escolar.

Aplicação à Realidade:

Foucault tratou diretamente de questões relativas à Educação apenas em


Vigiar e punir, mais especificamente na parte sobre a disciplina, e nos cursos finais,
sobre os modos de subjetivação na Antiguidade, nos quais aparecem comentários
pontuais, muitas vezes críticos, à Pedagogia. Entretanto, sua obra foi apropriada por
pesquisadores do campo da Educação, dando origem a uma prolífica produção. No
Brasil, foi pela via dos estudos culturais que a obra de Foucault ganhou repercussão
no campo da Educação.

É possível falar em três momentos da produção acadêmica a respeito da


Educação no Brasil sob o impacto do pensamento de Foucault. Um primeiro, a partir da
década de 1980, marcado por pesquisas e publicações focadas na questão do
disciplinamento, da análise do poder disciplinar, de modo especial, nas instituições
escolares. Aqui, certamente, é grande a influência de Vigiar e punir. Uma segunda onda,
mais recente, centra-se no conceito de “governamentalidade” e suas possíveis
implicações para o campo educacional, nas mais distintas perspectivas. E, por fim, uma
terceira onda, ainda mais nova, focada nos textos dos últimos cursos de Foucault no
Collège de France que vêm sendo publicados, suscitando pesquisas em torno das noções
de cuidado de si e de parresia, buscando estabelecer interlocuções e conexões com a
problemática educativa.

Alfredo Veiga-Neto - Michel Foucault notabilizou-se por ter se dedicado


intensamente a pensar o presente, procurando traçar o que ele mesmo denominou “uma
história do presente”. Investigando a história das formas de pensamento e algumas
práticas sociais ao longo da história do mundo ocidental, ele acabou por nos oferecer
ferramentas analíticas extremamente úteis para compreendermos principalmente tanto a
“fabricação” do sujeito moderno quanto para entendermos melhor a própria
modernidade e a contemporaneidade. Na medida em que a escola foi e continua sendo a
principal instituição envolvida com aquela fabricação, o pensamento de Foucault parece
mais atual do que nunca.

Referências:

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1977.

VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

VEIGA-NETO, A. & RECH, T.L. Esquecer Foucault? Pro-Posições, 2014, vol.25, nº


2, pp. 67-82. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0103-73072014000200004&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 19
de novembro de 2019

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