MARCELA ALVES DE ARAUJO FRANCA CASTANHEIRA Show all records where Autor is equal to MARCELA ALVES DE ARAUJO FRANCA CASTANHEIRA
Instituição
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Resumo
O objetivo do presente trabalho é compreender a paradoxal expressão ontologia do
presente, utilizada por Michel Foucault em seus últimos escritos. Para isso investigaremos a interpretação que o autor faz do ensaio kantiano Beantwortung auf die Frage: Was ist Aufklärung?, especificamente em dois textos. O primeiro deles é a conferência proferida à Société Française de Philosophie no ano de 1978, intitulada posteriormente Quest-ce que la critique?: o segundo texto intitula-se Quest-ce les Lumières?, publicado em 1984. A conferência de 1978, muito embora concentre-se na noção de crítica como indica seu título, opera uma importante aproximação conceitual entre Aufklärung e atitude crítica a partir da qual Foucault reconhece um procedimento histórico-filosófico capaz de questionar o que então eu sou, eu que pertenço a esta humanidade, talvez à margem, nesse momento, nesse instante de humanidade que está sujeito ao poder da verdade em geral e das verdades em particular?. Interessa a nós pensar como a formualçao desta questão preludia a noção de ontologia do presente à medida que inscreve a interrogação sobre o que eu sou em uma realidade histórica determinada ou nesse momento, nesse instante da humanidade". No texto de 1984, Foucault interessa-se por mostrar a novidade que o texto de Kant inaugura na agenda filosófica: a de inquirir seu próprio tempo. Foucault percebe na resposta de Kant à pergunta o que é a Auflklärung? um efeito reflexivo, em que o autor coloca em questão o contexto mesmo em que está inserido e, nesse exercício, realiza uma espécie de volta sobre si mesmo, ou coloca-se na vertical de si mesmo. O ensaio põe em prática o tema que desenvolve. Mais que isso, o ensaio kantiano aponta para um movimento de pertencimento do sujeito em sua atualidade, em que ele se posiciona diante das distintas relações que o cercam e o afetam relações consigo mesmo, com os outros, com os modos de governar. O mesmo movimento é reivindicado na formulação foucaultiana de uma ontologia presente: a análise crítica da atualidade na ordem dos acontecimentos históricos. Diante do exposto, pretende-se investigar o movimento dos dois textos mencionados para a formulação foucaultiana de uma ontologia do presente.