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Faculdade de Ciências Agrárias

Curso de Licenciatura em Engenharia Florestal

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE CONSERVAÇÃO E GESTÃO

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DE RECURSOS NATURAIS USANDO O METT:

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CASO DE ESTUDO: RESERVA NACIONAL DO NIASSA
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Relatório Final de Licenciatura em Engenharia Florestal
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Autora:

Quitéria Lourenço Muarapaz


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Supervisor:

MSc. Remígio Rangel Nhamussua

Co-supervisor:

Eng. Cornélio Coelho Miguel

Unango, Agosto de 2016


UNIVERSIDADE LÚRIO

Faculdade de Ciências Agrárias

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE CONSERVAÇÃO E GESTÃO


DE RECURSOS NATURAIS UDANDO O METT:

CASO DE ESTUDO: RESERVA NACIONAL DO NIASSA

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Trabalho para obtenção do título de licenciada em Engenharia Florestal
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Autora:

Quitéria Lourenço Muarapaz


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Supervisor:

MSc. Remígio Rangel Nhamussua


eX

Co-supervisor:

Eng. Cornélio Coelho Miguel

Local de estágio:

Reserva Nacional do Niassa

Período de realização de estágio:

Abril à Julho de 2016

Unango, Agosto de 2016


DECLARAÇÃO DE HONRA

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Eu, Quitéria Lourenço Muarapaz, declaro por minha honra que este trabalho nunca foi
apresentado em nenhuma outra instituição académica, para obtenção de qualquer grau
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académico. Este relatório, constitui o fruto de trabalho de campo e de pesquisa bibliográfica,
estando as fontes utilizadas registadas no texto e nas referências bibliográficas.
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Data:_____ _____ 20____


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A autora

Quitéria Lourenço Muarapaz

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EPÍGRAFE

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“Quem tenta possuir uma flor, verá a sua beleza murchando.


Mas quem olhar uma flor no campo, permanecerá para sempre com ela”.
Por: Paulo Coelho
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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Celestino Muarapaz e Augusta Lourenço Murumela, a
minha avó Joana Maqueia, aos meus irmãos, pelo apoio incondicional. Ao meu irmão Leonel
Lourenço Muarapaz e aos meus sobrinhos Lístio Hermenegildo Muarapaz, Lura Falioso
Muarapaz, Cifa de Círio Muarapaz, Télson de Círio Muarapaz, Luni Falioso Muarapaz,
Lindércio Hermenegildo Muarapaz e Natacha Natércio Muarapaz que este trabalho sirva como
sua fonte de inspiração.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecer a Deus, pela vida, saúde, protecção e por ser meu guia em toda a
trajectória.
Aos meus Pais Celestino Muarapaz e Augusta Lourenço Muarapaz pela atenção, dedicação,
força e todo o apoio moral e material, e me ensinaram a importância da educação, do trabalho e
da honestidade para a formação do ser humano.
Aos meus irmãos Círio Muarapaz, Falioso Muarapaz, Hermenegildo Muarapaz, Natércio
Muarapaz, Esperança Muarapaz e Leonel Muarapaz. Aos meus primos Juvêncio Horácio,
Gizelda da Lígia Horácio, Anastácia Ferrão, Cármen Muita pelo apoio moral e material que

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deram durante a minha formação.

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Especial agradecimento vai ao Eng. Remígio Rangel Nhamussua e ao Eng. Cornélio Coelho
Miguel pela orientação deste trabalho, por sua compreensão e colaboração.
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Um especial agradecimento vai também a toda equipe da Administração da Reserva e aos
Operadores da Mariri, Luwire, Chuilexi, Metapiri e Safrique por tornarem possível a realização
deste trabalho.
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Um caloroso agradecimento vai aos senhores: Albino João, Odete Boma, Maria Pinto, Alex,
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Somedode, Marta, Alberto e Walussa, pelo apoio prestado durante a época de estágio.
Aos Docentes e todo corpo técnico-administrativo da Uni-Lúrio-Faculdade de Ciências Agrárias,
em especial aos docentes do Curso de Licenciatura em Engenharia Florestal pelo incentivo e
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conhecimento compartilhado.
Ao Fidelso Joaquim, pela força e companheirismo durante a minha formação.
A todos os colegas do Curso de Eng. Florestal e toda turma de 2012, em especial ao Ildo António
Augusto Mepelamarebo, Suzete Arnaldo, Cely Mendes, Tânia António, Dulce Baia, Vinódia
Maurício, Mateus Mucussete, Carlos Rodriguês, Adérito Jeremias, Alziro Quimo, e outros que
não pude aqui mencionar pelo bom companheirismo e colaboração durante a longa caminhada.
E finalmente agradecer a todos que directa ou indirectamente contribuíram para o alcance dos
objectivos.

vi
ÍNDICE GERAL

Conteúdo

DECLARAÇÃO DE HONRA .................................................................................................. iii

EPÍGRAFE ................................................................................................................................iv

DEDICATÓRIA .........................................................................................................................v

AGRADECIMENTOS...............................................................................................................vi

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .................................................................................xi

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LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................xiv

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LISTA DE APÊNDICES ..........................................................................................................xv

RESUMO ................................................................................................................................xvi
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ABSTRACT ...........................................................................................................................xvii

CAPITULO I. INTRODUÇÃO.................................................................................................18

1.1. Problema de estudo...................................................................................................19


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1.2. Justificativa de estudo...................................................................................................19

1.3.Objectivos .......................................................................................................................20

1.3.1. Geral ........................................................................................................................20


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1.3.2. Específicos...............................................................................................................20

CAPÍTULO II. METODOLOGIA ............................................................................................21

2.1. Descrição da área de estudo ............................................................................................21

2.1.1. Localização geográfica.............................................................................................21

2.1.2. Clima .......................................................................................................................22

2.1.3. Vegetação e Fauna ...................................................................................................22

2.1.4. Relevo e Hidrologia .................................................................................................22

2.1.5. Assentamentos humanos e conflito homem-animal...................................................23

2.2. Métodos.........................................................................................................................23

2.2.1. Tipo de pesquisa.......................................................................................................23

2.2.2. Tipo de amostragem .................................................................................................24


vii
2.2.3. Colecta de dados ......................................................................................................25

2.2.4. Análise de dados..........................................................................................................26

2.3. Limitações do estudo ......................................................................................................28

CAPITULO III. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................29

3.1. Principais conceitos ........................................................................................................29

3.2.Unidades de Conservação ................................................................................................30

3.2.1.Breve historial mundial .............................................................................................30

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3.2.2.Áreas Protegidas em Moçambique.............................................................................31

3.2.3.Importância das Unidades de Conservação ................................................................32

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3.2.4.Gestão de Unidades de Conservação .........................................................................33
Tr t P
3.3. Ferramenta de Acompanhamento da Efectividade de Gestão (METT).............................36

3.3.1. Objectivos da Ferramenta de Acompanhamento da Efectividade de Gestão..............36

3.3.2. Estrutura e conteúdo da METT.................................................................................37


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3.3.3. Elementos de avaliação ............................................................................................38
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Pe

1.3.4. Vantagens da METT ................................................................................................39

1.3.5. Limitações da METT................................................................................................40


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CAPITULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................41

4.1. Efectividade de gestão dos elementos de avaliação .........................................................41

4.1.1. Contexto...................................................................................................................41

4.1.2. Planeamento.............................................................................................................44

4.1.3. Insumos....................................................................................................................47

4.1.5. Produtos...................................................................................................................57

4.1.6. Resultados................................................................................................................59

4.3. Análise das Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (FOFA) ...........................61

4.3.1. Fortalezas.................................................................................................................61

4.3.2. Oportunidades ..........................................................................................................63

4.3.3. Fraquezas .................................................................................................................64

viii
4.3.4. Ameaças...................................................................................................................65

CAPITULO V. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES...........................................................72

5.1. Conclusões .....................................................................................................................72

5.2. Recomendações ..............................................................................................................73

CAPITULO VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................74

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACTF Área de Conservação Trans-Fronteiriça

Adm. Administração

AP Área Protegida

ARPA Programa Áreas Protegidas da Amazônia

BR Boletim da República

Chui. Chuilexi

F
CPUP Centro de Pesquisa da Universidade Positivo

EoH

EUA
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(Enhancing our Heritage) Avaliando nossa Herança

Estados Unidos da América


Tr t P
FPPRNMA Força da Polícia de Protecção dos Recursos Naturais e Meio Ambiente

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis


r
GDA Global Development Alliance (Aliança Global de Desenvolvimento)
l
Pe

IPE Instituto de Pesquisas Ecológicas

International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a


IUCN
Conservação da Natureza)
eX

Luw. Luwire

Mar. Mariri

Met. Metapiri

Management Effectiveness Tracking Tool (Ferramenta de Acompanhamento


METT
da Efectividade de Gestão)

ONG Organização Não-Governamental

Rapid Assessment and Prioritization of Protected Area Management


RAPPAN (Metodologia para Avaliação Rápida e a Priorização da Gestão de Unidades de
Conservação)

RNN Reserva Nacional do Niassa

xi
Saf. Safrique

SGDRN Sociedade para a Gestão e Desenvolvimento da Reserva do Niassa

UC Unidade de Conservação

UG Unidade de Gestão

United States Agency for International Development (Agência Norte


USAID
Americana de Desenvolvimento)

Word Commission on Protected Areas (Comissão Mundial de Áreas


WCPA
Protegidas)

F
Wildlife Conservation Society (Sociedade para a Conservação da Vida

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WCS
Selvagem)

WCN Wildlife Conservation Networt


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WWF World Wide Fund for Nature (Fundo Mundial pela Natureza)
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xii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Participantes da entrevista..........................................................................................24


Tabela 2: Gravidade e significado das ameaças .........................................................................26
Tabela 3: Critério de avaliação da METT..................................................................................27
Tabela 4: Interpretação dos resultados da METT.......................................................................27
Tabela 5: Resumo dos elementos de avaliação do Quadro WCPA .............................................38
Tabela 6: Número de trabalhadores permanentes das Unidades de Gestão por km2 ....................48
Tabela 7: Cobertura por km2 dos fiscais das Unidades de Gestão ..............................................49
Tabela 8: Resultados de Orçamento das Unidades de Gestão.....................................................50

F
Tabela 9: Fortalezas das Unidades de Gestão da RNN...............................................................61

ia D
Tabela 10: Oportunidades das Unidades de Gestão da RNN......................................................63
Tabela 11: Fraquezas das Unidades de Gestão da RNN .............................................................64
Tr t P
Tabela 12: Ameaças das Unidades de Gestão da RNN e sua magnitude ....................................66
r
l
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eX

xiii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da Reserva Nacional do Niassa ...............................................................21


Figura 2: Causas e impactos das ameaças..................................................................................36
Figura 3: Efectividade do Contexto das Unidades de Gestão .....................................................41
Figura 4: Efectividade de Planeamento das Unidades de Gestão da RNN ..................................45
Figura 5: Efectividade dos insumos das Unidades de Gestão da RNN .......................................47
Figura 6: Efectividade dos Processos de gestão das Unidades de Gestão da RNN......................53
Figura 7: Efectividade dos Produtos de gestão das Unidades de Gestão da RNN .......................57
Figura 8: Efectividade de Resultados das Unidades de Gestão da RNN .....................................59

F
Figura 9: Efectividade de gestão global das Unidades de Gestão ...............................................60

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xiv
LISTA DE APÊNDICES

Apêndices 1: Tabela da METT..................................................................................................78

F
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xv
RESUMO

A Reserva Nacional do Niassa (RNN) constitui uma área destinada à conservação da


biodiversidade e ao uso sustentável dos recursos naturais, tornando-se necessário garantir a sua
gestão eficaz. O trabalho teve como objectivo avaliar a eficácia de Conservação e Gestão dos
recursos naturais na RNN usando a METT (Ferramenta de Acompanhamento da Efectividade de
Gestão). Os dados foram colhidos na administração da RNN, e em 5 Unidades de Gestão (UGs)
de Operadores Turísticos da RNN, nomeadamente, Mariri Investimentos Lda, Luwire Safaris
Lda, Chuilexi Investimentos Lda, Safrique Safaris e Sociedade de Ecoturismo de Metapiri. Para
a colecta de dados e obtenção dos resultados, usou-se a ferramenta METT, uma metodologia

F
baseada em seis elementos de avaliação a citar: contexto, planeamento, insumos, processos,

ia D
produtos e resultados. Dos resultados da METT foram identificadas as Fortalezas (consistência
nas contagens aéreas da população de fauna bravia, integração dos operadores turísticos na
Tr t P
gestão da RNN) Oportunidades (potencial habitat para elefantes, processo de planificação
integrada), Fraquezas (insuficiência de recursos humanos, materiais e financeiros) e as ameaças
(caça furtiva, crescimento populacional). Os resultados revelaram maior efectividade de gestão
r
na Mariri Investimentos Lda com 74 %, de seguida a Chuilexi Investimentos Lda e a Sociedade
l
Pe

de Ecoturismo de Metapiri com 70,8 %, a Safrique Safaris com 63,5 %, a Luwire Safaris Lda
com 62,5 % e a administração da RNN com 60,4%. Portanto a pontuação média obtida foi de 67
% de efectividade de gestão, isto é, gestão alta.
eX

Palavras-chave: maneio, recursos, Unidades de Gestão, ameaças, fraquezas.

xvi
ABSTRACT

Niassa National Reserve (NNR) has been established to conserve and promote sustainable
utilization of natural resources, hence the need to ensure its effective management. The study
was conducted as to assess the NNR effectiveness in conservation and management of natural
resources based on the Management Effectiveness Tracking Tool (METT). Data was collected
from the NNR administration as well as in 5 of its private management units, namely: Mariri,
Luwire, Chuilexi, Safrique e Metapiri. Data collection and analysis was done based on METT
tool in which, there were considered six main assessment elements: context, process, planning,
inputs, products e results. Based on METT results, there were identified current Strenght (regular

F
wildlife counts, private concession management), Oportunities (potential elephant range and

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integrated planning process), Weakness (insuficient financial and human resourses and deficient
land use plan) threats (poaching, human population growth), currently faced by NNR. The
Tr t P
results revealed that the major effectiveness belongs to Mariri Investimentos Lda with 74 %,
followed by Chuilexi Investimentos Lda and Sociedade de Ecoturismo de Metapiri with 70,8 %,
Safrique Safaris Lda with 63,5 %, Luwire Safaris Lda with 62,5 % and last NNR administration
r
with 60,4%. However, the avarage effectiveness score obtained in all Management Units was 67
l
Pe

%, which means high management effort.

Key words: management, resources, management units, threats, weakness


eX

xvii
Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

CAPITULO I. INTRODUÇÃO

As Unidades de Conservação (UCs) constituem áreas especialmente protegidas destinadas


primordialmente à conservação da natureza e ao uso sustentável dos recursos naturais. A criação
destas áreas representa um passo fundamental para a conservação dos ecossistemas e para a
manutenção da qualidade de vida do homem na terra, sendo que o grande desafio para sua
implementação é assegurar a efectividade do maneio, (WWF & IBAMA, 2007).

Desde 1998, o Fundo Mundial pela Natureza (WWF) tem desenvolvido trabalhos com vista a
avaliar a eficácia da gestão das áreas protegidas (APs), trabalhando em estreita colaboração com

F
a WCPA e com o Banco Mundial através da sua Aliança para Conservação da Mata e Uso
Sustentável dos recursos naturais (Dudley et al., 2007).

ia D
Portanto, devido aos enormes problemas de gestão que se verificam nas UCs, a WCPA da União
Tr t P
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) estabeleceu um grupo de trabalho para
examinar questões referentes à efectividade de gestão de áreas protegidas para avaliar se a área
está ou não sendo bem gerida. A partir dos resultados dos estudos desse grupo, a WCPA
desenvolveu um quadro referencial que forneceu o alicerce para o desenvolvimento de diferentes
r
ferramentas e métodos de avaliação da gestão de áreas protegidas (Hockings et al., 2000).
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Pe

Para (Hockings, 2006), esta avaliação das UCs pode ser feita por diferentes métodos, cuja
finalidade é medir como essas áreas protegem os recursos naturais e a eficiência com que suas
metas e objectivos são alcançados. Essa avaliação é reconhecida como um componente vital da
eX

gestão responsável e pró-activa.

As APs enfrentam problemas comuns ao redor do mundo, porém várias ameaças agem sobre os
recursos naturais, usos inadequados dos recursos de gestão da área, políticas inapropriadas,
sistemas e processos de gestão deficientes e equipe não capacitada para sua gestão, tornando a
gestão ineficiente (Hockings et al., 2000).

A RNN faz parte de uma rede de áreas protegidas em Moçambique que cobre aproximadamente
115 000 km2, pois ela é a maior do País e representa aproximadamente 36% do total da área que
foi formalmente designada para conservação, constituindo desta forma um património nacional
significativo, com cerca de 42 000 km2. A RNN encarrega-se em conservar e gerir a
biodiversidade, promover sua qualidade natural e usa-la como reservatório da biodiversidade
bem como para dar forma ao compromisso que o País assumiu com a Convenção da Diversidade
Biológica (SGDRN, 2006).

Quitéria Lourenço Muarapaz Página 18


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

O estudo foi desenvolvido com o intuito de avaliar a eficácia da conservação e gestão de


recursos naturais na RNN usando a METT, “Management Effectiveness Tracking Tool”, que é
uma metodologia rápida e de fácil aplicação e que fornece um mecanismo para monitoramento
do progresso da efectividade da gestão ao longo do tempo. A METT, é fundamentalmente,
utilizada para possibilitar aos gestores e investidores de áreas protegidas a identificarem as
necessidades, restrições e acções prioritárias no sentido de aumentar a efectividade de gestão
destas.

1.1. Problema de estudo

F
Há uma preocupação crescente entre os profissionais das APs, pois muitas destas áreas ao redor
do mundo não são a consecução dos objectivos para que foram estabelecidas, (Stolton, 2007).

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Embora alguns estudos demonstrem que estas impedem, em certa medida, a perda da
Tr t P
biodiversidade, outros estudos demonstram que algumas áreas possuem uma gestão ineficaz
(Stolton et al., 2007).

A Reserva Nacional do Niassa é uma Área de Conservação com cerca de 40.000 pessoas que
r
residem nela e enfrenta problemas tais como queimadas descontroladas, actividades ilegais e
l
Pe

assentamento populacional, que ameaçam a continuidade da biodiversidade. O relatório de


(Couto, 2014), revela que as populações do elefante a nível mundial enfrentam uma das maiores
crises nos últimos anos. Diversos estudos, reportagens e contagens aéreas, têm revelado
tendências bastante alarmantes no número de casos de caça furtiva que tem dizimado esta
eX

espécie. Moçambique tem sido alvo desta crise, emergindo como um dos principais locais de
abate de marfim.

Neste contexto surge a seguinte questão: “Até que ponto as ameaças sobre os recursos naturais,
as políticas vigentes, os sistemas e processos de gestão afectam a eficácia de gestão e
conservação de recursos naturais na Reserva Nacional do Niassa?”

1.2. Justificativa de estudo

As UCs foram criadas para proteger o património natural e cultural do país e constituem
condição básica para a conservação e a perpetuação da diversidade biológica e também para
manter os padrões e valores das culturas tradicionais quando associados à protecção da natureza
(Waltrick, 2001).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 19


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Portanto, se estas foram criadas para ser eficaz na conservação da biodiversidade, elas também
devem ser bem geridas. Esta é uma tarefa complexa, em constante evolução que exige
habilidade, dedicação e recursos. E a fim de gerir bem estas áreas, também é preciso conhecer os
pontos fortes e fracos de gestão existentes, para ser capaz de se adaptar uma gestão eficaz.

O crescimento gradual da população humana e limitação nas actividades de geração de renda


pelas famílias nas comunidades locais, aumenta a vulnerabilidade delas em envolverem-se em
actividades ilícitas de caça (do elefante e para carne), mineração e corte de madeira. Portanto,
estas actividades ilícitas concorrem para a degradação dos recursos naturais dentro da RNN,
facto que eventualmente poderá comprometer os objectivos da conservação.

F
Com base na ferramenta METT, o estudo avaliou o estágio de conservação dos recursos naturais

ia D
na RNN bem como dos Operadores Turísticos ocupantes de 5 UG, através do levantamento das
ameaças, oportunidades, pontos fortes e fracos actualmente encarados pela gestão e informar a
Tr t P
Administração sobre os mesmos para serem abordados numa gestão adaptiva e dinâmica.

1.3.Objectivos
r
1.3.1. Geral
l
Pe

 Avaliar a Eficácia e Promover a Conservação e Gestão sustentável dos Recursos


Naturais na Reserva Nacional do Niassa Usando a METT.
eX

1.3.2. Específicos

 Avaliar e comparar a efectividade (os esforços) de gestão em 5 Unidades de Gestão


geridas pelos Operadores Turísticos em relação aos empreendidos pela administração da
RNN;
 Identificar as fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças existentes na RNN;
 Propor as acções para a melhoria do desempenho da gestão da RNN.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 20


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

CAPÍTULO II. METODOLOGIA

2.1. Descrição da área de estudo

2.1.1. Localização geográfica

A Reserva Nacional do Niassa (RNN) fica situada no Norte de Moçambique, a 36o 25’E de
longitude e faz fronteira com a Tanzânia a Norte e ocupa uma superfície total de 42.000 Km2
ocupando cerca de 1/3 da Província de Niassa, concretamente os Distritos de Mecula, Mavago,
parte dos Distritos de Muembe, Majune, Marrupa, Sanga e parte dos Distritos de Mueda e

F
Montepuéz, na Província de Cabo Delgado. A Reserva Nacional de Niassa é limitada pelo Rio
Rovuma a Norte, Rio Lugenda a Sudeste, Rio Luatize a Sudoeste e pelo Rio Lussanhando no
estremo Oeste (SGDRN, 2006).

ia D
Segundo o Plano de Maneio da RNN (2007-2012), existe um total de 17 Unidades de Gestão na
Tr t P
RNN definidos em função a duas bacias hidrográficas, isto é, Lugenda (L) e Rovuma (R) e do
potencial ecológico.
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Figura 1: Localização da Reserva Nacional do Niassa

Fonte: (SGDRN, 2006).


Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 21
Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

2.1.2. Clima

Na sua grande parte, as chuvas ocorrem entre Novembro à Abril, com uma ligeira diminuição em
Janeiro e Fevereiro. A montanha de Mecula, dada a sua dimensão, têm uma influência
significativa nos registos de pluviosidade, com cerca de 1400 mm/ano. Os índices de
pluviosidade chegam a ser tão baixos quanto os 600 mm, nos vales do Rovuma e Lugenda. A
pluviosidade é variável entre cada ano e a pouca informação disponível sugere um ciclo de cerca
de 20 anos entre situações de pico. As temperaturas são elevadas e a média mensal atinge cerca
de 30oC em Outubro e Novembro, baixando para 20oC e 26oC no Inverno (SDGRN, 2006).

F
2.1.3. Vegetação e Fauna

Mais de 70% da área total da RNN é coberta por floresta de miombo que inclui mais de 800

ia D
espécies de plantas, metade das quais endémicas. A vegetação dentro da RNN subdivide-se em 6
Tr t P
classes, designadamente, Floresta Aberta decídua, Floresta densa decídua, Floresta Sempre
verde, Dambos (Pradaria inundada), Vegetação Ribeirinha e Floresta com Agricultura Itinerante
(Craig, 2009; Timberlake., et al, 2004). A RNN possui larga diversidade faunística que inclui
elefantes, pala-palas, leões, cães selvagens africanos, leopardos, búfalos e mais de 400 espécies
r
de pássaros, alguns em perigo de extinção (Craig, 2009).
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2.1.4. Relevo e Hidrologia

O relevo é acidentado e com muitas elevações no extremo Oeste passando para plano a Este. A
eX

altitude varia de 100m nas imediações dos rios Rovuma e Lugenda até 1400m na montanha de
Mecula. A montanha de Mecula é um inselberg isolado, de grande dimensão localizado no
centro da reserva que é circundada por uma zona plana. As características dos solos variam de
areno-argilosos, profundos e permeáveis de pouca fertilidade a solos inférteis de camadas
superficiais e finas de areia, frequentemente vulneráveis à erosão (MAE, 2005).

A RNN é atravessada por dois grandes rios nomeadamente o rio Rovuma a Norte e Lugenda a
Este e Sul. Luatise, Luambala, Luchimua, Lureco, Lucheringo, Messinge e Chiulezi. A
montanha de Mecula representa uma importante faceta na hidrologia da Reserva, pois, é
suficientemente alta para gerar chuvas orográficas nas áreas circunvizinhas gerando água que
alimenta os rios Ncuti e o Licombe. Os dambos são depressões hidromórficas suaves ou vales
extensos não profundos que são encontradas em algumas zonas da RNN (SGDRN, 2006).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 22


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

2.1.5. Assentamentos humanos e conflito homem-animal

A população da RNN tem sido deduzida a partir dos registos dos serviços administrativos do
Distrito de Mecula. Actualmente estima-se em mais de 40.000 pessoas a residirem em mais de
50 aldeias na RNN (SGDRN, 2006).

Os assentamentos irradiam a partir de Mecula na direcção Norte até à fronteira com a Tanzânia,
e na direcção Sul e Oeste, para Marrupa e para Mavago e Msawize, vilas onde se situam as
maiores concentrações populacionais localizadas a Oeste. Um número mais pequeno de
assentamentos localiza-se no Lugenda, no Rovuma e na montanha de Matondovela (SGDRN,
2006).

F
A agricultura é a actividade económica de subsistência, e são complementares a pesca, a colecta

ia D
de mel, a caça, a venda de objectos de arte e ainda a construção de casas. O comércio é
caracterizado pela venda do excedente agrícola, do peixe e de produtos como o mel e peças de
Tr t P
caça e ainda produtos manufacturados (MAE, 2005).

Há registo de conflitos entre pessoas e animais, nomeadamente com elefantes, búfalos, leões,
hienas, e crocodilos, entre outros. O registo de conflitos apresenta maior incidência na zona
r
Centro-Este, onde se situam a maior parte das cerca de 20 aldeias posicionadas na metade da
l
Pe

Reserva. Uma das possíveis explicações reside no facto de ser esta a zona da Reserva onde se
regista a maior concentração de animais devido eventualmente, entre outros factores, à presença
de água com carácter mais permanente. A expansão dos assentamentos populacionais,
eX

caracteristicamente em linha ao longo das estradas, poderá contribuir para barrar os corredores
de circulação e migração dos animais de grande porte como é o caso do elefante. Deve ainda
notar-se que a corroborar estes focos de conflito está a evidência de que é onde há maior
concentração de pessoas que as manchas com menor densidade de animais se verificam (veja-se
por exemplo as zonas de Mecula, Mavago e Negomano) o que indica a maior perda de animais
quer pela acção directa do homem, nomeadamanete o abate furtivo para alimentação ou venda,
quer pela destruição do habitat através da abertura de novas machambas (SGDRN, 2006).

2.2. Métodos

2.2.1. Tipo de pesquisa

No estudo usou-se a pesquisa exploratória, a qual segundo (Gil, 2008), proporciona maior
familiaridade com o problema procurando explicitá-lo. Pode envolver levantamento

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 23


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bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado e geralmente, assume


a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Usou-se a abordagem qualitativa e
quantitativa, a qual foram aplicadas técnicas descritivas e estatísticas.

2.2.2. Tipo de amostragem

Para a colecta de dados foi usado o método de amostragem não probabilístico intencional. Nas
amostras intencionais enquadram-se os diversos casos em que o pesquisador deliberadamente
escolhe certos elementos para pertencer à amostra, por julgar tais elementos bem representativos
da população. A intencionalidade torna uma pesquisa mais rica em termos qualitativos (Oliveira

F
et al., 2012). A escolha dos elementos a incluir na amostra baseia-se na opinião de uma ou mais
pessoas que conhecem muito bem as características específicas da população em estudo, que se
pretende analisar (Brites, 2007).

ia D
Tr t P
Os dados foram colhidos na administração da RNN que faz a gestão global da área e, em 5 UG
da RNN Concessionadas à Operadores Turísticos, nomeadamente: a Mariri Investimentos Lda,
Luwire Safaris Lda, Chuilexi Investimentos Lda, Safrique Safaris e Sociedade de Ecoturismo de
Metapiri Lda. A selecção das UG foi para perceber os esforços e resultados empreendidos numa
r
l
Pe

área relativamente pequena em relação a área global gerida pela administração da RNN. O
número de indivíduos a participarem na entrevista dependeu da estrutura de gestão de cada UG.

Tabela 1: Participantes da entrevista


eX

Instituição/Representantes Número de participantes


Administração da RNN
Administrador da RNN 1
Representantes da instituição parceira (WCS) 3
Outros funcionários 3
Representantes da MITADR 1
Mariri Investimentos Lda
Directora geral 1
Director de operações 1
Coordenador de conservação 1
Coordenador de educação ambiental 1
Luwire Safaris Lda
Director geral da empresa 1
Chuilexi Investimentos Lda

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 24


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Director geral da empresa 1


Safrique safaris Lda
Director geral da empresa 1
Metapiri Safaris Lda
Director geral da empresa 1

Fonte: Autora

2.2.3. Colecta de dados

Para a realização do presente trabalho foi usada a entrevista estruturada e observação directa.

F
2.2.3.1. Entrevista Estruturada

ia D
É aquela em que o entrevistador segue um guia previamente estabelecido e; as perguntas feitas
ao indivíduo são predeterminadas. Ela se realiza de acordo com um formulário elaborado e é
Tr t P
efetuada de preferência com pessoas seleccionadas de acordo com um plano (Gerhardt &
Silveira, 2009)

A padronização é feita para obter, dos entrevistados, respostas às mesmas perguntas, permitindo
r
que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjunto de perguntas, e que as diferenças
l
Pe

devem reflectir diferenças entre os respondentes e não diferenças nas perguntas. O pesquisador
não é livre para adaptar suas perguntas a determinada situação, de alterar a ordem dos tópicos ou
de fazer outras perguntas (Marconi & Lakatos, 2003).
eX

a) Entrevista em grupo e individual

Para o presente estudo usou-se a entrevista em grupo, o qual segundo (Gerhardt & Silveira,
2009), pequenos grupos de entrevistados respondem simultaneamente às questões, de maneira
informal; a entrevista em grupo com composição que variou de 2 a 8 indivíduos, foi feita na
administração da RNN, Mariri Investimentos Lda e Safrique Safaris, e a entrevista individual foi
feita exclusivamente aos Directores na Luwire Safaris Lda, Chuilexi Investimentos Lda e na
Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda. As respostas obtidas foram organizadas
posteriormente pela entrevistadora, numa avaliação global baseando-se numa planilha da METT,
vide em apêndice 1.

2.2.3.2. Observação directa

A observação directa ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objectivos


sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Esta é

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 25


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

uma técnica de colecta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de
determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em
examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar e obriga o investigador a ter um contacto
mais directo com a realidade (Marconi & Lakatos, 2003).
Durante o trabalho do campo, foram visitadas infra-estruturas tais como instalações, estradas,
entre outros e os meios tais como avionetas, viaturas, entre outros usados pelas UG bem como
locais ou aldeias onde os membros das comunidades locais residem e desenvolvem as suas
actividades. Ao longo das viagens e visitas de campo nas Unidades de Gestão L1, L2, L3, L4, L5
N, L5S, L7, L8, foi observado o estado de conservação do ecossistema e a presença de espécies

F
de fauna. Outrossim, foi feito um sobrevoo na área L7 (Luwire Safaris Lda) e L4 onde foram
observados focos de mineração, acampamentos de pesca e localização de algumas machambas.

2.2.4. Análise de dados


ia D
Tr t P
2.2.4.1. Planilha da METT

Para avaliar a efectividade de gestão, identificar as fortalezas, oportunidades, fraquezas e


r
ameaças das UG usou-se a Ferramenta de Acompanhamento da Efectividade de Gestão (METT),
l
Pe

“Management Effectiveness Tracking Tool” criada em 2001 e revisada pelo Banco Mundial e
WWF em 2007 cujo objectivo é avaliar os progressos na gestão de áreas protegidas baseando-se
em seis elementos de avaliação, nomeadamente, contexto, planeamento, insumos, processos,
produtos e resultados, assim como a tabela das ameaças de acordo com o quadro da WCPA.
eX

Os dados colhidos referentes a ameaças foram classificados de acordo com a sua magnitude de
gravidade, como pode-se observar na tabela abaixo:

Tabela 2: Gravidade e significado das ameaças

Gravidade da ameaça Significado


Alta São aquelas que estão a degradar seriamente valores

Média São aquelas em que as ameaças têm algum impacto


negativo

Baixa São ameaças que estão presentes, mas seu impacto sobre
os valores não é sério

Não/ameaça A ameaça não está presente ou não é aplicável à UG

Fonte: Stolton, et al. (2007).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 26


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Os dados referentes aos seis elementos de avaliação foram estruturados em torno de 30 questões
apresentadas no formato de uma tabela que contém três colunas onde foram registados os
detalhes da avaliação.

Esta avaliação foi feita através da atribuição de uma pontuação simples que varia entre zero
(mau) à 3 (excelente), como se pode observar na tabela 3.

Tabela 3: Critério de avaliação da METT


Pontuação na METT Significado

0 Nenhum progresso ou insignificante

F
1 Algum progresso

3
ia D Muito bom, mas tem espaço para melhorias

Está se aproximando a situação ideal


Tr t P
Fonte: Stolton et al. (2007).

As respostas as perguntas, foram atribuídas à apenas uma pontuação da série de quatro


r
alternativas estabelecidas no critério de avaliação da METT. Depois de responder
l
Pe

completamente o questionário, a pontuação foi obtida a partir da soma das respostas escolhidas
para cada pergunta e por fim é calculado a eficácia da gestão percentual (Stolton et al., 2007).

a) Determinação da efectividade de gestão


eX

A efectividade de gestão, em termos percentuais, foi obtida com a utilização da fórmula de


Lederman & Araújo (2012), a baixo apresentada:

∑Pontuação Obtida
= 100
∑ çã á

Onde:

EG = Eficácia de gestão em percentagem

Tabela 4: Interpretação dos resultados da METT


Percentagem Significado de gestão

˃60% Efectividade de gestão alta

40 à 60% Efectividade de gestão média

<40% Efectividade de gestão baixa

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 27


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Fonte: Lederman & Araújo (2012).

b) Tabela no Microsoft Excel

A informação numérica foi colocada em tabela com auxílio do software Microsoft Excel 2007 e
de seguida foram calculadas as percentagens de efectividade de gestão.

c) Informação descritiva

A Informação descritiva foi que não foi representada em tabela, foi apresentada de forma
descritiva no formato word.

F
2.3. Limitações do estudo

ia D
 Não revelação de dados financeiros por alguns operadores bem como a fonte de
financiamento;
Tr t P
 A fraca participação e domínio das comunidades locais da matéria de gestão dificultou a
resposta do questionário;
 A indisponibilidade pontual dos inqueridos devido a outras tarefas
 Dificuldade de inserir na METT respostas não aplicáveis
r
l
Pe
eX

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 28


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CAPITULO III. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Principais conceitos

Área de conservação: A Lei de Conservação, Lei n.º 16/2014 de 20 de Junho, define a área de
conservação como sendo uma área terrestre ou aquática delimitada, estabelecida por instrumento
legal específico, especialmente dedicada a protecção e manutenção da diversidade biológica e
dos recursos naturais e culturais associados.

Reserva nacional: espaço territorial que se destina a preservação de certas espécies de flora e
fauna raras, endémicas, ameaçadas ou em vias de extinção, ou que denunciem declínio, e os

F
ecossistemas frágeis (BR-I SERIE-No 21, 1999).

ia D
Biodiversidade: compreende a totalidade de variedade de formas de vida que se pode encontrar
na terra, estes incluem plantas, aves, mamíferos, insectos, microorganismos (Manga, 2013).
Tr t P
Conservação: gestão sustentável dos recursos florestais e faunísticos, sem colocar em risco a
biodiversidade (BR-I SERIE-No 7, 1999).

Recursos naturais: componentes ambientais naturais com utilidade para o ser humano e
r
l
Pe

geradores de bens e serviços, incluindo ar, água, solo, floresta, pesca, fauna e os minerais (Lei de
Conservação, Lei n.º 16/2014 de 20 de Junho).

Turismo cinegético: a Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei no 10/99 de 7 de Julho) define o
eX

turismo cinegético como sendo, actividade de caça, incluindo a fotografia ou filmagem de


animais bravios com fins recreativos ou comerciais.

Gestão de áreas protegidas: é o processo que encerra o equilibrado planeamento, coordenação


e controle dos componentes políticos, técnicos e operacionais e os actores sociais que incidem
sobre o desenvolvimento da área, de maneira a obter-se a eficácia requerida para serem atendidos
os objectivos que norteiam a existência da área protegida (Mourão, 2010 citado por Tavares,
2012).

Maneio: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade


biológica e dos ecossistemas. Para se manejar adequadamente uma UC, portanto, são imperativas
a elaboração e a compreensão do conjunto de acções necessárias para a gestão e para o uso
sustentável dos recursos naturais em quaisquer actividades desenvolvidas dentro e no entorno
desses espaços (BR-I SERIE-No 21, 1999).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 29


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Plano de maneio: é um documento técnico onde constam as actividades e outras medidas


técnicas a serem implementadas pelos vários intervenientes na conservação, gestão e utilização
dos recursos florestais e faunísticos (BR-I SERIE-No 21, 1999).

Zoneamento: divisão e classificação do património florestal, faunístico e cultural, incluindo


elementos afins, de acordo com o tipo, uso e finalidade (BR-I SERIE-No 21, 1999).

Avaliação: é o julgamento ou avaliação da consecução contra alguns critérios pré-determinados


(geralmente um conjunto de normas ou objectivos); nesse caso incluindo os objectivos para os
quais foram estabelecidas as áreas protegidas (Hockings et al., 2000).

F
Efectividade de gestão: efectividade de gestão é definida pela Comissão Mundial das Áreas
Protegidas (WCPA) da IUCN, como sendo a avaliação de como uma área protegida está a ser

ia D
gerida, principalmente a medida em que ele está protegendo valores e atingir objectivos.
(Hockings et al., 2000; Hockings et al., 2006).
Tr t P
Banzato et al. (2012), define as fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças da seguinte
forma:
r
Pontos fracos: fenómenos ou condições inerentes à UC, que comprometem ou dificultam seu
l
Pe

maneio.

Pontos fortes: fenómenos ou condições inerentes a UC, que contribuem ou favorecem seu
maneio.
eX

Oportunidades: fenómenos ou condições externas que contribuem para o alcance de seus


objectivos.

Ameaça: fenómenos ou condições externas à unidade de conservação, que comprometem ou


dificultam o alcance de seus objectivos.

3.2.Unidades de Conservação

3.2.1.Breve historial mundial

As florestas sempre foram vistas como fontes de riqueza e de sobrevivência para o ser humano.
Desde a antiguidade diversos povos isolavam áreas para a protecção da natureza com finalidades
diversas, seja por questões culturais, religiosas, esportivas ou políticas (Freitas, 2008).

O surgimento do actual modelo de "áreas naturais protegidas" ocorreu nos EUA, devido ao
problema da grande expansão urbana e agrícola sobre as áreas naturais (Olivato & Júnior, 2008).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 30


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Entretanto, em 1872 foi criada a primeira área institucionalmente protegida, o Parque Nacional
de Yellowstone, que foi resultado do movimento preservacionista, e deste modo o surgimento
deste parque aparece como uma forma de se colocar ordem nos problemas provocados pelo
homem (Freitas, 2008).

Paulatinamente foram sendo criadas unidades de conservação em diversos países, inicialmente


nas categorias Parque e Reserva. Foram instituídas mais de 30.000 áreas protegidas em todo
mundo no século XX, abarcando mais de 12,8 milhões de Km², que equivalem a cerca de 9,5 %
da superfície terrestre do planeta, numa área maior do que a China e a Índia juntas (Freitas,
2008).

F
Além do crescimento do número de Áreas Protegidas, houve também uma significativa

ia D
ampliação da quantidade de categorias de maneio, diversificação das finalidades, objectivos e
normas para as áreas protegidas (Freitas, 2008).
Tr t P
3.2.2.Áreas Protegidas em Moçambique

Segundo USAID (2011), Moçambique tem uma rede de APs cuja cobertura estende-se em toda
r
ecoregião e biomas que asseguram a sua integridade como uma porção representativa da herança
l
Pe

natural do país. A rede principal das áreas protegidas, isto é, os Parques e Reservas Nacionais
cobrem 12.6 % da superfície total do país, mas essa cobertura aumenta para, aproximadamente,
15% quando se incluem as coutadas. O estabelecimento das áreas de conservação no país é um
fenómeno recente. A década de 60 e o princípio da década de 70 foram o período em que as
eX

áreas de conservação da categoria de protecção total foram criadas. Os princípios da década de


60 foram marcados pela criação das Reservas Nacionais (83,3% das Reservas Nacionais e 17%
dos parques nacionais). Já no início da década de 70 foi marcado pela criação dos Parques,
(cerca de 50% dos existentes no país). A década de 2000 iniciou com o crescimento dos Parques
(a criação dos restantes 33,3%) e das reservas (os 17%).

A rede de APs em Moçambique é constituída por 6 (seis) Parques Nacionais, 5 (cinco) Reservas
Nacionais, 14 Reservas florestais e 12 Coutadas de Caça, cobrindo uma área total de cerca de
128.749 km² o equivalente a 16 % do território nacional.

A despeito da extensão das áreas de conservação, só uma pequena parte da diversidade de


habitats e ecossistemas que o país possui se encontra representado nestas áreas. São exemplos, os
habitats e ecossistemas montanhosos, aquáticos e marinhos que apesar de extensos e
diversificados, encontram-se mal representados na actual rede de áreas de conservação. Este fato

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 31


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

é em parte justificado pela proclamação no período colonial de grande parte das áreas de
conservação existentes no país mais em função de objectivos económicos do que ecológicos
(Matos, 2011).

O sistema de categorias de gestão das APs em Moçambique baseia-se no objectivo de gestão de


actividades específicas, tais como pesquisa científica, turismo e recreação ou uso sustentável de
recursos, mas focado no objectivo primário que é a protecção e preservação da diversidade
biológica. Moçambique é membro da IUCN e as suas áreas de conservação encontram-se em três
Categorias deste organismo: Parques Nacionais (Categoria II), Reservas Nacionais (Categoria
IV) e Coutadas Oficiais (Categoria VI) (Matos, 2011).

F
3.2.3.Importância das Unidades de Conservação

ia D
As UCs são um instrumento crítico primordialmente criadas para conservar a biodiversidade
Tr t P
terrestre e marinha. Elas também promovem a gestão sustentável dos recursos naturais,
nomeadamente através da utilização das promissoras abordagens participativas para a
conservação. As experiências existentes indicam os seus benefícios, não só em termos de
conservação da biodiversidade indígena e, em grande parte, endémica, mas também em termos
r
dos benefícios que as populações locais extraem dos meios de subsistência sustentáveis (Manga,
l
Pe

2013).

APs ou UCs podem ser de várias categorias ou para vários propósitos, no entanto, elas
basicamente existem porque há uma grande pressão e ameaça à conservação da biodiversidade e
eX

dos recursos naturais e culturais no planeta (WWF-Brasil & IPE, 2012). De acordo com (Olivato
& Júnior, 2008), as Unidades de Conservação servem para proteger a diversidade biológica e os
recursos genéticos associados. Para os seres humanos as UCs contribuem especialmente para:

 Regulação da quantidade e qualidade de água para consumo;

 Fertilidade dos solos e estabilidade das encostas (relevo);

 Equilíbrio climático e manutenção da qualidade do ar;

 Alimentos saudáveis e diversificados;

 Base para produção de medicamentos para doenças actuais e futuras;

 Áreas verdes para lazer, educação, cultura e religião.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 32


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

3.2.4.Gestão de Unidades de Conservação

As APs desempenham um papel crucial nas estratégias nacionais de conservação da


biodiversidade e são actualmente objecto de especial atenção por causa do programa amplo de
trabalho sobre Áreas Protegidas da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). A eficácia
da gestão das áreas protegidas está se tornando uma preocupação crescente para o mundo de
conservação (Leverington et al., 2010).

A Lei da conservação (Lei n.º 16/2014, de 20 de Junho) preconiza uma gestão participativa das
áreas de conservação, e a criação de órgãos de apoio à administração das áreas de conservação –
os Conselhos Consultivo de Gestão das Áreas de Conservação. Uma gestão participativa

F
significa uma gestão das áreas de conservação com a participação das comunidades, do Sector

ia D
Privado, dos Órgãos Locais do Estado (Sal & Caldeira, 2014).

O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo (2004-2013), sublinha que para além
Tr t P
das fraquezas institucionais, existem outros pontos fracos que contribuem para uma gestão
inadequada das ACs com destaque para a insuficiente dotação orçamental do Estado para o
sector de conservação e a redução drástica dos efectivos de fauna bravia.
r
A falta de informação básica limita "a implementação de medidas adequadas de conservação e
l
Pe

uso sustentável" e impede "a determinação do estado de conservação de muitos grupos


taxonómicos", os fracos sistemas de gestão da informação (incluindo a recolha e análise de
dados), são considerados como pontos fracos da conservação no Plano Estratégico do Turismo"
eX

(Lamarque & Magane, 2007).

Segundo (Lamarque & Magane, 2007), a Política do Turismo por um lado destaca que um dos
seus desafios é "reabilitar e restaurar áreas de conservação com grandes constrangimentos
orçamentais". Por outro lado, define várias medidas com o intuito de melhorar a gestão e a
valorização das áreas de conservação como:

 O desenvolvimento e implementação dos Planos de Maneio das Áreas de Conservação


com um zoneamento para as operações turísticas;

 A utilização das Áreas de Conservação como um recurso chave no desenvolvimento de


produtos turísticos nacionais realizando investimentos para a reabilitação das infra-
estruturas e da fauna;

 A implementação de medidas para a fiscalização visando à conservação da


biodiversidade.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 33


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

De acordo com a lei de conservação Lei n.º 16/2014 de 20 de Junho, nas alíneas a, c e d do nᵒ2
do artigo 16, nos Parques e reservas excepto por razões científicas e por necessidades de maneio,
são rigorosamente interditas as actividades como: caçar, exercer qualquer actividade de
exploração florestal, agrícola, mineira ou pecuária; todos os trabalhos tendentes a modificar o
aspecto do terreno ou as características da vegetação, bem como provocar a poluição das águas, e
todo o acto que pela sua natureza possa causar perturbações a manutenção dos processos
ecológicos, a flora, fauna e ao património cultural.

3.2.4.1.Efectividade de gestão das áreas protegidas

F
Para assegurar que os esforços para conservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos
naturais, aliado à geração de bens e melhoria da qualidade de vida, estejam sendo efectivos na

ia D
implementação das UG, torna-se necessário a construção de instrumentos de monitoramento do
maneio dessas áreas, de forma a subsidiar à tomada de decisões (Hockings et al., 2000)
Tr t P
O maneio é considerado eficaz quando o conjunto das acções empreendidas permite cumprir
satisfatoriamente os objectivos para os quais a AP foi criada (Cifuentes et al., 2000) citado por
(Lederman & Araújo, 2012). A boa gestão de UCs segue um processo que engloba a avaliação
r
de seis diferentes elementos: contexto, planeamento, insumos, processos, produtos e resultados
l
Pe

(Lederman & Araújo, 2012).

3.2.4.2. Importância da avaliação da gestão da Área Protegida


eX

O processo de avaliação deixa em evidência as principais limitações para o cumprimento dos


objectivos de conservação, e desta forma permite identificar as medidas prioritárias a serem
adoptadas para a melhoria gradual do maneio da unidade, com critérios de sustentabilidade.
Portanto, a avaliação sistemática da efectividade de implementação e maneio instrumenta
continuamente o órgão gestor no estabelecimento de estratégias, definição de metas e rumos de
investimentos (Lederman & Araújo, 2012).

Entretanto, financiadores, decisores políticos de conservação podem utilizar os resultados para


realçar problemas e estabelecer prioridades, ou para promover melhores políticas e práticas de
gestão por agências de gestão. As comunidades locais e outras partes interessadas, incluindo
sociedade civil, precisam saber em que medida estão a ser tidos em conta os seus interesses
(Hockings et al., 2000).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 34


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Usos comuns de avaliação são:

 Promoção da gestão adaptativa;

 Melhorar o planeamento do projecto; e

 Promover a responsabilização.

Na prática, os resultados da avaliação são geralmente usados em mais de uma maneira. As


informações usadas pelos gestores para melhorar o seu próprio desempenho (gestão adaptativa)
também pode ser usado para relatórios (prestação de contas) ou lições aprendidas pode ser usado
por outros para melhorar o futuro planeamento.

F
As agências de financiamento, ONGs e outros têm o direito legítimo de saber se uma AP é

ia D
consecução dos seus objectos declarados (Hockings et al., 2000).
Tr t P
3.2.4.3. Gestão Privada de Unidades de Conservação

Com a constatação de que o Estado, sozinho, não pode garantir a conservação e o uso racional
dos recursos florestais e faunísticos, a Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei 10/99 de 7 de Julho),
r
introduziu nova abordagem na gestão de florestas e da fauna bravia, que procura envolver e
l
Pe

responsabilizar todos intervenientes no sector na gestão destes recursos (Bila, 2005).

O plano de gestão compartilhada visa estabelecer parcerias entre as esferas pública e a privada.
A administração da conectividade entre as duas áreas representará a potencialização das acções
eX

conservacionistas e o incentivo à educação ambiental, tendo como reflexo a manutenção dos


ecossistemas e uso sustentável dos recursos naturais (CPUP, 2013).

Este poder de conservação é importante porque sinaliza tanto a vontade de assumir acções de
conservação por parte do sector privado, bem como uma admissão do governo que não pode e
deve não tentar atingir objectivos de conservação sem a ajuda de sociedade em geral (Stolton et
al., 2014).

O turismo cinegético e o turismo de observação e aventura serão, reconhecidamente, as fontes


principais de receita para a RNN, que contribuirão para melhorar e aumentar o financiamento
para a gestão da RNN e, por outro lado, maximizar os benefícios económicos para as
comunidades locais (SGDRN, 2006).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 35


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

3.2.4.4. Ameaças das Unidades de Conservação

A identificação da ameaças de uma determinada UC é importante para entender a política e as


acções a serem tomadas para sua mitigação (Mardiastuti et al., 2013). Geralmente, poucos ou
nenhuma das Áreas Protegidas estão imunes a um tipo de ameaça ou outras e muitas são
vulneráveis a uma variedade delas (Hockings et al., 2000).

De acordo com (Carey et al., 2000), das ameaças que as áreas protegidas enfrentam destacam-se
o comércio de vida selvagem, impactos de guerra, mineração, as ligações de transporte, caça de
troféu, mudanças a hidrologia, extracção de petróleo e gás, populações humanas migrantes,
colecta de lenha, espécies invasoras, conversão agrícola, caça de animais selvagens, a exploração

F
madeireira ilegal, poluição do ar, fogo, poluição aquática, as alterações climáticas, assentamento,

ia D
sobre pesca, pastagem, turismo e lazer.

A figura 2 demostra a relação entre causas, ameaças e impactos ligados a Áreas de Conservação.
Tr t P
Causas dos Ameaças Impactos
problemas
r
Caça insustentável
l
Pe

Pobreza na Redução em populações


na área protegida animal
comunidade
vizinha
Mudanças Incêndios mais Bordas das florestas
eX

climáticas frequentes e mais tropicais queimadas


quentes

Figura 2: Causas e impactos das ameaças

Fonte: Carey et al. (2000).

3.3. Ferramenta de Acompanhamento da Efectividade de Gestão (METT)

3.3.1. Objectivos da Ferramenta de Acompanhamento da Efectividade de Gestão

A Ferramenta de Acompanhamento da Efectividade de Gestão de Áreas Protegidas (METT), foi


desenvolvida pelo Banco Mundial em conjunto com a Rede WWF, com o objectivo de monitorar
o progresso na eficácia de gestão das áreas apoiadas pelo banco por meio de programas e

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 36


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

projectos de implementação e fortalecimento, porém este deverá ser preenchido pelo gestor da
área protegida ou outro pessoal local relevante (Campos, 2014).

A pontuação inclui todos os seis elementos de gestão identificados no IUCN-WCPA (contexto,


planeamento, insumos, processos, produtos e resultados). Ele é básico e simples de usar, e
fornece um mecanismo para acompanhar os progressos no sentido de uma gestão mais eficaz ao
longo do tempo (Mardiastuti et al., 2013). A ferramenta é usada para permitir administradores de
parques e doadores a identificarem as necessidades, restrições e acções prioritárias para melhorar
a eficácia da gestão das APs (Leverington et al., 2008).

3.3.2. Estrutura e conteúdo da METT

F
Ficha de dados 1: regista detalhes da avaliação e algumas informações básicas sobre o

ia D
site, como nome, tamanho e localização. Outras informações contextuais como a designação
local, ou seja, Parque Nacional, Reserva Nacional, juntamente com a categoria de gestão de
Tr t P
Áreas Protegidas da IUCN, de propriedade, número de funcionários e orçamento são também
gravadas nesta primeira folha além de informações sobre quem estava envolvido na avaliação
(Campos, 2014).
r
Ficha de dados 2: fornece uma lista genérica de ameaças que Áreas Protegidas podem enfrentar.
l
Pe

Nesta folha de dados os avaliadores são convidados a identificar ameaças e classificar o seu
impacto sobre a Área Protegida (Campos, 2014).

Formulário de Avaliação: a avaliação é estruturada em torno de 30 questões apresentadas em


eX

formato de tabela que inclui três colunas para registar detalhes da avaliação.

 Perguntas e pontuações: a avaliação é feita através da atribuição de uma pontuação


simples que varia entre 0 (mau) à 3 (excelente). Uma série de quatro alternativas de resposta são
fornecidas contra cada pergunta para ajudar os avaliadores a fazer julgamentos quanto ao nível
de pontuação dada. Além disso, há questões suplementares a elaborar sobre temas-chave nas
perguntas anteriores e fornecem informações adicionais e pontos (Mardiastuti et al., 2013).

Portanto, haverá situações em que nenhuma das quatro alternativas de resposta aparecem para
caber condições na Área Protegida de forma muito precisa. Nestas situações deve se escolher a
resposta que é mais próxima e usar a seção de comentários / explicação para elaborar. As
perguntas que não são relevantes para uma determinada Área Protegida, devem
ser omitidas, com uma razão dada na seção de comentários / explicação (Stolton et al.,2007).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 37


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

A pontuação máxima das 30 perguntas e perguntas complementares é de 99. Um total final da


pontuação depois de completar o formulário de avaliação pode ser calculado como uma
percentagem de 99 ou da pontuação total a partir dessas questões que eram relevantes para uma
Área Protegida particular (Stolton et al., 2007).

 Comentário / explicação: a caixa ao lado de cada questão permite julgamentos


qualitativos de ser explicado em mais detalhes. Isto pode variar de conhecimento pessoal local
(em muitos casos, o conhecimento pessoal vai ser o mais informado e fonte confiável de
conhecimento), um documento de referência, monitorando resultados ou estudos externos e
avaliações (Stolton et al., 2007).

F
 Próximas etapas: Para cada pergunta entrevistados também são convidados a identificar

ia D
quaisquer acções que irão melhorar o desempenho da gestão (Stolton et al., 2007).
Tr t P
3.3.3. Elementos de avaliação

A IUCN-WCPA desenvolveu um sistema de avaliação único e global, resultando no “Quadro de


Avaliação de Efectividade de Gestão”, auxiliando não somente a decifrar os elementos
r
constantes nos estudos preexistentes, mas a relação entre eles, e como guiar os que se seguiriam
l
Pe

(Hockings et al., 2000).

A ferramenta da METT faz a avaliação da efectividade de gestão baseando-se em seis elementos


de avaliação contidos na tabela da WCPA, conforme indicado abaixo:
eX

Tabela 5: Resumo dos elementos de avaliação do Quadro WCPA


Elementos de Explicação Critérios que são Foco da avaliação
avaliação avaliados

Onde estamos agora? -Significado

Avaliação da -Ameaças
importância, ameaças e
-Vulnerabilidade Estado
ambiente político.
-Contexto nacional
Contexto
-Parceiros

Onde queremos chegar -Legislação e política da


área protegida
Avaliação do desenho
Adequação
Planeamento da área protegida e -Desenho do sistema de
planeamento áreas protegidas

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 38


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

-Desenho da reserva

-Planeamento de gestão

Oque precisamos? -Recursos da agência

Avaliação dos recursos -Recursos do sítio


necessários para realizar Recursos
a gestão
Entradas/insumos

Como vamos sobre -Adequação dos processos


isso? de gestão

F
Processos Avaliação do modo em Eficiência e adequação
que a administração é
conduzida

Quais
ia D
foram os -Resultados das acções de
Tr t P
resultados? gestão

Avaliação da -serviços e produtos


implementação de Eficácia
Saídas
r
programas e acções de
l
Pe

gestão; fornecimento de
produtos e serviços

O que fizemos -impactos: efeitos da


alcançar? administração em relação
eX

aos objectivos
Avaliação dos
Resultados Eficácia e adequação
resultados e da medida
em que eles alcançaram
os objectivos

Fonte: Stolton et al. (2007).

1.3.4. Vantagens da METT

A METT tem como vantagem a possibilidade de acompanhamento do progresso da efectividade


de gestão ao longo do tempo, mais do que para comparar áreas protegidas, podendo revelar
tendências, aspectos favoráveis e fraquezas em áreas protegidas individualmente ou em grupos.
Suas 30 questões características tornam a aplicação do questionário extremamente simples e
rápida (Júnior e Filho, 2015).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 39


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

1.3.5. Limitações da METT

Apesar da METT constituir avaliação quantitativa e serem benéficas no sentido de entendimento


dos resultados e de comparação em certos termos, a sua expressão é limitada a números,
perdendo aspectos subjectivos inerentes do processo. A METT assume que todas as questões
possuem o mesmo peso, portanto, acaba por estabelecer que todos os elementos do Quadro
IUCN-WCPA têm o mesmo peso no que se refere à efectividade, o que pode não ser o caso a
depender da situação, porém o mesmo não acontece com as outras metodologias como é o caso
do RAPPAN e EoH, esta primeira define a importância de cada elemento na avaliação através da
quantidade de perguntas, ou seja, quanto mais perguntas, maior o peso, enquanto o EoH variará

F
de abordagem de acordo com a ferramenta utilizada (Júnior e Filho, 2015).

ia D
Assim, podemos inferir que, na METT, as pontuações fornecem uma melhor avaliação da
efectividade quando calculada como uma percentagem de um de cada um dos seis elementos do
Tr t P
Quadro da IUCN-WCPA.

Destaque-se que entre os elementos do Quadro IUCN-WCPA, enquanto o RAPPAM tenta


dividir seu foco de maneira equilibrada, a METT dedica-se ao Contexto, Planeamento, Insumos
r
e Processos de Gestão, e o EoH atenta-se para os Resultados da Gestão (Júnior e Filho, 2015).
l
Pe

Suas avaliações também são relativamente superficiais, como esperado de uma análise rápida,
não abordando alguns aspectos da gestão. Graças às grandes diferenças entre as expectativas,
recursos e necessidades ao redor do mundo, a METT não é indicado para comparar áreas
eX

protegidas diferentes (Stolton et al., 2007).

A METT, por ser uma metodologia simples e rápida, a sua limitação na profundidade de
abordagem, pode comprometer o uso independente desta metodologia. A falta de detalhamento
deste método é também uma fragilidade, acabando por evidenciar a necessidade de aplicação de
outras metodologias de monitoramento e avaliação (Júnior e Filho, 2015).

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 40


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

CAPITULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Efectividade de gestão dos elementos de avaliação

O presente capítulo vai apresentar e discutir os resultados baseando nos seis elementos usados
pela METT para avaliar a efectividade de gestão das UG, nomeadamente: contexto,
planeamento, insumos, processos, produtos e resultados.

De forma a verificar os esforços, cada elemento da METT foi apresentado simultaneamente para
todas UG incluindo a própria administração da RNN.

F
4.1.1. Contexto

É o primeiro elemento da METT. Para a análise da efectividade, foram considerados o estatuto

ia D
legal, regulamentos da área, capacidades/recursos de fiscalização, demarcação de limites e
inventário de recursos.
Tr t P
Contexo
80 80 80 80
80,0 73,3 73,3
Efectividade (%)

r
60,0
l
Pe

40,0
20,0
0,0
Adm. RNN Mariri Luwire Chuilexi Safrique Metapiri
eX

Unidades de Gestão

Figura 3: Efectividade do Contexto das Unidades de Gestão

Para o elemento contexto, as UG Mariri Investimentos Lda, Chuilexi Investimentos Lda, a


Luwire Safaris Lda e a Safrique Safaris Lda foram as que apresentaram uma melhor pontuação,
tendo obtido 80% de efectividade, a administração da RNN e a Metapiri safaris Lda
apresentaram uma efectividade de 73,3 %.

O principal indicador determinante nas diferenças supracitadas é a capacidade/recursos de


fiscalização existentes nas diferentes UG.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 41


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

a) Estatuto legal

A RNN foi legalmente estabelecida a 9 de Outubro de 1954 através da Portaria 10:578,


antecedida da publicação sobre a sua criação em Março de 1954, através do Boletim Oficial III
Série, no 13 / tendo os seus limites modificados até os actuais 42.000 Km2 de área que ela ocupa.
Os concessionários das Unidades de Gestão Privadas celebraram contrato de concessão e
exploração com o Estado, através da Administração Nacional das Áreas de Conservação
(ANAC), Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural.

b) Regulamentos da área

F
A existência de bons regulamentos de áreas protegidas é geralmente reconhecida como essencial
e bem correlacionado com a eficácia global (Dudley et al., 2007). As actividades na RNN devem

ia D
ser orientadas não só pelas políticas e legislação de carácter nacional mas também por um
conjunto de políticas, regulamentos e linhas de orientação específicas desenhadas para abordar o
Tr t P
contexto e as características particulares desta área. Estes dados orientadores aplicam-se às áreas
de turismo, comunidades e investigação (SGDRN, 2006).

No concernente aos regulamentos da área, todas as UG com a excepção da Sociedade de


r
Ecoturismo de Metapiri Lda que não contém população humana dentro da sua área de gestão
l
Pe

fizeram menção da existência de mecanismos para o controlo do uso e das actividades não
apropriadas na área, dentre outros, destacam-se regulamentos internos, acordos de parceria com a
comunidade, encontros regulares para reforçar a aplicação da legislação do sector florestal e
eX

faunístico. Todavia, regista-se uma implementação deficiente dos mecanismos, por um lado
devido a presença de população humana dentro da RNN, por outro lado devido as políticas de
desenvolvimento local que não estão em concordância com os objectivos da área de
conservação.

O artigo 15 da Lei de conservação: Lei n.º 16/2014 de 20 de Junho, interdita a prática das
actividades tendentes a modificar o aspecto do terreno ou as características da vegetação, bem
como provocar a poluição das águas, e todo o acto que pela sua natureza possa causar
perturbações a manutenção dos processos ecológicos, a flora, fauna e ao património cultural nos
Parques e Reservas, mas em nenhum momento proíbe a presença do homem nos mesmos,
esquecendo-se de que a actividade básica de subsistência do homem é a agricultura, além de
várias outras actividades que também são prejudiciais ao objectivo de conservação, Por exemplo,
foram observados assentamentos que são instalados sem considerar princípios de conservação,
colidindo desta forma com corredores ou habitats preferidos por determinadas espécies de fauna.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 42


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Estes factores tornam evidente a necessidade de haver uma planificação integrada, participativa
quer a nível de macro quer ao nível de micro zoneamento para evitar coincidência de actividade
sobre o mesmo espaço físico.

c) Capacidades/recursos de fiscalização

A administração da RNN, afirmou ter capacidade/recursos aceitáveis para fazer cumprir a


legislação e os regulamentos na área protegida mas existe uma deficiente gestão da equipe de
fiscalização, por exemplo de cerca de 200 homens entre Polícias de Protecção de Recursos
Naturais e Meio Ambiente e fiscais da RNN, funciona-se com uma média de 80 homens/ mês,
estando os restantes em férias, folgas, dispensas e convalescença, pois estes não regressam ao

F
posto de fiscalização a tempo causando desfalque nos programas de fiscalização e

ia D
consequentemente baixa cobertura da área a patrulhar dentro da RNN. Outrossim, há postos de
fiscalização com equipamento provisório, isto é, tendas, casas construídas com material local. A
Tr t P
Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda não possui fiscais, ela colabora com a RNN na
logística dos fiscais que são alternadamente colocados nos Postos de Fiscalização dentro da
Unidade de Gestão L3, concessionada àquele Operador. As UG Mariri Investimentos Lda,
r
Luwire Safaris Lda e a Safrique Safaris fizeram menção da existência de capacidades/recursos
l
Pe

para controlar as actividades ilegais na área, estas UG fazem o treinamento de fiscais,


intensificam programas de divulgação de limites junto das comunidades locais e possuem
sistemas localizados de controlo e utilização dos recursos.
eX

A diferença registada na área de fiscalização entre as UG dos Operadores com a administração


da RNN pode estar associada por um lado ao tamanho da área que a RNN tem a responsabilidade
de controlar (todo espaço), que é relativamente maior em relação a dos Operadores turísticos, o
que faz com que os recursos (humanos, materiais e financeiras) nela alocados para a fiscalização
não sejam suficientes para garantir um controlo eficaz da área. Por outro lado, pode estar
associado à diferenças na abordagem de gestão para cada área, o controlo de efectividade em
termos de ausências e presenças dos fiscais no terreno e o investimento adquirido das doações ou
receitas próprias para gestão de uma área relativamente pequena comparada com a gerida pela
administração da RNN.

Apesar das UG investirem na fiscalização, o sector da fiscalização da RNN continua a ser o


principal coordenador da execução das actividades de fiscalização, pois a RNN tem promovido
patrulhas conjuntas, padronização dos cursos de formação de fiscais.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 43


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

d) Limites da RNN

Os limites de todas as UG da RNN são conhecidos quer pela autoridade de gestão quer por
outros intervenientes na gestão, mas não estão demarcados. São usadas figuras naturais e bacias
hidrográficas para a separação das diferentes UG. Outrossim, foram produzidos e distribuídos
mapas da RNN a maior parte dos intervenientes incluindo as Administrações Distritais.

Apesar de serem conhecidos os limites, a ausência de marcos cria um espaço para entrada de
exploradores ilegais de madeira, principalmente nas UG L8 e L9. A demarcação constitui uma
actividade importante para a manutenção da área e evita conflitos de interesse com outros usos
de terra nas zonas circunvizinhas.

F
e)Inventário de recursos

ia D
A informação sobre importantes habitats, espécies e valores culturais da área protegida é
Tr t P
suficiente para as áreas-chave da planificação/tomada de decisão, dado que existem informações
de certos estudos realizados na área sobre os habitats, répteis, fauna, actividades sócio-
económicas e recurso hídricos. A administração da RNN em coordenação com o projecto
Carnívoros do Niassa e, com o apoio dos Operadores turísticos, realizam contagens aéreas da
r
fauna bravia em períodos bi/trianuais desde 1998, é feita a investigação sobre os carnívoros do
l
Pe

Niassa desde 2003.

Estas informações habilitam aos gestores da RNN e das UG a tomarem decisões baseadas em
factos e informações científicas.
eX

4.1.2. Planeamento

É o segundo elemento da METT, para a análise dos dados, foram considerados os objectivos da
área, concepção da área, Plano de Maneio e plano de trabalho anual.

Os resultados para este elemento estão apresentados no gráfico 4.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 44


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Planeamento

100,0 91,7 91,7 91,7


83,3 83,3
Efectividade (%)

80,0
66,7
60,0
40,0
20,0
0,0
Adm. RNN Mariri Luwire Chuilexi Safrique Metapiri

Unidades de Gestão

F
ia D
Figura 4: Efectividade de Planeamento das Unidades de Gestão da RNN

Fonte: Autora
Tr t P
Com relação às análises feitas no que diz respeito as acções de planeamento, observou-se que a
maior efectividade foi apresentada em três UG, nomeadamente Mariri Investimentos Lda,
Chuilexi Investimentos Lda e a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri com uma percentagem
r
igual de 91,7 %, seguidas das efectividades obtidas pela Luwire Safaris Lda e Safrique Safaris
l
Pe

que apresentaram uma efectividade de 83,3% para ambas e a mais baixa efectividade foi
apresentada pela administração da RNN tendo obtido um valor de 66,7 %.

a) Objectivos da área
eX

Todas as UG incluindo a administração da RNN referiram que esta área é gerida de acordo com
os objectivos definidos e aprovados no Plano de Maneio actualmente em uso (2007-2012), o qual
focaliza a manutenção das áreas cénicas, virgens e da diversidade biológica da RNN. A
administração da RNN salientou que torna difícil o alcance destes objectivos devido a
insuficiência de recursos (materiais, financeiros e humanos) bem como a existência de políticas
de desenvolvimento dos Distritos inseridos dentro da RNN que conflituam com os objectivos de
gestão da área.

A presença de planos de gestão não harmonizados entre os Governos Distritais e a


Administração da RNN coloca em risco a continuidade da RNN como uma Área Protegida dado
que qua pressão sobre o uso de recurso não observa princípios de conservação, podendo desta
forma causar degradação de espécies e habitats.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 45


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

b) Plano de Maneio

Todos os gestores referiram que a RNN tem um Plano de Maneio desactualizado. Entretanto,
começou em Junho de 2016 o processo de planificação integrada para actualização do Plano de
Maneio com uma visão de 10 anos.

c) Plano de trabalho regular

No concernente ao plano de trabalho regular, todas as UG dos Operadores turísticos possuem um


plano de trabalho anual, as actividades são monitoradas quanto as metas do plano e a maior parte
das actividades previstas são concluídas. A administração da RNN constitui uma excepção, pois

F
possui planos de trabalho trimestrais. Porém, este processo de planificação tende a ser mais
reactivo e não proactivo.

ia D
O simples fornecimento dos insumos adequados também não irá garantir a gestão efectiva da
Tr t P
UC, uma vez que o planeamento e a condução dos processos são duas etapas essenciais para se
atingir os resultados esperados (WWF-Brasil, 2012).

A inconsistência no processo de planificação dificulta monitorar os avanços no alcance dos


r
objectivos porque as metas definidas não tem um período adequado para sua avaliação. O actual
l
Pe

processo de planificação da RNN pode de certa forma comprometer a supressão eficaz das
ameaças vividas.

d) Concepção da área
eX

Em relação a concepção da área, a Mariri Investimentos Lda, a Chuilexi Investimentos Lda e a


Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda que ocupam extensões de 580 km2, 5868 km2e 2800
km2 respectivamente, afirmaram que as características da área (forma, tamanho) ajudam na
realização dos principais objectivos das mesmas e não precisam alargar os corredores, isto é,
existe nelas variedade de habitats para albergar diversidade de espécies de fauna e conectividade
de ecossistemas. A Safrique Safaris Lda referiu que dos 8400 km2 que ocupa, utiliza cerca de
800km2, estando a outra área a ser ocupada por assentamentos humanos. Esta UG coincide com a
Sede do Distrito de Mavago, Posto Administrativo de Nkalapa, localidades de Lipembo, e uma
parte do Posto Administrativo de Msawizi, locais onde para além de culturas alimentares cultiva-
se culturas de rendimento como gergelim e tabaco, diminuindo de forma significativa a área
ocupada pela UG. Este cenário, precisa de uma intervenção da autoridade da RNN, de forma que
não leve a extinção da UG. A administração da RNN faz a gestão de 42 000 km2 e a Luwire
Safaris Lda ocupa uma área de gestão de 4560 km2, ambos referiram que há necessidade de

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 46


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

alargar os corredores nas zonas de Nahavara, Mecula e Mussoma, visto que nestas zonas o
habitat foi fragmentado e bloqueado devido ao assentamento populacional. Estas áreas
coincidem com áreas movimentadas pelos elefantes com colares, isto é, circulam com frequência
no corredor Mecula – Mussoma; pelo que, deve-se evitar a expansão de aldeias nestas zonas e
abrir os corredores fechados.

Portanto, existem três factores que contribuíram para a baixa pontuação da administração da
RNN: como a insuficiência de recursos e incoerência das políticas de desenvolvimento dos
Distritos inseridos dentro da RNN, interrupção de corredores em certas zonas devido ao
assentamento humano e, uso de plano de trabalho diferente das outras UG.

F
4.1.3. Insumos

ia D
É o terceiro elemento da METT, para avaliar a efectividade foram analisados o número de
Tr t P
trabalhadores, orçamento corrente, garantia do orçamento nos próximos anos, equipamentos e
infra-estruturas de cada organização.

Os resultados pertinentes a efectividade de insumos para todas as áreas patentes no estudo são
r
apresentados no gráfico 5.
l
Pe

Insumos

100,0 91,7
83,3 83,3 83,3
eX Efectividade (%)

80,0
58,3
60,0 50,0
40,0
20,0
0,0
Adm. RNN Mariri Luwire Chuilexi Safrique Metapiri

Unidades de Gestão

Figura 5: Efectividade dos insumos das Unidades de Gestão da RNN

Fonte: Autora

No gráfico acima, observa-se que a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda apresenta uma
maior efectividade em termo de insumos, com 91,7%, seguida da Mariri Investimentos Lda,

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 47


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Chuilexi Investimentos Lda e Safrique Safaris Lda obtiveram 83,3% de efectividade, a


administração da RNN com 58,3% e por fim a Luwire Safaris Lda com 50 % de efectividade.

Os resultados dos indicadores de insumos mostraram a insuficiência do número de trabalhadores


na administração da RNN, pese embora esta vai gradualmente aumentando a sua mão-de-obra,
enquanto que a Luwire Safaris Lda devido a situação económica crítica que vem atravessando
nos últimos anos sentiu-se obrigada a reduzir a mão-de-obra enquanto decorre o processo de
restruturação.

a) Número de trabalhadores

F
A tabela 6 apresenta o número de trabalhadores de cada UG em relação a cobertura da área por
eles feita.

ia D
Tabela 6: Número de trabalhadores permanentes das Unidades de Gestão por km2
Tr t P
Unidade de Gestão No de Trabalhadores Área (Km2 ) km2 / Trabalhador

Administração da RNN 146 42.000 287,7

Mariri Investimentos Lda 50 580 11,6


r
l
Pe

Luwire Safaris Lda 120 4.560 38

Chuilexi Investimentos Lda 94 5.868 62,4

Safrique Safaris Lda 18 8.400 466,7


eX

Sociedade de Ecoturismo de 43 2.800 65,1


Metapiri

Total 471 42.000 89,2

Fonte: Autora

A administração da RNN possui 146 trabalhadores permanentes, perfazendo uma cobertura de


287.7km2/trabalhador, a Mariri Investimentos Lda com 50 trabalhadores correspondendo cerca
de 11,6km2/trabalhador, a Luwire Safaris Lda com 120 trabalhadores correspondendo
38km2/trabalhador, a Chuilexi Investimentos com 94 trabalhadores correspondendo
62,4km2/trabalhador, a Safrique Safaris Lda com 18 trabalhadores correspondendo
466,7km2/trabalhador, e a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda com 43 trabalhadores
permanentes fazendo 65,1km2/trabalhador. Dos dados colhidos em todas as UG obteve-se um
total de 471 trabalhadores, fazendo uma média em relação a área total da RNN de 89,2
km2/trabalhador.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 48


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

A tabela mostra evidentemente que há maior área de cobertura por trabalhador na Safrique,
seguido a administração da RNN, Chuilexi Investimentos Lda, Sociedade de Ecoturismo de
Metapiri Lda, Luwire safaris Lda que tem uma cobertura moderada. E a Mariri possui a menor e
a melhor área de cobertura por trabalhador.

Tabela 7: Cobertura por km2 dos fiscais das Unidades de Gestão


Unidade de gestão No de Fiscais Área (Km2 ) km2 /Fiscal

Administração da RNN 200 42.000 210

Mariri Investimentos Lda 28 580 20,7

F
Luwire Safaris Lda 32 4.560 142,5

Chuilexi Investimentos Lda

Safrique Safaris Lda


ia D 45

16
5.868

8.400
130,4

525
Tr t P
Sociedade de Ecoturismo de Metapiri - 2.800 -

Total de Fiscais da RNN 350 42000 120


r
Fonte: Autora
l
Pe

A administração da RNN conta com 200 homens entre fiscais e a Força da Polícia de Protecção
de Recursos Naturais e Meio Ambientais (FPPRNMA), o que significa que cada homem tem
uma cobertura de 210 km2 por fiscalizar, a Mariri Investimentos Lda possui 28 fiscais cada um
eX

com cerca de 20,7 km2 a fiscalisar, a Luwire Safaris Lda tem 32 fiscais cada um com uma área
de 142,5 km2 por fiscalizar, a Chuilexi Investimentos Lda tem 45 fiscais correspondendo 130,4
km2/fiscal, a Safrique Safaris com 16 fiscais correspondendo 525 km2/fiscal, sendo esta última a
UG cujos homens de fiscalização tem maior área de cobertura.

Juntando todas forças (Fiscais da RNN, dos Operadores e membros da PPRNMA), a RNN tem
um total de 350 homens, o que significa que cada homem tem uma cobertura média de 120 km2.

A quantidade adequada de pessoas na equipe depende de factores como a intensidade de maneio


da Unidade de Conservação e o nível de pressões e ameaças (Paterson, 2009). Não se tem uma
norma clara a utilizar para estabelecer o número ideal de fiscais a trabalhar numa determinada
área (Salmi e Bila, 2003).

O Administrador da RNN revelou que uma cobertura de 50 a 70 km2/ homem ou fiscal seria
ideal para aquela Área Protegia. Mahanjane (1995) citado por Salmi e Bila (2003), indica que um

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 49


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

fiscal deve patrulhar a pé 13km por dia e controlar eficazmente 50 km2, portanto, para a Reserva
do Niassa com cerca de 15.000 km2, por exemplo, seriam necessários 300 fiscais.

O estudo revela que com a excepção da Mariri Investimentos Lda, os fiscais têm uma cobertura
maior de controlo, dentro das suas possibilidades e critérios há necessidade da RNN de aumentar
o efectivo para garantir a protecção efectiva da área.

b) Orçamento corrente

A tabela 8 ilustra o orçamento corrente da administração da RNN e das UG estudadas.

F
Tabela 8: Resultados de Orçamento das Unidades de Gestão
Unidade de gestão Orçamento (USD) Área (Km2 ) Orçamento/km2 /ano

Administração da RNN

ia D
2.000.000 42.000 47,6
Tr t P
Mariri Investimentos Lda 1.100.000 580 1.896,6

Luwire Safaris Lda ˜1.000.000 4.560 219,3

Chuilexi Investimentos Lda 1.400.000 5.868 238,6


r
Safrique safaris Lda - 8.400 -
l
Pe

Sociedade de Ecoturismo de - 2.800 -


Metapiri

Total 5.500.000 42.000 130,95


eX

Fonte: Autora

Quanto ao orçamento corrente, a Mariri Investimentos Lda, a Chuilexi Investimentos Lda, a


Safrique Safaris Lda e a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda referiram que o orçamento é
suficiente e satisfaz as necessidades de gestão de suas áreas.

A administração da RNN possui um orçamento total de cerca de 2 milhões de dólares por ano,
em relação a área total de gestão da RNN o orçamento é de 47,6 USD/km2/ano. O orçamento da
Mariri Investimentos Lda é de cerca de 1.1 milhões de dólares/ano correspondendo um
orçamento de 1.896,6 USD/km2/ano, a Chuilexi Investimentos com 1.4 milhões de dólares/ano
correspondendo um orçamento de 238.6 USD/km2 /ano, a Luwire safaris Lda tem um orçamento
de cerca de 1 milhão de dólares/ano, correspondendo 219,29 USD/km2/ano.

Acumulando os dados sobre valores de orçamento, a RNN têm um orçamento total anual
estimado em 5.500.000 USD o que significa 130,95 USD/km2/ano. Este investimento por área

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 50


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

pode eventualmente crescer caso no futuro venham ser fornecidos dados orçamentais das UG
não abrangidas pelo presente estudo.

Um estudo de James & Paine (1999), constatou um orçamento médio global de USD 893 por
km² em 1996; onde, em Países desenvolvidos tiveram uma média de USD 2.058 por km²,
enquanto nos países em desenvolvimento o orçamento médio foi de USD 157 por km².

Baseando-se nesse estudo, o orçamento médio apresentado pela RNN, de 130,95 USD/km2/ano é
baixo, isto é cerca de 7 vezes menos da média global apresentada no estudo de James e Pane.

Para melhorar a sustentabilidade financeira dos Parques Nacionais, a África do Sul, celebrou

F
contratos de concessão com as entidades comerciais privadas para operar determinados
componentes da infra-estrutura turística situada dentro de APs (Paterson, 2009).

ia D
O presente estudo, reconhece a estratégia actual usada pela RNN em complementar o seu esforço
Tr t P
de gestão através de concessões à Operadores Privados, que torna esse sistema de gestão em um
elemento de sinergia muito importante na operacional dos seus objectivos.

c) Garantia do orçamento
r
Quanto a garantia do orçamento nos próximos anos a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda
l
Pe

referiu a existência de um orçamento garantido para as necessidades de gestão de sua área num
ciclo multianual; a administração da RNN possui um orçamento garantido a partir do
financiamento externo por um período de 5 anos contados a partir de Fevereiro de 2015, no
eX

âmbito da Aliança Global de Desenvolvimento (GDA), Agência Norte Americana de


Desenvolvimento (USAD) e do Estado que comparticipa em cerca de 15% do orçamento total; a
Mariri Investimentos Lda e a Chuilexi Investimentos Lda referiram que há um orçamento
garantido para os próximos anos, mas todas as iniciativas dependem do financiamento externo,
os financiadores principais da Mariri a Wildlife Conservation Networt (WCN), PANTHERA e
HOUSTON ZOO e a Chuilexi Inventimentos Lda tem quatro doadores principais. A Safrique
Safaris Lda possui um orçamento razoavelmente garantido, pois, dependerá das receitas obtidas
na actividade cinegética; e por fim a Luwire Safaris Lda refere que a receita obtida nas suas
actividades turísticas não é suficiente para atender as necessidades de gestão da área e pretende
apostar na procura de financiadores externos.

Como pode se observar, as fontes de financiamento da RNN bem como nas Unidades de Gestão
inqueridas, dependem da capacidade de angariação de fundos quer por receitas próprias quer por
filantropia. Há riscos associados a estas fontes de financiamento, por exemplo, se a indústria

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 51


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

turística colapsar ou os maiores financiadores forem atingidos pela crise financeira mundial, isso
pode eventualmente comprometer o alcance dos objectivos da conservação da RNN.

Importa salientar que, embora o Estado comparticipe no financiamento da RNN, estes fundos
continuam ainda exíguos para atender as necessidades da mesma, como por exemplo, a aquisição
de meios, equipamentos e contratação pessoal para garantir a sua gestão efectiva.

Um bom planeamento e insumos adequados, tais como infra-estruturas e equipamentos, são


essenciais para que a UC desempenhe os processos de gestão de forma satisfatória e alcance dos
seus resultados de conservação. A insuficiência de equipe, por exemplo, impossibilita que os
processos e resultados sejam conduzidos e alcançados de forma satisfatória (WWF-Brasil, 2012).

F
d) Equipamentos e infra-estruturas

ia D
Em relação ao equipamento e infra-estruturas, a principal fraqueza para todas as UG são as vias
Tr t P
de acesso deficientes, principalmente no período chuvoso dificultando a movimentação e
realização das actividades. A Safrique Safaris Lda mostrou a necessidade de haver um
helicóptero para ajudar o processo de fiscalização; a administração da RNN referiu que há
equipamentos e instalações mas ainda existem algumas lacunas importantes que condicionam a
r
gestão, tanto que precisa melhorar escritórios, acomodação, viaturas, rádios, vias de acesso e
l
Pe

garantir a presença regular de um helicóptero. Para as restantes UG (Mariri Investimentos Lda,


Luwire Safaris Lda, Chuilexi Investimentos Lda e Safrique Safaris Lda e Sociedade de
Ecoturismo de Metapiri), referiram que existem equipamentos e infra-estruturas adequadas,
eX

como viaturas, acomodação, avionetas, GPSs, armamentos, fardamentos e rádios. O grande


desafio colocado foi de manutenção das viaturas que apresentam avarias constantes devido a
circulação em vias de acesso deficientes.

4.1.4. Processos

É o quarto elemento da METT, para avaliar a efectividade foi feita a análise de monitoria e
avaliação, turismo comercial, gestão de recursos, formação do pessoal, gestão do orçamento,
manutenção do equipamento, programa de educação e conscientização, processo de planificação
do uso de terra e água, vizinhos estatais e comerciais, comunidades locais, pesquisa e sistemas de
fiscalização.

Os resultados referentes aos processos das UG estão apresentados no gráfico 6.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 52


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Processos
100,0
83,3
80,0 75,0
Efectividade (%)

66,7 63,6 66,7


61,1
60,0
40,0
20,0
0,0
Adm. RNN Mariri Luwire Chuilexi Safrique Metapiri

Unidades de Gestão

F
ia D
Figura 6: Efectividade dos Processos de gestão das Unidades de Gestão da RNN
Tr t P
Fonte: Autora

Em relação as análises de processos de gestão, foi observado que a Mariri Investimentos Lda
apresentou a melhor efectividade (83%) em relação as outras UG, seguida da Chuilexi
r
Investimentos Lda (75%), Metapiri safaris Lda e Luwire Safaris Lda (66,7%), a Safrique Safaris
l
Pe

Lda (63,6 %) e por último a administração da RNN (61,1%).

a) Monitoria e avaliação

A monitoria e avaliação consiste no acompanhamento do desempenho das actividades de gestão


eX

da área. Neste ponto, a Mariri Investimentos Lda possui um bom sistema de monitoria e
avaliação, pois esta UG avalia o desempenho das suas actividades através do plano anual de
trabalho e com o uso da Ferramenta de Monitoria e Registo Espacial, mais conhecida por sistema
SMART (Spatial Monitoring and Reporting Tool), que permite monitorar as actividades de
patrulhas e movimento dos leões. A Luwire Safaris Lda, Chuilexi Investimentos Lda e Safrique
Safaris Lda fazem a monitoria e avaliação de acordo com o plano anual de trabalho.
Recentemente foram colados pela administração da RNN colares em 20 manadas de elefantes
para controlar o seu movimento e utilização da paisagem.

O SMART é uma ferramenta muito fundamental para a monitoria e avaliação, todavia, se esta
ferramenta fosse aplicada por todas UG facilitaria e harmonizaria a forma de medição de
resultados baseando-se nos indicadores, com particular enfoque nas patrulhas.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 53


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

b) Turismo comercial

A administração da RNN e os Operadores de Turismo comercial (Luwire Safaris Lda, Safrique


Safaris Lda e a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda) afirmaram que existe uma excelente
colaboração entre os gestores da RNN e os Operadores Turísticos para melhorar a experiência
dos visitantes, proteger valores e resolver conflitos, e ajudam na gestão da área. A RNN e os
Operadores concessionários as UG empregaram mais de 800 indivíduos que exercem várias
actividades incluindo a fiscalização.

c) Requisitos para a gestão activa de recursos

F
Os gestores das UG ainda referiram que os requisitos para a gestão activa dos ecossistemas
importantes, espécies e valores chaves estão a ser abordados. A implementação é parcial devido

ia D
a legislação que é fraca pois há momentos que os magistrados libertam praticantes de crimes
ambientais, porque não encontram molduras adequadas para agravar as penas, isto é, legislação
Tr t P
do sector ambiental com algumas lacunas. Por exemplo, a Lei 16/2014 de 20 de Junho que
precisa de uma regulamentação e a mesma está de momento em processo de revisão pontual.

Outrossim, a presença de população humana na RNN aumenta a pressão sobre os recursos e nos
r
esforços de gestão, a falta de plano de uso de terra e água, a insuficiência de meios humanos e
l
Pe

materiais para cobrir as necessidades de gestão e a crescente demanda das populações locais em
sobreviverem dos recursos naturais, dificultam o alcance da gestão efectiva.

d) Formação do pessoal
eX

Administração da RNN realiza a formação de alguns técnicos e dos fiscais em coordenação com
a ANAC e seu parceiro de gestão conjunta, a Wildlife Conservation Society (WCS). Neste
âmbito foram conduzidos cursos de formação e reciclagem de cerca de 96 Fiscais e Técnicos nos
últimos 2 anos. Os operadores turísticos também fazem a formação dos seus técnicos e fiscais a
nível local assim como fora do País, como Quénia e África do sul.

A formação é adequada para as necessidades de gestão, mas poderia ser melhorada, pois há
necessidade da RNN e Operadores Turísticos de desenharem programas de formação para haver
consistência na habilitação, reforçar a formação dos Técnicos e Fiscais sobre várias áreas
sobretudo em matéria de legislação, conscientização sobre a conservação, ligação comunitária,
habilidades e tácticas de fiscalização.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 54


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

e) Gestão do orçamento

Quanto a gestão do orçamento, os gestores de todas as UG e a administração da RNN referiram


que o orçamento é direccionado para satisfazer as necessidades de gestão pertinentes as
respectivas áreas.

f) Manutenção de equipamentos

No que se refere a manutenção básica de equipamentos e infra-estruturas, em todas as UG e a


administração da RNN afirmaram estarem a fazê-lo de forma regular. O principal
constrangimento encarado é o de difícil acesso a alguns materiais e equipamentos uma vez que

F
para a sua aquisição precisam de percorrer distâncias muito grandes.

g) Programa de educação e conscientização

ia D
Em relação ao programa de educação e conscientização, a Luwire Safaris Lda, Safrique Safaris
Tr t P
Lda e Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda não possuem programa de educação. A
Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda não possui este programa pelo facto de não estar
inserida na sua área de gestão comunidades humanas. A administração da RNN, a Chuilexi
r
Investimentos Lda e a Mariri Investimentos Lda dispõem de um programa de educação e
l
Pe

conscientização plenamente ligados aos objectivos e necessidades da área de conservação. A


Mariri Investimentos Lda em 2015 abriu um centro de formação ambiental e vocacional, cujo
objectivo é partilhar informações essenciais sobre a conservação (ameaças, comportamentos
seguros, legislação do sector ambiental, etc) e criar uma relação entre as crianças, adultos locais
eX

e a vida selvagem de modo a aumentar a tolerância durante a convivência entre eles.

h) Planificação de uso de terra e água

Na RNN não existe processo de planificação de uso de terra e água. O uso de terra e água em
função a um plano, constitui uma questão essencial para a o sucesso da gestão da biodiversidade
e de outros recursos em sua volta. Esta componente precisa de ser devidamente abordada durante
o processo de actualização do Plano de Maneio da Reserva com vista a dar uma dinâmica nesta
área temática. A administração da RNN, a Luwire Safaris Lda, a Mariri Investimentos Lda e a
Safrique Safaris Lda referiram que as actividades e políticas são prejudiciais a sobrevivência da
área, como por exemplo, regista-se a prática da agricultura itinerante que causa a conversão do
habitat, a prática de pesca em áreas não especificadas que causam a degradação do ecossistema
aquático. A Chuilexi Investimentos Lda referiu que dentro da sua área as comunidades são
relativamente pequenas e as actividades agrícolas ainda não prejudicam a sobrevivência da área.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 55


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

i) Relação com vizinhos

Em termos de relação com vizinhos utilizadores de terra e água mencionou-se que existe uma
cooperação e colaboração entre estes, há troca de informações sobre actividades ilegais e em
matéria de gestão, pese embora alguns Operadores não possua fiscais em suas UG, o que de certa
forma aumenta o esforço por parte dos fiscais dos seus vizinhos.

j) Participação das comunidades

No referente a participação da comunidade local no processo de tomada de decisão da área, a


administração da RNN, a Luwire Safaris Lda e a Safrique Safaris Lda referiram que as

F
comunidades locais dão algum contributo para as decisões relativas a gestão, mas, não resulta no
envolvimento directo nas decisões tomadas, isto é, elas são simplesmente consultadas e as

ia D
decisões finais são tomadas pelas administração, o que se deve ao regime de conservação da
RNN, que é uma área de domínio público e dificulta a implementação dos princípios do Maneio
Tr t P
Comunitário de Recursos Naturais. A Chuilexi Investimentos Lda e a Mariri Investimentos Lda
referiram que o modelo de gestão que adoptaram, isto é, envolver a comunidades locais na
parceria nos investimentos o que, permite que as comunidades contribuam directamente para
r
algumas decisões relativas a gestão da área.
l
Pe

k) Pesquisa

Em relação a pesquisa, as UG Luwire Safaris Lda, Safrique Safaris Lda e Sociedade de


Ecoturismo de Metapiri Lda não possuem nenhum programa de pesquisa, estas unidades têm
eX

comparticipado em questões de logística no processo de contagem de fauna aéreas realizadas


pela administração da Reserva e em coordenação com a Mariri. Na Mariri Investimentos Lda
existe um programa abrangente e integrado de pesquisa e trabalhos de investigação que é
relevante para as necessidades de gestão. A Chuilexi Investimentos Lda também realiza alguns
estudos virados a gestão da área. As pesquisas desempenham um papel importante para uma
gestão adaptiva e baseadas em informações científicas. O ideal seria a uniformização dos
programas de pesquisa pela administração da RNN e os demais Operadores dado que os dados
delas obtidos podem ajudar a manter o estatuto da área e garantir a sobrevivência dos recursos
naturais para as gerações quer do presente e do futuro.

i) Sistemas de fiscalização

Em relação aos sistemas de fiscalização, a administração da RNN referiu que os sistemas de


fiscalização são parcialmente eficazes devido a insuficiência de pessoal de fiscalização,

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 56


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

equipamentos não sofisticados, infra-estruturas não adequadas em alguns postos de fiscalização


bem como vias de acesso intransitáveis durante a época chuvosa. Todas as UG e a RNN
referiram que há um bom sistema de fiscalização que conta com a existência de um total de 38
Postos entre fixos e móveis. Todavia, as patrulhas são feitas de carro e a pé, através de postos de
fiscalização, também recorrem ao uso de avionetas posicionadas na RNN, Luwire Safaris Lda,
Mariri Investimentos Lda, eventualmente na Chuilexi Investimentos Lda e Sociedade de
Ecoturismo de Metapiri Safaris Lda. Todos entrevistados foram unânimes em fazer menção a
necessidade de haver um helicóptero para ajudar a mobilizar a actividade de fiscalização.
Salienta-se que a RNN tem uma responsabilidade global sobre a área de fiscalização em todo

F
território e faz cobertura das áreas em que os Operadores Turísticos não têm fiscais, por
exemplo, na Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda.

4.1.5. Produtos
ia D
Tr t P
A efectividade deste elemento foi obtida através da análise de Instalações para visitantes e das
taxas cobradas. Portanto, os resultados dos produtos de gestão podem ser observados no gráfico
7.
r
l
Pe

Produtos
120,0
100,0 100
Efectividade (%)

83,3 83,3
80,0
66,7
eX

60,0 50 50
40,0
20,0
0,0
Adm. RNN Mariri Luwire Chuilexi Safrique Metapiri

Unidades de Gestão

Figura 7: Efectividade dos Produtos de gestão das Unidades de Gestão da RNN

Fonte: Autora

De acordo com a análise feita nos produtos, observou-se que a Sociedade de Ecoturismo de
Metapiri Lda teve a pontuação de 100%, seguida da administração da RNN e a Luwire Safaris
Lda que tiveram a pontuação de 83,3 %, a Safrique Safaris Lda com 66,7%, a Mariri

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 57


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Investimentos Lda e Chuilexi Investimentos Lda marcaram a pontuação mais baixa, ambas com
50% de efectividade.

a) Instalações

Meios de hospedagem é todo estabelecimento de uso colectivo que fornece aos hóspedes
aposentos mobiliados e prestação de serviços complementares conexos referentes ao bem-estar
dos seus consumidores, como por exemplo, os campings ou acampamentos, e procurando manter
visões planas e corredores para facilitar o acesso as atracções, não exagerar na capacidade de
alojamento, permitir o acesso público dos residentes locais, mas mantendo padrões de segurança
e criar adequadas infra-estruturas básicas (Kushano, 2008).

F
A administração da RNN de momento concentra-se nas actividades de conservação e a

ia D
promoção do turismo está a cargo dos Operadores Turísticos. Para melhorar a visibilidade das
actividades turísticas, a RNN que precisa melhorar as instalações para visitantes, criando locais
Tr t P
diversificados de campismo (campsite), de modo a atrair turistas. A Mariri Investimentos Lda, a
Luwire Safaris Lda, a Chuilexi Investimentos Lda, a Safrique Safaris Lda e a Sociedade de
Ecoturismo de Metapiri Lda referiram que dispõem de instalações adequadas para os actuais
r
níveis de visitação.
l
Pe

b) Taxas

No entanto, em relação as taxas cobradas, a Mariri Investimentos Lda e a Chuilexi Investimentos


Lda ainda não começaram com a actividade de turismo comercial, isto é, não cobram nenhuma
eX

taxa, porque ainda estão na fase de desenvolvimento de infra-estruturas, facto este que fez com
que a pontuação fosse baixa nestas UG. Para a administração da RNN são cobradas aos turistas e
aos concessionários taxas de entradas, de campismo e de concessões que ao abrigo do Diploma
Ministerial 66/2010 de 31 de Maio, 80% revertem-se regularmente para a gestão da área. A
Luwire Safaris Lda e a Safrique Safaris Lda referiram que as taxas apoiam a gestão da área mas,
há um fracasso devido ao baixo número de animais machos adultos, a proibição de venda de
troféu de elefante no mercado americano, reduzido o número de turistas em suas áreas.
Salientaram que a instabilidade no ambiente político que o País atravessa, também retrai os
turistas.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 58


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

4.1.6. Resultados

É o último elemento da METT, em que foi feita análise dos benefícios económicos para as
comunidades locais e o estado dos valores comparado com os valores quando a área foi pela
primeira vez designada.

O gráfico 8 apresenta a efectividade dos resultados.

Resultados

83,3 83,3 83,3 83,3 83,3 83,3


80,0
Efectividade (%)

F
60,0
40,0
20,0
0,0
Adm. RNN Mariri
ia DLuwire Chuilexi Safrique Metapiri
Tr t P
Unidades de Gestão
r
l
Pe

Figura 8: Efectividade de Resultados das Unidades de Gestão da RNN

a) Benefícios as comunidades

Os resultados marcaram 83,3 % de efectividade para todas as UG, pois todos os gestores
eX

referiram que existe um fluxo significativo de benefícios económicos para as comunidades


locais, com destaque para o emprego, canalização do valor de 20% de receita do turismo
cinegético e quota de caça oferecida as comunidades locais. Um estudo realizado na RNN por
Massuque (2013), afirma que a comunidade tem recebido o benefício de 20% das receitas das
actividades de turismo consumptivo (caça) a elas consignadas pelo estado; seguido do benefício
da quota de caça comunitária e o emprego. Pode-se observar que esses benefícios são dados as
comunidades locais de forma consistente, facto que pode motivá-las a participarem o processo de
conservação dos Recursos Naturais na área.

b) Estado de conservação das áreas

Em relação ao estado dos valores, a administração da RNN e todos os Operadores afirmaram que
houve uma redução do número de elefantes. Contrariamente ao decréscimo da população de
elefantes, tem-se verificado uma subida ligeira do número de animais de outras espécies de
fauna. Outrossim, tem-se verificado degradação gradual do habitat, resultante das diversas
Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 59
Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

actividades humanas praticadas nestas áreas, entre elas, construção de habitação, agricultura,
garimpo, pesca insustentável, fabrico de carvão e queimadas descontroladas.

4.2. Efectividade de gestão global

O gráfico 9 ilustra os resultados das análises feitas em relação a efectividade de gestão de todos
os elementos de avaliação (contexto, planeamento, insumos, processos, produtos e resultados) de
todas as UG (Adm. RNN, Mariri Investimentos Lda, Luwire Safaris Lda, Chuilexi Investimentos
Lda, Safrique Safaris Lda e Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda).

F
Efectividade de gestão

100,0

80,0 ia D
Tr t P
74,0 70,8 70,8
Efectividade (%)

60,4 62,5 63,5


60,0

40,0

20,0
r
0,0
l
Pe

Adm. RNN Mariri Luwiri Chuilexi Safrique Metapiri

Unidades de Gestão
eX

Figura 9: Efectividade de gestão global das Unidades de Gestão

Fonte: Autora

Os resultados no gráfico a cima, ilustram que a Mariri Investimento Lda foi a UG que apresentou
a pontuação máxima de efectividade com 74,0%, seguida da Chuilexi Investimentos Lda e a
socie Metapiri Safaris Lda, ambas com 70,8 %, a Safrique Safaris Lda com 63,5%, a Luwire
Safaris Lda com 62,5 % e por último a administração da RNN com 60,4%. Portanto a média
global de efectividade de gestão de todas as UG estudadas foi de 67%.

De acordo com o critério de classificação de Lederman & Araújo (2012), todas as UG


apresentaram uma efectividade de gestão alta, isto é acima de 60%.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 60


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

A capacidade de gerir as Áreas Protegidas depende efectivamente de uma combinação de boa


governação, capacidade suficiente, funcionários bem treinados e dinheiro suficiente para pagar
actividades e equipamentos essenciais de gestão (Dudley et al., 2007).

A gestão eficaz destas áreas, no entanto, depende muito da adequação dos recursos disponíveis
às agências governamentais e outros organismos responsáveis pela sua gestão e protecção. Estas
agências necessitam de recursos para os orçamentos operacionais anuais, investimento de capital,
formação de pessoal, desenvolvimento da comunidade, e sensibilização do público entre uma
vasta gama de outras actividades. Além disso, o controlo das práticas não sustentáveis, tais como
caça ilegal e o avanço da agricultura e da mineração em áreas protegidas são essências para

F
garantir a manutenção dos recursos (James & Paine, 1999).

ia D
4.3. Análise das Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (FOFA)
Tr t P
Com base nos resultados dos seis (6) elementos da METT, foi criada uma tabela resumo das
fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças das 5 UG e administração da RNN.

4.3.1. Fortalezas
r
l
Pe

As fortalezas são os pontos fortes da RNN e constituem os elementos internos e favoráveis a


unidade de conservação ou gestão.

Tabela 9: Fortalezas das Unidades de Gestão da RNN


eX

Unidade de gestão Fortalezas

- Consistência nas contagens aéreas da população de fauna bravia;

- Integração dos operadores turísticos na RNN que ajudam na gestão da mesma;

Administração da RNN - Área com elevada biodiversidade e beleza cénica

- Área com potencial de recuperar a fauna

- Potencial de habitat de elefante até 2050

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 61


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

- Existência de elevada biodiversidade e grande valor eco-turístico;

-Meios materiais e humanos suficientes para responder as actividades de gestão da


área;

- Diversidade de habilidades técnicas e Forte engajamento em treinamentos técnicos;

- Transparência nas suas actividades através da produção de relatórios e publicações;

- Alto nível de operacionalidade em torno do ano;


Mariri Investimentos
Lda - Organização bastante inovativa;

- Boa rede de comunicação que facilita a comunicação com doadores e técnicos;

F
- Colaboração directa com a comunidade, apresentando 12 programas ligados a mesma;

- Organização com princípios e integridade ético elevados;

Luwire Safaris Lda


ia D
- Existência de elevada biodiversidade e grande valor eco-turístico;

- Instalações para visitantes adequadas;


Tr t P
- Sistemas de fiscalização largamente eficazes, com meios e equipamentos adequados;

- Infra-estruturas e meios materiais suficientes para responder as actividades de gestão


da área;
r
l
Pe

- Boa distribuição de animais;

- Existência de elevada biodiversidade e grande valor eco-turístico;

- Meios materiais, humanos e financeiros suficientes para responder as actividades de


gestão da área;
eX

Chuilexi Investimentos
Lda - Existência de sector ligado aos trabalhos comunitários;

- Instalações para visitantes adequadas

- Elevada biodiversidade para as actividades cinegéticas

Safrique Safaris Lda - Recursos humanos, materiais e financeiros suficientes para as actividades de gestão;

- Recursos humanos, materiais, financeiros e infra-estruturas suficientes para as


actividades de gestão;
Sociedade de
Ecoturismo de Metapiri - Não existência de população dentro da unidade de gestão;

- Manutenção da população de fauna

-Boa localização da unidade (centro da reserva) o que reduz a pressão sobre os recursos;

Fonte: Autora

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 62


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Os resultados acima apresentados demostram que a RNN dispõe de diversas fortalezas


constituindo motivos suficientes para dar importância para continuar e redobrar os esforços da
sua gestão.

4.3.2. Oportunidades

As oportunidades constituem fenómenos ou condições externas que contribuem para o alcance


dos objectivos da RNN.

Tabela 10: Oportunidades das Unidades de Gestão da RNN

F
Unidade de gestão Oportunidades

- Começou um Plano de Maneio da RNN com abordagem participativa;

ia D
- Integração do Plano da Reserva no Plano Estratégico Provincial;
Tr t P
-Interesse da comunidade internacional em manter a integridade da área;

Administração da RNN - Integração de Polícias de Protecção dos Recursos Naturais e Meio Ambiente nas
actividades de fiscalização;

- Apoio financeiro e técnico com parceiros (USAID, Wild cat fundation, Estado);
r
l
Pe

- Espaço para a presença de outras (fora das actuais) agências com interesse na
conservação;

- Criar parcerias com instituições académicas na investigação e monitoria dos


Recursos Naturais.
eX

- Existência de grande rede de doadores para a empresa Wildlife Conservation


Networt, PANTHERA e HOUSTON ZOO os maiores;

- Visitas de grandes entidades a nível do governo, visitas de membros das


Mariri Investimentos Lda
universidades que vem fazer trabalhos de pesquisa;

- Parceria com a Still stading mini-basquetbol.

Luwire Safaris Lda - Área com grande potencial Eco-turistico;

Chuilexi Investimentos Lda - Existência de grande rede de doadores para a empresa (cerca de 4 doadores
principais);

- Área com grande potencial Eco-turistico;

Safrique Safaris Lda - Oportunidade de turismo

Sociedade de Ecoturismo de - Oportunidade de turismo


Metapiri
- Manutenção da água para aumentar as populações de fauna

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 63


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Fonte: Autora

4.3.3. Fraquezas

As fraquezas constituem fenómenos ou condições inerentes à Unidade de Gestão, que


comprometem ou dificultam seu maneio.

Tabela 11: Fraquezas das Unidades de Gestão da RNN


Unidade de gestão Fraquezas

- Insuficiência de meios materiais, humanos e financeiros;

F
-Grande dependência de financiamento externo;

ia D- Crescimento da população humana dentro da RNN;

- Equipamentos e vias de acesso inadequados;


Tr t P
Administração da RNN - Fronteira extensa com a República da Tanzânia que facilita a circulação de
gente dentro da reserva;

- Planificação de ciclo trimestral e não anual;


r
- Planos Distritais de Uso de Terra inadequados;
l
Pe

- Acesso condicionado, principalmente na época chuvosa;

- Financiamento do Estado insuficiente;

- Falta de cursos de formação para os trabalhadores locais que não requerem


eX

grandes níveis de escolaridade;

- Baixa cultura de conservação por parte dos trabalhadores;

- Dependência do financiamento externo;

- Deficiente aplicação da legislação, a liderança do Distrito não apoia as


questões de actividades ilegais (fraca colaboração da Polícia);

- Alto custo de viagem: cobrança de valores elevados pelas agências que


Mariri Investimentos Lda
transportam visitantes de Pemba a Mariri;

- Carência de livros em português na Biblioteca da Mariri: afecta o processo


de educação;

- Acesso condicionado, principalmente na época chuvosa.

- Redução no fluxo de turistas e consequente redução do orçamento da


empresa devido a situação político-militar;

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 64


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

- Recursos humanos e financeiros insuficientes: houve redução do efectivo


devido a insuficiência orçamental nos últimos dois anos;

- Fraca aplicação da legislação vigente;


Luwire Safaris Lda
-Plano de uso de terra inadequado;

-Altos custos de viagem: elevados preços cobrados pelas agências que


transportam visitantes;

- Acesso condicionado, principalmente na época chuvosa.

- Fraca aplicação da legislação vigente;

- Alto custo de viagem: elevados preços cobrados pelas agências que

F
transportam visitantes de Pemba e Nampula para a unidade de gestão;

ia D
- Acesso condicionado, principalmente na época chuvosa.
Chuilexi Investimentos Lda
- Situação político-militar no País dificulta o transporte de matérias para a
Tr t P
reserva;

- Alto custo de viagem: elevados preços cobrados pelas agências que


transportam visitantes de Pemba e Nampula para a área;
r
- Acesso condicionado, principalmente na época chuvosa;
l
Pe

- Situação político-militar no País reduziu o fluxo de turistas na unidade de


gestão e consequente redução do orçamento da empresa;
Safrique Safaris Lda
- Plano de uso de terra inadequado;
eX

- Grande Porcão de área aberta devido as actividades agrícolas na sua


unidade de gestão.

Fonte: Autora

4.3.4. Ameaças

As ameaças referem-se aos fenómenos ou condições externas à unidade de conservação, que


comprometem ou dificultam o alcance de seus objectivos.

A tabela 11 ilustra a magnitude das ameaças identificadas pelo estudo nas diferentes unidades de
gestão, nomeadamente: caça furtiva, assentamento populacional, mineração ilegal, pesca
insustentável, exploração madeireira, envenenamento, produção de carvão, agricultura e
queimadas.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 65


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Tabela 12: Ameaças das Unidades de Gestão da RNN e sua magnitude


Unidade de gestão/magnitude

Ameaça Adm. RNN Mariri Luwire Chuilexi Safrique Metapiri

Caça furtiva Alta Baixa Média Alta Baixa Alta

Assent. populacional Média Baixa Alta Baixa Média N/A

Mineração Média Alta Média Baixa N/A N/A

Exp. madeireira Média Baixa N/A Média N/A N/A

Agricultura Média Média Média Baixa Alta N/A

F
Envenenamento Média Média Média Média Média N/A

ia D
Pesca Média Média Média Média Média Alta

Produção de carvão Baixa Baixa Baixa N/A Baixa N/A


Tr t P
Queimadas Média Baixa Média Média Média N/A

Fonte: Autora

a) Caça furtiva
r
l
Pe

Esta ameaça foi tida como de alta magnitude pela administração da RNN, Chuilexi
Investimentos Lda e a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri, portanto constituiu de magnitude
média na Luwire Safaris Lda e baixa nas Unidades de Gestão Mariri Investimentos e Safrique
eX

Safaris Lda.

Em relação a caça furtiva, o elefante foi indicado como sendo a principal espécie que sofreu
grandes massacres. De acordo com a administração da RNN, houve um aumento na integridade
da caça furtiva para extracção do marfim na RNN que as tendências crescentes datam desde os
anos 2009/2010. O último censo aéreo realizado em 2014, revelou uma perda de elefantes em
cerca em 63% com um número estimado de indivíduos no período compreendido entre 2011 e
2014.

Além da caça do elefante realiza-se também a caça para obtenção da carne (búfalos, zebras,
elandes, antílopes, etc) e extracção de troféus de leão que apesar de não haver muita informação,
preocupa aos gestores da RNN e das UG.

Constituem principais causas de abate de animais acima mencionados, a procura do marfim nos
Países asiáticos, alternativa de geração de renda limitadas por parte das comunidades locais,

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 66


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

procura de suplemento de proteína animal, falta de conhecimento por parte das pessoas sobre a
importância destes recursos.

Da análise feita, pressupõe-se que a caça furtiva tenha sido de baixa magnitude na Mariri
Investimentos Lda e Chuilexi safaris Lda, por um lado devido a baixa densidade populacional, o
envolvimento directo das comunidades locais no processo de gestão destas áreas e a
intensificação das actividades de educação e conscientização, que faz com que haja uma baixa
pressão sobre os recursos, por outro lado devido a existência de uma boa cobertura da área por
fiscais. Dai que estes deveriam ser algumas das estratégias a serem adoptadas por outras UG para
reduzir a ocorrência de actividades ilegais. Além disso, uma boa cobertura de fiscais na fronteira

F
com a Tanzânia ajudaria também a reduzir os índices de caça furtiva, dado que maior parte de

ia D
indivíduos profissionais que realizam actividades ilegais de abate ilegal de elefantes tem origem
Tanzaniana.
Tr t P
b) Assentamento populacional e aumento da população

Os resultados obtidos neste estudo indicaram que, o assentamento populacional constitui a


principal causa das várias ameaças verificadas na RNN. Actualmente estima-se mais de 40.000
r
habitantes que residem dentro dos limites da RNN, contra cerca de 35.000 pessoas a cerca de 6
l
Pe

anos atrás. Entretanto, a população residente nesta área precisa de habitação, tanto como áreas
para a prática agrícola, pois isto aumenta a demanda sobre o uso dos recursos naturais.

Das análises feitas, esta ameaça foi tida como alta na UG L7 concessionada a Luwire Safaris
eX

Lda, média para a administração da RNN e Safrique Safaris Lda e baixa para a Mariri
Investimesntos Lda e Chuilexi Investimentos Lda. A tendência desta ameaça é crescente dado
que a população está sempre a crescer. A presença de Planos Distritais de Uso de Terras
deficientes faz com que haja muitos assentamentos dispersos, devastando mais áreas para
habitação, tendo como áreas preferenciais, ao longo das principais estradas que ligam os
povoados com destaque para o corredor Marrupa – Mecula.

c) Mineração

A mineração constitui uma ameaça de magnitude alta na Mariri porque existe naquela UG uma
área de mineração denominada Makotua com densidades maiores de indivíduos a realizarem esta
actividade; média que potencialmente pode crescer pela administração da RNN e Luwire
Investimentos Lda porque num contexto geral, não há domínio sobre todos os focos de
mineração, apenas são conhecidos os actuais; baixa na Chuilexi Investimentos Lda, porque não
há informações certas sobre áreas da sua ocorrência, não constituem ameaça nas UG Safrique
Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 67
Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

Safaris Lda e Sociedade de Ecoturismo de Metapiri porque naquelas UG não existem focos de
mineração.

A actividade de mineração está a contribuir para a degradação dos sistemas fluviais através da
escavação e uso de mercúrio para lavar o ouro. O mercúrio é extremamente prejudicial para a
saúde humana e para os sistemas fluviais. Esta actividade está a comprometer a actividade eco-
turística ao destruir belas paisagens para a prática do turismo.

d) Exploração madeireira

Devido a localização e abundância localizada de espécies florestais de valor comercial, o corte

F
da madeira é localizado e ocorrem nas UG da RNN L8, L9, R6 e L6. Só em 2015, o sector de
fiscalização apreendeu cerca de 1700 pranchas e número indeterminado de toros. A causa desta

ia D
ameaça ser localizada é devido a distribuição das espécies madeireiras de grande valor comercial
ao longo da área, sendo que nas UG L8, L9, R6 e L6 apresentam-se em abundância.
Tr t P
Portanto, os resultados do estudo, mostram que esta ameaça é tida de magnitude média pela
administração da RNN e baixa pela Mariri Investimentos Lda, e não constituem ameaça nas UG
da Sociedade de Ecoturismo de Metapiri e Chuilexi Investimentos Lda.
r
l
Pe

e) Agricultura

É actividade de subsistência familiar caracterizada pela conversão do habitat para fins agrícolas,
obedecendo a prática de agricultura itinerante, o que aumenta a pressão sobre os recursos. A
eX

itinerância desta actividade deve-se por uma lado a presença de solos inférteis e por outro lado
implantação de novas aldeias devido a conflitos nas lideranças locais.

A actividade agrícola foi considerada de magnitude alta pela Safrique Safaris Lda, por que
aquela unidade coincide com a Sede do Distrito de Mavago que tem muita gente e está em fraco
desenvolvimento, havendo mais demanda para abertura de machambas quer para agricultura
familiar quer para agricultura comercial (cultivo de tabaco fomentado pela Mozambique Leaf
Tabacco). A administração da RNN e Mariri Investimentos Lda consideraram esta ameaça de
magnitude média, porque ele concentra-se e cresce ao longo das vias de acesso, baixa para a
Chuilexi Investimentos Lda porque há apenas 3 povoados dentro da área e fazem a agricultura
em somente a volta de suas residências, e baixa para a UG da Sociedade de Ecoturismo de
Metapiri, devido a não presença de comunidades humanas dentro da sua área de gestão.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 68


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

f) Envenenamento

Os resultados apresentados na tabela 11, mostram que esta actividade foi vista como sendo de
magnitude média para 5 UG, nomeadamente: Administração da RNN, Mariri Investimento Lda,
Luwire Safaris Lda, Chuilexi Investimentos Lda e Safrique Safaris Lda porque trata-se de uma
forma de destruição massiva de fauna, por exemplo, em duas ocasiões em que foram
envenenados uma Piva e uma poça de água, morreram 4 leões, 1 leopardo, 1 hiena e mais de 100
abutres; a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri não considerou o envenenamento de ameaça por
que até aquele momento não tinha ainda registado um incidente.

O envenenamento é causado principalmente para eliminação de animais problemáticos (por

F
retaliação), na procura de órgãos de abutre para práticas tradicionais, ossos e pele de leões, caça

ia D
do elefante para extracção de marfim, tendo os últimos dois animais a sua procura influenciada
pelo mercado asiático (China e Vietnam).
Tr t P
O veneno constitui uma ameaça à saúde pública porque as pessoas consomem carne de animais
mortos por via de envenenamento.

g) Pesca insustentável
r
l
Pe

A principal fonte de extracção do peixe na RNN é o rio Lugenda e algumas lagoas. A pesca foi
classificada como sendo ameaça de magnitude média pela administração da RNN, Mariri
Investimentos Lda, Luwire Safaris Lda, Chuilexi Investimentos Lda e Safrique Safaris porque
estas UG têm efectuado trabalhos de sensibilização dos pescadores; em contrapartida constituiu
eX

ameaça de magnitude alta para a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri porque naquela Unidade
de Gestão existem muitos acampamentos de pesca que não tem controlo.

Os Gestores da UG inqueridas referiram que, a instalação dos acampamentos de pesca de forma


não regrada interferem com refúgios e corredores de fauna. Considerando que os animais com
destaque para o elefante frequentam a região do rio Lugenda, muitos incidentes de caça do
elefante ocorrem nesta região, pois, tem sido difícil distinguir pescadores e caçadores furtivos.
Acrescentaram que tem-se observado o uso de redes mosquiteiras e do veneno pelos pescadores
com destaque o intófilo (pesticida usado na cultura de algodão), algumas plantas (como por
exemplo. Bobgunnia madagascariensis e outras cujos nomes locais são Ntutu, Ugongo,
Nrongoca, tchinhenha e Nguera). O uso de artes e substâncias nocivas na actividade piscatória
tornam-a insustentável porque são mecanismos de destruição massiva e não selectiva, colocando
desta forma em risco os recursos pesqueiros e a saúde humana.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 69


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

h) Produção de carvão

A produção de carvão é uma actividade nova e foi considerada pela, Luwire Safaris Lda,
Chuilexi Investimentos Lda, Adm. RNN, Mariri Inventimentos Lda e Safrique Safaris Lda como
uma ameaça de baixa magnitude. Considerando que esta actividade pode evoluir, a ameaça pode
potencialmente crescer com tempo e causar devastaçao de grandes áreas de florestas. A Chuilexi
Investimentos Lda e a Sociedade de Ecoturismo de Metapiri Lda não consideraram a existência
desta ameaça porque ainda não foi observada a produção de carvão nas respectivas áreas de
gestão.

i) Queimadas descontroladas

F
As queimadas foram consideradas como ameaça de magnitude média pela Adm. RNN, Luwire

ia D
Lda, Chuilexi Investimentos Lda e Safrique Safaris Lda), baixa pela Mariri Investimentos Lda e
na Sociedade de Ecoturismo de Metapiri esta prática não é realizada, ou seja a ameaça não está
Tr t P
presente ou não é aplicável nesta unidade.

As principais causas para a prática de queimadas são, visibilidade para a prática de caça ilegal,
pesca, abertura de campos agrícolas, segurança durante as caminhadas nocturnas e ignorância
r
por parte de alguns membros da comunidade que colocam o fogo.
l
Pe

Para contrariar os efeitos das queimadas descontroladas a administração da RNN e os


Operadores das Unidades de Gestão inqueridas, adoptaram a prática de queimadas frias.
eX

A administração da RNN reconhece a importância das queimadas na manutenção do ecossistema


de miombo, mas a frequência actual, isto é, ciclo anual, não é sustentável.

Segundo Carey et al., (2000), das ameaças que as áreas protegidas enfrentam destacam-se o
comércio de vida selvagem, impactos de guerra, mineração, as ligações de transporte, caça de
troféu, mudanças a hidrologia, extracção de petróleo e gás, populações humanas migrantes,
colecta de lenha, espécies invasoras, conversão agrícola, caça de animais selvagens, a exploração
madeireira ilegal, poluição do ar, fogo, poluição aquática, as alterações climáticas, assentamento,
sobre pesca, pastagem, turismo e lazer.

No estudo as ameaças destacadas na RNN foram, a caça para obtenção de troféu e carne,
mineração, exploração ilegal da madeira, queimadas, pesca insustentável, agricultura,
assentamento e crescimento populacional, envenenamento e produção de carvão.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 70


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Como se pode observar, todas as ameaças verificadas na RNN são de origem antrópica, o que
mostra claramente que o homem é a principal causa de ameaça a conservação dos recursos
naturais naquela área protegida.

F
ia D
Tr t P
r
l
Pe
eX

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 71


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

CAPITULO V. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Com base nos resultados apresentados e discutidos, em concordância com os objectivos deste
trabalho conclui-se que:

 A RNN e os Operadores das Unidades de Gestão inqueridas tiveram uma efectividade de


gestão alta por que segundo a MEET todos tiveram uma pontuação acima de 60 %.

As principais fraquezas de gestão na RNN são:

F
 Insuficiência e dependência externa na dotação orçamental, recursos humanos e materiais
especificamente para a administração da RNN, inadequado plano de uso de terra e água,

ia D
custos altos de viagem, livre circulação de pessoas, intransitabilidade das vias de acesso
na época chuvosa, participação passiva das comunidades locais na conservação, situação
Tr t P
político-militar no País;

As principais fortalezas levantadas na RNN são:


r
 Avaliação regular (desde 1998) das tendências da população de fauna bravia através de
l
Pe

contagens aéreas e, integração dos Operadores Turísticos no sistema de gestão da RNN.

As principais oportunidades são:

 A finalização do Plano de Maneio seguindo a abordagem participativa e integração deste


eX

no plano estratégico provincial.

As ameaças levantadas foram:

 Caça furtiva, crescimento populacional, mineração, exploração madeireira, agricultura


itinerante, envenenamento, pesca, produção de carvão e queimadas descontroladas.

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 72


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

5.2. Recomendações

 Angariar mais parceiros e aumentar a intervenção do Estado na alocação de recursos


financeiros e humanos;
 Integrar mais Operadores para a gestão das Unidades vagas;
 Uniformizar a sistema de participação e incentivar aos Operadores menos activos a
participarem activamente nas actividades de protecção da RNN;
 Potencializar o efectivo de trabalhadores da RNN, principalmente nas áreas chaves de
gestão, isto é o sector de fiscalização, sector comunitário e de monitoria e pesquisa;
 Seja elaborado um plano de uso de terra e água, tanto a nível da RNN como a nível dos

F
Distritos nela inserida;

ia D
 Actualizar o plano de maneio da RNN;
-Elaborar um plano de trabalho anual;
Tr t P
-Descentralizar as actividades operativas para maior alcance dos objectivos;

 Estabelecer programas de formação.


r
l
Pe
eX

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 73


Avaliação da Eficácia de Conservação e Gestão de Recursos Naturais na Reserva Nacional do Niassa

CAPITULO VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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l
Pe
eX

Autora: Quitéria Lourenço Muarapaz Página 76


eX
Pe
r
Tr t P
ia D
l F Apêndices
Apêndices 1: Tabela da METT

Questão Critério Pon RNN Mar Luw Chu Saf Met Comente.
t

1. Situação legal A área protegida A RNN foi


0
não está publicada publicada.
A área protegida
está em situação O Governo acordou Os
legal? que a área concessionário
protegida deve ser s têm contrato
Contexto 1
publicada mas o com o estado.
processo ainda não

F
iniciou

A área protegida

ia D
está no processo de
3 3 3 3 3 3
Tr t P
ser publicada mas o 2
processo ainda está
incompleto

A área protegida foi


r
legalmente
l
Pe

publicada (ou, no
caso de reservas 3
privadas possuídas
por um trust ou
eX

algo semelhante)

2. Não existem Presenças de


Regulamentos mecanismos para o população
da área controlo do uso e humana,
0
protegida das actividades não políticas de
apropriados na área desenvolvime
As actividades
protegida nto local não
insustentáveis
estão em
(p.e., caça Existem 2 2 2 2 2 2
concordância
furtiva) estão mecanismos para o
com os
controladas? controlo do uso e
objectivos da
das actividades não
Contexto 1
área.
apropriados na área
protegida, mas há
grandes problemas
em implementá-los
eficazmente

Existem
mecanismos para o
controlo do uso e
das actividades não
apropriados na área 2
protegida mas há
alguns problemas
em implementá-los
eficazmente

F
Existem
mecanismos para o
controlo do uso e
das actividades não
ia D 3
Tr t P
apropriados na área
protegida e estão a
ser implementados
eficazmente
r
3. Fiscalização O pessoal não tem
l
Pe

capacidade
O pessoal é
efectiva/recursos
capaz de fazer
para fazer cumprir 0
cumprir as
a legislação e os
eX

normas da área
regulamentos na
protegida
área protegida
suficientemente
bem? Existem grandes A
deficiências na administração
capacidade do da RNN diz
Contexto
pessoal/recursos que precisa
para fazer cumprir melhorar o
a legislação e os equipamento
1
regulamentos na 2 3 3 3 3 2 de fiscalização
área protegida (p.e., (armamentos,
a falta de viaturas,
competência, falta existência de
de orçamento de um
patrulha) helicóptero,
fardamentos).
O pessoal tem 2
capacidade/recursos A Metapiri usa
aceitáveis para os fiscais da
fazer cumprir a administração
legislação e os da RNN para
regulamentos na as suas
área protegida, mas actividades de
ainda persistem fiscalização.
algumas
deficiências

O pessoal tem

F
capacidade/recursos
excelentes para

ia D
fazer cumprir a
legislação e os
regulamentos na 3
Tr t P
área protegida, e as
infracções são
regularmente
encaminhadas e as
r
multas cobradas
l
Pe

4. Objectivos da Não foram A


área protegida acordados administração
objectivos sólidos 0 da RNN diz
Os objectivos
eX

para a área que torna


foram
protegida difícil o
acordados?
alcance dos
A área protegida
Planificação
objectivos
acordou objectivos,
devido a
mas não está a ser
1 insuficiência
gerida de acordo
2 3 3 3 3 3 de recursos e
com esses
as políticas de
objectivos
desenvolvime
A área protegida nto dos
acordou objectivos, distritos
mas estes só estão a 2 inseridos na
ser parcialmente RNN que
implementados dificultam o
A área protegida seu alcance.
3
acordou objectivos
e está a ser gerida
de acordo com
esses objectivos

5. Concepção de As insuficiências na A
área protegida concepção tornam administração
impossível alcançar da RNN e a
A área protegida
os principais 0 Luwiri
precisa de
objectivos de referem a
alargar os
gestão da área necessidade de
corredores, etc.,
protegida alargar os
para satisfazer os

F
corredores dos
seus objectivos? As insuficiências na
animais pois
concepção causam

ia D
alguns deles
alguns
foram
constrangimentos 1
quebrados
Tr t P
ao alcance dos
devido a
principais
formação de
objectivos
aldeias
A concepção não 2 3 2 3 2 3
(Mecula-
r
constrange Mussoma-
l
Pe

significativamente Nahavara).
o alcance dos 2
A Safrique diz
objectivos
que maior
principais, mas
eX

parte da sua
pode ser melhorada
área de gestão
As características foi ocupada
do projecto da por
reserva ajudam machambas.
particularmente a
3
realização dos
principais
objectivos da área
protegida

6. Demarcação Os limites da área 0 Todos os


dos limites da protegida não são limites da
área protegida conhecidos pela Reserva são
2
autoridade de 2 2 2 2 2 conhecidos,
Os limites são
gestão ou por mas não estão
conhecidos e
outras partes devidamente
estão interessadas demarcados.
demarcados?
Os limites da área 1
Contexto protegida são
conhecidos pela
autoridade de
gestão, mas não são
conhecidos por
outras partes
interessadas

Os limites da área 2

F
protegida são
conhecidos quer
pela autoridade de
gestão e
ia D
outros,
Tr t P
mas não estão
apropriadamente
demarcados

Os limites da área 3
r
protegida são
l
Pe

conhecidos pela
autoridade de
gestão e partes
interessadas e estão
eX

apropriadamente
demarcados

7. Plano de Não há nenhum 0 Existe um


Maneio plano de maneio plano de
para a área maneio não
Existe um plano
protegida actualizado.
de gestão e está a
ser O plano de maneio 1
implementado? está a ser elaborado
ou foi elaborado, 2 2 2 2 2 2
Planificação
mas não está a ser
implementado

Existe um plano de 2
maneio aprovado,
mas só está a ser
parcialmente
implementado

Existe um plano de 3
maneio aprovado e
está a ser
implementado

Pontos O processo de
adicionais para planificação
o planeamento permite uma
oportunidade
adequada para as 1

F
partes interessadas
importantes
influenciarem
plano de maneio
ia D
o
Tr t P
Existe um
cronograma
0 0 0 0 0 0
estabelecido e um
processo de análise 1
r
periódica e
l
Pe

actualização do
plano de maneio

Os resultados da
eX

monitoria, pesquisa
e avaliação são 1

rotineiramente
incorporados na
planificação

8. Plano de Não existe nenhum 0 A


trabalho plano de trabalho Administração
regular regular da RNN usa
um plano
Existe um plano Existe um plano de 1
trimestral de
de trabalho trabalho regular,
2 3 3 3 3 3
actividades.
anual? mas não é
monitorado quanto
Planificação/Pro
às metas do plano
dutos
Existe um plano de 2
trabalho regular e
as acções são
monitoradas quanto
às metas do plano,
mas muitas
actividades não
estão concluídas

Existe um plano de 3
trabalho regular, as
acções são
monitoradas quanto

F
às metas do plano e
a maior parte ou

ia D
todas as actividades
previstas estão
concluídas
Tr t P
9. Inventário de Há pouca ou 0 Existem
recursos nenhuma informações
informação de estudos
Tem suficiente
r
disponível sobre os anteriores
informação para
l
Pe

habitats críticos, as realizados na


gerir a área?
espécies e os RNN,
Contexto
valores sócio- contagem
culturais associados aérea de
eX

à área protegida animais.

A informação sobre 1
importantes
habitats, espécies e
2 2 2 2 2 2
valores culturais da
área protegida não
é suficiente para
apoiar a
planificação e a
tomada de decisões

A informação sobre 2
importantes
habitats, espécies e
valores culturais da
área protegida é
suficiente para as
áreas-chave da
planificação/tomad
a de decisão, mas o
trabalho de
pesquisa necessário
não está a ser
realizado

A informação sobre 3
importantes
habitats, espécies e

F
valores culturais da
área protegida é

ia D
suficiente para
apoiar a
planificação e
Tr t P
tomada de decisão
e está a ser mantida

10. Sistemas de Sistemas de A


r
Fiscalização fiscalização Administração
l
Pe

(patrulhamento, da reserva
Existem sistemas
licenciamento) ou aponta a
de controlar o
não existem ou não insuficiência
acesso e uso de
são eficazes no de pessoal de
recursos na área
eX

controle de acesso e fiscalização,


protegida?
uso de recursos. equipamentos
Insumos
0 não
sofisticados,
Sistemas de
infra-
fiscalização são 2 3 3 3 2 2
estruturas não
somente
adequadas
parcialmente
como vias de
eficazes no controle 1
acesso, alguns
de acesso e uso de
postos de
recursos.
fiscalização
Sistemas de não
fiscalização melhorados. A
somente Safrrique
razoavalemtne mostra a
eficazes no controle 2 necessidade de
de acesso e uso de existência de
recursos. um
helicóptero. A
Sistemas de
Metapiri usa
fiscalização são
fiscais da
largamente ou
RNN para sua
totalmente eficazes
actividade de
no controle de 3
fiscalização.
acesso e uso de
recursos.

11. Pesquisa Não há nenhum A Luwiri e a

F
estudo ou trabalho Safrique não
Existe um
de investigação em 0 realizam
programa de
estudo e trabalho
de investigação
curso
protegida
na

ia D
área nenhuma
pesquisa.
Tr t P
orientado para a Existe algum Os operadores
gestão? estudo e trabalho de 1 referiram que
investigação ad hoc não realiza
Insumos
pesquisas mas
r
Há trabalho
apoia a Mariri
considerável
l
de
Pe

e a
pesquisa e
administração
investigação, mas
da RNN em
não é direccionado 2
3 3 0 3 0 2 questões de
eX

para as
logística na
necessidades de
época de
gestão da área
contagem de
protegida
animais.
Existe um
programa
abrangente e
integrado de
estudos e trabalho 3
de investigação,
que é relevante para
as necessidades da
gestão

12. Gestão de Os requisitos para a Deficiente


recursos gestão activa de 0 2 2 2 2 2 2 aplicação da
importantes lei presença de
A área protegida ecossistemas, população
é adequadamente espécies e valores humana,
gerida (p.e., culturais não foram insuficiência
queimadas, avaliados de recursos
espécies dificulta a
Os requisitos para a
invasivas caça gestão.
gestão activa de
furtiva)?
importantes
Processo ecossistemas,
espécies e valores 1
culturais são

F
conhecidos, mas
não estão a ser

ia D
abordados

Os requisitos para a
Tr t P
gestão activa de
importantes
ecossistemas,
2
espécies e valores
r
culturais só estão a
l
Pe

ser parcialmente
abordados

Os requisitos para a
gestão activa de
eX

importantes
ecossistemas,
espécies e valores 3
culturais estão a ser
substancialmente
ou completamente
abordados

13. Número do Não existe pessoal 0 A Luwiri


pessoal reduziu o seu
O número do
efectivo
O pessoal pessoal não é
devido a
contratado é adequado para as 1
1 3 2 3 3 3 insuficiência
suficiente para actividades de
orçamental
gerir a área gestão importantes
nos últimos 2
protegida?
O número do anos.
2
pessoal está abaixo
Insumos do nível óptimo
para as actividades
de gestão
importantes

O número do
pessoal é adequado
para as 3
necessidades de
gestão do local

14. Formação O pessoal não é A


0

F
do pessoal formado administração
da RNN
Existe suficiente A formação e
formação para o
pessoal?
capacitação
pessoal são fracas
ia Ddo
realiza
treinamento
Tr t P
1 dos fiscais de
em relação às
Insumos/Process
todos os
necessidades da
o
operadores.
área protegida
Referiu-se
r
A formação e
também
capacitação
l do
Pe

existência de
pessoal é adequada,
alguma
mas podia ser mais
2 2 2 2 2 2 formação dos
melhorada para 2
técnicos.
eX

alcançar
completamente os
objectivos de
gestão

A formação e
capacitação do
pessoal estão em
consonância com as
necessidades de 3
gestão da área
protegida e com as
necessidades
futuras previstas

15. Orçamento Não existe A Luwire


0 2 3 1 3 3 3
orçamento para a reduziu seu
corrente área protegida orçamento nos
últimos 2
O orçamento O orçamento
anos, aponta a
corrente é disponível é
tensão
suficiente? inadequado para as
político-
necessidades
Insumos 1 militar do Pais
básicas de Gestão e
e elevados
constitui uma séria
custos de
limitação à
logística para
capacidade de gerir
a reserva e a
O orçamento é redução do

F
aceitável, mas número de
podia ser ainda elefantes
melhorado
alcançar
ia D
para
uma
2 como
principal
Tr t P
gestão plenamente causa de
efectiva redução do
O orçamento é número de
suficiente e satisfaz turistas.
r
as necessidades da 3
l
Pe

gestão plena da
área protegida

16. Garantia do Não há orçamento


eX

orçamento nos garantido para a


próximos anos área protegida e a
gestão é totalmente
O orçamento 0
dependente do
está garantido?
exterior ou de um
Insumos
financiamento ano
por ano

Há muito pouco A Luwire e


orçamento diz que
garantido e a área pretende
protegida não apostar em
1
poderia funcionar pedido de
adequadamente doações,
sem financiamento portanto a
externo garantia
Há um orçamento dependera
nuclear disto e das
2 2 1 2 2 3
razoavelmente receitas
garantido para a obtidas.
área protegida, mas
2 A Safrique diz
muitas inovações e
que a garantia
iniciativas
do orçamento
dependem de
nos próximos
financiamento
anos
externo
dependera das

F
Existe orçamento receitas
garantido para a obtidas em

ia D
área protegida e as suas
3
suas necessidades actividades
de gestão num ciclo cinegéticas.
Tr t P
multianual

17. Gestão do A gestão do


orçamento orçamento é fraca e
0
r
constrange a
O orçamento é
l
Pe

eficácia
gerido para
satisfazer as A gestão do
necessidades de orçamento é fraca e
gestão cruciais? impede 1
eX

significantemente a
Processos
eficácia
2 3 3 3 3 3
A gestão do
orçamento é
adequada mas 2
podia ser
melhorada

A gestão do
orçamento é
3
excelente e apoia a
eficácia

18. Há pouco ou o principal


Equipamento e nenhum 0 2 2 2 2 2 2 problema
equipamento e menciona-se
Infraestruturas instalações as vias de
acesso que
Há equipamento Há algum
tornam-se
e instalações equipamento e
intransitáveis
adequados? instalações, mas 1
principalmente
estes são totalmente
Processos
na época
inadequados
chuvosa. a
Há equipamento e administração
instalações, mas precisa
ainda há algumas melhorar seu
2
lacunas importantes equipamento e

F
que condicionam a infra-
gestão estruturas.
Há equipamento e
instalações
ia D 3
Tr t P
adequados

19. Manutenção Há pouca ou Existe


do equipamento nenhuma manutenção
r
manutenção do 0 básica do
É feita a
equipamento e das
l equipamento.
Pe

manutenção
instalações
adequada do
equipamento? Há alguma boa
manutenção ad hoc
Processo 1
eX

do equipamento e
das instalações

Faz-se uma
2 3 3 3 2 3
manutenção do
equipamento e das
instalações, mas há 2
algumas lacunas
importantes na
manutenção

Faz-se uma boa


manutenção do
3
equipamento e das
instalações

20. Programa Não há nenhum A unidade de


0 2 3 0 3 0 0
de educação e programa de gestão da
consciencializaç educação e Metapiri não
ão consciencialização contém
população
Existe um Existe um
dentro.
programa de programa de
educação educação e
planificado? consciencialização
1
limitado e ad hoc,
Processo
mas não há uma
planificação geral
para isso

F
Há um programa
planificado e de
educação

ia D
consciencialização
e
2
Tr t P
mas ainda há
graves lacunas

Um programa 3
planificado e eficaz
r
de educação e
l
Pe

consciencialização
plenamente ligado
aos objectivos e
necessidades da
eX

área protegida

21. Processo de Processos para a a 0


planificação de planificação para o
uso de terra e uso de água e de
de água terra nas áreas
vizinhas não
Processos para a
consideram as
a planificação de
necessidades da ÁC
uso de água e de 1 2 1 2 1 2
e as actividades e
terra reconhecem
políticas são
a ÁC e apoiam
prejudiciais à
no alcance de
sobrevivência da
objectivos?
ÁC
Processo
Processos para a a 1
planificação para o
uso de água e de
terra nas áreas
vizinhas não
consideram as
necessidades da ÁC
mas as actividades
e políticas não são
prejudiciais à
sobrevivência da
ÁC

F
Processos para a a 2
planificação para o

ia D
uso de água e de
terra nas áreas
vizinhas
Tr t P
consideram
parcialmente as
necessidades de
longo prazo da ÁC
r
l
Pe

Processos para a 3
planificação para o
uso de água e de
terra nas áreas
eX

vizinhas
consideram
plenamente as
necessidades de
longo prazo da ÁC

Pontos 21a. Planificação e


adicionais gestão na bacia
hidrológica ou na
paisagem em que é
inserida a ÁC
incorporá
orientações de 1
condições
ambientais
adequadas (por ex.
quantidade e
qualidade e
faseamento de
fluxos de água,
poluição sonora e
de ár, etc.) para o
sustento dos
habitats relevantes.

21b. Gestão de
corredores ligados à
ÁC permite o 0 0 0 0 0 0

F
acesso de fauna a
habitats chaves fora

ia D
da área de
conservação. (por
1
ex. permite peixes
Tr t P
migratórios passar
de zonas de desova
nas águas doces até
ao mar, ou
r
migrações de
l
Pe

espécies).

21c. Planificação
considera
eX

necessidades
específicas das
ecossistemas e/ou
das espécies de
preocupação
particular na escala
do ecossistema (por
1
ex. quantidade e
qualidade e
faseamento de
fluxos de água para
sustentar espécies
particulares, gestão
de fogo de modo a
manter habitats,
etc)
22. Vizinhos Não há contacto
estatais e entre os gestores e
comerciais os funcionários
0
vizinhos ou
Existe
utilizadores
colaboração com
corporativos
os utilizadores
vizinhos? Há um contacto
limitado entre os
Processo
gestores e os
funcionários 1

F
vizinhos ou
utilizadores

ia D
corporativos

Existe contacto
Tr t P
regular entre os
gestores e os
funcionários
vizinhos ou 2
r
utilizadores
l
Pe

corporativos, mas
colaboração
limitada

Existe contacto
eX

2 2 2 2 2 2
regular entre os
gestores e os
funcionários
vizinhos ou
3
utilizadores
corporativos e
colaboração
substancial na
gestão

23. Não aplicável


Comunidades a RNN
NÂO
indígenas
PREENCHER - - - - - -

Processo
24. As comunidades O bloco da
Comunidades locais não dão Metapiri não
locais nenhum contributo contem gente
0
nas decisões dentro.
As comunidades
relativas à gestão
locais residentes
da área protegida
ou próximo da
área protegida As comunidades
contribuem para locais dão algum
as decisões de contributo para as
gestão? discussões relativas

F
à gestão mas 1
Processo
nenhum

ia D
envolvimento 1 3 1 2 1 0
directo nas decisões
resultantes
Tr t P
As comunidades
locais contribuem
directamente para 2
r
algumas decisões
l
Pe

relativas à gestão

As comunidades
locais participam
directamente na 3
eX

tomada de decisões
relativas à gestão

Pontos Existe uma


adicionais comunicação aberta
e de confiança entre
Produtos
as partes 1 0 1 0 0 0 0
interessadas locais
e os gestores da
área protegida

Estão a ser
implementados
programas para
1 0 1 0 0 0 0
melhorar o bem-
estar da
comunidade local,
conservando ao
mesmo tempo os
recursos da área
protegida

Comunidades
locais apoiam
1 0 0 0 0 0 0
activamente a área
protegida

25. Benefícios A existência da Emprego, cota


económicos área protegida não de caça, valor

F
prejudicou nem 1 de 20 % da
A área protegida
beneficiou a taxa de
oferece
benefícios
económicos às
economia local

Existem
ia D
alguns
exploração
dos
Tr t P
concessionário
comunidades benefícios
s.
locais? económicos para as
comunidades locais
Resultados
com a existência da 2
r
área protegida, mas
l
Pe

isso é de pouca
importância para a
economia regional
3 3 3 3 3 3
eX

Existe um fluxo
significativo ou
importante de
benefícios
económicos para as
comunidades locais
dentro e à volta da
área protegida (por 3
exemplo, o
emprego da
população local,
excursões
comerciais
operadas
localmente etc.)

26. Monitoria e Não existe 0 1 3 2 2 2 2 Na monitoria


avaliação monitoria e deveria existir
avaliação na área indicadores a
O desempenho
protegida serem
das actividades
considerados.
de gestão é Existe alguma
Os operadores
monitorado? monitoria e
fazem a
avaliação ad hoc,
Planificação/Pro
monitoria das
mas não uma 1
cesso
actividades
estratégia global
através do seu
e/ou recolha regular
plano de
de resultados
trabalho anual.

F
Existe um sistema A Mariri usa o
acordado e programa
implementado
monitoria
ia D
de
e
SMART para
monitorar as
Tr t P
avaliação mas os 2 patrulhas e os
resultados não são leões.
utilizados
sistematicamente
r
para a gestão
l
Pe

Existe um bom
sistema de
monitoria e
avaliação bem 3
eX

implementado e
usado na gestão
adaptativa

27. Instalações Não existem


dos visitantes nenhumas
instalações e 0
As instalações
serviços para
dos visitantes
visitantes
(para turistas,
viajantes, etc.) As instalações e
são serviços para
suficientemente visitantes são
boas? inadequados para 1
3
os actuais níveis de
Produtos 2 3 3 3 3
visita ou estão a ser
criados
As instalações e
serviços para
visitantes são
adequados para os
2
actuais níveis de
visitantes, mas
poderão ser
melhorados

As instalações e
serviços para

F
visitantes são
3
excelentes para os

ia D
actuais níveis de
visitantes
Tr t P
28. Turismo Há pouco ou
comercial nenhum contacto
entre gestores e
Os operadores de
operadores do
turismo
r
turismo que
comercial 0
l
Pe

utilizam a área
contribuem para
protegida
a gestão da área
protegida? Há contacto entre Mariri e
2 0 3 0 3 3
gestores e Chuilexi não
eX

Processo
operadores de começaram
turismo, mas isso com o turismo
limita-se 1 comercial.
praticamente a
questões
administrativas ou
regulamentares

Existe limitada
colaboração entre
gestores e
operadores de
turismo para 2

melhorar a
experiência dos
visitantes e manter
os valores da área
protegida

Existe Excelente
colaboração entre
os gestores e
operadores de
turismo para
3
melhorar a
experiência do
visitantes, proteger
valores e resolver

F
conflitos

29. Taxas Embora as taxas Mariri e

Quando as taxas
(turismo, multas)
sejam teoricamente
aplicadas, elas não
ia D 0
Chuilexi
cobram taxas
não
Tr t P
são colectadas por que ainda
são aplicadas
não fazem
ajudam a gestão A taxa é cobrada,
actividade
da área mas vai
comercial.
protegida? directamente para o
r
Governo central e 1 Luwiri e
Produtos
l
Pe

não é devolvida à Safrique


área protegida ou dizem que
seus arredores taxas são
3 0 2 0 2 3 cobradas e
eX

A taxa é cobrada,
ajudam a gerir
mas é entregue à
a área, mas há
autoridade 2
fracasso
provincial ao invés
devido ao
de à área protegida
reduzido
Existe uma taxa número de
para visitar a área machos
protegida que ajuda adultos.
3
a apoiar esta e
outras áreas
protegidas

30. Avaliação de Importante 0 Reduziu o


Recursos biodiversidade, número de
valores ecológicos 2 2 2 2 2 2 elefantes na
Qual a situação
e culturais estão a área,
dos recursos
ser severamente conversão do
naturais da ÁC degradados habitat devido
comparando com a prática
Alguma 1
a altura da sua agrícola,
biodiversidade,
declaração? habitações,
valores ecológicos
alteração dos
Resultados e culturais estão a
cursos de água
ser severamente
devido a
degradados
actividade de
Alguma 2 mineração.
biodiversidade,
valores ecológicos

F
e culturais estão a
ser parcialmente
degradados mas os
valores
ia D
mais
Tr t P
importantes não
sofreram um
impacto
significativo
r
A biodiversidade, 3
l
Pe

os valores
ecológicos e
culturais estão
predominantemente
eX

intactos

Pontos A avaliação de 1
adicionais condição de
recursos é baseada
0 0 0 0 0 0
na pesquisa ou/e
monitoria

Programas de
gestão específica
estão a ser
implementados
para responder a 0 0 0 0 0 0
ameaças à
1
biodiversidade ou
aos valores
ecológicos e
culturais

Actividades de
manter valores
chaves da
0 0 0 0 0 0
biodiversidade,
cultura e ecologia
são parte integrante
1
da gestão da ÁC

TOTAL DA
PONTUAÇÃO
96 58 71 60 68 61 68

F
% no METT 60,4 74,0 62,5 70,8 63,5 70,8

ia D
Tr t P
r
l
Pe
eX

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