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Compliance Legal, Ética e Perfil

do Investidor
Educação Continuada – Atualização CPA-20
Data: 01/03/2017

Controle D.04.46.01

Data da Elaboração 24/06/2016

Data da Revisão 01/03/2017

Elaborado por Educação Continuada

Aprovado por Equipe de Certificação Continuada


Sumário

Compliance e Participantes do Mercado .......................................................................................................... 3


1. Compliance ........................................................................................................................................ 3
2. Controles Internos ............................................................................................................................. 4
2.1. Barreiras da Informação....................................................................................................................... 5
2.2. Segurança da Informação .................................................................................................................... 7
3. Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Combate ao Financiamento do Terrorismo ............................ 9
3.1. Diferença entre lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo .............................................. 10
3.2. Disposições da Lei Nº 9.613/1998 ..................................................................................................... 13
3.4. Identificar Clientes e Manter os Cadastros Atualizados .................................................................... 14
4. Aplicação da Política “Conheça seu Cliente” (KYC) ............................................................................... 15
5. Código de Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo .......................................................... 17
6. Análise do Perfil do Investidor .............................................................................................................. 23
6.1. Suitability........................................................................................................................................... 23
6.2. Categorias de Investidores ................................................................................................................. 27
6.3. Adequação de produtos ofertados em função do tipo e perfil do investidor ................................... 30
Qual a importância e motivação da Análise de Perfil do Investidor (API) para o investidor? .................. 30
6.4. Finanças Pessoais .............................................................................................................................. 32
7. Decisões do Investidor na perspectiva de Finanças Comportamentais................................................ 37
7.1. Algumas das Heurísticas (regras práticas ou atalhos mentais que orientam o julgamento e avaliação
dos investidores) e os erros que podem causar nas decisões dos investidores (vieses) .......................... 38

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Compliance Legal, Ética e Perfil do Investidor

1. Compliance

CONCEITO

Compliance vem do verbo inglês “to comply”, que significa “cumprir, executar, satisfazer, realizar
o que lhe foi imposto”, ou seja, compliance é estar em conformidade, é o dever de cumprir e fazer
cumprir a legislação, regulamentação dos órgãos regulatórios, autorregulatórios e boas práticas do
mercado, bem como as normas e políticas internas, impostas às instituições.

O SIGNIFICADO DE “SER E ESTAR” EM COMPLIANCE

“Ser compliance” é conhecer as normas da organização, seguir os procedimentos recomen- dados,


agir em conformidade e sentir quanto é fundamental a ética e a idoneidade na condução das
atividades.

• “Estar em compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos internos e


externos.

• “Ser e estar compliance” é, acima de tudo, uma obrigação individual de cada colaborador
den- tro da instituição.

Risco de compliance é o risco de sanções legais ou regulamentares, perdas financeiras ou mesmo


danos à reputação, decorrentes da falta de cumprimento de disposições legais, regula- mentares e
códigos de conduta.

Entretanto, vale ressaltar que, compliance vai além do cumprimento da legislação e regulamen-
tos, incorpora também princípios de integridade e conduta ética.

Portanto, deve-se ter em mente que, mesmo que nenhuma lei ou regulamento seja descumprido,
ações que tragam impactos negativos para os “stakeholders” (acionistas, clientes, empregados
etc.) podem gerar risco reputacional e publicidade adversa, comprometendo a continuidade de
qualquer entidade.

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RISCO LEGAL

Risco legal é basicamente um risco implícito de perda devido à impossibilidade de se executar os


termos de um contrato, os riscos provenientes de documentação insuficiente, da falta de poderes
dos representantes da contraparte para assumir o compromisso e o desconhecimento de algum
aspecto jurídico relevante, gerando a incapacidade de se implementar uma cobrança por falta de
amparo legal.

RISCO DE IMAGEM

Impacto negativo da opinião pública (clientes, investidores, mídia, entre outros) sobre as opera-
ções/atividades da instituição. O risco de imagem pode prejudicar o negócio de uma instituição de
muitas formas, como por exemplo: queda no valor da ação, perda do apoio dos clientes e
desaparecimento de oportunidades de negócios.

2. Controles Internos

O AICPA, American Institute of Certified Public Accountants (Comitê de Procedimentos de Audi-


toria do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados), por meio de Relatório Especial
da Comissão de Procedimentos de Auditoria, definiu o controle interno como sendo “o plano da
organização e todos os métodos e medidas coordenados, aplicados a uma empresa, a fim de
proteger seus bens, conferir a exatidão e a fidelidade de seus dados contábeis, promover a efi-
ciência e estimular a obediência às diretrizes administrativas estabelecidas.”

O COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission), definiu contro- le


interno como “um processo levado a cabo pelo Conselho de Administração, Direção e outros
membros da organização com o objetivo de proporcionar um grau de confiança razoável na con-
cretização dos seguintes objetivos:

• Eficácia e eficiência dos recursos;

• Confiabilidade da informação financeira;

• Cumprimento das leis e normas estabelecidas.”

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Os meios de controle, dentre outros, incluem também: formas de organização, instruções, pa-
drões, comitês, planos de contas, orçamentos, relatórios, registros, projetos, inventários, treina-
mentos, etc..

2.1. Barreiras da Informação

CONCEITO DE SEGREGAÇÃO DE FUNÇÃO

Um sistema de controle adequado é aquele que elimina a possibilidade de dissimulação de erros


ou irregularidades. Assim sendo, os procedimentos destinados a detectar tais erros ou irregula-
ridades, devem ser executados por pessoas que não estejam em posição de praticá-los, isto é,
deve haver uma adequada segregação de funções. De uma maneira geral, o sistema de con- trole
interno, deve prever segregação entre as funções de aprovação de operações, execução e controle
das mesmas, de modo que nenhuma pessoa tenha completa autoridade sobre todas as etapas de
uma operação.

BARREIRA DE INFORMAÇÃO - CHINESE WALL

O Chinese Wall é considerado um conjunto de procedimentos e de políticas internas da institui-


ção que visa estabelecer uma barreira à comunicação entre diferentes indivíduos ou setores de

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uma mesma empresa, de modo a assegurar o cumprimento da legislação vigente sobre a segre-
gação da administração de recursos de terceiros das demais atividades da instituição.

INSIDER TRADING

Insider Trading é o uso indevido de uma informação privilegiada por pessoas que, pela natureza do
cargo que ocupam ou da atividade que exercem, têm acesso a dados sigilosos antes de se- rem
divulgados ao mercado, realizando negócios, aconselhando outras pessoas ou podendo até
negociar em nome de terceiros (amigos, parentes, entre outros) para obter vantagens indevidas.
Assim, o insider compra ou vende no mercado a preços que ainda não estão refletindo o impacto
de determinadas informações sobre a companhia que são de seu conhecimento exclusivo.

A atividade (ilegal) do Insider Trading, inclui:

• Aconselhar outras pessoas, depois do acesso a informações privilegiadas;

• Negociar em nome de amigos, parentes ou qualquer outro terceiro com base em


informações privilegiadas.

A forma de combate a essa prática, utilizada pelos setores privados e públicos, se dá por meio de
medidas de prevenção. Dentre essas medidas, podemos citar as normas e diretrizes internas da
instituição, a capacitação técnica dos empregados que lidam ou controlam esse tipo de infor-
mação, bem como adoção de um programa de treinamento contínuo, focado, principalmente, na
conscientização de todos os funcionários e pessoas relacionadas às instituições.

FRONT RUNNING

Existem várias técnicas manipulativas de informações utilizadas ao longo da história, e que con-
tinuam sendo usadas atualmente. A expressão “front running” significa a utilização da informação
privilegiada para a realização de uma negociação antecipadamente. É uma prática ilegal de ob-
tenção de informações antecipadas sobre a realização de operações nos mercados de Bolsa ou de
Balcão e que influenciarão a formação dos preços de determinados produtos de investimento.
Neste caso surge o chamado conflito de ordens de compra e venda de produtos de investimento
se a situação não for adequadamente administrada.

CONFIDENCIALIDADE
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A informação é um dos ativos mais importantes de uma instituição, portanto, protegê-la é funda-
mental. A confidencialidade é a característica da informação que a resguarda da revelação não
autorizada.

Esse é um conceito abrangente porém, deve-se aqui limitar àquelas informações que são confia-
das às instituições pelos clientes ou investidores e às quais só poderão ter acesso determinados
funcionários. São as informações que precisam de controle e de ter sua integridade preservada,
pois a sua utilização inadequada pode trazer sérios prejuízos financeiros e abalos à reputação da
instituição.

Nem todas as informações precisam ser controladas, mas todas devem ser gerenciadas. Aque- las
que são vitais para a organização e cuja confidencialidade precisa ser preservada devem ser
cercadas por normas, políticas e acordos na defesa da sua integridade.

Podemos classificar as informações em públicas e privadas:

• Informações públicas: não têm restrição e estão disponíveis para o público em geral;

• Informações privadas: devem ser protegidas, pois sua divulgação poderá trazer sérias
consequências àqueles que tinham a obrigação de zelar por sua confidencialidade.

2.2. Segurança da Informação

De acordo com a Resolução nº 2.554, de 24 de setembro de 1998, alterada pelas Resoluções ns.
3.056/2002 e 4.390/2014, editadas pelo CMN, é obrigatório:

I - A existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o


correspondente nível de atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e compreensíveis
informações consideradas relevantes para suas tarefas e responsabilidades;

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II - A existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em
especial, para os mantidos em meio eletrônico.

E para um bom entendimento sobre o assunto “Segurança da Informação e as exigências dos


órgãos reguladores”, é de extrema importância entender alguns conceitos:

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

Segundo a norma ISO/IEC 17799:2000, segurança da informação pode ser definida como a
proteção contra um grande número de ameaças às informações, de forma a assegurar a conti-
nuidade do negócio, minimizando danos comerciais e maximizando o retorno de possibilidades e
investimentos. Ainda segundo a ISO/IEC 17799:2000 a segurança da informação é caracteri- zada
pela preservação dos três atributos básicos da informação: confidencialidade, integridade e
disponibilidade.

Esses atributos são conceituados conforme abaixo:

• Confidencialidade: as informações devem estar disponíveis apenas para aqueles que pos-
suem autorização para acessá-las;

• Integridade: as informações devem manter a sua integridade e exatidão;

• Disponibilidade: as informações devem estar disponíveis para a utilização dos usuários auto-
rizados sempre que forem necessárias.

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POLÍTICA DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

Tem como objetivo fornecer a direção e apoio gerencial para a segurança da informação. A ge-
rência e a alta administração da instituição devem estabelecer regras e controles internos a fim de
direcionar e demonstrar suporte e comprometimento através da emissão e manutenção de uma
política clara e objetiva de segurança de informações para toda a organização.

As políticas devem ser aprovadas pela alta administração, publicadas e amplamente divulgadas, e
terem a adesão de todos os colaboradores e terceiros contratados que tratam com informações
privilegiadas.

As seguintes orientações devem ser incluidas:

• Definição de segurança da informação, objetivos gerais e a sua importância;

• Declaração de intenção da gerência, apoiando os objetivos e princípios;

• Breve descrição dos principais procedimentos e controles internos com os padrões mínimos
exigidos e que são de particular importância para a organização;

• Definição das responsabilidades de cada área para a eficiência e eficácia da gestão de segu-
rança da informação, incluindo relatórios de incidentes de segurança;

• Referências a políticas e procedimentos internos mais detalhados, ou ainda, específicas con-


tendo regras ou fluxos que deverão ser obedecidos;

• Mencionar a periodicidade da revisão dos processos e políticas internas.

Após as devidas aprovações, a política deve ser comunicada a toda instituição de forma acessí- vel
e de fácil entendimento.

A responsabilidade pela proteção de ativos individuais e pela condução de processos de segu-


rança específicos deve ser claramente definida. A política deve fornecer orientação sobre a alo-
cação de papéis e responsabilidades relacionadas à segurança na organização.

3. Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Combate ao Financiamento do Terrorismo

Pode-se definir lavagem de dinheiro como um processo que tem como objetivo transformar
recursos obtidos de forma ilícita em recursos legais, através da dissimulação e ocultação da sua
origem.

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Então, a ocultação e dissimulação da origem dos recursos provenientes de uma infração penal, e a
posterior inserção no sistema econômico como se tivessem sido adquiridos de modo legal, são a
tônica para configurar-se o crime de lavagem de dinheiro.

A partir das décadas de 1970/1980, quando as drogas começaram a ser negociadas em grande
escala, novas técnicas surgiram para dissimular a origem dos recursos, e, então, o mercado
financeiro foi introduzido como parte fundamental do processo de abrigar dinheiro advindo da
criminalidade. Em 1986 foi editada nos Estados Unidos a lei que criminalizava a lavagem de di-
nheiro, tornando-se esse país o pioneiro nas ações de combate e prevenção do crime. No Brasil, a
Lei da Lavagem de Dinheiro, Lei nº 9.613 foi editada em 1998, e teve alterações relevantes através
da Lei nº 12.683 de 9 de julho de 2012.

3.1. Diferença entre lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo

A motivação do crime, no caso da lavagem de dinheiro, é sempre o lucro financeiro, no finan-


ciamento do terrorismo, a motivação não é econômica, e sim, na maioria das vezes, política,
religiosa ou ideológica.

Porém, a diferença básica está na origem e no destino dos recursos. Na lavagem de dinhei- ro, a
origem dos recursos é sempre ilícita, e o destino pode ser lícito ou ilícito. O contrário acon- tece
com o financiamento do terrorismo, cuja origem dos recursos pode ser lícita ou ilícita, e a
aplicação dos recursos será sempre ilícita, já que servirão para realizar os seus atos criminosos.

FASES DA LAVAGEM DE DINHEIRO - “COLOCAÇÃO”, “OCULTAÇÃO” E “INTEGRAÇÃO”

A lavagem de dinheiro não ocorre sempre da mesma maneira, há várias tipologias utilizadas pelos
criminosos, mas três passos fundamentais devem estar presentes: recursos gerados por uma
infração penal, portanto, ilícitos; ocultação ou dissimulação da origem desses recursos e a
reinserção no sistema econômico, como se fossem legais.

Os mecanismos mais utilizados no processo de lavagem de dinheiro envolvem teorica- mente


essas três etapas independentes que, com frequência, ocorrem simultaneamente.

• Colocação – a primeira etapa do processo é a colocação do dinheiro no sistema econômico.


Objetivando ocultar sua origem, o criminoso procura movimentar o dinheiro em países com re-
gras mais permissivas e naqueles que possuem um sistema financeiro liberal. A colocação se
efetua por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra de bens. Para
dificultar a identificação da procedência do dinheiro, os criminosos aplicam técnicas sofisticadas e
cada vez mais dinâmicas, tais como o fracionamento dos valores que transitam pelo sistema

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financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham com dinheiro
em espécie;

• Ocultação – a segunda etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento dos recursos


ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a possibilidade da realização de inves-
tigações e rastreamento do dinheiro. Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica,
transferindo os ativos para contas anônimas – preferencialmente, em países amparados por lei de
sigilo bancário – ou realizando depósitos em contas “fantasmas”; e

• Integração – nesta última etapa, os ativos são incorporados formalmente ao sistema econô-
mico. As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que facilitem suas ativi-
dades – podendo tais sociedades prestar serviços entre si. Uma vez formada a cadeia, torna-se
cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.

ABRANGÊNCIA

Diversas atividades e setores econômicos podem ser veículos para a lavagem de dinheiro, mas
certo é que existe predileção dos lavadores por atividades que não tenham regulação e fisca-
lização rígida, além daquelas que movimentam grande volume de dinheiro em espécie, o que
dificulta a identificação de sua origem. Exemplos:

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

As instituições financeiras são a porta de entrada de recursos no sistema financeiro e estão


sujeitas a se tornarem veículos participativos do processo de lavagem de dinheiro. Uma das
técnicas mais comuns é o smurfing, que consiste na quebra de grandes quantias de dinheiro em
quantias menores que geram menos suspeitas e não precisam ser comunicadas às autoridades. O
dinheiro é então depositado em uma ou mais contas bancárias por várias pessoas (smurfs), ou por
uma única pessoa durante um determinado período de tempo e assim não chamará a atenção
para sua origem.

Na prevenção, os critérios dos sistemas de monitoramento devem ser ajustados para detectar
operações da mesma pessoa, em um determinado espaço de tempo, que possam apresentar ou
representar uma suspeita. Nessa medida, a atividade bancária tem sido protegida por uma
regulação forte e fiscalização rigorosa por parte do Banco Central, no cumprimento da legislação
vigente. A Circular nº 3.461/2009 e alterações, do Banco Central, consolida as regras e os pro-
cedimentos obrigatórios a serem adotados na prevenção e combate às atividades relacionadas
com a lavagem de dinheiro. Além dela, a Carta Circular nº 3.542/2012, divulga exemplos de
situações relacionadas com operações em espécie em moeda nacional que podem configurar
indícios de ocorrência do crime de lavagem de dinheiro. Abaixo algumas delas:
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• Realização de depósitos, saques, pedidos de provisionamento para saque ou qualquer outro
instrumento de transferência de recursos em espécie, que apresentem atipicidade em relação à
atividade econômica do cliente ou incompatibilidade com a sua capacidade econômico-financei-
ra;

• Movimentações em espécie realizadas por clientes cujas atividades possuam como


caracterís- tica a utilização de outros instrumentos de transferência de recursos, tais como
cheques, cartões de débito ou crédito;

• Aumentos substanciais no volume de depósitos em espécie de qualquer pessoa natural ou


ju- rídica, sem causa aparente, nos casos em que tais depósitos forem posteriormente
transferidos, dentro de curto período de tempo, para destino não relacionado com o cliente;

• Fragmentação de depósitos, em espécie, de forma a dissimular o valor total da


movimentação;

• Realização de depósitos de grandes valores em espécie, de forma parcelada, especialmen- te


em regiões geográficas de maior risco, principalmente nos mesmos caixas ou terminais de
autoatendimento próximos, destinados a uma única conta ou a várias contas em municípios ou
agências distintas;

• Movimentação de recursos em espécie em municípios localizados em regiões de fronteira,


que apresentem indícios de atipicidade ou de incompatibilidade com a capacidade econômico-
finan- ceira do cliente;

• Realização de depósitos em espécie em contas de clientes que exerçam atividade comercial


relacionada com negociação de bens de luxo ou de alto valor, tais como obras de arte, imóveis,
barcos, joias, automóveis ou aeronaves executivas;

• Realização de saques em espécie de conta que receba diversos depósitos por transferência
eletrônica de várias origens em curto período de tempo;

• Realização de depósitos ou troca de grandes quantidades de cédulas de pequeno valor, rea-


lizados por pessoa natural ou jurídica, cuja atividade ou negócio não tenha como característica
recebimentos de grandes quantias de recursos em espécie.

O mercado de capitais também é atraente para a lavagem de dinheiro pela variedade e alto índi-
ce de liquidez dos papéis negociados. Nesse contexto, a tipologia mais comum é a aquisição de
títulos com os recursos ilícitos.

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A Instrução CVM nº 301, de 16 de abril de 1999, com as alterações introduzidas pelas Instruções
CVM nºs 463/2008, 506/2011, 523/2012, 534/2013 e 553/2014, disciplina e fiscaliza as pessoas
sujeitas ao mecanismo de controle da lei da lavagem de dinheiro, reguladas pela CVM. A Carta
Circular nº 3.542/2012, do Banco Central, também traz exemplos de situações relacionadas com
operações de investimento interno, que podem ser consideradas suspeitas. São elas:

• Operações ou conjunto de operações de compra ou de venda de títulos e valores mobiliários


a preços incompatíveis com os praticados no mercado ou quando realizadas por pessoa cuja
atividade declarada e perfil não se coadunem ao tipo de negociação realizada;

• Operações com as mesmas contrapartes apresentando ganho ou perda repetidamente;

• Realização de operações atípicas que resultem em elevados ganhos para os agentes


interme- diários, em desproporção com a natureza dos serviços efetivamente prestados;

• Investimentos significativos em produtos de baixa rentabilidade e liquidez sem


embasamento econômico;

• Investimentos significativos não proporcionais à capacidade econômico-financeira do


cliente, ou cuja origem não seja claramente conhecida; e

• Resgates de investimentos no curtíssimo prazo, independentemente do resultado auferido.

3.2. Disposições da Lei Nº 9.613/1998

A Lei nº 9.613/1998 dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e va-
lores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; e cria
também o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF.

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Algumas das atividades sujeitas à Lei:

• A captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda


nacio- nal ou estrangeira;

• A compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento


cambial;

• A custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração


de títulos ou valores mobiliários.

Outros setores sujeitos à Lei:

 As Bolsas de Valores, as Bolsas de Mercadorias ou Futuros e os sistemas de negociação do


Mercado de Balcão Organizado;
 As seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou
de capitalização;
 As administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as
administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
 As administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio
eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos; e
 As empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring).

3.4. Identificar Clientes e Manter os Cadastros Atualizados

De acordo com o Art. 10° da Lei nº 9.613/1998, é obrigatório:

• Identificar seus clientes e manter os cadastros atualizados, nos termos de instruções emana-
das das autoridades competentes. Se o cliente constituir-se em Pessoa Jurídica, a identificação
deverá abranger as Pessoas Físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários;
• Manter registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores mo-
biliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro, que
ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta
expedidas. Este registro será efetuado também quando a Pessoa Física ou Jurídica, seus entes
ligados, houver realizado, em um mesmo mês-calendário, operações com uma mesma pessoa,
conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultrapassem o limite fixado pela autoridade com-
petente;
• Os cadastros e registros deverão ser conservados durante o período mínimo de cinco anos a
partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação.
• Adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume
de operações, que lhes permitam atender a estes dispositivos, na forma disciplinada pelos órgãos
competentes;

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• Cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no órgão regulador ou fiscalizador e, na falta
deste, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, na forma e condições por eles
estabelecidas;
• Atender às requisições formuladas pelo COAF na periodicidade, forma e condições por ele
estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o sigilo das informações prestadas.

COMUNICAÇÃO DE OPERAÇÕES SUSPEITAS

Se após a análise das situações e/ou operações houver indícios de atipicidade ou suspeição,
deverá ser enviada comunicação ao COAF, dentro do prazo e nas condições previstas na re-
gulamentação vigente. Vale ressaltar a necessidade de identificar e declarar o status do cliente
PEP - Pessoa Exposta Politicamente, de forma clara e objetiva. A declaração deve conter infor-
mações relevantes e que deem embasamento a operação ou situação atípica. Todos os registros
que fundamentaram a comunicação devem ser arquivados e mantidos como evidência da comu-
nicação realizada. Esta comunicação tem caráter confidencial e, portanto, deve ser restrita aos
funcionários envolvidos no processo de análise e não deve ser informado ao cliente. As áreas
responsáveis pela prevenção à lavagem de dinheiro das instituições financeiras podem e devem
possuir conhecimento, soberania e independência para a comunicação dos casos identificados
como atípicos.

De acordo com o Art. 11 da Lei nº 9.613/1998, deve-se observar as seguintes disposições da


regulamentação:

• Dispensar especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das au-
toridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos na Lei, ou
com eles relacionar-se;
• Comunicar ao COAF, a proposta ou realização de operação suspeita, sem dar ciência de tal
ato a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas.
• Comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da sua atividade, ou, na sua ausência, ao
COAF, na periodicidade, forma e condições por eles estabelecidas, a não ocorrência de propostas,
tran sações ou operações passíveis de serem comunicadas, conforme instruções normativas.

Ainda, o Art. 11ª da mesma Lei instrui que as transferências internacionais e os saques em espécie
deverão ser previamente comunicados à instituição financeira, nos termos, limites, prazos e
condições fixadas pelo Banco Central do Brasil.

4. Aplicação da Política “Conheça seu Cliente” (KYC)

O procedimento Conheça seu Cliente é uma política de aplicação global recomendada pelos
órgãos internacionais formuladores de políticas de prevenção. Busca identificar e conhecer a
origem e constituição do patrimônio e dos recursos financeiros do cliente. Internacionalmente é
conhecido pela sigla KYC (Know Your Client).

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A aplicação de uma adequada política de Conheça seu Cliente ajuda a proteger a reputação e a
integridade das instituições e do sistema bancário, reduzindo a possibilidade dos bancos se
tornarem veículos ou vítimas de crimes financeiros.

Dado que o Conheça seu Cliente retrata um histórico, uma situação e condição financeira do
momento, faz-se necessário manter um procedimento regular de atualização e complementação
das informações inicialmente apresentadas. Cabe a cada instituição definir o prazo desejável para
a atualização e renovação dessas informações.

É através do Conheça seu Cliente que o cliente será avaliado demonstrando ser ou não aceitável
para a instituição e ela deve se basear no risco apresentado pelo cliente através dos seguintes
procedimentos:

• Conhecer o histórico e atividade profissional do cliente;

• Identificação dos beneficiários finais, caso existam;

• Não ter evidências de que os recursos movimentados têm origem ilícita;

• Possuir a evidência de que os produtos e serviços solicitados estão de acordo com a


atividade por ele desenvolvida;

• Classificar corretamente o cliente com relação ao risco que oferece e monitorá-lo adequada-
mente.

Para conduzir um bom processo de avaliação precisamos, primeiro, classificar o cliente quanto ao
risco que ele oferece à instituição. Devemos priorizar aqueles que oferecem riscos mais elevados,

deixando os clientes que oferecem pequeno risco com relação à lavagem de dinheiro para uma
avaliação mais leve e padronizada.

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5. Código de Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo

Em termos gerais, o Código de Varejo tutela as atividades de oferta de produtos de investimento


destinada às pessoas físicas e jurídicas atendidas pelo segmento de varejo.

Este Código da ANBIMA tem como objetivo regular as atividades de Distribuição de Produtos de
Investimento no Varejo para as Instituições participantes que aderiram ao mesmo.

O que é Atividade de Distribuição de Produtos de Investimento?

Oferta de Produtos de Investimento, de forma individual ou coletiva,


resultando ou não em aplicação de recursos.

Saiba mais: Entre os produtos regulados pela CVM, temos os Produtos Automáticos, que são
aqueles que possuem a funcionalidade de aplicação e resgate automático, conforme saldo
disponível na conta corrente do investidor.

Propósito e Abrangência

O Código de Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo tem as seguintes finalidades:

a) manter os mais elevados padrões éticos e consagrar a institucionalização das práticas


equitativas no mercado;

b) estimular o adequado funcionamento da atividade de Distribuição de Produtos de Investimento


no Varejo;

c) manter transparência no relacionamento com os investidores;

d) promover a qualificação das instituições e de seus profissionais envolvidos na atividade de


Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo; e

e) comprometer-se com a qualidade da atuação na distribuição de produtos e serviços.

Princípios Gerais

As Instituições Participantes devem observar os seguintes princípios:

a) Adotar práticas que promovam a transparência na relação com o Investidor;

b) Cumprir todas as suas obrigações, devendo empregar, no exercício de sua atividade, o


cuidado que toda pessoa prudente e diligente costuma dispensar à administração de seus
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próprios negócios, respondendo por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a ser
cometidas;

c) Efetuar prévia e criteriosa análise quando contratar serviços de terceiros; e

d) Evitar práticas que possam vir a prejudicar o mercado de Distribuição de Produtos de


Investimento no Varejo.

Exigências mínimas

Quais são as exigências para uma instituição financeira desempenhar a Atividade de Distribuição
de Produtos de Investimento no Varejo?

a) Estar habilitada para distribuir Produtos de Investimento conforme a


regulamentação em vigor;

b) Prestar informações adequadas sobre os Produtos de Investimento, buscando


atender a padrões mínimos de informações aos Investidores, determinados pela
legislação, regulação e auto regulação aplicáveis, visando esclarecer, no mínimo, os
riscos relacionados ao investimento;

c) Adotar procedimentos formais de “conheça seu cliente” (KYC) compatíveis com o


porte, volume de transações, natureza e complexidade dos Produtos de Investimento
da instituição participante, com o objetivo de contribuir para os mecanismos de
prevenção aos crimes de lavagem de dinheiro;

d) Adotar procedimentos formais que possibilitem verificar a adequação dos


Produtos de Investimento ao perfil do Investidor (API);

e) Indicar profissional(ais) responsável(eis) pela atividade de distribuição de


Produtos de Investimento no varejo, responsável pela observação e aplicação das
regras e normas previstas neste Código, bem como as políticas internas de cada
instituição participante;

f) Possuir profissionais de atendimento dedicados à Atividade de Distribuição de


Produtos de Investimento no Varejo que sejam devidamente certificados, conforme
disposto no Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de
Certificação Continuada;

g) Possuir política interna de capacitação da equipe envolvida na Atividade de


Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo, que preveja, no mínimo:

18
Conteúdo do Código de Ética e das políticas de investimentos pessoais e de
segurança da informação; Procedimentos aplicados para PLD e para
Conheça seu Cliente (KYC); Regras e princípios deste Código, especialmente
no que se refere aos procedimentos formais de API; e Treinamento
contínuo dos seus funcionários (Programa de Treinamento) e prazo de
atualização deste programa.

h) Disponibilizar aos seus funcionários e colaboradores o Código de Ética adotado


pela instituição participante;

i) Disponibilizar aos seus funcionários e colaboradores a política de investimentos


pessoais;

j) Possuir política de segurança da informação, conforme critérios adotados por


cada instituição, incluindo, gerenciamento de senhas e acessos a redes, sistemas,
incluindo canal de relacionamento eletrônico com o cliente, tais como, home banking
ou e-mail criptografado;

k) Possuir documento que contenha a metodologia utilizada para verificar os


procedimentos de API; e

l) Adotar plano de continuidade de negócios, atualizado e devidamente


documentado.

Da publicidade e divulgação dos produtos de investimento

A divulgação de publicidade pelas Instituições Participantes deve obedecer às regras trazidas pela
legislação, regulação e autorregulação, vigente aplicável a cada produto de investimento, bem
como às diretrizes específicas deste Código.

Todo o material publicitário dos Produtos de Investimento é de responsabilidade de quem o


divulga.

Orientações para elaboração de publicidade e divulgação


de material técnico de Produtos de Investimento:
a) Realizar os melhores esforços para adequar a publicidade ou
material técnico ao seu público-alvo, minimizando incompreensões
quanto ao seu conteúdo, e privilegiando informações necessárias
para a tomada de decisão;

19
b) Buscar transparência e clareza das informações, fazendo uso de
linguagem adequada ao público-alvo;

c) Conter informações alinhadas com a documentação do produto,


quando for o caso; e

d) Zelar para que não haja qualificações injustificadas, opiniões ou


previsões para as quais não exista uma base técnica, promessa,
garantia de resultados futuros ou isenção de risco para o Investidor,
quando isso não refletir a realidade do produto.

Comparação de Produtos de Investimento

Podem ser comparados, desde que sejam informadas as datas, os períodos, as fontes de
informações utilizadas, os critérios de comparação adotados e demais informações relevantes
para a adequada avaliação pelo investidor.

Observe: Não é permitida a divulgação de comparativo entre Produtos de Investimento de


diferentes instituições, diferente natureza e/ou categoria diversa.

Toda publicidade, exceto aquela veiculada em rádio ou SMS, deve obedecer às seguintes regras na
divulgação de avisos ao Investidor:

Publicidade Avisos
Que não possua selo ANBIMA ESTA INSTITUIÇÃO É ADERENTE AO CÓDIGO
ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES
PRÁTICAS PARA ATIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO
DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO NO VAREJO.
Que faça referência a histórico de rentabilidade A RENTABILIDADE DIVULGADA NÃO É LÍQUIDA
DE IMPOSTOS.
Que mencione Produto de Investimento que TRATA-SE DE UMA MODALIDADE DE
não possua a garantia do FGC INVESTIMENTO QUE NÃO CONTA COM A
GARANTIA DO FUNDO GARANTIDOR DE
CRÉDITO – FGC.
Que divulgue simulação de rentabilidade AS INFORMAÇÕES PRESENTES NESTE MATERIAL
SÃO BASEADAS EM SIMULAÇÕES E OS
RESULTADOS REAIS PODERÃO SER
SIGNIFICATIVAMENTE DIFERENTES.

20
O material de publicidade deverá apresentar o seguinte conteúdo mínimo sobre o produto:

a) Público-alvo

b) Classificação de risco

c) Características do produto

d) Informações sobre os canais de atendimento

e) Endereço para o portal de educação financeira da ANBIMA “Como Investir”


(www.comoinvestir.com.br) e/ou portal de educação financeira da instituição participante,
quando se tratar de material de publicidade disponibilizado na internet.

Dever de verificar a adequação de perfil do investidor – API

As Instituições Participantes devem adotar procedimentos formais, estabelecidos de acordo com


critérios próprios e controles, que possibilitem verificar a adequação dos investimentos ao perfil
do investidor.

Obrigatoriedade de elaboração de documento dos procedimentos de API.


Este deve descrever no mínimo:
 A coleta de informações do investidor para definição do perfil: definição de objetivo de
investimento, situação financeira e conhecimento de mercado de investimentos.
 Classificação do Perfil – critérios
 Classificação dos Produtos de investimento – critérios de risco, perfil dos emissores e
prestadores de serviço, existência de garantias e prazos de carência.
 Comunicação com o Investidor: Divulgação do perfil de risco e aviso de desenquadramento
dos investimentos x perfil do investidor
 Procedimento Operacional
 Atualização do Perfil do Investidor: no máximo a cada 2 anos
 Controles Internos

As Instituições Participantes têm responsabilidade não delegável e integral pela aplicação do


processo de Adequação de Perfil do Investidor (API).

O Código ANBIMA em complemento a Legislação em vigor (INSTRUÇÃO CVM Nº 539) reforça


alguns conceitos, que para sua definição junto ao investidor, as instituições participantes devem
considerar no mínimo:

 Objetivo de investimento: o período que será mantido o investimento, as preferências


quanto aos tipos de riscos a serem assumidos e as finalidades do investimento.

21
 Situação Financeira: o valor das receitas regulares declaradas, o valor e os ativos que
compõem seu patrimônio e a necessidade futura de recursos.
 Conhecimento de mercado de investimentos: os tipos de produtos, serviços e operações
que o investidor tem familiaridade; a natureza, volume e frequência das operações já
realizadas, bem como o período e a formação acadêmica e a experiência profissional do
investidor.

22
6. Análise do Perfil do Investidor

6.1. Suitability

Investidores têm necessidades, níveis de conhecimento de mercado e perfis de investimento di-


ferenciados. Portanto devemos aconselhar ou ofertar produtos e serviços aos clientes com base
em parâmetros e critérios bem fundamentados.

Alguns clientes possuem uma diferenciada experiência e conhecimento do mercado e de deter-


minados produtos. Desta forma, estes serão submetidos a processos e controles distintos, bem
como aqueles clientes que irão operar apenas produtos categorizados como não complexos ou até
mesmo complexos, mas que estejam sendo oficialmente assessorados por empresa ou profissional
qualificado e autorizado.

A Instrução CVM nº 554/2014 alterou as regras de verificação da adequação do produto ao in-


vestidor (suitability), presentes na Instrução CVM nº 539/2013, passando a prever que a neces-
sidade de realização do suitability é dispensada caso o cliente/investidor:

a) Seja investidor qualificado ou profissional exceto no caso de pessoa natural que se enquadre
em tais categorias através do critério de investimento mínimo em ativos financeiros ou por ter
sido aprovada em exame de qualificação técnica ou possua certificações aprovadas pela CVM;

b) Seja Pessoa Jurídica de direito público; ou

c) Tenha sua carteira de valores mobiliários administrada discricionariamente por


administrador de carteira de valores mobiliários autorizado pela CVM.

O mercado financeiro tem por costume adotar dois parâmetros visando classificar os clientes e
verificar adequação dos seus investimentos:

Parâmetro Subjetivo: refere-se ao levantamento de informações qualitativas, tais como:

• Nível de conhecimento dos produtos e serviços disponíveis no mercado financeiro;

• Objetivo dos investimentos;

• Horizonte de tempo dos investimentos passados e futuros;

• Histórico do cliente no mercado financeiro e de capitais;

• Tolerância ao risco.

23
Parâmetro Objetivo: este parâmetro está diretamente associado a elementos quantitativos, tais
como:

• Situação Financeira Patrimonial;

• Volume financeiro envolvido;

• Frequência e tipo das operações realizadas.

Os parâmetros anteriores podem ser obtidos de maneira presencial, no início ou manutenção do


relacionamento com os clientes e avaliando seu comportamento ao longo deste relacionamento e
através dos questionários elaborados pela área responsável.

O perfil de investimento dos clientes será definido considerando-se os objetivos de investimento,


o grau de tolerância a riscos, o conhecimento e a experiência do cliente. Adicionalmente, são
levadas em consideração informações relevantes como o histórico operacional do cliente, seu
patrimônio e a composição de sua carteira de investimentos.

De acordo com a Instrução CVM n° 539/2013:

• Para verificar se o produto, serviço ou operação é adequado ao objetivo de investimento do


cliente, considerar o período que o cliente deseja manter o investimento; as preferências
declaradas do cliente quanto à assunção de riscos e as finalidades do investimento.

• Saber se a análise da situação financeira do cliente é compatível. É necessário verificar o


valor das receitas regulares declaradas em Ficha Cadastral ou KYC; o valor e os ativos que
compõem o patrimônio do cliente (SFP – Situação Financeira Patrimonial) e necessidade futura de
recursos investidos declarados pelo cliente.

24
• Para verificar se o cliente possui conhecimento necessário para compreender os riscos
relacionados ao produto, serviço ou operação, é necessário verificar os tipos de produtos, serviços
e operações com os quais o cliente tenha familiaridade; a natureza, o volume e a frequência das
operações já realizadas pelo cliente no mercado de valores mobiliários, bem como o período em
que tais operações foram realizadas a formação acadêmica e a experiência profissional do cliente
estão condizentes.

Os integrantes do sistema de distribuição e consultores de investimentos devem considerar os


custos diretos e indiretos associados aos produtos, serviços ou operações, abstendo-se de reco-
mendar que isoladamente ou em conjunto impliquem custos excessivos e inadequados ao perfil
do cliente. E, ainda, classificar o perfil de risco (suitability) antes da primeira operação do cliente.

Para a definição de cada perfil de investimento de acordo com os produtos, serviços e operações
da empresa é necessário considerar o risco associado ao produto e seus ativos subjacentes; o
perfil dos emissores e prestadores de serviços associados ao produto, a existência de garantias e o
prazo de carência.

É vedado pela regulamentação da CVM recomendar produtos ou serviços ao cliente que não se-
jam adequados ao seu perfil; que não forneceu informações que permitam identificar o seu perfil;
e que não atualizou as informações relativas ao seu perfil.

As pessoas habilitadas a atuar como integrantes do sistema de distribuição e os consultores de


valores mobiliários organizados sob forma de Pessoa Jurídica devem possuir política e proce-
dimentos para verificação da adequação incluindo a atualização, enquadramentos e desenqua-
dramentos do perfil de investimento dos clientes. As informações mínimas que devem constar
nesta política são:

• O tratamento interno dado no caso de divergência entre o perfil identificado e os recursos


detidos/pretendidos;

• Periodicidade da avaliação do enquadramento do portfólio frente ao perfil;

• Procedimento interno que esclareça o tratamento dado a situações de impossibilidade de


de- finição do perfil do investidor;

• Informações sobre a importância do processo como um todo e outras que julgarem necessá-
rias para este fim.

É importante que nos casos de desenquadramento, as instituições participantes expliquem, em


suas metodologias, o tratamento interno adotado para correção/formalização de tal divergência.
As divergências identificadas devem ser comunicadas aos investidores, disponibilizando um ca- nal
de contato para manifestação do investidor caso haja discordância.
25
No caso de um cliente ordenar a realização de operações que não estejam adequadas ao seu perfil
de investimento, ou seja um cliente que não respondeu o questionário de Suitability, ou ainda,
que esteja com as informações desatualizadas, ele deve ser alertado sobre a ausência ou
desatualização de perfil ou da sua inadequação, com a indicação da causa da divergência, se
houver.

Os participantes do sistema de distribuição de valores mobiliários devem possuir política e


procedimentos específicos sobre a recomendação de produtos complexos, considerando o risco
da estrutura em comparação com os produtos tradicionais e a dificuldade em determinar seu
valor, inclusive em razão de sua baixa liquidez.

Abrangência, perfil do cliente, categorias de produtos

Agora falaremos sobre a adequação de produtos ofertados em função do tipo e perfil do


investidor, a importância e motivação do API para o investidor e a possibilidade de venda de um
produto não adequado ao perfil do investidor.

Ao procurar uma instituição financeira para investir os seus recursos, normalmente, o investidor já
possui algum plano para o destino de seus recursos. O profissional da instituição deve procurar
entender quais são estes planos para auxiliar o investidor a traduzi-los em uma carteira de
investimentos adequada.

Investidores têm necessidades, níveis de conhecimento de mercado e perfis de investimento


diferenciados.

Portanto, para recomendar ou ofertar produtos e serviços aos clientes é fundamental ter
parâmetros e critérios bem fundamentados.

O perfil de investimento dos clientes será definido considerando-se:

- situação financeira

- os objetivos de investimento

- o grau de tolerância a riscos

- o conhecimento e a experiência do cliente

Para verificar se o produto, serviço ou operação é adequado ao objetivo de investimento do


cliente, deve-se considerar o período que o cliente deseja manter o investimento (horizonte de

26
investimento); as preferências declaradas do cliente quanto à assunção de riscos e as finalidades
do investimento.

Adicionalmente, são levadas em consideração informações relevantes como o histórico


operacional do cliente, seu patrimônio e a composição de sua carteira de investimentos.

6.2. Categorias de Investidores

Após um processo de ampla discussão e de audiência pública entre a CVM e os Participantes do


Mercado, a CVM editou a Instrução nº 554/2014 referente à nova normatização sobre Investidor
Qualificado e Investidor Profissional que entrou em vigor em outubro de 2015.

No artigo 9º da ICVM nº 554/2014, temos as categorias de investidores:

A. São considerados investidores profissionais:

I – Instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do


Brasil;

II – Companhias seguradoras e sociedades de capitalização;

III – Entidades abertas e fechadas de previdência complementar;

IV – Pessoas Naturais ou Jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a


R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condi- ção
de investidor profissional mediante termo próprio;

V – Fundos de Investimento;

VI – Clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por administrador de carteira
de valores mobiliários autorizado pela CVM;

VII – Agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores


de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios;

VIII – Investidores não residentes.

Art. 9º- B São considerados investidores qualificados: I – Investidores profissionais;

27
II – Pessoas Naturais ou Jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de
investidor qualificado mediante termo próprio;

III – As Pessoas Naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou
pos- suam certificações aprovadas pela CVM como requisitos para o registro de agentes
autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores
mobiliários, em relação a seus recursos próprios; e

IV – Clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por um ou mais cotistas, que
sejam investidores qualificados.

Art. 9º- C Os regimes próprios de previdência social instituídos pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou por Municípios são considerados investidores profissionais ou investidores
qualificados apenas se reconhecidos como tais conforme regulamentação específica do Minis-
tério da Previdência Social.

Investidor não Residente

São investidores não residentes, individuais ou coletivos, as Pessoas Físicas ou Jurídicas, os fundos
ou outras entidades de investimento coletivo, com residência, sede ou domicílio no exterior.

No Brasil, o acesso de investidores não residentes (ou estrangeiros) ao mercado financeiro e de


capitais é regido pela Resolução nº 4.373 de 29 de setembro de 2014, do CMN, que dispõe sobre
aplicações de investidor não residente no Brasil nos mercados financeiro e de capitais no País, e
regulamentada pela Circular nº 3.752, de 27 de março de 2015, que uniformizou, simpli- ficou
procedimentos e conferiu maior clareza às suas disposições.

As aplicações de não residentes devem ser realizadas nos mesmos instrumentos e modalidades
operacionais disponíveis ao investidor residente no Brasil.

Cadastro Simplificado do Investidor não Residente

A Instrução CVM nº 560, de 27 de março de 2015, dispõe sobre o registro, as operações e a


divulgação de informações de investidor não residente no País.

A Instrução CVM nº 505, de 27 de setembro de 2011, criou a possibilidade de utilização do Ca-


dastro Simplificado do Investidor não Residente, facilitando e agilizando o acesso dos investido-
res não residentes ao mercado de capitais brasileiro.
28
É facultado ao intermediário manter cadastro simplificado de investidores não residentes, desde
que:

I - o investidor não residente seja cliente de instituição intermediária estrangeira, perante a


qual esteja devidamente cadastrado na forma da legislação aplicável em seu país de origem;

II - a instituição intermediária estrangeira assuma, perante o intermediário, a obrigação de


apre- sentar, sempre que solicitadas, todas as informações cadastrais devidamente atualizadas ca-
pazes de suprir as exigências presentes na regulamentação da CVM que trata do cadastro de
clientes no âmbito do mercado de valores mobiliários;

III - o intermediário:

a) estabeleça critérios que lhe permitam avaliar o grau de confiabilidade da instituição


intermediária estrangeira;

b) Adote as medidas necessárias para assegurar que as informações cadastrais do cliente serão
prontamente apresentadas pela instituição intermediária estrangeira, sempre que solicitadas;

c) Assegure que a instituição intermediária estrangeira adota práticas adequadas de identifica-


ção e cadastro de clientes, condizentes com a legislação aplicável no respectivo país de origem.

IV - a instituição intermediária estrangeira esteja localizada em país que não seja considerado
de alto risco em matéria de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo, e não esteja clas-
sificado como não cooperante, por organismos internacionais, em relação ao combate a ilícitos
dessa natureza;

V - o órgão regulador do mercado de capitais do país de origem da instituição intermediária


es- trangeira tenha celebrado com a CVM acordo de cooperação mútua que permita o intercâmbio
de informações financeiras de investidores, ou seja signatário do memorando multilateral de
entendimento da International Organization of Securities Commissions - IOSCO.

Cabe à entidade administradora de mercado organizado definir o conteúdo mínimo do cadastro


simplificado e possuir mecanismos de controle que garantam o cumprimento das disposições da
Instrução.

29
6.3. Adequação de produtos ofertados em função do tipo e perfil do investidor

Qual a importância e motivação da Análise de Perfil do Investidor (API) para o investidor?

Os produtos financeiros estão cada vez mais complexos e sofisticados, e os investidores a cada dia
têm acesso a produtos com diferentes características, políticas de investimento e composição de
carteira. A partir deste contexto, o desafio para o investidor é selecionar o produto mais
apropriado ao seu objetivo e perfil de risco.

Para auxiliar o investidor na tarefa de selecionar o produto adequado ao seu perfil de risco e
objetivos, as instituições financeiras realizam a Análise de Perfil do Investidor (API). Por meio de
um questionário específico, que envolve aspectos como idade, prazo da aplicação, finalidade,
valor disponível para investimento, necessidade de liquides, valor já aplicado e tolerância ao risco,
busca-se avaliar o perfil de risco e oferecer produtos que melhor atendam aos objetivos de
retorno do cliente.

Portanto, para o investidor, o API é muito importante, pois traz segurança para tomar a decisão de
investimento que atenda seu objetivo financeiro. Com o API o investidor tem uma real garantia da
adequação de seu perfil de risco ao portfólio de produtos oferecidos pela Instituição.

A Análise de Perfil do Investidor representa um grande benefício aos investidores, uma vez que, ao
conhecer o perfil de investidor do cliente, a Instituição, tem melhores condições de auxiliá-lo a
tomar decisões de investimentos alinhadas com seus objetivos.

Possibilidade de venda de um produto não adequado ao perfil do investidor:

No caso de um cliente ordenar a realização de operações que não estejam adequadas ao seu perfil
de investimento, ou seja um cliente que não respondeu o questionário de API, ou ainda, que
esteja com as informações desatualizadas, ele deve ser alertado sobre a ausência ou
desatualização de perfil ou da sua inadequação, com a indicação da causa da divergência, se
houver.

Além destas situações, o investidor, mesmo com suas informações de API atualizadas, pode não
aceitar a recomendação dos produtos sugeridos ao seu perfil de investimento.

Em todos os casos a Instituição deve obter declaração expressa do cliente de que deseja manter a
decisão de investimento na categoria de ativo que ele escolheu, mesmo estando ciente da
ausência, desatualização ou inadequação de perfil.

30
Diversificação: vantagens e limites de redução do risco incorrido

O que é Diversificação?

Significa escolher ativos que tenham, ao menos potencialmente,


comportamentos diferentes uns dos outros, de modo que o
resultado final seja um portfólio com um risco menor do que cada
um dos ativos tomados separadamente. Trata-se, então, de
diversificar os riscos.

Risco sistemático: é afetado por diversos fatores macroeconômicos, como por exemplo,
determinado resultado das eleições presidenciais afetam em maior ou menor grau, todos os ativos
do mercado.

Risco não sistemático: é a parcela do risco total que não depende das variáveis econômicas, e sim
de fatores específicos que afetam o ativo. Por exemplo: se a plataforma da Petrobrás sofre um
acidente, as ações dessa empresa terão um impacto negativo.

Risco da Carteira Total = Risco Sistemático + Risco Não Sistemático

Vantagens e Limites da diversificação do risco de mercado

Diversificação ajuda a reduzir os riscos.

O risco não sistemático é o único que pode ser diversificado, assim a carteira não corre riscos de
ativos específicos, pois os mesmos podem ser diversificados. O risco sistemático, no entanto, não
pode ser diversificado, pois todo o mercado é sujeito a ele (não há para onde fugir!).

Portanto, o patamar mínimo de risco de mercado que um portfólio é capaz de chegar é dado pelo
seu risco sistemático.

31
6.4. Finanças Pessoais

O Planejamento Financeiro Pessoal é a aplicação dos princípios de finanças aos efeitos monetários
resultantes das decisões dos indivíduos e das famílias. Significa estabelecer metas para
acumulação de recursos que irão formar o patrimônio de uma pessoa ou de uma família. Com ele
conseguimos responder questões do tipo: o que fazer com o dinheiro que tenho acumulado?
Como fazer para atingir determinado objetivo? O que fazer para acumular dinheiro? O que fazer
com o dinheiro que tenho acumulado até a data em que vou usá-lo?

Para elaborar um planejamento financeiro deve-se levar em conta:

• situação financeira atual;

• conjunto de objetivos;

• o caminho a ser percorrido entre o estado financeiro atual e os objetivos.

Conceitos de orçamento pessoal e familiar (receitas e despesas), fluxo de caixa e situação


financeira

Verificar a situação financeira do investidor, que pode ser visualizada a partir do seu orçamento
pessoal e do seu fluxo de caixa, é de grande importância para o processo do planejamento de
investimento, pois permite identificar a sua capacidade de poupança ou necessidade de
financiamento com crédito.

O orçamento auxilia no processo de O fluxo de caixa é de grande auxílio no


identificação da situação financeira atual. acompanhamento das finanças do
investidor.

O que é Orçamento Pessoal e Familiar?

Orçamento é a previsão das receitas e das despesas que serão correntes em um determinado
período futuro.

Fazer um orçamento significa, entre outras coisas, avaliar minuciosamente sua situação financeira,
e identificar como andam suas despesas e suas receitas. Um orçamento pessoal ou familiar é uma
ferramenta utilizada para prever aquilo que se pretende gastar no futuro e aquilo que se pretende
ganhar no mesmo período.

32
Motivos para fazer um orçamento familiar ou pessoal:

 Conhecer qual o real alcance de sua renda


 Evitar dívidas que não poderá pagar
 Conseguir identificar e cortar desperdícios
 É o primeiro passo para construir um patrimônio
 Sua família consegue enxergar para onde vai o seu salário
 Sua família consegue saber quais as demandas que cabem no orçamento
 Seu filho pode aprender com seu exemplo a ser um adulto financeiramente responsável
 A produtividade no trabalho tende a aumentar sem aflições financeiras
 Conseguir criar um plano de investimento para manter seu padrão de vida durante sua
aposentadoria.

33
A seguir um exemplo de planilha de um orçamento familiar:

Planilha para Orçamento Pessoal / Familiar

RECEITAS Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro TOTAL
RENDA FAMILIAR - - - - - - - - - - - - -
Salários -
13º. Salário -
Férias -
Pensão -
-
-
Outros -
DESPESAS
HABITAÇÃO - - - - - - - - - - - - -
Aluguel/Prestação -
Água -
IPTU -
Luz -
Telefones -
TV por Assinatura -
Supermercado -
Empregada -
Reformas/Consertos -
-
Outros -

SAÚDE - - - - - - - - - - - - -
Plano de Saúde -
Médico -
Dentista -
Medicamentos -
Seguro de Vida -
Outros -

TRANSPORTE - - - - - - - - - - - - -
Ônibus -
Metrô -
Trem -
Táxi -
Outros -

AUTOMÓVEL - - - - - - - - - - - - -
Prestação -
Seguro -
Combustível -
Lavagens -
IPVA -
Mecânico -
Multas -
Outros -

DESPESAS PESSOAIS - - - - - - - - - - - - -
Higiene Pessoal -
Cosméticos -
Cabeleireiro -
Vestuário -
Lavanderia -
Academia -
Telefone Celular -
Pager -
Cursos -
Outros -

LAZER - - - - - - - - - - - - -
Restaurantes -
Cafés/Bares/Boates -
Livraria -
Cinema -
Passagens -
Hotéis -
Passeios -
-
Outros -

CARTÕES e Desp. Fin. - - - - - - - - - - - - -


Cartões -
Tarifas -
Empréstimos -

DEPENDENTES - - - - - - - - - - - - -
Escola/Faculdade -
Cursos Extras -
Material escolar -
Esportes/Uniformes -
Mesada -
Passeios/Férias -
Vestuário -
-
Outros -

TOTAIS Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro TOTAL
Rendimentos - - - - - - - - - - - - -
Gastos - - - - - - - - - - - - -
Saldo do Mês - - - - - - - - - - - - -
Saldo Acumulado - - - - - - - - - - - - -

34
O que é Fluxo de Caixa?

Fluxo de caixa é um instrumento que permite o monitoramento das entradas e saídas de recursos
previstos ou não no orçamento.

O fluxo de caixa pessoal é um instrumento no qual você registrará toda e qualquer entrada ou
saída de dinheiro que ocorreu em determinado momento no tempo (diária ou mensal). Ou seja,
até mesmo aquela pequena quantia gasta na lanchonete deverá ser anotada de tal forma que ao
final de um período se tenha plena noção de gastos e receitas.

O fluxo de caixa permite ainda apontar as necessidades/oportunidades de ajustes de movimento


de entradas e saídas de recursos e minimizar o pagamento de juros ou maximizar o tempo que o
dinheiro fica aplicado.

Portanto, o Orçamento é um instrumento que auxilia no Planejamento Financeiro Pessoal no


longo prazo e o Fluxo de Caixa é o instrumento para acompanhar o curto prazo.

Patrimônio Líquido (ativos e passivos). Índice de endividamento.

O que é patrimônio líquido?

Patrimônio = Totalidade de bens – Dívidas

O patrimônio é tudo aquilo que a pessoa possui, seja os bens da família ou uma herança. Para
calculá-lo, basta somar todos os bens (Ativos) que detém como casas e automóveis e subtrair dos
compromissos financeiros (Passivos), as famosas dívidas.

O que são ativos? É o conjunto formado pelos bens e direitos, por exemplo: carro, imóveis, o
dinheiro depositado no banco, o saldo do FGTS, etc.

O que são passivos? São dívidas. O empréstimo do carro, a dívida com o imóvel, os carnês de
financiamento, as dívidas no cartão de crédito, etc.

Índice de Endividamento: é um indicador de qual percentual do Ativo foi financiado pelas dívidas
(Passivo).

35
Por exemplo, verificamos a situação atual do Patrimônio do Sr Alberto: a soma total de seus ativos
totaliza R$ 115.000,00 e a soma total dos passivos R$ 55.000,00. Então para o índice de
endividamento do Sr. Alberto seria:

Esse índice indica que 48% do Ativo do Sr Alberto foi financiado pelas dívidas relacionadas no
Passivo. O ideal, dizem os especialistas, seria ter esse índice próximo de zero.

Outro indicador que é muito comum é o grau de comprometimento da renda do indivíduo ou da


família em dívidas. É um dos principais indicadores no que diz respeito à natureza e perspectiva
das dívidas.

Para calcular a importância dos compromissos financeiros, basta dividir o total das dívidas mensais
pela receita líquida do mesmo período. O resultado será um coeficiente que, multiplicado por 100,
indicará a exata porcentagem das dívidas em relação ao que se ganha. Veja a fórmula abaixo:

Por exemplo, suponha que João possui as seguintes dívidas:

Prestação do carro: R$ 900,00

Empréstimo (CDC): R$ 1.500,00

Total das dívidas: R$ 2.400,00

36
João tem uma receita líquida mensal (salário total e 13° mensal proporcional, mas deduzidos
impostos, INSS etc) de R$ 7.850,00. Se dividirmos o total das dívidas (R$ 2.400,00) pela receita
líquida (R$ 7.850,00), temos um índice de endividamento de 30,57%. Verificamos, então, que João
compromete 30,57% de sua renda pagando dívidas.

Grau de conhecimento do mercado financeiro – experiência em matéria de investimento

A experiência com investimentos é um fator importante na avaliação do perfil de risco do


investidor. Um investidor que já tenha passado por momentos ruins do mercado saberá melhor
quais alternativas de investimento que tem à sua disposição do que outro com pouca experiência.

Outro fator importante para definição do perfil de risco, aliado a experiência com investimentos, é
o grau de conhecimento do investidor sobre os produtos de investimento. Se o investidor
conhecer as características de risco e retorno dos diversos produtos de investimento aumenta sua
capacidade para tomar risco.

Para verificar se o cliente possui conhecimento necessário para compreender os riscos


relacionados aos produtos de investimento, é necessário verificar os tipos de produtos, serviços e
operações com os quais o cliente tenha familiaridade; a natureza, o volume e a frequência das
operações já realizadas pelo investidor, bem como o período em que tais operações foram
realizadas.

Alguns clientes possuem uma diferenciada experiência e conhecimento do mercado e de


determinados produtos. Desta forma, estes serão submetidos a processos e controles distintos.

7. Decisões do Investidor na perspectiva de Finanças Comportamentais

Finanças comportamentais é um ramo das finanças que se dedica ao estudo da influência da


psicologia humana nas decisões de investimentos. Parece óbvio que, sendo uma atividade
realizada por seres humanos, o ato de investir seja influenciado pelos assim chamados “desvios”
da mente humana.

Tendo em vista que os estudos sobre tomada de decisão têm demonstrado que as decisões
financeiras nem sempre são tão racionais quanto se supunha nos estudos de finanças tradicionais,
o estudo sobre comportamento financeiro, atualmente, contribui para um melhor entendimento
sobre a forma do investidor tomar suas decisões e o mapeamento de certos padrões de tomada
de decisão nos investimentos.

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Ou seja, para tomar decisões as pessoas utilizam regras prontas construídas e aprendidas durante
a experiência de vida e que já foram utilizadas anteriormente para solucionar um dado problema.

O objetivo dos estudos sobre Finanças Comportamentais é compreender e identificar o


comportamento das pessoas ao fazerem suas escolhas, avaliação de valores, probabilidades e
riscos.

7.1. Algumas das Heurísticas (regras práticas ou atalhos mentais que orientam o julgamento e
avaliação dos investidores) e os erros que podem causar nas decisões dos investidores (vieses)

Tomar decisões é algo que fazemos o tempo todo ao longo da nossa vida. Portanto, não é de se
espantar que o nosso cérebro tenha desenvolvido maneiras de aperfeiçoar a tomada de decisão.

Os investidores, na sua experiência de vida, desenvolvem regras práticas para selecionar seus
investimentos. Essas regras são denominadas heurísticas e elas podem levar a boas ou más
decisões de investimento. Heurísticas são regras práticas de decisão.

As heurísticas são regras práticas (ou atalhos mentais) que agilizam e simplificam a percepção e a
avaliação das informações que recebemos.

Certas formas de pensamento levam a decisões de investimento erradas, ou seja, armadilhas


mentais que influenciam a decisão, desviando o investidor do que seria uma decisão mais
“racional”. Essas formas de pensamento chamamos de vieses comportamentais.

Vieses comportamentais são formas de pensamento que induzem ao erro no processo de tomada
de decisão.

Nesse sentido, assumindo que os investidores são dotados da racionalidade limitada e sujeitos a
emoções, podemos observar certos comportamentos padrões no momento da tomada de decisão
e principalmente no decorrer dos investimentos. As decisões costumam ocorrer sob condições
complexas, desconcertantes ou indistintas, sem tempo para calcular, objetivamente, as leis das

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probabilidades. Certos comportamentos dos investidores em determinadas situações, podem ser
melhores compreendidos a partir dos seguintes vieses:

Viés do otimismo Pessoa que se ilude com o argumento de que


“vai dar tudo certo”.
Viés do excesso de confiança Pessoa que acha que sabe mais do que os
outros.
Viés da armadilha da confirmação Pessoa busca informações que validem uma
decisão e evita aquelas que a contradigam.
Viés da ilusão do controle Pessoa acredita que pode controlar resultados
sobre os quais não têm controle algum, como
ter a capacidade de controlar o mercado.

Disponibilidade (decisões influenciadas por ocorrências e eventos recentes na memória do


investidor)

A heurística da disponibilidade, é a tendência de as pessoas basearem seus julgamentos em


informação que está prontamente disponível para elas.

Normalmente, os investidores julgam a probabilidade de ocorrer algum evento, principalmente o


negativo, com base em suas memórias e lembranças mais recentes.

O investidor traça sua decisão e seus julgamentos sobre os eventos com base em sua vivência ou
ocorrência recente, sendo que os que possuem mais frequência terão maior possibilidade de
ocorrer e os mais raros, menor, o que necessariamente pode não ser verdade.

Por exemplo, um indivíduo pode vender suas ações quando a bolsa cai para 40 mil pontos, pois, na
sua memória a última vez que a bolsa chegou em 40 mil pontos, ela caiu mais.

Representatividade (decisões a partir de associações com estereótipos formados e desprezo de


informações relevantes para a tomada de decisão)

A heurística da representatividade refere-se, basicamente, ao julgamento por estereótipos ou por


modelos mentais de aproximação para tomada de decisão.

Os tomadores de decisão avaliam a probabilidade de ocorrência de um evento através da


similaridade com outros acontecimentos. Se um incidente histórico se parece com uma situação
corrente, pode exercer uma maior influência na decisão do que seria desejável.

Para simplificar a tomada de decisão, o investidor utilizará alguma característica (positiva ou


negativa) que tenha alguma referência com o investimento.
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Um exemplo desta heurística no campo das finanças é crer que o desempenho brilhante de uma
organização no passado é "representativo" de um desempenho geral que a empresa continuará a
obter no futuro.

Ou ainda, outro exemplo, se o investidor não gostar da instituição X, por algum motivo, ele terá
dificuldades para analisar positivamente os produtos e/ou serviços oferecidos.

Ancoragem (decisões com base em informações e conhecimentos prévios ou pré-concebidos)

A heurística da ancoragem estabelece um ponto de referência relativamente arbitrário (uma


âncora ou base) e que ao longo do investimento vai influenciar todas as decisões. O investidor
assim faz suas estimativas com base no valor inicial (derivados de acontecimentos anteriores,
atribuições aleatórias e outras informações disponíveis) e com alguns ajustes posteriores.

Por exemplo, um investidor que toma decisões financeiras por impulso, se exposto à informação
de que a ação da companhia X custa R$ 50, tende a achar barata a ação da companhia Y, cotada a
R$ 20, ainda que as duas empresas não tenham nenhuma correlação. Outro exemplo, o preço de
compra da ação (valor inicial) ou o pico anterior (ajuste) poderão influenciar uma decisão, quando
atingido, mesmo que outras situações aconteçam e mudem o valor do ativo, o investidor pode
ficar “ancorado” no preço passado.

Assim, a ancoragem significa decidir com base no julgamento de informações históricas, que se
tornam, normalmente, referências de valores para o investidor.

Aversão à perda (manutenção de investimentos não lucrativos e venda de investimentos com


ganho).

A aversão a perda, normalmente, nos faz atribuir maior importância às perdas do que aos ganhos,
nos induzindo frequentemente a correr menos riscos no intuito de tentar reparar eventuais
prejuízos.

Ainda, pode fazer o investidor insistir em investimentos sem perspectiva futura de melhora, seja
pelo medo da dor de realizar prejuízo, seja pela recusa em admitir eventuais erros na escolha da
aplicação. Outro efeito potencialmente prejudicial é liquidar precipitadamente as posições
lucrativas e ainda promissoras, por receio de perder o que já foi ganho e manter investimentos
que apresentem perdas, para não “realizar” o prejuízo.

A aversão a perda é o comportamento que faz com que o investidor decida manter investimentos
não lucrativos e sem perspectivas no futuro e vender investimentos que apresentaram ganho.
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7.2. Efeitos de estruturação: influência na decisão de investimento da forma como as
alternativas ou o problema é apresentado (framing)

O efeito de estruturação é um comportamento que descreve como a tomada de decisão pode ser
afetada pela maneira como o problema é formulado ou pela forma como as opções são
apresentadas (estruturadas).

Tversky e Kahneman (1986) identificaram que as decisões podem sofrer variações significativas
dependendo da abordagem dada ao problema. A teoria da Perspectiva recebeu este nome, pois
Tversky e Kahneman perceberam que dependendo da perspectiva (abordagem) dada ao
problema, as respostas poderiam mudar. Por exemplo, supondo que você tivesse de tomar as
duas decisões abaixo, quais alternativas escolheria?

Decisão 1: a) Ganho certo de R$ 240 ou

b) 25% de chance de ganhar R$ 1.000 e 75% de


chance de não ganhar nada

Decisão 2: a) Perda certa de R$ 750 ou

b) 75% de chance de perder R$ 1.000 e 25% de


chance de não perder nada

Quando confrontadas com as decisões acima, a maioria das pessoas prefere a alternativa “a” na
decisão 1 e a alternativa “b” na decisão 2. Ou seja, elas tendem a ser avessas ao risco no campo
dos ganhos, mas atraídas pelo risco no âmbito das perdas.

Denominamos efeito da estruturação a forma como um investimento é apresentado pode


influenciar a decisão do cliente.

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17. Conflito de Interesses

Conceitua-se conflito de interesses como sendo a falta de alinhamento entre os integrantes de


um grupo, não somente na questão objetiva de definição, mas também na percepção de que
interesses individuais poderão se sobrepor à decisão ou ação.

O conflito pode surgir no emaranhado das relações entre sócios, acionistas, funcionários,
fornecedores de bens e serviços, clientes e órgãos do governo, enfim, nas relações com
“stakeholders” das instituições.

Há conflito de interesses quando alguém obtém uma vantagem indevida utilizando-se do poder de
sua posição na instituição. Pautado pelo código de ética o funcionário deve realizar seu trabalho,
obedecendo exclusivamente aos propósitos da instituição, e não aos seus próprios.

No âmbito dos conflitos entre os clientes é mais comum identificarmos situações de mau uso da
informação e concorrência. No âmbito dos conflitos entre cliente e instituição podemos incluir
questões relacionadas a suitability, appropriateness, front running, recebimento de presentes e
entretenimento. E, finalmente, no âmbito dos conflitos entre cliente e funcionários da instituição,
observam-se transações executadas com finalidade de esconder uma perda ou um ganho em
determinada posição ou ainda para disfarçar posições muito alavancadas, empréstimos entre
cliente e funcionários, ou entre fornecedor e funcionário.

Há diversas razões que justificam a preocupação em tratar o assunto, dentre elas:

• Proteger a instituição contra demandas judiciais e questões de reputação;


• Assegurar que relacionamentos e negócios sejam conduzidos adequadamente;
• Evitar questionamentos dos órgãos reguladores e autorreguladores.

Não há critério único ou definitivo para determinar quantos são os conflitos inerentes a uma fun-
ção ou situação. Dificilmente haverá um código de ética, regulamento, norma ou procedimento
que determine todas as situações de potencial ou efetivo conflito. Seguem alguns exemplos:

• Entrar em concorrência desleal com a instituição, realizando serviços que lhe são próprios e
recebendo valor extra de forma ilícita;
• Comprar um automóvel e pedir desconto argumentando que trabalha em um banco e
poderá facilitar a aprovação de algumas operações beneficiando o vendedor ou a concessionária;
• Emitir recomendação favorável a respeito de uma empresa de forma a obter relação privile-
giada;
• Comprar ações de uma empresa cliente da instituição antes de um projeto importante ser
anunciado com base em informações privilegiadas.

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Referências

ABBC – Associação Brasileira dos Bancos, Estudo Técnico sobre boas práticas de prevenção à
“Lava- gem de Dinheiro” no mercado de capitais brasileiro, Junho 2009.

ABBI – Associação Brasileira dos Bancos Internacionais e FEBRABAN – Federação Brasileira de


Bancos, Função de Compliance, Agosto 2003.

BIS – Bank for International Settlements – Compliance and the Compliance Function in Banks,
Basle Committee on Banking Supervision, April, 2005.

BRASIL. Instrução CVM n° 554 de 17 de dezembro de 2014. BRASIL. Instrução CVM n° 555 de 17 de
dezembro de 2014.

BRASILIA, CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL e BANCO CENTRAL DO BRASIL. RESOLUÇÃO N°


2.554 de 24 de setembro de 1998. Texto consolidado

CANDELORO, Ana Paula; RIZZO, Maria B. M.; PINHO, Vinicius – Compliance 360o: riscos,
estratégias, conflitos e vaidades no mundo corporativo. São Paulo: Trevisan Editora Universitária,
2012.

Documento Consultivo “Função de Compliance”, 2004 ISO 31000:2009.

MARSHALL, Cristopher “Medindo e Gerenciando Riscos Operacionais em Instituições Financeiras.”,


QualityMark.

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Data da Elaboração 24/06/2016
Data da Revisão 01/03/2017
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Redação
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