Texto produzido a partir de Kruse , Maria Henriqueta Luce.
Os poderes dos corpos frios -
das coisas que se ensinam às enfermeiras [tese de doutorado em Educação].Porto Alegre (RS): Faculdade de Educação: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2003. 157f. **Enfermeira, Doutora em Educação,Professora Adjunta da Escola de Enfermagem da UFRGS. E-mail do autor: kruse@uol.com.br
RESENHA CRÍTICA Higor Henrique da Silva
A autora descreve a partir dos estudos de anatomia que, com o passar do
tempo, a forma como vemos o corpo humano se altera. Mostrando desde Versalius, (considerado o pai da Anatomia, que descreveu com riqueza de detalhes, desenhos da anatomia humana) até os tempos atuais com corpos plastinados e digitalizados. Cita como o conteúdo dos livros de anatomia mostram, em sua grande parte, corpos com características específicas de um corpo masculino, branco e que o corpo feminino não possui uma importância tão grande nos estudos anatômicos. Concluindo que nossa visão dos corpos é um processo histórico e cultural que se alteram com decorrer do tempo. O ser humano e seu meio cultural está sempre em constante mudanças. Olhando o passado e comparando com o tempo presente, percebe-se uma grande transformação no que se refere ao modo como vemos o mundo á nossa volta. “O mundo mudou...", assim inicia um dos filmes da trilogia “O senhor dos Anéis”, mas será que ele mudou ou nós mudamos? A forma como estamos agora faz com que pensemos por um ângulo diferente, nos faz repensar nos antigos conceitos, nas explicações dos incontáveis “porquês” que indagamos em nossa vida, em especial na infância, quando estamos curiosos e querendo entender o mundo à nossa volta. Nossa visão de nós mesmos se transforma à medida que entendemos o mundo e conhecemos a nós mesmos quanto seres sociais, emocionas, biológicos, culturais, psicológicos, espiritual, ou qualquer outra área do conhecimento que venha a buscar o saber por traz do ser, o ser de ser humano, o ser da filosofa: o quem sou. Tal afirmação é perceptível no processo histórico da visão do corpo feminino em que se enxergava a mulher como um produto inferior ao homem, como descreve a autora: Até as últimas décadas do século XVIII, a medicina só admitia a existência de um sexo, o masculino. O que, atualmente, chamamos de sexo feminino era visto como um sexo masculino “frio”, “invertido”. Ou seja, a mulher não possuía o mesmo “calor vital” do homem, e por isso seu sexo não se desenvolvia para fora, mas para o interior do corpo: o útero era o escroto, os ovários, os testículos, a vulva, o prepúcio e a vagina era o pênis. Assim como, acreditava-se que o tamanho pequeno do crânio feminino em relação ao dos homens era devido ao seu baixo desenvolvimento intelectual e dando a ela um lugar inferiorizado dentro da sociedade e dentro dos estudos de anatomia. A crítica apresentada pela autora em relação à representação dos corpos dentro dos estudos de Anatomia, onde as figuras representativas do corpo humano não fazem referência ao corpo universal, mas a um corpo limitado, desenhado a partir de um corpo “padrão” ou anatomicamente “normal”. Ela descreve a forma como os corpos masculinos são representados como figuras fortes, com corpos definidos ao que se via, em determinada época, como uma característica da masculinidade. Não existe um padrão anatômico do corpo humano, o que difere a anatomia da fisiologia. Um corpo magro e um corpo gordo exercem as mesmas funções fisiológicas o que muda são as formas físicas. Os textos e representações anatômico não deveria se ater á a apenas a um tipo de corpo, pois existem formas anatômica distintas o que levaria a afirmar que a forma de olhar estes corpos são diferentes. Um corpo negro, branco, asiático, índio, apresentam formas diferentes. Faz-se necessário demonstrar que representação ultrapassada da anatomia humana carece de uma análise, pois a forma como enxergamos o corpo humano hoje, não é da mesma forma como víamos antes, além de que a representação do corpo se refere apenas a um corpo com características específicas de um povo, raça e gênero.