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CORPOREIDADE
E MOTRICIDADE
HUMANA
PEDRO BEZERRA XAVIER
Corporeidade e
Motricidade Humana
Apresentação
Bem-vindo(a) à disciplina de Corporeidade e Motricidade Humana. Neste estudo,
vamos conhecer como são vistos e tratados esses itens.
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Unidade I - Reflexões filosóficas acerca
do corpo: o pensamento filosófico e o
homem através da história
Introdução
Entende-se que a história que permeia os aspectos do corpo humano é a mesma
que evidencia toda a história e o desenvolvimento de uma civilização. Os diversos
tipos de sociedade e suas culturas influenciam diretamente as características do
corpo e determinam suas ações, construindo suas particularidades, enfatizando
determinados atributos em decorrência de outros e, a partir disso, cria os seus
próprios padrões. A partir disso, vão surgindo os chamados “padrões de beleza”,
aspectos como a sensualidade, a postura e, consequentemente, da saúde, fatores
estes que dão subsídios aos indivíduos para se construírem e se afirmarem enquanto
homens e mulheres.
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a abrangência dos aspectos relacionados a corpo e alma ob-
servados pelos grandes pensadores da Grécia Antiga.
• Observar e analisar a estreita relação entre mente e corpo sob a ótica dos
pensadores da época.
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Filosofia, reflexões a respeito do corpo
grego
Etimologicamente falando, a palavra “corpo” deriva do grego (sôma), que é o estrato
sensível, material do homem. Na filosofia, observa-se que não se pode citar o corpo
sem que haja uma relação deste com a alma, considerando que esse contexto é trazido
desde a antiguidade, mais precisamente com os pensadores Platão e Aristóteles,
sendo esses dois filósofos os estudiosos que trouxeram diversas interpretações e
inferências no que diz respeito à relação entre corpo e alma.
Dessa maneira, observamos que a filosofia nasce na Grécia Antiga como uma ciência
cosmológica, em que o objeto central da reflexão é a própria natureza (phýsis), a
partir da qual busca-se as explicações sobre o homem e a sua relação com a
natureza, necessariamente baseada em causas naturais. Nesse sentido, é a partir
desse ponto que os pioneiros do pensamento filosófico se preocupavam em observar
os fenômenos naturais e o comportamento do corpo de maneira mais ampla, com
o objetivo de evidenciar a força motriz da natureza e tentar interpretá-la em uma
linguagem racional.
A partir dos conceitos norteadores dos pensamentos gregos, de maneira geral, pode-
se definir então o corpo de dois modos: positivamente e negativamente. Positivamente,
pois o corpo é visto como um instrumento físico da alma. Negativamente, considerando
que o corpo possui limites, o que acarreta também na imposição de limites à alma
sob a sua completa liberdade.
Por conseguinte, segundo o filósofo e pensador Aristóteles, esse dualismo não existe.
Embora alguns pensadores considerem o corpo como sendo uma ferramenta da
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alma, não se pode cogitar a ideia de que a alma e o corpo formariam duas realidades
independentes, separadas uma da outra. Pelo contrário, alma e corpo se configuram
como uma união essencial que Aristóteles denomina de substância. Se o corpo
morre, a alma também morre. Em outras palavras, não existe a vida após a morte de
acordo com Aristóteles.
Atenção
A filosofia que explica a natureza influenciou consideravelmente
a ideia de organização e de funcionamento do corpo humano.
O homem é observado como uma parte da natureza universal e,
assim, está atrelado aos mesmos princípios que determinam os
fenômenos de natureza física. A exemplo, as considerações feitas
pelos grandes filósofos que advêm da era pré-socrática foram
amplamente difundidas e utilizadas pelos médicos do século V
a.C., servindo como a base de suas considerações acerca das
enfermidades, sobre a saúde e a fisiologia humana.
O corpo grego
Corpo Grego
Fonte: Freepik (2022).
#PraCegoVer: escultura de mármore de um homem atleta nu, com um disco de lançamento na mão, preparando-se
para lançar.
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O estabelecimento da Idade Média,
o conflito entre o sagrado e o
mundano: o corpo que ora, o corpo
que trabalha, o corpo que guerreia; o
corpo que brinca
No decorrer da história, na idade média, o período compreendido entre o século V e
o século XV, o corpo sofre um processo de “descorporalização”, no qual observa-se
uma evolução contínua chamada “racionalização”, ideia que se assemelha bastante
às ideias do filósofo e pensador grego Platão.
Compreendendo esse fator, boa parte das ações do homem para com a sua
vida cotidiana estavam ligadas diretamente às atividades de natureza corporal,
sendo o seu corpo o instrumento de trabalho, grosso modo, sendo este o
sustento e a comunicação com a sociedade. Nessa perspectiva, o corpo tinha
características notórias para as ações humanas, tais como a noção de tempo,
personalidade e economia.
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Destarte, pode-se compreender que as ações humanas que estão relacionadas à
noção de tempo estão diretamente ligadas ao desenvolvimento natural do tempo,
às estações do ano que determinam o período de plantio e colheita, que, por sua
vez, atrelados ao crescimento das plantas, como também o ritmo de reprodução
dos animais. Assim, a concepção sobre a personalidade sobre as ações do corpo no
homem está relacionada ao sistema de castas, criado na Idade Média, nas quais os
indivíduos nasciam “dentro ou fora dos muros”, e não poderia sair dessa condição
ou entrar nela. Ou seja, a sua personalidade era renegada ou suprimida em razão
dos fatores trazidos pelo sistema feudal, que era fundamentado em princípios como
trabalho, domínio e prazer.
Curiosidade
É importante compreender que a economia, no período descrito, era
orientada através do desempenho de atividades de subsistência.
Em outras palavras, as pessoas realizavam atividades, tais
como agricultura, a fim de conseguir o seu sustento e o de sua
família. Assim, fatores como fome e sede regiam as relações
econômicas, pois não se compreendia a importância da realização
do planejamento estratégico e cálculos com ideias econômicas.
Portanto a economia estava diretamente relacionada à satisfação
das necessidades humanas básicas.
Idade Média
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O pensamento filosófico renascentista,
o corpo e o homem como centro do
discurso
Com a ascensão do período renascentista, observou-se o favorecimento da
racionalidade, que era subsidiada através dos diversos avanços científicos e
tecnológicos, existindo assim a valorização do trabalho, da capacidade intelectual
e de criação e transformação da realidade, que foram modificados conforme a
crescente necessidade do homem. Esses aspectos trazem consigo a concepção de
que o homem se configura como um animal racional, fazendo parte de um esquema
mecanicista, sendo utilizado em toda e qualquer experiência.
A partir disso, Descartes observa a subjetividade entre o que ele classifica como coisa-
pensamento, ou seja, o sujeito, em completa oposição ao corpo, que é tido como o
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objeto, separando assim o objeto do sujeito, a matéria do espírito, estabelecendo-se
através da oposição entre a natureza e o homem, assim como com todo o pensamento
posterior sobre corporeidade e corpo, com uma ideologia redutora e separatista.
A filosofia cartesiana
O pensamento científico
O corpo objetificado
O período Renascentista
Fonte: © Janeb13, Pixabay (2022).
#pratodosverem: pintura retratando a Escola de Atenas, no período Renascentista.
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considerando que a religião não trazia mais tanta legitimidade acerca desse assunto.
No entanto, em contraponto à forma como o corpo era encarado, principalmente
contrariando os pensamentos propostos por René Descartes, o pensador e filósofo
alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) exclui a ideia de que o corpo é apenas uma
extensão controlável da alma.
Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos, leia o artigo intitulado “Um
olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje”.
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Conclusão
No que diz respeito aos fenômenos da natureza e da cultura, sob a luz do
comportamento humano, há uma motricidade notória, advinda de um sentimento
de realizar o movimento como uma forma de prazer singular e aparente, observado
através do rigor do relaxamento e das tensões, subjetivado pelo acaso do desejo de
sentir-se vivo. A partir da relação humana com a existência, o sentido do ser, pode ter
nascido o conceito da motricidade.
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Referências
CAVALCANTI, D. R. M. O surgimento do conceito" corpo": implicações da modernidade
e do individualismo. CAOS-Revista Eletrônica de Ciências Sociais, [S. l.], v. 9, p. 53-60,
2005.
HUIZINGA, J.; ABELAIRA, A.; DA SILVA, V. D. O declínio da Idade Média. Lousã: Ulisseia,
1985.
RODRIGUES, José Carlos. O corpo na história. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1999.
XAVIER, A. R.; CHAGAS, E. F.; REIS, E. C. Cultura e educação na Idade média: Aspectos
Histórico-Filosófico-Teológicos. Revista OFFLINE, [S. l.], n. 11, 2018.