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Prática de Ensino

em Arte I
Material Teórico
Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Solange dos Santos Utuari Ferrari

Revisão Textual:
Profa. Dra. Geovana Gentili Santos
Arte e os Estudantes do Anos
Finais do Ensino Fundamental I

• Introdução
• O Aluno do Ensino Fundamental 2 – Anos Finais
• O Ensino de Arte para Pré-Adolescentes
• Arte como Conhecimento
• Arte e Temas Transversais – Uma Ideia a se pensar
• Aprender e ensinar Arte
• Objetivos Gerais do Ensino de Arte
• Conteúdos e Currículo para o Aluno do Ensino Fundamental
• Avaliação em Arte
• Considerações Finais

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Propor estudos sobre estratégias e metodologias de ensino de Arte
para crianças do ensino fundamental.
· Conhecer as etapas de desenvolvimento da ação criadora e poética
de crianças e adolescentes.
· Discutir Arte, educação e formação de currículo para a pré-adolescência.
· Perceber como a criança reage à mudança de escola e à chegada aos
anos finais do ensino fundamental.
· Conhecer os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais para a
disciplina de Arte para os anos finais do Ensino Fundamental.
· Conhecer os conteúdos para as linguagens da Arte.
· Conhecer formas de avaliar a criança em Arte.
· Entrar em contato com a legislação e outros documentos legais, que
definem e dirigem as instituições educacionais.
· Aproximar-se das experiências inspiradoras e inovadoras, com
proposições pedagógicas coerentes com os objetivos da disciplina.
· Desenvolver o interesse pela pesquisa e criticidade, em busca de
conhecer outras práticas pedagógicas em diferentes sociedades.
· Conhecer ações artísticas direcionadas às crianças de 11 a 15 anos.
· Aprender a desenvolver propostas de ações pedagógicas que tenham
a Arte como alicerce lúdico e estético.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

Contextualização
Uma das possibilidades artísticas muito potente para os estudantes dos anos
finais do ensino fundamental é o teatro na escola. Ele desperta nos jovens a vontade
de representar e ser outra pessoa, ainda mais na pré-adolescência, idade de muitas
transformações e mudanças.

Sendo inúmeras as possibilidades de trabalho que podem ser exploradas com o


teatro, sugerimos, aqui, uma delas para que você possa perceber suas possibilidades
educacionais: o teatro de sombras.

Fazem parte deste processo a história, a construção dos personagens, do cenário


e a apresentação, além dos materiais, suportes e resoluções de problemas.

Entender e participar dessa proposta pode elucidar questões e perceber como


este contato com a arte é enriquecedor.

Passo a passo: Como fazer o teatro de sombras


Explor

https://goo.gl/bmFWWJ
https://goo.gl/O4g9SA
Relato de experiência: Imagens sem som e com movimento
https://goo.gl/ibW0g8
Planos de Aula
https://goo.gl/dozCXy
https://goo.gl/dozCXy

Apresentação de teatro de sombras feitos por alunos.


Explor

https://youtu.be/WPm88z_vUM8
https://youtu.be/uzVbyBdU14w
https://youtu.be/exuBMq0Fl3Q

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Introdução

Figura 1 – Alunos do 8º Ano do Ensino Fundamental


vivenciando o Action painting de Jackson Pollock
Fonte: Colégio Mater et Marista de São Paulo

Olá caro aluno,

Chegamos ao nosso terceiro tópico sobre o ensino de arte. Já passamos pela Arte
na Educação Infantil e Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, adentraremos,
agora, pelo universo do ensino de Arte nos anos finais do ensino fundamental, que
contemplam crianças de 11 aos 15 anos, aproximadamente.

O Ensino de Arte, nessa fase educacional, passa da alfabetização visual e


conhecimentos básicos para conhecimentos mais aprofundados e amplos que os
dos anos iniciais do ensino fundamental, tal com veremos a seguir. Mas, antes,
precisamos nos ater ao perfil dos estudantes que receberemos e às mudanças que
chegam juntamente com eles.

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O Aluno do Ensino Fundamental 2 –


Anos Finais

Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images

Aqui estou na difícil missão de levar a você


Uma mensagem que possa ser
Como uma luz ou um mantra
Nós não somos mais crianças

Um dia acontece, a gente tem que crescer


Temos que encarar a responsa
Eu não deixei de achar graça nas coisas

Simplesmente hoje eu quero ser levado a sério


As coisas mudam sempre
Mas a vida não é só como eu espero
Trecho da musica: Uma criança com seu olhar, de Chorão,
do Charlie Brown Jr. https://youtu.be/zZhszOeAPR4

As crianças crescem. Pode parecer redundante afirmar isso, porém, por mais que
elas não saibam, elas crescem e se modificam, amadurecem. As crianças crescem
e deixam de ser crianças. Em um instante, elas passam a agir de forma diferente,
passam a sentir coisas diferentes, começam as espinhas no rosto, o corpo se
desenvolvendo e quando se percebem, as crianças cresceram... não deixam de ser
filhos, sobrinhos, netos queridos, alunos, mas deixam de ser crianças. Parece que
no decorrer da noite algo mágico aconteceu e, em seguida, começam a caminhar
por suas próprias pernas, começam a querer pensar sozinhas e a não depender
mais dos adultos. A criança cresce. É bom crescer! É bom começar a andar sozinho,
a pensar sozinho, a resolver problemas sozinho.

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As crianças crescem, saem da casca protetora, acolhedora que os envolvem.
Deixam de ser crianças ao terminarem ciclos, fases, etapas. Deixam de ser crianças
quando rompem barreiras. Agora, deixaram de ser crianças dos anos iniciais do
ensino fundamental e passaram a encarar a dura realidade dos anos finais. Maiores
responsabilidades, maiores deveres, maiores participações, maiores alegrias; afinal,
as crianças agora estão maiores, as crianças cresceram.

E, antes de falarmos sobre o Ensino de Arte para os anos finais do ensino


fundamental, é importante sabermos sobre a criança com que vamos trabalhar,
quais aspectos delineiam seu perfil e que nos ajudam a conhecer um pouco mais
sobre essas crianças recém saídas dos anos iniciais do ensino fundamental.

O mundo muda para as crianças que chegam aos anos finais do ensino
fundamental, pois elas deixam de ser crianças e transformam-se em pré-
adolescentes durante esse período escolar. Deixam, também, para trás a segurança
aprendida nos anos iniciais do ensino fundamental como a professora da turma
e os professores especialistas, os colegas que os acompanham desde o 1º ano,
os funcionários e toda equipe que eles já conhecem bem, e passam a ter maiores
responsabilidades em suas atividades educativas, conhecem novos professores e
novos colegas, trocam de unidades escolares. Novos ritmos e rotinas instauram-se
para essa criança com uma gama de novas possibilidades e diversidades que se
abrem diante desses pequenos jovens em formação.

Dar esse passo rumo aos anos finais do ensino fundamental é importante para
o seu crescimento em todos os sentidos, pois o educando começa já enfrentando
novos desafios, como a chegada em uma nova escola; conhecer novos colegas,
diretores e coordenadores da escola; lidar com os diversos professores que
trabalham disciplinas diferentes; adaptar-se a formas diferentes de ensino, avaliação
e tratamento com os alunos; assimilar conteúdos mais difíceis; assumir maior
responsabilidade pelos seus estudos (cumprimento de prazos, entrega de trabalhos
e atividades). Todos estes são fatores que podem mexer com o aluno no início, mas
que devem ser superados no decorrer do período de adaptação da crianças nessa
nova etapa e que, ao final dela, o tornará mais independente e autônomo.

Não podemos esquecer que nessa faixa etária, o educando chega a pré-
adolescência e que as alterações hormonais também começam a acontecer, tais
como as mudanças corporais, uma maior presença da vida social individual (amigos
do aluno e não somente os familiares), a descoberta da vida sexual e as vivências
amorosas também ocupam a vida dos jovens estudantes.

Ao futuro educador, cabe-nos dizer que o aluno, nesse momento, procurará


pessoas em que ele possa confiar e criar elos. Ao demonstrar-se disponível para
essas relações, estabelecendo um ambiente de respeito mútuo e espaço para diálogos
e enriquecimento, a relação aluno-professor se aproximará e, por consequência,
facilitará a sua atuação no processo de ensino e aprendizagem.

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UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

Segundo Piaget (1995), os educandos dos 11 aos 15 anos, aproximadamente,


entram na fase de desenvolvimento chamada Operatório–Formal, na qual se
tornam capazes de pensar por si mesmos, passam a raciocinar logicamente,
começam a pensar abstratamente, sem relação direta com o concreto, aplicando
essa estrutura de pensamento em quase todas suas ações, começam a discutir e
formar suas opiniões sobre os assuntos que os cercam. Surgem, também, nesta
fase, o pensamento hipotético-dedutivo, quando o indivíduo começa a formular
hipóteses e deduções na tentativa de encontrar as resoluções dos problemas.
Explorar essas áreas do desenvolvimento com atividades artísticas e com atividades
interdisciplinares podem gerar grandes produções artísticas, pois estimulam a
participação do aluno, tanto individual como coletivamente, colocando-o como
protagonista e expositor de suas ideias e propiciando seu crescimento intelectual.

O estudo do desenvolvimento da criança é um campo muito interessante. Ler mais sobre o


Explor

tema possibilita entender mais a criança em seu ambiente educativo, como se relacionam,
e suas atitudes em algumas situações. Sugerimos aqui algumas leituras para você se
aprofundar mais sobre o tema:
O desenvolvimento Humano na Teoria de Piaget, de Maria Regina Terra.
https://goo.gl/H2EAPF
Fases do desenvolvimento da criança segundo Piaget, de Rosena Marques Heleno.
https://goo.gl/X7HFke

O Ensino de Arte para Pré-Adolescentes


Como vimos na unidade anterior (Arte e Criança nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental) o ensino de arte foi se transformando de acordo com as mudanças
políticas que aconteciam em nosso país. Tais mudanças influenciavam a forma
como se direcionava a educação em cada época. Houve sempre uma preocupação
dos governantes em fortalecer e melhorar a educação brasileira. As diversas
publicações desde a promulgação da Lei de diretrizes e Bases nos apontam isso,
no entanto não podemos deixar de apontar que cada Estado Brasileiro tem hoje
uma legislação e um currículo próprio, de forma que cada rede trabalha com os
temas e conteúdos previstos nos PCNS, porém com os assuntos que acham mais
pertinentes, tendo assim uma maior aproximação com as realidades de sua região.

O ensino de arte para os alunos dos anos finais do ensino fundamental amplia
a forma como o jovem vê e percebe o mundo que o cerca, sempre favorecendo
seu pensamento artístico e criativo, incentivando-o a descobrir novas possibilidades
ou versões de um mesmo objeto ou obra artística. Nesta faixa etária o ensino
de arte se mostra na descoberta de uma poética artística e pessoal do aluno no
decorrer de suas produções. O que antes eram produções mais infantilizadas, hoje
se transformam em trabalhos mais pensados.

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Os PCNs – Parâmetros Curriculares de Arte para os Anos Finais do Ensino
Fundamental novamente ampararão aqui nosso estudo, pois eles norteiam as
propostas curriculares e materiais didáticos para Arte de todo país. Segundo os
PCNs, para o ensino de arte devem ser trabalhadas as linguagens das artes visuais,
dança, música e teatro nas práticas estudantis.

Nos anos finais do Ensino Fundamental, o educando passa a ter aulas de Arte
com um professor específico da disciplina. Esses encontros propiciam um maior
contato com a arte e com o professor em si, que deve seguir um cronograma, um
programa, um eixo norteador de suas aulas práticas. Os alunos esperam que o
professor tenha conhecimento em todas as áreas e que saiba desenhar “direito”,
sendo esse um resquício do ensino de Arte tecnicista da década de 1970 e do
professor polivalente. Essa necessidade do aluno em ter um professor que saiba
tudo faz com muitos pré-adolescentes rejeitem o ensino de arte pelo simples fato de
saberem desenhar, mas que na verdade revela o medo de julgamento pelo professor
e não pela disciplina. As vezes na apresentação da disciplina e do professor aos
educandos, explicitar os conteúdos e conceitos que serão estudados no campo
da arte em sala de aula, diminui essa pressão/necessidade pela/da aceitação do
professor por parte aluno.

Arte como Conhecimento

Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images

Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação,


apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica,
permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a
criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (BARBOSA,
2003, p.18)

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UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

O ensino de arte nos anos finais do ensino fundamental traz novos conhecimentos
e encaminhamentos aos educandos, possibilitando o contato com as linguagens da
arte mais profundamente. O arte educador pode sempre aliar a teoria à prática,
procurando fundamentar a Arte como conhecimento e cultura próprios, não
se apoiando em outras disciplinas para existir. Os PCNs nos mostram alguns
percursos de arte como conhecimento a fim de organizar o pensamento e forma
de se abordar o ensino de arte para adolescentes através de assuntos pertinentes
ao mundo artístico.
Assim, é papel da escola estabelecer os vínculos entre os conhecimentos
escolares sobre a arte e os modos de produção e aplicação desses
conhecimentos na sociedade. Por isso um ensino e aprendizagem de
arte que se processe criadoramente poderá contribuir para que conhecer
seja também maravilhar-se, divertir-se, brincar com o desconhecido,
arriscar hipóteses ousadas, trabalhar muito, esforçar-se e alegrar-se com
descobertas. Porque o aluno desfruta na sua própria vida as aprendizagens
que realiza. (Brasil, 1998. Pag. 31)

Os apontamentos mostram caminhos que podem ser percorridos pelo professor.


Muitos desses caminhos são discutidos nos currículos e livros didáticos para os
anos finais. O arte educador não pode simplesmente tirar de sua mente algo para
ensinar e aplicar aos alunos, deve estar embasado e fundamentado, até para que
os educandos percebam a importância do estudo em arte.

O Conhecimento Artístico como Produção e Fruição


Estar sempre pesquisando e lendo faz parte do processo para o desenvolvi-
mento em qualquer disciplina, em arte essas pesquisas desdobram–se no caráter
de ampliar as possibilidades de entendimento e práticas educativas, apresentar
conteúdos pertinentes a sua realidade e local diminuem o estranhamento entre o
educando e a matéria.
• Arte obra e artista: perceber como o artista pensa, como fez uma obra ou
pensar em uma obra artística para entender o artista são formas de relacionar
conteúdos que gerem produções a cerca do que foi discutido e pensado.
• Arte linguagem e comunicação: experimentar formas de comunicar um
acontecimento, fato, de falar sobre a vida de forma artística, contar algo sem
falar, explorar outras linguagens para contar através da arte.
• A forma artística além da visão do artista: perceber faz do ensino de arte
ser algo superdependente, dar novos significados além do que o artista espera
a sua obra é pensar sobre ela, discutir, entrar em contato e refletir sobre ideias
que nem mesmo o artista tenha pensado transformam a forma do educando
ver uma produção artística.

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• Percepção como condição para compreensão estética e artística: perceber
é estar atento a tudo que pode ser proposto pela produção artística. Estimular
o educando a perceber é abrir seus olhos a uma vivência única com a obra
artística, deixando de lado os conceitos e preconceitos para participar da obra
e assim adquirir conhecimentos artísticos.
• A cultura e personalidade do artista como parte da obra: essas influências
também estão presentes no mundo da arte e dizem muito sobre quem produz
e como produz arte em cada época.
• A imaginação criadora: dar vida de várias formas ao mundo. Poder imagi-
nar e criar algo próprio. A imaginação criadora não pode ser tolhida, mas
pode ser direcionada e aumentada. Os educandos são férteis em ideias e
imagens para qualquer tema, só cabe ao educador se fazer de boas propostas
para explorar isso.

A arte como conhecimento fundamenta o ensino de arte, pois coloca de forma


clara os aspectos da arte que geram, formam e deliberam os conceitos que devem
ser ensinados e aprendidos.

O Conhecimento Artístico como Articulação de se Sentidos


Através da arte é possível existir um maior contato entre pessoas e culturas dife-
rentes sem que elas sobreponham umas as outras. A arte permite esses encontros
entre épocas e culturas diferentes através das produções artísticas realizadas, como
recortes da sociedade e dos acontecimentos da época, ate por isso muitos acon-
tecimentos históricos são retratados através de pinturas numa tentativa de reviver
esse fato, ou seja,
Cada obra de arte é, ao mesmo tempo, produto cultural de uma determinada
época e criação singular da imaginação humana, cujo sentido é construído
pelos indivíduos a partir de sua experiência. (Brasil,1998, pag. 35)

• a obra de arte e seu contexto: estar em contato com uma produção artística
produz conhecimentos a partir dela e de seu contexto, histórico, cultural, social
e artístico (como o uso de técnicas diferenciadas, de novos recursos e materiais
diversos para sua produção). Devemos lembrar que faz parte do encontro
com a arte a experimentação, a vivência, o fazer artístico, e que são partes
importantes do ensino de arte, uma vez que aliada a teoria a prática se torna
catalizadora e transformadora dos processos de aprendizagem realizados. Os
PCNs ainda nos indicam elementos que são essências no fazer conhecer arte,
como podemos ver:
» o fazer artístico como experiência poética (a técnica e o fazer como articulação
de significados e experimentação de materiais, suportes e instrumentações
variados);
» o fazer artístico como desenvolvimento de potencialidades: percepção, intuição,
reflexão, investigação, sensibilidade, imaginação, curiosidade e flexibilidade;

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UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

»» o fazer artístico como experiência de comunicação humana e de interações


no grupo, na comunidade, na localidade e nas culturas;
»» a obra artística como forma sígnica (sua estrutura e organização);
»» a obra de arte como produção cultural (documento do imaginário humano,
sua historicidade e sua diversidade). (1998, Pag. 37)

Vamos a prática:

Você tem contato com produções artísticas? Qual sua linguagem favorita?
Escolha uma produção artística na linguagem de sua preferencia e analise-a quanto
as possibilidades de estudo que ela gera. Investigue a produção artística quanto as
seguintes possibilidades:
• Arte obra e artista
• A cultura e personalidade do artista como parte da obra
• A obra de arte e seu contexto
• Quanto aos elementos formais da produção de acordo com sua linguagem:
se ligada a música – ritmo, estilo, instrumentos, andamento; se ligado as artes
visuais – cor, formas, materiais, linguagem, suporte; se ligado ao teatro e a
dança – estilo, tipo de representação ou dança, personagens, figurino, cenário.

Esse é um exercício de leitura e possibilidades que uma obra artística pode


proporcionar quando a olhamos com olhos de apreciador. Vamos lá!

Arte e Temas Transversais –


Uma Ideia a se Pensar

Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images

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O mundo da arte é bem amplo e diverso e abraça várias temáticas em suas
produções. Os artistas escolhem assuntos mais diversos para criarem suas obras e
algumas delas podem ser levadas para o campo educativo e serem trabalhadas sobre
uma nova ótica, a dos temas transversais. Isso não significa usar os conhecimentos
adquiridos em Arte para promoção de um tema transversal através de produções para
preencher conteúdos ou o uso de uma produção para simplesmente exemplificar
uma questão transversal. A união dos temas transversais e a disciplina de arte
deve ser realizada de forma a trabalhar os assuntos abordados criando produções
pensadas, discutidas e fundamentadas durante as aulas e colocando os educandos
como propositores de suas ideias.

A opção de se levar até os estudantes os temas transversais pode surgir a


qualquer momento e/ou de uma necessidade da instituição e de sua localidade,
do educador e assuntos surgidos durante as aulas ou encontros e reuniões com
colegas de profissão, dos alunos que sempre trazem os acontecimentos e questões
transversais, dos acontecimentos da sociedade e do mundo, de uma questão
nacional, dos temas sugeridos nos PCNs. Envolver o aluno com a arte e o tema é
função do professor bem preparado e embasado, para que não se perca somente
no tema transversal e não fale dos aspectos artísticos e ao contrário.

Existe um volume especifico dos PCNs sobre os temas transversais para ampliar sua leitura.
Explor

PCNs Temas Transversais – 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental. Brasil, 1998.


https://goo.gl/mr51E

Indicamos também a visita ao site do Centro Referências em Educação Mario Covas, que
Explor

contém uma lista de outros sites que se relacionam sobre os temas transversais.
CRE Mario Covas
https://goo.gl/v16zZC

Vamos à prática:
Que tal elaborar uma proposta educativa que abrace um tema transversal? Escolha
uma obra que converse com um tema transversal e se relacione com os alunos dos
anos finais do ensino fundamental. Pense em questionamentos que englobem essa
realidade e a realidade dos alunos. Mãos a obra!

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Aprender e ensinar Arte


Para aprender e ensinar arte, os educadores agem em duetos frente ao
conhecimento: a teoria e a prática, mas não necessariamente nesta ordem. Para
aprender e ensinar arte, não se trata de decorar os dados históricos e técnicos dos
artísticas e teorias, nem reproduzir de grosso modo técnicas que não tem ligação
com a realidade do estudante. Mas de criar um pensamento e entendimento
estético e artístico que envolva todos elementos do fazer artístico, para que ele
tenha significado, ou seja, entende–se que arte envolve não apenas uma atividade
de produção artística pelos alunos, mas também compreender o que fazem e o
que os outros fazem (BRASIL, 1998, p. 43). Vale lembrar ao educando que a
Arte o leva a outros lugares, mas que essa “viagem” esta intrinsecamente ligada
ao fazer e não a distração de outras disciplinas tidas como mais sérias. Aprender
arte desenvolvem sentidos nos alunos quanto a sua visão de mundo e quanto ao
que os cerca, ler entrelinhas sobre os mais variados temas que os ajudaram em sua
formação humana, e não somente a visão educativa.

Para ensinar arte, não há uma regra de níveis de dificuldades, do mais fácil para
o mais difícil, mas deve se considerar os conhecimentos prévios e adquiridos nas
séries anteriores, pois as propostas educativas devem estar bem amarradas entre si,
proporcionando que o auno pense também por si só e queira saber mais. Sugere-
se nos PCNs que as propostas contemplem diferentes conteúdos oriundos da arte
para que o aluno tenha uma fundamentação sobre o que esta sendo ensinado e que
propicie sempre a curiosidade em saber mais. Os conteúdos devem estar sempre
ligados aos eixos norteadores dos parâmetros: fazer, apreciar e contextualizar,
dessa forma os estudantes assimilarão um conjunto de saberes ligados a arte que os
impulsionem a buscar mais sobre o assunto tratado.

Os conteúdos ou temas pertinentes ao ensino de arte para seu conhecimento


devem ser tradados no ensino fundamental de forma que
os impulsione, de maneira balanceada os diferentes tipos de conteúdos:
fatos, conceitos, princípios, procedimentos, valores e atitudes. Tal
diversidade compõe um quadro inter-relacionado e não-estanque de tipos
de conteúdos, ou seja, é impossível separar fatos de conceitos ou valores
de conceitos, no conjunto das aprendizagens. (1998, pag. 45)

O educador deve usar várias abordagens e estratégias para ensinar este ou aquele
conteúdo, explorando os tipos de forma que o educando melhor se identifique.

É fato que os alunos não conheceram todos os conteúdos de arte na escola, mas
que eles se sintam instigados a procurarem mais e mais em sua vida fora da escola.

É sugerido pelos parâmetros aqui discutidos a distribuição mínima de aulas para


a disciplina de arte no ensino fundamental, como podemos ver a seguir:
É necessário que a escola planeje para cada modalidade artística no
mínimo duas aulas semanais e que a área de Arte esteja presente em

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todos os níveis de ensino [...] É importante que o aluno, ao longo da
escolaridade, possa se desenvolver e aprofundar conhecimento em cada
modalidade artística. (1998, p. 47).

No entanto, são as secretarias de educação que definem para suas redes a distri-
buição de aulas através das matrizes curriculares e currículos de ensino. Atualmen-
te, são reservadas o mínimo de duas aulas semanais de arte para os alunos na rede
estadual de São Paulo, por exemplo.

As instituições privadas definem o número de aulas de arte juntamente com os


sistemas de ensino adotados, pois tem autonomia para essa elaboração de carga
curricular em seus regimentos escolares. Algumas escolas adotam o regime de
uma aula semanal de Arte com um professor especifico e uma aula de música com
professor (outro) específico, colocando este último como aulas diversificadas em
sua matriz curricular e em atividades de contra turno aulas específicas de teatro,
dança, ficando optativas ao aluno e tendo um custo extra, por não fazer parte do
currículo formal da escola.

Objetivos Gerais do Ensino de Arte

Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images

Espera-se que os alunos adquiram conhecimentos nas linguagens de artes visuais,


dança, música e teatro no decorrer dos quatro anos finais do ensino fundamental.
Essa aquisição se evidenciará por meio de suas produções artísticas e reflexões
no campo da arte, além de seu desenvolvimento estético e perceptivo a cerca do
mundo. Para isso, existem alguns objetivos prévios que devem almejados.

O Aluno deve:
• Ter contato com as diversas linguagens artísticas;
• Ter contato com as diversas técnicas, práticas e produções artísticas;

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UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

• Explorar a arte como linguagem e meio de expressão;


• Entender a arte em seus contextos históricos e sociais aplicados às questões e
necessidades de sua época de criação;
• Ter contato com as mais diferentes manifestações artísticas nacionais e
internacionais;
• Perceber que existem padrões estéticos diferentes parra as diferentes sociedades
que nos cercam;
• Pesquisar artistas, obras e temas que os interessem;
• Perceber as diferentes funções da arte;
• Perceber sua produção e dos colegas como produtos artísticos, estéticos e que
demandam uma produção e um pensamento artístico e estético.

O aluno deve:

Ter contato com Ter contato com as Saber pesquisar artistas, Explorar a arte como
as diversas diversas técnicas, praticas obras e temas que linguagem e meio
linguagens artisticas e produções artísticas os interessem de expressão

Perceber que existem Perceber as diferentes Perceber sua produção e Entender a arte em seus Ter contato com as mais
padrões estéticos funções da arte dos colegas como produtos contextos históricos e diferentes manifestações
diferentes parra as artísticos, estéticos e que sociais aplicados às artsitcas nacionais
diferentes sociedades demandam uma produção questões e necessidades e internacionais
que nos cercam e um pensamento de de sua época de criação
artístico e estético

Figura 6

Conteúdos e Currículo para o


Aluno do Ensino Fundamental
Percebemos, até aqui, uma enorme preocupação em fundamentar a educação
em arte para os alunos do ensino fundamental e sua forma de ensinar.

Lembremos que os PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte se


amparam na metodologia de ensino de arte, proposta por Ana Mae Barbosa, para
aplicar os conteúdos de arte e transformando em eixos norteadores a ações de
produzir, apreciar e contextualizar. Estas ações podem ser trabalhadas na ordem
que se achar necessária, sem uma ordenação a ser seguida. O importante é o aluno
passar pelas três etapas na aprendizagem dos conteúdos planejados.

É sabido que as práticas de apreciação e produção já são aplicadas nas aulas,


mas essa aprendizagem ganha maiores significados para os estudantes quando
contextualizadas. Dessa forma, os educandos percebem que atrás de uma obra de
arte existe muito mais saberes, formas, histórias, conhecimentos do que somente

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o que está ali sendo apresentado. Momentos ricos de troca de experiências surgem
durante as contextualizações e geram novos embates, conversas, deslocamentos e
pontos de vistas que colocam os alunos em contato com a arte e estes percebem a
arte muito mais real e próxima de suas vidas.

Para que tudo isso ocorra, é necessário fazer uma pré-seleção de conteúdos
pensando no que se quer atingir (objetivos) e como atingi-los (estratégias).

Cabe ressaltar que os alunos dos anos finais já são capazes de deter maiores
informações e deter mais conhecimentos artísticos e falar sobre eles com a maior
autonomia para pensar e argumentar. Os conteúdos sugeridos pelos PCNs partem
do pressuposto que os alunos tiverem um contato mínimo com a arte e suas lin-
guagens de artes visuais, dança, música e teatro nas séries anteriores. Há, aqui, a
possibilidade de se trabalhar com mais de uma linguagem artística ao mesmo tem-
po, uma necessidade do mundo contemporâneo e dos educandos, que podem ser
muito bem-vindas e justificadas dentro da sala de aula.

Os conteúdos específicos são separados pelas linguagens e pressupõem que os


alunos tenham conhecimentos prévios para se aprofundarem nos temas sugeridos.
É bom sempre procurar por assuntos que explorem várias visões de um mesmo
tema e possibilitar ao aluno que vivencie o contato com a arte.

Faremos, aqui, um breve apanhado sobre as linguagens artísticas e suas aplica-


ções em salas de aula.

Artes Visuais para Pré-Adolescentes

Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images

Os PCNs sugerem como formação de currículo em Artes visuais que os alunos


tenham contato com elementos formais e técnicas das artes visuais, momentos
históricos da arte e sobre os artistas e seus contextos sociais e culturais que estão
envolvidos. Explorar também o acesso a produções e artistas brasileiros e a

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UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

diversidade histórica de produções artísticas em todas regiões do país, bem como


a produção contemporânea, e estabelecer momentos em que o educando possa
expor sua poética pessoal construída sobre esses saberes.

Dança para Pré-Adolescentes

Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images

Se dançar faz parte do dia a dia dos alunos, está muito distante da escola,
uma vez que muitos pensam sempre na dança como movimentos coreografados
e desenhados para uma apresentação específica, sem lembrar-se da dança como
elemento específico e de construção corporal e artística.

A dança no ensino de arte é bem mais que simples apresentações coreografada


ou estereotipadas para atenderem os padrões da sociedade e da época em que
foram feitas. É, também, um momento de expressão artística do corpo que tem
muito a dizer além de movimentos repetitivos e engessados.

O professor deve explorar a dança com seus alunos na busca de uma construção
de movimentos e saberes condizentes com sua realidade, uma vez que, nos anos
finais do ensino fundamental, os alunos passam por muitas mudanças corporais e
descobertas. Aliar-se a tudo isso pode gerar saberes estéticos. Pensar em um corpo
que dança na escola é pensar que o aluno movimenta-se o tempo todo e criar a partir
desse movimento pode gerar muitas produções artísticas pensadas e articuladas
com noções estéticas dos movimentos feitos, com propostas influenciadas pela
criatividade dos alunos e pelas músicas que eles ouvem e que façam parte de sua
realidade, de seu repertório cultural, ou seja

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A improvisação, a composição coreográfica, a interpretação de reper-
tórios de diferentes épocas, localidades e estilos são processos da dança
que diferenciam da educação do/pelo movimento. Compreender esses
processos corporal e mentalmente faz com que se possa diferenciar a
dança do simples “mover-se” e com que se estabelecem relações diretas e
indiretas entre corpo, dança, sociedade (BRASIL, 1998, p. 75).

Música para Pré-Adolescentes

Figura 9
Fonte: iStock/Getty Images

Que música escutam os adolescentes hoje? Qual o cenário musical é oferecido


a eles pela indústria fonográfica? A forma de se consumir música mudou e o
acesso a ela também, ampliando o repertório do aluno cada vez mais. Mas como
é construído esse repertório? É possível classificar como bom ou ruim? Ou ainda
delimitar espaços de escuta de gostos tão distintos dentro de uma mesma turma?

Tais questões são pertinentes para ambientar o ensino de musica dentro das
escolas, uma vez que os alunos sempre ligam o ensino de música ao ensino de
técnica musical ou em aprender a tocar um instrumento, ou ainda a imposição
de um estilo musical de gosto totalmente oposto ao do educando. O ensino de
música nos anos finais do ensino fundamental tende a ampliar o conhecimento
musical frente as produções artísticas que o cercam, explorando o repertório do
aluno e refletindo sobre como elas influenciam em seu modo de ouvir música.
Explorar novos arranjos, desenhos, estilos, composições e versões para uma música
conhecida pode ser um exercício bem criativo e que abre os ouvidos dos educandos
frente a novas possibilidades musicais, bem como a partir desse processo a criação
de novas produções e saberes estéticos com os alunos.

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UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

Propiciar o contato com os elementos formais da música também ampliam o


olhar do aluno sobre como as canções e músicas são feitas, sobre sua produção e
intenções musicais.

Teatro para Pré-Adolescentes

Figura 10
Fonte: iStock/Getty Images

As manifestações artísticas por meio do teatro sempre estarão ligadas ao interesse


do aluno em participar, em ouvir e estar disposto. Muitos alunos interessam-se
muito pelo teatro como forma de expressão e libertação, assumindo o papel e a
posição de outras pessoas.

No ensino teatral para os anos finais do fundamental, os alunos tendem a


participar de propostas de jogos teatrais, construções teatrais, formas diferentes
de apresentações, na construção de textos curtos e personagens e de saberes do
universo teatral.

Os alunos podem ter contato com as mais distintas formas de teatro e de


manifestações teatrais na escola, não necessariamente estando em cima do tablado,
mas inteirando–se do mundo teatral. O vasto universo teatral pode servir de ponto
de partida para que os objetivos sejam atingidos, pensando sempre que se deve
aliar à reflexão e apreciação à prática.

O teatro na escola deve acontecer não somente para que hajam apresentações
nos dias festivos ou eventos, mas também como produto de uma discussão e
inserção do educando no conhecimento teatral, não sendo somente uma ação
casual, mas uma ação educadora, reflexiva daquelas desenvolvidas em sala de aula.

Para ampliar seu olhar sobre os objetivos específicos das linguagens da arte, é preciso entrar
Explor

em contato com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte para os anos finais do Ensino
Fundamental. Nele, você encontrará os conteúdos divididos pelas áreas de conhecimento es-
pecíficos bem como a divisão feita pelos eixos norteadores: apreciar, contextualizar e produzir.
https://goo.gl/KasDj

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Vamos à prática:

Após explorar mais sobre os objetivos específicos de cada linguagem: escolha


uma linguagem de sua preferência e desenvolva uma situação didática, aprecie-a
com olhos de visitante, explorando os objetivos específicos encontrados nos PCNs.

Pode ser um quadro, uma música, uma cena teatral ou dança, mas que possa
explorar tanto aos objetivos específicos da linguagem quanto a apreciação, contex-
tualização e produção.

Por exemplo, podemos pegar elementos do Maracatu e pensar em sua apreciação


através de vídeos e escutas musicais, bem como o contato com instrumentos musicais
que compõem suas sonoridades; sua contextualização com os elementos históricos
e culturais que carregam e a produção através de composições ou construções de
instrumentos.

O mesmo pode ser feito com outras linguagens, sempre procurando pontuar:
• Linguagem artística;
• Objetivos específicos a serem alcançados;
• Apreciação;
• Contextualização;
• Produção.

Avaliação em Arte

Figura 11
Fonte: iStock/Getty Images

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UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

Para se avaliar um conhecimento em arte, é necessário estabelecer quais critérios


serão utilizados para qualificar as produções dos alunos. A intenção é avaliar a
aprendizagem dos estudantes e não sua produção quanto bonito ou feio.

É sempre um dilema avaliar em arte para o aluno, uma vez que a avaliação de
uma produção artística envolve a subjetividade do gosto e da beleza, fazendo-se
necessários explicar os critérios de avaliação para os alunos sempre. A realização
de rodas de conversa sobre as produções feitas em sala de aula são momentos para
que se discutam a cerca das produções e um importante momento para exercitar
a avaliação dos colegas, não atribuindo notas, mas comentando e conversando
sobre o que fora realizado. Esse processo é importante, pois o estudante começa
a aprender a fazer e a receber críticas, o que corrobora para um melhor processo
de ensino e aprendizagem.

Avaliar os alunos quanto ao conhecimento adquirido pode ser feito continuamente,


através das rodas de conversas, participações orais e atividades reflexivas, atividades
que explorem os saberes conversados em sala de aula. O professor deve estar
sempre atento às respostas dos alunos, posto que são materiais ricos para o
desenvolvimento da aula e da aprendizagem dos estudantes.

Um último exemplar de avaliação é a autoavaliação feita pelos educandos.


Torná-los conscientes de seus atos e fazê-los qualificar essa participação auxilia
muito na forma como o aluno se vê e se percebe. Existirão sempre os alunos
que não participam e que atribuem diversas notas que na realidade não condizem
com o fato durante a sala de aula, mas que também os mostrarão cientes de sua
participação. A autoavaliação pode ser feita com a aplicação de várias questões
quanto a sua participação efetiva nas aulas de arte.

Estão dispostos nos PCNs de Arte para os anos finais do ensino fundamental, critérios
Explor

específicos para cada linguagem artística a fim de orientar as respectivas formas de


avaliação. Que tal dar uma olhada?
https://goo.gl/KasDj

Vamos a prática:
Que tal elaborar uma autoavaliação? Pense em como instigar os estudantes desse
novo ângulo.
A escrita de algumas questões norteadoras pode ajudar nesse momento. Lembre-se
que uma autoavaliação é apenas um dos instrumentos avaliativos dos alunos, mas
que pode mostrar muito sobre como ele pensa e se enxerga enquanto adolescente
e educando. A autoavaliação deve englobar as atividades práticas, reflexivas,
apreciativas e momentos de aprendizados dentro da aula.
Boa sorte!

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Considerações Finais
Caro aluno, assim encerramos essa unidade sobre os anos finais do ensino
fundamental. Esperamos que as atividades de práticas educativas os estimulem a,
cada vez mais, pensar no ensino efetivo de arte para os alunos, por meio da reflexão,
apreciação e contextualização, oferecendo, assim, aos educandos oportunidades
para entrar em contato com arte. Proponha e pesquise mais sobre artistas locais,
espaços expositivos, apresentações e shows em sua cidade. Volte seu olhar para as
manifestações artísticas dentro da escola para ampliar mais e mais o olhar do aluno
sobre o que o cerca.

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UNIDADE Arte e os Estudantes do Anos Finais do Ensino Fundamental I

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Arte: Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais
BARBOSA, A. M. T. B. Arte: Educação Contemporânea: Consonâncias Internacio-
nais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte
BARBOSA, A. M. T. B. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 2003.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte
BRASIL SECRETARIA DA EDUCACAO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Arte. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
Ser Artista, Ser Professor - Razões e Paixões do Ofício - Coleção Arte & Educação
ALMEIDA, Celia Maria de Castro. Ser Artista, Ser Professor - Razões e Paixões do
Ofício - Coleção Arte & Educação. São Paulo: Unesp, 2009.
Teoria e Prática do Ensino de Arte: A Língua do Mundo
MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Teoria
e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD, 2010.
Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho
HERNANDEZ, Fernando. Cultura Visual, mudança educativa e projeto de
trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

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Referências
BARBOSA, A. M. T. B. Arte: Educação Contemporânea: Consonâncias
Internacionais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

BARBOSA, A. M. T. B. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 2. ed. São


Paulo: Cortez, 2003.

BRASIL – MEC / SEB. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. 2. ed. Rio de


Janeiro: DP&A, 2000.

BRASIL – MEC / SEB. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a


inclusão da criança de seis anos de idade. 2ª ed. 2007

BRASIL – MEC / SECADI. Diretrizes Nacionais Gerais da Educação Básica. 2013

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários a Pratica Educativa.


São Paulo: Paz e Terra, 2011.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: São Paulo: Cortez, 1989.

HERNANDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho.


São Paulo: Artmed, 2000.

MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles.


Teoria e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD, 2010.

MORAIS. Vinicius. Borboletas. In: Para Gostar de Ler. São Paulo. Ática. 1985.
Vol. 06 – Poesias.

PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães


D’amorim e Paulo Sergio Lima Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

Sites consultados
BRASIL. MEC/SEB. Orientações gerais para o Ensino de 9 anos. 2007. Disponí-
vel em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/noveanorienger.pdf>
Acesso em 01/02/2017.

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