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Biofísica da ausculta cardíaca

Simone Garcia Macambira


Biofísica
UFBA
2015
Ondas sonoras são ondas
mecânicas

Fontes sonoras Captação


Decodificação
da informação
Informações

Energia sonora Energia elétrica


Ondas mecânicas são perturbações ou
distúrbios que se propagam através de
meios materiais

Fontes sonoras
Percepção sonora do ouvido humano

20 -20.000Hz

1000 -2000Hz

20 -500Hz
As grandezas físicas que caracterizam
uma onda ...
• Comprimento da onda (λ) – é a distância mínima entre dois pontos
que estão na mesma fase. A unidade de base do Sistema
Internacional (SI) é o metro (m).
• Amplitude (A) – corresponde à distância máxima da elongação e
exprime-se em metros.
• Frequência da onda (f) - corresponde ao número de ciclos
(oscilações) que se completam em cada segundo. No Sistema
Internacional de unidades a frequência expressa-se em vibrações,
ciclos por segundo ou hertz (Hz).
• Período (T) – é o tempo que leva para um átomo ou molécula
particular passar por um ciclo completo do movimento de oscilação.
É o intervalo de tempo mínimo decorrido até que o fenômeno
retome as mesmas características. O segundo (s) é a unidade do
Sistema Internacional para esta grandeza.
As grandezas físicas que caracterizam
uma onda ...

T A

1 1
f   159,2 Hz
T 0,006283s
E o que temos na ausculta?

• Ondas sonoras
Geração das ondas sonoras pelo
coração

Vibração
de um
corpo Sons

moléculas de ar

Ondas
sonoras
Histórico da asculta
Sinais auscultatórios & patologias

Paciente Marie-Melanie Basset


Hospital de Necker, Paris, 1816

René Laennec
1781-1826

Estetoscópio

Edema pulmonar; tuberculose; bronquite;


bronquiectasia; enfisema pulmonar;
Ausculta & Percurssão
pneumotórax; estenose de mitral
Estetoscópio
Estetoscópio biauricular – George Philip Camman, 1851

• Capturar as vibrações das


estruturas cardíacas e
vasculares que atingem a
superfície do tórax.
• Reduzir ou eliminar os
ruídos ambientais.

Peças auriculares
Sistema de tubos
Peças torácicas: campânula e diafragma (receptores sonoros)
Estetoscópio
Receptores sonoros
• Câmpanula (C)- suave contato com a pele para escutar sons de baixa
frequência (30 – 150 Hz). ↑ Diâmetro ►↓ freqüência
Campânula grande e de B3 & B4
pouca profundidade Ruflar diastólico mitral

• Diafragma (D) - forte pressão sobre a pele do paciente para escutar


sons de alta frequência.

Efeito diafragma: Grau de estiramento da membrana


Frequência de ressonância = Frequência ótima de vibração
↑Estiramento ► ↑ freqüência de ressonância
Filtro de passa-alta – Atenuação sons graves
Receptores do estetoscópio
Biofísica da ausculta cardíaca

Para quê?
O que representa?
Biofísica da ausculta cardíaca

• 1. O ritmo é regular ?
• 2. Como estão as Bulhas ? Hiper ou
Hipofonéticas ? Desdobradas ?
Apresenta B3 ou B4 ?
• 3. Como está a sístole ? Tem Sopro
? Click ? Atrito ?
• 4. Como está a diástole ? Tem
Sopro ? Estalido ? Atrito ?
Ausculta cardíaca
Exame complementar no diagnóstico de alterações cardíacas.
Técnica diagnóstica fundamental
Revela elementos clínicos consistentes

Mecânicas
Elétricas
Manifestações da atividade cardíaca
Magnéticas
Acústicas

Normalidade
Anormalidade

Relação entre os sons cardíacos e a atividade cardíaca.


Biofísica da ausculta cardíaca

Precórdio
• É a porção do corpo
sobre o coração e à
esquerda da porção
inferior do esterno
Biofísica da ausculta cardíaca

Som propagado na direção do


fluxo sanguíneo < atenuação

• Folhetos valvares
• Cordoalhas tendinosas
• Músculos papilares
• Paredes cardíacas

Sons audíveis
no precórdio
Ictus cordis
• choque da ponta ou impulso apical
• Exame físico: Inspeção & palpação
• Local da parede torácica onde se pode palpar o pulsar
do coração.
• Localização - tipo morfológico da pessoa.
• Indivíduo normolíneo – interseção do 4º ou 5º EICE com
linha médio-clavicular esquerda
Biofísica da ausculta cardíaca
Região da pele onde determinado som
é ouvido com maior intensidade

Focos de ausculta Foco de base

Regiões bem definidas para


onde os sons cardíacos se
propagam. Foco de base

Bulhas cardíacas Foco apical


Foco apical
Biofísica da ausculta cardíaca
Bulhas
• Ruídos transitórios, de curta duração, cuja
propagação até a superfície do tórax depende do
local de origem e da intensidade da vibração.
• Os sons que se originam do lado esquerdo do
coração, geralmente, apresentam intensidade
suficiente para serem audíveis em todo o precórdio.
• Os sons que se originam no lado direito,
habitualmente, estão restritos a áreas limitadas da
borda esternal, entre o 2º e 4º espaços
intercostais.
Gênese das bulhas

• Teoria hemodinâmica: aceleração e


desaceleração da massa sanguínea – vibração
da estrutura.

• Teoria valvular – abertura e fechamento das


valvas.
Biofísica da ausculta cardíaca
Passo a passo
• Ritmo cardíaco.
• Frequência cardíaca (no de batimentos/15-30 seg).
• Identificação das bulhas – B1 & B2.
• Identificação de desdobramentos.
• Avaliação de presença de bulhas – B3 & B4.
• Sopros cardíacos – fase do ciclo, tipo, localização
intensidade, duração, tonalidade, timbre, relação
com a respiração e irradiação.
• Atrito pericárdico.
Biofísica da ausculta cardíaca
Para compreendermos a origem dos sons cardíacos
(bulhas) é fundamental a compreensão do ciclo
cardíaco
Identificar as bulhas cardíacas

• B1 – fechamento de valva mitral e valva tricúspide


• B2 – fechamento de valva aórtica e valva pulmonar
• B3 – vibrações na parede do ventrículo e na
cordoalha tendinosa decorrentes da fase de
enchimento rápido
• B4 – vibração da parede atrial ao contrair em
situações de pressão intra-atrial esquerda elevada.
Focos e bulhas
B2 – diastólica
Vasos sanguíneos
TÁ!

B1 – sistólica
Ventrículos

Ápice do coração
TUM!
Bulhas cardíacas
• Variação da intensidade das bulhas
– Posicionamento dos folhetos

B1
Bulhas cardíacas
• Variação da intensidade das bulhas
– Gradiente de pressão Ventrículo-Artéria
B2
Desdobramento
• Desdobramento amplo de 1ª bulha
Retardo no componente tricúspide
 Bloqueio completo de ramo direito
 Anomalia de Ebstein – mal formação de v. tricúspide
 Estenose de tricúspide
 CIA
 Estimulação elétrica de VE
• Desdobramento amplo de 2ª bulha
Retardo no componente aórtico - Audível na expiração
 Bloqueio completo de ramo esquerdo
 Estenose aórtica
 Persistência do canal arterial
 HAS
B3 & B4

• 3ª bulha:
– Som de baixa frequência (som grave)
– Fase de enchimento rápido do VE
– Disfunção sistólica
• 4ª bulha:
– Som de baixa frequência (som grave)
– ↓complacência ventricular
– Relação temporal com a contração atrial
– Disfunção diastólica
B3 & B4
São ruídos diastólicos : entre B1 & B2
Auscultadas no foco mitral e tricúspide, devido a alterações do VD ou VE.
São melhores auscultadas em decúbito lateral esquerdo, por aproximar a
ponta do coração da caixa torácica.
B3 B4
Após B2 – Proto-diástole Antes de B1 – Tele-diástole
Hipertrofia excêntrica. Hipertrofia concêntrica
Enchimento rápido. Contração atrial
Fisiológica: crianças e adultos jovens Fisiológica: atletas
B3 fisiológica: ausente no B4 patológica: ausente na
indivíduo em pé. fibrilação atrial.
Sopros cardíacos
• Ruídos longos – substituem as bulhas ou estão entre as
bulhas
• Turbilhonamento do sangue – ↑↑ velocidade do fluxo
sanguíneo
– Estenose de valva
– Insuficiência de valva
– CIV & CIA
• Sistólico: Estenose de aórtica ou pulmonar. Insuficiência
mitral ou tricúspide
• Diastólico: Estenose de mitral ou tricúspide. Insuficiência
aórtica ou pulmonar.
• Sistólico – Diastólico: dupla lesão valvar
Cliques ou estalidos
• São sons de alta frequência (agudos)

• Estenose valvar

• Próximos a B1 - cliques de ejeção

• Próximos a B2 - estalidos de abertura


~ B1 ~ B2
Pulso venoso
• Estimar o comportamento pressórico das
câmaras direitas pela observação da veia
jugular externa – sem válvulas funciona como
um tubo conectado diretamente com o
coração.
• A pressão do átrio direito é em média zero
mmHg, durante a inspiração
aproximadamente -5 mmHg.
Pulso venoso

A avaliação não invasiva, da pressão venosa


central oferece informações fisiopatológicas
importantes na investigação clínica de pacientes
que apresentam doenças cardiovasculares ou
pulmonares que estão associadas, na sua
história natural, à elevação da pressão venosa
central.
Pulso venoso
Sinais clínicos informativos sobre a dinâmica do coração direito
As ondas do pulso venoso expressam as alterações de volume do átrio direito em cada
momento do ciclo cardíaco, e a pressão venosa indica a pressão do átrio direito

ECG

3 ondas e 2 descensos
Atrito pericárdio

• Ruídos de duração prolongada e ásperos.


• ↑ freqüência
• 3 sons: 01 sistólico + 02diastólicos
• Alteração no contato entre as camadas visceral e
parietal do pericárdio – ↓interface líquida.
Pericárdio parietal e visceral

• Impede dilatação súbita das câmaras cardíacas


durante exercício ou hipovolemia, facilitando o
enchimento atrial durante a sístole ventricular, em
conseqüência de pressão intrapericárdica negativa
durante ejeção.
• Delimita posição coração, minimiza atrito com
estruturas circundantes.
Derrame Pericárdico
• Líquido pericárdico – ↑ 50 ml
• Causas: Idiopática, infecciosas, uremia, radiação,
trauma, ICC, hipoalbuminemia, dissecçao de aorta,
pós-operatório de cirurgia cardíaca

Tamponamento cardíaco
• Acúmulo de líquido no pericárdio em quantidade
suficiente para gerar uma obstrução grave do fluxo
de entrada do sangue nos ventrículos.
Tchau!

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