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EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Darcilane Maria de Carvalho 1-UFPI


Sabrina Costa Feitosa Araújo 2-UFPI
Francisco Vinícius Rocha Pinheiro 3-UFPI
Luciana Silva Dias4-UFPI

Grupo de Trabalho - Educação da Infância


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Sabe-se que a educação infantil, necessita de um cuidado criterioso por ser responsável pela
construção inicial de um pequeno ser em formação, essa visão perdurou por muitos anos, pois
nem sempre o ensino infantil foi visto como etapa inicial da Educação Básica, predominando
assim, um caráter assistencialista, no qual a educação infantil era vista como continuidade das
atividades do lar. O presente trabalho é fruto da pesquisa realizada na disciplina Fundamentos
da Educação Infantil, na qual fomos levados a colocar em prática os conhecimentos advindos
no decorrer da graduação. Surge assim, a intenção de relatar como a educação infantil é
desenvolvida em uma Escola Municipal, localizada em Picos/PI. A metodologia do presente
estudo se deu através de pesquisa de campo com aplicação de questionários entregues a uma
professora e uma gestora da escola Municipal. Utilizamos como referenciais Menegolla
(2002), Gandin (1994), Saviani (1999), dentre outros. Desta forma, enquanto objetivo do
trabalho, buscamos compreender a realidade do ensino público municipal, no que diz respeito
à modalidade de ensino Educação Infantil, bem como analisar o processo de formação do
educador para atuar na Educação Infantil, abordar a organização curricular desta modalidade,
destacar a importância do planejamento, avaliar as metodologias e recursos utilizados, refletir
sobre o real papel da avaliação e apontar os benefícios de trabalhar com a ludicidade no
decorrer do processo ensino aprendizagem. Percebe-se que mesmo com mudanças, essa
modalidade de ensino não está alcançando seus reais objetivos e papel, ou seja, desenvolver a
criança em sua totalidade, assim, o pequeno educando (a) poderá ter o desenvolvimento de
suas potencialidades comprometido.

Palavras-chave: Educação Infantil. Criança. Ensino e Aprendizagem.

1
Acadêmica do curso de Pedagogia, UFPI, CSHNB, darcilane.carvalho@gmail.com.
2
Acadêmica do período do curso de Pedagogia, UFPI, CSHNB, Bolsista do Programa de Iniciação à docência-
PIBID, sabrina_araujo.15@hotmail.com.
3
Acadêmico do curso de Pedagogia, UFPI, CSHNB, Bolsista do Programa de Iniciação à docência-PIBID,
rochavivicius19@gmail.com
4
Graduanda do curso de Pedagogia, UFPI, CSHNB, lucianadiasibr@hotmail.com.

ISSN 2176-1396
14256

Introdução

A educação infantil passou por consideráveis mudanças, onde a Constituição Federal


de 1988 trouxe inovações para essa modalidade de ensino, pois pela primeira vez inclui-se
num documento leis sobre essa etapa de ensino, trazendo a oferta da Educação Infantil em
creches e pré-escolas, sendo um dever do Estado e direito de toda criança. Para dar subsídio a
essa lei, a LDB 9394/96, apoiada na CF, estabelece que a educação infantil é a primeira etapa
da Educação Básica. A partir de então se torna necessário um atendimento integral, unindo
assim o aspecto assistencialista (0 a 3 anos) e pedagógico (4 a 6 anos):

a escola hoje deve possuir um caráter formador, aprimorando valores e atitudes,


desenvolvendo desde a educação infantil, o sentido da observação, despertando a
curiosidade intelectual das crianças, capacitando-as a serem capazes de buscar
informações, onde quer que elas estejam a fim de utilizá-las no seu cotidiano
(KREFTA, 2011).

O presente trabalho é fruto da pesquisa realizada na disciplina Fundamentos da


Educação Infantil, na qual fomos levados a colocar em prática os conhecimentos advindos no
decorrer da graduação. Surge assim, a intenção de relatar como a educação infantil é
desenvolvida em uma Escola Municipal localizada em Picos/PI.
Acreditamos na importância da educação infantil ser entendida como etapa inicial da
educação, não ficando registrado isso apenas no papel, por isso enquanto objetivos a pesquisa
pretende relatar como a educação infantil é desenvolvida, analisar o processo de formação do
educador para atuar na Educação Infantil, destacar a importância do planejamento, avaliar as
metodologias e recursos utilizados, refletir sobre o real papel da avaliação e apontar os
benefícios de trabalhar com ludicidade com as crianças.
A metodologia da pesquisa, pauta-se na coleta de dados, através de questionários
entregues a uma professora e a gestora da escola pesquisada. Partindo dessas observações,
busca-se respaldo para suporte teórico desta pesquisa em autores como, Menegolla (2002),
Gandin (1994), Saviani (1999), dentre outros.
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Abordagem teórica da educação infantil

A Importância da Formação Adequada para o Educador Atuar na Educação Infantil

A formação adequada de professores é de suma importância, pois é através dessa que


o professor torna-se capaz de exercer sua profissão com eficiência. Não sendo diferente das
outras áreas da educação, a formação de docentes para o ensino infantil é fundamental, pois
essa serve de base para a formação dos alunos. Assim, esse processo requer cuidado e maior
rigor quando o professor decida dar inicio a sua formação, pois este terá em suas mãos a
grande responsabilidade de iniciação do processo de desenvolvimento da criança enquanto
aluno, servindo de suporte para a organização do seu processo de conhecimento, de acordo
com o pensamento de Krefta (2011) a mencionar que quanto menor a criança, mais bem
preparado deve ser o profissional para poder então lhe dar o devido atendimento.
Os professores atuantes nessa área da educação eram vistos apenas como cuidadores,
pois a educação neste período apresentava um caráter assistencialista, no qual os pais
deixavam seus filhos nas instituições com o intuito de que esses profissionais pudessem
“cuidar” destes enquanto estivessem no trabalho, tirando desses a função de professores para
cuidadores. Com isso, ocorre a desvalorização dos docentes que operam nessas instituições,
como ocorria com frequência no país. Por isso, a recorrente formação e contratação de
mulheres no magistério, por serem essas mais próximas aos cuidados com crianças, assim
eram vistas como mais adequadas para exercer essa profissão, pois essa fase do ensino deveria
estar próxima ao que a criança vivia em casa (KREFTA, 2011).
Sabe-se que a preparação de professores para a educação infantil por muito tempo não
era efetuada com precisão, dado que lecionava nessa modalidade qualquer pessoa que se
considerava capaz, até por afinidade com crianças ou por apadrinhamento, estava habilitado a
desempenhar essa função, mesmo sem uma formação adequada. No entanto, o interesse para
formar profissionais aptos e capazes de ensinar na educação infantil é pensado a partir dos
anos 90, quando é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9394/96), na qual afirma em seu artigo 62:

a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em


curso de licenciatura de graduação plena, em universidades e institutos superiores de
educação, admitida, como formação mínima para exercício do magistério na
Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida
em nível médio, na modalidade normal.
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Assim, torna-se obrigatório a formação apropriada do professor para o exercício nessa


modalidade de ensino, não permitido que esse seja praticado por pessoas sem preparação.
Dessa forma, não se concede o cargo aqueles que são indicados ou sentem-se aptos a realizar
tal função, pois para iniciar a formação de crianças é preciso que ocorra um processo de
qualificação profissional apropriado para atuar como professor de Educação Infantil. Ou seja,
o professor precisa ter conhecimento teórico e prático de como acontece o desenvolvimento
da criança nos aspectos cognitivo, físico, motor, emocional, afetivo, social, psíquico entre
outros, tendo tais aspectos em consideração vê-se então a relevância de uma formação
acadêmica que permita ao docente assumir então essa tarefa.
Apesar da LDB 9394/96 evidenciar como a Educação Infantil, enquanto modalidade
de ensino da Educação Básica deve funcionar, ainda encontram-se em escolas, sobretudo, em
comunidades carentes, pessoas desabilitadas exercendo a profissão de professor sem ao
menos estarem preparados para atuar em tal atividade.
Contudo, é relevante a formação apropriada para profissionais que atuam no ensino
infantil, dado que é por meio dele que se pode proporcionar uma educação de qualidade, por
ser à base da construção cognitiva e intelectual dos conhecimentos da criança. Com isso, o
professor não pode acomodar-se após ter concluído seu curso de graduação, formação inicial,
devendo inovar constantemente suas práticas pedagógicas ampliando seus conhecimentos
para que os mesmos não fiquem ultrapassados.

Planejar para Transformar

O ato de panejar está presente em todas as instâncias da vida do homem, desde o seu
surgimento, o homem planeja, mesmo que de maneira inconsciente o que e como fazer. Na
conformidade das ideias de Menegolla (2002, p. 15) “a história do homem é um reflexo do
seu pensar sobre o presente, passado e futuro”, foi pois, esse ato de pensar no que e como
fazer, o homem evoluiu e sobreviveu ao longo dos anos.
Planejar é fazer uma reflexão sobre o que existe, o que queremos alcançar, quais
os meios a serem usados e avaliar o que queremos alcançar. Por isso planejar envolve
conhecer a realidade, determinar o que se quer alcançar, indicar os meios e recursos possíveis,
constante avaliação e reavaliação do processo e estabelecer prazos e etapas para sua execução
(MENEGOLLA, 2002, p. 21).
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Depois de clarear o que é e qual a necessidade do planejamento, podemos agora trazê-


lo para o âmbito que aqui nos interessa o educacional. Traçar um plano aplicado ao processo
de ensino e aprendizagem evita erros, e possibilita verificar o caminhar desse processo.
O planejamento educacional além de responder o que e como fazer, deve ter em vista
segundo Gandin (1994, p. 35), “para que fazer” e sobre “ para quem estamos fazendo”. Tendo
em vista que o planejamento é o instrumento balizador para a ação docente, possibilita uma
posição de atitude crítica diante do seu trabalho. É necessário traçar o porquê e levantar a
realidade do público alvo, a fim de alcançar os objetivos esperados.
Qualquer pessoa planeja, no entanto o planejamento educacional é diferente, pois
busca transformar a realidade, e não apensas conhece-la. Por isso, o planejamento educacional
deve ser político, no sentido de conhecer profundamente a realidade em que a escola está
inserida e criar uma nova realidade. Assim, Gandin cita, “Ora, planejar é utilizar o mesmo
método com a diferença que, ao invés de contentar-se com o conhecimento e a explicação da
realidade, o planejamento implica em transformar a realidade existente e construir uma
realidade nova” (GANDIN, 1994, p. 58).
Podemos concluir que se a Educação Infantil conforme assegura a Constituição
Federal (1988) e a LDB 9394/96, é a etapa inicial da educação básica torna-se necessário o
planejamento, para que nosso trabalho torne-se mais satisfatório, pensado a partir das
necessidades, prevendo ações que serão realizadas depois, utilizando os recursos disponíveis,
estabelecendo critérios para a avaliação, definindo prazos para sua execução, tudo isso
visando o crescimento crítico do pequeno ser e uma transformação da realidade.

Metodologias de Ensino e Recursos Didáticos como Contribuição no Processo de Ensino e


Aprendizagem

Cientes da influencia do professor no processo de aprendizagem na Educação infantil,


nos voltamos às contribuições da metodologia de ensino e os recursos didáticos utilizados
pelo professor, visto que ele é mediador nesse processo e se faz necessário o uso de
metodologias coesas para a eficácia do ensino.
Atentamo-nos a necessidade de uma prática docente que instigue o desejo da busca
pelo conhecimento, considerando que alunos dessa modalidade de ensino trazem a
curiosidade tão aguçada. Voltando-nos então à metodologia de ensino e os recursos didáticos
utilizados pelo professor, ambos os aspectos encontrados na maneira que o professor se
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relaciona com a didática. Libâneo (1994) nos apresenta a influencia da didática frente aos
objetivos de ensino: “cabe a ela converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em
objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer,
os vínculos entre ensino e aprendizagem” (p.26).
Percebemos a importância da didática do professor diante do desafio que lhe é
proposto na Educação Infantil, como os objetivos de ensino, além da necessidade de
selecionar métodos e recursos didáticos que resultem no desenvolvimento da criança em seus
aspectos físicos, motor, psíquico, social.
Como destaca Saviani (1999), para que a escola funcione bem, é preciso que se
utilizem métodos de ensino eficazes, por serem eles responsáveis em estimular a atividade e
iniciativa dos alunos. É necessário ao professor desempenhar o uso de metodologias e
recursos para que esse ensino traga contribuições à aprendizagem, de acordo com sua
realidade. Cabe relembrar que não existe uma receita pronta e acabada, e sim uma adaptação
das práticas, para que essas estejam de acordo com a realidade ao qual estão inseridas. Mais
adiante destacaremos dentre os tantos recursos didáticos as contribuições no processo de
ensino aprendizagem da educação infantil, no uso da ludicidade.

Avaliar pra quê?

Presente nas escolas a avaliação deve ser entendida como uma ferramenta que
proporcione o ensino e aprendizagem, de maneira articulada entre professor e aluno,
funcionando assim como mediadora do conhecimento.
Porém a avaliação no contexto escolar tem sido associada a expressões como, prova,
testes, atribuir notas, possuindo finalidades diferentes na sua aplicação, segundo Luckesi
(2015) é preciso diferenciar avaliação e exame, o ato de avaliar deve ser compreendido como
um diagnóstico para o educador em benefício na construção do conhecimento do educando,
possibilitando um diálogo, já o exame tende a classificar e testar os educandos.
Luckesi (2015), e Vasconcellos (2008) também apontam a forma como alguns
professores utilizam a avaliação, como maneira de impor poder e autoridade sobre os
educandos, para estabelecer disciplina. Enquanto o exame é pontual só leva em consideração
aquilo que o aluno sabe no momento, a avaliação é processual, se importa com o processo que
o aluno percorreu para progredir e com o que o aluno ainda pode aprender. Essa visão de
avaliação como exame prejudica o verdadeiro sentido do ato de avaliar.
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Avaliar é preciso, porém não há lei que diga que é obrigatória. Cabe às escolas
decidirem suas formas de avaliar, porém se restringem aos exames onde tem a finalidade de
atribuir notas ao rendimento do educando como garantia do conhecimento adquirido ao longo
do ano letivo.
Vale ressaltar o cuidado da avaliação na Educação Infantil devido às necessidades
específicas nessa modalidade de ensino, pois em se tratando de crianças isso requer um olhar,
mais delicado, proporcionando uma aprendizagem que leve em conta seus desenvolvimentos
motores, psíquicos, afetivo, cognitivo, intelectual, lúdico, motivando e promovendo a
concretização de um ser criança em processo de alfabetização. O professor deve, portanto ser
criativo, dinâmico e, além disso, precisa ter consciência o que irá avaliar no aluno.
Diante disto podemos perceber o papel da avaliação no processo ensino e
aprendizagem, levando em conta seus desafios e perspectivas na prática educativa. Possibilita-
nos então avaliar no sentido de acreditar no potencial do aluno e de oferecer suporte para que
ele aprenda e se desenvolva. É preciso ter consciência que mesmo possuindo limites e
incertezas qualquer pessoa pode aprender se lhe for oferecida condições para isso.

A importância do brincar na aprendizagem da criança

A brincadeira está presente na vida da criança, elas aprendem brincando, por isso se
torna necessário na escola, visto que, o brincar influencia o desenvolvimento infantil,
tornando-se então necessário nessa modalidade, sobretudo, por ser um período que requer
mais atenção e criatividade por parte do educador.
Além disso, é preciso levar em consideração que a criança começa uma etapa
diferente, agora tem atividades escolares, toda a sua rotina muda, aliar a ludicidade ao ensino
faz com que a criança aprenda sem perceber que está estudando, fazendo com que a criança
também desenvolva suas funções motoras, cognitivas, intelectuais, sociais, dentre outras. A
memória da criança começa a se desenvolver no momento em que está brincando e quando
esses jogos são com um intuído educacional o aprendizado torna-se mais significativo. “A
introdução do lúdico na vida escolar do educando é uma maneira muito eficaz de repassar
pelo universo infantil para imprimir-lhe o universo adulto, nossos conhecimentos e
principalmente a forma de interagirmos” (SALOMÃO; MARTINI, 2007. p.4).
A criança quando participa de atividades lúdicas na escola começa a desenvolver sua
interação social com os colegas e é a partir desse dinamismo que o educador passa a observar
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os alunos, tendo a oportunidade de identificar dificuldades que alguma criança possuía ou


enfrenta ao ter contato com diversas crianças ao mesmo tempo. Esse é um dos motivos para o
educador inovar suas práticas nas aulas, pois o que se observa em muitas escolas são
professores que não enxergam a grande importância de uma educação infantil trabalhada de
maneira lúdica e isso tende a refletir na vida social e escolar da criança onde terá dificuldades
de interação e aprendizagem nos anos seguintes de ensino.
É preciso escolher atividades significativas, não pode ser uma brincadeira sem sentido
e sem um objetivo, assim a ludicidade exerce um papel educativo onde os alunos diferenciam
as brincadeiras lúdicas de apenas brincadeiras, tendo assim o educador o papel de planejar e
mostrar aos alunos o objetivo das brincadeiras desenvolvidas na sala de aula:

a escola e o educador atuam em parceria a fim de direcionar as atividades com o


intuito de desmontar a brincadeira de uma ideia livre e focar em um aspecto
pedagógico de modo que estimulem a interação social entre as crianças e desenvolva
habilidades intelectivas que respaldem seu percurso na escola (DIAS, 1984. p. 3, 4).

Isso tudo contribuirá para uma aprendizagem de qualidade, resultando assim na


formação crítica e social da criança quando tornar-se adulto, sendo capaz de distinguir e
participar de uma transformação social, pois desde a sua infantilidade obteve um ensino
adequado capaz de formar e transforar socialmente e cognitivamente os introduzindo desde
cedo na sociedade.

Abordagem Metodológica do Estudo

O presente trabalho caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa, conforme assevera


Neves (1996, p.01) “pesquisa qualitativa compreende um conjunto de diferentes técnicas
interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo
de significados”, quanto à finalidade caracteriza-se por ser uma pesquisa descritiva baseada
em estudo de caso, com coleta de dados.
O estudo se deu a partir da pesquisa de campo por meio questionários entregues a uma
professora e a gestora, que também era professora, da Escola Municipal pesquisada localizada
em Picos-PI. Tendo como objetivo compreender a realidade do ensino público municipal, no
que diz respeito à modalidade de ensino da Educação Infantil, bem como analisar o processo
de formação do educador, abordar a organização curricular desta modalidade, destacar a
importância do planejamento, avaliar as metodologias e recursos utilizados, refletir sobre o
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real papel da avaliação e apontar os benefícios de trabalhar com a ludicidade no decorrer do


processo ensino aprendizagem.
Foram aplicados dois questionários, com questões abertas, o questionário aplicado a
docente é composto por 8 (oito) questões, e o da gestora é composto de 14 (quatorze)
questões. Dessa forma, o instrumento de coleta de dados foi entregue a professora e
gestora/professora, para preservar a identidade dos participantes do estudo, utilizamos apenas
as expressões professora e gestora/professora. Na análise de dados optou-se por abordá-los de
forma de discurso caracterizado pela fala dos entrevistados dando mais verdade ao trabalho
apresentado.

Análise e discussão dos resultados

Para obter maior conhecimento, clareza e domínio sobre o tema pesquisado e a


realidade analisada apresentam-se os resultados alcançados a partir do registro da fala dos
participantes. Primeiramente, colocam-se as credencias destes; a Professora 1, tem 26 anos, é
licenciada em Pedagogia, possui 3 anos de atuação no magistério e 1 ano de trabalho com a
Educação Infantil. Já a Professora 2 e também gestora, tem 55 anos, formada em Pedagogia e
Letras Português, possui 24 anos de exercício no magistério e também 24 anos de atuação na
Educação Infantil.
Como podemos observar neste primeiro momento tanto a gestora quanto a professora
da escola possuem formação superior, o que deve contribuir para um bom desempenho no
desenvolvimento de suas funções pedagógicas no âmbito escolar, no entanto percebemos que
mesmo com formação acadêmica suas práticas deixam muito a desejar conforme revelará as
questões abaixo.
Dando início a análise das questões, começaremos pela questão número um através da
fala da professora e da gestora/professora em relação à definição de Educação Infantil que
cada uma possui:

Professora: A educação infantil é à base de todo o processo ensino aprendizagem.

Gestor/professor: não respondeu a questão.

A gestora não respondeu a questão, no entanto foi possível observar na escrita da


professora que ela possui o entendimento da importância da educação infantil ser entendida
como a primeira etapa da educação básica.
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Na questão dois procuramos abordar a importância da organização curricular na educação


infantil, tivemos as seguintes opiniões:

Professora: a organização curricular é quem define o processo e a metodologia do


professor.

Gestor/professor: é importante ter um.

Observa-se que ambas (re) conhecem a importância da organização curricular na E.I.,


no entanto não compreendem o seu real sentido, pois apenas entender não basta. Conforme as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução N°5 de 17 de
Dezembro de 2009, p. 01):

Art 3° O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas


que buscam articular as experiências e os saberes da criança com os conhecimentos
que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico,
de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade.

Conforme abordado, não basta só saber que é importante, mas trazê-las para a
realidade social em que as escolas estão inseridas, articulando os saberes e experiências entre
escola, família e sociedade.
A questão três, apresenta perguntas diferentes, para a gestora, sobre as orientações que
o gestor (es) da escola repassa(m) para os professores em relação ao: planejamento,
metodologias de ensino, recursos didáticos, conteúdo e avaliação, já o questionário da
professora, refere-se aos conteúdos abordados na E. I. e de que maneira são ministrados:

Professora: são abordados todos os conteúdos, e são ministrados com conversas


informais e ilustrações através de pinturas.

Gestor/professor: não respondeu a questão.

A gestora não respondeu a questão, a professora aponta que são abordados todos os
conteúdos, mas não especifica que conteúdos são esses, nem se estão de acordos com essa
modalidade de ensino, de acordo com a LDB 9394/96 em seu Art. 29º, “A educação infantil,
primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade.”
A questão quatro, aplicada à professora pretende destacar a relevância do plano de
aula para o cotidiano em turmas de Educação Infantil, e o da gestora refere-se aos cuidados
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que os educadores devem ter com os alunos para que tenham um desenvolvimento pleno e
saudável.

Professora: é importante o plano de aula, não só na educação infantil como em todas


as turmas.

Gestor/professor: devemos ter o cuidado de desenvolver um trabalho criativo,


dinâmico, onde todas as crianças possam interagir e aprender de forma saudável e
prazerosa.

Percebe-se que a entrevistada sabe que é importante, mas não consegue justificar o
porquê da relevância do plano de aula, mesmo estando atuando com a educação infantil e
possuindo formação acadêmica de Pedagogia. Já na fala da gestora, fica perceptível o seu
entendimento em relação ao cuidado que o educador deve ter ao tratar da aprendizagem de
crianças.
A questão cinco, aplicada à professora pretende abordar as metodologias de ensino
utilizadas em sala de aula, e o da gestora refere-se aos aspectos que devem ser desenvolvidos
na criança que participa de turma de E. I.

Professora: uma metodologia criativa e muito jogo de cintura.

Gestor/professor: aspectos físicos e motor, coordenação motora ampla e fina,


lateralidade, interação e socialização.

Compreendemos com o estudo aplicado que a importância do uso de metodologias e


recursos didáticos adequados são questões que os gestores e professores tem conhecimento, o
que não significa dizer que é colocado em prática.
A questão seis, aplicada à professora refere-se à importância dos recursos didáticos no
decorrer das aulas, e o da gestora como a comunidade escolar pode trabalhar para desenvolvê-
los de maneira adequada:

Professora: os recursos didáticos são importantes ajudam no aprendizado do aluno e


auxilia muito o professor.

Gestor/professor: não respondeu a questão.

A gestora que também é professora não respondeu quando questionada sobre a


participação da comunidade escolar, já a professora em sua fala não deixa claro a importância
dos recursos didáticos. Assim, notamos mais uma vez em sua fala que sabe que é importante,
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mas parece não utilizá-los, visto que encontrou dificuldade em abordar sua utilidade nas
aulas.
A questão sete, aplicada à professora refere-se aos materiais, enquanto recurso
didático que a escola disponibiliza para professores e alunos utilizarem em suas aulas, e o da
gestora de que maneira percebe as políticas educacionais aplicadas à Educação Infantil em
nosso país, como avanço ou retrocesso:

Professora: cadernos, livros, quadro, pilotos, revistas, lápis de cor, tinta guache,
figuras, jogos e outros mais.

Gestor/professor: há muito a desejar em relação a educação em geral. Necessitava


mais investimentos, mais recursos para desenvolvermos um trabalho melhor com as
crianças da Educação Infantil.

A professora aponta uma lista de materiais disponibilizados pela escola, mas em


momento algum descreve materiais produzidos por ela mesma, apontando assim uma prática
limitada à apenas o que lhe é oferecido para trabalhar. Na fala da gestora fica clara a
insatisfação em relação às políticas públicas de investimento, entretanto não indica nenhuma
possibilidade de fazer um trabalho bem feito sem procurar culpados para tais problemas.
A partir de agora as questões foram aplicadas somente a professora. A questão oito
pretende analisar de que maneira ocorre o(s) procedimento(s) de avaliação no âmbito da
Educação Infantil e que aspectos são levados em consideração.

Professora: o processo de avaliação ocorre no decorrer do ano com a desenvoltura


do aluno.

É possível perceber que a professora compreende o real sentido do ato de avaliar,


levando em conta o processo e não um momento específico, analisando o progresso do aluno
no decorrer do ano letivo.
As questões nove e dez pretendem apontar a compreensão da professora sobre brincar
e o que ela compreende por lúdico e ludicidade, a questão dez não foi respondida:

Professora: brincar é criar condições para o desenvolvimento do aluno.

Observa-se que a professora responde de forma sucinta a utilidade do brincar para o


ensino aprendizagem da criança, entretanto quando questionada sobre o que é lúdico e
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ludicidade não respondeu, alegando não ter tempo para responder as demais questões,
apresentando assim uma contradição de entendimento sobre brincar.
A questão onze refere-se às orientações recebidas pelo gestor da escola em relação ao
planejamento, metodologia de ensino, recursos didáticos, conteúdos e avaliação, no entanto a
mesma não foi respondida.
A questão 12 aborda os cuidados que os educadores devem ter com os alunos da
Educação Infantil para que tenham um desenvolvimento pleno e saudável.

Professora: o professor deve ser flexível e cuidadoso com os métodos de ensino.

De acordo com a fala da professora concluímos que cada aluno tem uma maneira
diferente de aprendizagem por isso deve-se levar em conta sua cultura, suas necessidades, seu
contexto social, para então desenvolver seus métodos de ensino de acordo cm a realidade de
cada um.
A questão treze refere-se aos aspectos que devem ser desenvolvidos na criança que
participa de turma de E. I.

Professora: aspectos do coletivo.

Observa-se que a professora não contemplou todos os aspectos inerentes no


desenvolvimento da criança, motor, psíquico, intelectual, afetivo, social, dentre outros.
A questão quatorze pretende abordar como a escola e professores trabalham para
desenvolver as crianças de maneira adequada.

Professora: a escola deve estar aberta para orientação.

Além de proporcionar a aprendizagem e o desenvolvimento da criança em suas


totalidades, a escola deve agir juntamente com a família, possuindo um ambiente acolhedor,
de modo a integrar todos os saberes, conhecimentos, experiências, estando integrada ao meio
social.

Conclusão do Estudo

De acordo com o estudo realizado e os fatos observados, consideramos que a educação


infantil necessita ser repensada pelos responsáveis por esse processo de ensino e
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aprendizagem, visto que essa modalidade na escola em questão apresenta desafios a serem
superados desde a formação de professores, que mesmo possuindo formação acadêmica não
desempenham seu papel de forma que contribua para o desenvolvimento da criança em sua
totalidade. Além de refletir sobre o currículo dessa, dando ênfase na necessidade da escola, do
brincar e do interagir como uma ferramenta onde o educando constrói a aprendizagem
destacando a ludicidade como eixo de desenvolvimento infantil na escola, promovendo a
aprendizagem significativa e da interação como forma de desenvolvimento social expressivo.
Compreendemos a carência do planejamento em sua amplitude, visto que sua importância é
compreendida, mas não é executada de forma eficiente, assim como a avaliação em que
professores e gestores a entendem como diagnóstico que reflete o aprendizado como processo
que ocorre durante o ano letivo, porém na prática tem outra associação concebida pelos alunos
que a temem como um momento de testa-los e não como uma forma de contribuir com a
construção do conhecimento do educando, mas também há pontos positivos a serem
destacados, é que há leis que amparam a educação infantil e o ser em questão.

REFERÊNCIAS

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VASCONCELLOS, Celso. Revista Lastro. Disponível em


http://supervisaoescolarurei.blogespot.com.br/2008/04/entrevista-de-celso-vasconcellos-para-
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