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Fellipe Cianca Fortes
Sumário: 1. Introdução. 2. Preço do Bem X Valor da Operação. 3. “Valor da Operação” e Base de Cálculo
para o IPI. 4. “Valor da Operação” e Base de Cálculo para o ICMS. 5. A Não-Inclusão do ICMS na Base de
Cálculo do IPI. 6. Conclusão. 7. Bibliografia.
1. Introdução
Nota-se, com isso, que o próprio ordenamento impõe a diferenciação entre “preço
do bem” e “valor da operação”, restando, em conseqüência, delimitar o alcance de ambas as
expressões.
[1]
Sobre valor da operação e preço, leciona Aires Barreto :
Geralmente, preço e custo são tidos como equivalentes. Mas, em regra, o custo significa o preço de
produção ou o valor monetário por que a coisa foi adquirida.
Possui, assim, sentido mais estrito, porquanto preço entende-se toda avaliação monetária ou todo valor
pecuniário, atribuído à coisa, sem atenção ao custo originário ou preço de custo.
[2]
Nesse mesmo sentido, conceitua Maria Helena Diniz :
Soma em dinheiro que o comprador paga ao vendedor em troca da coisa adquirida. [...] Além da
pecuniaridade, o preço deverá ter: a) seriedade, indicando firme objetivo de se constituir numa
contraprestação relativamente ao dever do alienante de entregar a coisa vendida, de modo que não
denuncie qualquer simulação absoluta ou relativa; não pode ser fictício nem irrisório; b) certeza, pois deve
ser certo ou determinado para que o comprador possa efetuar o pagamento devidamente. O preço, em
regra, é fixado pelos contratantes no ato de contratar.
[3]
De Plácido e Silva é conclusivo:
PREÇO. Do latim pretium, entende-se o valor ou a avaliação pecuniária atribuída a uma coisa, isto é, o
valor dela determinado por uma soma em dinheiro.
Geralmente, preço e custo são tidos como equivalentes. Mas, em regra, o custo significa o preço de
produção ou o valor monetário por que a coisa foi adquirida.
Possui, assim, sentido mais estrito, porquanto preço entende-se toda avaliação monetária ou todo valor
pecuniário, atribuído à coisa, sem atenção ao custo originário ou preço de custo. Representa a soma em
dinheiro, em que se determina o valor da coisa para que sirva de base à operação de que será objeto.
É assim que, nas vendas, é a quantia ou a soma pecuniária a ser paga pelo comprador. Nas locações, é
também a soma em dinheiro a ser paga pelo locatário.
Designa, sempre, um valor expresso em dinheiro. E, relativamente às mercadorias, entende-se em
sentido equivalente a cotação.
Por sua vez, valor, pelo que se pode definir de acordo com o identificado até o
momento, é critério jurídico, à medida que o ordenamento atribui à negociação efeitos outros que
a mera troca de bens, a exemplo do que ocorre com a tributação, exatamente nos termos desta
investigação; as partes, ao efetuar operações de circulação de mercadoria ou com produtos
industrializados, repercutem no campo tributário, o qual elege uma grandeza econômica para a
incidência dos respectivos tributos, grandeza esta representada pelo valor, consubstanciado pelo
preço do produto acrescido das parcelas legalmente determinadas, dentro dos parâmetros da
competência tributária. Não se nega que, em termos leigos, “valor” é signo ambíguo, usado
indistintamente ora para identificar o preço de determinado bem, ora o custo de aquisição, dentre
inúmeros outros. Contudo, inserido no contexto jurídico, “valor” se referirá a uma grandeza
econômica legalmente qualificada, composto de parcelas monetárias certas e determinadas.
Nestes termos, de acordo com as disposições apontadas, tem-se que o IPI incide
sobre as operações com produtos industrializados, cujo valor é formado pelo preço do produto,
acrescido do preço do frete e das demais despesas acessórias. Sob outra abordagem, para fins
de incidência do IPI, portanto, “valor da operação” é o somatório do preço do
produto (valor mercantil negociado), acrescido do valor do frete e das demais despesas
acessórias que circunscrevem o negócio de compra-e-venda.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...]
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior; [...]
A partir de então, nada mais equivocado que considerar que o ICMS e o IPI
possuem a mesma base de cálculo. O IPI incide sobre o “valor da operação” com produto
industrializado, e o ICMS incide sobre o “valor da operação” de circulação de mercadoria –
expressões com conteúdos semânticos diversos –, de modo que o montante do ICMS integra
tão-somente a base de cálculo do próprio ICMS, e não do IPI.
6. Conclusão
Por todo o exposto, é nítido que o ICMS não pode compor a base de cálculo do
IPI.
7. Bibliografia
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
BARRETO, Aires. Base de cálculo, alíquota e princípios constitucionais. São Paulo: Max
Limonad, 1998.
BOTTALLO, Eduardo Domingos. Fundamentos do IPI (imposto sobre produtos industrializados).
São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002.
CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
_____. Introdução ao estudo do imposto sobre produtos industrializados. Revista de Direito
Público, São Paulo, v. 11.
COSTA, Alcides Costa. ICM na constituição e na lei complementar. São Paulo: Resenha
Tributária, 1978.
DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico: J – P. São Paulo: Saraiva, 1998. v. 3.
NASCIMENTO, Carlos Valder (coord.). Comentários ao Código Tributário Nacional. Rio de
Janeiro: Forense, 1997.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987. p. 418. v. III.
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Mestrando em Direito Negocial pela Universidade Estadual de Londrina – UEL, especialista em Direito Tributário
pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – IBET, advogado tributarista e professor em cursos de graduação e
pós-graduação lato sensu.
[1]
BARRETO, Aires. Base de cálculo, alíquota e princípios constitucionais. São Paulo: Max Limonad, 1998. p. 63.
[2]
DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico: J – P. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 678. v. 3.
[3]
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987. p. 418. v. III.