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1. Considere os seguintes exemplos:

A. Em junho de 2012, um juiz britânico decidiu que uma jovem estudante de medicina deveria ser
alimentada contra a sua vontade, nem que para tal fosse necessário recorrer à força. A jovem em causa
sofre de anorexia, correndo sérios riscos de vida, em virtude da sua recusa em alimentar-se e do seu
consequente estado de magreza extrema.

B. Um grupo de três encapuzados assaltou um café. Os assaltantes entraram no estabelecimento de


madrugada, numa altura em que ali estavam apenas três clientes, ameaçando com um tiro para o ar e
agredindo fisicamente um deles.

C. Um ancoradouro japonês, de 20 metros e mais de 160 toneladas, que se soltou durante o tsunami de
2011, deu à costa numa praia de Portland, no Estado americano de Oregon, depois de uma viagem de
15 meses e de mais de 8 mil quilómetros pelo Pacífico.

1. Aponte o agente da ação do exemplo A e a sua intenção.


2. Pode dizer-se que a jovem do exemplo A realiza uma ação? Justifique.
3. A partir do exemplo A, relacione crenças, desejos e intencionalidade.
4. A partir do exemplo A, articule as noções de deliberação e decisão racional.
5. Identifique, no exemplo B, o agente e a ação praticada.
6. É possível falar-se em ação no exemplo C? Justifique.
7. Considerando os exemplos A, B e C distinga ações de acontecimentos.

Cenários de resposta
1. Agente: juiz britânico; intenção: salvar a vida da jovem
2. Não. O comportamento adotado pela jovem depende de fatores que esta não controla. A doença (anorexia) retira-
lhe o controlo sobre os seus atos.
3. A intenção do juiz é salvar a vida da jovem. Esta intenção liga-se estreitamente com as suas crenças e desejos, isto
é, com os seus motivos ou razões para agir: acredita que a vida da jovem está em perigo e que esta não tem
capacidade para se salvar a si mesma e deseja evitar o pior.
4. A ação do juiz britânico envolve um processo de deliberação e de escolha baseado em razões. Antes de decidir, o
juiz terá avaliado as diferentes alternativas ao seu dispor, no sentido de otimizar os resultados da ação. Ao ponderar os
diferentes cursos alternativos (deliberação), o juiz pretende escolher aquele que tenha como consequência o melhor
resultado possível (decisão), considerando os seus desejos e crenças.
5. Agente: grupo de três encapuzados; ação: assalto ao café.
6. Não. Trata-se de um acontecimento natural.
7. Uma ação é um acontecimento voluntário que pressupõe um agente (alguém que age), motivos (razões para agir) e
intenções (propósitos da ação). Tanto o juiz britânico como os três assaltantes realizam ações, uma vez que a sua
conduta é voluntária.
Se toda a ação é um acontecimento, nem todos os acontecimentos são ações. Ocorrências como o comportamento da
jovem do exemplo A e a deslocação do ancoradouro japonês do exemplo C são meros acontecimentos e não ações,
uma vez que nada têm de intencional ou voluntário.

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P. 49

1. Considerando o que estudou sobre o comportamento de Heitor e das térmitas, complete o


quadro.

Cenários de resposta
(A) Seguir qualquer dos cursos alternativos de ação ao seu dispor apenas dependia de si.
(B) O seu comportamento obedece a um padrão geneticamente programado que exclui cursos alternativos.
(C) Não realizam uma ação. A sua conduta é involuntária.

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P. 49

1. Na resposta a cada um dos itens 1.1. a 1.4., selecione a opção que permite obter a única
afirmação correta.

1.1. Acontecimento ao qual esta associado um agente e acerca do qual e possível fazer uma descrição
que mostre a presença de uma intenção.
(A) Ação
(B) Agente
(C) Motivo
(D) Intenção

1.2. E a pessoa que produz a ação e é responsável por ela, o que implica a liberdade e a vontade.
(A) Ação
(B) Agente
(C) Motivo
(D) Intenção

1.3. Evento que sucede graças a interferência de um agente que tinha a intenção de interferir para
conseguir que tal evento sucedesse.
(A) Acão
(B) Agente
(C) Motivo
(D) Intenção

1.4. Estado mental mediante o qual se concretiza, se anula ou se mantem um certo estado de coisas.
(A) Acão
(B) Agente
(C) Motivo
(D) Intenção

Cenários de resposta
1.1. (A); 1.2. (B); 1.3. (A); 1.4. (D)

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P. 49
(Exercício retirado do teste intermédio de 2011)

1. Leia o texto.

Quem não haja programado a sua vida tendo em vista um determinado objetivo, é impossível que
regule convenientemente as suas ações particulares (…). Os nossos projetos extraviam-se porque não
têm direção nem ponto de mira.
Montaigne, Ensaios, Relógio d’Água, 1998, p. 165.

1.1. Explicite o conceito relativo a ação humana presente no texto.

Cenário de resposta
Na resposta, é explicitado o conceito presente no texto, integrando-se os aspetos seguintes:
– identificação do conceito de finalidade ou de fim;
– integração do conceito na rede conceptual da ação;
– referência à função do conceito: resposta à pergunta «para quê?».

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P. 50
(Exercício retirado do teste intermédio de 2011)

1. Leia o texto.

Aquilo que decidimos fazer é uma ação que está ao nosso alcance, sobre a qual deliberámos e que
desejamos fazer. Portanto, a decisão será um desejo deliberativo de fazer algo que está ao nosso
alcance; pois, quando o deliberar resulta num juízo, desejamos em conformidade com a nossa
deliberação.
Aristóteles, Ética a Nicómaco, 1113a, pp. 9-12.

Na resposta a cada um dos itens 1.1. e 1.2., selecione a opção que permite obter a única
afirmação adequada ao sentido do texto.

1.1. A deliberação é…
(A) … eliminação do desejo.
(B) … contrária ao desejo.
(C) … necessária à decisão.
(D) … consequência da decisão.

1.2. A decisão é uma escolha…


(A) … fora do domínio da ação.
(B) … independente da deliberação.
(C) … sempre precipitada.
(D) … sobre o que está ao nosso alcance.

Cenários de resposta
1.1. (C); 1.2. (D)

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P. 57
(Exercício retirado do teste intermédio de 2011)

1. Leia o texto.

Por um lado, um conjunto de argumentos muito poderosos força-nos à conclusão de que a vontade livre
não existe no Universo. Por outro, uma série de argumentos poderosos baseados em factos da nossa
própria experiência inclina-nos para a conclusão de que deve haver alguma liberdade da vontade,
porque (…) todos a experimentamos em todo o tempo.
John Searle, Mente, Cérebro e Ciência, Edições 70, 2000, p. 108.

1.1. Identifique o problema filosófico abordado no texto.


1.2. Exponha duas críticas a teoria do determinismo radical, a partir do argumento presente no texto.

Cenários de resposta
1.1. O problema filosófico abordado no texto é o problema do livre-arbítrio OU o problema do determinismo e da
liberdade.
1.2. Na resposta, integram-se as críticas que a seguir se enunciam, ou outras consideradas relevantes e adequadas:
– a experiência da liberdade da vontade, que é o argumento presente no texto, constitui uma objeção à tese
determinista radical, que afirma não haver ações livres;
– a tese determinista radical, ao negar a existência de ações livres, tem como consequência a negação da
responsabilidade moral. Assim, outra das críticas ao determinismo radical consiste em apresentar exemplos da
experiência comum que impliquem
a atribuição de responsabilidade moral, como o da apreciação das ações humanas enquanto louváveis ou condenáveis.

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P. 63

1. Identifique o nome da teoria que melhor se adequa às respostas.

O ser humano é efetivamente livre?

Sim Não

O determinismo é Não (A) (C)

compatível com o
livre-arbítrio? Sim (B)

Cenários de resposta
1. (A) Libertismo; (B) Compatibilismo ou determinismo moderado; (C) Determinismo radical

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P. 63

1. Complete o quadro.

Determinismo
Determinismo radical Libertismo
moderado

Principais teses (A) (C) (E)

Objeções (B) (D) (F)

Cenários de resposta
(A) O determinismo é verdadeiro. O livre-arbítrio é uma ilusão. O determinismo é incompatível com o livre-arbítrio.
(B) Aceitar o determinismo radical implica recusar a moralidade e a responsabilidade individuais e renunciar a
sentimentos como o orgulho e a vergonha.
(C) O determinismo é falso. O livre-arbítrio existe. O determinismo é incompatível com o livre-arbítrio.
(D) Imaginar que a nossa mente, ou parte dela, pode funcionar dentro de nós à margem de leis causais e do cérebro
enquanto estrutura biológica, física e química não é plausível e contradiz o que conhecemos através da ciência.
(E) O determinismo é verdadeiro. O livre-arbítrio existe. O determinismo é compatível com o livre-arbítrio.
(F) Ao admitirem que o determinismo é verdadeiro, os compatibilistas aceitam a tese segundo a qual todas as nossas
ações são consequência das leis da natureza e de acontecimentos precedentes remotos que não controlamos, o que
parece incompatível com a possibilidade de existir margem para uma vontade livre.

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Sim Não
P. 63

1. Faça corresponder o conceito à respetiva descrição.

Conceito Descrição

1. Constrangida
A. Doutrina segundo a qual tudo o que acontece tem uma causa.
2. Libertismo
B. Deterministas que sustentam que o determinismo é verdadeiro e
3. Moderados
incompatível com o livre-arbítrio.
4. Causalidade
C. Deterministas que sustentam que o determinismo é compatível
5. Incompatibilista
com o livre-arbítrio.
6. Responsabilidade
D. Teoria incompatibilista que rejeita o determinismo.
7. Compatibilistas
E. Perspetiva defendida pelos libertistas, que defendem que o ser
8. Determinismo
humano é constituído por duas substâncias distintas, corpo e
9. Dualismo
alma.
10. Indeterminismo
F. Os deterministas radicais consideram-no uma ilusão.
11. Livre-arbítrio
G. Relação entre dois acontecimentos que se regista quando, dada a
12. Radicais
ocorrência do primeiro (causa), esse evento determina ou produz
a ocorrência do segundo (efeito).
H. Termo para designar aquele que acredita que o determinismo é
inconciliável com o livre-arbítrio.
I. Outro termo para designar os deterministas moderados.
J. Ação não livre, de acordo com os deterministas moderados.
K. Perspetiva que sustenta a existência de acontecimentos sem
causa.
L. Se o determinismo radical for verdadeiro e o livre-arbítrio for uma
ilusão, então não fará sentido falar dela.

Cenários de resposta
1. (J); 2. (D); 3. (C); 4. (G); 5. (H); 6. (L); 7. (I); 8. (A); 9. (E); 10. (K); 11. (F); 12. (B)

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P. 63
(Exercício retirado do exame de 2012)

1. Leia o texto seguinte do filósofo Espinosa acerca do problema do livre-arbítrio.

Uma pedra recebe de uma causa exterior que a empurra uma certa quantidade de movimento, pela qual
continuará necessariamente a mover-se depois da paragem da impulsão externa. (…)
Imaginai agora, por favor, que a pedra, enquanto está em movimento, sabe e pensa que é ela que faz
todo o esforço possível para continuar em movimento. Esta pedra, seguramente, (…) acreditará ser livre
e perseverar no seu movimento pela única razão de o desejar. Assim é esta liberdade humana que todos
os homens se vangloriam de ter e que consiste somente nisto, que os homens são conscientes dos seus
desejos e ignorantes das causas que os determinam.
Spinoza, «Lettre à Schuller», in Oeuvres Complètes, Gallimard, 1954.

1.1. Identifique a tese defendida no texto. Justifique a resposta, a partir do texto.

Cenário de resposta
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– identificação da tese defendida no texto como sendo a tese do determinismo;
– interpretação do exemplo e da conclusão do texto – aplicação do argumento da causalidade e da tese da negação do
livre-arbítrio.

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(Exercício retirado do exame nacional da época especial de 2012)

1. Leia o texto seguinte.

Se admitíssemos o determinismo, o nosso vocabulário teria de sofrer modificações drasticamente


extremas. (…) Podemos admirar ou elogiar um indivíduo porque é belo, ou generoso, ou musicalmente
dotado – mas tais coisas não dependem da sua escolha (…).
A conduta honrosa ou desonrosa, a busca do prazer e o martírio heroico, a coragem e a cobardia, a
mentira e a veracidade, o fazer o que é justo resistindo às tentações, tudo isso passaria a ser como o
sermos belos ou feios, altos ou baixos, velhos ou jovens (…). Na realidade, a própria noção de ato
implica uma escolha; mas se a escolha for, pelo seu lado, determinada, que diferença poderá haver
ainda entre a ação e o simples comportamento?
I. Berlin, O Poder das Ideias, Relógio d’Água, 2006.

1.1. Concorda com as consequências do determinismo, apresentadas pelo autor? Justifique a resposta, a
partir do texto.

Cenário de resposta
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– tomada de posição relativamente às consequências do determinismo, apresentadas pelo autor;
– justificação da resposta a partir da argumentação do autor.
Exemplos de justificação:
– relação entre determinismo, causalidade e negação da liberdade;
– relação entre determinismo, vontade, escolha e responsabilidade do agente;
– relação entre liberdade, responsabilidade e rejeição da causalidade externa como explicação da ação humana;
– relação entre liberdade (livre-arbítrio), escolha e ação humana.

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P. 72

1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.

(A) Uma ação é algo que fazemos involuntária mas conscientemente.


(B) Tudo o que fazemos são ações.
(C) A decisão de agir tem por base uma deliberação prévia.
(D) Os fins são as razões da ação.
(E) Para o determinismo radical, o livre-arbítrio existe, só que não pode ser efetivado.
(F) A teoria libertista tem algo de compatível com o determinismo moderado.
(G) O determinismo moderado é uma perspetiva compatibilista.
(H) O contrário de livre é coagido.
(I) Uma condicionante da ação é um qualquer fator que influencia a possibilidade de escolha.
(J) As características morfológicas e fisiológicas são condicionantes de ordem físico-biológicas de
espécie.
(K) O espaço e o tempo de cada pessoa constituem-se como condicionantes histórico-culturais da ação.
(L) As condicionantes físico-biológicas podem ser permanentes ou temporárias.
(M) As condicionantes histórico-culturais não limitam em absoluto a nossa liberdade.
(N) A religião que se pratica pode ser uma condicionante da nossa ação.
(O) As condicionantes são condições para o exercício de uma vontade livre.
(P) A ação humana é totalmente coagida.
(Q) As condicionantes são fatores que influenciam a liberdade.
(R) Para os defensores do livre-arbítrio, a ação humana não tem qualquer tipo de condicionante.
(S) O determinismo biológico impede o exercício da liberdade na ação.
(T) O inacabamento humano não fecha em absoluto as nossas possibilidades de agir.

Cenários de resposta
(A) F; (B) F; (C) V; (D) F; (E) F; (F) F; (G) V; (H) V; (I) V; (J) V; (K) V; (L) V; (M) V; (N) V; (O) V; (P) F; (Q) V; (R)
F; (S) F; (T) V

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