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CRIMINOLOGIA

Capítulo III:
As teorias psicodinâmicas

GABRIELA MESQUITA BORGES


Teorias da personalidade
criminal
Pressupostos:

▪Existem características de personalidade que distinguem delinquentes de não

delinquentes;

▪Estas características determinam o comportamento antissocial ou delinquente;

▪Desenvolvimento das ciências do comportamento (Psicologia)

▪Autores principais: De Greeff; Glueck; Fréchette; Gottfredson e Hirschi, Pinatel…

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Teorias da personalidade criminal
Perspetivas diferenciais:
▪ “Personalidade Criminal” → personalidade específica dos delinquentes
▪ “Passagem ao ato”
▪ A teoria do Nó Central de Pinatel.

Perspetivas fenomenológicas:
▪ Sujeito-autor, processo, sentido e vivido
▪ E. De Greeff e o estudo dos homicidas passionais.

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Abordagens diferenciais da personalidade
criminal

Teoria do Nó Central de J. Pinatel

▪ Vol. III do “Tratado de Direito Penal e Criminologia” (1963)


▪ Pressuposto - a diferença entre os delinquentes e os não-delinquentes está no
grau e não na natureza

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Abordagens diferenciais da
personalidade criminal
▪ Personalidade criminal – estrutura específica da
personalidade; descrita através de traços psicológicos
agrupados num nó central, e de variantes
▪ Há uma interação entre aqueles traços (conceção
dinâmica).
→ determinadora da passagem ao ato

▪ Delinquente - específica estrutura - a personalidade


criminal
→ maior aptidão para a passagem ao ato

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Abordagens diferenciais da personalidade criminal
Teoria do Nó Central de J. Pinatel
Traços de personalidade Variantes

- Egocentrismo - Fatores de temperamento

- Labilidade - Aptidões físicas

- Agressividade - Aptidões intelectuais e profissionais

- Indiferença afetiva - Necessidades (nutritivas, sexuais)

Responsáveis pelas diferentes


Responsáveis pela passagem ao ato modalidades desse ato (tipos de crime)
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Abordagens diferenciais da personalidade
criminal
Teoria do Nó Central de J. Pinatel

▪ Traços da personalidade criminal:


• egocentrismo

• labilidade
Nó central
• agressividade

• indiferença afetiva

→ Determinam a passagem ao ato


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Abordagens diferenciais da personalidade
criminal

Teoria do Nó Central de J. Pinatel


1 - Egocentrismo – é tendência para referir tudo a si mesmo,
impondo a sua visão do mundo (mais válida e legítima).
Incapacidade de assumir o ponto de vista do outro.

Encontra-se “implacavelmente presente em todos os


delinquentes” (Pinatel, 1975, 1991).

Estabelece ligações fortes com a indiferença afetiva.

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Abordagens diferenciais da
personalidade criminal
2 – Labilidade - é a instabilidade de caráter,
desorganização no tempo e a imprevidência,
elementos que anulam o efeito dissuasor da sanção
no delinquente.
→ As consequências a longo prazo são preteridas
face às do momento. Domina o “aqui e agora”.

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Abordagens diferenciais da
personalidade criminal
3 – Agressividade - é a energia que permite que os
obstáculos que se possam interpor durante o processo
de passagem ao ato sejam ultrapassados.

→ Permite também manter a indiferença face ao que o


seu crime possa manter de repulsivo e odioso.

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Abordagens diferenciais da
personalidade criminal

4 - Indiferença afetiva – consiste na ausência de


sentimentos altruístas e de empatia e a insensibilidade
aos outros.
→ É o traço responsável pela insensibilidade do
delinquente ao sofrimento da vítima e pela ausência
do sentimento de culpa, piedade e compaixão.

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Abordagens diferenciais da personalidade
criminal
Teoria do Nó Central de J. Pinatel

Conclusões:

▪ Nó central - estrutura resultante da combinação dinâmica e interativa entre


os 4 traços.

▪ Nenhuma delas anormal em si mesma e nenhuma, tomada isoladamente,


determina, nem a personalidade criminal, nem a passagem ao ato
criminoso.
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Abordagens diferenciais da
personalidade criminal
▪ Estudos sobre o delinquente crónico

▪ Estudos sobre reincidência

▪ E a delinquência ocasional?

▪ E a flutuação da delinquência com a idade?

▪ E a distribuição da delinquência pelo género?

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Abordagens diferenciais da personalidade criminal

Os estudos sobre delinquentes crónicos (Farrington, Moffitt, Herrnstein,


Gottfredson & Hirschi, Gorenstein, Fréchette e outros)

▪ Dificuldade no raciocínio abstrato, em conceber relações causa-efeito não


imediatas, a importância da recompensa imediata

▪ “Presentismo”, o “aqui e agora”, incapacidade para refletir no futuro

▪ Desfasamento entre pensamento e ação, impulsividade

▪ Incapacidade para adotar o ponto de vista do outro, egocentrismo e


sentimento de injustiça, hostilidade

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1.3. As teorias psicossociológicas
❑ Não podemos só olhar para a personalidade dos delinquentes, mas
para o seu modo de vida e contextos onde estão inseridos.

❑ Normalmente são indivíduos que provêm de famílias com algumas


deficiências, instabilidade profissional, consumo de substâncias,
relação quotidiana com outros delinquentes.

❑ Será muitas vezes a adoção de um estilo de vida delinquente que


nos poderá permitir dar um passo mais na compreensão destes
indivíduos.

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1.3. As teorias psicossociológicas
Exemplo:
❑ O estudo dos Glueck. Dizem-nos que os delinquentes reincidentes
têm características de personalidade que se devem a carências
cognitivas que podem ser explicas não na matriz da personalidade,
mas em determinados contextos familiares;
❑Os Glueck dizem que os delinquentes têm fortes lacunas educativas;
❑Os pais também podem ter atitudes de rejeição e as crianças não
sentem vinculação afetiva aos pais.

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DeGreeff e Debuyst
e as Teorias
Fenomenológicas

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Abordagens fenomenológicas da
personalidade criminal
▪ Análise do vivido do sujeito
▪ Compreensão do sentido da transgressão na vida do sujeito
(tempo)
▪ Como se inscreve a transgressão na relação do sujeito consigo,
com os outros e com o mundo
▪ O sentido
▪ O quadro de referências
▪ A visão do mundo
▪ Valores e ética
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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff
▪ Domínio da Criminologia francófona entre 1935-1960
▪ Médico e antropólogo na prisão de Louvain (desde 1926);
▪ Professor e investigador de antropologia criminal na Univ. de
Louvain (desde 1929)
▪ Forte crítico das teorias positivistas
▪ Compreender o delinquente a partir da forma como este se vê a
si próprio
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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
❑ O delinquente não é qualitativamente diferente do não
delinquente

❑ Compreensão do sujeito à luz da sua história

❑ Conjunto de processos psicológicos, afetivos, sociais e


culturais

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Abordagens fenomenológicas da
personalidade criminal

E. De Greeff

▪ Como aceder ao vivido do outro para o compreender?

▪ Como o conhecer sem o reduzir a um objeto?

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff

Resumindo:

Procurar o homem por detrás de cada delinquente


e não um delinquente em cada homem.

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff

Prática clínica

Condições para o encontro com o outro:

▪ Identidade fundamental entre mim e o outro

▪ O outro é sempre diferente de mim – específico quadro de valores,


história, características

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff

→ Objetivo: reduzir a zona de incomunicabilidade entre os homens

→ A procura do sentido, o quadro de referências, a visão do mundo

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff
▪ Identidade e valores
▪ Homem é ser ambivalente:

Instinto de simpatia

• aceitação total do outro, respeito do outro enquanto pessoa

Instinto de defesa

• conservação de si, sentimento de justiça e imputação de


responsabilidade a outrem, na base da agressividade, redução
do outro

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff
“O conjunto de instintos de defesa que contribuem para a conservação
do eu, que funcionam sob o signo do sentimento de justiça e da
responsabilidade de outrem, está na base da agressividade e tem como
resultado uma redução progressiva do homem a um entidade abstrata,
que obedece a leis morais concebidas como mecânicas”
(De Greeff, 1947, p.31)

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff

❑ A identidade constrói-se na integração destas duas tendências

❑ Tomada de consciência: estruturas afetivas + inteligência

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff

→ Sentimento de injustiça sofrida

▪ Estrutura da personalidade + relevância da situação + interpretação

▪ O crime como ato de justiça, legitimado

▪ Existência de um código moral, valores, ética

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff

▪ A inserção no tempo

▪ O agir delinquente é um momento num processo

▪ Indivíduo prevê consequências e antecipa o futuro

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
E. De Greeff
▪ Estudo dos processos psicológicos dos homicidas
▪ A passagem ao ato desenvolve-se no tempo

Estádios:
1 - Assentimento ineficaz
2 - Assentimento formulado
3 - Crise e passagem ao ato

▪ Processo suicida
▪ Processo de reivindicação

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
Debuyst

❑ Tem a sua teoria do ator social: faz desde logo críticas ao conceito de
personalidade criminal.
❑ O delito é algo muito mais complexo do que sabermos se individuo é mais ou
menos agressivo, mais ou menos egocêntrico.
❑ Situação que o individuo ocupa na sociedade.

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
Debuyst

❑ Interação que se desenvolve entre os indivíduos e entre estes e o

grupo social a que pertencem;


❑ Ator Social;
❑ Olhar para a questão da transgressão não só pelo prisma do
delinquente mas também o legislador, do grupo social a que pertence
o delinquente, da vítima, etc., que podem condicionar a atuação do
delinquente.

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Abordagens fenomenológicas
da personalidade criminal
Conclusão:

❑ A delinquência é um momento numa relação mais difícil, mais complicada. É um


momento de rutura dos laços que o individuo foi desenvolvendo com os outros.

❑ Mas também há que fazer entrar a questão da reação social e do poder, da criação
das leis, da aplicação das leis.

❑ Há três processos que são mutuamente exclusivos. O processo de transgressão, o


processo pelo qual o indivíduo decide transgredir, pode desenvolver-se em três
processos diferentes.

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Sutherland – Teoria da
Associação Diferencial
E. Sutherland (1883-1950)

❑ Sociólogo americano

❑ Doutorado em sociologia pela Universidade de


Chicago em 1913

❑ Principles of Criminology (1924)

❑ Professional Thief (1937)

❑ White-collar Crime (1949)

❑ Teoria da Associação Diferencial (1939)


Teoria da Associação Diferencial (T.A.D)

Sobre a Criminologia:

Processos

Situação
Situação: oportunidade para delinquir
Processos: experiências prévias do indivíduo
Influências da T.A.D
Interaccionismo • Construção de definições da situação
Simbólico (Mead) • Significados derivam das experiências

• Desorganização social
Escola de Chicago
• Transmissão de valores criminais

Teoria da
• Personalidade humana é um “eu
Personalidade
(Cooley, 1902)
social”

G. Tarde • Imitação
T.A.D e a delinquência
O que é a delinquência? Aprendizagem que os indivíduos realizam de
condutas e valores criminais

Para analisar o desvio é necessário ter em conta o processo individual

Elementos fundamentais da teoria:

❑Conteúdo do que se aprende


❑Processos pelo qual se aprende
T.A.D e a delinquência
Conteúdo ◦ Processo

-Elementos cognitivos - Aprende-se em


-Técnicas interacção com grupos
próximos.
-Definições
-Significados
- Significados partilhados
-Motivações
em grupo
-Racionalizações
Para compreender a delinquência/desvio:

❑ Existência de definições favoráveis e


desfavoráveis à violação da lei;

T.A.D e a
❑ Indivíduo vai usar processos psicológicos para
delinquência
selecionar definições e motivações para a escolha
das definições;

❑ Intercâmbio entre significados do sistema social


e os que não são seleccionados.
Porquê “diferencial”?

❑ Todos os indivíduos se confrontam com


definições favoráveis e desfavoráveis;

T.A.D e a ❑ Comportamento delinquente/desviante vai


delinquência resultar de umas serem mais fortes que outras;

❑ A influência das mesmas depende da sua maior


ou menor intensidade e da forma como cada um
de nós a interpreta;
1. O comportamento criminoso é aprendido
2. Aprende-se em interação comunicativa com os
outros
3. Grupos próximos
4. Inclui aprendizagem de técnicas e motivos para
T.A.D e a delinquir
delinquência: 5. Aprende-se definições favoráveis à violação da
lei
Pressupostos
6. Associação diferencial – contacto preferencial
com definições favoráveis à delinquência
7. Associação varia em frequência, duração,
prioridade e intensidade
8. Mecanismos de aprendizagem
9. Motivos e necessidades gerais
“Os ladrões geralmente furtam a fim de obter dinheiro, porém igualmente
trabalhadores honestos trabalham a fim de obter dinheiro. Os esforços de muitos
estudiosos para explicar o comportamento criminoso por impulsos e valores
gerais, tais como o princípio da felicidade, a luta por status social, o motivo do
dinheiro, ou a frustração, foram, e continuam a ser, vãs, já que eles explicam a
conduta lícita tão completamente quanto eles explicam a conduta criminosa. Tais
impulsos e valores são similares à respiração, que é necessária para qualquer
comportamento, mas não diferencia o comportamento criminoso do não
criminoso.” (Sutherland, 1992, Princípios da Criminologia)

T.A.D e a delinquência: Pressupostos


❑ Apogeu das teorias sobre os processos que levam ao crime
❑ Não se baseia em frequências ou fatores
❑ Apenas a comunicação pode ser criminógena

❑ Única teoria geral dos processos

Teoria geral:
❑ Não estratificada (não se constrói a partir da análise da estrutura social)
❑ Incompleta e não exaustiva

T.A.D.
Homem de negócios vs. Ladrão profissional

Crime de colarinho branco: Crime cometido por pessoa respeitável


e de alto estatuto social no decurso da sua ocupação

Comparação do “ladrão profissional” e do “homem de negócios”


quanto a:

❑Estrutura de classes

❑Alternativas ao crime

❑Perceções

❑Organização

❑Profissão e crime

❑Reação formal

❑Impunidade
Balanço
❑ Teoria geral da criminalidade ❑ Não explica a origem do crime

❑ Compatível com outras explicações do ❑ Difícil de testar empiricamente


crime

❑ Não explica todas as formas de


❑ Amplamente aceite criminalidade

❑ Liberta a Criminologia do domínio da ❑ Negligência dos contactos indirectos


medicina e psiquiatria (media)

❑ Teoria de determinismo social suave


(Hagan) – “exposição não causa mas
predispõe”
Teorias dos vínculos
sociais – T. Hirschi

“Why don’t people break


the law?”
O comportamento criminoso faz parte da
natureza humana;
Por que é que a maioria das pessoas não
comete crimes?

Teorias do
controlo A importância dos constrangimentos ou forças
social de controlo

Teoria dos vínculos sociais (T. Hirschi)


Outras?
Teoria dos vínculos sociais -
Hirschi
❑Causes of delinquency (1969)

❑A delinquência tende a ocorrer quando se enfraquece/rompe o


vínculo do indivíduo com a sociedade

❑Indivíduos vinculados a grupos sociais integrados (família, escola,


pares) têm menos probabilidades de cometer atos delinquentes

❑Imersão do sujeito em redes de contactos e apoios sociais favorece o


controlo das actividades – delinquência como um custo
Teoria dos vínculos sociais
Delinquência nos jovens:
❑ Inexistência, ruptura, enfraquecimento de vínculos sociais

❑ Importância dos elementos de controlo social informal

❑ Identificação dos contextos em que se estabelecem


vínculos sociais

De que forma os vínculos se exercem sobre nós?


Teorias dos vínculos sociais
Apego

• Elemento emocional
• Laços emocionais com os outros integrados e próximos
• “If a person does not care about the wishes and expectations of other people
then he is to that extent not bound by the norms. He is free to deviate”.

Empenho

• Elemento racional
• Compromisso em actividades da sociedade convencional
• “The idea then, is that person invests time, energy, himself, in a certain line of
activity. When or whenever he considers deviant behavior, he must consider
the costs of this deviant behavior, the risk he runs of losing the investment he
has made in conventional behavior”
Teorias dos vínculos sociais
Envolvimento

• Grau de implicação em atividades convencionais (tempo).


• “To the extent that he is engrossed in conventional activities, he
cannot even think about deviant acts, let alone act out his
inclinations”

Crença

• Validação moral
• Convicções favoráveis face a valores estabelecidos
• “There is variation in the extent to which people believe they
should obey the rules of society, and, futhermore, that the less a
person believes he should obey the rules, the more likely he is to
violate them”
Teorias dos vínculos sociais
Dados empíricos
❑Inquérito de delinquência auto-revelada (4000 indivíduos)
❑Jovens com mais vínculos aos pais → reportam menos actos delinquentes

❑Jovens que reportam mais actos delinquentes:


- Piores resultados escolares
- Indiferença à opinião dos professores
- Não gostam da escola
- Rejeitam autoridade escolar
- Menos ligações aos pares
- Aspirações e expectativas educacionais mais baixas
- Concordam com a frase “não há problema em desrespeitar a lei se me conseguir safar com isso”
- Falhas: + tempo a namorar, ver tv e estudar → + actos delinquentes
“Quanto mais fracos são os grupos aos quais o
indivíduo pertence, menos depende deles e,
Teoria dos
consequentemente, mais depende apenas de
vínculos
si mesmo e não reconhece outras regras senão
sociais
aquelas que encontra nos seus interesses
privados” (Durkheim, em O Suicídio)
Balanço
❑Facilmente testável

❑Inquéritos de delinquência auto-revelada

❑Explicação adequada para as formas menos graves de delinquência juvenil

❑Determinismo (suave) + livre arbítrio

❑ Delinquência é produto de ligação fraca a normas culturais ou a fraca ligação é produto da


delinquência?

❑Não explica as formas particulares de desviância (e.g., consumidores de heroína, assassinos,


colarinho branco…) – problema da diversidade

❑Menor evidência empírica suporta o envolvimento e a crença.

❑Parte do pressuposto que a desviância é natural.


❑Técnicas de neutralização são um conjunto de
métodos teóricos através dos quais as pessoas
que cometem atos ilegais neutralizam,
temporariamente, certos valores éticos dentro
Técnicas de
Neutralização de si mesmas, que normalmente as impediriam
de cometera esses atos. Em outras palavras, é
Matza e Sykes um método psicológico usado pelas pessoas
para “desligar” a sua censura interior
temporariamente, quando praticam, ou estão
para praticar, atos ilegais.
❑ Delinquency and Drift (1964)

❑A teoria de Matza e Sykes afirma que as


pessoas estão sempre cientes das suas
Técnicas de obrigações morais de cumprir as leis e de evitar
Neutralização
certos atos ilegais. Dessa forma, se uma pessoa
pratica atos ilegais, essa pessoa deve empregar
Matza e Sykes
algum tipo de mecanismo psicológico que faça
calar essa necessidade de seguir os seus
próprios conceitos morais.
A teoria da neutralização foi construída com
base em quatro observações:

1. Delinquentes demonstram não sentir culpa


acerca dos seus atos ilegítimos;
Técnicas de 2. Delinquentes frequentemente admiram
Neutralização pessoas honestas e cumpridoras das leis;

Matza e Sykes 3. Delinquentes mantêm uma clara linha


divisória entre os que podem ser vitimizados
e os que não podem;

4. Delinquentes não ficam imunes às


necessidades de conformidade.
Matza e Sykes relacionaram os métodos pelos quais as pessoas
justificam os seus atos ilegítimos:

❑Negação da responsabilidade: O delinquente sugere que foi uma


“vítima das circunstâncias”, ou foi forçado numa situação fora do
seu controle;

❑Negação do dano: o delinquente insiste em achar que as suas


Técnicas de ações não causaram nenhum dano ou malefício;
Neutralização ❑Negação da vítima: o delinquente acredita que a vítima “merecia”
sofrer qualquer ação que tenha sido perpetrada contra ela;
Matza e Sykes ❑Condenação dos 'condenadores': o delinquente pensa que os que
o condenam o fazem simplesmente por maldade, ou estão
injustamente transferindo a culpa de si mesmos;

❑Apelo a lealdades maiores: o delinquente sugere que a sua ação


ilegítima foi causada para praticar “um bem maior”, com
consequências de longo prazo que irão justificar o malfeito, como,
por exemplo, proteger um amigo.
Bibliografia
❑ Cusson, M. ( 2006). Criminologia. Cruz Quebrada: Casa das Letras/Editorial
Notícias.

❑ Debuyst, C. (1994). Etienne De Greeff. Une analyse complexe du


comportement délinquant. In: L. Mucchielli (dir.), Histoire de la Criminologie
Française (p. 335-348). Paris: L’Harmattan

❑ Gassin, R. (1994). Criminologie. Paris: Éditions Dalloz.


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