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CAPÍTULO 66

UNIDA
Fisiologia dos Distúrbios Gastrointestinais

A terapia eficaz para a


permanece espasticamente contraída, e o plexo mioentérico perde
maioria dos distúrbios gastrointestinais depende do
sua capacidade de transmitir sinal que cause “relaxamento
conhecimento básico da fisiologia gastrointestinal. A
receptivo” do esfíncter gastroesofágico, quando o alimento se
finalidade deste capítulo, portanto, é discutir alguns tipos aproxima desse esfíncter durante a deglutição.
representativos de disfunção gastrointestinal que tenham Quando a acalasia se torna grave, o esôfago não consegue
bases fisiológicas ou consequências especiais. esvaziar o alimento deglutido no estômago por muitas horas,
apesar de o tempo normal para essa digestão ser de alguns
segundos. Durante meses e anos, o esôfago se dilata muito, até que
chegue a reter 1 litro de alimento, que se putrefaz por
microrganismos, durante os longos períodos de estase eso- fágica.
A infecção também pode causar ulceração da mucosa do esôfago,
algumas vezes levando à dor subesternal intensa ou até à ruptura e
Distúrbios da Deglutição e do Esôfago morte. Pode-se obter considerável benefício pelo estiramento da
extremidade inferior do esôfago por meio de balão inflado na
Paralisia do Mecanismo de Deglutição. A lesão do
extremidade de sonda esofágica deglutida. Antiespasmódicos
quinto, nono ou décimo nervo craniano pode causar paralisia de
(fármacos que relaxam a musculatura lisa) também podem ser
partes significativas do mecanismo da deglutição. Igualmente,
úteis.
algumas doenças como a poliomielite ou a ence- falite podem
impedir a deglutição normal, por lesão do centro da deglutição, no
tronco cerebral. Finalmente, a paralisia dos músculos da Distúrbios do Estômago
deglutição, como ocorre na distrofia muscular ou na insuficiência
Gastrite — Inflamação da Mucosa Gástrica. Gastrite
de transmissão neuromuscular na miastenia grave ou no
crônica, leve a moderada, é extremamente comum na população
botulismo, também pode impedir a deglutição normal.
como um todo, em especial nos anos da meia-idade à terceira
Quando o mecanismo da deglutição está parcial ou totalmente
idade.
paralisado, as anormalidades que podem ocorrer incluem (1)
A inflamação da gastrite pode ser apenas superficial e, portanto,
abolição completa do ato da deglutição, (2) falha da glote em se
fechar, de modo que o alimento entra nos pulmões em vez de não muito perigosa, ou pode penetrar profundamente na mucosa
passar ao esôfago e (3) falha do palato mole e da úvula em gástrica e, em casos de longa duração, causar atrofia quase
fecharem as narinas posteriores, de modo que o alimento reflui completa da mucosa gástrica. Em alguns casos, a gastrite pode ser
para o nariz durante a deglutição. aguda e intensa, com escoriação ulcerativa da mucosa gástrica,
Uma das circunstâncias mais graves de paralisia do mecanismo pelas próprias secreções do estômago.
da deglutição ocorre quando os pacientes estão sob anestesia Pesquisas sugerem que grande parte dos casos de gastrite é
profunda. Muitas vezes, na mesa de cirurgia, vomitam grande causada por infecção bacteriana crônica da mucosa gástrica. Isso
quantidade de material do estômago na faringe; depois, em lugar costuma ser tratado com sucesso por esquema intensivo de terapia
de deglutir o material novamente, simplesmente aspiram-no para antibacteriana.
a traqueia porque o anestésico bloqueou o mecanismo reflexo da Ademais, certas substâncias irritativas ingeridas podem ser, de
deglutição. Em decorrência, tais pacientes, ocasionalmente, se modo especial, prejudiciais para a barreira protetora da mucosa
asfixiam até a morte com seu próprio vômito. gástrica — isto é, para as glândulas mucosas e para as junções
Acalasia e Megaesôfago. A acalasia é a patologia na qual epiteliais de baixa permeabilidade entre as células de revestimento
o esfíncter esofágico inferior não se relaxa durante a deglutição. gástrico — muitas vezes, levando à gastrite aguda ou crônica grave.
Em decorrência, o alimento deglutido não passa do esôfago para o Duas das substâncias mais comuns são o álcool e a aspirina.
estômago. Estudos patológicos têm mostrado lesão da rede neural Barreira Gástrica e Sua Penetração na Gastrite. A
do plexo mioentérico nos dois terços inferiores do esôfago. Como absorção de alimento do estômago, diretamente para o sangue,
resultado, a musculatura do esôfago inferior normalmente é pequena. Esse baixo nível de absorção se

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Unidade XII Fisiologia Gastrointestinal

deve, principalmente, a duas características específicas da mucosa


gástrica: (1) ela é revestida por células mucosas muito resistentes
que secretam muco viscoso e aderente, e (2) as junções entre as
células epiteliais adjacentes são de baixa permeabilidade. Elas
constituem a chamada “barreira gástrica”.
A barreira gástrica normalmente reduz a difusão, de modo que
até os íons hidrogênio, em concentração no suco gástrico, em
média, 100.000 vezes maior que no plasma, quase nunca alcançam a
membrana epitelial em quantidade que ameace a sua integridade.
Na gastrite, a permeabilidade da barreira aumenta muito. Os íons
hidrogênio, então, se difundem até o epitélio gástrico, provocando
lesão e levando a círculo vicioso de destruição progressiva e atrofia
da mucosa gástrica. Isso também torna a mucosa suscetível à
digestão pelas enzimas digestivas pépticas, com desenvolvimento
de úlcera gástrica. Figura 66-1 Úlcera péptica. H. pylori, Helicobacter pylori.
A Gastrite Crônica Pode Levar à Atrofia Gástrica e
à Perda de Secreções Gástricas. Em muitas pessoas que
têm gastrite crônica, a mucosa gradualmente se atrofia com
redução até a supressão completa da secreção digestiva das da pequena curvatura, na extremidade antral do estômago ou,
glândulas gástricas. Existem evidências de que algumas pessoas mais raramente, na extremidade inferior do esôfago, para onde o
desenvolvam autoimunidade contra a mucosa gástrica, o que leva suco gástrico, frequentemente, reflui. Um tipo de úlcera péptica,
também à atrofia gástrica. A perda das secreções gástricas, na chamada de úlcera marginal, também ocorre, com muita
atrofia, leva à acloridria e, ocasionalmente, à anemia perniciosa. frequência, nas incisões cirúrgicas como, por exemplo, na
Acloridria (e Hipocloridria). Acloridria significa, gastrojejunostomia entre o estômago e o jejuno.
simplesmente, que o estômago deixa de secretar ácido clorídrico; é Causa Básica da Ulceração Péptica. A causa comum da
diagnosticada, quando o pH mínimo das secreções gástricas é de úlcera péptica é a perda do balanço entre a intensidade da secreção
6,5, sob estimulação máxima. Hipocloridria significa diminuição de suco gástrico e o grau de proteção dado (1) pela barreira da
da secreção ácida. Quando o ácido não é secre- tado, a pepsina, em mucosa gastroduodenal e (2) pela neutralização do ácido gástrico
geral, não é secretada; mesmo quando o é, a falta de ácido impede pelos sucos duodenais. Deve ser lembrado que todas as áreas
sua atividade porque a pepsina exige meio ácido. normalmente expostas ao suco gástrico são bem supridas por
A Atrofia Gástrica Pode Causar Anemia Perniciosa. A glândulas mucosas, como as glândulas mucosas compostas no
anemia perniciosa está associada à atrofia gástrica e à acloridria. As esôfago inferior, o revestimento por células mucosas da mucosa
secreções gástricas normais contêm glicoproteína, chamada fator
gástrica, as células cervicais mucosas das glândulas gástricas, as
intrínseco, secretada pelas mesmas células parietais secretoras do glândulas pilóricas profundas que secretam principalmente muco,
ácido clorídrico. O fator intrínseco é necessário para a absorção
e finalmente as glândulas de Brunner, da parte superior do
adequada de vitamina B12 no íleo. O fator intrínseco se combina
duodeno, que secretam muco muito alcalino.
com a vitamina B12, no estômago, e a protege da degradação
Além da proteção da mucosa pelo muco, o duodeno é protegido
química, ao passar pelo intestino delgado. Quando o complexo
pela alcalinidade das secreções do intestino delgado.
fator intrínseco-vi- tamina Br) chega ao íleo terminal, o fator
Especialmente importante é a secreção pancreática, que contém
intrínseco se liga a receptores, na superfície epitelial do íleo, o que
grandes quantidades de bicarbonato de sódio que neutralizam o
promove a absorção da vitamina Br).
ácido clorídrico do suco gástrico e inativa a pepsina, impedindo a
Na ausência de fator intrínseco, somente cerca de 1/50 da
digestão da mucosa. Ademais, grande quantidade de íons
vitamina Br) é absorvido. Sem o fator intrínseco, a quantidade
bicarbonato é encontrada: (1) nas secreções das grandes glândulas
adequada de vitamina Br), nos alimentos, não fica disponível para
de Brunner, na parede duo- denal, e (2) na bile, que vem do fígado.
fazer com que eritrócitos jovens e recém-formados amadureçam na
Por fim, dois mecanismos de controle por feedback,
medula óssea. O resultado é a anemia perniciosa, discutida, em
normalmente, asseguram que essa neutralização do suco gástrico
mais detalhes, no Capítulo 32.
seja completa:

Úlcera Péptica 1. Quando excesso de ácido entra no duodeno, isso, refle-


Uma úlcera péptica é área escoriada na mucosa gástrica ou xamente, inibe a secreção gástrica e o peristaltismo no
intestinal, causada, principalmente, pela ação digestiva do suco estômago, seja por reflexos nervosos ou por feedback
gástrico ou das secreções no intestino delgado superior. A Figura hormonal, diminuindo assim o esvaziamento gástrico.
66-1 mostra os pontos no trato gastrointestinal, em que as úlceras 2. A presença de ácido, no intestino delgado, libera secre- tina
pépticas ocorrem com mais frequência; a área de lesões mais pela mucosa intestinal para o sangue, e essa estimula o
frequentes é em torno do piloro. As úlceras pépticas também pâncreas a secretar suco pancreático com concentração alta de
ocorrem, com frequência, ao longo bicarbonato de sódio; o bicarbonato de sódio neutraliza o
ácido.

Assim, a úlcera péptica pode ser causada por dois modos: (1)
excesso de secreção de ácido e de pepsina, pela mucosa

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Capítulo 66 Fisiologia dos Distúrbios Gastrointestinais

UNIDA
gástrica, ou (2) diminuição da capacidade de proteção da barreira Distúrbios do Intestino Delgado
mucosa duodenal contra a digestão pela secreção ácido-pepsina do
Digestão Anormal do Alimento no Intestino Delgado
estômago.
— Insuficiência Pancreática
Causas Específicas de Úlcera Péptica no Ser Humano Uma causa de digestão anormal é a insuficiência do pâncreas de
A Infecção Bacteriana por Helicobacter pylori Rompe a secretar suco pancreático para o intestino delgado. A falta de
Barreira Mucosa Castroduodenal e Estimula a Secreção de secreção pancreática ocorre, frequentemente, (1) na pancreatite
Ácido Gástrico. Muitos pacientes com úlcera péptica demonstram (discutida adiante), (2) quando o dueto pancreático é bloqueado
ter infecção crônica da mucosa nas partes terminais do estômago e por cálculo na papila de Vater ou (3) depois de remoção da cabeça
iniciais do duodeno; a infecção mais frequente é causada pela
do pâncreas, devido a doença maligna.
A perda de suco pancreático significa perda de tripsina,
bactéria Helicobacter pylori. Uma vez instalada a infecção, ela
quimotripsina, carboxipolipeptidase, amilase pancreática, lipase
pode durar a vida toda, a menos que seja erradicada por terapia
pancreática e ainda de algumas outras enzimas digestivas. Sem
antibacteriana. A bactéria é capaz de penetrar a barreira mucosa por
essas enzimas, até 60% da gordura que entra no intestino delgado
sua capacidade física de passar pela barreira e pela liberação de
não é absorvida, bem como de um terço à metade das proteínas e
amônio, que liquefaz a barreira e estimula a secreção de ácido
carboidratos. Como resultado, grande parte dos alimentos
hidroclorí- drico. Em decorrência, os sucos digestivos ácidos das
ingeridos não pode ser usada para a nutrição e são excretadas fezes
secreções gástricas podem, então, atingir o epitélio subjacente e,
gordurosas e abundantes.
literalmente, digerir a parede gastrointestinal, levando à ulceração
Pancreatite — Inflamação do Pâncreas. A pancreatite pode
péptica.
ocorrer sob a forma de pancreatite aguda ou pancreatite crônica.
Outras Causas de Ulceração. Em muitas pessoas com úlceras
A causa mais comum de pancreatite é excesso de bebidas
pépticas na parte inicial do duodeno, a secreção gástrica ácida é
alcoólicas; a segunda causa mais comum é o bloqueio da papila de
maior do que a normal, algumas vezes por até duas vezes o normal.
Vater por cálculo; as duas causas são responsáveis por mais de
Embora parte desse aumento da secreção possa ser estimulada por
90% de todos os casos. Quando cálculo biliar bloqueia a papila de
infecção bacteriana, estudos em animais e em seres humanos
Vater, são bloqueados o dueto secretor principal do pâncreas e o
mostraram que o excesso da secreção de sucos gástricos, por
colédoco. As enzimas pancreáti- cas são, então, represadas nos
qualquer razão (p. ex., mesmo em distúrbios psíquicos) pode, por
duetos e ácinos do pâncreas. Eventualmente, o acúmulo de
si, causar ulceração péptica.
tripsinogênio e a sua ativação a tripsina superam a capacidade do
Outros fatores que predispõem à úlcera são: (1) tabagismo,
inibidor da tripsina nas secreções, e pequena quantidade de
presumivelmente devido ao aumento da estimulação nervosa das tripsinogênio é ativada para formar tripsina. A tripsina ativa, ainda
glândulas secretoras do estômago; (2) álcool, porque tende a mais, tripsinogênio, bem como quimotripsinogênio e
romper barreira mucosa; e (3) aspirina e outros anti-inflamatórios carboxipolipeptidase, nos duetos e ácinos pancreáticos. Essas
não esteroides que também afetam a integridade da barreira. enzimas digerem, rapidamente, grandes porções do próprio
Tratamento de Úlceras Pépticas. Desde a descoberta da base pâncreas, algumas vezes eliminando completa e permanentemente
infecciosa para boa parte das ulcerações pépticas, a terapia mudou a capacidade do pâncreas de secretar enzimas digestivas.
imensamente. Os relatos iniciais são de que quase todos os
pacientes, com úlcera péptica, podem ser tratados, eficazmente, por
duas medidas: (1) uso de antibióticos, junto com outros agentes
para matar as bactérias infecciosas e (2) administração de supressor
Disabsorção pela Mucosa do Intestino Delgado —
de ácido, especialmente a ranitidina, anti-histamínico que bloqueia
Espru
o efeito estimulador da histamina sobre os receptores H2 das
Ocasionalmente, os nutrientes não são absorvidos,
glândulas gástricas e, desse modo, reduzindo a secreção gástrica de
adequadamente, no intestino delgado, embora o alimento tenha
ácido por 70% a 80%.
sido bem digerido. Várias doenças podem causar diminuição da
No passado, antes dessas abordagens para a terapia das úlceras
absorção pela mucosa; elas costumam ser classificadas sob o termo
pépticas serem desenvolvidas, era necessário remover até quatro
geral “espru”. A disabsorção também pode ocorrer quando grande
quintos do estômago, reduzindo, assim, os sucos acidopépticos do
parte do intestino delgado é removida.
estômago para curar a maioria dos pacientes. Outra terapia era
Espru Não Tropical. Um tipo de espru, chamado de espru
seccionar os ramos dos nervos vagos para o estômago, que fazem a idiopático ou doença celíaca (em crianças), ou enteropatia pelo
estimulação parassim- pática do plexo mioentérico. A desnervação glúten, decorre de efeitos tóxicos do glúten, presente em certos
bloqueava parte da secreção de ácido e de pepsina e, tipos de grãos, especialmente no trigo e no centeio. Somente
frequentemente, curava a úlcera dentro de 1 semana após a algumas pessoas são suscetíveis a esse efeito, mas naqueles que o
operação. Todavia, grande parte da secreção basal do estômago era são, o glúten tem efeito destrutivo direto sobre os enterócitos
recuperada, depois de alguns meses, e, em muitos pacientes, a intestinais. Nas formas mais leves da doença, somente as
úlcera também reincidia. microvilosidades dos enterócitos são destruídas, com diminuição
As abordagens terapêuticas mais recentes produzem excelentes da superfície de absorção por até duas vezes. Nas formas mais
resultados. Em alguns casos, porém, a condição do paciente é tão graves, as próprias vilosida- des ficam reduzidas ou desaparecem
grave, incluindo sangramento maciço da úlcera, que procedimentos totalmente, reduzindo, ainda mais, a área de absorção do intestino.
cirúrgicos heroicos têm de ser usados. A remoção do trigo e do centeio da dieta, frequentemente, resulta
na cura em semanas, em especial nas crianças com essa doença.
Espru Tropical. Um tipo diferente de espru, chamado de espru
tropical, ocorre, frequentemente, nos trópicos e pode ser tratado
com agentes antibacterianos. Embora nenhuma

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Unidade XII Fisiologia Gastrointestinal

bactéria específica esteja implicada como causa, acredita-se que essa por semana. Isso faz com que grande quantidade de matéria fecal se
variedade de espru seja produzida por inflamação da mucosa acumule no cólon, distendendo-o a diâmetros de 7 a 10 centímetros.
intestinal por agentes infecciosos não identificados. A patologia é chamada de megacólon ou doença de Hirschsprung.
Disabsorção no Espru. Nos primeiros estágios do espru, a Causa frequente de megacólon é a falta ou deficiência de células
absorção intestinal de gorduras é mais comprometida que a ganglionares, no plexo mioentérico, em um segmento do cólon
absorção de outros nutrientes. A gordura que aparece nas fezes é, sigmoide. Como consequência, nem reflexos de defecação, nem
quase inteiramente, de sais de ácidos graxos, em vez de gordura motilidade peristáltica forte ocorrem nessa área do intestino grosso.
não digerida, demonstrando que o problema é de absorção, e não O próprio sigmoide fica pequeno e quase espástico, enquanto as
de digestão. A patologia é, frequentemente, chamada de fezes se acumulam, proximal- mente, a essa região, causando
esteatorreia, que significa simplesmente excesso de gorduras nas megacólon nos segmentos ascendente, transverso e descendente.
fezes.
Nos casos muito graves de espru, além da disabsorção de Diarréia
gorduras, também ocorre comprometimento da absorção de A diarréia resulta do movimento rápido de material fecal pelo
proteínas, carboidratos, cálcio, vitamina K, ácido fólico e vitamina intestino grosso. Várias causas de diarréia com importantes
Br,. Como resultado, a pessoa apresenta: (1) deficiência nutricional sequelas fisiológicas são as seguintes.
grave, muitas vezes, desenvolvendo caque- xia; (2) osteomalacia Enterite — Inflamação do Trato Intestinal. Enterite significa
(desmineralização dos ossos, devido à falta de cálcio); (3) inflamação, em geral, causada por vírus ou por bactérias, do trato
coagulação sanguínea inadequada, causada pela falta de vitamina intestinal. Na diarréia infecciosa comum, a infecção é mais extensa,
K; e (4) anemia macrocítica, do tipo anemia perniciosa, devido à no intestino grosso e na parte distai do íleo. Em todos os lugares em
diminuição da absorção de vitamina Br, e de ácido fólico. que a infecção esteja presente, ocorre irritação da mucosa, cuja
secreção aumenta muito. Ademais, a motilidade da parede
intestinal, em geral, fica muito aumentada. Como resultado, existe,
Distúrbios do Intestino Grosso
no lúmen, grande quantidade de líquido, para a remoção do agente
Constipação infeccioso e, ao mesmo tempo, fortes movimentos propulsores
Constipação significa movimento lento das fezes pelo intestino impelem esse líquido na direção do ânus. Esse mecanismo é
grosso; frequentemente, está associada à grande quantidade de importante para livrar o trato intestinal de infecção debilitante.
fezes ressecadas e endurecidas, no cólon descendente, que se De especial interesse é a diarréia causada pelo cólera (e menos
acumulam devido à absorção excessiva de líquido. Qualquer frequentemente por outras bactérias, como os bacilos patogênicos
patologia dos intestinos que obstrua o movimento do conteúdo do cólon). Como explicado no Capítulo 65, a toxina do cólera
intestinal, como tumores, aderências que causem constrição ou estimula, diretamente, a secreção excessiva de eletrólitos e líquido
úlceras, pode causar constipação. Causa funcional frequente da pelas criptas de Lieberkühn no íleo distai e no cólon. A quantidade
constipação são os hábitos intestinais irregulares que se pode ser de 10 a 12 litros por dia, e o cólon, em geral, reabsorve o
desenvolveram durante uma vida toda de inibição dos reflexos máximo de 6 a 8 litros por dia. Portanto, a perda de líquido e de
normais da defecação. eletrólitos, por muitos dias, pode ser fatal.
Lactentes, raramente, são constipados, porém parte de seu A base fisiológica mais importante da terapia no cólera é repor
treinamento, nos primeiros anos de vida, exige que eles aprendam a com rapidez o líquido e os eletrólitos, à medida que são perdidos,
controlar a defecação; esse controle é efetuado por inibição dos principalmente por via intravenosa. Com reposição apropriada de
reflexos naturais da defecação. A experiência clínica mostra que se líquido e com o uso de antibióticos, quase nenhum paciente morre
não houver defecação, quando os reflexos são excitados ou caso do cólera; sem terapia, a mortalidade é de até 50%.
haja o uso excessivo de laxativos, no lugar da função natural do Diarréia Psicogênica. Todos estão familiarizados com a
intestino, os reflexos ficam progressivamente menos fortes com o diarréia que acompanha períodos de tensão nervosa, como durante
passar de meses ou anos, e o cólon se torna atônico. Por essa razão, provas ou quando um soldado está para entrar na batalha. Esse tipo
se a pessoa estabelecer hábitos intestinais regulares cedo na vida, de diarréia, chamada diarréia emocional psicogênica, é causado por
geralmente defecando pela manhã, depois do café da manhã, estimulação excessiva do sistema nervoso parassimpático, que
quando os reflexos gastrocólico e duodenocólico causam excita intensamente (1) a motilidade e (2) o excesso de secreção de
movimentos de massa no intestino grosso, o desenvolvimento de muco no cólon distai. Esses dois efeitos somados podem causar
constipação, mais tarde na vida, será muito menos provável.
diarréia acentuada.
A constipação pode, também, resultar de espasmo de pequeno
Colite Ulcerativa. A colite ulcerativa é doença em que áreas
segmento do cólon sigmoide. Deve ser lembrado que a motilidade,
extensas das paredes do intestino grosso ficam inflamadas e
normalmente, é fraca no intestino grosso, de modo que, mesmo
ulceradas. A motilidade do cólon ulcerado costuma ser tão grande
espasmo discreto, costuma ser capaz de causar constipação séria. Se
que ocorrem movimentos em massa em grande parte do dia,
a constipação perdura por vários dias e fezes se acumulam acima
enquanto no cólon normal os movimentos duram de 10 a 30
do cólon sigmoide espástico, secreções colônicas excessivas,
minutos por dia. As secreções do cólon aumentam muito. Como
frequentemente, levam a um dia ou mais de diarréia. Depois disso,
resultado, o paciente tem movimentos repetidos intestinais, com
o ciclo começa, novamente, com alternância entre constipação e
diarréia.
diarréia.
Megacólon (Doença de Hirschsprung). Ocasionalmente, a
constipação é tão intensa que os movimentos do intestino ocorrem
só uma vez, em vários dias, ou apenas uma vez

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Capítulo 66 Fisiologia dos Distúrbios Gastrointestinais

UNIDA
Apomorfina, morfina
A causa da colite ulcerativa é desconhecida. Alguns clínicos
acreditam que resulte de efeito destrutivo alérgico ou imune, mas
também poderia resultar de infecção bacteriana crônica, ainda não
compreendida. Qualquer que seja a causa, existe forte tendência
hereditária para a suscetibilidade à colite ulcerativa. Se a condição
progride muito, as úlceras raramente cicatrizam; a ileostomia para
permitir que o conteúdo do intestino delgado drene para o exterior,
em lugar de atravessar o cólon, pode ser necessária. Mesmo assim,
as úlceras algumas vezes não cicatrizam, e a única solução pode ser
a remoção cirúrgica de todo o cólon.

Paralisia da Defecação nos Traumatismos da Medula


Espinhal
No Capítulo 63, mostrou-se que a defecação, normalmente, é
iniciada pelo acúmulo de fezes no reto, o que causa o reflexo de
defecação, mediado pela medula espinhal, que passa do reto para o
conus medullaris da medula espinhal e, então, de volta para o
cólon descendente, sigmoide, reto e ânus.
Quando a medula espinhal é lesada em algum ponto entre o
conus medullaris e o cérebro, a parte voluntária do ato da
defecação é bloqueada, enquanto o reflexo medular básico para a
defecação permanece intacto. Todavia, a perda do componente
voluntário da defecação — isto é, a perda da capacidade de
aumentar a pressão abdominal e de relaxar o esfíncter anal
voluntário — frequentemente torna a defecação processo difícil na
pessoa com esse tipo de lesão alta da medula espinhal. Porém,
como o reflexo medular da defecação ainda pode ocorrer, pequeno
enema para excitar a ação desse reflexo medular, em geral, aplicado
pela manhã logo após a refeição, costuma causar defecação
adequada. Desse modo, as pessoas com traumatismo da medula
espinhal, que não destrua o conus medullaris, usualmente, podem
Figura 66-2 Conexões neutras do "centro do vômito". O
controlar seus movimentos intestinais diários.
chamado centro do vômito inclui múltiplos núcleos sensoriais,
motores e de controle, principalmente na formação reticular
bulbar e pontina, e estende-se à medula espinhal.
Distúrbios Gerais do Trato Gastrointestinal
Vômitos
O vômito é o meio pelo qual o trato gastrointestinal superior se
livra do seu conteúdo, quando qualquer parte do trato superior é viaja em direção oral, velocidade de 2 a 3 cm/s; esse processo pode
excessivamente irritada, hiperdistendida ou hipe- rexcitada. A empurrar grande parte do conteúdo do intestino delgado inferior
distensão excessiva ou a irritação do duodeno é estímulo de volta ao duodeno e ao estômago, em 3 a 5 minutos. Depois, à
especialmente forte para o vômito. medida que essas partes superiores do trato gastrointestinal,
Os sinais sensoriais que iniciam o vômito se originam, especialmente o duodeno, são hiper- distendidas, a distensão é o
principalmente, da faringe, do esôfago, do estômago e das partes fator excitatório que inicia o ato do vômito.
superiores do intestino delgado. Os impulsos nervosos são No início do vômito, ocorrem fortes contrações no duodeno e
transmitidos, como se vê na Figura 66-2, por fibras nervosas no estômago e relaxamento parcial do esfíncter esofagogástrico, o
aferentes vagais e simpáticas para múltiplos núcleos distribuídos que permite o movimento do vômito do estômago para o esôfago.
no tronco cerebral, na área chamada de “centro do vômito”. Desse Então, o ato específico de vomitar, envolvendo os músculos
centro, os impulsos motores que causam vômitos são transmitidos abdominais, ocorre e expele o vômito para o exterior, conforme
pelos quinto, sétimo, nono, décimo e décimo segundo nervos explicado no parágrafo a seguir.
cranianos, para o trato gastrointestinal superior, pelos nervos Ato do Vômito. Uma vez que o centro do vômito tenha sido
vagais e simpáticos para regiões mais distais do trato, e pelos suficientemente estimulado e instituído o ato do vômito, os
nervos espinhais para o diafragma e músculos abdominais. primeiros efeitos são: (1) respiração profunda, (2) elevação do osso
Antiperistaltismo, o Prelúdio do Vômito. Nos primeiros hioide e da laringe para a abertura do esfíncter esofágico superior,
estágios da irritação gastrointestinal excessiva ou da hiper- (3) fechamento da glote para impedir o fluxo de vômito para os
distensão, o antiperistaltismo começa a ocorrer minutos antes de pulmões e (4) elevação do palato mole para fechar as narinas
aparecerem os vômitos. Antiperistaltismo significa peristaltismo posteriores. Em seguida, ocorrem forte contração do diafragma e
para cima, no trato digestório, e não para baixo. Ele pode se iniciar contração simultânea dos músculos da parede abdominal. Isso
no íleo, e a onda antiperistáltica comprime o estômago entre o diafragma e os músculos
abdominais, elevando a pressão intragástrica a alto nível.
Finalmente, o esfíncter

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Unidade XII Fisiologia Gastrointestinal

esofágico inferior se relaxa completamente, permitindo a expulsão Obstrução no piloro Causas


do conteúdo gástrico para o esôfago. causa vômito ácido 1. Câncer
Portanto, o ato de vomitar decorre de ação de compressão dos 2. Úlcera
Obstrução abaixo 3. Espasmo
músculos do abdome, associada à contração simultânea da parede do duodeno causa 4. íleo paralítico
gástrica e abertura dos esfíncteres esofágicos, com expulsão do vômito neutro ou 5. Aderências
conteúdo gástrico. básico
“Zona de Disparo dos Quimiorreceptores" no Bulbo para
Obstrução alta
Início dos Vômitos por Fármacos ou por Cinetose. Além dos causa vômitos
vômitos iniciados por estímulos irritativos do próprio trato muito intensos
gastrointestinal, os vômitos também podem ser causados por sinais
nervosos que se originam em áreas do cérebro. Isso é de modo
particular verdade, para pequena área localizada bilateralmente, no Obstrução baixa causa
assoalho do quarto ventrículo, chamada de zona de disparo de constipação extrema
quimiorreceptores para o vômito. A estimulação elétrica dessa área com menos vômitos
pode iniciar os vômitos; porém, mais importante, a administração
Figura 66-3 Obstrução em diferentes partes do trato
de certos fármacos, incluindo a apomorfina, a morfina e alguns
gastrointestinal.
derivados de digitálicos, pode estimular, diretamente, essa zona de
disparo de quimiorreceptores e iniciar o vômito. A destruição dessa
área bloqueia esse tipo de vômitos, mas não bloqueia os decorrentes
de estímulos irritativos, no próprio trato gastrointestinal.
quantidade de água e eletrólitos e se desidrata, mas as perdas de
Também, sabe-se que mudanças rápidas na direção ou no ritmo
ácido do estômago e de base do intestino delgado podem ser
dos movimentos corporais podem fazer com que certas pessoas
equivalentes, de modo que ocorra pouca mudança no balanço
vomitem. O mecanismo é o seguinte: o movimento estimula
acidobásico.
receptores, no labirinto vestibular do ouvido interno, e daí os
Se a obstrução ocorrer na extremidade distai do intestino
impulsos são transmitidos, principalmente, por via dos núcleos
grosso, as fezes poderão se acumular no cólon por 1 semana ou
vestibulares do tronco cerebral para o cerebelo e desse, para a zona
mais. O paciente desenvolve sensação intensa de constipação, mas,
de disparo dos quimiorreceptores e, por fim, para o centro do
a princípio, os vômitos não são intensos. Se o intestino grosso ficar
vômito, causando o vômito.
completamente cheio, de modo que não mais ocorra transferência
Náusea de quimo do intestino delgado para o intestino grosso, ocorrerão
Todos já experimentaram a sensação de náusea e sabem que ela vômitos intensos. Obstrução prolongada do intestino grosso,
costuma ser pródromo do vômito. A náusea é o reconhecimento finalmente, causa ruptura do próprio intestino ou, no caso de
consciente da excitação subconsciente na área do bulbo vômitos intensos, desidratação e choque circulatório podem
estreitamente associada ao centro do vômito ou que faz parte dele, e ocorrer.
pode ser causada por (1) impulsos que venham do trato
Gases no Trato Gastrointestinal; “Flatos"
gastrointestinal, causados por irritação, (2) impulsos que se
Os gases, chamados de flatos, podem entrar no trato
originem no mesencéfalo, associados à cinetose ou (3) impulsos do
gastrointestinal por três fontes: (1) ar deglutido, (2) gases
córtex cerebral, para iniciar os vômitos. Os vômitos,
formados no intestino pela ação bacteriana ou (3) gases que se
ocasionalmente, ocorrem sem a sensação de náusea, indicando que
apenas certas partes do centro do vômito se associam à sensação de difundem do sangue para o trato gastrointestinal. A maior parte
náusea. do ar do estômago é composta por misturas de nitrogênio e
oxigênio derivados do ar deglutido. Esses gases são expelidos por
Obstrução Gastrointestinal eructações. Somente pequenas quantidades de gases ocorrem,
O trato gastrointestinal pode ser obstruído em quase todos os normalmente, no intestino delgado, e grande parte desse gás é ar
pontos de sua extensão, como é mostrado na Figura 66-3. Algumas que passa do estômago para o intestino.
causas comuns de obstrução são (1) câncer, (2) constrição fibrótica No intestino grosso, a maior parte dos gases é derivada da ação
decorrente de ulceração ou por aderên- cias peritoneais, (3) bacteriana, incluindo especialmente dióxido de carbono, metano e
espasmo de segmento do intestino e (4) paralisia de segmento do hidrogênio. Quando metano e hidrogênio são misturados ao
intestino. oxigênio, é formada, algumas vezes, mistura explosiva. O uso de
As consequências anormais da obstrução dependem do ponto, eletrocautério durante a sigmoidos- copia pode causar pequena
no trato gastrointestinal, que é obstruído. Se a obstrução ocorrer no explosão.
piloro, o que resulta da constrição fibrótica depois de ulceração Sabe-se que certos alimentos causam maior flatulên- cia que
péptica, ocorrerão vômitos persistentes do conteúdo gástrico. Isso outros — feijão, repolho, cebola, couve-flor, milho e certos
reduz a nutrição corporal; também, causa perda de íons hidrogênio alimentos irritativos, como vinagre. Alguns desses alimentos
do estômago e pode resultar em alcalose metabólica dos líquidos servem como meio adequado para bactérias formadoras de gases,
corporais. especialmente tipos fermentáveis e não absorvidos de
Se a obstrução for além do estômago, o refluxo antiperis- táltico carboidratos. Por exemplo, o feijão contém carboidrato indigerível
do intestino delgado faz com que os sucos intestinais voltem para o que entra no cólon e é substrato para as bactérias colônicas. Em
estômago, e eles são vomitados, junto com as secreções gástricas. outros casos, porém, o excesso de eliminação de gases decorre da
Nesse caso, a pessoa perde grande irritação do intestino grosso, o que promove rápida eliminação
peristáltica dos gases pelo ânus, antes que eles possam ser
absorvidos.

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Capítulo 66 Fisiologia dos Distúrbios Gastrointestinais

UNIDAD
Kahrilas PJ: Clinicai practice. Gastroesophageal reflux disease, NEnglJ Med
A quantidade de gases que entram ou se formam no intestino 359:1700, 2008.
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quantidade média, eliminada pelo ânus, em geral é de cerca de 0,6 tory bowel disease, NatRevDrug Discov 5:197, 2006.
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