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1.2. A Atividade Administrativa - Procedimento - Regulamento - Plano - Operaçoes Materiais
1.2. A Atividade Administrativa - Procedimento - Regulamento - Plano - Operaçoes Materiais
as formas e o procedimento
ÍNDICE Pag.
1. Os princípios fundamentais
1.1. O princípio da separação dos poderes 2
1.2. Os princípios materiais da atividade administrativa 4
a) Princípio da legalidade e a margem de livre decisão administrativa 5
b) Princípio do respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos
12
particulares
c) Princípio da igualdade 13
d) Princípio da proporcionalidade 14
e) Princípio da boa-fé 15
f) Princípio da prossecução do interesse público 17
g) Princípio da imparcialidade 18
h) Princípio da justiça 19
2. Formas da atividade administrativa
2.1. Ato administrativo 20
a) Conceito 20
b) Estrutura 24
c) Tipologia 25
d) Classificações 30
e) O ato tácito 33
f) Validade e eficácia 34
g) Os vícios e as formas de invalidade 39
h) Cessação de vigência 49
i) Ratificação, reforma e conversão 57
2.2. Procedimento administrativo 59
a) Noção 59
b) Os princípios fundamentais do procedimento administrativo 60
c) Marcha do procedimento 63
2.3. Contrato administrativo (Remissão) 70
2.4. Regulamento administrativo 71
a) Conceito e tipologia 71
b) Fundamentos e limites do poder regulamentar 74
c) Titularidade da competência regulamentar 76
d) Forma e formalidades 77
e) Invalidade 78
f) Cessação de vigência 78
2.5. Plano administrativo 81
2.6. Operações materiais da Administração Pública 83
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2.2. Procedimento administrativo
a) Noção55
Antes, convém elucidar que existem dois sentidos da expressão processo: aquele que é
referido no artigo 1.º/ 2 CPA, onde a expressão “processo” significa um elemento físico ou
dossier e as situações em que significa “processo judicial”.
Para REBELO DE SOUSA, ambos consistem numa sucessão ordenada de atos que visam
finalidades determinadas – nesse sentido merecem a qualificação de processo em sentido
55
FREITAS DO AMARAL, Curso do Direito Administrativo, Vol. II, 2.ª edição – reimpressão, Coimbra, 2013, pp. 322 e
ss.
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amplo. Para FREITAS DO AMARAL as diferenças entre procedimento e processo administrativo
separam duas espécies do mesmo género e não dois géneros opostos. O procedimento
administrativo é um processo.
PROCEDIMENTO
PROCESSO ADMINISTRATIVO
ADMINISTRATIVO
Desenrola-se perante a Desenrola-se perante os
ORGÂNICO
Administração Pública tribunais
Visa a restauração da paz
Visa a prossecução do interesse
FUNCIONAL jurídica inerente à função
público administrativo
jurisdicional
Princípio do inquisitório (carácter
Princípio do dispositivo
PRINCÍPIOS ativo da administração pública)
(carácter passivo dos tribunais)
Cfr. artigo 45.º CPA
Assim, os estudos e opiniões devem ser emitidos por escrito, as decisões e os consensos
têm de ser registados por escrito, as votações feitas em órgãos colegiais têm de ser reduzidas
a escrito e consignadas em ata e as decisões individuais ou são tomadas por escrito ou também
têm de ser reduzidas a escrito – artigo 110.º/3 e 4 do CPA.
Esta exigência é compreensível na medida em que contribui para que as decisões sejam
suficientemente ponderadas e facilita a conservação para o futuro de um registo completo e
seguro.
56
Filipe Falcão Oliveira, Direito Público Guineense, Coimbra, 2005, pp. 349 e ss; MARCELO REBELO DE SOUSA e ANDRÉ
SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo Geral, atividade administrativa, Tomo III, Lisboa, 2007, p. 104; FREITAS
DO AMARAL, Curso do Direito Administrativo, Vol. II, 2.ª edição – reimpressão, Coimbra, 2013, p. 335.
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O procedimento administrativo é mais maleável e muito menos formalista do que o
processo judicial. A lei traça apenas algumas linhas gerais de atuação e determina as
formalidades essenciais e deixa o resto (que é variável conforme os casos e as circunstancias)
para ser determinado pela administração.
Só para terem ideia, o CPC em vigor na Guiné-Bissau tem 1.528 artigos, enquanto o
CPA tem apenas 168 artigos e a parte de procedimento administrativo ocupa apenas os artigos
44.º a 95.º.
A Administração é ativa (ao contrario dos tribunais que são passivos – princípio do
dispositivo), gozando do direito de iniciativa para promover a satisfação dos interesses
públicos postos pela lei a seu cargo (cfr. artigo 45.º CPA) – pode iniciar oficiosamente
procedimentos e pode proceder às diligências não requeridas e resolver coisas mais amplas ou
diferente da pedida, que considere convenientes.
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O direito à consulta do processo – artigo 54.º CPA;
O direito à passagem de certidões - artigo 55.º CPA.
Nada nos indica que, apesar da diferença de redação, o nosso CPA queira
desresponsabilizar a Administração pela prestação de informações erróneas. A Administração
é responsável, o que significa que os sujeitos a que pertence o órgão administrativo respondem
pelos prejuízos causados (mas não a título pessoal) – este é o nosso entendimento.
(vi). Participação dos particulares na formação das decisões que lhes respeitem
Este princípio está previsto nos artigos 12.º e 49.º do CPA, nos termos deste último, “o
órgão instrutor deve assegurar que os interessados no procedimento sejam ouvidos sobre o objeto do
mesmo”. Este princípio manifesta-se de forma mais relevante através do direito de audiência
prévia, que se encontra consagrado no artigo 84.º e ss. do CPA.
Consagrado no artigo 14.º/1 CPA, o princípio da decisão vem impor aos órgãos
administrativos o dever de se pronunciar sobre todos os assuntos da sua competência sempre
que para tal seja solicitada pelos particulares.
Este princípio (não previsto no CPA) proíbe a Administração pública de rodear a sua
atividade de operações ou exigências formais inúteis ou desnecessárias e obriga-a a pautar
pelo princípio da eficiência, ou seja adequar as suas atividades ao interesse público. Com
efeito, o Estatuto do Pessoal da Administração Pública, no seu artigo 64.º/d), estabelece que os
funcionários têm o dever de “exercer as suas funções com eficiência”, o artigo 3.º/5 do Estatuto
disciplinar (Lei nº 9/97, de 2 Dezembro), dispõe no mesmo sentido.
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(ix). Princípio da gratuitidade
Do artigo 13.º CPA decorre que o procedimento administrativo é gratuito, salvo lei
especial. Para REBELO DO SOUSA, formulações como estas nada acrescenta ao que já decorria
das exigências gerais do princípio da legalidade, na sua dimensão da reserva da lei, uma vez que
a solicitação administrativa de pagamento de qualquer coisa relativa a um procedimento
administrativo só poderia ocorrer mediante expressa habilitação legal57.
O artigo 47.º, em especial, o n.º 2, prevê o princípio da celeridade. Este princípio, por
um lado, obriga a Administração a providenciar pelo rápido e eficaz andamento do procedimento
administrativo, por outro atribui a Administração os poderes de recusar e evitar tudo o que for
impertinente ou dilatório e de ordenar ou promover tudo o que for necessário ao seguimento do
procedimento e conduz a uma decisão justa e oportuna.
c) Marcha do procedimento
57
MARCELO REBELO DE SOUSA e ANDRÉ SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo Geral, atividade administrativa,
Tomo III, Lisboa, 2007, p. 106.
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Os prazos especiais são previstos especialmente para a prática de determinados atos ou
cumprimento de determinadas formalidades procedimentais. São exemplos os:
Prazos previstos nos artigos 21.º/2 e 22.º/2 do CPA – são especiais em relação ao
prazo geral de 10 dias para o cumprimento de formalidades procedimentais; e nos
artigos 53.º/2; 55.º/2; 81.º/2; 86.º/3 – estabelecem prazos específicos para conclusão
de determinados procedimentos administrativos); e
O artigo 58.º do CPA estabelece normas que se aplicam aos prazos administrativos.
Destas regras, a mais importante é a que determina a suspensão do prazo nos sábados, domingos e
feriados – contam-se apenas em dias úteis e não em dias corridos.
Notificações
Segundo REBELO DE SOUSA, “as notificações são atos reais pelos quais a administração dá a
conhecer a outrem a ocorrência de determinados factos ou solicita aos interessados a adoção de
determinados comportamentos”.
Prazo de 15 dias – artigo 124.º CPA (muito diferente do previsto no artigo 114.º/5
do CPA PT, segundo o qual os atos administrativos devem ser notificados no prazo
de 8 dias a contar da data da prática do ato notificado);
Outros atos e formalidades que podem ter lugar em qualquer fase do procedimento
administrativo:
Produção antecipada de prova – 83.º
Intervenção provocada dos interessados – 84.º/3
Medidas provisórias – 72.º e 73.º
(ii). Tramitação
Enumeração:
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Fase da iniciativa
Fase da instrução
Fase da audiência dos interessados
Fase da preparação da decisão/Relatório do instrutor
Fase da decisão
Fase complementar
1) Fase da iniciativa
A fase em que se dá início ao procedimento.
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formulado for ininteligível (artigo 65.º/3) e, por maioria de razão se não contiver
pedido algum58;
2) Fase da instrução
Nesta fase, a Administração Pública averigua os factos relevantes para a decisão final,
fazendo a recolha e tratamento dos elementos de facto e de direito que interessam à decisão
final. Nomeadamente, à recolha das provas que se mostrarem necessárias. Para além das
provas, durante a instrução pode haver necessidade de recorrer a outros, tais como, aos
pareceres, exames, vistorias e avaliações.
58
MARCELO REBELO DE SOUSA e ANDRÉ SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo Geral, atividade administrativa,
Tomo III, Lisboa, 2007, p. 122.
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delegar em subordinado seu a prática de atos instrutórios específicos (69.º/2). É, igualmente,
admitida a intervenção de outros órgãos administrativos (70.º).
59
Artigo 115.º/1 do CPA PT (Factos sujeitos a prova) “1 - O responsável pela direção do procedimento deve
procurar averiguar todos os factos cujo conhecimento seja adequado e necessário à tomada de uma decisão legal e
justa dentro de prazo razoável, podendo, para o efeito, recorrer a todos os meios de prova admitidos em direito.”
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A audiência dos interessados tem duas funções: subjetivas e objetivas. Tem funções
subjetivas na medida em que evita decisões-surpresa e faculta aos particulares uma
oportunidade para fazerem valer as suas posições e os seus argumentos no procedimento. Por
outro lado tem funções objetivas por auxiliar a administração a decidir melhor e de modo mais
consensual.
Importa sublinhar, mais uma vez, que os interessados podem ser ouvidos em qualquer
fase do procedimento, independentemente do momento do procedimento ou de estar pronto
o projeto da decisão (artigo 84.º/3).
A audiência pode ser escrita ou oral (artigo 86.º do CPA). Quando é oral, “deve ser lavrada
ata com o extrato das pronúncias efetuadas pelos interessados” (artigo 86.º/4). Concretização do
princípio do carácter escrito do procedimento administrativo.
Importa sublinhar que em certos casos é dispensada a audiência dos interessados: artigo
87.º do CPA.
A falta de audiência traduz-se num vício de forma, por preterição de uma formalidade
essencial. A doutrina portuguesa tem discutido se a falta de audiência determina a nulidade ou
anulabilidade do ato final do procedimento.
A discussão tem como ponto de partida a qualificação da audiência prévia como direito
fundamental ou não. Se não o for, a falta de audiência prévia será um vício gerador de
anulabilidade. FREITAS DO AMARAL e STA seguem a segunda orientação.
Este relatório tem a função de habilitar o órgão competente a decidir. Pelo que, o
procedimento é levado a este órgão (se for singular para despacho, se colegial para
deliberação).
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5) Fase da decisão
A decisão cabe ao órgão competente para decidir.
Se o órgão competente para decidir for colegial, existem várias regras de deliberação a
ter presente – os artigos 19.º e ss. do CPA.
6) Fase complementar
O Professor FREITAS DO AMARAL fala ainda numa fase complementar depois da decisão
final, a fase em que são praticados certos atos e formalidades posteriores a decisão do
procedimento: registo, arquivamento de documentos, sujeição a controlos internos ou a aprovação
tutelar, visto do Tribunal de Contas, publicação num jornal oficial, notificação da decisão aos
interessados…
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2.3. Contrato administrativo (Remissão)
Sobre esta matéria, consultar “Contratos Administrativos e Contratos Públicos: noções e
tipologias”, sumario disponibilizados para facilitar estudos no âmbito da disciplina Direito
Administrativo II.
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2.4. Regulamento administrativo
a) Conceito e tipologia
Mas, para além de norma que é, o regulamento é norma jurídica: quer isto dizer que o
regulamento administrativo não é um mero preceito administrativo; trata-se de uma
verdadeira e própria regra de direito; que, nomeadamente, pode ser imposta mediante a
ameaça de coação e cuja violação leva, em geral, à aplicação de sanções, sejam elas de natureza
penal, administrativa ou disciplinar.
60
Cfr. FREITAS DO AMARAL, Curso do Direito Administrativo, Vol. II, 2.ª edição, 2.ª reimpressão, Coimbra, 2013, p.
177 e ss.
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Porque se trata de exercício de poder administrativo, haverá que ter presente que a
atividade regulamentar é uma atividade secundária, dependente e subordinada face à atividade
legislativa (e política), essa primária, principal e independente.
(i) Quanto à relação dos regulamentos administrativos face à lei, há que distinguir
entre os regulamentos complementares ou de execução e os regulamentos
independentes ou autónomos.
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Os regulamentos complementares ou de execução são tipicamente,
regulamentos “secundum legem”.
(iii) Quanto ao âmbito de aplicação, há que distinguir entre regulamentos gerais, locais e
institucionais
61
A expressão polícia é utilizada num sentido amplo, não abrangendo apenas a atividade administrativa de
manutenção da ordem, segurança e tranquilidade pública.
62
MARCELO REBELO DE SOUSA e ANDRÉ SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo Geral: atividade administrativa,
Tomo III, 1.ª Edição, Lisboa, 2007, p. 246.
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Os regulamentos locais (ou autárquicas) são aqueles que têm o seu domínio de
aplicação limitado a uma dada circunscrição territorial;
Do ponto de vista prático. Efetivamente, não são poucas as vezes que o legislador deixa
(intencional ou involuntariamente) “espaços em branco” na lei: estes “espaços em branco”
constituem fundamento prático do poder regulamentar, na medida em que levam a
necessidade de a Administração os preencher.
Esta prática explica-se pelo distanciamento do legislador face aos casos concretos da
vida social e pela impossibilidade ou inconveniência de previsão completa por parte do
legislador.
63
Cfr. FREITAS DO AMARAL, Curso do Direito Administrativo, Vol. II, 2.ª edição, 2.ª reimpressão, Coimbra, 2013, p.
200 e ss.
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No Estado Liberal de Direito, o fundamento do poder regulamentar decorria quase
sempre de uma delegação ou autorização dada caso a caso pelo Parlamento ao Governo. É
como sequela deste período que na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos da América se
qualificam os regulamentos administrativos como delegated legislation (legislação delegada).
Os limites do poder regulamentar são, desde logo, aqueles que decorrem do seu
posicionamento na hierarquia das fontes de direito:
(ii) A Constituição;
64
Cfr. FREITAS DO AMARAL, Curso do Direito Administrativo, Vol. II, 2.ª edição, 2.ª reimpressão, Coimbra, 2013, p.
204 e ss.
65
Afonso Queiró, Lições de Direito Administrativo, I, p. 292.
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(v) Disciplina jurídica constante dos regulamentos editados por órgãos que se situem
num plano superior ao do órgão que editou o regulamento. Por conseguinte, os
regulamentos do Governo prevalecem sobre os regulamentos de órgãos periféricos
ou locais (artigo 105.º/1 do CPA); os regulamentos dos órgãos que exercem
poderes de superintendência ou de hierarquia prevalecem sobre aos regulamentos
aprovados pelos órgãos sujeitos a estes poderes (artigo 105.º/2 e 3 do CPA);
(vi) Não podem ter eficácia retroativa. A esta limitação podem escapar os regulamentos
aos quais a lei haja concedido à Administração a faculdade de dispor
retroativamente ou no caso de consagrar um regime mais favorável para os
destinatários, se nenhum particular ou entidade pública for igualmente
prejudicado;
66
Artigo 199.º (Competência administrativa) – Compete ao Governo, no exercício de funções administrativas: (…)
c) Fazer os regulamentos necessários à boa execução das leis; (…).
67
Contrariamente ao que decorria da Constituição aprovada em 2001, cujo art. 217/a referia competir ao
Governo, no exercício de função administrativas, “fazer os regulamentos necessários à boa execução das leis”.
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(iii) Governadores Civis – segundo a Lei n.º 4/97, de 2 de Dezembro, (Organização
Político-Administrativa do Território) o Governador de Região “pode elaborar regulamentos sobre
matérias das suas atribuições que não sejam objeto da lei ou regulamento geral de Administração
pública”, mas estes regulamentos “carecem de aprovação do Governo” (artigo 16.º/2 e 3). Ao
Governador de Região compete ainda aprovar o regulamento da secretaria dos sectores
administrativos – artigo 31.º.
d) Forma e formalidades
(i) Forma
68
A razão desta obrigatoriedade é para evitar que o Governo emita os regulamentos independentes recorrendo
aos regulamentos com formas menos exigentes, como é o caso de resoluções, despachos genéricos e portarias,
evitando assim a promulgação do Presidente da República.
69
Cfr. Filipe Falcão de Oliveira…
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Em relação às formas de regulamentos administrativos emitidos por órgãos das
autarquias locais, elas variam significativamente, sendo que os mais típicos são as posturas
(artigo 81.º/1, al. d do CAA). Para terminar, resta referir que as formas dos regulamentos dos
institutos públicos, das associações públicas e das entidades administrativas independentes
são reguladas pelas respetivas leis ou estatutos, não existindo forma especial para os
mesmos70.
O artigo 100.º do CPA prevê a necessidade de elaboração de uma nota justificativa antes
de aprovação do projeto do regulamento. Estes dois documentos constituem projeto de decisão
(artigo 85.º) para efeitos de audiência dos interessados (artigo 84.º) ou consulta pública. A nota
justificativa deve constar ainda do preâmbulo do regulamento em causa.
e) Invalidade
Os regulamentos inconstitucionais são nulos nos mesmos termos que são as leis
inconstitucionais.
Tanto os regulamentos que violem a lei ordinária, como os que violem os regulamentos
hierarquicamente superiores são igualmente nulos (artigo 106.º do CPA).
Assim, podemos concluir que temos um sistema de invalidade regulamentar que nem
sequer admite a mera anulabilidade do regulamento. Todos os regulamentos inválidos são
nulos, ou seja, não produzem qualquer efeito e são impugnáveis a todo o tempo (artigo
118.º/2).
f) Cessação de vigência
70
Freitas do Amaral, Curso…, II, cit., págs. 218-219.
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tutelares. A revogação, modificação e suspensão também podem ser operadas diretamente por
intervenção do legislador dirigida a tal fim71.
Caducidade
São casos em que o regulamento cessa automaticamente a sua vigência, por ocorrerem
determinados factos que ope legis produzem esse efeito jurídico. Por exemplo:
Se o regulamento for feito para vigorar durante certo período, decorrido esse
período o regulamento caduca;
Se forem transferidas as atribuições de pessoa coletiva para outra autoridade
administrativa, ou se cessar a competência regulamentar do órgão que fez o
regulamento (exceto se esta competência passar para um outro órgão da mesma
pessoa coletiva ou se uma pessoa coletiva é extinta mas outra lhe sucede por
determinação legal);
Se for revogada a lei que se destina a executar, caso esta não seja substituída por
outra.
Revogação
O regulamento também deixa de vigorar nos casos em que um ato voluntário dos
poderes públicos impõe a cessação total ou parcial dos seus efeitos. São eles:
71
Freitas do Amaral, Curso…, II, cit., pág. 224 e 225.
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Administração não pode contraditar o regulamento que ela própria elaborou, em casos
singulares, sem justificação material válida72.
Decisão contenciosa
72
Freitas do Amaral, Curso…, II, cit., págs. 225-227.
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2.5. Plano administrativo73
Noção
A heterogeneidade formal, ou seja, o plano pode assumir várias formas: lei, ato,
regulamento ou contrato.
Não existe um regime jurídico geral dos planos, o que seria impossível tendo em conta
a sua heterogeneidade formal. Assim, o regime jurídico varia em função da forma que o plano
em causa assume.
Por vezes, a lei estabelece regimes específicos de determinados planos diferentes dos
regimes dos restantes atos jurídicos aprovados sob idêntica forma.
73
MARCELO REBELO DE SOUSA e ANDRÉ SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo Geral: atividade administrativa,
Tomo III, 1.ª Edição, Lisboa, 2007, pp. 366 e ss.
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Frequentemente têm regimes particulares de revogabilidade, que visam evitar
situações de vazio de planeamento. Por exemplo, as vezes pode proibir a revogação
global, admitindo apenas a alteração, revisão ou suspensão;
Os moldes de relacionamento entre os planos nem sempre são dominados pela
estrita hierarquia, preocupa muitas vezes com a articulação horizontal. Assim, um
plano infraordenado pode prevalecer sobre um plano supraordenado.
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2.6. Operações materiais da Administração Pública74
A noção
Como já está assente, tradicionalmente, existem apenas três categorias de atos jurídicos
através dos quais a Administração exerce o seu poder administrativo: ato administrativo,
regulamentos e contratos administrativos.
Para FREITAS DO AMARAL, estão em causa quaisquer tipos de atuação física levada a
cabo pela Administração ou em seu nome ou por sua conta, para conservar ou modificar uma
dada situação de facto no mundo real.
As operações materiais têm por objeto uma atuação física do mundo real;
As operações materiais têm por fim conservar ou modificar uma dada situação de
facto;
As operações materiais são levadas a cabo por agentes da Administração pública
(por exemplo, polícias, militares, médicos, etc) ou por particulares que atuem em
nome ou por conta desta.
74
Cfr. FREITAS DO AMARAL, Curso do Direito Administrativo, Vol. II, 2.ª edição, 2.ª reimpressão, Coimbra, 2013, pp.
659 e ss e MARCELO REBELO DE SOUSA e ANDRÉ SALGADO DE MATOS, Direito Administrativo Geral: atividade
administrativa, Tomo III, 1.ª Edição, Lisboa, 2007, pp. 379 e ss.
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Os atos jurídicos de execução da Administração, por não serem atuações físicas do
mundo real;
As declarações negociais no âmbito da execução de contratos;
Os atos judiciais típicos de processo executivo, uma vez que não são órgãos do
poder executivo;
As operações materiais levadas a cabo por particulares que não atuem em nome ou
por conta da Administração Pública.
Entre as várias espécies das operações materiais vamos efetuar a classificação tendo em
conta os cinco critérios essenciais avançados pelo Professor Freitas do Amaral:
Algumas características:
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(i). As operações materiais devem sempre assentar numa habilitação legal própria
e desenvolver-se em obediência à lei e ao Direito, respeitando os atos ou
contratos que devam ser tidos em conta (exceto na situação de estado de
necessidade – artigo 4.º/3 do CPA);
(ii). As operações materiais só podem ser ordenadas e efetuadas pelos órgãos ou
agentes legalmente competentes para o efeito;
(iii). Tendo presente o princípio da separação dos poderes, os agentes da
Administração pública não podem imiscuir-se na resolução de conflitos entre
os particulares que careçam da intervenção do poder judicial, nem executar as
sentenças. Exceto com fundamento em requisição expressa da entidade judicial
ou regimes especiais;
(iv). Por força do princípio da proporcionalidade, os meios para a realização das
operações materiais não podem ser utilizadas para além do estritamente
necessário;
(v). A licitude de qualquer operação material depende ainda das “normas técnicas”
e das “regras de prudência comum” em função do tipo da operação material
em causa. Exemplo, ao conduzir deve ter em conta o Código da Estrada (lei), as
normas técnicas de “boa condução” e as regras de prudência, tais como os
cuidados especiais em caso de chuva, gelo, nevoeiro, nas curvas e lombas
perigosas.
(ii). Medidas policiais de ação direta. Estas medidas estão previstas nas legislações
das diversas forças policiais e de segurança e muitas vezes não são precedidas
de um ato administrativo e nem está previsto qualquer procedimento
administrativo a adotar. Exemplo, atuação de um agente para impedir a prática
de um crime;
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veículos, instalação e conservação de redes distribuidoras, ação medica ou
cirúrgica… estas atuações obedecem as “regras técnicas”.
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