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Compreensão oral e micro-habilidades linguísticas

A primeira distinção que se faz necessária é a diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é o processo
fisiológico no qual o som entra pelo o ouvido e chega como sinal até o cérebro, onde é processado.
Escutar supõe que o ouvinte realmente preste atenção ao que está ouvindo, discrimine qualquer som
de uma palavra e pense a respeito de seu significado.

O processo mental de compreensão oral ocorre quando escutamos uma mensagem e devemos extrair
a informação dessa mensagem com um objetivo (tomar notas em sala de aula, realizar um resumo ou
transcrição do que foi escutado etc.). Ocorre no cérebro um processo de construção cuja meta é chegar
a obter um significado, quer dizer, dar sentido ao que escutamos.

Para conseguir esta construção, precisamos interpretar aquilo que escutamos, e isto se consegue
colocando em uso diversas micro-habilidades linguísticas, que também podem ser treinadas e
melhoradas.

As micro-habilidades linguísticas são:

1. Reconhecer: consiste em identificar palavras, orações, parágrafos etc. como sons conhecidos,
discriminando-os dos sons que pertencem ao meio ambiente.

2. Selecionar: consiste em escolher quais daqueles elementos reconhecidos nos são úteis para o
objetivo que queremos cumprir.

3. Interpretar: consiste em dar significado aos elementos selecionados.

4. Antecipar: consiste em poder predizer qual será o rumo ou o sentido que tomará o discurso a
partir do que já conhecemos.

5. Inferir: consiste em sermos capazes de concluir a informação que não está explícita, a partir
daquilo que já é conhecido (por exemplo, a linguagem verbal mais a linguagem não verbal do
orador), podemos deduzir dados sobre o orador ou o contexto.

6. Reter: consiste em manter na memória de curto prazo (para dar sentido ao discurso) e depois
na de longo prazo (para utilizar essa informação posteriormente) a informação mais relevante do
discurso escutado, com o objetivo de convertê-la mais tarde em uma mensagem escrita.

O processo da escuta é ativo. Portanto, um bom ouvinte deve não só possuir essas micro-habilidades
linguísticas, mas também colocá-las em prática de maneira consciente, e ter uma atitude disposta a
escutar. Esta atitude se manifesta em prestar atenção, participar quando for necessário, informar se
não compreende ou apresentar dúvidas, respeitar os turnos para falar, preparar-se previamente para a
apresentação (reativando conhecimentos prévios e informando-se sobre a mesma, com a finalidade de
antecipar o discurso). 1

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Para treinar a capacidade de escutar, e a partir disso gerar qualquer texto escrito, temos as seguintes
estratégias:

a) Exercícios de mnemotécnica, como memorizar detalhes de uma história, de maneira a ampliar a


capacidade de memória.
b) Exercícios de fluidez verbal, como nomear palavras relativas a um conceito em um tempo
determinado, para ampliar o campo léxico.
c) Exercício de construção de histórias, como contar um conto a partir de um conceito inicial, para
aumentar o campo semântico.
d) Exercícios de identificação de erros, como contar uma história conhecida incorporando três
mentiras para que o ouvinte as identifique, com o objetivo de melhorar a discriminação,
informação e praticar a atenção sustentada no que se escuta.

Para finalizar, deixamos o decálogo para o ouvinte perfeito, proposto por André Conquet (1983):

Decálogo do bom ouvinte, do ouvinte perfeito.


a) Adotar uma atitude ativa.
b) Observar quem está falando.
c) Ser objetivo (Escutar o que está sendo dito).
d) Entrar na onda do orador. (Compreender suas mensagens e sua maneira de ver as coisas).
e) Descobrir primeiro a ideia principal daquilo que está sendo dito.
f) Descobrir os objetivos e propósitos do orador.
g) Avaliar a mensagem escutada.
h) Avaliar a intenção do orador.
i) Reagir à mensagem.
j) Falar quando o orador tiver terminado.

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