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Curativos na
DE EDUCAÇÃO
Atenção Primária
PERMANENTE à Saúde
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA
UNIDADE
Classificação
2
das lesões
As feridas podem ser classificadas quanto à causa, ao conteúdo microbiano, ao tipo de cica-
trização, ao grau de abertura e ao tempo de duração (SANTOS et al., 2011).
As lesões também podem ser classificadas quanto ao tipo de cicatrização (por primeira,
segunda ou terceira intenção), o que já foi discutido na aula anterior.
Quanto ao grau de abertura, como o próprio nome já indica, as feridas cujas bordas da pele
estão afastadas são consideradas abertas, e as com bordas da pele justapostas.
Como vimos anteriormente, as feridas ulcerativas podem ter diferentes etiologias e, para
entendermos melhor as características presentes em cada uma delas, você pode tomar
como base o quadro a seguir:
• Inspeção diária
• Elevação das
• Hidratação e pernas
lubrificação da
pele • Uso de meias • Controlar hiper-
com média com- tensão e diabetes • Controlar hiper- • Alívio periódico
• Monitoramento pressão
da sensibilidade • Elevar a cabeceira tensão, diabetes e de pressão
Prevenção obesidade
• Caminhadas da cama • Proteção de pro-
• Proteção na
Atividade da Vida • Exercícios para • Evitar • Reduzir fumo eminências ósseas
Diária (AVD) panturrilha traumatismos
Dor • Ausência de dor • Moderada • Aumenta com • Muito severa • Presente ou não
a elevação das
pernas
• Proeminências
• Perna ósseas
• Maléolo medial -Face pósterolá-
Localização • Superfície plan- • Calcanhar tero • 7 locais clássicos:
mais frequente tar • Terço distal da
• Dorso do pé e Sacral / Trocan-
perna -distal da perna
artelhos ters / Maléolos /
Calcâneos
• Borda circular
Assim, caro cursista, percebeu a diversidade de classificação das feridas? Por isso, é fun-
damental conhecer o aspecto de cada ferida com a finalidade de classificá-la e identificar a
melhor forma para tratá-la.
Quando caminhamos, mudamos de posição ou fazemos algum exercício físico que movi-
menta os membros inferiores, o músculo da panturrilha se contrai e comprime as veias
mais profundas, estimulando o fluxo sanguíneo em direção cefálica (DEALEY, 2008). Assim,
a chamada “bomba da panturrilha” usa a contração dos músculos da perna para bombear
sangue no sentido das extremidades para o coração, e as veias envolvidas neste mecanismo
possuem válvulas que garantem o fluxo unidirecional.
Fonte: <http://br.123rf.com/photo_14192059_desenho-para-mostrar
-a-a%C3%A7%C3%A3o-do-m%C3%BAsculo-da-panturrilha-no-bombeamento
-de-sangue-do-membro-inferior.html>. Acesso em: 15 dez. 2017.
Na hipertensão venosa surge um baixo fluxo e baixa perfusão nos capilares e acredita-se
que isso promoveria uma agregação de eritrócitos e leucócitos nos capilares, ocasionando
uma isquemia local, ou seja, menor suprimento sanguíneo, de oxigênio e de nutrientes para
os tecidos próximos. Mediante tais alterações, são liberadas citocinas, enzimas proteolíticas
e radicais livres pelos leucócitos que acarretam danos aos vasos (ALDUNATE et al., 2010).
1
ele com necrose gordurosa, presença de fibrose na pele e tecido subcutâneo, resultando em
P
endurecimento e acúmulo de hemossiderina (IRION, 2012, p. 105).
As pessoas com úlceras venosas (UV) costumam ter antecedentes pessoais de trombose
venosa profunda, flebite e veias varicosas, o que nos mostra a importância de realizar uma
entrevista detalhada no momento da visita ou atendimento na UBS. Ao exame físico pode
ser observado, no membro afetado, pele de coloração marrom e de temperatura morna
ao toque, com veias varicosas e eczema, e ao avaliar os níveis pressóricos dos membros
superiores e inferiores, identifica-se um ITB menor que 0,9; existe também queixa de edema
que costuma piorar ao fim do dia (DEALEY, 2008).
Vejamos um exemplo:
Essas lesões surgem como resultado da inadequada perfusão tecidual nos membros infe-
riores, ocasionada por algum bloqueio no suprimento arterial para essas extremidades.
A causa mais comum para essa redução de perfusão é a arteriosclerose, na qual o acúmulo
de placas de gordura diminui a luz do vaso, com consequente isquemia para o tecido circun-
dante e, consequentemente, necrose tecidual (DEALEY, 2008).
Pessoas com úlceras arteriais costumam apresentar os seguintes sinais e sintomas ao exa-
me físico: dor intensa, principalmente ao deambular, aliviada com repouso ou quando as
pernas ficam soltas na posição sentada; pernas frias, com aparência lustrosa e sem pelos;
a coloração das pernas tende a esbranquiçar quando elevadas e a ficar azulada quando
pendentes; pulsos pediais reduzidos ou ausentes; unhas do pé grossas e opacas; ITB menor
que 0,9. Esse tipo de úlcera pode aparecer em qualquer local da perna, sendo mais frequen-
tes nos artelhos, calcâneos ou região lateral da perna, com aparência perfurante podendo
envolver comprometimento de tecidos mais profundos (DEALEY, 2008).
Vejamos um exemplo:
Esse tipo de lesão, inicialmente, não costuma ser tratada no contexto da atenção primá-
ria, tendo em vista que surge como consequência de acidentes e outras situações que
requerem cuidado agudo e, portanto, são tratadas em serviços de urgência e emergência.
Entre estas estão as causadas por acidentes com Projétil de Arma de Fogo (PAF), picadas de
animais peçonhentos, abrasões, fraturas e queimaduras.
Essas últimas são feridas traumáticas causadas por agentes térmicos, químicos, elétricos ou
radioativos (CARTAXO et al., 2014).
Existem ainda aquelas lesões intencionais, produzidas durante o ato cirúrgico, por exem-
plo, para remoção de um tecido, órgão, corpo estranho ou correção de complicações de
variadas patologias.
Vejamos um exemplo:
Fonte: <http://www.scielo.br/img/revistas/rcbc/v44n1//0100
-6991-rcbc-44-01-00081-gf4.gif>. Acesso em: 15 dez. 2017.
Úlceras neuropáticas
Com isso, vemos que o mecanismo de surgimento dessas úlceras não é vascular, mas sim
mecânico (DEALEY, 2008). O conjunto de manifestações do chamado “pé diabético” será
detalhado na Unidade 3, na aula sobre Abordagem ao usuário com lesões nos membros
inferiores. Destaca-se também que as feridas classificadas como ulcerativas e ocasionadas
por pressão não serão detalhadas aqui, pois serão abordadas no conteúdo da próxima aula.
Vejamos um exemplo:
Fonte: <http://endocrinologiaelsalvador.com/wp-content/
uploads/2011/12/caso32.jpg>. Acesso em 15 dez. 2017.
Prezados, iremos dar início a mais uma aula do segundo módulo deste curso. Nesta aula,
versaremos sobre as lesões por pressão. Vamos conhecer um pouco mais desse universo
e relembrar nossa situação-problema?
A atuação da ESF envolve um cuidado que vai extrapolar os muros de uma unidade de
saúde e chega até o local onde vivem os usuários do Sistema Único de Saúde. Na situação
problema deste módulo, estamos acompanhando a história de duas pessoas que apre-
sentam diferentes lesões. Um deles, o Sr.Crispiniano, encontra-se acamado devido ao
agravamento de sua condição de saúde e, nesse ínterim, acabou por desenvolver uma lesão
ou úlcera por pressão.
E o que é ulcera por pressão? Úlcera por pressão consiste em “lesão localizada na pele e/ou
tecido subjacente, normalmente sobre uma proeminência óssea, que surge como resulta-
do da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de torção” (NPUAP, 2014, p. 12).
Tais lesões também podem aparecer em decorrência do uso de dispositivos, como son-
das, sistema de drenagem, cateteres e equipos, por exemplo. A tolerância do tecido mole
à pressão e ao cisalhamento pode também ser afetada por microclima, nutrição, perfusão,
comorbidades e por sua condição (NPUAP, 2016). Veja, a seguir, a pressão exercida sobre a
pele e o surgimento de lesão por pressão.
Embora tal situação aumente as chances de se desenvolver lesões, é importante deixar claro
que úlcera por pressão não é sinônimo de Dermatite Associada à Incontinência (DAI), posto
que essa pode ser caracterizada pela presença de eritema e edema na superfície da pele,
por vezes, em conjunto com bolhas de exsudato seroso, erosão ou infecção cutânea secun-
dária (ALVES et al., 2016).
Caros cursistas, até aqui estamos nos reportando às Úlceras por Pressão (UPP), no entanto,
no ano de 2016, o termo “úlcera” foi substituído por “lesão” e sua classificação em estágios
também passou por algumas mudanças, elaboradas pelo National Pressure Ulcer Advisory
Panel (NPUAP). Para o NPUAP, a expressão “lesão” descreve de forma mais precisa esse
acometimento, pois se aplica tanto para a pele intacta como para a pele ulcerada. Na nova
proposta, na nomenclatura dos estágios, passam a ser empregados algarismos arábicos ao
invés dos romanos (NPUAP, 2016). A sigla ficou conhecida como LPP (Lesão por Pressão).
<http://www.segurancadopaciente.com.br/noticia/
muda-terminologia-para-ulcera-por-pressao-confira/>
<http://www.sobest.org.br/textod/35>
<http://www.npuap.org/national-pressure-ulcer-advisory-panel-
npuap-announces-a-change-in-terminology-from-pressure-ulcer-
to-pressure-injury-and-updates-the-stages-of-pressure-injury/>
Assim, considerada a definição exposta, percebemos que algumas áreas se encontram mais
susceptíveis ao desenvolvimento desse tipo de lesões. A figura a seguir destaca os pontos do
nosso corpo que sofrem mais pressão quando nos encontramos na posição dorsal, observem:
As figuras apresentadas nos dão uma ideia da profundidade e dos tecidos comprometidos
em lesões que se encontram em diferentes estágios. Elas causam dor e sofrimento nas
pessoas acometidas por esse agravo e podem aparecer como consequência de diversas
situações de saúde pela influência de alguns fatores intrínsecos, como: mobilidade reduzida
ou imobilidade devido a internações prolongadas ou lesões causadas por quedas; deficiên-
cia sensorial; doenças graves; alteração do nível de consciência; extremos de idade; história
prévia de LPP; doença vascular; desnutrição e desidratação.
Sobre esse último aspecto, é importante destacar que medicamentos interferem nesse
processo para que seu uso seja feito com maior cautela entre usuários que estão se recupe-
rando de LPP (para revisar, veja o conteúdo da Unidade 1 deste módulo).
<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/03/
PROTOCOLO-ULCERA-POR-PRESS--O.pdf>.
<https://www.youtube.com/watch?v=4ZA37WcCNSQ>.
<http://www.npuap.org/wp-content/uploads/2016/04/Pressure-
Injury-Prevention-Points-2016.pdf>
Portanto, após assistir aos vídeos e fazer a leitura dos materiais complementares, é possível
perceber a importância da prevenção das lesões por pressão, objetivando promover a saú-
de e evitar prejuízos aos pacientes.
A seguir, apresentaremos a Escala de Braden para adultos, a qual é utilizada para identificar
o risco do paciente em desenvolver úlcera por pressão. Para tanto, segue a descrição de
algumas etapas.
Total de pontos
Fonte: <http://www.scielo.br/img/revistas/rbti/v22n2/
a12anx03.gif>. Acesso em: 15 dez. 2017.
Prezados, estamos finalizando a Aula 2 e também mais uma unidade de estudos deste
curso, em que conhecemos mais acerca das lesões por pressão.