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Teste de avaliação 1

Português, 12.º ano


(alunos ao abrigo do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro)

Fernando Pessoa – Poesia do Ortónimo

Utiliza apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.


Não é permitida a consulta de dicionário.
Não é permitido o uso de corretor. Deves riscar aquilo que pretendes que não seja classificado.
Para cada resposta, identifica o grupo e o item.
Apresenta as tuas respostas de forma legível.
Ao responderes, diferencia corretamente as maiúsculas das minúsculas.
Apresenta apenas uma resposta para cada item.
As cotações dos itens encontram-se no final dos mesmos.

Critérios gerais de classificação


• As respostas ilegíveis são classificadas com zero pontos.
• Em caso de omissão ou de engano na identificação de uma resposta, esta pode ser classificada
se for possível identificar inequivocamente o item a que diz respeito.
• Se for apresentada mais do que uma resposta ao mesmo item, só é classificada a resposta que
surgir em primeiro lugar.
• A classificação das provas nas quais se apresente, pelo menos, uma resposta escrita
integralmente em maiúsculas é sujeita a uma desvalorização de cinco pontos.

Fatores de desvalorização − correção linguística

Fatores de desvalorização Desvalorização (pontos)

• Erro inequívoco de pontuação


• Erro de ortografia
(incluindo erro de acentuação, uso indevido de letra
minúscula ou de letra maiúscula e erro de 1
translineação)
• Erro de morfologia
• Incumprimento das regras de citação de texto ou de
referência a título de uma obra

• Erro de sintaxe 2
• Impropriedade lexical

Encontros • Português, 12.º ano © Porto Editora


GRUPO I (100 PONTOS)

A
Lê o poema.

Madrugadas

Em toda a noite o sono não veio. Agora


Raia do fundo
Do horizonte, encoberta e fria, a manhã.
Que faço eu no mundo?
5 Nada que a noite acalme ou levante a aurora,
Coisa séria ou vã

Com olhos tontos da febre vã da vigília


Vejo com horror
O novo dia trazer-me o mesmo dia do fim
10 Do mundo e da dor –
Um dia igual aos outros, da eterna família
De serem assim.

Nem o símbolo ao menos vale, a significação


Da manhã que vem
15 Saindo lenta da própria essência da noite que era,
Para quem,
Por tantas vezes ter sempre ‘sperado em vão,
Já nada espera.

PESSOA, Fernando (2005). Poesia 1918-1930. Lisboa: Assírio & Alvim, pp. 99-100.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Identifica os momentos temporais representados na primeira estrofe. (10 pontos)


1.1. Caracteriza-os. (10 pontos)

2. Explicita a expressividade da interrogação retórica “Que faço eu no


mundo?” (v. 4). (20 pontos)

3. Identifica as razões do “horror” referido no verso 8, assinalando as respostas corretas.


(20 pontos)

medo dos acontecimentos passados e das vivências neles experimentadas.

certeza de que cada novo dia traz ao sujeito poético a mesma vivência que
desilude.
desejo de viver novas experiências e usufruir de momentos inesquecíveis.

cansaço devido à repetição constante de dias sempre iguais.

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B
Lê o soneto.

Com grandes esperanças já cantei

Com grandes esperanças já cantei,


com que os deuses no Olimpo conquistara;
despois vim a chorar, porque cantara;
e agora choro já, porque chorei.

5
Se cuido nas passadas que já dei,
custa-me esta lembrança só tão cara
que a dor de ver as mágoas, que passara,
tenho pola mor mágoa, que passei.

Pois logo, se está claro que um tormento


10 dá causa que outro n'alma se acrescente,
já nunca posso ter contentamento.

Mas esta fantasia se me mente?


Oh! ocioso e cego pensamento!
Ainda eu imagino em ser contente!

CAMÕES, Luís de (1994). Rimas. Coimbra: Almedina, p. 165.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

4. A partir dos versos 1 a 11, caracteriza o estado de espírito do sujeito poético face ao
momento presente. (10 pontos)

5. Refere os sentimentos vividos no segundo terceto, atendendo ao vocábulo “mas”


(v.12) e aos tipos de frase presentes. (10 pontos)

5.1. Identifica a função do segundo terceto na estrutura global do soneto. (20 pontos)

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(50 PONTOS)
G R U P O II

Fernando Pessoa – o Romance


Por uma feliz coincidência, acabei hoje de ler o livro Fernando Pessoa – o
Romance. Na verdade, faz hoje 80 anos que foi editado Mensagem, o único livro a
sério que Fernando Pessoa conseguiu publicar. Toda a sua vasta obra tem estado a
ser publicada ao longo das últimas décadas e há ainda muito material a ser
5 estudado, com vista à sua publicação. Além disso, ocorreu ontem, dia 30 de
novembro, o 79.º aniversário da morte deste grande poeta, filósofo e ensaísta, hoje um
dos maiores pilares da moderna literatura portuguesa.
Sónia Louro construiu uma narrativa verdadeiramente inovadora, ao
escrever um volume de mais de 400 páginas pela boca da própria
10 personagem e quase integralmente composta por textos da autoria do próprio
Fernando Pessoa. Mesmo quando não é texto escrito pela mão do poeta, bem
que o podia ter sido, porque a autora soube muito bem meter-se na pele dele, escrever como ele o faria e
construir uma trama com nexo e sequência. Soube muito bem contornar o risco que correu de estender
uma manta de retalhos composta por centenas de citações. É "o romance" de Fernando Pessoa, mas
15 quem de tal não estivesse informado, bem o consideraria uma autobiografia do poeta. Muito esotérica e
filosófica, na verdade, mas este era um traço da personalidade da personagem que a autora bem soube
captar.
Poderão alguns ter receio de se abalançar à leitura deste livro, temendo que seja um monólogo
comprido, enfadonho e cansativo. Garanto que não é. Para além da constante intromissão no monólogo
20 dos heterónimos que acompanharam Fernando Pessoa ao longo da sua vida (uns durante mais anos,
outros menos), a autora apresentou-nos passagens de diálogos e troca de ideias (até piropos) com os
heterónimos, especialmente o Engenheiro Álvaro de Campos, que o acompanhou até à hora da morte e o
ajudou a libertar-se do fardo da vida terrena.
Através da prosa de Sónia Louro, ficamos a conhecer a personalidade de Fernando Pessoa: a sua
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timidez mórbida, a sua dificuldade de relacionamento com os outros e de amar, o seu racionalismo, os
seus traumas, o seu receio constante de enlouquecer, a sua incapacidade de se dedicar a uma coisa de
cada vez, o que o impossibilitou de terminar aquilo que começava e mostrar ao mundo a sua
extraordinária produção literária. Sendo um desadaptado permanente, refugiou-se nas várias
personalidades que criou para si próprio, nas quais sublimava as suas frustrações. Porém, tal não foi
30 suficiente e, infelizmente, acabou refém do alcoolismo que apressou o fim dos seus dias. Tudo isto nos é
relatado neste livro com uma tal nitidez, que nós, leitores, quase acabamos a sentir-nos na pele de
Fernando Pessoa, a sofrer com ele e a querer levá-lo pela nossa mão, como criança que, no fundo, ele
nunca deixou de ser até à morte.
Podia salientar várias passagens que mais me marcaram, mas refiro somente a descrição da visita à
35 Quinta da Regaleira, uma narrativa de grande lirismo, com esoterismo, suspense e erotismo à mistura.
Verdadeiramente sublime.
Depois do que fica dito, penso não ser necessário recomendar a leitura deste livro, que considero o
melhor dos que li da autora.

BARATA, Sebastião, “Fernando Pessoa – o Romance”, 01-12-2014 [Em linha].


Blogue Segredo dos Livros [Consult. em 07-11-2016]

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Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

1. Este texto classifica-se como (5 pontos)


(A) relato de viagem. (B) artigo de opinião. (C) apreciação crítica.
2. O primeiro parágrafo é marcado pela abundância de deíticos (5 pontos)
(A) espaciais.
(B) pessoais de 2.ª pessoa.
(C) temporais.

3. De acordo com o autor, uma das mais-valias de Fernando Pessoa – O Romance é (5 pontos)
(A) ter sido publicado no 79.º aniversário da morte de Fernando Pessoa.
(B) consistir num monólogo enfadonho e repetitivo.
(C) construir um fio condutor narrativo a partir de citações de Pessoa.

4. A afirmação “Poderão alguns ter receio de se abalançar à leitura deste livro, temendo
que seja um monólogo comprido, enfadonho e cansativo” (ll. 18-19) (5 pontos)

(A) introduz um contra-argumento que será refutado de seguida.


(B) corresponde a um exemplo que ilustra o ponto de vista do autor.
(C) sintetiza a informação apresentada no parágrafo anterior.

5. O vocábulo “Porém” (l. 29) contribui para o estabelecimento da coesão (5 pontos)


(A) lexical. (B) gramatical frásica. (C) gramatical interfrásica.

6. O constituinte “várias passagens que mais me marcaram” (l. 34) desempenha a função
sintática de (5 pontos)
(A) sujeito. (B) predicado (C) complemento direto.

7. A oração “Sendo um desadaptado permanente” (l. 28) tem um valor


(A) causal. (B) temporal. (C) condicional.

8. Identifica o valor temporal veiculado no enunciado “Toda a sua vasta obra tem estado a
ser publicada ao longo das últimas décadas” (ll. 3-4). (5 pontos)

9. Justifica o uso das aspas a delimitar a expressão “o romance” (l. 15). (5 pontos)

10. Identifica o antecedente de “que” (l. 27). (5 pontos)

G R U P O III (50 PONTOS)

Redige uma síntese do texto “Fernando Pessoa – o Romance” (transcrito no Grupo B),
utilizando entre cento e cinquenta e duzentas palavras.
Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de cento e cinquenta e um máximo de duzentas
palavras –, há que atender ao seguinte:
• um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
• um texto com extensão inferior a sessenta palavras é classificado com zero pontos.

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