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FACULDADE NOSSA SENHORA DE LOURDES

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

JOAQUIM COLINS CARVALHO

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS

ANAJATUBA - MA
2019
JOAQUIM COLINS CARVALHO

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS


Monografia apresentada ao Curso
Educação Física Faculdade Nossa
Senhora De Lourdes como requisito
parcial para obtenção do título de
Graduação em Educação Física.
Orientador (a): Patrícia Santos
Especialista em: Gestão Educacional e
Educação Infantil; Educação Especial e
Comunicação Alternativa

ANAJATUBA - MA
2019
JOAQUIM COLINS CARVALHO

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS


Monografia apresentada ao Curso
Educação Física Faculdade Nossa
Senhora De Lourdes como requisito
parcial para obtenção do título de
Graduação em Educação Física

Monografia aprovada em ___/____/____

Data de entrega ____/____/_______

Resultado _____________________

________________________________________

Orientador

1° Examinador: ________________________________________________

2° Examinador: ________________________________________________
DEDICATÓRIA

A Deus pela infinita sabedoria concedida a mim.


A meus familiares pelo apoio e incentivo.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus que iluminou e cuidou de mim durante


essa caminhada; A minha mãe Cecilia de Carvalho Colins a meu pai Miguel de
Jesus Carvalho Colins
Apesar da escola não valorizar as
disciplinas de "artes" e "educação física",
o mundo está cheio de artistas e atletas.

Anderson C. Sandes
RESUMO

O presente estudo trata da análise das aulas de Educação Física, ministradas nas
escolas públicas. Tem por objetivo geral buscar informações para esclarecer
especificadamente ressaltando a importância da disciplina, tanto para o
desenvolvimento dos alunos quanto para a socialização dos educandos. Foram
analisadas as escolas de ensino fundamental públicas do Município, com
metodologia qualitativa. Ficou claro que se faz necessária a montagem de um plano
de trabalho junto às escolas para que a Educação Física possa ser valorizada e
explorada de forma satisfatória. Importa ressaltar que a atuação do profissional de
Educação Física nas escolas é muito importante, já que, este profissional possui
mais experiência prática e teórica para este trabalho e pode de uma forma mais
abrangente, colaborar para o pleno desenvolvimento infantil. Considerando a
dificuldade das escolas públicas em obterem recursos financeiros para aquisição de
materiais, quem realmente sai prejudicado são os alunos, que não possuem um
ambiente que favoreça a aprendizagem. Considerando a necessidade de se ter uma
estrutura física adequada para o desenvolvimento das aulas de Educação Física em
ambas as redes de ensino, e percebendo o crescente descaso com a educação na
política educacional do país, esse tema é de grande relevância.

Palavras-chave: Educação Física, disciplina, escolas, plano.


ABSTRACT

The present study deals with the analysis of Physical Education classes taught in
public schools. Its general purpose is to seek information to clarify specifically
highlighting the importance of the discipline, both for the development of students
and for the socialization of learners. The public primary schools of the Municipality,
with qualitative methodology, were analyzed. It became clear that it is necessary to
set up a work plan with schools so that physical education can be valued and
exploited satisfactorily. It is noteworthy that the performance of the professional
physical education in schools is very important, since this professional has more
theoretical and practical experience for this job and can in a more comprehensive
way, contribute to the full child development. Considering the difficulty of public
schools in obtaining financial resources to acquire materials, those who are really
disadvantaged are the students, who do not have an environment that favors
learning. Considering the need to have adequate physical structure for the
development of physical education classes in both school systems, and realizing the
increasing neglect of education in educational policy of the country, this issue is of
great importance.

Key words: Physical Education, discipline, schools, plan .


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................10
2 PROPOSTA COM UM NOVO FUNDAMENTO..................................................12
3 O LÚDICO COMO INSTRUMENTO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA..................16
4 A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ÁREA DE CONHECIMENTO............................20
5 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA...................................................................26
5.1 A importância da Educação Física............................................................27
6 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA..................................29
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................32
REFERÊNCIAS.......................................................................................................34
ANEXOS
10

INTRODUÇÃO

Atualmente, as escolas públicas do município de Anajatuba, ministram


educação física de forma independente, ou seja, cada escola monta seu plano de
aula e seu cronograma, não respeitando uma regra padronizada para tal atividade.
O objetivo desse estudo é analisar como são ministradas tais aulas e como
pode ser buscada uma forma de padronizar as aulas, trazendo para as escolas,
aulas mais bem elaboradas e com o objetivo de desenvolver fisicamente os
educandos. O foco do referente estudo foi analisar algumas escolas públicas,
municipais e estaduais, com uma visão geral sobre a forma que é ministrada a aula
de Educação Física. Analisando, nesse contexto, a legislação vigente e as opções
que o ensino público tem dentro dos parâmetros legais.
Frente ao processo inclusivo nas escolas, que busca cada vez mais integrar
toda a população estudantil em todas as disciplinas do currículo, incluindo a
Educação Física, determinado pela Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988 e lei 9394/96, foi estabelecida uma nova visão sobre a forma de agir e
pensar em educação.
É nesse contexto escolar que se pode vir a encontrar a educação física
como uma aliada ao desenvolvimento psicossocial do aluno. Para ser possível uma
colaboração visando um melhor esclarecimento, o presente artigo focaliza os
aspectos da educação física dentro do âmbito escolar infantil, dando ênfase ao
fator carga horária.
Sendo assim, começa-se pela verificação da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 que foi promulgada em 05 de outubro de 1988 a qual
estabelece através do Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto, Art.
205, que, A Educação, direito de todos e dever do estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (OLIVEIRA, 1995).
Neste mesmo Capítulo III, Seção III, o Art. 217, Inciso II, caracteriza como,
dever do estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, e como
direito de cada um e a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária
do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto
rendimento (SAVIANI, 1995, p. 98).
11

Dessa forma, é necessária uma atenção especial no momento de planejar a


carga horária das aulas de educação física na educação infantil. Conforme a visão
de Saviani, o Substitutivo Jorge Hage foi considerado positivo, pois,
[...] de início importa considerar que diferentemente da tradição brasileira em que
as reformas educacionais resultam de projetos invariavelmente de iniciativa do
Poder Executivo, neste caso a iniciativa se deu no interior da comunidade
(SAVIANI, 1998, p.57).
12

2 - PROPOSTA COM UM NOVO FUNDAMENTO

Essa proposta relaciona o movimento humano com a criação. O movimento é


considerado como linguagem que organiza, estrutura e manifesta o pensamento.
Essa manifestação não tem, necessariamente, que seguir o determinado
culturalmente. Pode expressar a descoberta do novo, questionando a cultura, mas
não a desprezando. Por isso, por se tratar de Educação Física Escolar, esse
componente curricular tem como especificidade e objeto de estudo a cultura
corporal do movimento.
O movimento humano pertence a um processo mental, ou seja, pode ser
percebido e interpretado pelo cérebro em nível cortical, que é o nível conhecido
pelo homem como o mais refinado do pensamento. Para ter mais significado, antes
de executado, deve ser pensado. Portanto, o sujeito deve ser desafiado, inquietado
em seu conhecimento e buscar uma solução para esse conflito.
Partindo desse pressuposto, essa especificidade objetiva desenvolver a
motricidade do sujeito por meio de atividades desafiadoras, favorecendo o
conhecimento do corpo e suas possibilidades motoras, potencializando lhe em
suas habilidades e competências, para poder solucionar problemas, antecipar,
tomar decisões, interagindo com o meio no sentido de melhorar sua qualidade de
vida.
A linguagem motora desenvolve estruturas, esquemas e imagens mentais,
favorecendo a capacidade representativa do sujeito. A manifestação desses
esquemas estruturados o leva à tomada de consciência. Com isso, estará na
condição de firmar sua identidade, respeitando e evitando agressões no seu
próprio corpo, tão comum nos dias de hoje.
Um corpo bem conhecido e respeitado pode buscar, na relação com outros
corpos, o respeito mútuo, valor tão necessário para a boa convivência humana.
Além disso, firmando-se a identidade, é possível chegar-se à autonomia. Com
essas conquistas o sujeito desenvolve sua autoestima e interage com segurança,
agindo sobre o mundo. Para Piaget (1982), a tendência construtivista, na qual se
acredita, é que as estruturas vão sendo gradualmente construídas com base na
forma ativa, na qual os indivíduos lidam com o meio ambiente.
O corpo humano é rico por seus antagonismos (musculatura antagônica) e
por suas alternâncias (padrão motor alternado cruzado). Portando, as
13

possibilidades motoras são inúmeras. É necessário oferecer oportunidades para


que essa riqueza motora se concretize.
Para Freire.
As variações das atividades motoras existem para que os esquemas
motores mentais sejam utilizados de formas diversas. A repetição
exaustiva de uma única situação não constitui estímulo para o
desenvolvimento.
A motricidade humana em questão relaciona-se diretamente com os
aspectos do desenvolvimento ( motor, afetivo, cognitivo e social ). (Freire
1992. p, 34)

Para se apropriar de algo, o sujeito tem que ser afetado, ou seja, o objeto de
estudo tem que ser significante. Deve haver um envolvimento afetivo para que ele
seja realmente incorporado. O envolver-se afetivamente sugere o aspecto
emocional despertado. O objeto de conhecimento deverá ser desejado, sonhado.
Por meio do sonho, do desejo, o conhecimento é assimilado, percebido,
interpretado e incorporado. Ganha um significado maior. O processo deverá ser
prazeroso. O conhecimento incorporado relaciona-se com o já anteriormente
conhecido, possibilitando uma cognição maior. Toda vez que se estabelece
relações, o cognitivo é favorecido, oportunizando o conhecimento novo.
Para que as relações sejam estabelecidas, é necessário diversificar nos atributos
dos materiais ( cor, forma, tamanho, volume, peso, textura, etc. ), nas
possibilidades corporais e nas possibilidades motoras. A cognição não sobrevive
sem o estabelecimento de relações.
As relações sociais são complexas, pois os indivíduos são diferentes. Cada
um de nós tem uma singularidade, os conflitos são constantes. Podemos buscar
soluções por meio do diálogo. Para se dialogar é preciso descentrar, ou seja,
superar o egocentrismo, considerando o ponto de vista do outro. Do diálogo vem a
dialética, a dialógica e o conhecimento novo. Outro aspecto fundamental é a
condição simbólica do ser humano.
Essa qualidade que nos é peculiar, chamamos de função semiótica. As
interações são estruturadas em imagem mental, podendo ser representadas nas
diversas linguagens. O símbolo é o pensamento qualificado que pode ser
manifestado de forma criativa somado com a imaginação. A busca do novo, a
descoberta e o fazer diferente constituem o processo da construção simbólica e da
linguagem artística. A construção simbólica tem como suporte as hipóteses e as
ideias.
14

Torna o sujeito protagonista e mais participativo. Que o movimento construa a


imagem mental, favorecendo a representação simbólica. Que se invista na imagem
do ser humano, possibilitando-lhe oportunidades para agir sobre o objeto de
conhecimento, por meio de suas construções simbólicas. O ser, movimentando-se
com imaginação, manifesta o seu conhecimento com criação.
Para Sérgio (1989), cabe-nos o dever não só de refletir sobre novas ideias,
mas sobre o modo de transmiti-las e uni-las a uma prática incessante e a uma
cultura onde, da motricidade se chega à espontaneidade, à imaginação e a
criatividade.
Para Tani (1988, p 54), pode-se dizer que:
O humano tem a capacidade de representar o próprio ambiente em sua
mente, tornando-o inteligível e sendo capaz de abstrair a sua realidade e ir
muito além dela. Seguindo a concepção progressista do conhecimento, a
prática educativa voltada à motricidade humana sugere negar a
reprodução do modelo e o ato mecânico. A ideia é levar ao aprendizado
por meio da descoberta e da criação, relacionando o movimento com o
pensamento.

A estratégia a ser utilizada é o questionamento e a problematização sobre a


motricidade, partindo do conhecimento prévio, buscando o fazer diferente. Os
desafios motores motivam a prática educativa e levam o educando a buscar
soluções. Conhecer o corpo, saber de suas possibilidades motoras propicia o agir
sobre o objeto de conhecimento, estimulando a imaginação, estruturando em
imagem mental o objeto e algo mais (novo), relacionando a esse objeto. Essas
imagens estruturadas poderão ser representadas nas diferentes linguagens.
Como elas manifestam o novo além do objeto, podemos considerá-las como
expressividade criativa. Portanto, por meio dos desafios motores, agindo sobre o
objeto de conhecimento, usando a imaginação, construindo simbolicamente,
chega-se à expressividade criativa. Esta é a relação que se pretende estabelecer
com a motricidade e a arte.
Interagir com o mundo, agindo sobre ele, possibilita-se a construção do real,
com noções do espaço, tempo e causalidade, ou seja, quais são as causas dos
fenômenos. Relaciona-se com objetos, adquirindo-se noções de textura, peso,
volume, cor, tamanho, forma, do tridimensional (altura, largura e espessura). O
contato com o tridimensional do objeto é fundamental para futuras representações,
que podem ser tridimensionais (escultura, por exemplo), ou bidimensionais
(desenho, por exemplo).
15

Para se representar é necessária a exploração do concreto. Sem a noção do


concreto, não se pode projetar abstrações. É importante saber dos atributos que os
objetos proporcionam. Nas relações desses atributos, se forma um conhecimento
mais consistente. Relacionando-se com pessoas, percebe-se a espécie humana e
a singularidade dos indivíduos. A diferença é geradora de inquietações humanas e
dos conflitos, que podem ser solucionados pelo diálogo.
É necessário descentrar, considerar o ponto de vista do outro para o diálogo,
para a dialética, para a dialógica e o conhecimento novo. Essas relações sociais só
se garantem com o respeito mútuo. Essas interações são afetadas por imagens e,
por meio da sensibilidade, pode-se percebê-las e interpretá-las, adicionando-se a
elas a imaginação, tendo ideias e construindo-se hipóteses sobre o mundo.
Ele é o nosso espaço de convivência, onde podemos construir e criar novas
culturas, sem desconsiderar as já construídas. O homem é sujeito do mundo, deve
respeitá-lo, entender sua realidade, mas não necessariamente segui-la. Tem, pela
sua natureza, a possibilidade de imaginar, de criar. Cabe, a quem educa,
oportunizar ao homem o seu poder imaginário, para que se tenha condições de
transformar o real em função do bem comum.
O movimento humano enquanto linguagem, além de estruturar, organizar e
manifestar o pensamento, é a primeira linguagem que estrutura as outras (oral,
gráfica, gestual, artística). Sendo assim, a língua que representa a comunicação
oral e escrita, que tem os seus aspectos formais respeitados no uso da gramática e
em seu valor semântico, pode ser expressa de forma artística, por meio da poesia
e enquanto linguagem pode ser representada como linguagem gráfica, incluindo o
desenho e a pintura, gestual dança e arte cênica e tridimensional (escultura), tendo
uma outa conotação com mais significado.
A linguagem motora se estrutura na sua relação com o desenvolvimento
motor e aprendizagem motora. No desenvolvimento motor considerando as
capacidades perceptivas (relacionadas aos sentidos) e físicas (força, flexibilidade,
resistência, ritmo, velocidade, coordenação motora e equilíbrio) e na aprendizagem
motora considerando as habilidades básicas e específicas.
O educador deverá oportunizar o desenvolvimento das capacidades físicas e
perceptivas para a aquisição de habilidades básicas e específicas. Se as
oportunidades oferecidas forem desafiadoras a habilidade do pensamento será
favorecida em conjunto com a expressividade criativa.
16

3 – O LÚDICO COMO INSTRUMENTO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA

O lúdico é o instrumento que a Educação Física Escolar tem para atingir essa
meta. A proposta desse estudo acredita na ludicidade da brincadeira, do jogo, do
esporte e em qualquer outro conteúdo, que contenha a competição pela
competência compartilhada e cooperativa, sendo elaborada por regras de
construção coletiva. 
Para Piaget (1985), o jogo é um caso típico de condutas negligenciadas pela
escola tradicional. Dado o fato de permanecerem destituídas de significado
funcional. Para a pedagogia corrente, é apenas um descaso ou um desgaste de um
excedente de energia. Mas esta visão simplista não explica a importância que as
crianças atribuem aos seus jogos e muito menos à forma constante de que se
revestem os jogos infantis, simbolismo ou ficção, por exemplo.
O jogo evolui com o desenvolvimento da criança (sensório motor, simbólico,
de construção e de regras) Para Freire (1992), o jogo simbólico é um espaço onde
se podem resolver conflitos e realizar desejos que não foram possíveis em
situações não lúdicas, ou seja, no jogo simbólico pode-se fazer de conta aquilo que
na realidade não foi possível.
Aos seis anos mais ou menos, por meio de suas ações interiorizadas, a
criança desenvolve jogos de construção, garantindo o aspecto operativo do
conhecimento. No período seguinte, em função de suas relações sociais, organiza
e constrói jogos de regras.
Para Piaget (1978), a regra é uma regularidade imposta pelo grupo e de tal
sorte que sua violação representa uma falta. O jogo é um instrumento rico que
pode ser utilizado em todas as fases do desenvolvimento humano, desde o período
sensório motor até o período formal. Deve ser aplicado sempre, respeitando as
características de cada fase.
Todo aprendizado pode ser lúdico, tratando o objeto de conhecimento com
um brinquedo instrumento de brincadeira, transformando-se em jogo de regras,
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necessário para a boa convivência humana. O próprio corpo apresenta ludicidade,


pelas suas possibilidades motoras. Podemos ter o jogo em todas as práticas
educativas: o jogo do corpo, o jogo da bola, o jogo das palavras, o jogo das letras,
o jogo dos sons, o jogo das representações, o jogo das intenções, etc.
A vida é um jogo, que se bem jogado, respeitando-se as condições de seus
participantes, favorece a evolução humana. Na escola, o jogo é sinônimo de aula
de Educação Física e geralmente é desenvolvido dentro da linha esportiva. Essa
ideia pode ser ampliada não só nessa área do conhecimento, mas nas outras
disciplinas também.
Se, no projeto da unidade escolar tiver o lúdico, como instrumento que
favorece o aprendizado em todas as disciplinas, a escola será mais interessante,
os conteúdos serão mais envolventes e cativantes e os alunos serão mais
participativos, ou seja, passarão a gostar de frequentar a escola.
O lúdico pode ser instrumento de articulação das áreas de conhecimento,
promovendo a transdisciplinar idade.
O jogo ajuda a desenvolver as dimensões humanas, considerando o todo do
sujeito (motor, cognitivo, afetivo e social), pois o ser humano não é fragmentado.
Somos partidários da expressividade criativa. Para que isso ocorra, o objeto de
conhecimento deverá se significante, ou seja, despertar interesse envolvendo e
afetando o receptor. Para ser significante, é necessário ter um caráter lúdico, como
um brinquedo.
Mas, somente isso não basta. É fundamental, além do objeto de
conhecimento despertar interesse, que o emissor provoque inquietações e
desequilíbrios. O receptor nesse contexto, além de perceber e interpretar, irá
buscar, por meio de sua imaginação, soluções para essas inquietações, ou seja,
entrar em um processo de construção simbólica. Com isso, na sua expressão,
literalmente irá substituir uma coisa por outra, ou seja, criará algo novo na sua
representação. Dará significado para o que foi processado, garantindo-lhe um
princípio estético.
Portanto, para se chegar ao significado, é necessário se iniciar com o
significante, passando por um processo perceptivo, interpretativo e imaginário. 
Nessa perspectiva, a condição simbólica da espécie humana será contemplada. O
ser humano não nasceu para reproduzir e sim para criar. Não pode ser manipulado
e nem manipular. O homem deve ter liberdade de pensamento. Suas
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manifestações devem ser repletas de expressividade criativa. Todos somos artistas


e criadores por natureza.
Essa condição deve ser respeitada e alimentada por todas as instituições. A
construção simbólica em momento algum poderá ser violentada. Nossa inteligência
não é prática. O adestramento não cabe mais em nossos princípios. O princípio
estético terá que ser colocado num plano superior, a ponto de poder reger com
maestria os demais princípios e valores humanos.
Em contato com as imagens do meio escolar, o educando vai significando o seu
conhecimento. Entre essas imagens, estão as letras e os números, que são signos
determinados culturalmente.
A comunidade escolar tem uma grande preocupação em relação à
alfabetização no sentido restrito, ou seja, da leitura e da escrita. Com isso, todo
trabalho desenvolvido nas unidades escolares está voltado para esse fim,
sujeitando-se a um modelo linear aprisionado em fases de desenvolvimento da
leitura e da escrita.
Nos dias de hoje, em que a quantidade de interpretações é imensa e intensa,
fazendo com que os sujeitos sejam influenciados por imagens de várias fontes,
consideramos ser muito pobre e simplista essa estratégia de atendimento. Sendo
assim, os alunos são mais contemplados fora das unidades escolares, do que no
interior delas.
É fundamental repensarmos essa postura, e passar a considerar o aluno
como alguém que possui linguagens além das voltadas para a leitura e para a
escrita. Somos partidários ao processo de alfabetização de corpo todo, no qual a
linguagem motora organiza e estrutura o pensamento, no propósito da construção
simbólica já citada anteriormente. Considerando esse processo, o aluno poderá
manifestar o seu pensamento por meio da representação nas diversas linguagens
(oral, gráfica, motora) de forma artística, com expressividade criativa no desenho,
na pintura, na literatura, na escultura, na dança, na música, na expressão cênica,
etc.
Nessa perspectiva de alfabetização de corpo todo, o aluno será contemplado
nas suas necessidades de linguagem. Todas as imagens percebidas, dentro e fora
da unidade escolar, serão referência para as intenções de seus educadores.
Para Piaget (1971 p, 37):
As regras sobre bolinha de gude, são regras com suas sobreposições e
suas exceções. São, sem dúvida, tão complexas quanto as regras da
ortografia corrente. A esse respeito, sentimos certo vexame ao comprovar
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a dificuldade com que a pedagogia clássica luta para fazer penetrar a


ortografia em cabeças que assimilam, com tanta facilidade, o conteúdo
mnemônico inerente ao jogo das bolinhas: é que a memória depende da
atividade, e uma verdadeira atividade supõe interesse.

A mídia exerce relevante influência na formação das pessoas. A escola não


pode tê-la como adversária, e sim como parceira. Os meios de comunicação são
fontes que exercem um certo peso, não podendo, em hipótese alguma, serem
descartados. Devem ser levados à escola para um questionamento reflexivo. Mais
especificamente, na evolução da escrita, é preciso considerar todas as
experimentações, de todas as fontes, de todas as práticas, principalmente as
experimentações práticas provenientes do concreto tridimensional.
A representação gráfica, que é bidimensional, se inicia a partir do ponto, do
traçado, do rabisco, da garatuja, do desenho e dos códigos ou signos determinados
culturalmente (letras e números). Se o processo for elaborado com construção
simbólica, a escrita evolui da letra para a palavra, para a frase, para o texto, para a
prosa e para a poesia. É possível chegar, nesse processo de construção, por meio
do registro gráfico, à produção poética com significado estético.
Considerando todas essas ideias, a motricidade humana com construção
simbólica conduz o educando à sua expressividade artística e alimenta a arte
educação. A arte educação, por esse ponto de vista, é a solução para os
problemas escolares. Hoje, o aluno frequenta a escola por obrigação. Torce para
não haver aula. Quando aprende é por necessidade e não por prazer.
A disposição da sala de aula sugere o professor que discursa e o aluno que houve.
Desmotivado, o aluno não aprende, não se concentra, fica ocioso nos
pensamentos, muda seu comportamento, gerando indisciplina. Nesse quadro, o
professor não ensina e o aluno não aprende. Se mudarmos a postura, o com que o
aluno participe mais, sendo despertado na sua imaginação e criação, oferecendo-
lhe uma diversidade de situações e de espaços, provocando-lhe em sua
expressividade criativa nas diversas linguagens, as aulas serão mais prazerosas,
motivando o aluno em suas ideias, nos seus pensamentos e nas suas hipóteses.
A linguagem motora e os desafios motores são base para a expressividade
criativa da arte educação. O aluno, nesse contexto, é o maior protagonista, sua
aprendizagem será participativa em ambientes educativos favoráveis.
Que cada ambiente educativo se transforme em um ateliê de arte. Todas as áreas
do conhecimento poderão ser desenvolvidas, articuladas à arte educação.
Sendo assim, a escola seria um atrativo de construção de sabedoria tão necessária
20

para se poder entender e participar das coisas do universo. 

4 – A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ÁREA DE CONHECIMENTO

O mundo que vivemos sofre constantes transformações. Sociedades se


modificam à medida que os valores são alterados de acordo com a evolução dos
tempos. Tornando-se necessário que o ser humano esteja constantemente se
aperfeiçoando como indivíduo e como ser social para poder se inter-relacionar com
esse mundo transitório, em todos os aspectos de caráter sócio-político-econômico-
cultural, buscando dessa forma melhorar sua qualidade de vida, fator mais
essencial à sua humanização.
De acordo com essa dinâmica evolutiva, podemos considerar a Educação
física como área do conhecimento e como elementos fundamentais no processo de
desenvolvimento do homem. O ato de aprender está disciplina não se limita apenas
a execução mecânica do exercício motor, mas constitui-se em atividade
relacionada ao cotidiano da criança, à ludicidade e ao lazer.
Considerando que a criança se apropria de noções de conhecimento à
medida que age, observa e se relaciona com o mundo, é enfrentando desafios e na
troca constante de informações com outras crianças e com os adultos que ela se
desenvolve. Para garantir a afetividade no desenvolvimento infantil, a busca da
autoconfiança, da livre expressão e da iniciativa é necessário lembrar e valorizar na
criança uma autoimagem positiva, fazendo um trabalho de aceitação e convivência
com as inúmeras diferenças existentes, entre os mais variados grupos de suas
relações sociais.
Cabe ao professor ajudar a criança criando situações que possam gerar
desafios e desequilíbrios auxiliando-os na ação consciente e checar as hipóteses
sem jamais pretender substituir a sua verdade pela verdade do adulto, pois ensinar
educação física passa por um ato dialógico, em que o aluno e o professor traçam e
criam metas compatíveis para objetivos comuns.
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A infância é a idade do lazer por excelência. O tempo totalmente liberado faz


com que a criança desenvolva a especialidade de brincar, exceto durante o período
escolar. As tendências administrativas atuais, bem como a informalização de
serviços, nos alertam para um provável aumento do tempo livre, ou seja, o tempo
disponível para outras atividades as quais acreditamos que o ser humano ainda
não está preparado a realizar, pois praticamente passa os melhores anos de sua
vida trabalhando.
Desta forma, que a função educativa do lazer, considera muitas vezes uma
atividade não prioritária, é necessidade humana. O lazer e suas características são:
a espontaneidade, a ludicidade, a livre escolha e o caráter relativamente
desinteressado, deve ser incorporado ao cotidiano da criança tornando-se um
espaço privilegiado para a aquisição de informações e conhecimentos, e para a
vivencia da cultura, constituindo-se em importante caminho para o crescimento
pessoal e social do indivíduo.
A educação física na vida escolar está muitas vezes desvinculada da
realidade da criança, que necessita, principalmente nos anos iniciais, tempo para
brincar e aprender brincando, o que será sempre mais prazeroso e enriquecedor.
É preciso buscar e promover a educação para o lazer, através da brincadeira e da
alegria, considerando o vasto conhecimento da cultura infantil.
É necessário superar barreiras e preconceitos, descobrindo habilidades e
belezas, equilibrando eficiência e eficácia e vivenciando relações espaciais e
temporais, e desta forma, favorecendo o autoconhecimento, sempre em busca da
felicidade e da cidadania. O grande desafio da educação física é proporcionar ao
educando o conhecimento do seu corpo, usando-o como instrumento de expressão
e satisfação de suas necessidades, respeitando suas experiências anteriores e
dando-lhe condições de adquirir e criar novas formas de movimento. 
Esta disciplina deve associar o corpo, a emoção, a consciência, a busca do
prazer, fazendo o aluno sentir-se bem com o seu corpo no tempo e no espaço.
O docente é um agente transformador em potencial. Tendo como exemplo a
ansiedade e a expectativa com que os alunos esperam pelas aulas. Cabe a ele,
refletir conscientemente sobre a melhor maneira de utilizar está motivação natural
para oferecer aos seus alunos reais possibilidades de aprendizagem.
As experiências vividas pelo aluno devem servir como ponto de partida para a
aquisição de novos conhecimentos mais elaborados. Segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais de 1997 (PCNS) o trabalho de Educação Física nas séries
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iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem


desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de
atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com a
finalidade de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções.
De acordo com Rosamilha (1979) no Edital nº 20 de 04/04/61, da cidade do
Rio de Janeiro, tomamos o conhecimento que:
“À educação física nas escolas primárias terá por fim (...) promover por
meio de atividades físicas adequadas o desenvolvimento integral da
criança, permitindo que cada uma atinja o máximo da sua capacidade
física e mental, contribuindo na formação de sua personalidade e
integração no meio social (...) (p. 74).”

Desta maneira percebe-se que a Educação Física tem como objetivo


oportunizar ao educando a multiplicidade de suas possibilidades cinéticas,
ampliando o seu mundo. Mas além de exercícios físicos ela é uma educação que
através de atividades busca cumprir seus objetivos educacionais. 
Os PCNS de 1997 nos colocam também que a prática da Educação Física na
escola poderá favorecer a autonomia do aluno para monitorar as próprias
atividades, regulando o esforço, traçando metas, regulando o esforço, traçando
metas, conhecendo as potencialidades e limitações, sabendo distinguir situações
de trabalho corporal que podem ser prejudiciais à saúde.
“Em oposição a uma Educação Física mantenedora do “Status quo” propõe-se uma
ação onde seja o agente ativo da construção de sua história pela sua ação
consciente” (Padrão Referencial de Currículo p. 102).
Propor ao aluno uma participação ativa no próprio aprendizado, a pesquisa
em grupo, a experimentação e atividades que estimulem o raciocínio, contribuindo
no processo de resgate de uma Educação Física inserida no contexto escolar,
como uma prática social, alicerçada na participação coletiva, que promova
autonomia, criatividade e socialização, e não apenas como um componente, que
desenvolve sua atividade fora da sala de aula.
A educação física consiste no desenvolvimento orgânico e funcional da
criança, procurando, através de atividades físicas, melhorar os fatores de
coordenação e execução de movimentos. Para atingir este objetivo, Barros e
Barros (1972, p. 16) falam que:
“As atividades de correr, saltar, arremessar, trepar, pendurar-se, equilibrar-
se, levantar e transportar, puxar, empurrar, saltitar, girar, pula corda,
permitem a descarga da agressividade, estimulam a auto expressão,
concorrem para a manutenção da saúde, favorecem o crescimento,
previnem e corrigem os defeitos de atitude e boa postura”.
23

Assim fica claro a importância que o professor de Educação física tem em


proporcionar aos alunos atividades cuja caracterização permita aos mesmos uma
movimentação constante e de exploração máxima do ambiente. É evidente que
estas atividades devem ser adequadas ao estado de desenvolvimento de cada
criança para assim fazer com que os movimentos sejam próprios do seu grau de
desenvolvimento morfofisiológico, o que contribui de maneira significativa para o
avanço orgânico e funcional dos alunos em cada etapa da sua vida escolar.
De Marco (1995 p.77) salienta que a Educação Física também deve ser: “(...)
um espaço educativo privilegiado para promover as relações interpessoais, a
autoestima e a autoconfiança valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de
fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais (...)”.
Considerando o exposto acima percebe-se a importância que esta disciplina
tem na educação do indivíduo e o quanto é necessário pensar em atividades as
quais possam desenvolver as habilidades dos alunos almejando superar as suas
limitações.
A Educação Física assume um papel extremamente significativo, pois é
através do brincar que a criança explora seu corpo, interage com outros corpos e
desenvolve seu crescimento cognitivo, afetivo e motor.
De acordo com (Gullardo, 2003, p. 33):
“... as atividades lúdicas encantam as crianças, pois o brincar é o estimulo
que a criança recebe, colocando espontaneamente em ação os seus
movimentos, e explorando intensamente seu potencial motriz, realizando
assim novas descobertas de movimentos que consegue executar”. 

Constata-se com isso, que é importante favorecer a criança um ambiente que


possibilite a ampliação do conhecimento acerca de si mesma e do meio que vive.
Assim, o educador responsável pela transmissão da cultura, deve estar atento aos
estágios em que se encontram seus alunos.
O movimento, segundo Neiva (2003) é mais que o deslocamento do corpo no
espaço, ele se apresenta como linguagem que permite a ação da criança sobre o
meio físico e sua atuação sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por
meio de seu teor expressivo.
“Assim, ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças se
aproximam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas. Neste sentido,
as instituições educacionais devem favorecer um ambiente físico e social onde a
criança se sinta estimulada e segura para arriscar-se a vencer desafios”. (Neiva,
2003 p. 115).
24

O movimento precisa ser trabalhado de uma maneira que desenvolva o


indivíduo integralmente, para que a criança possa conhecer a si própria, testar seus
limites, modificar seus gestos, compreender a função de seus movimentos que a
auxiliam a superar suas dificuldades. Por isso é indispensável que os professores
realizem um trabalho consciente, para que passe a valorizar essa área,
principalmente se acredite efetivamente na sua importância. 
A educação física é uma disciplina que pode contribuir muito para o
desenvolvimento integral da criança. Com atividades prazerosas, ela proporciona à
criança a oportunidade de interagir com objetos, com pessoas e situações que
estão preparando-a para sua vida em sociedade. O movimento humano permite as
crianças agirem sobre o meio físico e expressarem sentimentos, emoções e
pensamentos, sendo este, também o principal objeto de estudo da Educação
Física. 
A sistematização dos conteúdos deve considerar as características de
maturação as diferenças individuais, as necessidades e os interesses do aluno,
sendo desenvolvidos em um ambiente lúdico onde a liberdade de expressão, a
oportunidade de reflexão, discussão e questionamentos, o trabalho em equipe
estejam garantidos, e que o aluno possa, por meio do movimento, se relacionar
com o seu próprio corpo, com o outro e com o meio social. 
Esta disciplina é capaz de influenciar direta e favoravelmente na formação
integral do indivíduo. Na sociedade atual, é atribuído ao movimento humano uma
importância fundamental no cotidiano das pessoas, sendo valorizado da mesma
forma, nas diferentes faixas etárias. Assim, desde a infância é imprescindível que o
conhecimento do corpo seja trabalhado.
Através da estruturação do esquema corporal, a criança vai conhecer o seu
corpo, identificar suas partes e sua relação com o espaço e os objetos, aprendendo
a dominá-lo, fazendo com que seja um ponto de referência estável e servindo como
base para toda a sua aprendizagem.
Ao observar crianças antes e após aulas de educação física, os resultados
evidenciaram que houve uma evolução no desenvolvimento do esquema corporal
das mesmas, demonstrando que passaram a identificar as partes do seu próprio
corpo, reconhecendo-as nas outras pessoas, desencadeando maior definição na
lateralidade e apresentando um maior equilíbrio corporal.
Desta forma, a educação física mostrou-se de fundamental importância para o
desenvolvimento integral da criança, sendo responsabilidade do profissional
25

valorizá-la no contexto educacional, garantindo seu espaço na sociedade. No


decorrer do desenvolvimento a criança passa por vários processos de socialização,
onde é submetida a fatores socialmente determinados por um grupo, capazes de
influir na sua conduta dentro desse grupo, habilitando-o a tornar-se um ser social.
As crianças aprendem por imitação e durante as interações sociais podem
modificar seu comportamento como resultado do modo como as pessoas do grupo
estão reagindo. Um grande problema de desenvolvimento para a criança é o
controle do comportamento agressivo que é amplamente trabalhado através de
jogos e brincadeiras, nas quais nem sempre é o esperado pelo indivíduo o que o
faz reagir de maneira agressiva e que deve ser muito trabalhado pelo professor,
pois, é nestes momentos que a criança aprende a diferenciar o certo do errado.
A educação física tem sido atribuída funções diversas que abrangem um
leque que vai da educação à saúde. Atualmente deparamo-nos com uma
população sedentária, fruto da modernização tecnológica, que ao mesmo tempo
em que traz conforto as pessoas tiram os espaços para a prática de atividades
físicas, restringindo os seus movimentos. Como o movimento é inerente ao ser
humano fazendo parte do seu dia-a-dia, cabe ao profissional da disciplina a
responsabilidade de trabalhá-lo, interferindo em todas as fazes do desenvolvimento
humano. 
Nas atividades realizadas com as crianças dá-se uma ênfase ao aspecto
lúdico, onde os principais objetivos são desenvolver qualidades motoras, afetivas e
cognitivas, buscando soluções para as diferentes situações.
As atividades recreativas valorizam o próprio brincar, espontâneo, criativo e natural,
considerando as vivências e conhecimentos já adquiridos pelas crianças sendo um
espaço possível de propiciar o trabalho coletivo e cooperativo, onde cada indivíduo
é parte fundamental do mesmo.
Porém é importante não ver essa atividade meramente como recreativa ou
como hora de descanso do professor, e sim uma forma de fazer com que o aluno
desenvolva várias de suas capacidades. Além de estimular suas aptidões corporais
e sensoriais, concomitante com o lado emocional, oferecendo-lhe estímulos ao
desenvolvimento em seu campo de ação, pois é através da seleção e ordenamento
das atividades que o educador busca cumprir seus objetivos educacionais.
A educação física permite vivenciar diferentes práticas corporais advindas das
mais diversas manifestações culturais a qual pode se vista como uma variada
combinação de influências presentes na vida cotidiana, um patrimônio que pode e
26

deve ser conhecido, valorizado e desfrutado, nela estão incluídas danças, esportes,
jogos, brincadeiras além de um vasto patrimônio que deve ser inserido no contexto
escolar, como uma prática social, alicerçada na participação coletiva, promovendo
a autonomia, criatividade e socialização.

5 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Origem da educação física, história da educação física relaciona-se com as


Ciências que estudam o passado e o presente das atividades humanas e a sua
evolução. O homem, condicionado a situações de ser pensante, desempenhou, em
todas as etapas da vida, um papel importante na história, da educação física, a
qual se propõe a investigar a origem e o desenvolvimento progressivo de suas
atividades físicas, através do tempo: sua importância, as causas de seu apogeu e
da sua decadência.
A educação física evolui à medida que se processa a evolução cultural dos
povos. Assim, a sua orientação no tempo e no espaço está em sintonia com os
sistemas políticos, sociais, econômicos e científicos vigentes nas sociedades
humanas. Na Pré-História havia a preocupação do desenvolvimento, da força
bruta, sob o ponto de vista utilitário-guerreiro, sem ideia definida do ponto de vista
moral.
Na Antiguidade, os gregos, entretanto, mais evoluídos, visavam ao
desenvolvimento físico e moral do homem. Nesse período, a educação física
visava o aspecto somático, harmonia de formas, musculatura saliente, sem
exagero, de onde surgiram os atletas de porte esbelto. É a fase anatômica da
educação física. Já entre os romanos, que herdaram com a conquista da Grécia as
atividades físicas dos gregos, em plena decadência, orientavam a educação física,
objetivando o desenvolvimento das massas musculares. Pouco se dedicavam à
cultura intelectual e muito menos a da moral.
A observação que se faz e a conclusão a que se chega, no recém-nascido,
por onde, constata-se que "o movimento é o seu gesto mais pronunciado". O
instinto de mover o tronco e as extremidades primeiramente arrastando-se, depois
andando de gatinhas (quadruptação), logo depois andando trepando, correndo,
saltando e, quando já adulto, sentindo-se forte, surge-lhe o instinto da luta,
procurando dominar os mais fracos.
27

Depois os de igualdade de condições e às vezes os mais fortes. Esses


movimentos e meios de locomoção, certamente, eram mais acentuados nos recém-
nascidos primitivos do que nos civilizados, os quais sofreram os influxos
progressivos do regime e do meio que passaram a viver. Nessa altura
compreende-se, pois, que a educação física teve origem com o ser vivo e sua
racionalização. Com o homem, quando compreendeu ser, o desenvolvimento da
potência física, necessária à sobrevivência, remontando a sua prática aos mais
antigos povos orientais.

5.1 - Importância da Educação Física

No século passado a Educação Física teve uma forte influência dos militares
(ditadura militar entre 1964 e 1985) onde o principal objetivo da Educação Física
era criar um atleta, ou seja, a busca continua pelo desempenho esportivo e pela
vitória. Isso ocorreu devido a constante resistência e passeatas que estudantes
faziam na época, tornando o esporte um meio de desmobilização e alienação.
Percebe-se então que a Educação Física aborda diversos temas e não
somente o esporte, mas além disso, a visão e objetivo da Educação Física mudou.
Hoje podemos definir que o objetivo da Educação Física é auxiliar o aluno no seu
desenvolvimento físico, social e cognitivo.
Abordando os benefícios físicos que a Educação Física Escolar proporciona,
podemos destacar o controle do peso corporal (o sobrepeso e a obesidade),
melhora da capacidade cardiorrespiratória (o aluno tem mais fôlego ao praticar
exercícios físicos), mais força e resistência muscular e aumento da densidade
óssea (os ossos se tornam mais resistentes). 
Esses benefícios por si só já corroborariam a importância da Educação Física
nas escolas, pois atualmente o sobrepeso e a obesidade infantil estão se tornando
cada vez mais comuns em todo o mundo, causando várias doenças na vida adulta
(diabetes, hipertensão, colesterol alto, etc). Mas além dos benefícios físicos, temos
os benefícios sociais. Através da Educação Física Escolar os alunos aprendem a
melhorar o convívio com os colegas da sala, respeitando-os, levando esse respeito
com os semelhantes para toda a vida. 
Aprendem que não existe somente a competitividade, tão presente nos
esportes, mas além dele, existe a cooperação no próprio esporte e também através
28

dos jogos cooperativos (assunto este que será apresentado numa próxima matéria)
os quais o importante é cooperar para alcançar um objetivo comum.
Não somente, a Educação Física proporciona o aumento da autoestima,
diminui a probabilidade do jovem se envolver com distúrbios comportamentais,
delinquência juvenil e as drogas que literalmente arrasam a vida do aluno e da sua
família. Por último, mas não menos importante, temos os benefícios cognitivos.
Graças à Educação Física Escolar os alunos melhoram a capacidade de
atenção, concentração, tempo de reação e raciocínio lógico, pois quando o jovem
pratica alguma atividade física ele não trabalha apenas o corpo, mas também a
mente. O aluno precisa ter concentração e atenção para se equilibrar em uma
perna, para tocar uma bola ao seu companheiro, precisa ter um tempo de reação
rápido para dominar uma bola, para auxiliar o colega a alcançar um objetivo em
comum e ter um raciocínio lógico para saber o que fazer em seguida.
Portanto, todos estes benefícios irão auxiliar o aluno por toda a vida, desde a
ter uma vida saudável, evitando doenças na vida adulta e terceira idade, à manter o
respeito e a cooperação tão necessária na vida profissional e pessoal, assim como
o raciocínio lógico e tempo de reação otimizada para ajudá-lo nas decisões da vida.
Por todos esses fatores, podemos concluir que a Educação Física é muito
maior do que imaginamos e é de grande importância para a vida do aluno e para
seu futuro (Cabe ressaltar que foi mencionada na matéria apenas uma pequena
parte dos benefícios da educação física, existindo ainda uma infinidade de
benefícios para abordar). A prática regular de determinada atividade física reduz
substancialmente o risco de morrer de doença cardíaca coronária e diminui o risco
de infarto, câncer de cólon, diabetes e pressão alta entre outras doenças.
Sabe-se que pessoas de todas as idades, que estão de um modo geral
inativas fisicamente, podem melhorar sua saúde e bem-estar ao praticar atividade
física moderada regularmente.
Alguns itens considerados positivos durante tal prática podem ser notados
como: Ajuda a controlar o peso corporal; contribui para ossos, articulações e
músculos sadios; reduz o índice de quedas em idosos; ajuda a aliviar a dor da
artrite, artrose; diminui os sintomas de ansiedade e depressão e estão associadas
à menor número de hospitalizações, visitas médicas e medicação;
Proporciona maior independência e autonomia para o idoso.
Para as pessoas inativas, que optam pela falta de atividade física, definitivamente
não estão ajudando sua saúde e provavelmente a estão prejudicando. Quanto mais
29

examinamos os riscos para a saúde associados à falta de atividade física, mais


convencidos ficamos que pessoas que não praticam atividade física devem
começar a se exercitar.

6 - A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FISICA NA ESCOLA

A prática da atividade física teve seu começo nos primórdios da
humanidade, épocas em que o homem ainda não tinha desenvolvido meios
clássicos para deixar registros dos acontecimentos e fatos que marcariam todo um
período histórico da raça humana. Sabe-se que algumas evoluções aconteceram
em momentos de difícil e baixa qualidade de comunicação.
Algumas dessas evoluções viriam a ser a prática da atividade física, ainda
como uma forma de sobrevivência, por exemplo, atirar lanças em animais,
atravessar rios em momentos de mudanças de regiões, etc.
Com o decorrer dos séculos a humanidade evoluiu sistematizando vários
movimentos praticados na vida diária, transformando-os em exercícios físicos com
o objetivo de dar um melhor condicionamento físico, formação de exércitos,
atividades de que buscavam equilíbrio entre corpo e mente. 
Os gregos foram grandes protagonistas de uma mudança no caráter da prática da
atividade física, quando criaram os primeiros jogos olímpicos da humanidade
Foi um momento da história humana que a atividade física passou a ter
outro foco, passou a ser observada como um método de treinamento para disputas
esportivas, disputas essas que eram em busca de socialização e harmonização
entre culturas diferentes.
A prática da atividade física teve seu começo nos primórdios dahumanidade,
épocas em que o homem ainda não tinha desenvolvido meios clássicos para deixar
registros dos acontecimentos e fatos que marcariam todo um período histórico da
raça humana. Sabe-se que algumas evoluções aconteceram em momentos de
difícil e baixa qualidade de comunicação. Algumas dessas evoluções viriam a ser a
prática da atividade física, ainda como uma forma de sobrevivência, por exemplo,
30

atirar lanças em animais, atravessar rios em momentos de mudanças de regiões,


etc.
A educação física trabalha, num sentido amplo, com prevenção de
determinadas doenças. É a área de atuação do profissional formado em uma
Faculdade de Educação Física.  É um termo usado para designar tanto o conjunto
de atividades físicas não-competitivas e esportes com fins recreativos quanto a
ciência que fundamenta a correta prática destas atividades, resultado de uma série
de pesquisas e procedimentos estabelecidos.
A Educação Física nasceu como uma disciplina cujo objetivo era disciplinar
os indivíduos a partir dos seus corpos. Ou seja: a Educação Física está
historicamente atrelada a um método de dominação do indivíduo.
Para melhor compreendermos como esse processo acontece, é necessário
recorrer a um conceito importante do filósofo Michel Foucault: corpos dóceis.
Segundo ele, a sociedade moderna (constituída a partir das Revoluções Industrial e
Francesa) foi marcada pelo êxodo rural e consequentemente pelo inchaço de
pessoas nas grandes cidades europeias.
Dito de maneira bastante simplificada, uma vez que as autoridades não
tinham pessoas suficientes para trabalhar, foi preciso desenvolver um método em
que as pessoas controlassem a si mesmas: a vigia.
Trata-se de um mecanismo em que a pessoa se sente vigiada constantemente e
que, portanto, dificilmente fará algo que contrarie as regras sociais. Um desses
mecanismos é o controle do corpo: ora, à medida que o corpo é disciplinado, sua
conduta está sendo disciplinada. É possível, portanto, entender que tornar o corpo
dócil – ou disciplinado – já foi um dos papéis fundamentais da Educação Física.
Dar uma definição precisa da educação física não é tarefa fácil. Digamos
que, no âmbito académico, existem diferentes concepções e enfoques relacionados
com o termo. A educação física pode ser uma atividade educativa, recreativa,
social, competitiva ou terapêutica, por exemplo. No que diz respeito ao seu lado
educativo ou formativo, a educação física é uma disciplina científico-pedagógica,
que se centra no movimento corporal para alcançar um desenvolvimento integral
das capacidades físicas, afetivas e cognitivas do sujeito.
Posto isto, acredita-se que a educação física seja uma disciplina e não uma
ciência, pelo facto de não estudar nenhum objeto em particular, mas antes por
tomar elementos de diversas ciências para conformar o seu quadro de aplicação.
31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comunicação é multifacetada e, em uma de suas faces, está a linguagem


corporal. Na escola, a disciplina que enfatiza essa linguagem é a Educação Física.
Buscamos desenvolver o tema motricidade humana e construção simbólica com o
intuito de ampliar a ideia, articulando-a com a arte.
A linguagem corporal foi entendida como estruturadora das demais
linguagens, tendo como eixo o agir sobre o objeto de conhecimento na interação
com o meio, destacando o imaginário nessa relação. Dessa forma, valorizaram-se
as hipóteses e ideias construídas por meio da percepção e interpretação,
favorecendo a estruturação em imagem mental do objeto, articulando à
subjetividade do ser. 
A motricidade, nessa perspectiva, contribui com a construção simbólica para
futuras representações. A linguagem corporal também foi considerada, como
manifestação do pensamento, qualificada pelo símbolo, que é o que diferencia a
espécie humana das outras, não como a representação de um modelo assimilado,
mas de representação do novo, tornando a expressividade criativa.
O objeto de conhecimento nessa construção ganhou ludicidade, tornando-se
significante para o educando que, em sua aprendizagem, terá condições de dar-lhe
significado, garantindo-lhe seu valor estético. Considerar a motricidade humana
nos seus aspectos motor, cognitivo, afetivo e social, e a construção simbólica nas
aulas de Educação Física, tanto a performance quanto a estética corporal, tão
cultuados nessas aulas, deixarão de ser objetivo, dando o lugar para o
conhecimento melhor elaborado, voltado para a solução de problemas, para o
32

desenvolvimento da capacidade de antecipar, tomar decisões e para uma melhor


qualidade de vida.
No âmbito da escola a Educação Física ganha força de disciplina, a partir da
definição de seu objeto de estudo, como sendo o movimento, não desprezando a
cultura corporal, e passa a pertencer ao projeto pedagógico da escola, fortalecendo
a ideia da transdisciplinar idade, ou seja, as disciplinas transitando umas nas
outras. Aos alunos, em sua totalidade, terão, nas oportunidades motoras
oferecidas, direito de participação, independente da habilidade, condição social,
econômica e étnica, e um ganho no seu desenvolvimento pleno e em sabedoria
nessa articulação do movimento com o pensamento.
A integração social será favorecida a partir da participação de jogos com
regras construídas pelo coletivo e pelo seu caráter de competição voltado à
competência. As diferentes competências serão desenvolvidas nos diferentes jogos
e compartilhadas entre os participantes. Os estudos da motricidade humana
relacionada com a construção simbólica dão indicativos de se rever a estrutura
educacional das unidades escolares que ainda permanecem no ensino tradicional e
atuam como instituição que informa por meio de conhecimentos pré-estabelecidos.
A mudança sugerida é de, a partir das estruturas físicas das escolas,
remodelar os espaços, tornando-os laboratórios diversificados, contemplando as
linguagens do aluno (oral, gráfica, motora e artística). O espaço seria de
experimentação nessa nova estrutura pedagógica, com a participação ativa do
educando com seu imaginário, ideias e hipóteses.
As disciplinas, nesse sentido, se articulariam tendo como base a arte
educação, ou seja, toda disciplina, para ser significante, tem que ser desenvolvida
na perspectiva da criação, respeitando a natureza humana no seu aspecto
simbólico.
33

REFERÊNCIAS

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2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

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movimento: jogo prazer e transformação. São Paulo: FTD, 1998.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.


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NEIRA, M. G. Educação física: desenvolvendo competências. São Paulo:
Phorte, 2003. 
34

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de Ensino Fundamental. Porto Alegre: 1996.

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS). Educação Física v. 7 Brasília 1997.

ROSAMILHA, N. Psicologia do Jogo e Aprendizagem Infantil. São Paulo:


Livraria Pioneira, 1979.

SANTIN, S. Educação Física “Temas Pedagógicos”. Porto Alegre: EST/ESEF,


1992.

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