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dos
Gelados
Arte dos Gelados
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Conceitos
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Açúcares A sacarose é constituída por unidades de glucose e frutose. Tem o inconveniente de cristalizar. No pre-
parado existe água suficiente para se dissolver mas, à medida que esta vai congelando e vai ficando in-
São ingredientes fundamentais do gelado. disponível, a solução começa a saturar e o açúcar cristaliza. A substituição de parte do açúcar por outro
açúcar anticristalizante é o suficiente para prevenir a cristalização.
Se a única função dos açúcares fosse adoçar os gelados, poderíamos perfeitamente substituí-los por
Percentagem a usar: a partir de 14%.
edulcorantes artificiais. No entanto, os açúcares são também capazes de regular, controlar e retardar o
ponto de congelação da água dentro do preparado. Assim, pode-se entender por poder anticongelante
A dextrose é obtida pela transformação completa do amido do milho. É um pó fino e dissolve-se em água
de um açúcar a sua capacidade para retardar a congelação da água quando se encontra dissolvido nela.
facilmente, apresenta elevado poder antibacteriano, é excelente anticristalizante, tornando os gelados e
Esta é uma caraterística tão importante como a de adoçar, quando se trata da confeção de um gelado de sorbets mais cremosos e suaves.
qualidade máxima de sabor, doçura, textura, controlo de temperatura de serviço e degustação. Percentagem a usar em substituição da sacarose: 8-12%.
A água é o único ingrediente que congela, de entre todos os que fazem parte da mistura.
A água livre começa a congelar aos 0ºC no início da refrigeração, formando cristais de gelo de grandes O açúcar invertido. Ao fervermos uma solução de sacarose, na presença de um ácido (ácido cítrico, pre-
dimensões; assim sendo, é imprescindível ligar a água a outros compostos para que tal não aconteça. Os sente em diversas frutas), as moléculas de sacarose são hidrolisadas, desdobrando-se, em partes iguais,
açúcares, além de serem adicionados diretamente, estão também presentes na constituição de muitos Sacarose nos dois açúcares simples que a compõem: a glucose e a frutose. Este composto é um xarope a que se
outros ingredientes, como a fruta, lactose do leite em pó, entre muitos outros que, ao serem adicionados chama de açúcar invertido. Deste modo, a estrutura cristalina do açúcar invertido é bastante mais fina,
ao preparado, vão ligar-se à água livre que existe disponível. A ligação água-açúcar apresenta mais re- quando comparada com a estrutura da sacarose, dando origem a produtos mais suaves.
sistência ao frio, logo, retarda o processo de congelação. O açúcar invertido é um líquido branco resistente à cristalização e tem consistência próxima à do mel.
O açúcar invertido, tal como os outros açúcares, diminui o ponto de congelação, mas em excesso torna
Sirva como regra e exemplo que, se confecionarmos gelados idênticos, mas um deles com mais açúcar o gelado mais pastoso e plástico.
Percentagem a usar em substituição da sacarose: 20-25%.
do que outro, quando submetidos a temperaturas frias, o mais suave será o que tem mais açúcar na sua
constituição.
A frutose é um açúcar extraído de várias frutas, podendo ser também encontrado noutros tipos de ali-
mentos, como leguminosas e outros vegetais. Devido ao sabor metálico, utiliza-se exclusivamente nos
Como no caso do poder adoçante, nem todos os açúcares utilizados na confeção de um gelado apresen- gelados para diabéticos.
tam o mesmo poder anticongelante. Percentagem a usar em substituição da sacarose: 100%.
Saber trabalhar corretamente com açúcares, conhecer cada uma das suas particularidades, o seu poder
de adoçante (POD) e anticongelante (PAC), utilizá-los apropriadamente, oferece a possibilidade de contro- O xarope de glucose. Quando a dextrose perde a pureza, devido à existência de outros tipos de elementos
lar a textura e a temperatura em todos os tipos de gelados. Por exemplo, num gelado com licor, ingrediente na sua constituição, como amido, passa a denominar-se de glucose. Se estiver sob a forma de xarope
anticongelante por definição, é necessário combinar com um açúcar de baixo poder anticongelante. dá-se o nome de xarope de glucose; se, por sua vez, estiver sob a forma de pó, denomina-se glucose ato-
Por sua vez, nos gelados de chocolate é necessário recorrer a um açúcar com elevado poder anticonge- mizada.
lante, pois tanto a manteiga de cacau como o cacau em pó endurecem o gelado. O xarope de glucose é mais doce do que a glucose normal e menos que a sacarose. É usado com bastante
Dextrose
eficiência para obtenção de gelados com consistência muito suave. Proporciona texturas elásticas e
Temos como exemplos a sacarose, dextrose, açúcar invertido, frutose, glucose atomizada 52 DE, lactose, flexíveis mas, contrariamente ao açúcar invertido, não tem a capacidade de reter humidade no interior das
xarope de glucose 44 DE e açúcar para compotas, gelados e sorbets. elaborações onde é utilizada.
É um açúcar pouco solúvel em água, mas melhora bastante em meio aquecido. Aguenta bem o calor e o
frio. É também um açúcar invertido, logo não cristaliza. O seu coeficiente de doçura é de 50% em relação
à sacarose.
Funciona como anticristalizante, confere plasticidade e untuosidade. Aumenta o tempo de congelação
AÇÚCARES POD PAC ÁGUA e reduz o de descongelação.
Percentagem a usar em substituição da sacarose: 10 a 15%.
Sacarose 100 100 0
Dextrose 75 190 8 A lactose é o açúcar presente no leite, o único de origem animal. É constituída por glucose e galactose.
Açúcar invertido 125 190 25 É menos doce que a sacarose e pouco solúvel, podendo separar-se da fase líquida em que está dissolvida,
provocando sensação arenosa no gelado.
Frutose 130 190 -
Esta nunca é utilizada na sua forma pura, mas através do leite em pó, pois corresponde a cerca de 50% da
Glucose atomizada 52 DE 58 110 - sua composição.
Lactose 16 100 -
O açúcar para compotas, gelados e sorbets é um açúcar com adição de pectina natural de fruta e ácido
Xarope de glucose 44 DE 52 90 19
cítrico; o seu uso permite diminuir os tempos de confeção das compotas, preserva as qualidades gustati-
Açúcar para compotas, gelados e sorbets 100 100 0 vas da fruta, assegura uma melhor conservação e evita a cristalização. Nos sorbets acresce a função de
Poder adoçante (POD), poder anticongelante (PAC) e percentagem de água em vários tipos de açúcares Xarope de glucose estabilizante.
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Em primeiro lugar, devemos conhecer todos os parâmetros e caraterísticas fundamentais de cada um dos
ingredientes, conforme a receita. São os parâmetros de matéria gorda, açúcares, sólidos não gordos do
leite, outros sólidos e água. Para obter a composição de outros ingredientes poderá consultar o capítulo
das matérias-primas (ver página 127).
Açúcares 14 24
Gorduras 3 12
Sólidos não gordos do leite 7 12
Água 58 68
Total de sólidos 32 42
Percentagens das várias matérias-primas presentes na confeção de um gelado
As receitas devem ser sempre para 100kg e cada ingrediente deve estar representado sob a forma de
percentagem.
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Gelado
Gelado
Clássico
de Coco
Ingredientes:
1580g Leite gordo
460g Natas 35% MG
50g Leite em pó magro
145g Xarope de glucose 44 DE
190g Leite de coco
210g Açúcar
15g Estabilizante para gelado
240g Puré de coco
110g Leite condensado
Procedimento:
Verter o leite, as natas e o leite de coco para o recipiente interno do pasteurizador.
Ligar o pasteurizador a 85ºC.
Controlar a subida da temperatura no termómetro do pasteurizador.
Aos 30ºC, adicionar o leite em pó.
Aos 35ºC, adicionar o xarope de glucose e o leite condensado.
Aos 40ºC, adicionar o estabilizante misturado com o açúcar.
Pasteurizar até aos 85ºC.
Adicionar o puré de coco.
Triturar até obter uma mistura homogénea.
Arrefecer o preparado rapidamente até aos 4ºC.
Maturar 6 a 12 horas a 4ºC.
Triturar novamente até obter uma mistura homogénea.
Bater a mistura na produtora de gelados.
Submeter o gelado a um choque térmico a -25ºC durante 10 minutos.
Conservar a -18ºC.
Porções: 40
Valor energético: 185 calorias
g 12.8 lípidos
g 13.9 glícidos
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Gelado
Serra d’Aire
Gelado
e Candeeiros
Ingredientes:
1900g Leite de cabra
450g Nata 35% MG
50g Leite em pó magro
200g Dextrose
380g Açúcar
20g Estabilizante para gelado
Ervas aromáticas: poejo e alecrim
Procedimento:
Verter as natas e o leite para o recipiente interno do pasteurizador.
Ligar o pasteurizador a 85ºC.
Controlar a subida da temperatura no termómetro do pasteurizador.
Aos 35ºC, adicionar o leite em pó, metade do açúcar e a dextrose, previamente
misturados.
Aos 40ºC, adicionar o estabilizante previamente misturado com o restante
açúcar.
Pasteurizar até aos 85ºC.
Adicionar as ervas aromáticas e triturar com a varinha mágica.
Arrefecer o preparado rapidamente até aos 4ºC.
Deixar maturar durante 6 a 12 horas a 4ºC.
Coar por um passador.
Bater a mistura na produtora de gelados.
Submeter o gelado a um choque térmico a -25ºC durante 10 minutos.
Conservar a -18ºC.
Porções: 40
Valor energético: 130 calorias
g 5.3 lípidos
g 18 glícidos
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Sorbet
SORBET
de Manga
Ingredientes:
850g Xarope base para sorbet (ver receita na página 104)
1200g Puré de manga “Boiron”
1l Azoto líquido
Procedimento:
Misturar o xarope base para sorbet com o puré de manga.
Homogeneizar o preparado.
Arrefecer o preparado rapidamente até aos 4ºC.
Adicionar aos poucos o azoto líquido, mexendo sempre, até obter
a textura de um sorbet.
Conservar a -18ºC.
Porções: 30
Valor energético: 70 calorias
g 0.1 lípidos
g 16.9 glícidos
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Sorbet
SORBET
Clássico
de Morango
Ingredientes:
170g Açúcar para compotas Sidul
50g Açúcar invertido
80g Dextrose
300g Água
1000g Morangos
Procedimento:
Adicionar 10g de vinagre de framboesa na água de lavar os morangos,
e deixar a repousar durante 10 minutos.
Triturar os morangos.
Adicionar os restantes ingredientes até obter uma mistura homogénea.
Bater a mistura na produtora de gelados.
Submeter o sorbet a um choque térmico a -25ºC durante 10 minutos.
Conservar a -18ºC.
Porções: 20
Valor energético: 70 calorias
g 0.2 lípidos
g 15.5 glícidos
Complementares
RECEITAS
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brownie
Ingredientes:
115g Manteiga
300g Açúcar moreno Sores
5 Ovos
70g Farinha trigo tipo 55
70g Cacau 22%
230g Chocolate negro 70% cacau
75g Pistacho sem pele
Porções: 45
Procedimento: Valor energético: 75 calorias
Trabalhar a manteiga com o açúcar.
Adicionar os ovos, um a um. Valor Nutricional por 70g
Envolver a farinha juntamente com o cacau (previamente g 1.3 proteínas
peneirados em conjunto).
Envolver o chocolate derretido e os pistachos. g 3 lípidos
Verter o preparado para uma forma previamente untada.
g 10.2 glícidos
Cozer a 180ºC, durante cerca de 30 minutos.
nougat de amêndoa
Ingredientes:
500g Fondant
250g Glucose
400g Amêndoa palitada Porções: 70
Valor energético: 80 calorias
Procedimento:
Levar ao lume o fondant juntamente com a glucose até Valor Nutricional por 70g
atingir os 155ºC. g 1.2 proteínas
Adicionar a amêndoa palitada e envolver bem.
Espalhar camada numa mesa untada com óleo e deixar ar- g 3.2 lípidos
refecer.
g 11.1 glícidos
Cortar em pedaços pequenos só no momento de utilizar.
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Matérias-Primas
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BAUNILHA FRUTAS GRAU BRIX pH
Origem: México. Cultivada na ilha Reunião, em Madagáscar, Comores e Tahiti.
Ameixa branca 16 a 18% 3,6
Apresentação e uso: Em vagem, em pó, em essência ou aroma. O sistema habitual de utilização da bauni-
Ameixa vermelha 17 a 21% 4,8 a 5,4
lha consiste em estender a vagem e, com a ponta de uma faca, abrir a pele ao centro, longitudinalmente.
Amora 10 a 11% 3,2 a 4,4
Depois, as duas metades abrem-se para ambos os lados e com a lâmina de uma faca, raspam-se as se-
Ananás 12 a 14% 3,3 a 5,2
mentes do seu interior, que se utilizam em conjunto com a vagem. Esta última retira-se antes de introduzir
Banana 11 a 20% 4 a 4,4
o preparado na máquina de gelados.
Este método é válido no caso de pequenas quantidades. Para médias e grandes quantidades, onde são Castanha 42 a 65% -
necessárias centenas de vagens, este é um processo banstante árduo. Cereja 15% 4,3
Vagem de baunilha Clementina 12 a 14% 3,5 a 4,2
Coco 10% 5,8
Damasco 11 a 12% 3 a 3,3
Figo 13 a 14% 4,6
CANELA
Framboesa 9 a 10% 3,2 a 3,7
Origem: Sul da Índia e Sri Lanka. Goiaba 9% 3,9
A canela é um ingrediente muito utilizado em gelados. Tradicionalmente é feita uma infusão num líquido Groselha 11% 2,8 a 3,1
quente no momento do processo de elaboração do gelado. No entanto, os resultados obtidos com uma Kiwi 12 a 13% 3
maceração de canela a frio são surpreendentes. Laranja 10 a 12% 3,6
Por cada 100g de canela em rama, necessitamos de um litro de água mineral fria. Lichia 15 a 17% 5,5 a 6,5
Colocar manualmente a canela no fundo de um recipiente. Verter água fria e passar por um triturador.
Lima 7% 1,8 a 2
Colocar em frascos herméticos e conservar no mínimo três dias antes de utilizar.
Limão 8 a 10% 2,2 a 2,4
O tempo mínimo de maceração é de três dias, mas pode ser de semanas e até meses.
Maçã verde 9 a 11% 3 a 3,2
Canela
Maçã vermelha 10 a 16% 3,7 a 4,2
Manga 12 a 22% 4 a 4,6
Maracujá 12 a 13% 2,9
GENGIBRE Melancia 9 a 13% 5,2 a 5,8
Origem: Índia. Também cultivado na Jamaica e Sri-Lanka. Melão 8 a 11% 6,17 a 7,13
Apresentação e uso: Como rizoma fresco, cristalizado ou em pó. O gengibre fresco ralado é ideal para Mirtilo 10 a 12% 3,0 a 3,7
gelados ou mousses, o cristalizado é mais utilizado nos bombons de chocolate, e em pó pode ser utilizado Morango 6 a 8% 3,0 a 3,6
em infusão a quente para aplicar em ganaches. Morango dos Bosques 7 a 9% 3,6
O gengibre fresco conserva-se durante muito tempo no frigorífico, no entanto quando fica velho tende Pera 9 a 11% 3,8 a 4
a adquirir um gosto a sabão. Pêssego 10 a 15% 3,6 a 4,5
No gelado deve utilizar-se gengibre fresco. Rainha – Cláudia 15 a 17% 4,5 a 5,2
No momento de utilização, retira-se a pele e rala-se finamente. Romã 8 a 9% 3
Faz-se uma infusão a quente. Tangerina 10 a 12% 3,4 a 3,8
Gengibre
Entre 4 e 5 gramas de gengibre ralado, são suficientes para aromatizar um quilo de preparado. Uva 15 a 18% 3,8 a 4,0
Grau Brix e pH presente em algumas frutas
GRAU BRIX E PH
CAFÉ O pH de um fruto é variável consoante a sua variedade e o seu estado de maturação.
Existem duas variedades comerciais de café: O pH obtido pelo medidor de pH pode ser diferente da sensação de acidez que temos na boca.
O Grau Brix (ºBx) indica o teor de açúcar existente na fruta. Os açúcares são os principais componentes
Arábica, suave e aromatizado, contém de 1 a 1,7 % de cafeína, é proveniente sobretudo da América (Colôm-
solúveis na fruta. Por exemplo, um puré de fruta com 15ºBx contém aproximadamente 15% de açúcar, isto
bia, México e Brasil) e do leste de África.
é, 15g de açúcar dissolvido em 100g de puré. É medido através de um refratómetro.
Robusta, forte, incorporado e amargo, possui 2 a 4 % de cafeína, é cultivado no oeste de África, na Ásia O Grau Brix é variável na mesma espécie de fruto consoante a variedade, a origem, as condições endo-
e no Brasil. climáticas, o solo e o estado de maturidade.
No gelado de café pode utilizar café expresso, em grão moído ou solúvel (em pó ou granulado). Os sólidos totais são mais elevados que o Grau Brix, uma vez que também têm em conta as frações in-
Para obter um bom aroma de café em grão deve fazer previamente (6 a 12 horas) uma infusão a quente ou solúveis. Apenas o Grau Brix tem influência sobre a consistência do sorbet, com exceção do coco, pois é
uma infusão a frio. Café Refratómetro necessário ter em conta a sua percentagem de gordura vegetal.