Você está na página 1de 235

GRÁTIS

CONTEÚDO ONLINE

IBGE
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

AGENTE CENSITÁRIO
MUNICIPAL (ACM) E
SUPERVISOR (ACS)
CONTEÚDO

Língua Portuguesa
Raciocínio Lógico Quantitativo
Ética no Serviço Público

Noções de Administração/Situações Gerenciais


Conhecimentos Técnicos

APOSTILA DE ACORDO COM EDITAL DE Nº 2/2020


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBGE
Agente Censitário Municipal (Acm) e Agente Censitário
Supervisor (Acs)

NV-012MR-20
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo sac@novaconcursos.com.br.

OBRA

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Agente Censitário Municipal (Acm) e Agente Censitário Supervisor (Acs)

EDITAL Nº 2/2020

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Raciocínio Lógico Quantitativo - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Ética no Serviço Público - Profª Bruna Pinotti
Noções de Administração/Situações Gerenciais - Profª Silvana Guimarães
Conhecimentos Técnicos - Elaboração Interna

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Josiane Sarto
Roberth Kairo

DIAGRAMAÇÃO
Rodrigo Bernardes de Moura
Dayverson Ramon

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO

PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO.

A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas.


Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público.
Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a matéria
é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. Afinal corremos contra o tempo, por isso a
preparação é muito importante.
Aproveitando, convidamos você para conhecer nossa linha de produtos “Cursos online”, conteúdos
preparatórios e por edital, ministrados pelos melhores professores do mercado.
Estar à frente é nosso objetivo, sempre.
Contamos com índice de aprovação de 87%*.
O que nos motiva é a busca da excelência. Aumentar este índice é nossa meta.
Acesse www.novaconcursos.com.br e conheça todos os nossos produtos.
Oferecemos uma solução completa com foco na sua aprovação, como: apostilas, livros, cursos online,
questões comentadas e treinamentos com simulados online.
Desejamos-lhe muito sucesso nesta nova etapa da sua vida!
Obrigado e bons estudos!

*Índice de aprovação baseado em ferramentas internas de medição.


SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados...................................................................................................... 01


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais...................................................................................................................................... 08
Domínio da ortografia oficial. .................................................................................................................................................................... 09
Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição,
de conectores e de outros elementos de sequenciação textual................................................................................................... 16
Emprego de tempos e modos verbais. .................................................................................................................................................. 21
Domínio da estrutura morfossintática do período. Relações de coordenação entre orações e entre termos da
oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. ........................................................................ 21
Emprego das classes de palavras. ............................................................................................................................................................ 31
Emprego dos sinais de pontuação. ......................................................................................................................................................... 68
Concordância verbal e nominal. ............................................................................................................................................................... 71
Regência verbal e nominal. ......................................................................................................................................................................... 79
Emprego do sinal indicativo de crase. .................................................................................................................................................... 85
Colocação dos pronomes átonos. ........................................................................................................................................................... 88
Reescrita de frases e parágrafos do texto. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da
estrutura de orações e de períodos do texto. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. 88
Significação das palavras. ............................................................................................................................................................................ 93

RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

Estruturas lógicas............................................................................................................................................................................................. 01
Lógica de argumentação.............................................................................................................................................................................. 03
Diagramas lógicos........................................................................................................................................................................................... 08
Aritmética............................................................................................................................................................................................................ 22
Leitura e interpretação de tabelas e gráficos........................................................................................................................................ 24

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Código de Ética do IBGE............................................................................................................................................................................... 01


Lei nº 8.112/1990 e suas alterações (art. 116, incisos I a IV, inciso V, alíneas a e c, incisos VI a XII e parágrafo
único; art. 117, incisos I a VI e IX a XIX; art. 118 a art. 126; art. 127, incisos I a III; art. 132, incisos I a VII, e IX a XIII;
art. 136 a art. 141; art. 142, incisos I, primeira parte, II e III, e §1º a §4º).................................................................................... 04
SUMÁRIO
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS

Aspectos gerais da administração. Organizações como sistemas abertos; Funções administrativas; Planejamento,
organização, direção e controle................................................................................................................................................................. 01
Motivação, comunicação e liderança....................................................................................................................................................... 12
Processo decisório e resolução de problemas..................................................................................................................................... 27
Noções básicas de gerência e gestão de organizações e de pessoas........................................................................................ 33
Eficiência e funcionamento de grupos. O indivíduo na organização: papéis e interações. Trabalho em equipe. Equipes
de trabalho.......................................................................................................................................................................................................... 42
Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e delegação................................................................................................ 47
Avaliação de desempenho........................................................................................................................................................................... 47
Compromisso com a qualidade nos serviços prestados.................................................................................................................. 53

CONHECIMENTOS TÉCNICOS

Conhecimentos técnicos aplicados no Censo Demográfico 2020............................................................................................... 01


ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.............................................................................................................. 1


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.............................................................................................................................................. 8
Domínio da ortografia oficial. ............................................................................................................................................................................ 9
Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de
conectores e de outros elementos de sequenciação textual................................................................................................................. 16
Emprego de tempos e modos verbais. .......................................................................................................................................................... 21
Domínio da estrutura morfossintática do período. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração.
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. ................................................................................................ 21
Emprego das classes de palavras. .................................................................................................................................................................... 31
Emprego dos sinais de pontuação. ................................................................................................................................................................. 68
Concordância verbal e nominal. ....................................................................................................................................................................... 71
Regência verbal e nominal. ................................................................................................................................................................................. 79
Emprego do sinal indicativo de crase. ............................................................................................................................................................ 85
Colocação dos pronomes átonos. ................................................................................................................................................................... 88
Reescrita de frases e parágrafos do texto. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da
estrutura de orações e de períodos do texto. Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade......... 88
Significação das palavras. .................................................................................................................................................................................... 93
Compreender significa
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.
O texto diz que...
É sugerido pelo autor que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
O narrador afirma...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela-
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz Erros de interpretação
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi-
ficar e decodificar). • Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto, acrescentando ideias que não estão no
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com pela imaginação.
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- ção apenas a um aspecto (esquecendo que um tex-
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento to é um conjunto de ideias), o que pode ser insufi-
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada ciente para o entendimento do tema desenvolvido.
de seu contexto original e analisada separadamente, po- • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
derá ter um significado diferente daquele inicial. contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- questão.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A deração é o que o autor diz e nada mais.
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun-
damentações), as argumentações (ou explicações), que Coesão e Coerência
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
prova.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
Normalmente, em uma prova, o candidato deve:
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
• Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
gumentação, de um processo, de uma época (nes-
que se vai dizer e o que já foi dito.
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
quais definem o tempo).
eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
• Comparar as relações de semelhança ou de dife-
me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
renças entre as situações do texto. aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com bém de que os pronomes relativos têm, cada um, va-
uma realidade. lor semântico, por isso a necessidade de adequação ao
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. antecedente.
• Parafrasear = reescrever o texto com outras Os pronomes relativos são muito importantes na in-
palavras. terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
Condições básicas para interpretar existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
cia, a saber:
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- te, mas depende das condições da frase.
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- qual (neutro) idem ao anterior.
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação quem (pessoa)
e de síntese; capacidade de raciocínio. cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído.
LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretar/Compreender como (modo)


onde (lugar)
Interpretar significa: quando (tempo)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quanto (montante)
Através do texto, infere-se que... Exemplo:
É possível deduzir que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
O autor permite concluir que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deve-
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... ria aparecer o demonstrativo O).

1
Dicas para melhorar a interpretação de textos Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-
• Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos gosto especial.
candidatos na disputa, portanto, quanto mais infor- Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor-
mação você absorver com a leitura, mais chances mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci-
terá de resolver as questões. dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia.
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrom- Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
pa a leitura. diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
forem necessárias. a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma insuspeitada.
conclusão). Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
• Volte ao texto quantas vezes precisar. ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou
as do autor. inteiramente.
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
compreensão. coberta temporã.
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
cada questão. num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra- va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
fo geralmente mantém com outro uma relação de segui boiar.
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
que muito bem essas relações.
anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
a ideia mais importante.
de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
esqueceram de como tudo isso é bom.
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
hora da resposta – o que vale não somente para
ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
Interpretação de Texto, mas para todas as demais
montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
questões!
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
principal, leia com atenção a introdução e/ou a água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
conclusão. isso, curiosamente, não é fácil.
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos, Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, bre a vida em geral.
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
tem a outros vocábulos do texto. ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
SITES rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> Também somos profundamente modificados por ele. A
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ cada momento da vida, quando achamos que tudo já
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
-provas> uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. Suspeito que isso tenha importância também para os
html> relacionamentos.
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi- Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
nho/questoes/questao-117-portugues.htm> está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
EXERCÍCIOS COMENTADOS em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se
tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra-
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça,
LÍNGUA PORTUGUESA

1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística


em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em
– AOCP-2015)
conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que
nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen-
O verão em que aprendi a boiar
tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca-
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que do outro e de si mesmo, no mundo.
éramos Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci-
IVAN MARTINS
sam ser aprendidas.

2
Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela-
na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode = incorreta – o autor propõe viver intensamente.
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem- Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles
se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral, sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos
a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada objetivo nos relacionamentos.
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada rosas = incorreta – ser mais emoção.
Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e
porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for-
pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
ma relaxada e consciente um grande amor. não pensando em algo ruim.
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra-
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque 2. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV-2018)
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi- Observe a charge a seguir:
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo
se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam
impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noti-
cia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
destacando o fato de o cientista:
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To-
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de a) ter alcançado o céu após sua morte;
b) mostrar determinação no combate à doença;
c) ser comparado a cientistas famosos;
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar re-
d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
laxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com
e) localizar seus interesses nos estudos de Física.
mais calma, com mais prazer, com mais intensida-
de e menos medo. Resposta: Letra D
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- Em “a”: ter alcançado o céu após sua morte; = incorreto
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais cri- = incorreto
terioso com seus relacionamentos, a fim de que Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incorreto
eles sejam vividos intensamente. Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante;
d) haver sempre tempo para aprender coisas no- Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física.
vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações = incorreto
amorosas. Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es-
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, po- távamos esperando”.
rém sempre estando alerta para aquilo de ruim
que pode acontecer. 3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)

Resposta: Letra A Lastro e o Sistema Bancário


LÍNGUA PORTUGUESA

Ao texto: (...) tudo se aprende, mesmo as coisas simples [...]


que pareciam impossíveis. / Enquanto se está vivo e Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita-
relação existe, há chance de melhorar = sempre há do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade
tempo para boiar (aprender). de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten- metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei-
tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e se deram conta de que ninguém estava interessado em
menos medo = correta. trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a

3
reserva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência =
que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises, incorreta
como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos, correta
deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta
economias seguramente guardadas.
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e A leitura do texto permite a compreensão de que
principalmente de valores em contas bancárias, já não
tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria- a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos.
do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imagi-
banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em sua nário.
conta é gerado naquele instante, criado a partir de uma c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
decisão administrativa, e assim entra na economia. Essa d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”.
explicação permaneceu controversa e escondida por
e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados.
muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do
Bank of England de 2014.
Resposta: Letra A
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é
Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces-
bancos = correta
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e
Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma
imaginário = nem todo
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa
Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
números em uma tabela com meu nome e pede que eu
clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou-
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar
tros clientes
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar,
Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a -mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- vidados = desde que não paguem a dívida
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo
dinheiro tomei. 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI-
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es- abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de
porque é gerada pela simples manipulação de bancos de 2018.
dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po-
der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de
80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1%
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos.
[...]
Disponível em https://fagulha.org/artigos/inventando-dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-


rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.


b) proteger os bens dos clientes de bancos. Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
c) impedir que os bancos fossem à falência.
pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
seguinte informação:
e) preservar as economias das pessoas.
a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co-
Resposta: Letra D
Ao texto: (...) Com o tempo, os banqueiros se deram metidos no Rio;
LÍNGUA PORTUGUESA

conta de que ninguém estava interessado em trocar b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem-
dinheiro por ouro e criaram manobras, como a reserva -feita;
fracional, para emprestar muito mais dinheiro do que c) a linguagem do personagem mostra intimidade com
realmente tinham em ouro nos cofres. o interlocutor;
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char-
incorreta ge;
Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
incorreta sença do Exército.

4
Resposta: Letra D determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:

a) Presa por mensagem racista na internet;


b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se- e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
guinte informação:
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri- Resposta: Letra C
mes cometidos no Rio = inferência correta Em “a”: Presa por mensagem racista na internet =
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen- como a repressão política, familiar ou de gênero
do bem-feita = inferência correta Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene-
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- zuelana = como a repressão política, familiar ou de
de com o interlocutor = inferência correta gênero
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô-
da charge = incorreta nico = não consta na Manchete acima
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
a presença do Exército = inferência correta Rússia = como a repressão política, familiar ou de
gênero
6. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Observe Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do traba-
a charge abaixo. lho escravo = o desgaste causado pelas condições de
trabalho

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)

Oportunismo à Direita e à Esquerda


Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
conforme estabelecido na legislação.
É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami-
No caso da charge, a crítica feita à internet é: nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva; se beneficiar do barateamento do combustível.
b) a falta de exercícios físicos nas crianças; Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
c) o risco de contatos perigosos; para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
d) o abandono dos estudos regulares; ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
e) a falta de contato entre membros da família. faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
Resposta: Letra A der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
Em “a”: a criação de uma dependência tecnológica que está delimitado pelo estado democrático de direito,
excessiva; defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
incorreto Forças Armadas etc.
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionando,
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. = do qual depende a sobrevivência física da população. Isso
incorreto não pode ser esquecido e serve de alerta para que as auto-
LÍNGUA PORTUGUESA

Através da fala do garoto chegamos à resposta: de- ridades desenvolvam planos de contingência.
pendência tecnológica - expressa em sua fala. O Globo, 31/05/2018.

7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo “É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca-
Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da
denota, além da agressão física, diversos tipos de impo- ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar se beneficiar do barateamento do combustível.” Segundo
ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” é

5
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
c) lastrear leis e regras na Constituição. mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
d) punirem-se os responsáveis por excessos. tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
Resposta: Letra D cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par-
Em “a”: manter-se o direito de livre expressão do pensa- lamentos e centros de comunicação e associações.
mento. = incorreto Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento sus-
incorreto tentado e o respeito pelos direitos humanos, reforçando as
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incorreto instituições democráticas, promovendo a liberdade de ex-
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. pressão, preservando a diversidade cultural e o ambiente.
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
= incorreto direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a se- brar a educação para a paz.
rem devidamente contidos e seus responsáveis, pu- Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas: desafios
nidos, conforme estabelecido na legislação. / É o que para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc. Educ. (Impr.) v. 6, n.º
precisa acontecer... = precisa acontecer a punição dos 1. Campinas, jun./2002 (com adaptações).
excessos.
De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebi-
– CESPE-2018) dos como

Texto CG1A1AAA a) obstáculos para a construção da cultura da paz.


A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos polí- b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
ticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, indepen- c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
dentemente de idade, sexo, estrato social, crença religiosa d) etapas para a construção da cultura da paz.
etc. é chamado à criação de um mundo pacificado, um e) consequências da construção da cultura da paz.
mundo sob a égide de uma cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”? Resposta: Letra D
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças e Em “a”: obstáculos para a construção da cultura da paz.
os adultos da compreensão de princípios como liberdade, = incorreto
justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, igualda- Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
de e solidariedade. Implica uma rejeição, individual e co- paz. = incorreto
letiva, da violência que tem sido percebida na sociedade, Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
em seus mais variados contextos. A cultura da paz tem de = incorreto
procurar soluções que advenham de dentro da(s) socieda- Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
de(s), que não sejam impostas do exterior. Em “e”: consequências da construção da cultura da paz. = incorreto
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
em sentido negativo, quando se traduz em um estado re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er-
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, para construção da paz.
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, di-
fícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concepção 10. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
da não violência para resolver conflitos, a prática do diálo-
go na relação entre pessoas, a postura democrática frente
à vida, que pressupõe a dinâmica da cooperação planeja-
da e o movimento constante da instalação de justiça.
Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pensamen-
to e a ação das pessoas para que se promova a paz. Falar de
violência e de como ela nos assola deixa de ser, então, a te-
mática principal. Não que ela vá ser esquecida ou abafada; ela
pertence ao nosso dia a dia e temos consciência disso. Porém,
LÍNGUA PORTUGUESA

o sentido do discurso, a ideologia que o alimenta, precisa im-


pregná-lo de palavras e conceitos que anunciem os valores
humanos que decantam a paz, que lhe proclamam e promo-
vem. A violência já é bastante denunciada, e quanto mais fa-
lamos dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
social. É hora de começarmos a convocar a presença da paz
em nós, entre nós, entre nações, entre povos.

6
O humor da tira é conseguido através de uma quebra de É correto associar o humor da charge ao fato de que
expectativa, que é:
a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
a) o fato de um adulto colecionar figurinhas; otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com-
b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos; pleto confinamento.
c) a falta de muitas figurinhas no álbum; b) os dois personagens estão muito bem informados so-
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho; bre a economia, o que não condiz com a imagem de
e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário. criminosos.
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos
Resposta: Letra B personagens, pois eles demonstram preocupação
com a aparência.
Em “a”: o fato de um adulto colecionar figurinhas; =
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
incorreto
os personagens, que estão acostumados a pagar caro
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não por eles nos presídios.
esportivos; e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = para os personagens, dada a condição em que se en-
incorreto contram.
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
pelo filho; = incorreto Resposta: Letra E
Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con- Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada
trário. = incorreto e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema completo confinamento. = incorreto
incomum: assuntos sociais. Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
mados sobre a economia, o que não condiz com a
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VU- imagem de criminosos. = incorreto
NESP-2015) Leia a tira. Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur-
preende os personagens, que estão acostumados a
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em
que se encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o
aumento no preço dos cosméticos não os afeta.
(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)
13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS-
Com sua fala, a personagem revela que TIÇA AVALIADOR – FGV-2018)
a) a violência era comum no passado.
b) as pessoas lutam contra a violência. Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com
c) a violência está banalizada. as figurinhas da Copa
d) o preço que pagou pela violência foi alto. Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018

Resposta: Letra C A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo


Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor-
Em “c”: a violência está banalizada. naleiros estão levando seus estoques para casa quando
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. = termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até
incorreto boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha-
Infelizmente, a personagem revela que a violên- dos por mensagens de celular.
cia está banalizada, nem há mais “punições” para os
agressivos. Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa
adequada é:
12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE-
RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge. a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do
celular e da carteira nos roubos urbanos;
LÍNGUA PORTUGUESA

b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à cartei-


ra como alvo de desejo dos assaltantes;
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que
vendem as figurinhas da Copa;
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa
nas bancas de jornais;
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cipal dos ladrões.

7
Resposta: Letra B C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
Em “a”: as figurinhas da Copa passaram a ocupar o um assunto ou uma determinada situação que se
lugar do celular e da carteira nos roubos urbanos; = almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
incorreto zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portan-
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes; to, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros benefício.
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da uma modalidade na qual as ações são prescritas de
Copa nas bancas de jornais; = incorreto forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
alvo principal dos ladrões. = incorreto Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular até criar uma massa homogênea.
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar-
passaram a ser alvo dos assaltantes. cam-se pelo predomínio de operadores argumen-
tativos, revelados por uma carga ideológica cons-
tituída de argumentos e contra-argumentos que
justificam a posição assumida acerca de um deter-
RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
TEXTUAIS. neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL neros estão em complementação, não em disputa.

A todo o momento nos deparamos com vários tex- Gêneros Textuais


tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a
presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência São os textos materializados que encontramos em
daquilo que está sendo transmitido entre os interlocuto- nosso cotidiano; tais textos apresentam características
res. Estes interlocutores são as peças principais em um sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
diálogo ou em um texto escrito. composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
É de fundamental importância sabermos classificar os receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
textos com os quais travamos convivência no nosso dia
blog, etc.
a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos tex-
A escolha de um determinado gênero discursivo de-
tuais e gêneros textuais.
pende, em grande parte, da situação de produção, ou
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei-
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum cular o texto, etc.
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al- Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a
guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta-
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descri- gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul-
ção e Dissertação. gação científica são comuns gêneros como verbete de
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico,
As tipologias textuais se caracterizam pelos aspec- seminário, conferência.
tos de ordem linguística
Os tipos textuais designam uma sequência definida REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
pela natureza linguística de sua composição. São obser- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela- char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, – São Paulo: Saraiva, 2010.
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo. CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática –
ação demarcados no tempo do universo narrado, volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
como também de advérbios, como é o caso de an-
tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu SITE
carro quando ele apareceu. Depois de muita conver- Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda-
sa, resolveram... cao/tipologia-textual.htm>
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,


descrevem características tanto físicas quanto psi-
cológicas acerca de um determinado indivíduo ou EXERCÍCIO COMENTADO
objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os 1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNI-
cabelos mais negros como a asa da graúna...” CO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE
– 2015)

8
Ouro em Fios - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão /
exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. compromisso / submeter – submissão.
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. • Quando o prefixo termina com vogal que se junta
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
- Desligue as luzes nos ambientes onde é possível • No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
usar a iluminação natural. Exemplos: ficasse, falasse.
- Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado.
- Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do São escritos com C ou Ç e não S e SS
ambiente. • Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
- Utilize o computador no modo espera. • Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
Juçara, caçula, cachaça, cacique.
Fique ligado! Evite desperdícios. • Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
Energia elétrica. uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça,
A natureza cobra o preço do desperdício. caniço, esperança, carapuça, dentuço.
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações) • Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
Há no texto elementos característicos das tipologias ex- • Após ditongos: foice, coice, traição.
positiva e injuntiva. • Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab-
( ) CERTO ( ) ERRADO
sorto – absorção.
Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é
B) O fonema z
aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima
apresenta tal característica.
São escritos com S e não Z
• Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL. cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
princesa.
• Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese,
ORTOGRAFIA metamorfose.
• Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor- quiseste.
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som • Nomes derivados de verbos com radicais termina-
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma dos em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / em-
língua são grafados segundo acordos ortográficos. preender - empresa / difundir – difusão.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- • Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras • Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções • Verbos derivados de nomes cujo radical termina
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
etimologia (origem da palavra). – pesquisar.
Regras ortográficas São escritos com Z e não S
• Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
A) O fonema S tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
• Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de
São escritas com S e não C/Ç
origem não termine com s): final - finalizar / con-
• Palavras substantivadas derivadas de verbos com
creto – concretizar.
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
• Consoante de ligação se o radical não terminar com
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão / “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
submergir - submersão / divertir - diversão / im- Exceção: lápis + inho – lapisinho.
LÍNGUA PORTUGUESA

pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir


- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / C) O fonema j
sentir - sensível / consentir – consensual.
São escritas com G e não J
São escritos com SS e não C e Ç • Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
• Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi- gesso.
nem em gred, ced, prim ou com verbos termina- • Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
dos por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir gim.

9
• Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem,
bege, foge. relampejar/relampear/relampar/relampadar.
Exceção: pajem. Os símbolos das unidades de medida são escritos
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
• Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
litígio, relógio, refúgio. 20km, 120km/h.
• Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
mugir.
• Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, Na indicação de horas, minutos e segundos, não
surgir. deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
• Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- 22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
nutos e trinta e quatro segundos).
minado com j: ágil, agente.
O símbolo do real antecede o número sem espaço:
São escritas com J e não G
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
• Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
ra vertical ($).
• Palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia,
manjerona. Alguns Usos Ortográficos Especiais
• Palavras terminadas com aje: ultraje.
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE
D) O fonema ch
POR QUE (separado e sem acento)
São escritas com X e não CH
• Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, É usado em:
xucro. 1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
• Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, gação) = Por que você não veio ontem?
lagartixa. 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
• Depois de ditongo: frouxo, feixe. a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
• Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. que faltara à aula ontem.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) Ignoro o motivo por que ele se demitiu.

São escritas com CH e não X POR QUÊ (separado e com acento)

 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, Usos:


chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. 1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
E) As letras “e” e “i” Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
• Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. quê?
Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
• Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve- Usos:
mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer 1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
e -uir: trai, dói, possui, contribui. a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto
Há palavras que mudam de sentido quando substituí- final) = Compre agora, porque há poucas peças.
mos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (me- 2. como conjunção subordinativa causal, substituível
lodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
(vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que que se antecipou.
anda a pé), pião (brinquedo).
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto- PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar
o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), Usos:
elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra 1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra-
de referência até mesmo para a criação de dicionários, zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (por-
LÍNGUA PORTUGUESA

pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o signifi- quês). Geralmente é precedido por artigo = Não
cado). Na Internet, o endereço é www.academia.org.br. sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia de
porquês.
Informações importantes
ONDE / AONDE
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
núncias diferentes para palavras com a mesma significa- Onde = empregado com verbos que não expressam
ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze, a ideia de movimento = Onde você está?

10
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
que expressam movimento = Aonde você vai? gumas exceções continuam por já estarem con-
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
MAU / MAL mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
queima-roupa, deus-dará.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
mau elemento. combinações históricas ou ocasionais: Áustria-
-Hungria, Angola-Brasil, etc.
Mal = pode ser usado como 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, per- quando associados com outro termo que é
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi -racional, etc.
mal na prova? 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di-
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
não compensa. pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
etc.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he-
char - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform. pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
– São Paulo: Saraiva, 2010. semi-hospitalar, super-homem.
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li- 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre-
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000. fixo termina com a mesma vogal do segundo ele-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au-
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira to-observação, etc.
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002. O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
SITE
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/ #FicaDica
aulas/portugues/ortografia>
Ao separar palavras na translineação
Hífen (mudança de linha), caso a última palavra a
ser escrita seja formada por hífen, repita-o
na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
para ligar os elementos de palavras compostas (como
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
(hífen em ambas as linhas). Devido à
nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente diagramação, pode ser que a repetição do
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de hífen na translineação não ocorra em meus
uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa; conteúdos, mas saiba que a regra é esta!
compa-/nheiro).

A) Uso do hífen que continua depois da Reforma B) Não se emprega o hífen:


Ortográfica: 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefi-
1. Em palavras compostas por justaposição que for- xo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos em “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
que se unem para formam um novo significado: consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente- microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-


arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h”
ro, recém-casado. inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc.

11
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificul-
o segundo elemento começar com “o”: coopera- dade em assimilar conceitos mais complexos sobre os
ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, temas expostos.
coedição, coexistir, etc. d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no- mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro
ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas, na véspera.
paraquedista, etc. e) Os participantes compreendiam mau o que estava
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben- sendo discutido, por isso não conseguiam formular
feito, benquerer, benquerido, etc. perguntas.

Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon- Resposta: Letra A


dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte, Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina- (antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um
do, pressuposto, propor. ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio- frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser
so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre- utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde
-humano, super-realista, alto-mar. = Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente –
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, embora errada em termos de saúde! Então, a maneira
antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, correta é “Cigarro faz mal à saúde”.
ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, Vamos aos itens:
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta
Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último cam-
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA peonato = mal
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe esta-
va de mal (bom) humor = mau
SITE Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/ que estava sendo discutido = mal
aulas/portugues/ortografia>
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas
da língua portuguesa as palavras
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) admissão, paralisação, impasse
1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) b) bambusal, autorização, inspiração
Assinale a alternativa em que as palavras estão grafadas c) consessão, extresse, enxaqueca
corretamente. d) banalisação, reexame, desenlace
e) desorganisação, abstração, cassação
a) Extrovertido – extroverção.
b) Disponível – disponibilisar. Resposta: Letra A
c) Determinado – determinassão. Em “a”: admissão / paralisação / impasse = corretas
d) Existir – existência. Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização /
e) Característica – caracterizasão. inspiração
Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse /
Resposta: Letra D enxaqueca
Em “a”: Extrovertido / extroverção = extroversão Em “d”: banalisação = banalização / reexame /
Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar desenlace
Em “c”: Determinado / determinassão = determinação Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração
Em “d”: Existir / existência = corretas / cassação
Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização
4. (MPU – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – ESA-
2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL F-2004-ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada em
I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado Manuel Bandeira, escolha o segmento do texto que não
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua está isento de erros gramaticais e de ortografia, conside-
rando-se a ortodoxia gramatical.
LÍNGUA PORTUGUESA

portuguesa em:

a) O estagiário foi mal treinado, por isso não desempe- a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não
nhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas pelos procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou
seus superiores. a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a
culpa.
b) O time não jogou mau no último campeonato, apesar
b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão
de enfrentar alguns problemas com jogadores des-
que lhe valera o apelido.
controlados.

12
c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé, c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o pergunta-
entusiasmo e coragem na aventura de 89. ram”;
d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Cos- d) grafar-se “porque” em vez de “por que”;
ta, Alvarenga eram homens requintados, letrados, a e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.
quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre
lutara pela subsistência. Resposta: Letra D
e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, enfren- “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só
tou a pena última. usava meias vermelhas”
Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe
Resposta: Letra A
Em “a”: Descoberta a conspiração, enquanto os outros cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como
não procuravam outra coisa se não salvar-se (senão se objeto direto (sem preposição)
salvar) , ele revelou a mais heróica (heroica) força de Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = está
ânimo, chamando a si toda a culpa. correto, pois separa o advérbio no início do período
Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o per-
profissão que lhe valera o apelido = correta guntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto
Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a demons- – perguntaram o que a quem)
trar fé, entusiasmo e coragem na aventura de 89 = Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”;
correta Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.
Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da = correto, pois se invertermos haverá mudança de
Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados, sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de
a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sem- roupa).
pre lutara pela subsistência = correta A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por
Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim,
que”, já que se trata de uma pergunta indireta.
enfrentou a pena última = correta

5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA


INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017) ACENTUAÇÃO
Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a 2.ª
considerando o emprego do por que / porque. Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
(1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
mulheres [...].” Por isso, vamos às regras!
(2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
são mulheres.” Regras básicas

( ) Faltei _____________ você estava doente. A acentuação tônica está relacionada à intensida-
( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente. de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento. Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação de
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
outro pensamento.
com menos intensidade, são denominadas de átonas.
A sequência está correta em: De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
cadas como:
a) 1, 1, 1, 2 Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai so-
b) 1, 2, 1, 2 bre a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju
c) 2, 1, 1, 2 – papel
d) 2, 2, 2, 1 Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Resposta: Letra C Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
Faltei porque você estava doente. = conjunção causal ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá
para substituir por “a causa pela qual” Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
Não se sabe por que realizou tal procedimento. = os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
substituir por “a causa” do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
Este ponto de vista é porque não há manifestação de
- ré.
outro pensamento. = conjunção causal
Teremos: 2, 1, 1, 2
Os acentos
LÍNGUA PORTUGUESA

6. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR – FGV-


2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
só usava meias vermelhas”. Nesse segmento do texto 1 e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas
há um erro gramatical, que é: letras representam as vogais tônicas de palavras
como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indi-
a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”; ca, além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu
b) haver vírgula após a expressão “Um dia”; (ditongos abertos).

13
B) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras Antes Agora
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
fechado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs . assembléia assembleia
C) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” idéia ideia
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
geléia geleia
D) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi to- jibóia jiboia
talmente abolido das palavras. Há uma exceção: é apóia (verbo apoiar) apoia
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios
paranóico paranoico
estrangeiros: mülleriano (de Müller)
E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã Acento Diferencial

Regras fundamentais Representam os acentos gráficos que, pelas regras de


acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
A) Palavras oxítonas:acentuam-se todas as oxítonas diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não e/ou tempos verbais. Por exemplo: Pôr (verbo) X por (pre-
do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém. posição) / pôde (pretérito perfeito do Indicativo do verbo
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: “poder”) X pode (presente do Indicativo do mesmo verbo).
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentua-
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, da, mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acen-
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo tua-se, para que saibamos se se trata de um verbo ou
preposição.
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas Os demais casos de acento diferencial não são mais
terminadas em: utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
i, is: táxi – lápis – júri vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama-
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum ticais são definidos pelo contexto.
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax Polícia para o trânsito para que se realize a operação
– fórceps planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos junção (com relação de finalidade).
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória #FicaDica
Quando, na frase, der para substituir o “por”
#FicaDica por “colocar”, estaremos trabalhando com
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que um verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos,
esta palavra apresenta as terminações das “por” é preposição: Faço isso por você. /
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO.
Assim ficará mais fácil a memorização!
Regra do Hiato

C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quan- Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
do a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí- acento: saída – faísca – baú – país – Luís
tonas são acentuadas, independentemente de sua Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere. quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Regras especiais Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se es-
tiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
LÍNGUA PORTUGUESA

palavras paroxítonas.

Antes Agora
FIQUE ATENTO!
bocaiúva bocaiuva
Se os ditongos abertos estiverem em uma
palavra oxítona (herói) ou monossílaba feiúra feiura
(céu) ainda são acentuados: dói, escarcéu. Sauípe Sauipe

14
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido: EXERCÍCIOS COMENTADOS

Antes Agora 1. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – EXATUS-2015)


Assinale a alternativa em que a palavra é acentuada pela
crêem creem mesma razão que “Bíblia”:
lêem leem
a) íris.
vôo voo b) estórias.
enjôo enjoo c) queríamos.
d) aí.
e) páginas.
#FicaDica
Resposta: Letra B
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os “Bíblia” = esta é acentuada por ser uma paroxítona
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas terminada em ditongo.
que não recebem mais acento como antes: Em “a”, íris = paroxítona terminada em i(s)
CRER, DAR, LER e VER. Em “b”, estórias = paroxítona terminada em ditongo
Repare: Em “c”, queríamos = proparoxítona
O menino crê em você. / Os meninos creem Em “d”, aí = regra do hiato
em você. Em “e”, páginas = proparoxítona
Elza lê bem! / Todas leem bem!
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos 2. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – FADESP-2018)
que os garotos deem o recado! A sequência de palavras cujos acentos são empregados
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! pelo mesmo motivo é
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! /
Eles vêm à tarde! a) público, função, dói.
b) burocráticos, próximo, século.
c) será, aí, é, está.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na d) glória, exercício, publicação.
e) hábito, bancário, poética.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: Resposta: Letra B
Em “a”, público = proparoxítona / função = o til tem
função de nasalizar (indicar som fechado) / dói = mo-
Antes Agora nossílabo formado por ditongo aberto
apazigúe (apaziguar) apazigue Em “b”, burocráticos = proparoxítona / próximo = pro-
averigúe (averiguar) averigue paroxítona / século = proparoxítona
Em “c”, será = oxítona terminada em ‘a” / aí = regra do
argúi (arguir) argui hiato / é = (verbo) monossílabo tônico terminado em
“e” / está = (verbo) oxítona terminada em “a”
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes- Em “d”, glória = paroxítona terminada em ditongo /
exercício = paroxítona terminada em ditongo / publi-
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
cação = o til indica nasalização (som fechado)
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos Em “e”, hábito = (substantivo) proparoxítona / ban-
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, cário = paroxítona terminada em ditongo / poética =
ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém proparoxítona
– eles convêm.
3. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR
– CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) O em-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS prego do acento gráfico nas palavras “metálica”, “acú-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa mulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma regra
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de acentuação.
LÍNGUA PORTUGUESA

CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- ( ) CERTO ( ) ERRADO


char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Resposta: Errado
O emprego do acento gráfico nas palavras “metálica”,
“acúmulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma
SITE
regra de acentuação.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama- metálica = proparoxítona / acúmulo = proparoxítona /
tica/acentuacao.htm> imóveis = paroxítona terminada em ditongo

15
4. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- Resposta: Errado
GRANRIO-2018) A palavra que precisa ser acentuada “Conteúdo” = regra do hiato / calúnia = paroxítona
graficamente para estar correta quanto às normas em terminada em ditongo / injúria = paroxítona termina-
vigor está destacada na seguinte frase: da em ditongo.

a) Todo escritor de novela tem o desejo de criar um per- 7. (TRE-AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
sonagem inesquecível. as frases que seguem, a única correta é:
b) Os telespectadores veem as novelas como um espelho
da realidade. a) Ele se esqueceu de que?
c) Alguns novelistas gostam de superpor temas sociais b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-
com temas políticos. -lo entre os presentes.
d) Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críti-
sua fala várias vezes. cas.
e) Alguns atores de novela constroem seus personagens d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos
fazendo pesquisa. funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
Resposta: Letra D
Em “a”: Todo escritor de novela tem = singular (não Resposta: Letra E
acentuado) Em “a”: Ele se esqueceu de que? = quê?
Em “b”: Os telespectadores veem = correta - plural do- Em “b”: Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu
bra o “e” (perdeu o acento com o Acordo) para distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
Em “c”: Alguns novelistas gostam de superpor = Em “c”: Embora devêssemos (devêssemos), não fomos
correta excessivos nas críticas.
Em “d”: O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às rei-
Em “d”: Para decorar o texto antes de gravar, cada ator
vindicações dos funcionários.
rele = relê (oxítona)
Em “e”: Não sei por que ele mereceria minha
Em “e”: Alguns atores de novela constroem = correta
consideração.
5. (TJ-SP - ANALISTA EM COMUNICAÇÃO E PROCES-
SAMENTO DE DADOS JUDICIÁRIO – VUNESP/2012) DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO
Seguem a mesma regra de acentuação gráfica relativa às TEXTUAL. EMPREGO DE ELEMENTOS
palavras paroxítonas: DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E
REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS
ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL
a) probatório; condenatório; crédito.
b) máquina; denúncia; ilícita.
c) denúncia; funcionário; improcedência. COESÃO E COERÊNCIA
d) máquina; improcedência; probatório.
e) condenatório; funcionário; frágil. Na construção de um texto, assim como na fala, usa-
mos mecanismos para garantir ao interlocutor a com-
Resposta: Letra C preensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos lin-
Vamos a elas: guísticos que estabelecem a coesão e retomada do que
Em “a”: probatório = paroxítona terminada em ditongo foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que
/ condenatório = paroxítona terminada em ditongo / buscam garantir a coesão textual para que haja coerência,
crédito = proparoxítona. não só entre os elementos que compõem a oração, como
Em “b”: máquina = proparoxítona / denúncia = paro- também entre a sequência de orações dentro do texto.
xítona terminada em ditongo / ilícita = proparoxítona. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de modo
Em “c”: Denúncia = paroxítona terminada em diton- implícito, baseado em conhecimentos anteriores que os
go / funcionário = paroxítona terminada em ditongo participantes do processo têm com o tema.
/ improcedência = paroxítona terminada em ditongo Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
Em “d”: máquina = proparoxítona / improcedência = ginária - composta de termos e expressões - que une
paroxítona terminada em ditongo / probatório = pa- os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela-
roxítona terminada em ditongo ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego
Em “e”: condenatório = paroxítona terminada em di- de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição,
tongo / funcionário = = paroxítona terminada em di- substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de
pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se
LÍNGUA PORTUGUESA

tongo / Frágil = paroxítona terminada em “l”


frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto
– decorre daí a coerência textual.
6. (TJ-AC – TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CES-
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
PE/2012) As palavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria”
apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa in-
são acentuadas de acordo com a mesma regra de acen-
coerência é resultado do mau uso dos elementos de coe-
tuação gráfica. são textual. Na organização de períodos e de parágra-
fos, um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e
( ) CERTO ( ) ERRADO

16
lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído de progressão textual, dada sua característica: são ele-
com os elementos corretos, confere-se a ele uma unida- mentos que não significam, apenas indicam, remetem
de formal. aos componentes da situação comunicativa.
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun- Já os componentes concentram em si a significação.
ciado não se constrói com um amontoado de palavras e Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito:
orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de “Os pronomes pessoais e as desinências verbais in-
dependência e independência sintática e semântica, reco- dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes
bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais,
estes princípios”. bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento
Não se deve escrever frases ou textos desconexos – da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterio-
é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as ridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste
frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re- momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem,
lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela- há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante,
ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura no próximo ano, depois de (futuro).”
textual.
A coerência de um texto está ligada:
Formas de se garantir a coesão entre os elementos 1. à sua organização como um todo, em que devem
de uma frase ou de um texto: estar assegurados o início, o meio e o fim;
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um
• Substituição de palavras com o emprego de sinô- texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo fundamentada em comprovações, apresentação
associativo. de estatísticas, relato de experiências; um texto
• Nominalização – emprego alternativo entre um ver- informativo apresenta coerência se trabalhar com
bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos,
(desgastar / desgaste / desgastante). por outro lado, trabalham com a linguagem figura-
• Emprego adequado de tempos e modos verbais: da, livre associação de ideias, palavras conotativas.
Embora não gostassem de estudar, participaram da
aula. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
• Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre- CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
posições, artigos: Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática –
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden- SITE
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/
por elas. Paacutegina1.html>
• Uso de hipônimos – relação que se estabelece com
base na maior especificidade do significado de um
deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel EXERCÍCIOS COMENTADOS
(mais genérico).
• Emprego de hiperônimos - relações de um termo
1. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO
de sentido mais amplo com outros de sentido mais
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018)
específico. Por exemplo, felino está numa relação
de hiperonímia com gato.
Texto 2
• Substitutos universais, como os verbos vicários.
“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a
Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
circulação de carros a diesel no centro a partir de 2024. O
no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão
fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque
dos monumentos”. (Veja, 7/3/2018)
preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”,
evitando repetição desnecessária.
A ordem cronológica dos fatos citados no texto 2 é:
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co-
nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad-
a) redução da poluição / banimento da circulação de car-
verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
ros / erosão dos monumentos;
tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior,
LÍNGUA PORTUGUESA

b) banimento da circulação de carros / erosão dos monu-


a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O
mentos / redução da poluição;
jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas
c) erosão dos monumentos / redução da poluição / bani-
as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e,
mento da circulação de carros;
assim, estabelece a relação entre as duas orações).
d) redução da poluição / erosão dos monumentos / ba-
nimento da circulação de carros;
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro-
e) erosão dos monumentos / banimento da circulação de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou
carros / redução da poluição.
ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função

17
Resposta: Letra E Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no
“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma
a circulação de carros a diesel no centro a partir de ansiedade tão grande para consumir produtos que pro-
2024. O objetivo é reduzir a poluição, que contribui metem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dis-
para a erosão dos monumentos”. põe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos
Primeiro ocorreu a erosão dos monumentos (=1) de- primeiros a comprar um novo modelo de smartphone?
Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para
vido à poluição; optou-se pelo banimento da circula-
comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que
ção dos carros (=2) para que a poluição diminua (=3), serão realmente úteis em nossas rotinas?
o que preservará os monumentos. A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford
(Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada” por
2. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – novos gadgets. De modo geral, em nosso processo evoluti-
CESGRANRIO-2018) A ideia a que o pronome destaca- vo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu a suprir
do se refere está adequadamente explicitada entre col- necessidades básicas para a sobrevivência e a perpetuação
chetes em: da espécie, tais como sexo, segurança e status social.
Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica
a) “Ela é produzida de forma descentralizada por mi- atende a essa última necessidade citada: nós nos senti-
lhares de computadores, mantidos por pessoas que mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen-
‘emprestam’ a capacidade de suas máquinas para criar te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um
produto que quase ninguém ainda possui.
bitcoins” [computadores] Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que
b) “No processo de nascimento de uma bitcoin, que é mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativa-
chamado de ´mineração´, os computadores conecta- vam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativa-
dos à rede competem entre si” [bitcoin] das quando uma pessoa muito religiosa se depara com
c) “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que
rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião
limitada, que é de até 21 milhões de unidades” [rede] para os mais entusiastas.
d) “Elas são guardadas em uma espécie de carteira, que O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais
é criada quando o usuário se cadastra no software.” novo lançamento tecnológico dispara em nosso cére-
[espécie ] bro a liberação de um hormônio chamado dopamina,
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
e) “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha que em
liberado quando nosso cérebro identifica algo que repre-
algum momento deve estourar.” [bolha] sente uma recompensa.
O grande problema é que a busca excessiva por recom-
Resposta: Letra E pensas pode resultar em comportamentos impulsivos,
Em “a”: “Ela é produzida de forma descentralizada por que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes
milhares de computadores, mantidos por pessoas que sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo,
(= as quais – retoma o termo “pessoas”) podemos observar a situação problematizada aqui: gasto
Em “b”: “No processo de nascimento de uma bitcoin, excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem
que é chamado de ‘mineração’ (= o qual - retoma o sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos
termo “processo de nascimento”) de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes
Em “c”: “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado apresentam poucas mudanças em relação ao modelo
pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros
casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho
faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades” =
novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou
retoma o termo “faixa limitada” inovadora no cotidiano.
Em “d”: “Elas são guardadas em uma espécie de cartei- No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a
ra, que é criada (= a qual – retoma “carteira”) conter os impulsos na hora de comprar um novo smart-
Em “e”: “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha phone ou alguma novidade de mercado: compare o efei-
que (= a qual) em algum momento deve estourar.” to momentâneo da dopamina com o impacto de imagi-
[bolha] = correta nar como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com
a nova compra.
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode
– CESGRANRIO-2018-ADAPTADA) ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a
respeito da aquisição.
DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan. 2018.
O vício da tecnologia
Adaptado.
A ideia a que a expressão destacada se refere está expli-
Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os citada adequadamente entre colchetes em:
LÍNGUA PORTUGUESA

olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô-


nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à
as inovações, estavam produtos relacionados a experiên- utilização de inteligência artificial — que hoje é um
cias de realidade virtual e à utilização de inteligência ar- dos temas que mais desperta interesse em profissio-
tificial — que hoje é um dos temas que mais desperta nais da área” [experiências de realidade virtual]
interesse em profissionais da área, tendo em vista a am- b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec-
pliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diver- nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência
sos segmentos. artificial]

18
c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
última necessidade citada” [segurança] variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa- construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
mina” [mapeamento cerebral] bebidas.
e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
que represente uma recompensa.” [impulso cerebral] de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
Resposta: Letra B zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
Ao texto: cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir- significativo de patrícios e algumas associações de por-
tual e à utilização de inteligência artificial — que hoje te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
é um dos temas que mais desperta interesse em pro- Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
fissionais da área” [experiências de realidade virtual] de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in- da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
teligência artificial como a Casa de Portugal e um grande número de casas
Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli-
periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
gência artificial]
formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona-
bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
dos a experiências de realidade virtual e à utilização de
vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
inteligência artificial — que hoje é um dos temas que
área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
mais desperta interesse em profissionais da área, tendo
preferida pelos mais abastados.
em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia
PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salazaristas e opo-
nos mais diversos segmentos.= correta
sitores em manifestação na cidade. In: ALVES, Ida et alii. 450 Anos
Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten-
de a essa última necessidade citada” [segurança] de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ofi cina Raquel,
Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi- 2017, pp. 260-1. Adaptado.
vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se-
gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de “No Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos
uma novidade tecnológica atende a essa última neces- um grupo significativo de patrícios e algumas associações
sidade citada... = status social de porte”. No trecho acima, a autora usou em itálico a
Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com- palavra destacada para fazer referência aos
prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em
nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado a) luso-brasileiros
dopamina” [mapeamento cerebral] b) patriotas da cidade
(...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re- c) habitantes da cidade
ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse d) imigrantes portugueses
impulso cerebral e comprar e) compatriotas brasileiros
Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi-
fica algo que represente uma recompensa.” [impulso Resposta: Letra D
cerebral] Ainda hoje é o utilizado o termo “patrício” para se re-
(...) a liberação de um hormônio chamado dopamina, ferir aos portugueses. “Patrício” significa “da mesma
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é pátria”.
liberado = dopamina
5. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) To-
4. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN- das as frases abaixo apresentam elementos sublinhados
TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) que estabelecem coesão com elementos anteriores (aná-
fora); a frase em que o elemento sublinhado se refere a
Texto I um elemento futuro do texto (catáfora) é:

Portugueses no Rio de Janeiro a) “A civilização converteu a solidão num dos bens mais
preciosos que a alma humana pode desejar”;
LÍNGUA PORTUGUESA

O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu- b) “Todo o problema da vida é este: como romper a pró-
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa- pria solidão”;
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do c) “É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de
mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo viver com alguém que saiba pensar”;
de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam- d) “O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, a de uma vela que queima”;
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
e) “As pessoas que nunca têm tempo são aquelas que
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
produzem menos”.

19
Resposta: Letra B 7. (IBGE – RECENSEADOR – FGV-2017)
Em “a”: “A civilização converteu a solidão num dos
bens mais preciosos que a alma humana pode dese- Texto 3 – “Silva, Oliveira, Faria, Ferreira... Todo mundo
jar” = retoma “bens preciosos” tem um sobrenome e temos de agradecer aos romanos
Em “b”: “Todo o problema da vida é este: como romper por isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos
ergueu um império com a conquista de boa parte das
a própria solidão” = o pronome se refere ao período terras banhadas pelo Mediterrâneo, o inventor da moda.
que virá (= catáfora) Eles tiveram a ideia de juntar ao nome comum, ou pre-
Em “c”: “É sobretudo na solidão que se sente a vanta- nome, um nome.
gem de viver com alguém que saiba pensar” = retoma Por quê? Porque o império romano crescia e eles preci-
“solidão” savam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar
Em “d”: “O homem ama a companhia, mesmo que onde tinha nascido”.
seja apenas a de uma vela que queima” = retoma (Ciência Hoje, março de 2014)
“companhia”
Em “e”: “As pessoas que nunca têm tempo são aque- “Todo mundo tem um sobrenome e temos de agradecer
aos romanos por isso”. (texto 3) O pronome “isso”, nesse
las que produzem menos” = retoma “pessoas”
segmento do texto, se refere a(à):
6. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO a) todo mundo ter um sobrenome;
– FGV-2018) b) sobrenomes citados no início do texto;
c) todos os sobrenomes hoje conhecidos;
NÃO FALTOU SÓ ESPINAFRE d) forma latina dos sobrenomes atuais;
e) existência de sobrenomes nos documentos.
A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos.
Mostrou também danos morais. Resposta: Letra A
Todo mundo tem um sobrenome e temos de agrade-
Aconteceu num mercadinho de bairro em São Paulo. A
cer aos romanos por isso = ter um sobrenome.
dona, diligente, havia conseguido algumas verduras e GABARITO OFICIAL: A
avisou à clientela. Formaram-se uma pequena fila e uma
grande discussão. Uma senhora havia arrematado todos 8. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010)
os dez maços de espinafre. No caixa, outras freguesas Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a
perguntaram se ela tinha restaurante. Não tinha. Obser- eficiência, a produtividade e a competitividade nos pro-
varam que a verdura acabaria estragada. Ela explicou que cessos gerenciais e nos produtos e serviços das organi-
ia cozinhar e congelar. Então, foram ao ponto: caramba, zações. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico
havia outras pessoas na fila, ela não poderia levar só o e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, ca-
pacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas
que consumiria de imediato?
tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respos-
“Não, estou pagando e cheguei primeiro”, foi a resposta. tas originais e pertinentes em situações com as quais ele
Compras exageradas nos supermercados, estoques do- se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as
mésticos, filas nervosas nos postos de combustível – teve coisas novas, pois a novidade é catastrófica para os mais
muito comportamento na base de cada um por si. céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um
Cabem nessa categoria as greves e manifestações opor- percurso de difícil travessia para a maioria das institui-
tunistas. Governo, cedendo, também vou buscar o meu ções. Inovar significa transformar os pontos frágeis de
– tal foi o comportamento de muita gente. um empreendimento em uma realidade duradoura e lu-
Carlos A. Sardenberg, in O Globo, 31/05/2018.
crativa. A inovação estimula a comercialização de produ-
tos ou serviços e também permite avanços importantes
para toda a sociedade. Porém, a inovação é verdadeira
“A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos. somente quando está fundamentada no conhecimento.
Mostrou também danos morais”. A palavra ou expressão A capacidade de inovação depende da pesquisa, da ge-
do primeiro período que leva à produção do segundo ração de conhecimento. É necessário investir em pesqui-
período é sa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No
a) a crise. entanto, os resultados desse tipo de investimento não
b) não trouxe. são necessariamente recursos financeiros ou valores eco-
c) apenas. nômicos, podem ser também a qualidade de vida com
d) danos sociais. justiça social.
Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Darcy. Revista
e) (danos) econômicos.
de jornalismo científico e cultural da Universidade de Brasília, no-
LÍNGUA PORTUGUESA

vembro e dezembro de 2009, p. 37 (com adaptações).


Resposta: Letra C
1.º período: A crise não trouxe apenas danos sociais e Subentende-se da argumentação do texto que o pro-
econômicos. nome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investi-
2.º período: Mostrou também danos morais. mento”, refere-se à ideia de “fermento do crescimento
A expressão que nos dá a ideia de que haverá mais econômico e social de um país”.
informações que complementarão a primeira “tese”
apresentada é “apenas”. ( ) CERTO ( ) ERRADO

20
Resposta: Errado Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra
Ao trecho: (...) É necessário investir em pesquisa para Dele retoma, textualmente,
devolver resultados satisfatórios à sociedade. No entan-
to, os resultados desse tipo de investimento = inves- a) ciclo.
tir em pesquisa / desse tipo de investimento. b) Alguém.
c) padrinho.
9. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015) d) grupo.
e) apaixonado.
Texto I
Resposta: Letra A
Na organização do poder político no Estado moderno, Voltemos ao período:
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im-
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir portante é decidir fazer parte dele.
a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige
a existência de um poder institucional. Mas a conquista da
liberdade humana também reclama a distribuição do poder EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS.
em ramos diversos, com a disposição de meios que asse-
gurem o controle recíproco entre eles para o advento de
um cenário de equilíbrio e harmonia nas sociedades esta- Prezado candidato, o referido assunto será abordado
tais. A concentração do poder em um só órgão ou pessoa no tópico “classe de palavras”.
viria sempre em detrimento do exercício da liberdade. É que,
como observou Montesquieu, “todo homem que tem poder DOMÍNIO DA ESTRUTURA
tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.
que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela dis- RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE
posição das coisas, o poder limite o poder”. ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo TERMOS DA ORAÇÃO
de origem baconiana, não abandonando o rigor das COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos. toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério jou muito ontem à noite.
Público em função da proteção dos direitos humanos.
Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações). verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-
No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
referência a “ramos diversos”. elementos constituintes, elas podem ser classificadas a
partir de seu sentido global:
( ) CERTO ( ) ERRADO A) frases interrogativas = o emissor da mensagem
formula uma pergunta: Que dia é hoje?
Resposta: Certo B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou
Ao período: (...) reclama a distribuição do poder em faz um pedido: Dê-me uma luz!
ramos diversos, com a disposição de meios que asse- C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
gurem o controle recíproco entre eles para o advento tado afetivo: Que dia abençoado!
de um cenário de equilíbrio e harmonia. D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
prova será amanhã.
10. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLAS-
LÍNGUA PORTUGUESA

SE – NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, é (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias, sujeito e predicado.
é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor vi- bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
vemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros- algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é
peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é a parte da frase que contém “a informação nova para
decidir fazer parte dele.

21
o ouvinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao Um sujeito é determinado quando é facilmente
tema, constituindo a declaração do que se atribui ao identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
sujeito. nado pode ser simples ou composto.
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo possível identificar claramente a que se refere a concor-
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica- Estão gritando seu nome lá fora.
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos Trabalha-se demais neste lugar.
de ligação):
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
(predicado verbal) senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú- plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai-
cleo é “fácil” (predicado nominal) xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
Nós estudaremso juntos.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída A humanidade é frágil.
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen- Ninguém se move.
tido completo. O período pode ser simples ou composto. O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
Período simples é aquele constituído por apenas As crianças precisam de alimentos saudáveis.
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Chove. O sujeito composto é o sujeito determinado que
A existência é frágil. apresenta mais de um núcleo.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. Alimentos e roupas custam caro.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Período composto é aquele constituído por duas ou
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
Quero que você estude mais.
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
Termos da Oração
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto.
Termos essenciais
Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem ora- Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter- gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
mo que estabelece concordância com o verbo. pronomes não estejam explícitos.
O candidato está preparado. Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
Os candidatos estão preparados. to na desinência verbal “-mos”
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida- sinência verbal “-ais”
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, Mas:
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
no singular: candidato = está). Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
A função do sujeito é basicamente desempenhada
por substantivos, o que a torna uma função substantiva O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais- ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
quer outras palavras substantivadas (derivação impró- refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
pria) também podem exercer a função de sujeito. contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
substantivo) nado de duas maneiras:
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
plo: substantivo) A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen- Bateram à porta;
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Andam espalhando boatos a respeito da queda do
do sujeito. ministro.

22
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
ou composto: de opinião.
Os meninos bateram à porta. (simples) Predicado
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
O predicado acima apresenta apenas uma palavra
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi- ligam direta ou indiretamente ao verbo.
ca dos verbos que não apresentam complemento A cidade está deserta.
direto:
Precisa-se de mentes criativas. O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
Vivia-se bem naqueles tempos. -se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
Trata-se de casos delicados. elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
Sempre se está sujeito a erros. sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
predicativo do sujeito).
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
de indeterminação do sujeito. O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
significativo um verbo:
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre- Chove muito nesta época do ano.
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A Estudei muito hoje!
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi- Compraste a apostila?
pais casos de orações sem sujeito com:
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
• os verbos que indicam fenômenos da natureza: apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
Amanheceu. processos.
Está trovejando.
O predicado nominal é aquele que tem como nú-
• os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
tempo em geral: do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
Está tarde. tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
Já são dez horas. ligação).
Faz frio nesta época do ano. Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Há muitos concursos com inscrições abertas. isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a do sujeito: Os dados parecem corretos.
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- relacionadas.
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. A função de predicativo é exercida, normalmente, por
Chove muito nesta época do ano. um adjetivo ou substantivo.
Houve problemas na reunião.
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
objeto direto. ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
As questões estavam fáceis! nificativo, indicando processos. É também sempre por
Sujeito simples = as questões intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
Predicado = estavam fáceis o termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado;
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. As mulheres julgam os homens inconstantes.
Sujeito = uma ideia estranha
LÍNGUA PORTUGUESA

Predicado = passou-me pelo pensamento No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta


duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
Para o estudo do predicado, é necessário verificar ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado um verbal e outro nominal.
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con- O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
siderar também se as palavras que formam o predicado
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
oração. complemento homens com o predicativo “inconstantes”.

23
Termos integrantes da oração Termos acessórios da oração e vocativo

Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o Os termos acessórios recebem este nome por serem
complemento nominal são chamados termos integrantes explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
da oração. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
Os complementos verbais integram o sentido dos tivo – este, sem relação sintática com outros temos da
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi- oração.
cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
plementos diretamente, sem a presença de preposição, O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
ou indiretamente, por intermédio de preposição. ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
O objeto direto é o complemento que se liga direta- adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
mente ao verbo. exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
Houve muita confusão na partida final. a pé àquela velha praça.
Queremos sua ajuda.
O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
O objeto direto preposicionado ocorre termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
principalmente: ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração.
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co- Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os
muns referentes a pessoas: numerais e os pronomes adjetivos.
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi- amigo de infância.
na-se: objeto direto preposicionado)
O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs-
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
cansar a Vossa Senhoria. verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri- O poeta deixou-a.
se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo (originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
prejudica a crise) adjunto adnominal)

O objeto indireto é o complemento que se liga indi- O poeta português deixou uma obra inacabada.
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição. O poeta deixou-a inacabada.
Gosto de música popular brasileira. (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
Necessito de ajuda. do objeto)

Objeto Pleonástico Enquanto o complemento nominal se relaciona a um


substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. relaciona apenas ao substantivo.
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
ves Dias) termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
objeto pleonástico O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
LÍNGUA PORTUGUESA

Ao traidor, nada lhe devemos. nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
com o mundo.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
complemento nominal, que se liga ao nome que com- coisas: amor, arte, ação.
pleta por intermédio de preposição: C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala- nho, tudo forma o carnaval.
vra “necessária” D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo” xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

24
O vocativo é um termo que serve para chamar, in- Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não Comprei o protetor solar e fui à praia.
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan- • Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs- suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
tantivadas esse papel na linguagem. davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
João, venha comigo! senão.
Traga-me doces, minha menina! Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!
Períodos Compostos
• Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
Período Composto por Coordenação suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
quer...quer; seja...seja.
O período composto se caracteriza por possuir mais Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma • Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
oração) suas principais conjunções são: logo, portanto, por
Estou comprando um protetor solar, depois irei à fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas posto ao verbo).
orações) Passei no concurso, portanto comemorarei!
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar A situação é delicada; devemos, pois, agir.
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
orações). • Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa-
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
entre as orações de um período composto: uma relação Não fui à praia, pois queria descansar durante o
de coordenação ou uma relação de subordinação. Domingo.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
de informações, marcado pela pontuação final), mas têm, Período Composto Por Subordinação
ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. Quero que você seja aprovado!
(Período Composto) Oração principal oração subordinada
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Observe que na oração subordinada temos o verbo
2. Irei à praia. “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
Separando as duas, vemos que elas são independen- por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
tes. Tal período é classificado como Período Composto verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
por Coordenação. do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas explícitas.
Sindéticas.
Podemos modificar o período acima. Veja:
A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são li- Quero ser aprovado.
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas Oração Principal Oração Subordinada
justapostas.
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
B) Coordenadas Sindéticas
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
LÍNGUA PORTUGUESA

surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou


co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí-
explicativas.
citas (como no exemplo acima).
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por con-
• Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
principais conjunções são: e, nem, não só... mas
mente, introduzidas por preposição.
também, não só... como, assim... como.

25
A) Orações Subordinadas Substantivas Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in- • Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tegrante (que, se). importar - ocorrer - acontecer
Convém que não se atrase na entrevista.
Não sei se sairemos hoje.
Oração Subordinada Substantiva Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
Temos medo de que não sejamos aprovados. va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
Oração Subordinada Substantiva do singular.

2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto


Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
do verbo da oração principal:
bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
bem como os advérbios interrogativos (por que, quando, Todos querem sua aprovação no concurso.
onde, como). Objeto Direto
O garoto perguntou qual seu nome. Todos querem que você seja aprovado. (Todos
Oração Subordinada Substantiva querem isso)
Oração Principal Oração Subordinada Substan-
Não sabemos quando ele virá. tiva Objetiva Direta
Oração Subordinada Substantiva
As orações subordinadas substantivas objetivas dire-
Classificação das Orações Subordinadas tas (desenvolvidas) são iniciadas por:
Substantivas • Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam
Conforme a função que exerce no período, a oração presentes.
subordinada substantiva pode ser: • Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono
verbo da oração principal: do carro importado.
• Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso.
Sujeito
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto
É fundamental que você compareça à reunião. do verbo da oração principal. Vem precedida de
Oração Principal Oração Subordinada Substan- preposição.
tiva Subjetiva
Meu pai insiste em meu estudo.
FIQUE ATENTO! Objeto Indireto
Observe que a oração subordinada Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste
substantiva pode ser substituída pelo nisso)
pronome “isso”. Assim, temos um período Oração Subordinada Substantiva Ob-
simples: jetiva Indireta
É fundamental isso ou Isso é
fundamental. Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
Desta forma, a oração correspondente a oração.
“isso” exercerá a função de sujeito. Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substan-
tiva Objetiva Indireta
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora-
ção principal: 4. Completiva Nominal = completa um nome que
pertence à oração principal e também vem marca-
• Verbos de ligação + predicativo, em construções da por preposição.
LÍNGUA PORTUGUESA

do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Pa-


rece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal
É bom que você compareça à minha festa.
Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
• Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Sou- Sentimos orgulho disso.)
be-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi Oração Subordinada Substan-
anunciado, Ficou provado. tiva Completiva Nominal

26
As orações subordinadas substantivas objetivas in-
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que FIQUE ATENTO!
orações subordinadas substantivas completivas nominais Vale lembrar um recurso didático para
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da reconhecer o pronome relativo “que”: ele
outra, é necessário levar em conta o termo complemen- sempre pode ser substituído por: o qual -
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com- a qual - os quais - as quais
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta
segundo, um nome. oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno
o qual estuda.

5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su-


Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
jeito do verbo da oração principal e vem sempre
depois do verbo ser.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Nosso desejo era sua desistência.
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
Predicativo do Sujeito orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol-
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad-
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso de- jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome
sejo era isso) relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre-
Oração Subordinada Substan- sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
tiva Predicativa gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
mo da oração principal.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Aposto jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su-
Oração subordinada bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
me relativo e seu verbo está no infinitivo.
substantiva apositiva reduzida de infinitivo
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas
(Fernanda tinha um grande sonho: isso)
Na relação que estabelecem com o termo que carac-
Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : ) terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem
B) Orações Subordinadas Adjetivas ou especificam o sentido do termo a que se referem, in-
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos- dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de
sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva- pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti-
le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente. amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon-
tra suficientemente definido. Estas orações denominam-
Esta foi uma redação bem-sucedida. -se subordinadas adjetivas explicativas.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Exemplo 1:
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que
passava naquele momento.
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
papel:
No período acima, observe que a oração em desta-
Esta foi uma redação que fez sucesso. que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho-
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos
LÍNGUA PORTUGUESA

Perceba que a conexão entre a oração subordinada os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é le momento.
feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe- Exemplo 2:
nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
o papel que seria exercido pelo termo que o antecede O homem, que se considera racional, muitas vezes
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun- age animalescamente.
ciona como sujeito). Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

27
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri- Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con- A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
ceito de “homem”. àquilo que provoca um determinado fato, ao moti-
vo do que se declara na oração principal. Principal
Saiba que: conjunção subordinativa causal: porque. Outras
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- conjunções e locuções causais: como (sempre in-
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, troduzido na oração anteposta à oração principal),
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pois, pois que, já que, uma vez que, visto que.
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicati- forte.
vas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. Já que você não vai, eu também não vou.

C) Orações Subordinadas Adverbiais A diferença entre a subordinada adverbial causal e a


Uma oração subordinada adverbial é aquela que sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora- teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem- senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando qual ela se subordina. Repare:
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções 1. Faltei à aula porque estava doente.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro- 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
a introduz (assim como acontece com as coordenadas que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de
sindéticas). estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a
oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois,
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram
Oração Subordinada Adverbial vermelhos.

A oração em destaque agrega uma circunstância de B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada cia, é efeito do que se declara na oração principal.
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
acessórios que indicam uma circunstância referente, via de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver- estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
bial depende da exata compreensão da circunstância que Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
minha vida. concretizando-os.
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
minha vida. zida de Infinitivo)

No primeiro período, “naquele momento” é um ad- C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal como necessário para a realização ou não de um
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol- se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina- na oração principal.
tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo Principal conjunção subordinativa condicional: se.
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des-
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
possível reduzi-la, obtendo-se:
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
nha vida.
certamente o melhor time será campeão.
Caso você saia, convide-me.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
LÍNGUA PORTUGUESA

da oração principal, isto é, admitem uma contra-


uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
dição ou um fato inesperado. A ideia de conces-
são está diretamente ligada ao contraste, à quebra
Observação:
de expectativa. Principal conjunção subordinativa
A classificação das orações subordinadas adverbiais
concessiva: embora. Utiliza-se também a con-
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
junção: conquanto e as locuções ainda que, ainda
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar
oração.
de que.

28
Só irei se ele for. temporal: quando. Outras conjunções subordina-
A oração acima expressa uma condição: o fato de tivas temporais: enquanto, mal e locuções conjun-
“eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. tivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes
Compare agora com: que, depois que, sempre que, desde que, etc.
Irei mesmo que ele não vá. Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial Orações Reduzidas
concessiva.
Observe outros exemplos:
As orações subordinadas podem vir expressas como
Embora fizesse calor, levei agasalho.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec-
tivo subordinativo que as introduza.
E) Comparativa= As orações subordinadas adver- É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
biais comparativas estabelecem uma comparação É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
com a ação indicada pelo verbo da oração princi- sença do conectivo)
pal. Principal conjunção subordinativa comparati-
va: como. Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
Você age como criança. (age como uma criança age) É preciso estudar = oração subordinada substantiva
subjetiva reduzida de infinitivo
• geralmente há omissão do verbo. É preciso que se estude = oração subordinada subs-
tantiva subjetiva
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado Orações Intercaladas
para a execução do que se declara na oração prin-
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma- São orações independentes encaixadas na sequên-
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas:
cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um
como, consoante e segundo (todas com o mesmo
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou
valor de conforme).
travessões.
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm Nós – continuava o relator – já abordamos este
direitos iguais. assunto.

G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


se declara na oração principal. Principal conjunção SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
finais: que, porque (= para que) e a locução con- CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
juntiva para que. Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas. Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova. São Paulo: Saraiva, 2002.

H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou SITE


seja, um fato simultâneo ao expresso na oração Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
principal. Principal locução conjuntiva subordinati- aulas/portugues/frase-periodo-e-oracao>
va proporcional: à proporção que. Outras locuções
conjuntivas proporcionais: à medida que, ao passo
que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior),
quanto maior...(menor), quanto menor...(maior), EXERCÍCIOS COMENTADOS
quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quan-
to mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto 1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018)
menos...(menos). “Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio) A
LÍNGUA PORTUGUESA

À proporção que estudávamos mais questões forma de oração desenvolvida adequada corresponden-
acertávamos. te à oração sublinhada acima é:
À medida que lia mais culto ficava.
a) relembrarmos este dia;
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao b) a relembrança deste dia;
fato expresso na oração principal, podendo expri- c) que relembremos este dia;
mir noções de simultaneidade, anterioridade ou d) que relembrássemos este dia;
posterioridade. Principal conjunção subordinativa
e) uma nova lembrança deste dia.

29
Resposta: Letra C Resposta: Letra C
Em “c”: que relembremos este dia; Em “a”: para que se evitasse a abstenção;
Em “d”: que relembrássemos este dia; Em “b”: a fim de que a abstenção fosse evitada;
Em uma oração desenvolvida há a presença de con- Em “c”: para que se evite a abstenção;
junção. Ambos os itens têm, mas temos que fazer a Desenvolvida tem conjunção. O período traz “para evi-
correlação verbal com o período da oração reduzida tar a abstenção” = hipótese. A forma correta é: “com as
(o verbo nos dá uma hipótese – talvez seja bom relem- novas medidas para que se evite a abstenção”.
brar). Portanto, a forma correta é: Talvez um dia seja
bom que relembremos este dia. 5. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Assinale a opção em que
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS- o termo sublinhado funciona como sujeito.
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Ou seja, foi usada
a) “Em um regime de liberdades, há sempre o risco de
para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a
excessos”.
oração reduzida de infinitivo por uma oração desenvolvi-
b) “Sempre há, também, o oportunismo político-ideoló-
da, a forma adequada seria: gico para se aproveitar da crise”.
c) “Não faltam, também, os arautos do quanto pior, me-
a) para a criação de uma desigualdade social; lhor, ...”.
b) para que se criasse uma desigualdade social; d) “A greve atravessou vários sinais ao estrangular as
c) para que se crie uma desigualdade social; vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo
d) para a criatividade de uma desigualdade social; funcionando”.
e) para criarem uma desigualdade social. e) “Numa democracia, é livre a expressão”.

Resposta: Letra B Resposta: Letra C


Em “b”: para que se criasse uma desigualdade social; Em “a”: há sempre o risco de excessos = objeto direto
Em “c”: para que se crie uma desigualdade social; Em “b”: “Sempre há, também, o oportunismo político-
Desenvolvida = tem conjunção. Ambas têm. A dife- -ideológico = objeto direto
rença é o tempo verbal. A ação aconteceu (foi usada Em “c”: “Não faltam, também, os arautos do quanto
para criar): Ou seja, foi usada para que se criasse uma pior, melhor = sujeito
desigualdade social. Em “d”: que mantêm o sistema produtivo funcionando
= objeto direto
3. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO Em “e”: é livre a expressão = predicativo do sujeito
– FGV-2017) Uma manchete do Estado de São Paulo,
10/04/2017, dizia o seguinte: “Atentados contra cristãos 6. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDI-
matam 44 no Egito e país decreta emergência”. As duas CIÁRIA – IBFC-2017 - ADAPTADA) “A resposta que lhe
orações desse período mantêm entre si a seguinte rela- daria seria: ‘Essa estória não aconteceu nunca para que
aconteça sempre... ’” O pronome destacado cumpre papel
ção lógica:
coesivo, mas também sintático na oração. Assim, sintati-
camente, ele deve ser classificado como:
a) causa e consequência;
b) informação e comprovação; a) adjunto adnominal.
c) fato e exemplificação; b) objeto direto.
d) afirmação e explicação; c) complemento nominal.
e) tese e argumentação. d) objeto indireto.
e) predicativo.
Resposta: Letra A
Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país de- Resposta: Letra D
creta emergência = devido aos atentados (causa), o O verbo “dar” é bitransitivo (transitivo direto e indire-
país decretou emergência (consequência). to): Quem dá, dá algo (direto) a alguém (indireto). No
caso: resposta (objeto direto) / lhe (objeto indireto =
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATI- a ele[a])
VO – FGV-2017) “Com as novas medidas para evitar a GABARITO OFICIAL: D
abstenção, o governo espera uma economia vultosa no
Enem”. A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode 7. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – AOCP-2015) Em “Ele diz que vota desde os
LÍNGUA PORTUGUESA

ser adequadamente substituída pela seguinte oração


desenvolvida: 18, quando ainda era jovem e morava em Minas Gerais,
sua terra natal...”, a expressão em destaque
a) para que se evitasse a abstenção;
b) a fim de que a abstenção fosse evitada; a) exerce função de vocativo e não pode ser excluída da
c) para que se evite a abstenção; oração por tratar-se de um termo essencial.
b) exerce função de aposto e pode ser excluída da oração
d) a fim de evitar-se a abstenção;
por tratar-se de um termo acessório.
e) evitando-se a abstenção.

30
c) exerce função de aposto e não pode ser excluída da 10. (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
oração por tratar-se de um termo essencial. TRATIVA – CONSULPLAN-2017) Analise as afirmações
d) exerce função de adjunto adnominal, portanto é um apresentadas a seguir.
termo acessório. I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a
e) exerce função de adjunto adverbial, portanto é um ter- oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva
mo acessório. explicativa.
II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o dimi-
Resposta: Letra B nutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua como
A expressão destacada exerce a função de aposto – sujeito da locução verbal “ter surgido”.
uma informação a mais sobre o termo citado anterior- III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada
mente (no caso, Minas Gerais). É um termo acessório, é uma oração subordinada substantiva objetiva direta.
podendo ser retirado do período sem prejudicar a IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é
coerência. que você exploda.”, a oração destacada é uma oração
subordinada adverbial causal.
8. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-
MÁTICA – FCC-2014) Estão corretas apenas as afirmativas
Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava
uma sala... a) I e II.
O verbo que exige complemento tal como o sublinhado b) II e III.
acima está em: c) III e IV.
d) I, II e IV.
a) A capacidade de computação duplicou a cada 18 me-
ses nos últimos 20 anos ... Resposta: Letra B
b) ... que deriva da informação. Em “I” - “Existe alguma hora que não seja de reló-
c) ... que reduz as barreiras ao acesso. gio?”, a oração sublinhada é uma oração subordinada
d) ... do que era nos anos 70. adjetiva explicativa = substituindo “que” por “a qual”,
e) ... atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma continua com sentido, então é pronome relativo – pre-
camisa. sente nas adjetivas, mas no período em questão te-
mos uma restritiva = incorreta
Resposta: Letra C Em “II” - tem surgido, cada vez mais frequente, o di-
“Ocupava uma sala” = transitivo direto minutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua
Em “a”: A capacidade de computação duplicou = ver- como sujeito da locução verbal “ter surgido” = correta
bo intransitivo Em “III” - “Não pense que para por aí [...]”, a oração
Em “b”: que deriva da informação = transitivo indireto sublinhada é uma oração subordinada substantiva ob-
Em “c”: que reduz as barreiras = transitivo direto jetiva direta = correta
Em “d”: do que era nos anos 70 = verbo de ligação Em “IV” - se te chamarem de ‘queridinho’, a oração
Em “e”: atualmente, 200 gigabytes cabem = verbo destacada é uma oração subordinada adverbial causal
intransitivo = adverbial condicional (“se”) = incorreta

9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) “Tenho


comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da
internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS.
específica que coíba não somente os usos mas os abusos
deste importante e eficaz veículo de comunicação”. Sobre
as ocorrências do vocábulo que, nesse segmento do tex- CLASSES DE PALAVRAS
to, é correto afirmar que:
1. ADJETIVO
a) são pronomes relativos com o mesmo antecedente;
b) exemplificam classes gramaticais diferentes; É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte-
c) mostram diferentes funções sintáticas; rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor-
d) são da mesma classe gramatical e da mesma função dando com este em gênero e número.
sintática; As praias brasileiras estão poluídas.
e) iniciam o mesmo tipo de oração subordinada. Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
Resposta: Letra D
“Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, Locução adjetiva
LÍNGUA PORTUGUESA

os usos da internet, que (= a qual) se ressente ainda da


falta de uma legislação específica que (= a qual) coíba Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
não somente os usos mas os abusos deste importante cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
e eficaz veículo de comunicação” = ambos podem ser ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
substituídos por “a qual”, portanto são pronomes re- substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
lativos (pertencem à mesma classe gramatical); o 1.º cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa; o Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
2.º, adjetiva restritiva. freio (paixão desenfreada).

31
Observe outros exemplos: Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo corres-
de águia aquilino pondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª
série. / O muro de tijolos caiu.
de aluno discente
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
de aranha aracnídeo dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuan-
de boi bovino do como adjunto adnominal ou como predicativo (do
sujeito ou do objeto).
de cabelo capilar
de cabra caprino Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
de chuva pluvial Observe alguns deles:
de criança pueril
Estados e cidades brasileiras:
de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
Alagoas alagoano
de falcão falconídeo
Amapá amapaense
de farinha farináceo
Aracaju aracajuano ou aracajuense
de fera ferino
Amazonas amazonense ou baré
de ferro férreo
Belo Horizonte belo-horizontino
de fogo ígneo
Brasília brasiliense
de garganta gutural
Cabo Frio cabo-friense
de gelo glacial
Campinas campineiro ou campinense
de guerra bélico
de homem viril ou humano Adjetivo Pátrio Composto
de ilha insular
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primei-
de inverno hibernal ou invernal ro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente,
de lago lacustre erudita. Observe alguns exemplos:
de leão leonino
África afro- / Cultura afro-americana
de lebre leporino
germano- ou teuto-/Competições
de lua lunar ou selênico Alemanha
teuto-inglesas
de madeira lígneo américo- / Companhia américo-
América
de mestre magistral africana
de ouro áureo belgo- / Acampamentos belgo-
Bélgica
de paixão passional franceses
de pâncreas pancreático China sino- / Acordos sino-japoneses
de porco suíno ou porcino Espanha hispano- / Mercado hispano-português
dos quadris ciático Europa euro- / Negociações euro-americanas
de rio fluvial franco- ou galo- / Reuniões franco-
França
italianas
de sonho onírico
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
de velho senil
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
de vento eólico
LÍNGUA PORTUGUESA

Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa


de vidro vítreo ou hialino
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
de virilha inguinal
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
de visão óptico ou ótico
Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

32
Gênero dos Adjetivos O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
referem (masculino e feminino). De forma semelhante Grau do Adjetivo
aos substantivos, classificam-se em:
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in-
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad-
masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, jetivo: o comparativo e o superlativo.
mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no A) Comparativo
feminino somente o último elemento: o moço norte-a- Nesse grau, comparam-se a mesma característica
mericano, a moça norte-americana. atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade.
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o mas-
culino como para o feminino: homem feliz e mulher Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
feliz.
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica inva-
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto
riável no feminino: conflito político-social e desavença
ou quão.
político-social.

Número dos Adjetivos Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de
Superioridade
A) Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos Inferioridade
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
ruins, boa e boas. Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa- eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
lavra que estiver qualificando um elemento for, original- rior, grande/maior, baixo/inferior.
mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva.
Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti- Observe que:
vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio- • As formas menor e pior são comparativos de supe-
nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
sas cinza, ternos cinza. mau, respectivamente.
Motos vinho (mas: motos verdes) • Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
Paredes musgo (mas: paredes brancas). (melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). rações feitas entre duas qualidades de um mesmo
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais
B) Adjetivo Composto bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- exemplo:
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
nas o último elemento concorda com o substantivo a que elementos.
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
Caso um dos elementos que formam o adjetivo com- duas qualidades de um mesmo elemento.
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” Inferioridade
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua- Sou menos passivo (do) que tolerante.
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo B) Superlativo
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo O superlativo expressa qualidades num grau muito
composto inteiro ficará invariável. Veja: elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
Camisas rosa-claro.
tivo e apresenta as seguintes modalidades:
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
LÍNGUA PORTUGUESA

B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-


Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
seres. Apresenta-se nas formas:
Observação: • Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, • Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
vestidos cor-de-rosa. exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.

33
Observe alguns superlativos sintéticos: Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad-
jetivo (claros)
benéfico beneficentíssimo
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres-
bom boníssimo ou ótimo centar ideia de:
comum comuníssimo Tempo: Ela chegou tarde.
cruel crudelíssimo Lugar: Ele mora aqui.
Modo: Eles agiram mal.
difícil dificílimo Negação: Ela não saiu de casa.
doce dulcíssimo Dúvida: Talvez ele volte.
fácil facílimo
Flexão do Advérbio
fiel fidelíssimo
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
de um ser é intensificada em relação a um conjunto de porém, admitem a variação em grau. Observe:
seres. Essa relação pode ser:
• De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de A) Grau Comparativo
todas.
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo
• De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
modo que o comparativo do adjetivo:
todas.
• de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re-
nato fala tão alto quanto João.
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
• de inferioridade: menos + advérbio + que (do
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
que): Renato fala menos alto do que João.
antepostos ao adjetivo.
• de superioridade:
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
fala mais alto do que João.
tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato
-íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
fala melhor que João.
a popular é constituída do radical do adjetivo português
+ o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
B) Grau Superlativo
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- O superlativo pode ser analítico ou sintético:
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re-
– cheíssimo. nato fala muito alto.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS de modo
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. altíssimo.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Observação:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- comuns na língua popular.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
A criança levantou cedinho. (muito cedo)
SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Classificação dos Advérbios
coes/morf/morf32.php>
De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
2. ADVÉRBIO bio pode ser de:
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
Compare estes exemplos: lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
O ônibus chegou. perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
O ônibus chegou ontem. fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbio é uma palavra invariável que modifica o tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de esquerda, ao lado, em volta.
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outro-
do próprio advérbio. ra, amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antiga-
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei mente, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve,
(bem) constantemente, entrementes, imediatamente,

34
primeiramente, provisoriamente, sucessivamente,
às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de #FicaDica
vez em quando, de quando em quando, a qualquer
momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em Como saber se a palavra bastante é
dia. advérbio (não varia, não se flexiona) ou
C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de- pronome indefinido (varia, sofre flexão)? Se
pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla- der, na frase, para substituir o “bastante” por
ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos “muito”, estamos diante de um advérbio; se
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em der para substituir por “muitos” (ou muitas),
geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em é um pronome. Veja:
vão e a maior parte dos que terminam em “-men- 1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
te”: calmamente, tristemente, propositadamente, muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
pacientemente, amorosamente, docemente, escan- 2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
dalosamente, bondosamente, generosamente. (estudei muitos capítulos) = pronome
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decer- indefinido
to, efetivamente, certo, decididamente, deveras,
indubitavelmente.
Advérbios Interrogativos
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro- por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
quem sabe.
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, Interrogação Direta Interrogação Indireta
quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, Como aprendeu? Perguntei como aprendeu
nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, Onde mora? Indaguei onde morava
extremamente, intensamente, grandemente, bem
(quando aplicado a propriedades graduáveis). Por que choras? Não sei por que choras
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- Aonde vai? Perguntei aonde ia
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Donde vens? Pergunto donde vens
Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- Quando voltas? Pergunto quando voltas
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
durante a adolescência. Locução Adverbial
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
Quando há duas ou mais palavras que exercem fun-
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode
aos meus amigos por comparecerem à festa. expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
nariamente por uma preposição. Veja:
Saiba que: A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se para dentro, por aqui, etc.
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
tarde possível. em geral, frente a frente, etc.
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu hoje em dia, nunca mais, etc.
calma e respeitosamente.
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido o adjetivo e outro advérbio:
Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Há palavras como muito, bastante, que podem apare-
De repente correram para a rua. (verbo)
cer como advérbio e como pronome indefinido.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
LÍNGUA PORTUGUESA

e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
bio: Cheguei primeiro.

Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução


adverbial desempenham na oração a função de adjunto ad-
verbial, classificando-se de acordo com as circunstâncias que
acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio. Exemplo:

35
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”) cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
dade e de tempo, respectivamente. ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve
ter é uns vinte anos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O artigo também é usado para substantivar palavras
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por-
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. quê de tudo isso. / O bem vence o mal.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Há casos em que o artigo definido não pode ser
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. usado:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
conhecidas: O professor visitará Roma.
SITE Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
coes/morf/morf75.php> bela Roma.

Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria


3. ARTIGO
sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa?
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
-se como o termo variável que serve para individualizar
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
didato cuja nota foi a mais alta.
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
“uma”[s] e “uns]). CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres – São Paulo: Saraiva, 2010.
determinados, expressos de forma individual: O AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
muito. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
da! Umas candidatas foram aprovadas! char - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
SITE
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
do numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal tica/artigo.htm>
conteúdo.
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos) 4. CONJUNÇÃO
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
Janeiro, Veneza, A Bahia... Além da preposição, há outra palavra também inva-
Quando indicado no singular, o artigo definido pode riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas
No caso de nomes próprios personativos, denotando palavras de mesma função em uma oração:
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O São Paulo.
Pedro é o xodó da família. A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
No caso de os nomes próprios personativos estarem
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, Morfossintaxe da Conjunção
os Incas, Os Astecas...
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
LÍNGUA PORTUGUESA

Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem
o uso dele (do artigo), o pronome assume a noção Classificação da Conjunção
de “qualquer”.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa-
vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
dos. (qualquer classe)

36
ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro. Conjunções Subordinativas
Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de-
no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela las dependente da outra. A oração dependente, intro-
conjunção depende da existência do outro. Veja: duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo. de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha
Podemos separá-las por ponto: começado quando ela chegou.
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo. O baile já tinha começado: oração principal
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse- ela chegou: oração subordinada
quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
“mas”. Já em:
tegrantes e adverbiais:
Espero que eu seja aprovada no concurso!
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te- ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta que, se.
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração Quero que você volte. (Quero sua volta)
principal).
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer-
Conjunções Coordenativas ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
com a circunstância que expressam, classificam-se em:
São aquelas que ligam orações de sentido completo
e independente ou termos da oração que têm a mesma A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em: ocorrência da oração principal. São elas: porque,
que, como (= porque, no início da frase), pois que,
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e que, etc.
não), não só... mas também, não só... como também, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
bem como, não só... mas ainda. B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
A sua pesquisa é clara e objetiva. sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
Não só dança, mas também canta. impedir sua realização. São elas: embora, ainda
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, mais que, posto que, conquanto, etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
expressando ideia de contraste ou compensação.
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
a hipótese ou a condição para ocorrência da prin-
no entanto, não obstante.
cipal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou, #FicaDica
ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
Você deve ter percebido que a conjunção
vez... talvez.
condicional “se” também é conjunção
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. integrante. A diferença é clara ao ler as
orações que são introduzidas por ela. Acima,
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração ela nos dá a ideia da condição para que
que expressa ideia de conclusão ou consequência. recebamos um telefonema (se for preciso
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por ajuda). Já na oração: Não sei se farei o
conseguinte, por isso, assim. concurso. = Não há ideia de condição
Marta estava bem preparada para o teste, portanto alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração
LÍNGUA PORTUGUESA

não ficou nervosa. principal (sei) pede complemento (objeto


Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. direto, já que “quem não sabe, não sabe
algo”). Portanto, a oração em destaque
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração exerce a função de objeto direto da oração
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São principal, sendo classificada como oração
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. subordinada substantiva objetiva direta.
Não demore, que o filme já vai começar.
Falei muito, pois não gosto do silêncio!

37
D) Conformativas: introduzem uma oração que ex- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
prime a conformidade de um fato com outro. São char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
elas: conforme, como (= conforme), segundo, con- – São Paulo: Saraiva, 2010.
soante, etc. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
O passeio ocorreu como havíamos planejado. literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi- SITE


nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
principal. São elas: para que, a fim de que, que, por- coes/morf/morf84.php>
que (= para que), que, etc.
Toque o sinal para que todos entrem no salão. 5. INTERJEIÇÃO

F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex- Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
pressa um fato relacionado proporcionalmente à ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
ocorrência do expresso na principal. São elas: à guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
medida que, à proporção que, ao passo que e as maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
combinações quanto mais... (mais), quanto menos...
decorrente de uma situação particular, um momento ou
(menos), quanto menos... (mais), quanto menos...
um contexto específico. Exemplos:
(menos), etc.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
O preço fica mais caro à medida que os produtos
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
escasseiam. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
hum: expressão de um pensamento súbito =
Observação: interjeição
São incorretas as locuções proporcionais à medida
em que, na medida que e na medida em que. O significado das interjeições está vinculado à ma-
neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen- o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na em que for utilizada. Exemplos:
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde Psiu!
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as- contexto: alguém pronunciando esta expressão na
sim que), etc. rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
A briga começou assim que saímos da festa. mando! Ei, espere!”

H) Comparativas: introduzem uma oração que ex- Psiu!


pressa ideia de comparação com referência à ora- contexto: alguém pronunciando em um hospital;
ção principal. São elas: como, assim como, tal como, significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do silêncio!”
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com-
binado com menos ou mais), etc. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. puxa: interjeição; tom da fala: euforia

I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
sa a consequência da principal. São elas: de sorte puxa: interjeição; tom da fala: decepção
que, de modo que, sem que (= que não), de forma
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
oração principal uma palavra como tal, tão, cada, A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimin-
tanto, tamanho), etc. do alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do interessante!
exame. B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
minha frente.

FIQUE ATENTO! As interjeições podem ser formadas por:


Muitas conjunções não têm classificação • simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
única, imutável, devendo, portanto, ser • palavras: Oba! Olá! Claro!
LÍNGUA PORTUGUESA

classificadas de acordo com o sentido que • grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
apresentam no contexto (destaque da Zê!). Deus! Ora bolas!

Classificação das Interjeições


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Atenção! Olha! Alerta!

38
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 5. Não se deve confundir a interjeição de apelo «ó»
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! com a sua homônima «oh!», que exprime admira-
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! do «oh!» exclamativo e não a fazemos depois do
Ânimo! Adiante! «ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! dosa e pura!” (Olavo Bilac)
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
te! Essa não! Chega! Basta! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
ra Deus!
- Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
J) Desculpa: Perdão! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! SITE
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! coes/morf/morf89.php>
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
Puxa! Pô! Ora! 6. NUMERAL
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
Deus! soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! minada sequência.
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme-
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
Saiba que: pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so- trata de numerais, mas sim de algarismos.
frem variação em gênero, número e grau como os no- Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
palavras consideradas numerais porque denotam quan-
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata
década, dúzia, par, ambos(as), novena.
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem- Classificação dos Numerais
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
Locução Interjetiva nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma século, par, dúzia, década, bimestre.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! ou alguma coisa ocupa numa determinada se-
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- quência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor- As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! final e penúltimo também indicam posição dos seres,
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté- mas são classificadas como adjetivos, não ordinais.
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe) C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
quintos, etc.
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
classes gramaticais podem aparecer como inter-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
Francamente! (Advérbios)
LÍNGUA PORTUGUESA

3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- Flexão dos numerais


-frase” porque sozinha pode constituir uma men-
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
Fique quieto! uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
que! Quá-quá-quá!, etc. cardinais são invariáveis.

39
Os numerais ordinais variam em gênero e número:

primeiro segundo milésimo


primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas
do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
terças partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!
LÍNGUA PORTUGUESA

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

40
Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


Um Primeiro -
Dois Segundo Dobro, Duplo Meio
Três Terceiro Triplo, Tríplice Terço
Quatro Quarto Quádruplo Quarto
Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
Nove Nono Nônuplo Nono
Dez Décimo Décuplo Décimo
Onze Décimo Primeiro - Onze Avos
Doze Décimo Segundo - Doze Avos
Treze Décimo Terceiro - Treze Avos
Catorze Décimo Quarto - Catorze Avos
Quinze Décimo Quinto - Quinze Avos
Dezesseis Décimo Sexto - Dezesseis Avos
Dezessete Décimo Sétimo - Dezessete Avos
Dezoito Décimo Oitavo - Dezoito Avos
Dezenove Décimo Nono - Dezenove Avos
Vinte Vigésimo - Vinte Avos
Trinta Trigésimo - Trinta Avos
Quarenta Quadragésimo - Quarenta Avos
Cinqüenta Quinquagésimo - Cinquenta Avos
Sessenta Sexagésimo - Sessenta Avos
Setenta Septuagésimo - Setenta Avos
Oitenta Octogésimo - Oitenta Avos
Noventa Nonagésimo - Noventa Avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
Duzentos Ducentésimo - Ducentésimo
Trezentos Trecentésimo - Trecentésimo
Quatrocentos Quadringentésimo - Quadringentésimo
Quinhentos Quingentésimo - Quingentésimo
Seiscentos Sexcentésimo - Sexcentésimo
Setecentos Septingentésimo Septingentésimo
Oitocentos Octingentésimo Octingentésimo
Nongentésimo ou
Novecentos Nongentésimo
Noningentésimo
Mil Milésimo Milésimo
LÍNGUA PORTUGUESA

Milhão Milionésimo Milionésimo


Milhão Bilionésimo Bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.

41
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
SITE Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- go; o segundo, preposição.
coes/morf/morf40.php>
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
7. PREPOSIÇÃO lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos.
Preposição é uma palavra invariável que serve para
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
normalmente há uma subordinação do segundo termo por meio das preposições:
em relação ao primeiro. As preposições são muito im-
portantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coe- Destino = Irei a Salvador.
são textual e possuem valores semânticos indispensáveis Modo = Saiu aos prantos.
para a compreensão do texto. Lugar = Sempre a seu lado.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tipos de Preposição Tempo = Chegarei em instantes.
Causa = Chorei de saudade.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Fim ou finalidade = Vim para ficar.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Instrumento = Escreveu a lápis.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Posse = Vi as roupas da mamãe.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Autoria = livro de Machado de Assis
com. Companhia = Estarei com ele amanhã.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Matéria = copo de cristal.
gramaticais que podem atuar como preposições, Meio = passeio de barco.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Origem = Nós somos do Nordeste.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segun- Conteúdo = frascos de perfume.
do, senão, visto. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va- Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
lendo como uma preposição, sendo que a última
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, prepositiva por trás de.
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por
cima de, por trás de. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
a = pela. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Essa concordância não é característica da preposição, AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
mas das palavras às quais ela se une. literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
Esse processo de junção de uma preposição com ou-
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: SITE
 • Combinação: união da preposição “a” com o ar- Disponível em: <http://www.infoescola.com/
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, portugues/preposicao/>
aos. Os vocábulos não sofrem alteração.
8. PRONOME
 • Contração: união de uma preposição com outra
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo-
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos,
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
forma.
 • Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” pre-
O homem julga que é superior à natureza, por isso o
posição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª
homem destrói a natureza...
vogal do pronome “aquilo”).
LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é


superior à natureza, por isso ele a destrói...
O “a” pode funcionar como preposição, pronome
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
mos (homem e natureza).
seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
Grande parte dos pronomes não possuem significa-
nino: A matéria que estudei é fácil!
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a

42
referência exata daquilo que está sendo colocado por Esses pronomes não costumam ser usados como
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- complementos verbais na língua-padrão. Frases como
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
mais pronomes têm por função principal apontar para as até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
ma específica para cada pessoa do discurso. -me até aqui”.
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] Frequentemente observamos a omissão do pronome
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se formas verbais marcam, através de suas desinências, as
fala] pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. boa viagem. (Nós)
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
se fala] B) Pronome Oblíquo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras sentença, exerce a função de complemento verbal
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú- (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe- jeto indireto)
rência através do pronome seja coerente em termos de
gênero e número (fenômeno da concordância) com o Observação:
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
enunciado. me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
nossa escola neste ano. marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
cia adequada] variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
[neste: pronome que determina “ano” = concordân- suem, podendo ser átonos ou tônicos.
cia adequada]
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- B.1 Pronome Oblíquo Átono
cordância inadequada] São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, nica fraca: Ele me deu um presente.
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Lista dos pronomes oblíquos átonos
1.ª pessoa do singular (eu): me
Pronomes Pessoais 2.ª pessoa do singular (tu): te
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
São aqueles que substituem os substantivos, indican- 1.ª pessoa do plural (nós): nos
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou 2.ª pessoa do plural (vós): vos
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. FIQUE ATENTO!
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- Os pronomes o, os, a, as assumem formas
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto especiais depois de certas terminações
ou do caso oblíquo. verbais:
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou
A) Pronome Reto -r, o pronome assume a forma lo, los, la
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- ou las, ao mesmo tempo que a terminação
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos verbal é suprimida. Por exemplo:
flores. fiz + o = fi-lo
Os pronomes retos apresentam flexão de número, fazeis + o = fazei-lo
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl- dizer + a = dizê-la
tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do 2. Quando o verbo termina em som nasal,
LÍNGUA PORTUGUESA

discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é o pronome assume as formas no, nos, na,
assim configurado: nas. Por exemplo:
1.ª pessoa do singular: eu viram + o: viram-no
2.ª pessoa do singular: tu repõe + os = repõe-nos
3.ª pessoa do singular: ele, ela retém + a: retém-na
1.ª pessoa do plural: nós tem + as = tem-nas
2.ª pessoa do plural: vós
3.ª pessoa do plural: eles, elas

43
B.2 Pronome Oblíquo Tônico B.3 Pronome Reflexivo
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi- São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua- a ação expressa pelo verbo.
ção tônica forte.
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: Lista dos pronomes reflexivos:
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo lembro disso.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco lherme já se preparou.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.
Observe que as únicas formas próprias do pronome
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
caso reto. com esta conquista.
As preposições essenciais introduzem sempre prono- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
forma: #FicaDica
Não há mais nada entre mim e ti. O pronome é reflexivo quando se refere
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. à mesma pessoa do pronome subjetivo
Não há nenhuma acusação contra mim. (sujeito): Eu me arrumei e saí.
Não vá sem mim. É pronome recíproco quando indica
reciprocidade de ação: Nós nos amamos. /
Há construções em que a preposição, apesar de sur- Olhamo-nos calados.
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma O “se” pode ser usado como palavra
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- expletiva ou partícula de realce, sem ser
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- rigorosamente necessária e sem função
nome, deverá ser do caso reto. sintática: Os exploradores riam-se de suas
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. tentativas. / Será que eles se foram?
Não vá sem eu mandar.

A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” C) Pronomes de Tratamento
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá- São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
para mim! tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira
pessoa. Alguns exemplos:
A combinação da preposição “com” e alguns prono- Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi- Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial giosos em geral
de companhia: Ele carregava o documento consigo. Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: professores de curso superior, ministros de Estado e de
Ela veio até mim, mas nada falou. Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de te da República (sempre por extenso)
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de
prova, até eu! (= inclusive eu) universidades
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
LÍNGUA PORTUGUESA

As formas “conosco” e “convosco” são substituídas Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi-
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes- ciais até a patente de coronel, chefes de seção e
soais são reforçados por palavras como outros, mesmos, funcionários de igual categoria
próprios, todos, ambos ou algum numeral. Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
Você terá de viajar com nós todos. de direito
Estávamos com vós outros quando chegaram as más Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento
notícias. cerimonioso
Ele disse que iria com nós três. Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus

44
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em- singular)
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em-
Número Pessoa Pronome
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega- Singular Primeira Meu(s), minha(s)
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, Singular Segunda Teu(s), tua(s)
ultraformal ou literária. Singular Terceira Seu(s), sua(s)
Observações: Plural Primeira Nosso(s), nossa(s)
Plural Segunda Vosso(s), vossa(s)
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de Plural Terceira Seu(s), sua(s)
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es-
Note que:
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
encontro.
a que se refere; o gênero e o número concordam com o
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
naquele momento difícil.
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
Observações:
ca, agiu com propriedade.
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
3. Os pronomes de tratamento representam uma for-
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo-
obrigado, seu José.
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex-
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à
excelência que esse deputado supostamente tem 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
para poder ocupar o cargo que ocupa. posse. Podem ter outros empregos, como:
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita anos.
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
possessivos e os pronomes oblíquos empregados lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
celência trouxe sua mensagem?
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
ao longo do texto, a pessoa do tratamento esco- vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
lhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começa- livros e anotações.
mos a chamar alguém de “você”, não poderemos
usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver- 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
bo na terceira pessoa. oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (errado) 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos para que não ocorra redundância: Coloque tudo
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular nos respectivos lugares.

ou Pronomes Demonstrativos
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos São utilizados para explicitar a posição de certa pa-
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
Pronomes Possessivos
A) Em relação ao espaço:
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo pessoa que fala:
(coisa possuída). Este material é meu.

45
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
pessoa com quem se fala: Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Esse material em sua carteira é seu? indiquei.)

Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está • mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com riam em gênero quando têm caráter reforçativo:
quem se fala: Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
Aquele material não é nosso. Eu mesma refiz os exercícios.
Vejam aquele prédio! Elas mesmas fizeram isso.
Eles próprios cozinharam.
B) Em relação ao tempo:
Os próprios alunos resolveram o problema.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
relação à pessoa que fala:
Esta manhã farei a prova do concurso! • semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.

Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- • tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
rém relativamente próximo à época em que se situa a
pessoa que fala: 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo à mencionada em primeiro lugar.
remoto: 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
Naquele tempo, os professores eram valorizados. irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se falará em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
ou escreverá): deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer que estava vendo. (no = naquilo)
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se
falará:
Pronomes Indefinidos
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática,
ortografia, concordância.
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: quantidade indeterminada.
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas
desejamos! recém-plantadas.

Este e aquele são empregados quando se quer fazer Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
termo referido em primeiro lugar e este para o referido forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar
por último: um ser humano que seguramente existe, mas cuja iden-
tidade é desconhecida ou não se quer revelar. Classifi-
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- cam-se em:
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras]) A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
ou lugar do ser ou da quantidade aproximada de se-
res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Algo o incomoda?
Paulo], aquele [Palmeiras])
Quem avisa amigo é.
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe: B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
LÍNGUA PORTUGUESA

aquela(s). quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),


Invariáveis: isto, isso, aquilo. certa(s).
Cada povo tem seus costumes.
Também aparecem como pronomes demonstrativos: Certas pessoas exercem várias profissões.

• o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e Note que:


puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
aquilo. nomes indefinidos adjetivos:

46
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), Note que:
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
vários, várias. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
Menos palavras e mais ações. seu antecedente for um substantivo.
Alguns se contentam pouco. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- a qual)
riáveis e invariáveis. Observe: Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
• Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vá- quais)
rio, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, as quais)
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhu- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
mas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
quantas. te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, (que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
algo, cada. tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
plural é feito em seu interior). neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
tia?).
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
za-se o qual / a qual)
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
Trabalho todo dia. (= todos os dias) e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal quente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne-
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ro e número); não se usa artigo depois deste pronome;
ou outra, etc. “cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Cada um escolheu o vinho desejado.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
Pronomes Relativos (antecedente) (consequente)
São aqueles que representam nomes já mencionados
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
as orações subordinadas adjetivas. nome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui!
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de (referiu-se a)
um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou- “Quanto” é pronome relativo quando tem por ante-
tros = oração subordinada adjetiva). cedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
tudo:
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sis-
tema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que Emprestei tantos quantos foram necessários.
a palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo (antecedente)
que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pro- Ele fez tudo quanto havia falado.
nome demonstrativo o, a, os, as. (antecedente)
Não sei o que você está querendo dizer.
LÍNGUA PORTUGUESA

Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
expresso. precedido de preposição.
Quem casa, quer casa. É um professor a quem muito devemos.
(preposição)
Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os “Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante-
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
quantas. casa onde morava foi assaltada.

47
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
em que: Sinto saudades da época em que (quando) morá- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
vamos no exterior. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
palavras: – São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
• como (= pelo qual) – desde que precedida das pa- literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
lavras modo, maneira ou forma: CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Não me parece correto o modo como você agiu sema- Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
na passada. Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
• quando (= em que) – desde que tenha como ante-
cedente um nome que dê ideia de tempo: SITE
Bons eram os tempos quando podíamos jogar Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
videogame. coes/morf/morf42.php>

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações Colocação Pronominal


numa só frase.
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
pronomes oblíquos átonos na frase.
esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
#FicaDica
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de Pronome Oblíquo é aquele que exerce a
gente que conversava, (que) ria, observava. função de complemento verbal (objeto). Por
isso, memorize:
Pronomes Interrogativos OBlíquo = OBjeto!
São usados na formulação de perguntas, sejam elas
diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini-
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im- Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
variações), quanto (e variações). devem ser observadas na linguagem escrita.
Com quem andas?
Qual seu nome? Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada:
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
• Quando o verbo estiver precedido de palavras que
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
oblíquo quando desempenha função de complemento.
jamais, etc.: Não se desespere!
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
lhe ajudar. quem tudo!
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” esforçou.
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce oportunidade.
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur-
so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta • Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não lhe disse isso?
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe). • Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
se ofendem!
LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou • Orações que exprimem desejo (orações optativas):
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, Que Deus o ajude.
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi- • A próclise é obrigatória quando se utiliza o prono-
dos de preposição. me reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o material amanhã. / Tu sabes cantar?
que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
mim o que eu estava fazendo. verbo. A mesóclise é usada:

48
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu- • Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em,
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: no, na, nos, nas.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em Chamem-no agora.
prol da paz no mundo. Põe-na sobre a mesa.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma #FicaDica
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece-
ria. Veja: Não se realizará... Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia significa “antes”! Pronome antes do verbo!
nessa viagem. Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/
(com presença de palavra que justifique o uso de pró- (end, em Inglês – que significa “fim, final!).
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa- Pronome depois do verbo!
nharia nessa viagem). Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do
verbo
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Quando eu avisar, silenciem-se todos. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
• Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
era minha intenção machucá-la. char - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
inicia período com pronome oblíquo).
SITE
Vou-me embora agora mesmo.
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra-
Levanto-me às 6h. matica/colocacao-pronominal-.html>
• Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo 9. SUBSTANTIVO
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
• Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro- Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
posta fazendo-se de desentendida. veis, as quais denominam todos os seres que existem,
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
Colocação pronominal nas locuções verbais fenômenos, os substantivos também nomeiam:
• lugares: Alemanha, Portugal
• Após verbo no particípio = pronome depois do ver- • sentimentos: amor, saudade
bo auxiliar (e não depois do particípio): • estados: alegria, tristeza
Tenho me deliciado com a leitura! • qualidades: honestidade, sinceridade
Eu tenho me deliciado com a leitura! • ações: corrida, pescaria
Eu me tenho deliciado com a leitura!
Morfossintaxe do substantivo
• Não convém usar hífen nos tempos compostos e
nas locuções verbais: Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
Vamos nos unir! ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
Iremos nos manifestar. núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
• Quando há um fator para próclise nos tempos com-
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pro-
to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
nome oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
nos preocupar (e não: “não nos vamos preocupar”). adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
penhadas por grupos de palavras.
Emprego de o, a, os, as
Classificação dos Substantivos
• Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os
LÍNGUA PORTUGUESA

pronomes: o, a, os, as não se alteram. A) Substantivos Comuns e Próprios


Chame-o agora.
Deixei-a mais tranquila. Observe a definição:

• Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. cidade (em oposição aos bairros).

49
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas Substantivo coletivo Conjunto de:
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan- assembleia pessoas reunidas
tivo comum. alcateia lobos
acervo livros
Substantivo Comum é aquele que designa os seres
de uma mesma espécie de forma genérica: cidade, meni- trechos literários
antologia
no, homem, mulher, país, cachorro. selecionados
Estamos voando para Barcelona. arquipélago ilhas
banda músicos
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – desordeiros ou
bando
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de malfeitores
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. banca examinadores

B) Substantivos Concretos e Abstratos batalhão soldados


B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa cardume peixes
o ser que existe, independentemente de outros caravana viajantes peregrinos
seres.
cacho frutas
Observação: cancioneiro canções, poesias líricas
Os substantivos concretos designam seres do mundo colmeia abelhas
real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, concílio bispos
Brasília. congresso parlamentares, cientistas
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água,
atores de uma peça ou
fantasma. elenco
filme
B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se- esquadra navios de guerra
res que dependem de outros para se manifestarem enxoval roupas
ou existirem. Por exemplo: a beleza não existe por
falange soldados, anjos
si só, não pode ser observada. Só podemos obser-
var a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela. fauna animais de uma região
A beleza depende de outro ser para se manifes- feixe lenha, capim
tar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, quali- frota navios mercantes, ônibus
dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem girândola fogos de artifício
ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade horda bandidos, invasores
(sentimento). médicos, bois, credores,
junta
examinadores
• Substantivos Coletivos júri jurados
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
outra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. malfeitores ou
malta
desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, manada búfalos, bois, elefantes,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas matilha cães de raça
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs-
molho chaves, verduras
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto
de seres da mesma espécie (abelhas). multidão pessoas em geral
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

insetos (gafanhotos,
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, nuvem
mosquitos, etc.)
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
penca bananas, chaves
res da mesma espécie.
pinacoteca pinturas, quadros
quadrilha ladrões, bandidos
ramalhete flores

50
rebanho ovelhas Um Natal inesquecível
Os reis da praia
peças teatrais, obras
repertório
musicais Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
réstia alhos ou cebolas podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
romanceiro poesias narrativas A história sem fim
Uma cidade sem passado
revoada pássaros As tartarugas ninjas
sínodo párocos
talha lenha Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
tropa muares, soldados 1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
turma estudantes, trabalhadores tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
vara porcos mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
Formação dos Substantivos forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em:
A) Substantivos Simples e Compostos
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
terra. se faz mediante a utilização das palavras “macho”
O substantivo chuva é formado por um único ele- e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
mento ou radical. É um substantivo simples. macho e o jacaré fêmea.
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um a pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemu-
único elemento. nha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
composto. a artista.

A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por Substantivos de origem grega terminados em ema
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija- ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
-flor, passatempo. sintoma, o teorema.

B) Substantivos Primitivos e Derivados • Existem certos substantivos que, variando de gêne-


B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva ro, variam em seu significado:
de nenhuma outra palavra da própria língua por- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
tuguesa. O substantivo limoeiro, por exemplo, é (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
derivado, pois se originou a partir da palavra limão. a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
de outra palavra. mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con-
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
Flexão dos substantivos o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
exemplo, pode sofrer variações para indicar: Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - aluna.
meninão / Diminutivo: menininho • Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
ao masculino: freguês - freguesa
A) Flexão de Gênero • Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
LÍNGUA PORTUGUESA

a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e - sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. • Substantivos terminados em -or:
Veja estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz

51
• Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn- Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poeti- O problema está nas mulheres de mais idade, que não
sa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta aceitam a personagem.
- profetisa
• Substantivos que formam o feminino trocando o -e Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
final por -a: elefante - elefanta fotográfico Ana Belmonte.
• Substantivos que têm radicais diferentes no mascu-
lino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
• Substantivos que formam o feminino de maneira (pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o
anteriores: czar – czarina, réu - ré proclama, o pernoite, o púbis.

Formação do Feminino dos Substantivos Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,


Uniformes a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Epicenos:
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. São geralmente masculinos os substantivos de ori-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
forma para indicar o masculino e o feminino. o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
Alguns nomes de animais apresentam uma só for- coma, o hematoma.
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce-
palavras macho e fêmea.
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro
A cobra macho picou o marinheiro.
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
gre. / Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza.
Gênero e Significação
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
Muitos substantivos têm uma significação no mascu-
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
lino e outra no feminino. Observe:
nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
A criança chorona chamava-se João. movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai
A criança chorona chamava-se Maria. à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas-
tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
Outros substantivos sobrecomuns: proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma
boa criatura. (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a ca-
Marcela faleceu pital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (ca-
beleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
Comuns de Dois Gêneros: a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. na administração da crisma e de outros sacramentos), a
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
A distinção de gênero pode ser feita através da análi- o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen-
LÍNGUA PORTUGUESA

tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
repórter francês - repórter francesa o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
A palavra personagem é usada indistintamente nos -fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
acentuada preferência pelo masculino: O menino desco- (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha. a voga (moda).

52
B) Flexão de Número do Substantivo entre si. Aqueles que são grafados sem hífen compor-
Em português, há dois números gramaticais: o singu- tam-se como os substantivos simples: aguardente/aguar-
lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, dentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/
que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte- malmequeres.
rística do plural é o “s” final. O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
Plural dos Substantivos Simples e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – dos de:
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
Exceção: cânon - cânones. substantivo + adjetivo = amor-perfeito e
amores-perfeitos
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural adjetivo + substantivo = gentil-homem e
em “ns”: homem - homens. gentis-homens
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
Atenção:
quando formados de:
O plural de caráter é caracteres.
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; alto-falantes
caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e
cônsul e cônsules. reco-recos
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras: C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis quando formados de:
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
-de-colônia e águas-de-colônia
Observação: substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma- valo-vapor e cavalos-vapor
neiras: répteis ou reptis (pouco usada). substantivo + substantivo que funciona como deter-
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
duas maneiras: bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã,
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o peixe-espada - peixes-espada.
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in- D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural saca-rolhas
de três maneiras.
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações Casos Especiais
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
o louva-a-deus e os louva-a-deus
Observação: o bem-te-vi e os bem-te-vis
Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
o bem-me-quer e os bem-me-queres
dois – e até três – plurais:
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião o joão-ninguém e os joões-ninguém.
– anciões/anciães/anciãos
charlatão – charlatões/charlatães corrimão Plural das Palavras Substantivadas
– corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/ As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
vilões/vilães classes gramaticais usadas como substantivo, apresen-
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Pese bem os prós e os contras.


o látex - os látex. O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Plural dos Substantivos Compostos
Observação:
A formação do plural dos substantivos compostos de- Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
pende da forma como são grafados, do tipo de palavras não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
que formam o composto e da relação que estabelecem seis e alguns dez.

53
Plural dos Diminutivos Fosso Fossos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi- Imposto Impostos
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo. Olho Olhos
Osso (ô) Ossos (ó)
pãe(s) + zinhos = pãezinhos Ovo Ovos
animai(s) + zinhos = animaizinhos Poço Poços
botõe(s) + zinhos = botõezinhos Porto Portos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos Posto Postos
farói(s) + zinhos = faroizinhos Tijolo Tijolos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros,
flore(s) + zinhas = florezinhas etc.
mão(s) + zinhas = mãozinhas
Observação:
papéi(s) + zinhos = papeizinhos Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas molho (ó) = feixe (molho de lenha).
funi(s) + zinhos = funizinhos
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pai(s) + zinhos = paizinhos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zinhos = pezinhos Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
pé(s) + zitos = pezitos singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida-
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Nomes Próprios Personativos Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural: Aqui morreu muito negro.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
sempre que a terminação preste-se à flexão. improvisadas.
Os Napoleões também são derrotados.
C) Flexão de Grau do Substantivo
As Raquéis e Esteres.
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres.
Plural dos Substantivos Estrangeiros
Classifica-se em:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside-
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” rado normal. Por exemplo: casa
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
shorts, os jazz. nho do ser. Classifica-se em:
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad-
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho- jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
os réquiens. dicador de aumento. Por exemplo: casarão.
Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que
joga. 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. nho do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
Plural com Mudança de Timbre vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
Certos substantivos formam o plural com mudança dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
LÍNGUA PORTUGUESA

Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.


Singular Plural CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Corpo (ô) Corpos (ó) char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Esforço Esforços CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Fogo Fogos Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
Forno Fornos São Paulo: Saraiva, 2002.

54
SITE Classificação dos Verbos
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf12.php> Classificam-se em:

10. VERBO A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-


cal inalterado durante a conjugação e desinências
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número, idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre Modo Indicativo:
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). Canto Falo
Estrutura das Formas Verbais Cantas Falas
Canta Falas
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
Cantamos Falamos
os seguintes elementos:
Cantais Falais
A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal- #FicaDica
-ava; fal-am. (radical fal-)
Observe que, retirando os radicais, as
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que desinências modo-temporal e número-
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por pessoal mantiveram-se idênticas. Tente fazer
exemplo: fala-r. São três as conjugações: com outro verbo e perceberá que se repetirá
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática o fato (desde que o verbo seja da primeira
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir). conjugação e regular!). Faça com o verbo
“andar”, por exemplo. Substitua o radical
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que “cant” e coloque o “and” (radical do verbo
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: andar). Viu? Fácil!
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte-
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que
rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o
fizesse.
número (singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
Observação:
(indica a 3.ª pessoa do plural.)
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
FIQUE ATENTO! corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
O verbo pôr, assim como seus derivados ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª permanece inalterado.
conjugação, pois a forma arcaica do verbo
pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
desaparecido do infinitivo, revela-se em jugação completa. Os principais são adequar, pre-
algumas formas do verbo: põe, pões, caver, computar, reaver, abolir, falir.
põem, etc. D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito
e, normalmente, são usados na terceira pessoa do
singular. Os principais verbos impessoais são:
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura zar-se ou fazer (em orações temporais).
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen- Existiam)
LÍNGUA PORTUGUESA

to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia.

55
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu- O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado
reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro- na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregu-
vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, lar é empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos
se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo ser, ficar e estar. Observe:
“amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá Particípio Particípio
Infinitivo
conjugação completa. Regular Irregular
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu) Aceitar Aceitado Aceito
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) Acender Acendido Aceso
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
Anexar Anexado Anexo
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando Benzer Benzido Bento
tempo: Já passa das seis.
Corrigir Corrigido Correto
5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição Dispersar Dispersado Disperso
“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices. Eleger Elegido Eleito
Chega de promessas. Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem Inserir Inserido Inserto
referência a sujeito expresso anteriormente (por Limpar Limpado Limpo
exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, Matar Matado Morto
tais verbos, pessoais. Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente
de “ser possível”. Por exemplo: Murchar Murchado Murcho
Não deu para chegar mais cedo. Pegar Pegado Pego
Dá para me arrumar uma apostila?
Romper Rompido Roto
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, con- Soltar Soltado Solto
jugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singu-
lar e do plural. São unipessoais os verbos constar, Suspender Suspendido Suspenso
convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que Tingir Tingido Tinto
indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar, miar, Vagar Vagado Vago
latir, piar).
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o
Os verbos unipessoais podem ser usados como ver-
bos pessoais na linguagem figurada: particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
Teu irmão amadureceu bastante. dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
O que é que aquela garota está cacarejando?
G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um
Principais verbos unipessoais: radical em sua conjugação. Existem apenas dois:
ser (sou, sois, fui) e ir (fui, ia, vades).
• Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
ser (preciso, necessário): H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação
Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos dos tempos compostos e das locuções verbais. O
bastante) verbo principal (aquele que exprime a ideia fun-
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover) damental, mais importante), quando acompanha-
É preciso que chova. (Sujeito: que chova) do de verbo auxiliar, é expresso numa das formas
nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
• Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, se-
guidos da conjunção que. Vou espantar t o -
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei dos!
à Europa) (verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
LÍNGUA PORTUGUESA

Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a
vejo. (Sujeito: que não a vejo) Está chegando
a hora!
F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou (verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)
mais formas equivalentes, geralmente no particí-
pio, em que, além das formas regulares terminadas Observação:
em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas cur- Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e
tas (particípio irregular). haver.

56
Conjugação dos Verbos Auxiliares
SER - Modo Indicativo

Pret. mais-que- Fut. do


Presente Pret. Perfeito Pret. Imp. Fut.do Pres.
perf. Pretérito
Sou Fui Era Fora Serei Seria
És Foste Eras Foras Serás Serias
É Foi Era Fora Será Seria
Somos Fomos Éramos Fôramos Seremos Seríamos
Sois Fostes Éreis Fôreis Sereis Seríeis
São Foram Eram Foram Serão Seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres Fut.do Preté
estou estive estava estivera estarei estaria
LÍNGUA PORTUGUESA

estás estiveste estavas estiveras estarás estarias


está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

57
ESTAR Modo Subjuntivo – Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
LÍNGUA PORTUGUESA

haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

58
TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

59
A) Infinitivo Tempos Verbais
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de
modo vago e indefinido, podendo ter valor e fun- Tomando-se como referência o momento em que se
ção de substantivo. Por exemplo: fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diver-
Viver é lutar. (= vida é luta) sos tempos.
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
A) Tempos do Modo Indicativo
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen-
Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
exemplo: colégio.
É preciso ler este livro. Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
Era preciso ter lido este livro. num momento anterior ao atual, mas que não foi com-
pletamente terminado: Ele estudava as lições quando foi
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às interrompido.
três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
singular, não apresenta desinências, assumindo a momento anterior ao atual e que foi totalmente termina-
mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona- do: Ele estudou as lições ontem à noite.
-se da seguinte maneira: Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. atual: Ele estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adje-
tivo ou advérbio. Por exemplo: ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de Se ele pudesse, estudaria um pouco mais.
advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo) B) Tempos do Modo Subjuntivo
Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
em curso; na forma composta (2), uma ação concluída: Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado,
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro. mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro. vencesse o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode
Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundis- ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quan-
mo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio: do ele vier à loja, levará as encomendas.
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando! FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequa- determinado tempo podem ser utilizadas
da, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no
para indicar outro.
momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que
a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o
futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção Brasil.
“verificarei” ou “vou verificar”. descobre = forma do presente indicando
passado ( = descobrira/descobriu)
C) Particípio: quando não é empregado na formação No próximo final de semana, faço a prova!
dos tempos compostos, o particípio indica, geral- faço = forma do presente indicando futuro
mente, o resultado de uma ação terminada, flexio- ( = farei)
nando-se em gênero, número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem
nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
pela turma.
LÍNGUA PORTUGUESA

60
Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

3.ª conjugação
1.ª conjugação 2.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
LÍNGUA PORTUGUESA

CantAVA vendIA partIA


cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

61
Futuro do Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

Desinên. Pessoal Des. tem


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.poral
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S


cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

62
Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Imperativo Presente do


Indicativo Afirmativo Subjuntivo
Eu canto - Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante -
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
LÍNGUA PORTUGUESA

• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

63
Infinitivo Pessoal
#FicaDica
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Não confundir o emprego reflexivo do verbo
CANTAR VENDER PARTIR com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
cantar vender partir
Nós nos amamos. (um ama o outro)
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
Formação da Voz Passiva
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES A voz passiva pode ser formada por dois processos:
cantarEM venderEM partirEM analítico e sintético.

• O verbo parecer admite duas construções: A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução maneira:
verbal) Verbo SER + particípio do verbo principal. Por
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito ora- exemplo:
cional, correspondendo à construção: parece gostarem de A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
você). os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)
• O verbo pegar possui dois particípios (regular e
irregular): Observações:
Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas. • O agente da passiva geralmente é acompanhado
da preposição por, mas pode ocorrer a construção
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cer-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
cada de soldados.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
• Pode acontecer de o agente da passiva não estar
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
• A variação temporal é indicada pelo verbo auxi-
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras:
liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a
literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
transformação das frases seguintes:
SITE Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
Disponível em: http://www.soportugues.com.br/se- O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
coes/morf/morf54.php feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Vozes do Verbo
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta O trabalho é feito por ele. (ser no presente do
a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indi- indicativo)
cando se este é paciente ou agente da ação. Importante
lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
São três as vozes verbais: O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a • Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-
ação expressa pelo verbo: sume o mesmo tempo e modo do verbo princi-
Ele fez o trabalho. pal da voz ativa. Observe a transformação da frase
sujeito agente ação objeto (paciente) seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
a ação expressa pelo verbo:
O trabalho foi feito por ele. B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética -
sujeito paciente ação agente da passiva ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª
pessoa, seguido do pronome apassivador “se”. Por
C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, exemplo:
agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação: Abriram-se as inscrições para o concurso.
O menino feriu-se. Destruiu-se o velho prédio da escola.

64
Observação: consciência de que era uma doação. A situação foi pio-
O agente não costuma vir expresso na voz passiva rando. Os argumentos também. No início era para pagar
sintética. a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes.
Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so-
freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações,
substancialmente o sentido da frase. remédios. A situação piorando, eu já estava encomen-
dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico,
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamen-
Sujeito da Ativa objeto Direto te. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até
que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu
A apostila foi comprada pelo concurseiro. não ajudava mais.
(Voz Passiva) Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita
Sujeito da Passiva Agente da Passiva de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o em-
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo prego após o suposto acidente. Foi por isso que me dei-
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo xei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde
tempo. também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As
Os mestres têm constantemente aconselhado os pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a
alunos. indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe- Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos
los mestres. aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur-
Eu o acompanharei. gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça
Ele será acompanhado por mim. de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova
consciência para votar. Como? Num mundo em que as
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre-
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle- vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso
xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente, ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama.
paciente ou agente paciente. Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da
internet.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Duvidam. Acham que estou mentindo.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017, p.97.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Adaptado.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação
– São Paulo: Saraiva, 2010. do pronome átono em destaque está de acordo com a
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: norma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. em:
SITE a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- b) Perderia-se o dinheiro e o amigo.
coes/morf/morf54.php> c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se.
d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo.
e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra A
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO Em “a”: Não se perde = correta (advérbio atrai o pro-
– CESGRANRIO-2018) nome = próclise)
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito:


O ano da esperança perder-se-ia (mesóclise)
Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se = ti-
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos nham se perdido
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com prono-
do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de me oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se)
amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei- Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o
ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a pronome (próclise): que se perdeu

65
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- Resposta: Letra C
GRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma-pa- Correções à frente:
drão da língua portuguesa, o pronome destacado foi Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que
utilizado na posição correta em: o cercam)
Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está cor-
a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se reta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a sua
para combater a disseminação de notícias falsas nas presença, teremos próclise, não ênclise)
redes sociais. Em “c”: que o cercam = correta
b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos, sem- Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas
pre deve-se ter em mente que o problema de divulga- o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto =
ção de notícias falsas é grave e muito atual. a ele/ela)
c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam
um sentimento generalizado de reprovação à prática
de divulgação de inverdades. 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na Ale- Considerando apenas as regras de regência e de coloca-
manha não aplica-se aos sites e redes sociais com me- ção pronominal da norma-padrão da língua portuguesa,
nos de 2 milhões de membros.
a expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam
e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais
que raramente ou nunca têm informações sobre o im-
eficaz para que adote-se a conduta correta em relação
pacto ambiental do produto ou do comportamento da
à reputação das celebridades.
empresa. – pode ser corretamente substituída por
Resposta: Letra C
Em “a”: Os jornais noticiaram que alguns países mobi- a) ... nunca informam-se sob o impacto...
lizam-se = se mobilizam b)... nunca se informam o impacto...
Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos boa- c) ... nunca informam-se ao impacto...
tos, sempre deve-se = sempre se deve d) ... nunca se informam do impacto...
Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet, cons- e)... nunca informam-se no impacto...
tata-se um sentimento = correta
Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada Resposta: Letra D
na Alemanha não aplica-se = não se aplica Por eliminação: o advérbio “nunca” atrai o pronome,
Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo teremos próclise (nunca se). Ficamos com B e D.
mais eficaz para que adote-se = que se adote Agora vamos ao verbo: quem se informa, informa-
-se sobre algo = precisa de preposição. A alternati-
3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI- va que tem preposição presente é a D (do = de+o).
TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se substituíssemos Teremos: nunca se informam do impacto.
os complementos dos verbos abaixo por pronomes pes-
soais oblíquos enclíticos, a única forma INADEQUADA 6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
seria: VUNESP-2013) Considerando a substituição da expres-
são em destaque por um pronome e as normas da co-
a) impregna a vida cotidiana / impregna-a; locação pronominal, a oração – … que abrem a cabeça
b) entender os debates / entendê-los; … – equivale, na norma-padrão da língua, a:
c) ganha destaque / ganha-o; a) que abrem-a.
d) supõe um conhecimento / supõe-lo; b) que abrem-na.
e) marcaram sua história / marcaram-na. c) que a abrem.
d) que lhe abrem.
Resposta: Letra D e) que abrem-lhe.
Em “a”: impregna a vida cotidiana / impregna-a =
correta Resposta: Letra C
Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta Primeiramente: o “que” atrai o pronome oblíquo, então
Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta teremos que + pronome. Resta-nos identificar se o
Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo = pronome é objeto direto (a) ou indireto (lhe). Volte-
supõe-no
mos ao verbo: abrir. Quem abre, abre algo... abre o
Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = correta
quê? Sem preposição! Portanto: objeto direto = que
a abrem.
4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome e
a colocação pronominal, a expressão em destaque no 7. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO ESPE-
trecho – ... que cercam o sentido da existência huma- CIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO TRABA-
na... – está corretamente substituída pelo pronome, de LHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à
LÍNGUA PORTUGUESA

acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na constatação de que todo perfil de rede social é um retrato
alternativa: ideal de nós mesmos.
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al-
a) ... que cercam-lo... teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
b) ... que cercam-no... substituído por:
c)... que o cercam...
d) ... que lhe cercam... a) ademais.
e) ... que cercam-lhe... b) conquanto.

66
c) porquanto. Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo
d) entretanto. Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do
e) apesar. Indicativo

Resposta: Letra D 10. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC-


Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo- 2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
sição). A substituição deve utilizar outra de mesma com a norma culta na seguinte frase:
classificação, para que se mantenha a ideia do perío-
do. A correta é entretanto. a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
não poderia receber qualquer tipo de retificação.
8. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO - b) Os documentos com assinatura digital disporam de
ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016) algoritmos de criptografia que os protegeram.
... para quem Manoel de Barros era comparável a São c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
Francisco de Assis... contar com a proteção de uma assinatura digital.
d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da fado deve saber que comprometerá sua integridade.
frase acima está em: e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
comprometer a integridade dos documentos.
a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no Resposta: Letra E
espaço... Em “a”, Para que se mantesse (mantivesse) sua auten-
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e ticidade, o documento não poderia receber qualquer
Charles Baudelaire. tipo de retificação.
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar- Em “b”, Os documentos com assinatura digital dispo-
ros na literatura... ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
e) ... para depois casá-las... protegeram.
Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos
Resposta: Letra A poderam (puderam) contar com a proteção de uma
“Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati- assinatura digital.
vo. Procuremos nos itens: Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo mento criptografado deve saber que comprometerá
Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do sua integridade.
Indicativo Em “e”, Não é possível fazer as alterações que convie-
Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei- rem sem comprometer a integridade dos documentos
to do Indicativo = correta
Em “d”, Quase meio século separa = presente do
Indicativo 11. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -
Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere
elas) as seguintes frases:
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
9. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO Segundo, não memorize apenas por repetição.
– FCC-2016) Terceiro, rabisque!
Precisamos de um treinador que nos ajude a comer...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos
sublinhado acima está também sublinhado em: empregados nessas frases está em destaque em:

a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem
amas... com que o cérebro humano não considere útil gravar
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. esses dados...
c) ... país que transformou a infância numa bilionária in- b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
dústria de consumo... -número de informações.
d) E, mesmo que se esforcem muito... c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
e) Hoje há algo novo nesse cenário. dele...
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em


Resposta: Letra D que morou quando era criança?
que nos ajude = presente do Subjuntivo e) É o que mostra também uma pesquisa recente con-
Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo duzida pela empresa de segurança digital Kaspersky...
Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e tam-
bém mais-que-perfeito) do Indicativo Resposta: Letra D
Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati-
Indicativo vo (expressam ordem). Vamos aos itens:

67
Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos Resposta: Letra B
fazem = presente do Indicativo O termo “oposição” é classificado – morfologicamente
Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do – como substantivo abstrato, pois não existe por si só
Indicativo – depende de outro ser para “se concretizar”.
Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
= presente do Indicativo
Em “d”, Pense rápido: = Imperativo
Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa = pre- EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.
sente do Indicativo

12. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL PONTUAÇÃO


– VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a pala-
vra em destaque na frase pertence à classe dos adjetivos Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
(palavra que qualifica um substantivo). servem para compor a coesão e a coerência textual, além
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de Um texto escrito adquire diferentes significados quando
eutanásia... pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte... depende, em certos momentos, da intenção do autor do
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-
a morte.
te relacionados ao contexto e ao interlocutor.
d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
e) E como seria a verdadeira boa morte?
Principais funções dos sinais de pontuação
Resposta: Letra E
Em “a”, Existe grande confusão = substantivo A) Ponto (.)
Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a mor-
te = pronome • Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando cerrando o período.
distanciar a morte = substantivo
Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo • Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? = panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
adjetivo de período, este não receberá outro ponto; neste
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
13. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
– SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010)
• Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
ponto, assim como após o nome do autor de uma
citação:
Haverá eleições em outubro
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)

• Os números que identificam o ano não utilizam pon-


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como
os números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.

B) Ponto e Vírgula (;)

• Separa várias partes do discurso, que têm a mesma


importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os
ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos genero-
sos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão
Disponível em: http://www.acharge.com.br/index.htm (acesso: pelo pão a alma...” (VIEIRA)
03/03/2010)
• Separa partes de frases que já estão separadas por
LÍNGUA PORTUGUESA

A palavra “oposição”, da charge, é classificada morfolo- vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
gicamente como: tros, montanhas, frio e cobertor.
a) Substantivo concreto.
• Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
b) Substantivo abstrato.
tivos, decreto de lei, etc.
c) Substantivo coletivo.
d) Substantivo próprio. Ir ao supermercado;
e) Adjetivo. Pegar as crianças na escola;

68
Caminhada na praia; B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Es-
Reunião com amigos. tão produzindo, todavia, altas quantidades de
alimentos.
C) Dois pontos (:) C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto
• Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Cou- é, não querem abrir mão dos lucros altos.
tinho trata este assunto:
• Antes de um aposto = Três coisas não me agradam: 2. Para marcar inversão:
chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite. A) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es- ção): Depois das sete horas, todo o comércio está de
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo portas fechadas.
a rotina de sempre. B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
• Em frases de estilo direto C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
Maria perguntou: maio de 1982.
- Por que você não toma uma decisão?
3. Para separar entre si elementos coordenados
D) Ponto de Exclamação (!) (dispostos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
• Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e
susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me ca- animais.
sar com você!
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
• Depois de interjeições ou vocativos remos comer pizza; e vocês, churrasco.
Ai! Que susto!
João! Há quanto tempo! 5. Para isolar:
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
E) Ponto de Interrogação (?) sileira, possui um trânsito caótico.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
• Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Observações:
Azevedo) Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
F) Reticências (...) dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
• Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis, guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,
canetas, cadernos... futebol, lazer, etc.
• Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
dizer... é verdad... Ah!” binados o ponto de interrogação e o de exclamação:
• Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este Você falou isso para ela?!
mal... pega doutor?
• Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa, Temos, ainda, sinais distintivos:
depois, o coração falar... • a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), separa-
ção de siglas (IOF/UPC);
G) Vírgula (,) • os colchetes ([ ]) = usados em transcrições fei-
tas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como pri-
Não se usa vírgula meira opção aos parênteses, principalmente na
Separando termos que, do ponto de vista sintático, matemática;
ligam-se diretamente entre si:
• o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
1. Entre sujeito e predicado:
um nome que não se quer mencionar.
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
2. Entre o verbo e seus objetos:
LÍNGUA PORTUGUESA

char - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform.


O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
V.T.D.I. O.D. O.I.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Usa-se a vírgula:
SITE
1. Para marcar intercalação:
Disponível em: <http://www.infoescola.com/
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua
portugues/pontuacao/>
abundância, vem caindo de preço.

69
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama- corrente a poupança compulsória dos encargos recolhi-
tica/uso-da-virgula.htm> dos, derrubam o crescimento da economia e solapam o
valor futuro das aposentadorias”. (adaptado)

EXERCÍCIOS COMENTADOS No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na Ale-


manha imperial de Bismarck e na Itália fascista de Musso-
lini – têm a finalidade textual de:
1. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
O enunciado em que a vírgula foi empregada em desa- a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado;
cordo com as regras de pontuação é b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes
trabalhista e previdenciário;
a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a pro- c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História;
dução de dinheiro fosse também limitada. d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário
b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o por serem muito antigos;
padrão-ouro. e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado.
c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é
criado assim, inventado em canetaços a partir da con- Resposta: Letra B
cessão de empréstimos. Arquitetados de início em sistemas políticos fecha-
d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma dos (na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. fascista de Mussolini) = os termos entre parênteses
e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abun- servem para se referir aos sistemas políticos fechados,
dante porque é gerada pela simples manipulação de exemplificando-os.
bancos de dados. Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do
passado = incorreta
Resposta: Letra E Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os
O enunciado pede a alternativa em desacordo: regimes trabalhista e previdenciário = correta
Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da
que a produção de dinheiro fosse também limitada História = incorreta
= correta Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e previ-
Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o denciário por serem muito antigos = incorreta
padrão-ouro = correta Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do pas-
Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no sado = incorreta
mundo é criado assim, inventado em canetaços a par-
tir da concessão de empréstimos = correta 3. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE DA-
Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona DOS – FGV-2010) Assinale a alternativa em que a vírgula
com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e está corretamente empregada.
abundante = correta
Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá-la, a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode
(X) e abundante porque é gerada pela simples mani- ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter.
pulação de bancos de dados = incorreta - a vírgula b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora
pode ser utilizada antes da conjunção “e”, desde que competente, nem sempre conseguia resolvê-los.
haja mudança de sujeito, por exemplo (o que não c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançan-
acontece na questão) do, o sentimento geral, às vezes, era de frustração.
GABARITO OFICIAL: E d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra, mui-
tos sofreriam sanções diariamente.
2. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO e) O tempo não para as transformações sociais são ur-
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) gentes mas há quem não perceba esse fato, que é
evidente.
Texto 1
Resposta: Letra C
Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018, Indiquei com (X) os lugares inadequados e acrescentei
com o nome Erros do passado, o articulista Paulo Gue- a pontuação que faltou:
des escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e pre- Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente brasi-
videnciário brasileiros são politicamente anacrônicos, leira , pode ser considerado, sem dúvida, um desvio
economicamente desastrosos e socialmente perversos. de caráter.
LÍNGUA PORTUGUESA

Arquitetados de início em sistemas políticos fechados Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcio-
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista nário , embora competente, nem sempre conseguia
de Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos resolvê-los.
programas socialdemocratas, são hoje armas de destrui- Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
ção em massa de empregos locais em meio à compe- avançando, o sentimento geral, às vezes, era de frus-
tição global. Reduzem a competitividade das empresas, tração.= correta
fabricam desigualdades sociais, dissipam em consumo Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
letra, muitos sofreriam sanções diariamente.

70
Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadri-
são urgentes , mas há quem não perceba esse fato, nho, na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula,
que é evidente. obrigatoriamente,

4. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- a) antes da palavra “olho”.


RIO-2018) De acordo com a norma-padrão da língua b) antes da palavra “e”.
portuguesa, a pontuação está corretamente empregada c) depois da palavra “evitar”.
em: d) antes da palavra “evitar”.
e) depois da palavra “e”.
a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quan-
do atendem, de forma voluntária, aos funcionários e Resposta: Letra C
à comunidade em geral, pode ser definido como res- “Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala
ponsabilidade social. com o doutor (vocativo); portanto, presença obriga-
b) As empresas que optam por encampar a prática da tória de vírgula após o verbo “evitar”.
responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir
uma melhor imagem no mercado. 6. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO – SUBSTITUTO – VU-
c) A noção de responsabilidade social foi muito utiliza- NESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo do texto
da em campanhas publicitárias: por isso, as empresas – Nas escolas da Catalunha, a separação da Espanha tem
precisam relacionar-se melhor, com a sociedade. apoio maciço. É uma situação que contrasta com outros
d) A responsabilidade social explora um leque abrangen- lugares de Barcelona, uma cidade que vive hoje em
te de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de duas dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas,
vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de im- que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade, …
pactos negativos, no meio ambiente. –, empregam-se as vírgulas para separar as expressões
e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem destacadas porque elas
a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e a
geração de empregos não a preocupação com a so- a) acrescem às informações precedentes comentários
ciedade como um todo. que lhes ampliam o sentido.
b) sintetizam as ideias centrais das informações
Resposta: Letra A precedentes.
Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as c) apresentam informações que se opõem às informa-
inclusões: ções precedentes.
Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas, d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o
quando atendem, de forma voluntária, aos funcioná- correto matiz semântico.
rios e à comunidade em geral, pode ser definido como e) estabelecem certas restrições de sentido às informa-
responsabilidade social = correta ções precedentes.
Em “b”: As empresas que optam por encampar a prá-
tica da responsabilidade social, (X) beneficiam-se de Resposta: Letra A
conseguir uma melhor imagem no mercado. É uma situação que contrasta com outros lugares de
Em “c”: A noção de responsabilidade social foi mui- Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas di-
to utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso, mensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, que
as empresas precisam relacionar-se melhor, (X) com a se cotovelam nos pontos turísticos da cidade
sociedade. Os períodos destacados acrescentam informações aos
Em “d”: A responsabilidade social explora um leque termos citados anteriormente.
abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) ,
a qualidade de vida , o bem-estar dos trabalhadores,
(X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
ambiente.
Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social de-
fendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
o lucro e a geração de empregos , não a preocupação
com a sociedade como um todo. Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos.
5. (PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014)
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
LÍNGUA PORTUGUESA

terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-


jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
número e gênero se correspondem. A correspondência
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado)
ser verbal ou nominal.

71
Concordância Verbal Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

É a flexão que se faz para que o verbo concorde com D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou
seu sujeito. indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou
Sujeito Simples - Regra Geral “de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo pronome pessoal.
em número e pessoa. Veja os exemplos: Quais de nós são / somos capazes?
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h. Vários de nós propuseram / propusemos sugestões
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular inovadoras.

Os candidatos à vaga chegarão às 12h. Observação:


3.ª p. Plural 3.ª p. Plural Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize-
Casos Particulares
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti-
metade de, a maioria de, a maior parte de, grande ver no singular, o verbo ficará no singular.
parte de...) seguida de um substantivo ou pronome Qual de nós é capaz?
no plural, o verbo pode ficar no singular ou no Algum de vós fez isso.
plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Metade dos candidatos não apresentou / apresenta- que indica porcentagem seguida de substantivo, o
ram proposta. verbo deve concordar com o substantivo.
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos 85% dos entrevistados não aprovam a administração
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân- do prefeito.
dalos destruiu / destruíram o monumento. 1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova.
Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a • Quando a expressão que indica porcentagem não
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
aos elementos que formam esse conjunto. com o número.
25% querem a mudança.
B) Quando o sujeito é formado por expressão que 1% conhece o assunto.
indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
menos de, perto de...) seguida de numeral e subs- • Se o número percentual estiver determinado por ar-
tantivo, o verbo concorda com o substantivo. tigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á
Cerca de mil pessoas participaram do concurso. com eles:
Perto de quinhentos alunos compareceram à Os 30% da produção de soja serão exportados.
solenidade. Esses 2% da prova serão questionados.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas. F) O pronome “que” não interfere na concordância;
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
Observação: do singular.
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- Fui eu que paguei a conta.
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Fomos nós que pintamos o muro.
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende- És tu que me fazes ver o sentido da vida.
ram um ao outro) Sou eu quem faz a prova.
Não serão eles quem será aprovado.
C) Quando se trata de nomes que só existem no
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as-
plural, a concordância deve ser feita levando-se
LÍNGUA PORTUGUESA

sumir a forma plural.


em conta a ausência ou presença de artigo. Sem
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo taram os poetas.
no plural, o verbo deve ficar o plural. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Estados Unidos possui grandes universidades. • Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
Alagoas impressiona pela beleza das praias. dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
As Minas Gerais são inesquecíveis. singular:

72
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Observação:
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
• Quando “um dos que” vem entremeada de substan- possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
tivo, o verbo pode: (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves- de “tomaríeis”.
sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio
que faça o mesmo). C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po- passa a existir uma nova possibilidade de concor-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma dância: em vez de concordar no plural com a tota-
condição). lidade do sujeito, o verbo pode estabelecer con-
cordância com o núcleo do sujeito mais próximo.
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o Faltaram coragem e competência.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. Faltou coragem e competência.
Vossa Excelência está cansado? Compareceram todos os candidatos e o banca.
Vossas Excelências renunciarão? Compareceu o banca e todos os candidatos.

I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
de acordo com o numeral. dância é feita no plural. Observe:
Deu uma hora no relógio da sala. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Deram cinco horas no relógio da sala. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco. Casos Particulares

• Quando o sujeito composto é formado por núcle-


Observação:
os sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
singular.
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
A coragem e o destemor fez dele um herói.
Soa quinze horas o relógio da matriz.
• Quando o sujeito composto é formado por núcleos
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum dispostos em gradação, verbo no singular:
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin- Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se-
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de gundo me satisfaz.
existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
cam fenômenos da natureza. Exemplos: • Quando os núcleos do sujeito composto são unidos
Havia muitas garotas na festa. por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural,
Faz dois meses que não vejo meu pai. de acordo com o valor semântico das conjunções:
Chovia ontem à tarde. Drummond ou Bandeira representam a essência da
poesia brasileira.
Sujeito Composto Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver- Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
bo, a concordância se faz no plural: “adição”. Já em:
Juca ou Pedro será contratado.
Pai e filho conversavam longamente. Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima
Sujeito Olimpíada.

Pais e filhos devem conversar com frequência. Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
Sujeito no singular.

B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas • Com as expressões “um ou outro” e “nem um
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da nem outro”, a concordância costuma ser feita no
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós) singular.
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por Um ou outro compareceu à festa.
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja: Nem um nem outro saiu do colégio.
LÍNGUA PORTUGUESA

Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.


Primeira Pessoa do Plural (Nós) • Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós) • Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
Pais e filhos precisam respeitar-se. cebem um mesmo grau de importância e a palavra
Terceira Pessoa do Plural (Eles) “com” tem sentido muito próximo ao de “e”.

73
O pai com o filho montaram o brinquedo. Construiu-se um posto de saúde.
O governador com o secretariado traçaram os planos Construíram-se novos postos de saúde.
para o próximo semestre. Aqui não se cometem equívocos
O professor com o aluno questionaram as regras. Alugam-se casas.

Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se


a ideia é enfatizar o primeiro elemento. #FicaDica
O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos Para saber se o “se” é partícula apassivadora
para o próximo semestre. ou índice de indeterminação do sujeito, ten-
O professor com o aluno questionou as regras. te transformar a frase para a voz passiva. Se
a frase construída for “compreensível”, esta-
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito remos diante de uma partícula apassivadora;
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres- se não, o “se” será índice de indeterminação.
sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos Veja:
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou- Precisa-se de funcionários qualificados.
vesse uma inversão da ordem. Veja: Tentemos a voz passiva:
“O pai montou o brinquedo com o filho.” Funcionários qualificados são precisados (ou
“O governador traçou os planos para o próximo semes- precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se”
tre com o secretariado.” destacado é índice de indeterminação do
“O professor questionou as regras com o aluno.” sujeito.
Agora:
Casos em que se usa o verbo no singular: Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Constru-
Café com leite é uma delícia! ção correta! Então, aqui, o “se” é partícula
O frango com quiabo foi receita da vovó.
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz
passiva. Repare em meu destaque. Percebeu
Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não semelhança? Agora é só memorizar!).
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o O Verbo “Ser”
Nordeste.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
notícia. sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo
Quando os elementos de um sujeito composto são do sujeito.
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
é feita com esse termo resumidor. Quando o sujeito ou o predicativo for:
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da
apatia. A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante SER concorda com a pessoa gramatical:
na vida das pessoas. Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas.
Outros Casos A esperança dos pais são eles, os filhos.
O Verbo e a Palavra “SE” B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
mente, com o que estiver no plural:
duas de particular interesse para a concordância verbal:
Os livros são minha paixão!
A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
B) quando é partícula apassivadora. Minha paixão são os livros!

Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” Quando o verbo SER indicar


acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na • horas e distâncias, concordará com a expressão
terceira pessoa do singular: numérica:
LÍNGUA PORTUGUESA

Precisa-se de funcionários. É uma hora.


Confia-se em teses absurdas. São quatro horas.
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha quilômetros.
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in-
diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes- • datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. estar expressa ou subentendida:
Exemplos: Hoje é dia 26 de agosto.

74
Hoje são 26 de agosto. B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
a concordância pode variar. Podemos sistematizar
• Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida- essa flexão nos seguintes casos:
de e for seguido de palavras ou expressões como
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER • Adjetivo anteposto aos substantivos:
fica no singular: O adjetivo concorda em gênero e número com o
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. substantivo mais próximo.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Duas semanas de férias é muito para mim. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
• Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este con- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
cordará o verbo. parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
No meu setor, eu sou a única mulher. As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Aqui os adultos somos nós. Encontrei os divertidos primos e primas na festa.

• Adjetivo posposto aos substantivos:


Observação:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
se houver substantivo feminino e masculino).
o pronome sujeito.
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
Eu não sou ela. A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
Ela não é eu. A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
• Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o Observação:
verbo SER concordará com o predicativo. Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
A grande maioria no protesto eram jovens. pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
O resto foram atitudes imaturas. dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
no plural masculino, que é o gênero predominante quan-
O Verbo “Parecer” do há substantivos de gêneros diferentes.
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma lo- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
cução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas jetivo fica no singular ou plural.
concordâncias: A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).
• Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho. C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
• A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo vo não for acompanhado de nenhum modificador: Água
sofre flexão: é bom para saúde.
As crianças parece gostarem do desenho. O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho modificado por um artigo ou qualquer outro determina-
aas crianças) tivo: Esta água é boa para saúde.

Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no D) O adjetivo concorda em gênero e número com os
singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvidos. pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
(Parece que as paredes têm ouvidos = oração subordina- trou-as muito felizes.
da substantiva subjetiva).
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
Concordância Nominal neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposi-
ção DE + adjetivo, este último geralmente é usado
A concordância nominal se baseia na relação entre no masculino singular: Os jovens tinham algo de
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles misterioso.
se ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, prono-
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
mes adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lem-
função adjetiva e concorda normalmente com o
LÍNGUA PORTUGUESA

bre-se: normalmente, o substantivo funciona como nú-


nome a que se refere:
cleo de um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto
Cristina saiu só.
adnominal. Cristina e Débora saíram sós.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
seguintes regras gerais: Observação:
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
denunciavam o que sentia. Eles só desejam ganhar presentes.

75
Bastante - Caro - Barato - Longe
#FicaDica Estas palavras são invariáveis quando funcionam
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
Se a frase ficar coerente com o primeiro, tivos, ou numerais.
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
houver coerência com o segundo, função de Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
adjetivo, então varia: (pronome adjetivo)
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
Ele está só descansando. (apenas As casas estão caras. (adjetivo)
descansando) - advérbio Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)

Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de Meio - Meia


“só”, haverá, novamente, um adjetivo: A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
descansando) meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece inva-
G) Quando um único substantivo é modificado por riável: A candidata está meio nervosa.
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
das as construções:
• O substantivo permanece no singular e coloca-se o #FicaDica
artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
espanhola e a portuguesa.
saberei que se trata de um advérbio, não
• O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
de adjetivo: “A candidata está um pouco
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
nervosa”.
portuguesa.

Casos Particulares
Alerta - Menos
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É
sempre invariáveis.
permitido
Os concurseiros estão sempre alerta.
Não queira menos matéria!
• Estas expressões, formadas por um verbo mais um
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
referem possuir sentido genérico (não vier prece-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
dido de artigo).
char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
É proibido entrada de crianças.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Em certos momentos, é necessário atenção.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
No verão, melancia é bom.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
É preciso cidadania.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Não é permitido saída pelas portas laterais. literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
• Quando o sujeito destas expressões estiver determi- SITE
nado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
verbo como o adjetivo concordam com ele. coes/sint/sint49.php>
É proibida a entrada de crianças.
Esta salada é ótima.
A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação. EXERCÍCIOS COMENTADOS

Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso 1. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –


- Quite CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque está
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú- empregada de acordo com a norma-padrão em:
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
LÍNGUA PORTUGUESA

Seguem anexas as documentações requeridas. a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas


A menina agradeceu: - Muito obrigada. mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas
Muito obrigadas, disseram as senhoras. virtuais.
Seguem inclusos os papéis solicitados. b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com al-
Estamos quites com nossos credores. guns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis.
c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma par-
te do mundo, se substituíram totalmente as moedas
reais pelas virtuais.

76
d) De acordo com as regras do mercado financeiro, criou- 3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos anos. GRANRIO-2018) A concordância do verbo destacado foi
e) O valor dos produtos comercializados seriam determi- realizada de acordo com as exigências da norma-padrão
nados por uma moeda virtual se a real fosse abolida. da língua portuguesa em:

Resposta: Letra C a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais


Em “a”: Atualmente, comercializam-se diferentes dos smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e
criptomoedas mas a bitcoin é a mais conhecida de violentas por parte dos usuários.
b) Devido à utilização de estratégias de marketing, de-
todas as moedas virtuais.
senvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse
Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de acor-
de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso.
do com alguns analistas, podem tornar as bitcoins c) É necessário que se envie a todas as escolas do país ví-
inviáveis. deos educacionais que permitam esclarecer os jovens
Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhu- sobre o vício da tecnologia.
ma parte do mundo, se substituíram totalmente as d) É preciso educar as novas gerações para que se redu-
moedas reais pelas virtuais. = correta za os comportamentos compulsivos relacionados ao
Em “d”: De acordo com as regras do mercado finan- uso das novas tecnologias.
ceiro, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins nos e) Nos países mais industrializados, comprovou-se os
últimos anos. danos psicológicos e o consumismo exagerado causa-
Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria dos pelo vício da tecnologia.
determinado por uma moeda virtual se a real fosse
abolida. Resposta: Letra B
Em “a”: Com a corrida desenfreada pelas versões mais
2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL atuais dos smartphones, evidenciou-se (evidencia-
I – CESGRANRIO-2018) A concordância da palavra des- ram-se) atitudes agressivas e violentas por parte dos
usuários.
tacada atende às exigências da norma-padrão da língua
Em “b”: Devido à utilização de estratégias de marke-
portuguesa em:
ting, desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que
a posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia de
a) Alimentos saudáveis e prática constante de exercí- sucesso = correta
cios são necessárias para uma vida longa e mais Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as
equilibrada. escolas do país vídeos educacionais que permitam es-
b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de clarecer os jovens sobre o vício da tecnologia.
tratamento adequado da água são causadores de Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que
doenças. se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos
c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam ser relacionados ao uso das novas tecnologias.
reproduzidas nas redes sociais da forma como acon- Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou-
tece hoje. -se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o con-
d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos da Re- sumismo exagerado causados pelo vício da tecnologia.
gião Nordeste foram elogiados por suas proprieda-
des alimentares. 4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO –
e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes preci- FGV-2017) Observe os seguintes casos de concordância
sam ser estimuladas para que se avance na cura de nominal retirados do texto 1:
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
algumas doenças.
independente.
2. A agenda pública é determinada pela imprensa
Resposta: Letra D tradicional.
Em “a”: Alimentos saudáveis e prática constante de 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteú-
exercícios são necessárias (necessários) para uma vida do independentes.
longa e mais equilibrada.
Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e fal- A afirmação correta sobre essas concordâncias é:
ta de tratamento adequado da água são causadores
(causadoras) de doenças. a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respectiva-
Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não deve- mente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
LÍNGUA PORTUGUESA

riam ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes sociais b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por
da forma como acontece hoje. referirem-se a dois substantivos;
Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se re-
da Região Nordeste foram elogiados por suas pro- fere a ‘imprensa’;
priedades alimentares = correta d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está correta-
Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constantes mente no plural por referir-se a ‘empresas’;
precisam ser estimuladas (estimulados) para que se e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar
no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’.
avance na cura de algumas doenças.

77
Resposta: Letra D Ministério Público em função da proteção dos direitos
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p.
independente. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
2. A agenda pública é determinada pela imprensa
tradicional. A flexão plural em “eram identificadas” decorre da con-
3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con- cordância com o sujeito dessa forma verbal: “as esferas
teúdo independentes. de abrangência dos poderes políticos”.
Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se, res-
pectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
( ) CERTO ( ) ERRADO
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e in-
dependente = apenas a “jornalismo”
Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plu- Resposta: Certo
ral por referirem-se a dois substantivos; (...) Até Montesquieu, não eram identificadas com cla-
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde- reza as esferas de abrangência dos poderes políticos
pendente = a um substantivo (jornalismo) = passando o período para a ordem direta (sujeito +
Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determina- verbo), temos: Até Montesquieu, as esferas de abran-
da’ se refere a ‘imprensa’; gência dos poderes políticos não eram identificadas
A agenda pública é determinada pela imprensa tra- com clareza.
dicional = refere-se ao termo “agenda pública”
Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está 6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia – Funda-
corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’; tec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos que
Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conte- são usuários constantes de redes sociais têm um risco 27%
údo independentes = correta maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas que
Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
estar no singular por referir-se ao substantivo ‘conte- ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para o
údo’ = incorreta (refere-se a “empresas”)
singular, outras quatro palavras deveriam sofrer ajustes
para fins de concordância.
5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
( ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais
Texto I podem ficar deprimidos.
( ) O risco de alunos usuários de redes sociais desenvol-
Na organização do poder político no Estado moderno, verem depressão constante extrapola o índice dos 27%.
à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de
a desordem do estado de natureza, que, em virtude do cima para baixo, é:
risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
exige a existência de um poder institucional. Mas a con- a) V – V – V.
quista da liberdade humana também reclama a distri- b) F – V – F.
buição do poder em ramos diversos, com a disposição c) V – F – F.
de meios que assegurem o controle recíproco entre eles d) F – F – V.
para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia e) F – F – F.
nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer- Resposta: Letra C
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
Esses alunos que são usuários constantes de redes so-
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai
ciais têm um risco 27% maior de desenvolver depressão
até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o Em: ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado
poder limite o poder”. para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza ajustes para fins de concordância.
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se Esse aluno que é usuário constante de redes sociais
concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua tem um risco 27% maior de desenvolver depressão
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for- = (verdadeira = haveria quatro alterações)
ma de sistema coerente, as consequências de conceitos Em: ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes
diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu sociais podem ficar deprimidos.
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
LÍNGUA PORTUGUESA

= falsa (o período em análise não nos transmite tal in-


de origem baconiana, não abandonando o rigor das formação, apenas afirma que usuários constantes têm
certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, um risco 27% maior que os demais)
refugindo às especulações metafísicas que, no plano da Em: ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais de-
idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a senvolverem depressão constante extrapola o índice
explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade dos 27%.
civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos. = Falsa (“depressão constante” altera o sentido do
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
período)

78
Fui ao teatro.
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Adjunto Adverbial de Lugar

Dá-se o nome de regência à relação de subordina- Comparecer


ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
nome (regência nominal) e seus complementos. por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO último jogo.

A regência verbal estuda a relação que se estabele- B) Verbos Transitivos Diretos


ce entre os verbos e os termos que os complementam Os verbos transitivos diretos são complementados
(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad- por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo-
juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes
regência, o que corresponde à diversidade de significa-
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
contexto em que forem empregados.
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos,
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais,
contentar. objetos indiretos.
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
agrado ou prazer”, satisfazer. donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au-
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar,
“agradar a alguém”. defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre-
judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver,
O conhecimento do uso adequado das preposições visitar.
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
verbal (e também nominal). As preposições são capazes como o verbo amar:
de modificar completamente o sentido daquilo que está Amo aquele rapaz. / Amo-o.
sendo dito. Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Cheguei ao metrô. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei no metrô.
Observação:
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
adnominais):
A voluntária distribuía leite às crianças. Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite com as crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua
carreira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi emprega- Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau
do como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto humor)
(objeto indireto: às crianças); na segunda, como transiti-
vo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjun- C) Verbos Transitivos Indiretos
to adverbial). Os verbos transitivos indiretos são complementados
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver- por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é gem uma preposição para o estabelecimento da relação
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife- de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de
rentes formas em frases distintas. terceira pessoa que podem atuar como objetos indire-
tos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se
utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos
A) Verbos Intransitivos
de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos
LÍNGUA PORTUGUESA

Os verbos intransitivos não possuem complemento. É


que não representam pessoas, usam-se pronomes oblí-
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
quos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. pronomes átonos lhe, lhes.
Chegar, Ir Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad- Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di-
para indicar destino ou direção são: a, para. reitos iguais para todos.

79
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple- Observação:
mentos introduzidos pela preposição “a”: A mesma regência do verbo informar é usada para os
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Comparar
Responder - Tem complemento introduzido pela Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para in- as preposições “a” ou “com” para introduzir o com-
dicar “a quem” ou “ao que” se responde. plemento indireto: Comparei seu comportamento
Respondi ao meu patrão. ao (ou com o) de uma criança.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura. Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
Observação: na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan- de pessoa.
do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
analítica: Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
satisfatoriamente.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substan-
tiva Objetiva Direta
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “com”. A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
Antipatizo com aquela apresentadora. gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín-
Simpatizo com os que condenam os políticos que go- gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
vernam para uma minoria privilegiada. palavra licença estiver subentendida.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos casa.

Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom- Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro-
panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi-
sas e objeto indireto relacionado a pessoas. Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
Agradeço aos ouvintes a audiência. indireto introduzido pela preposição “a”:
Objeto Indireto Objeto Direto Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.
Paguei o débito ao cobrador.
Objeto Direto Objeto Indireto Observação:
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
com particular cuidado: zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Agradeci o presente. / Agradeci-o. prefixo existente no próprio verbo (pre).
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Mudança de Transitividade - Mudança de
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. Significado
Paguei minhas contas. / Paguei-as. Há verbos que, de acordo com a mudança de transi-
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. tividade, apresentam mudança de significado. O conhe-
cimento das diferentes regências desses verbos é um re-
Informar curso linguístico muito importante, pois além de permitir
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto a correta interpretação de passagens escritas, oferece
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den-
tre os principais, estão:
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
Agradar
vos preços)
LÍNGUA PORTUGUESA

Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-


nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Na utilização de pronomes como complementos, veja Sempre agrada o filho quando.
as construções: Aquele comerciante agrada os clientes.
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos
preços. Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
sobre eles) introduzido pela preposição “a”.

80
O cantor não agradou aos presentes. Muito custa viver tão longe da família.
O cantor não lhes agradou. Verbo Intransitivo Oração Subordinada
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
to: O cantor desagradou à plateia. Custou-me (a mim) crer nisso.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Aspirar tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
(o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) A Gramática Normativa condena as construções que
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter pessoa: Custei para entender o problema.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As- = Forma correta: Custou-me entender o problema.
pirávamos a ele)
Implicar
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
implicavam um firme propósito.
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela) B) ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
Assistir
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
tar assistência a, auxiliar. meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. econômicas.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti-
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
ciar, estar presente, caber, pertencer. quem não trabalhasse arduamente.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. Namorar
Essa lei assiste ao inquilino. Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
anos.
No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de Obedecer - Desobedecer
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa Sempre transitivo indireto:
conturbada cidade. Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.
Chamar
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so- Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
licitar a atenção ou a presença de. “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá
chamá-la. Proceder
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre-
adverbial de modo.
dicativo preposicionado ou não.
As afirmações da testemunha procediam, não havia
A torcida chamou o jogador mercenário.
como refutá-las.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário. Você procede muito mal.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal: sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu-
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide. zido pela preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
LÍNGUA PORTUGUESA

Custar Procedeu-se aos exames.


Custar é intransitivo no sentido de ter determinado O delegado procederá ao inquérito.
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver-
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti- vontade de, cobiçar.
vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração Querem melhor atendimento.
reduzida de infinitivo. Queremos um país melhor.

81
Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.
Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante:
A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
LÍNGUA PORTUGUESA

Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de


Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

82
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESGRANRIO-2018)

O ano da esperança

O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás do outro.
Nunca fui de botar dinheiro nas relações de amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinheiro e o amigo. Nos
primeiros pedidos, eu ajudava, com a consciência de que era uma doação. A situação foi piorando. Os argumentos
também. No início era para pagar a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes. Lamentavelmente, apren-
LÍNGUA PORTUGUESA

di a não ser generoso. Ajudava um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que sofreu um acidente e não tinha
como pagar a fisioterapia. Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações, remédios. A situação piorando, eu
já estava encomendando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso
gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se consultava
ou eu não ajudava mais.
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca co-
nheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o emprego
após o suposto acidente. Foi por isso que me deixei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde também a

83
vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As pessoas c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
buscam vagas nos mercados em expansão. Se a indústria realizou foi importante para mostrar que o vício em
automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur- causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça sentirem recompensadas.
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
consciência para votar. Como? Num mundo em que as do que o seu orçamento permite em aparelhos que
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites elas não necessitam.
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já Resposta: Letra E
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre- Em “a”: Os consumidores, ao adquirirem um pro-
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso duto que (= o qual) quase ninguém possui, recém-
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. -lançado no mercado, passam a ter uma sensação de
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da superioridade.
internet. Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem
Duvidam. Acham que estou mentindo. sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017, p.97. seu preço elevado em relação ao modelo anterior.
Adaptado. Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o
qual) o pesquisador realizou foi importante para mos-
Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me- trar que o vício em novidades tecnológicas cresce
lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con- cada vez mais.
servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá-
está corretamente reescrito em: vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
a) Podemos esperar para um futuro melhor Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-
b) Podemos esperar com um futuro melhor to mais do que o seu orçamento permite em apare-
c) Podemos esperar um futuro melhor
lhos de que (= das quais) elas não necessitam.
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor
GABARITO OFICIAL: E
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
Resposta: Letra C
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon-
Em “a”: Podemos esperar para um futuro melhor = po-
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano
demos esperar o quê?
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das
Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po-
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso
demos esperar o quê?
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas
Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me-
lhor = sentido de “porque” o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga
Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor = crianças e adolescentes a participarem do processo de
conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem
anteriormente) e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
A única frase correta – e coerente - é podemos esperar hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
um futuro melhor. Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infan-
til foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradica-
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- do, ele continua sendo grave problema nos países mais
GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança- pobres.
mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re- Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
desses produtos”. A utilização da preposição destacada O emprego de preposição em “a participarem” é exigido
a é obrigatória para atender às exigências da regência pela regência da forma verbal “obriga”.
do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma ( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

preposição antecedendo o pronome que destacado em:


Resposta: Certo
a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que qua- (...) o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem,
se ninguém possui, recém-lançado no mercado, pas- obriga crianças e adolescentes a participarem =
sam a ter uma sensação de superioridade. quem obriga, obriga alguém (crianças e adolescentes –
b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre objeto direto) a algo (a participarem – objeto indireto:
trazem novidades que justifiquem seu preço elevado com preposição – no caso, uma oração com a função
em relação ao modelo anterior. de objeto indireto).

84
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013) O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al- do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal
ternativa correta. e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
comentou de que o livro estava acabando. termo regido é aquele que completa o sentido do termo
b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
de papel, o autor aderiu o livro digital. Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair contratada recentemente.
para jantar. Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para dos entre parênteses), temos:
armazenar livros e CDs. Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve da recentemente.
foi o número de estantes.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
Resposta: Letra C classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos
Em “a”: Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi-
amigo comentou de (X) que = comentou que ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +
Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando
o pronome demonstrativo aquela (àquela).
livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao
Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer
Observações importantes:
seria sair para jantar = correta
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
que
Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo
• Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
se ateve = ao qual/ a que
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA) crase está confirmada.
Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen- Os dados foram solicitados à diretora.
chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor- Os dados foram solicitados ao diretor.
rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se:
• No caso de nomes próprios geográficos, substitui-
a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas. -se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resul-
b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas. te na expressão “voltar da”, há a confirmação da
c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes. crase.
d) … e ausência de candidatos para concorrê-las. Faremos uma visita à Bahia.
e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer. Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)

Resposta: Letra A Não me esqueço da viagem a Roma.


Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
temos acento indicativo de crase antes de pronome mais vividos.
pessoal; quando temos um verbo no infinitivo, po-
demos usar a construção: verbo + preposição + pro-
FIQUE ATENTO!
nome pessoal. Por exemplo: Dar a eles (ao invés de
“dar-lhes”). Nas situações em que o nome geográfico
se apresentar modificado por um adjunto
adnominal, a crase está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE de suas praias.
CRASE. Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo:
CRASE Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
(crase pra quê?)
LÍNGUA PORTUGUESA

A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as rerá crase. Veja:
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
à qual, às quais. Irei à Salvador de Jorge Amado.

85
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Casos em que não se admite o emprego da crase:
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
regente exigir complemento regido da preposição “a”. Antes de vocábulos masculinos.
Entregamos a encomenda àquela menina. As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
(preposição + pronome demonstrativo) Esta caneta pertence a Pedro.

Iremos àquela reunião. Antes de verbos no infinitivo.


(preposição + pronome demonstrativo) Ele estava a cantar.
Começou a chover.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança) Antes de numeral.
(preposição + pronome demonstrativo) O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países.
A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento Observações:
grave: • Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
• locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às cionando como uma locução adverbial feminina –
pressas, à vontade... ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove
• locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro- horas.
cura de... • Diante de numerais ordinais femininos a crase está
• locuções conjuntivas: à proporção que, à medida confirmada, visto que estes não podem ser empre-
que. gados sem o artigo: As saudações foram direciona-
das à primeira aluna da classe.
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem • Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
Eu adoro a noite! dos exaustos a casa.
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
preposição. exaustos à casa de Marcela.

Casos passíveis de nota: • Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa-
• A crase é facultativa diante de nomes próprios femi- ram a terra, já era noite.
ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. Contudo, se o termo estiver precedido por um de-
• Também é facultativa diante de pronomes posses- terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua Paulo viajou rumo à sua terra natal.
empresa. O astronauta voltou à Terra.
• Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fi-
cará aberta até as (às) dezoito horas. • Não ocorre crase antes de pronomes que requerem
• Constata-se o uso da crase se as locuções prepo- o uso do artigo.
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se Os livros foram entregues a mim.
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Dei a ela a merecida recompensa.
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
moda de Luís XV) • Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos à
• Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad- senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, ob- uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
servamos a queima de fogos a distância. de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-
tre foi arremessado à distância de cem metros. • Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado
em sentido genérico ou indeterminado:
• De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade Estamos sujeitos a críticas.
LÍNGUA PORTUGUESA

-, faz-se necessário o emprego da crase. Refiro-me a conversas paralelas.


Ensino à distância.
Ensino a distância. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
• Em locuções adverbiais formadas por palavras repe- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
tidas, não há ocorrência da crase. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Ela ficou frente a frente com o agressor. char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
Eu o seguirei passo a passo. – São Paulo: Saraiva, 2010.

86
SITE Resposta: Letra B
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra- Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de aten-
matica/o-uso-crase-.html> dimento a (preposição – regência nominal de “atendi-
mento”, mas sem acento grave por estar diante de pa-
lavra masculina) presos da Casa de Detenção, em São
EXERCÍCIOS COMENTADOS Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella chega ao
fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois
de “Estação Carandiru” (1999), que mostra as (objeto
1. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - direto do verbo “mostrar”) entranhas daquela que foi a
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) O acento (artigo definido) maior prisão da América Latina, e de
indicativo de crase está empregado corretamente em: “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que traba-
lham no sistema prisional, Varella agora faz um retra-
a) O personagem evita considerar à internet responsável to das detentas da Penitenciária Feminina da Capital,
por suas atitudes. também na capital paulista, onde cumprem pena mais
b) O personagem reconheceu que já tinha uma propen- de duas mil mulheres.
são à jogar o tempo fora. Teremos: a / as / a.
c) O personagem tinha um comportamento indiferente à
qualquer influência da internet. 3. (CÂMARA MUNICIPAL DE DOIS CÓRREGOS-SP -
d) O personagem refere-se à uma maneira de se portar OFICIAL DE ATENDIMENTO E ADMINISTRAÇÃO – VU-
com relação ao tempo. NESP-2018) Assinale a alternativa em que o acento indi-
e) O personagem revelou à pessoa com quem conversa- cativo de crase está empregado corretamente.
va que jogava o tempo fora.
a) Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer
Resposta: Letra E com dores de cabeça.
b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episó-
Aos itens:
dios de nosso passado.
Em “a”, evita considerar à internet = a internet (objeto
c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito di-
direto)
fícil à determinadas pessoas.
Em “b”, tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem d) Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente
acento grave indicativo de crase antes de verbo no os momentos dolorosos.
infinitivo) e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconsidera-
Em “c”, tinha um comportamento indiferente à qual- mos o que ela traz de bom.
quer influência = a qualquer (antes de pronome
indefinido) Resposta: Letra D
Em “d”, refere-se à uma maneira = a uma (antes de Aos itens:
artigo indefinido) Em “a”, chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no
Em “e”, O personagem revelou à pessoa com quem infinitivo não se usa acento grave)
conversava que jogava o tempo fora = revelou o quê? Em “b”, que nos fazem voltar à episódios = a episó-
que jogava o tempo fora; revelou a quem? à pessoa dios (palavra masculina e no plural)
(objeto indireto, com preposição) = correta. Em “c”, pode ser uma tarefa muito difícil à determina-
das = a determinadas (palavra no plural e presença
2. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017) só da preposição)
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva- Em “d”, Ela referiu-se à vontade = correta (quem se
mente, as lacunas do texto a seguir. refere, refere-se a algo ou a alguém)
Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi- Em “e”, Ao nos atermos à uma experiência = a uma
mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo, (antes de artigo indefinido)
o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es- 4. (IPSM-SP - ASSISTENTE DE GESTÃO MUNICIPAL -
VUNESP-2018) De acordo com a norma- -padrão, o
tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
acento indicativo da crase está corretamente empregado
daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
em:
e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de
das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam- talento: quem não tem, não vai nunca aprender.
bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada
LÍNGUA PORTUGUESA

duas mil mulheres. pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão


(https://oglobo.globo.com. Adaptado) ou tédio.
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como um
a) à … às … a tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor.
b) a … as … a d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões se-
c) a … às … a melhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto.
d) à … às … à e) Também não estamos falando só de correção gramati-
e) a … as … à cal e ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento.

87
Resposta: Letra A c) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
Em “a”, O leitor aludiu à escrita = correta (regência do chegam a muitas pessoas devido à rapidez da internet,
verbo “aludir” pede preposição) é favorável à formação de ondas de credulidade.
Em “b”, A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a d) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
uma (antes de artigo indefinido) chegam a um grande número de pessoas devido à ra-
Em “c”, De parte à parte = parte a parte (entre pala- pidez da internet, é favorável as ondas de credulidade
vras repetidas) que se formam.
Em “d”, Existem aquelas pessoas que chegam à con- e) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
clusões = a conclusões (antes de palavra no plural e chegam a muitas pessoas devido a rapidez da internet,
o “a” está “sozinho” = somente preposição) favorece à formação de ondas de credulidade.
Em “e”, Estamos nos referindo à pensamento = a pen-
samento (palavra masculina) Resposta: Letra C
Acertos entre parênteses:
5. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRU- Em “a”, as quais chegam à um (a um) grande público
ZES-SP - AUXILIAR DE APOIO ADMINISTRATIVO devido à rapidez (ok) da internet, é favorável à for-
- VUNESP-2018) mação (ok)
Em “b”, às quais (as quais) chegam à muitas (a muitas)
No começo do século 20, a rápida industrialização nos
pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet
Estados Unidos deu origem _______ algumas das maiores
Em “c”, as quais chegam a muitas pessoas devido à
fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vander-
rapidez da internet, é favorável à formação = correta
bilt e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e
Em “d”, às quais (as quais) chegam a um (ok) grande
aço, obtendo um grande retorno, e passaram _________ número de pessoas devido à rapidez (ok) da internet,
ostentar sua riqueza. O período ficou conhecido como é favorável as ondas (às ondas)
Era Dourada. A desigualdade nunca foi tão grande – até Em “e”, às quais (as quais) chegam a muitas (ok) pes-
agora. É o que mostra um relatório da UBS, companhia soas devido a rapidez (à rapidez) da internet, favorece
de serviços financeiros, feito em parceria com a consul- à formação (a formação)
tora PwC. Observação: quanto à regência verbal de “favorecer”
Para os autores do documento, a primeira Era Dourada = pede complemento verbal direto (favorece o quê?
aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual co- favorece quem?); já a regência nominal de “favorá-
meçou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10 vel” pede preposição (favorável a quem? a quê?).
a 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico da
Ásia e de negócios ligados ________ tecnologia.
(IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado) COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS.

Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do


texto devem ser preenchidas, respectivamente, com: Prezado candidato, o referido assunto já foi aborda-
do no tópico “classe de palavras”.
a) a … a … a
b) à … à … à REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO
c) a … à … à TEXTO. SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU
d) à … à … a DE TRECHOS DE TEXTO. REORGANIZAÇÃO
e) a … a … à DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE
PERÍODOS DO TEXTO. REESCRITA DE
Resposta: Letra E TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS
Vamos aos trechos: DE FORMALIDADE
a rápida industrialização nos Estados Unidos deu ori-
gem a algumas das maiores fortunas = antes de pro-
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
nome indefinido
ESTRUTURAS
e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo
no infinitivo “Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase
e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um
de “ligados” pede preposição texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmente
devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e,
6. (CÂMARA MUNICIPAL DE COTIA-SP – CONTADOR - posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo,
VUNESP-2017) Assinale a alternativa correta quanto ao do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem
emprego do acento indicativo da crase.
LÍNGUA PORTUGUESA

acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e


a experiência de vida antecedem o ato de escrever.
a) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais Obtido um razoável conhecimento sobre o que ire-
chegam à um grande público devido à rapidez da in- mos escrever, feito o esquema de exposição da matéria,
ternet, é favorável à formação de ondas de credulidade. é necessário saber ordenar as ideias em frases bem es-
b) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais truturadas. Logo, não basta conhecer bem um determi-
chegam à muitas pessoas devido a rapidez da internet, nado assunto, temos que o transmitir de maneira clara
favorece que se formem ondas de credulidade. aos leitores.

88
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso A) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
aliado para organizarmos as ideias de maneira clara em normalmente são representadas por adjuntos ad-
frases. Para tanto, é necessário ter alguma noção de sin- verbiais de tempo, lugar, etc. Note que, no mais
taxe. “Sintaxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte das vezes, quando queremos recordar algo ou
da gramática que estuda a disposição das palavras na narrar uma história, existe a tendência a colocar os
frase e a das frases no discurso, bem como a relação ló- adjuntos nos começos das frases:
gica das frases entre si”; ou em outras palavras, sintaxe “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas
quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras de minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos
maneira a produzirem um sentido evidente para os re- e outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil
ceptores das nossas mensagens. Observe: existe…”
1. A desemprego globalização no Brasil e no na está
Latina América causando. Observações:
2. A globalização está causando desemprego no Brasil Tais construções não estão erradas, mas rompem com
e na América Latina. a ordem direta;
É preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização
burgo. São quatro horas agora;
de “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem
Outras frases são construídas com verbos intransiti-
relação inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe
vos, que não têm complemento:
ocorreu de maneira perfeita e o sentido está claro para
O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+ ad-
receptores de língua portuguesa inteirados da situação junto adverbial)
econômica e cultural do mundo atual. A globalização nasceu no século XX. (idem)
Há ainda frases nominais que não possuem verbos:
A Ordem dos Termos na Frase cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a or-
dem direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os ter-
Leia novamente a frase contida no item 2. Note que mos existentes nelas.
ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
Todavia, há diferentes maneiras de se organizar grama- Levando em consideração a ordem direta, podemos
ticalmente tal frase, tudo depende da necessidade ou da estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula:
vontade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, Se os termos estão colocados na ordem direta não
porém, acrescentado ênfase a algum dos seus termos. haverá a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exem-
Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série plo disto:
de inversões e intercalações em nossas frases, confor- A globalização está causando desemprego no Brasil e
me a nossa vontade e estilo. Tudo depende da maneira na América Latina.
como queremos transmitir uma ideia, do nosso estilo.
Por exemplo, podemos expressar a mensagem da frase Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da ora-
2 da seguinte maneira: ção por três vezes ou mais, então é necessário usar a vír-
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau- gula, mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta
sando desemprego. é a regra básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja:
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira”
Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, causam desemprego…
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase (três núcleos do sujeito)
a alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repa-
re que, para obter a clareza tivemos que fazer o uso de A globalização causa desemprego no Brasil, na Améri-
vírgulas. ca Latina e na África.
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado (três adjuntos adverbiais)
e o que mais nos auxilia na organização de um período,
pois facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a A globalização está causando desemprego, insatisfa-
vírgula ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando pro- ção e sucateamento industrial no Brasil e na América Lati-
duzimos frases complexas. Com isto, “entregamos” frases na. (três complementos verbais)
bem organizadas aos nossos leitores.
O básico para a organização sintática das frases é a B) Em princípio, não devemos, na ordem direta, se-
parar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo
ordem direta dos termos da oração. Os gramáticos es-
e o seu complemento, nem o complemento e as
truturam tal ordem da seguinte maneira:
circunstâncias, ou seja, não devemos separar com
LÍNGUA PORTUGUESA

SUJEITO + VERBO+ COMPLEMENTO VERBAL+


vírgula os termos da oração. Veja exemplos de tal
CIRCUNSTÂNCIAS
incorreção:
A globalização + está causando+ desemprego + no O Brasil, será feliz.
Brasil nos dias de hoje. A globalização causa, o desemprego.
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre
todas contêm todos estes elementos, portanto cabem os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas,
algumas observações: assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é

89
a regra básica n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em SITE
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases Disponível em: <http://ricardovigna.wordpress.
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com/2009/02/02/estudos-de-linguagem-1-estrutura-
com vírgulas. Vejamos: -frasal-e-pontuacao/>
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sé-
culo XX, causa desemprego no Brasil. ESTRUTURA TEXTUAL
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o
sujeito e o verbo.
Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a
Outros exemplos: capacidade que temos de pensar. Por meio do pensa-
A globalização, que é um fenômeno econômico e cul- mento, elaboramos todas as informações que recebemos
tural, está causando desemprego no Brasil e na América e orientamos as ações que interferem na realidade e or-
Latina. ganização de nossos escritos. O que lemos é produto de
Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada. um pensamento transformado em texto.
As orações adjetivas explicativas desempenham fre- Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
quentemente um papel semelhante ao do aposto expli- sar, quando escrevemos sempre procuramos uma ma-
cativo, por isto são também isoladas por vírgula. neira organizada do leitor compreender as nossas ideias.
A globalização causa, caro leitor, desemprego no A finalidade da escrita é direcionar totalmente o que
Brasil… você quer dizer, por meio da comunicação.
Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o Para isso, os elementos que compõem o texto se
seu complemento. subdividem em: introdução, desenvolvimento e con-
clusão. Todos eles devem ser organizados de maneira
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
equilibrada.
no Brasil…
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não
pertence ao assunto: globalização, da frase principal, tal Introdução
oração é apenas um comentário à parte entre o comple- Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen-
mento verbal e os adjuntos). tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa
etapa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios.
Observação: O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o tex-
A simples negação em uma frase não exige vírgula: A to. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é
globalização não causou desemprego no Brasil e na Amé- equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio tí-
rica Latina. tulo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é ex-
posto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um
C) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo- capítulo ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa
-a, tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais
regra n.º 3 da colocação da vírgula. comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a introdu-
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
ção será o primeiro parágrafo.
sando desemprego…
No fim do século XX, a globalização causou desempre-
go no Brasil… Desenvolvimento

Nota-se que a quebra da ordem direta frequente- A maior parte do texto está inserida no desenvolvi-
mente se dá com a colocação das circunstâncias antes mento, que é responsável por estabelecer uma ligação
do sujeito. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstân- entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
cias, em gramática, são representadas pelos adjuntos ad- elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
verbiais. Muitas vezes, elas são colocadas em orações tentam e dão base às explicações e posições do autor.
chamadas adverbiais que têm uma função semelhante É caracterizado por uma “ponte” formada pela organi-
a dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar, zação das ideias em uma sequência que permite formar
etc. Exemplos: uma relação equilibrada entre os dois lados.
Quando o século XX estava terminando, a globalização O autor do texto revela sua capacidade de discutir
começou a causar desemprego. um determinado tema no desenvolvimento, e é através
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
desse que o autor mostra sua capacidade de defender
senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos paí-
ses pobres. seus pontos de vista, além de dirigir a atenção do leitor
Durante o século XX, a Globalização causou desempre- para a conclusão. As conclusões são fundamentadas a
LÍNGUA PORTUGUESA

go no Brasil. partir daqui.


Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o
Observação: escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con-
Quanto à equivalência e transformação de estruturas, clusão. Daí a importância em planejar o texto.
um exemplo muito comum cobrado em provas é o enun- Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
ciado trazer uma frase no singular e pedir a passagem mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido
para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre-
mudança de tempos verbais. sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.

90
Os principais erros cometidos no desenvolvimento Naquele devem estar indicadas as melhores sequências
são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei- a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto
ro está relacionado ao autor tomar um argumento se- possível.
cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando
se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece SITE
o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re- Disponível em:
dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está <http://producao-de-textos.info/mos/view/
sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge Caracter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/>
também a dificuldade de organizar seus pensamentos e
definir uma linha lógica de raciocínio. NÍVEIS DE LINGUAGEM

Conclusão A língua é um código de que se serve o homem para


Considerada como a parte mais importante do texto, elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
é o ponto de chegada de todas as argumentações ela- mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para funcionais:
essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha. A) a língua funcional de modalidade culta, língua
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma culta ou língua-padrão, que compreende a lín-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou gua literária, tem por base a norma culta, forma
seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve
linguística utilizada pelo segmento mais culto e
ser encerrada com argumentos repetitivos, como por
influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con-
a língua utilizada pelos veículos de comunicação
cluindo...”, “Em conclusão...”.
de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das
serem aliados da escola, prestando serviço à socie-
características de textos bem redigidos.
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões dade, colaborando na educação;
ficam muito longas: B) a língua funcional de modalidade popular; lín-
• O problema aparece quando não ocorre uma ex- gua popular ou língua cotidiana, que apresenta
ploração devida do desenvolvimento, o que gera gradações as mais diversas, tem o seu limite na gí-
uma invasão das ideias de desenvolvimento na ria e no calão.
conclusão.
• Outro fator consequente da insuficiência de funda- NORMA CULTA
mentação do desenvolvimento está na conclusão
precisar de maiores explicações, ficando bastante A norma culta, forma linguística que todo povo civili-
vazia. zado possui, é a que assegura a unidade da língua nacio-
• Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no nal. E justamente em nome dessa unidade, tão importan-
texto em que o autor fica girando em torno de te do ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas
ideias redundantes ou paralelas. escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontâ-
• Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita- nea e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva
mente dispensáveis. e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:
• Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- Estou preocupado. (norma culta)
são, o autor acaba se perdendo na argumentação Tô preocupado. (língua popular)
final. Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)

Em relação à abertura para novas discussões, a con- Não basta conhecer apenas uma modalidade de
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin- língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
tes fatores: espontaneidade, expressividade e enorme criatividade,
• Para não influenciar a conclusão do leitor sobre para viver; urge conhecer a língua culta para conviver.
temas polêmicos, o autor deixa a conclusão em Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
aberto. normas da língua culta.
• Para estimular o leitor a ler uma possível continui-
dade do texto, o autor não fecha a discussão de O conceito de erro em língua
propósito. Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
• Por apenas apresentar dados e informações sobre o casos de ortografia. O que normalmente se comete são
LÍNGUA PORTUGUESA

tema a ser desenvolvido, o autor não deseja con- transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num
cluir o assunto. momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele
• Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o au- falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans-
tor enumera algumas perguntas no final do texto. gride a norma culta.
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare-
autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis-
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos.
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola.

91
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi- norma culta.
deradas perfeitamente normais construções do tipo:
Eu não vi ela hoje. LÍNGUA ESCRITA E LÍNGUA FALADA - NÍVEL DE
Ninguém deixou ele falar. LINGUAGEM
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse! A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. falada.
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções mações e a evoluções.
se alteram: Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Eu não a vi hoje. tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Ninguém o deixou falar. a língua falada com base na língua escrita, considerada
Deixe-me ver isso! superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
Eu te amo, sim, mas não abuses! emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida-
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí- de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
transgressões da norma culta na pena ou na boca de de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
refletir serviço à causa do ensino. to entre uma modalidade e outra.
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
poética, caracterizado por construções de rara beleza. borada que a língua falada, porque é a modalidade que
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem-
de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será
o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
registro de linguagem definitivamente consagrado pelo isso mesmo, processam-se lentamente e em número
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos: consideravelmente menor, quando cotejada com a mo-
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) dalidade falada.
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir) Importante é fazer o educando perceber que o nível
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo
dispersar e Não vamos dispersar-nos) com a situação em que se desenvolve o discurso.
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho O ambiente sociocultural determina o nível da lingua-
de sair daqui bem depressa) gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro-
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um
seu posto) padre não fala com uma criança como se estivesse em
uma missa, assim como uma criança não fala como um
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso,
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
exemplos também de transgressões ou “erros” que se
ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por-
de fala no recesso do lar e na sala de aula.
que a maioria viu tais verbos como derivados de pedir,
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bas-
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co-
LÍNGUA PORTUGUESA

tou para se arcaizarem as formas então legítimas impido,


tidiano, a que já fizemos referência.
despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es-
colarizada tem coragem de usar.
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
O que é linguagem? É o uso da língua como forma
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
de expressão e comunicação entre as pessoas. A lingua-
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
gem não é somente um conjunto de palavras faladas ou
da língua popular para a língua culta”.

92
escritas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não Antônimos
nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é São palavras que se opõem através de seu significa-
verdade? do: ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - cen-
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem surar; mal - bem.
a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem
utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se Observação:
ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem A antonímia pode se originar de um prefixo de sen-
verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando
tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático
se escreve.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver- e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia;
bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e antico-
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que munista; simétrico e assimétrico.
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar
de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, Homônimos e Parônimos
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, • Homônimos = palavras que possuem a mesma gra-
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele- fia ou a mesma pronúncia, mas significados dife-
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal! rentes. Podem ser
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi- rentes na pronúncia:
ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de-
não verbal!
nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e
anúncios publicitários. diferentes na escrita:
Alguns exemplos: acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni-
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar-
Placas de trânsito. reio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço (palácio)
Imagem indicativa de “silêncio”. e passo (andar).
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente
SITE (ou perfeitas): São palavras iguais na escrita e na
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda- pronúncia:
cao/linguagem.htm> caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.
• Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
rém de formas relativamente próximas. São pala-
Semântica é o estudo da significação das palavras e vras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (re-
das suas mudanças de significação através do tempo ou ceptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e
em determinada época. A maior importância está em dis- sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre)
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e e iminente (que está para ocorrer), osso (substan-
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). tivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo
“ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimen-
Sinônimos
to (medida) e cumprimento (saudação), autuar
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa-
beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e
- abolir. infringir (violar), deferir (atender a) e diferir (diver-
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são gir), suar (transpirar) e soar (emitir som), aprender
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara (conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-se de),
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan- tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movi-
do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela mento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
LÍNGUA PORTUGUESA

outra, em deteminado enunciado (aguadar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mer-
gulhar, afundar).
Observação:
A contribuição greco-latina é responsável pela exis- Hiperonímia e Hiponímia
tência de numerosos pares de sinônimos: adversário e Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten-
antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemici- cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo
clo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diá-
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o
logo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
hiperônimo, mais abrangente.

93
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- é polissemia porque os diferentes significados para a
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
Veículos é um hiperônimo de carros. do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de um
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes signifi-
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- cados estão interligados porque remetem para o mesmo
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita conceito, o da escrita.
a repetição desnecessária de termos.
Polissemia e ambiguidade
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma in-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
terpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- colocação específica de uma palavra (por exemplo, um
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
– São Paulo: Saraiva, 2010. Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre-
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: quentemente são felizes.
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Neste caso podem existir duas interpretações
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua diferentes:
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. As pessoas têm alimentação equilibrada porque
são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação
SITE equilibrada.
Disponível em: <http://www.coladaweb.com/portu-
gues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-paronimos> De igual forma, quando uma palavra é polissêmica,
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma
Polissemia interpretação. Para fazer a interpretação correta é mui-
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir to importante saber qual o contexto em que a frase é
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de proferida.
um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
mas que abarca um grande número de significados den- do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
tro de seu próprio campo semântico. comicidade. Repare na figura abaixo:
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
-se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
ocorrência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-cabelo-e-
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de -pinto. Acesso em 15/9/2014).
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co-
mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
mas duas seriam:
“entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
Corte e coloração capilar
ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
ou
é o formato quadriculado que têm. Faço corte e pintura capilar
LÍNGUA PORTUGUESA

Polissemia e homonímia REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


A confusão entre polissemia e homonímia é bastante CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários sig- char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
nificados, estamos na presença da polissemia. Por outro – São Paulo: Saraiva, 2010.
lado, quando duas ou mais palavras com origens e sig- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
nificados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
uma homonímia.

94
SITE
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama- #FicaDica
tica/polissemia.htm>
Procure associar Denotação com Dicionário:
Denotação e Conotação trata-se de definição literal, quando o termo
é utilizado com o sentido que consta no
Exemplos de variação no significado das palavras: dicionário.
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido
literal)
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
figurado) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
As variações nos significados das palavras ocasionam reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo Paulo: Saraiva, 2010.
(conotação) das palavras.
SITE
A) Denotação http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando cao/
apresenta seu significado original, independentemente
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significa-
do mais objetivo e comum, aquele imediatamente reco- EXERCÍCIOS COMENTADOS
nhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado
que aparece nos dicionários, sendo o significado mais li- 1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
teral da palavra. ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
A denotação tem como finalidade informar o recep- “Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
tor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radi-
um caráter prático. É utilizada em textos informativos, cal-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do
como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bu- meio ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo ra-
las de medicamentos, textos científicos, entre outros. A dical, que tem seu significado corretamente indicado é:
palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é
apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: a) Antropologia: estudo do homem como representante
O elefante é um mamífero. do sexo masculino;
As estrelas deixam o céu mais bonito! b) Etimologia: estudo das raças humanas;
c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre
B) Conotação a Terra;
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes mulheres;
interpretações, dependendo do contexto em que esteja e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua Resposta: Letra D
significação mediante a circunstância em que a mesma Em “a”: Antropologia: Ciência que se dedica ao estudo
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. do homem (espécie humana) em sua totalidade
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co- Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem das
notativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), re- palavras procurando determinar as causas e circuns-
provação (tomei pau no concurso). tâncias de seu processo evolutivo
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos atmosfé-
tos no receptor da mensagem, através da expressividade ricos e das suas leis, principalmente com a intenção de
e afetividade que transmite. É utilizada principalmente prever as variações do tempo.
numa linguagem poética e na literatura, mas também Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das
ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em mulheres = correta
anúncios publicitários, entre outros. Exemplos: Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções orgâ-
Você é o meu sol! nicas pelas quais a vida se manifesta
Minha vida é um mar de tristezas.
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
LÍNGUA PORTUGUESA

Você tem um coração de pedra!


LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, todos os
anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis números
da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” equivale
ao “que não se aceita”. A equivalência correta abaixo in-
dicada é:

a) tinta indelével / que não se apaga;


b) ação impossível / que não se possui;

95
c) trabalho inexequível / que não se exemplifica; enriquecida, como se não bastasse o fato de o poder
d) carro invisível / que não tem vistoria; de censura concedido a biografados e herdeiros ser um
e) voz inaudível / que não possui audiência. atentado à Constituição.
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações).
Resposta: Letra A
Em “a”: tinta indelével / que não se apaga = correta A palavra “sonegado” está sendo empregada com o sen-
Em “b”: ação impossível = que não é possível tido de reduzido, diminuído.
Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Em “d”: carro invisível = que não se vê ( ) CERTO ( ) ERRADO
Em “e”: voz inaudível = que não se ouve
Resposta: Errado
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) (...) Permite-se a interdição de registros de época, em
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon- prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o rela-
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das to da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso Mário de Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas de “impedido”.
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O
crianças e adolescentes a participarem do processo de termo destacado na passagem do primeiro parágrafo –
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de da compra. – tem sentido equivalente a
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infan- a) impetuosidade.
til foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradica- b) empatia.
do, ele continua sendo grave problema nos países mais c) relutância.
pobres. d) consentimento.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). e) segurança.

A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida Resposta: Letra C


social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na
“pobreza”. hora da compra.
Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto
( ) CERTO ( ) ERRADO Em “b”: empatia = incorreto
Em “c”: relutância (resistência).
Resposta: Errado Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto
(...) É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra Em “e”: segurança = incorreto
terreno = refere-se a “trabalho infantil”. A substituição que manteria o sentido do período é
“ainda há relutância”.
4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
GO 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio
– CESPE-2013)
Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edi-
ção de biografias à autorização do biografado ou des-
cendentes. As consequências da norma são negativas.
Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar
para a posteridade a vida de personagens importantes
na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
Permite-se a interdição de registros de época, em prejuí-
zo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato
da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Má-
rio de Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no jornalismo
quanto na literatura não pode haver censura prévia. Pu-
LÍNGUA PORTUGUESA

blicada a reportagem (ou biografia), os que se sentirem


atingidos que recorram à justiça. É preciso seguir o pa-
drão existente em muitos países, em que há biografias
“autorizadas” e “não autorizadas”.
Reclamações posteriores, quando existem, são encami-
nhadas ao foro devido, os tribunais.
O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil
para justificar o veto a que a historiografia do país seja

96
4. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras
HORA DE PRATICAR! abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe
com acento gráfico é:
1. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS DA
AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) “Os astrônomos a) história;
eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desvendaria os b) evidência;
segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia com his- c) até;
tórias tristes [...]”. Nas alternativas a seguir, os vocábulos d) país;
acentuados do trecho anterior foram colocados em pares e) humanitárias.
com palavras também acentuadas graficamente. Dentre
os pares formados, indique o que apresenta igual justifi- 5. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS
cativa para tal evento. DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo
com seu significado, o conjunto de características for-
a) céu / avô mais e sua posição estrutural no interior da oração, as
b) astrônomos / álibi palavras podem pertencer à mesma classe de palavras
c) histórias / balaústre ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a
d) formidáveis / ínterim seguir considerando tais aspectos (considere as palavras
em destaque).
2. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO-
NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU- (1) advérbio
TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela- (2) pronome
cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica, (3) conjunção
sabendo que haverá repetição de números. Em seguida, (4) substantivo
assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) “Não há prisão pior [...]”
(1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que formam ( ) “O lugar de estudo era isso.”
hiato com a vogal anterior. ( ) “E o olho sem se mexer [...]”
(2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u seguidos ( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]”
ou não de s. ( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me
(3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas. espantou.”
(4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de s,
é acentuada. A sequência está correta em

( ) íris a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2
( ) saída b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
( ) compraríamos c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2
( ) vendê-lo d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3
( ) bônus
( ) viúvo 6. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
( ) bisavôs Assinale a alternativa em que o termo destacado é um
pronome indefinido.
a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4
b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4 a) “Ele não exige fatos...”.
c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2 b) “Era um ídolo para mim.”.
d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3 c) “Discordo dele.”.
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”.
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – e) “O bom humor está disponível a todos...”.
CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às 7. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
regras de acentuação todas as palavras em: Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,
os termos destacados são, respectivamente,
a) andróide, odisseia, residência
b) arguição, refém, mausoléu a) artigo e pronome.
c) desbloqueio, pêlo, escarcéu
LÍNGUA PORTUGUESA

b) artigo e preposição.
d) feiúra, enjoo, maniqueísmo c) preposição e artigo.
e) sutil, assembléia, arremesso d) pronome e artigo.
e) preposição e pronome.

97
8. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO c) O branco está preocupado que não chove mais em
– FGV-2017) alguns lugares.
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo- trajetória.
roso e independente. A agenda pública é determinada e) Não sabia o que me atrapalhava o sono.
pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele-
vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo 12. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍ-
de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as VEL SUPERIOR – CONHECIMENTOS BÁSICOS
redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as- – CESPE-2014-ADAPTADA)
sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é
sempre das empresas de conteúdo independentes”. A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017) mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so-
ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos
O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
foram usados com essa finalidade, como o chocolate,
de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue-
por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação
de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo
a) independente = com dependência;
b) pública = de publicidade; Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o
c) relevante = de relevância; acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo
d) sociais = de associados; de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis
e) mobilizador = de motivação. de fazer quando os valores eram contados em bois ou
imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano,
9. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014) da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo-
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme- origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é 960, mas elas não se espalharam para outros lugares e
um adjetivo. caíram em desuso no fim do século XIV.
As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo
a) ... um câncer de boca horroroso, ... – em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de
b) Ele tem dezesseis anos... crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma
c) Eu queria que ele morresse logo, ... terceira revolução monetária. “Com a informática, o di-
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis,
famílias. livres do espaço, do tempo e do controle de governos e
e) E o inferno não atinge só os terminais. corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da
Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América.
10. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI- Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações).
NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
“que” em destaque funciona como pronome relativo. A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para
medir riquezas e trocar mercadorias”.
a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”. ( ) CERTO ( ) ERRADO
b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
13. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado,
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma
e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumen-
votar”.
to da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada
11. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR- para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz:
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e
LÍNGUA PORTUGUESA

das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome a) uma informação sobre o significado de um termo an-
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo teriormente empregado;
como ocorre em: b) a explicação de uma expressão de difícil entendimento;
c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mes-
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos ma coisa;
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura. d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem antes;
que índio não sabe nada. e) a ênfase de algo que parece importante para o texto.

98
14. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa- construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor- bebidas.
retamente empregado em: A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró- ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
poles importante papel no desenvolvimento da eco- zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
da hierarquia urbana. significativo de patrícios e algumas associações de por-
b) Conforme o grau de influência e importância interna- te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
diferentes classes, a maior parte delas na Europa. de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi- como a Casa de Portugal e um grande número de casas
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne- regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
gócios e a cultura. periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais, formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
de um atendimento bastante diversificado, como jor- vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
nais, teatros, cinemas, entre outros. área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci- preferida pelos mais abastados.
dades globais como verdadeiros polos de influência PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
internacional, devido à presença de sedes de grandes ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
empresas transnacionais e importantes centros de Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
pesquisas. de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.

15. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse
exigências de concordância da norma-padrão da língua papel gramatical está repetido corretamente em:
portuguesa em:
a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí- da cidade.
ses as notícias falsas. b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi-
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias cariam ricos.
precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas. c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re- na cidade.
sultaram na criação de serviços especializados. d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam
d) Os boatos causam efeito mais forte do que as no- empregos.
tícias reais porque vem acompanhados de títulos e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer-
chamativos. tas de trabalho.
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
67% das pessoas consultam os jornais diariamente. 17. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR
– CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal
16. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- destacada foi realizada de acordo com as exigências da
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) norma-padrão da língua portuguesa em:

Texto I a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá-


rio que se promova novos estudos sobre mecanismos
Portugueses no Rio de Janeiro de proteção mais eficazes.
b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas
O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu- de grande porte permite que se suspeitem dos hac-
guesa até meados dos anos cinquenta do século passa- kers responsáveis.
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é
mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
LÍNGUA PORTUGUESA

preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui-


de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam- tos milhões de dólares.
-se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis, d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da
como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos, guerra virtual pela informação, necessitam-se de es-
além de outros ramos, como os das papelarias e lojas tudos mais aprofundados.
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro-
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de porção incontrolável, é aconselhável que se estabele-
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais ça novas restrições de utilização pelos jovens.

99
18. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As 21. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
normas de concordância e a adequada articulação entre DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
tempos e modos verbais estão plenamente observadas tura brasileira apenas à ausência de educação adequa-
na frase: da” foi corretamente empregado o acento indicativo de
crase.
a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do
cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre- Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio. se está corretamente empregado.
b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de a) O memorando refere-se à documentos enviados na
constituir textos clássicos desse gênero. semana passada.
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta- b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá cia urgente.
alcançado uma relevância jamais vista. c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na pessoas já desestimuladas.
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. consta na lista.
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe- e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
flexível e são responsáveis.
recer matéria para uma boa crônica, desde que não
falte ao cronista recursos de grande imaginação.
22. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor-
19. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018)
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre-
A concordância está em conformidade com a norma-pa-
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase,
drão na seguinte frase:
devendo ocorrer o mesmo na frase:
a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.
suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito. b) Recorra a esta empresa sempre que precisar.
b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência.
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da
texto literário. companhia.
c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina- e) Transmita confiança aqueles que observam seu
ção, a que a linguagem literária apela constantemente. desempenho.
d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à
adaptação de uma obra depois de as terem lido, para 23. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
não ser influenciadas. CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da
e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve
para o cinema, as quais tende a compor seu repertório ser empregado na palavra destacada em:
de leituras.
a) A intenção da entrevista com o diretor estava rela-
20. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI- cionada a programação que a empresa pretende
CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015) desenvolver.
Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do b) As ações destinadas a atrair um número maior de
aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à clientes são importantes para garantir a saúde finan-
escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação ceira das instituições.
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados. c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi-
ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora
a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a su- do mercado formal de trabalho.
pressão do advérbio “a” com o pronome feminino “a” d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi-
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”. nanceiras consideram que vale a pena investir na nova
b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a moeda virtual.
nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti- e) Os participantes do seminário sobre mercado financei-
vos “relação” e “escola”. ro foram convidados a comparar as importações e as
c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi- exportações em 2017.
LÍNGUA PORTUGUESA

nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-


vos “relação” e “escola”. 24. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo
supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a” de crase está de acordo com a norma-padrão em:
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens
à esmo.
junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia.
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

100
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
à prazo. blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram
danças na trama. 61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse Outro dado relevante é o crescimento da violência em
à emissora. alguns estados do Sul e do Sudeste.
Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
25. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
os inaceitáveis números da violência no país. Todos se
GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão
da língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato.
deve ser empregado na palavra destacada em: Tem sido assim com o governo federal e boa parte das
demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar-
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam, gumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo
em geral, pequena variação de funções quando com- em períodos de economia mais forte, pouco se viu da im-
parados a versões anteriores. plementação de programas estruturantes com o objetivo
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição
junto a crianças do ensino fundamental para ver como de equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medi-
elas se comportam no ambiente virtual. das essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir metas
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor- e alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho,
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme deve ser parte de um programa bem articulado, que per-
o depoimento de professores. mita o acompanhamento das ações e que incentive o
d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho- trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da
ras na fila para serem os primeiros que comprarão os
União e das guardas municipais.
novos lançamentos.
e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
de crédito para não serem surpreendidas com valores O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor
muito altos. adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é:

26. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul


– VUNESP-2014) e do Sudeste”;
A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de-
especialistas, quase metade delas está associada _____ corre de fato”;
bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com- c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte
bate efetivo _____ embriaguez ao volante. das demais unidades da Federação”;
As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e d) “...viaturas e novas tecnologias”;
respectivamente, com: e) “Definir metas e alcançá-las...”.
a) às … a
29. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR-
b) as … à
c) à … à QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as
d) às … à referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica
e) à … a convenientemente substituída por uma oração em forma
desenvolvida na seguinte opção:
27. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs;
acento indicativo de crase está corretamente empregado b) a possibilidade de decifração das referências cristãs;
em: c) que se pudessem decifrar as referências cristãs;
d) que possamos decifrar as referências cristãs;
a) A população, de um modo geral, está à espera de que, e) a possibilidade de que decifrássemos as referências
com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. cristãs.
b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
rem a sua postura. 30. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI-
c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni-
NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal
ções muito mais severas.
d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras
dos demais motoristas e de pedestres. para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver”
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da pode ser nominalizada de forma conveniente na seguin-
nova lei para que ela possa funcionar. te alternativa:

28. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE- a) para que sobrevivam.


GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) b) a fim de que sobrevivessem.
c) para sua sobrevida.
Texto 1 – Guerra civil d) no intuito de sobreviverem.
Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017 e) para sua sobrevivência.

101
31. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- É improvável que o conceito de escritório aberto caia
GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL em desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exem-
MÉDIO – CESPE-2013) plo de Nagele e voltando aos espaços privados.
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- Há uma boa razão que explica por que todos ado-
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada ram um espaço com quatro paredes e uma porta: foco.
por processos que culminaram na sua formalização insti- A verdade é que não conseguimos cumprir várias tarefas
tucional e na ampliação de sua área de atuação. ao mesmo tempo, e pequenas distrações podem desviar
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito nosso foco por até 20 minutos.
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. Retemos mais informações quando nos sentamos em
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena- um local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores e design de interiores.
de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e (Bryan Borzykowski, “Por que escritórios aber-
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de tos podem ser ruins para funcionários.” Disponível
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de em:<www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017.
procurador da Fazenda (defensor do fisco). Adaptado)
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi-
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à 32. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as MÉDIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são as-
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui- pectos desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade compartilhados
brasileira.
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações). a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri-
ção à criatividade.
No período “A sua história é marcada por processos que b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a
transferência de atividades para o lar.
culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza
c) a dispersão e a menor capacidade de conservar
restritiva.
conteúdos.
d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
( ) CERTO ( ) ERRADO
colegas e chefes.
e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO constante dos chefes.
- VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res-
ponder às questões a seguir: 33. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos execu- nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará-
tivos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transfe- grafo apresenta concordância de acordo com a norma-
riu sua equipe para um chamado escritório aberto, sem -padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
paredes e divisórias. executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas
ele queria que todos estivessem juntos, para se conec- a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
tarem e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco para o chamado escritório aberto, como feito por Ch-
tempo ficou claro que Nagele tinha cometido um grande ris Nagele.
erro. Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
os nove empregados estavam insatisfeitos, sem falar do pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
próprio chefe. Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas
para o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa equipes para escritórios abertos, também foi feito por
para um espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu pró- Chris Nagele, faz cerca de quatro anos.
prio espaço, com portas e tudo. d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Unidos transferido por muitos executivos.
são assim – e até onde se sabe poucos retornaram ao e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o
modelo de espaços tradicionais com salas e portas. que já tinham sido feitos por outros executivos do
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder setor.
até 15% da produtividade, desenvolver problemas graves
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar 34. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
LÍNGUA PORTUGUESA

estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de – até então –, em destaque no início do segundo pará-
organização. grafo, expressa um limite, com referência
Desde que se mudou para o formato tradicional, Na-
gele já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem a) temporal ao momento em que se deu a transferência
sentir falta do estilo de trabalho do escritório fechado. da equipe de Nagele para o escritório aberto.
“Muita gente concorda – simplesmente não aguentam o b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava
escritório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e a equipe de Nagele antes da mudança para locais
é preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele. abertos.

102
c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem- b) social-econômicos.
plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escri- c) sociais-econômico.
tório que adotou. d) socioeconômicos.
d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do e) socioseconômicos.
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias.
e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem- 40. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
poral às mudanças favoráveis à integração. I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está
empregado de acordo com a norma-padrão da língua
35. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- portuguesa em:
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
– contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior
uma relação de sentido com o parágrafo no campo da política: é menor nas publicações rela-
cionadas às catástrofes naturais.
a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
empresas que adotaram o modelo de escritórios os usuários compartilham informações com as quais
abertos. concordam: pois não verificam as fontes antes.
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção c) As informações enganosas são mais difundidas do que
do modelo de escritórios abertos. as verdadeiras: de acordo com estudo recente feito
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com por um instituto de pesquisa.
base em resultados de pesquisas. d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o
d) anterior, introduzindo informações que se contra- uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é
põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos. quase impossível.
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
mato tradicional de escritório fechado. entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí-
cias sem fonte confiável.
36. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA-
TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em 41. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
relação à ortografia dos pares. I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
retamente em:
a) Atenção – atenciozo.
b) Aprender – aprendizajem. a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
c) Simples – simplissidade. cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
d) Fúria – furiozo. trangimentos às empresas.
e) Sensação – sensacional. b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar
quem está conectado de quem não faz parte do mun-
37. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010) do digital.
As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações que
diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre- confirmam aquilo que corresponde, às suas crenças.
tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar
da palavra sublinhada está igualmente correta. dados e checar se as informações refletem a realidade.
e) Os consumidores de notícias não agem como cientis-
a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial. tas porque não estão preocupados em conferir, pon-
b) A paralização da equipe técnica demorou bastante. tos de vista alternativos.
c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial. 42. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista. GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
38. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL portuguesa em:
I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí-
língua portuguesa é: fica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis-
positivos móveis dos passageiros.
a) admissão, infração, renovação b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
b) diversão, excessão, sucessão grande, porém não é capaz de absorver uma presença
c) extenção, eleição, informação maior de produtos vindos do exterior.
d) introdução, repreção, intenção c) Depois de chegarem às telas dos computadores e
LÍNGUA PORTUGUESA

e) transmissão, conceção, omissão celulares, as notícias estarão disponíveis em voos


internacionais.
39. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo
econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em com que os juros cresçam pouco.
um só vocábulo, a forma adequada será e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
a) sociais-econômicos. ver, se a importação vale a pena.

103
43. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) 46. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e – 2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es- correta:
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan- a) Ela queria namorar com ele.
do comparados com os de criminosos respeitáveis, que b) Já assisti a esse filme.
vestem colarinho branco e trabalham para as organiza- c) O caminhoneiro dormiu no volante.
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca- d) Quando eles chegam em Campo Grande?
das por violações das leis antitrust — apenas um item de e) A moça que ele gosta é aquela ali.
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran-
co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos
47. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS –
crimes notificados à polícia em mais de uma década, e
as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime 2014) A regência nominal está correta em:
apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in-
dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados a) É preferível um inimigo declarado do que um amigo
por seus produtos provavelmente custou tantas vidas falso.
quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos b) As meninas têm aversão de verduras.
nos Estados Unidos da América durante uma década in- c) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos.
teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam- d) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano.
bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas. e) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). 48. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018)
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada Na internet, mentiras têm pernas longas
ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para
imediatamente depois de “e”. Diz o velho ditado que “a mentira tem pernas curtas”,
mas nestes tempos de internet parece que a situação se
( ) CERTO ( ) ERRADO
inverteu, pelo menos no mundo digital. Pesquisadores
mostram que rumores falsos “viajam” mais rápido e mais
44. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
“longe”, com mais compartilhamentos e alcançando um
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que
a substituição dos trechos destacados na passagem – O maior número de pessoas, nas redes sociais, do que in-
paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere es- formações verdadeiras.
tendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois Foram reunidos todos os rumores nas redes sociais
metros quadrados de chão. – está de acordo com a nor- - falsos, verdadeiros ou “mistos”. Esses rumores foram
ma-padrão de crase, regência e conjugação verbal. acompanhados, chegando a um total de mais de 4,5 mi-
lhões de postagens feitas por cerca de 3 milhões de pes-
a) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à soas, formando “cascatas” de compartilhamento.
disposição. Ao compararem os padrões de compartilhamento
b) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição. dessas milhares de “cascatas”, os pesquisadores obser-
c) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição. varam que os rumores “falsos” se espalharam com mais
d) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposição. rapidez, aumentando o número de “degraus” da casca-
e) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição. ta - e com maior abrangência do que os considerados
verdadeiros.
45. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA- A tendência também se manteve, independentemen-
CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017 - adaptada) te do tema geral que os rumores abordassem, mas foi
Leia as frases. mais forte quando versavam sobre política do que os de-
As previsões alusivas ............. aumento da depressão são
mais, na ordem de frequência: lendas urbanas; negócios;
alarmantes.
terrorismo e guerras; ciência e tecnologia; entretenimen-
Os sentimentos de tédio ou de tristeza são inadequada-
mente convertidos .......... estados depressivos. to; e desastres naturais.
Qualquer situação que possa ser um obstáculo ............ feli- Uma surpresa provocada pelo estudo revelou o perfil
cidade é considerada doença. de quem mais compartilha rumores falsos: usuários com
poucos seguidores e novatos nas redes.
Para que haja coerência com a regência nominal estabe- — Vivemos inundados por notícias e muitas vezes
LÍNGUA PORTUGUESA

lecida pela norma-padrão, as lacunas das frases devem as pessoas não têm tempo nem condições para verificar
ser preenchidas, respectivamente, por: se elas são verdadeiras — afirma um dos pesquisado-
res. Isso não quer dizer que as pessoas são estúpidas. As
a) ao … com … na redes sociais colocam todas as informações no mesmo
b) ao … em … à nível, o que torna difícil diferenciar o verdadeiro do falso,
c) do … com … na uma fonte confiável de uma não confiável.
d) com o … em … para BAIMA, Cesar. Na internet, mentiras têm pernas lon-
e) com o … para … à gas. O Globo. Sociedade. 09 mar. 2018. Adaptado.

104
No trecho “independentemente do tema geral que os ru- 51. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
mores abordassem”, a palavra que pode substituir rumo- BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
res, por ter sentido equivalente, é: LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge.

a) assuntos
b) boatos
c) debates
d) diálogos
e) temas

49. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) O


período abaixo em que os dois termos sublinhados NÃO
podem trocar de posição é:

a) A arte é a mais bela das mentiras;


b) O importante na obra de arte é o espanto;
c) A forma segue a emoção;
d) A obra de arte: uma interrupção do tempo; (www.arionaurocartuns.com.br)
e) Na arte não existe passado nem futuro.
A palavra só, presente na fala do personagem, tem o
50. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL mesmo sentido em:
E TRANSPORTE – CESPE-2015)
a) Só vence quem concorre.
TEXTO II b) Mariana veio só, infelizmente.
c) Pedro estava só, quando cheguei.
A partir de uma ação do Ministério Público Federal d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada.
(MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2) e) O marujo, só, resolveu passear pela praia.
determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de
descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,
a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos ví-
deos da Internet restauraria a dignidade de tratamento,
que, nesse caso, foi negada às religiões de matrizes afri-
canas. Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu
que a veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e
fomentadores do ódio, da discriminação e da intolerância
contra religiões de matrizes africanas não corresponde
ao legítimo exercício do direito à liberdade de expressão.
O tribunal considerou que a liberdade de expressão não
se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
próprio exercício de outros direitos fundamentais.
Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).

No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-


terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
prejudicando.
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) CERTO ( ) ERRADO

105
43 CERTO
GABARITO 44 E
45 B
1 B 46 B
2 A 47 C
3 B 48 B
4 E 49 C
5 A 50 CERTO
6 E 51 A
7 A
8 C
9 A
10 A
11 D
12 CERTO
13 D
14 C
15 E
16 E
17 C
18 C
19 C
20 E
21 D
22 B
23 A
24 E
25 E
26 D
27 A
28 B
29 D
30 E
31 CERTO
32 C
33 C
34 A
35 D
36 E
37 E
LÍNGUA PORTUGUESA

38 A
39 D
40 E
41 D
42 C

106
ÍNDICE

RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

Estruturas lógicas....................................................................................................................................................................................................... 01
Lógica de argumentação........................................................................................................................................................................................ 03
Diagramas lógicos..................................................................................................................................................................................................... 08
Aritmética...................................................................................................................................................................................................................... 22
Leitura e interpretação de tabelas e gráficos.................................................................................................................................................. 24
elas. Entretanto, existe uma técnica indireta que facilita
muito o trabalho de identificação de uma proposição e é
ESTRUTURAS LÓGICAS frequentemente cobrada em concursos públicos.
A técnica consiste em sabermos o que não é pro-
posição e por eliminação, achar a proposição. A seguir,
seguem exemplos do que não é proposição e a reco-
CONCEITO FUNDAMENTAL
mendação é que se memorizem esses tipos para facilitar
na hora da prova:
A Preposição
1- Sentenças Imperativas: Todas as declarações que
No ensino fundamental, nos ensinam que os seres
remeterem a uma ordem não são proposições.
humanos são diferentes dos outros animais e a justifica-
Ex: “Apague a luz.”, “Observe aquele painel”, “Não faça
tiva é que os humanos pensam e os animais não pensam.
isso”.
Porém, temos animais com inteligência suficiente para
serem treinados a executar tarefas, como os chimpanzés
2- Sentenças Interrogativas: Perguntas não são defi-
e os golfinhos. Assim, qual é o real motivo que nos dife-
nidas como proposições:
renciam de todos os outros seres vivos?
Ex:“Olá, tudo bem?”, “Qual a raiz quadrada de 5?”,
A resposta envolve não somente o ato se pensar
“Onde está minha carteira?”
como também o de se comunicar. Primeiro, aprendemos
a falar, depois, a escrita dividiu nossa existência em Pré-
3- Sentenças Exclamativas:
-História e História. Os registros por escrito guardaram
Ex: “Como o dia está lindo!”, “Isto é um absurdo!”,
os pensamentos de nossos antepassados, proporcionan- “Não concordo com isto!”
do as gerações futuras, dados importantíssimos para se
ir além daquilo que já foi feito. 4- Sentenças que não tem verbo: 
Porém, acabou surgindo o grande desafio que norteou Ex: “A bicicleta de Bruno”, “O cartão de João”.
a disciplina de lógica: Como interpretar esses registros?
A grande diferença do ser humano em relação aos 5- Sentenças abertas: Este tipo de sentença possui
outros seres vivos está nesse ponto, pois tão importante uma grande quantidade de exemplos e os exem-
é o ato se interpretar uma informação quanto é elaborar plos são importantes para sabermos identifica-las:
a mesma. Assim, nossa mente é capaz de receber dados Ex: “x é menor que 7 ou x < 7” – Essa expressão por
e deles extrair uma conclusão. Essa habilidade está dire- si só é genérica pois não temos informações de x
tamente ligada ao raciocínio lógico. para saber se ele é ou não menor que 7.Entretanto,
Muitos pensam que essa disciplina está voltada ape- caso seja atribuído um valor a x, essa sentença se
nas para as pessoas de “exatas”, mas ela é voltada para tornará uma proposição, pois será possível atribuir
o público em geral e aqui seguem alguns exemplos que VERDADEIRO ou FALSO a sentença original. Assim,
provam nosso conceito: a expressão “Para x=5, tem-se que: 5 é menor que
- Um advogado reúne todas as informações dos au- 7” é uma proposição e é VERDADEIRA. Por outro
tos do processo e através do Raciocínio Lógico, elabora lado, “Para x=9, tem-se que: 9 é menor que 7” é
sua tese de acusação ou defesa; uma proposição mas é FALSA.
- Um médico ao estudar todos os exames consegue Ex: “z é a capital da França” – As sentenças abertas
a partir de raciocínio lógico, elaborar um diagnostico e não necessariamente são números, como mostra
propor um tratamento; o exemplo. Se substituirmos “z” por “Toulouse”, a
- Um CEO de uma empresa, através dos relatórios sentença virará proposição e será FALSA. Se z = Pa-
mensais consegue definir o plano de ação para estimular ris, a proposição será VERDADEIRA.
o crescimento da companhia.
Todos os exemplos acima mostram como será o estu- Valores Lógicos das proposições – Leis de Pensamento
do da disciplina, onde receberemos informações e delas
extrairemos respostas ou em outras palavras, conclusões. Definido o que é preposição, podemos aprofundar
No Raciocínio Lógico, essas informações terão uma par- o conceito apresentando as leis fundamentais (axiomas)
ticularidade: Elas sempre serão declarações onde podere- que norteiam a lógica:
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

mos classificá-las de duas maneiras, VERDADEIRA ou FAL-


SA. Essas declarações serão chamadas de PROPOSIÇÕES. 1) Princípio do Terceiro Excluído: “Toda proposição
As proposições são a base do pensamento lógico. ou é verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sem-
Este pensamento pode ser composto por uma ou mais pre um destes casos e nunca um terceiro”.
sentenças lógicas, formando uma idéia mais complexa.
É importante ressaltar que objetivo fundamental de uma Pode parecer óbvio, mas às vezes as pessoas se con-
proposição é transmitir uma tese, que afirmam fatos ou fundem em questões de concursos públicos quando apa-
juízos que formamos a respeito das coisas. recem as alternativas “VERDADEIRO”, “FALSO” ou “NE-
Sabendo disso, uma questão importante tem que ser NHUMA DAS ANTERIORES”. Qualquer proposição lógica
respondida: como realmente podemos identificar uma será verdadeira ou falsa, não existe uma terceira opção.
proposição? A única técnica direta que temos é verifi- 2) Principio da identidade: “Se uma proposição é
car se podemos atribuir o valor de verdadeiro ou falso a verdadeira, então todo objeto idêntico a ela tam-
bém será verdadeiro”.

1
Esse principio coloca que se duas proposições que
apresentam a mesma informação mas são escritas de FIQUE ATENTO!
maneiras distintas, devem possuir o mesmo valor lógico. As proposições compostas irão nortear seus
Por exemplo, “Bruno é 5 anos mais velho que João” e estudos nos próximos capítulos, então aten-
“João é 5 anos mais novo que Bruno”. As duas propo- te-se a saber como dividir as proposições
sições dizem a mesma coisa mas de maneira diferente. compostas em duas ou mais proposições
Portanto se uma delas é verdadeira, a outra deve ser. simples!

3) Princípio da não contradição: “Uma proposi-


ção não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo
tempo”
Esse axioma é importante, pois a partir do momento
em uma proposição recebe um valor lógico, ele deve ser
carregado em toda a análise para evitar contradições. EXERCÍCIO COMENTADO

Tipos de proposições 1. (SEFAZ-SP – AGENTE FISCAL DE TRIBUTOS ESTA-


Existem dois tipos de proposições: Simples e DUAIS – FCC – 2006) Das cinco frases abaixo, quatro
Compostas delas têm uma mesma característica lógica em comum,
As proposições simples são aquelas que não con- enquanto uma delas não tem essa característica. 
têm nenhuma outra proposição como parte de si mes- I. Que belo dia! 
ma. São, geralmente, designadas por letras minúsculas II. Um excelente livro de raciocínio lógico. 
do alfabeto (p,q,r,s,...). Uma definição equivalente é de III. O jogo terminou empatado? 
uma proposição que não se consegue dividi-la em partes IV. Existe vida em outros planetas do universo. 
menores, de tal maneira que as partes divididas gerem V. Escreva uma poesia. 
novas proposições. Exemplos:
A frase que não possui essa característica comum é a
p – O rato comeu o queijo;
q – Astolfo é advogado; a) I
r – Hermenegildo gosta de pizza; b) II
c) III
s – Raimunda adora samba.
d) IV
e) V
Já as proposições compostas são formadas por uma
ou mais proposições que podem ser divididas, formando Resposta: Letra D. Podemos interpretar do exercício
proposições simples. São, geralmente, designadas por que o mesmo quer a identificação da proposição. As al-
letras maiúsculas do alfabeto (P,Q,R,S,...).Exemplos: ternativas A,B,C e E são respectivamente sentenças ex-
clamativas, sem verbo, interrogativa e imperativa, o que
P – O rato é branco e comeu o queijo; não as caracterizam como proposições. Já a alternativa
Q – Astolfo é advogado e gosta de jogar futebol; D é uma sentença que pode ser classificada como ver-
R – Hermenegildo gosta de pizza e de suco de uva; dadeira ou falsa, caracterizando uma proposição.
S – Raimunda adora samba e seu tênis é vermelho.

Veja que as proposições acima podem ser divididas 2. (NOVA CONCURSOS – 2018) Assinale a alternativa
em duas partes. Observe: que representa um não cumprimento das 3 leis de pen-
samento da lógica 

a) Se Abelardo é mais alto que Hormindo, pelo princípio


da identidade posso dizer que Hormindo é mais baixo
que Abelardo.
b) A proposição “Choveu está manhã na cidade” pode
ser considerada “meia verdade” se apenas uma leve
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

garoa atingir a cidade.


c) O réu no processo afirmou que não estava dirigindo
embriagado, porém o mesmo foi encontrado sentado
As sentenças compostas dos exemplos acima não são no banco do motorista durante a abordagem policial,
ligadas apenas pela conjunção “e”, podem ser ligadas caracterizando uma contradição.
d) Eu sou milionário pois tenho patrimônio acima de 1
por outros CONECTORES LÓGICOS (Capítulo 2). Seguem
milhão de reais. Josevaldo possui menos que 1 milhão
alguns exemplos para iniciar sua curiosidade pelo próxi-
e não pode ser considerado um milionário.
mo capítulo:
e) Não estava presente para afirmar que foi o gato que
T – Osmar tem uma moto OU Tainá tem um carro. derrubou o vaso.
U – SE Kléber é asiático ENTÃO eu sou brasileiro. Resposta: Letra B. Não existe “meia verdade” dentro
da lógica. As proposições receberão apenas dois valo-
res lógicos: Verdadeiro ou Falso.

2
exemplo, neste exercício que caiu em um concurso:
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO

LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO
Se considerarmos as proposições:
Tanto o argumento, quanto a proposição, formam as
bases para o estudo da lógica. Todavia, a proposição ain-
da continua sendo o elemento fundamental, pois a partir
dela que são construídos os argumentos. Mas afinal de
contas, o que é um Argumento? Essa definição é impor-
tante para o seguimento do capítulo e será apresentada
a seguir.
Um argumento é feito de uma composição de duas Ou seja, toda a argumentação é montada sob propo-
ou mais proposições. Diferentemente de uma proposi- sições compostas ligadas pelos conectivos lógicos. Nos
ção composta, o argumento apresenta as proposições concursos públicos, isso pode aparecer diretamente, ou
de maneira separada, classificando-as em dois tipos: em forma de frases onde o leitor deverá convertê-la para
Premissas e Conclusão. As premissas são as bases e as expressões lógicas. Para verificar se o argumento é válido
informações que irão nortear a Conclusão (que é única, ou não, usaremos as técnicas apresentadas a seguir.
apenas 1 proposição pode ser a conclusão). Assim, a es-
trutura básica de um argumento é: Premissas Conclusão. ANÁLISE DA VALIDADE DOS ARGUMENTOS
Normalmente, os argumentos são apresentados na Normalmente quando os argumentos são analisados,
forma vertical, separando as premissas e a conclusão por a primeira estratégia pensada é o uso dos diagramas de
um traço, desta maneira: conjuntos, ou conhecidos também como diagramas de
Euler. Essa estratégia será a primeira a ser apresentada
nesta seção, porém, é importante que fique claro que
ela funciona em alguns casos específicos e que em casos
onde o argumento foi construído sob conectivos lógicos
(exemplo anterior), sua praticidade não é encontrada.
Logo, serão apresentadas 4 estratégias definitivas para
As três premissas informam que há uma caracterís- se resolver qualquer problema de argumentação.
tica genética de olhos azuis na família, onde seu pai e
você possuem olhos azuis. Dadas essas informações,
concluiu-se que seu filho terá a mesma característica, ou FIQUE ATENTO!
seja, olho azul. Vocês encontrarão exercícios onde mais de
Como este argumento é mais genérico, vamos a um uma técnica pode ser usada para sua reso-
mais direto que vocês irão lidar em seus concursos: lução. Esta apostila será uma referência para
sugestão de qual técnica utilizar. Caso con-
siga resolver por outra técnica, é um ponto
a mais no seu aprendizado.

Diagramas de Conjuntos (Euler)


A argumentação apresenta que o grupo denominado A análise de argumentos usando os diagramas de
“brasileiros” pertence em sua integralidade ao conjunto conjuntos só é efetivamente vantajosa se os argumentos
“devedores”. Assim, se eu pertenço ao grupo dos “brasi- forem montados com proposições categóricas (capítulo
leiros”, naturalmente estarei no grupo “devedores”. 5). Ou seja, as premissas devem conter as expressões que
Um ponto importante a se ressaltar neste exemplo designam este tipo, como todo, nenhum, algum e al-
é a estrutura particular dele. Quanto tivermos um argu- gum não. Algumas variações podem existir, como pelo
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

mento composto por 2 (duas) premissas e a conclusão, menos um e cada um, mas sempre serão remetidas as
ele será considerado um caso particular e terá o nome proposições que aprendemos no capítulo anterior.
de silogismo. Este método prevê que desenharemos as premissas
Ambos os argumentos foram conclusões verdadei- dentro de cada conjunto correspondente, procurando as
ras das premissas que consideramos. Neste caso, iremos interseções entre eles. Após a construção do diagrama,
classifica-los como argumentos válidos, ou seja, as pre- verifica-se a validade do argumento.
missas levam a esta conclusão.
Exemplo:
A oposição disso é justamente uma ou mais premissas
falharem na conclusão, e isso tornará o argumento invá-
lido, pois não atende integralmente todas as premissas.
Outro caso de argumentos que podem ser cobrados
são aqueles que envolvem conectivos lógicos, como por

3
O ponto chave da lógica da argumentação é verificar
se a conclusão é uma consequência lógica das premissas.
Isso será feito neste caso usando os conjuntos. A primei-
ra proposição diz que todas as mulheres são morenas,
assim o conjunto “mulheres” está dentro ou é coinciden-
te ao conjunto “morenas”:

ou

A segunda proposição diz que nenhuma morena can-


ta, ou seja, não há intersecção entre esses conjuntos:
A segunda premissa nos mostra que Roberto não é
um convidado. Neste caso, veja que temos três possi-
bilidades, duas no primeiro caso da premissa e um no
segundo caso. A posição de Roberto está indicada com
um “X”:

Assim, a conclusão torna-se válida pois o conjunto


mulheres também não possui intersecção com o conjun-
tos “cantoras”, tornando assim o argumento válido. É im- ou
portante frisar que sabemos que parte das mulheres não
são morenas mas isso não pode interferir na validade do
argumento. A única coisa que devemos ver sob o ponto
de vista lógico é que se as premissas forem verdadeiras,
temos que ter a conclusão verdadeira.
Vamos agora com um exemplo de argumento inváli-
do. Observem:
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

ou

Repetindo a estratégia do exemplo anterior, temos


que a primeira premissa nos mostra que o conjunto
“convidados” está dentro ou é coincidente ao conjunto
“parentes”:

4
A conclusão nos fala que Roberto não é parente, o sob a forma de proposições simples ou uma delas sendo
que é verdade na segunda e na terceira possibilidade. uma conjunção. Entretanto, mesmo para o caso onde o
Na primeira, ambas as premissas são atendidas mas a método de premissas verdadeiras é aplicável, a tabela
conclusão é falsa, já que Roberto está dentro do conjunto verdade pode ser utilizada, tornando um método mais
parentes. genérico.
Quando uma ou mais das possibilidades falha, não A resolução se baseia na construção da tabela verda-
temos garantia integral do argumento, tornando-o de e temos que olhar as linhas correspondentes a todas
inválido. as premissas possuírem o valor VERDADEIRO. Se nessa
linha, a conclusão também for VERDADEIRA, temos um
argumento válido, caso contrário, ele será inválido.
Premissas verdadeiras
A segunda estratégia já envolve premissas que não FIQUE ATENTO!
tenham as proposições categóricas. Ela é eficiente quan-
do ao menos uma das proposições é simples, ou seja, Lembre-se que a quantidade de linhas da
não há nenhum conectivo lógico com ela ou se temos tabela-verdade é calculada em função da
uma das premissas com uma conjunção, pois assim con- quantidade de proposições simples que for-
seguimos valorar logicamente as proposições simples mam as premissas. Quanto maior o proble-
que a compõe. ma, mais trabalhoso será a sua resolução!
Para avaliar a validade do argumento, basta adotar
que todas as premissas são verdadeiras e a partir da
proposição simples, verificar se a conclusão mantém-se Vamos analisar um exemplo passo a passo:
verdadeira. Analise o argumento a seguir e verifique se ele é
Se o resultado da conclusão for verdadeiro, o argu- válido
mento é válido, caso contrário, se a conclusão for falsa Se Pablo é ator e Irene é médica, então João é carpinteiro.
ou se você não conseguir definir seu valor lógico, ele será João não é carpinteiro ou Irene é médica.
inválido. Logo, Pablo não é ator ou Irene não é médica.
Vamos a um exemplo: Passando para a linguagem lógica, temos que:

Observe que este argumento possui duas premissas


e uma conclusão, porém é formado por três proposições
Esse argumento está montado apenas com os valores
simples. Assim, a tabela-verdade terá 8 linhas e não 4.
lógicos e temos uma proposição simples no terceiro ar-
Construindo a base da tabela:
gumento. Assim, vamos adotar a estratégia de premissas
verdadeiras, ou seja:
p q r
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
Na terceira proposição, temos que R é verdadeiro e
a partir disso, para a segunda premissa ser verdadeira, F V F
temos que ter ~Q=V, ou seja Q=F. F F V
Esse resultado implica na primeira premissa, pois se F F F
Q=F, para a condicional ser verdadeira, precisaremos ter
que P seja falso, ou seja, P=F . As próximas duas colunas serão correspondentes à
Com os três valores lógicos, podemos avaliar a con- primeira premissa:
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

clusão, onde se P=F, temos ~P=V, tornando a conclusão


verdadeira e o argumento válido. p q r
Se após essas associações tivéssemos encontrado
~P=F, teríamos uma contradição, o que tornaria o argu- V V V V V
mento inválido. V V F V F
V F V F V
V F F F V
Tabela verdade F V V F V
O método de resolução do argumento por tabela ver-
F V F F V
dade é utilizado quando não se consegue resolver pelos
dois métodos anteriores, ou seja, quando não temos pro- F F V F V
posições categóricas ou quando não temos premissas F F F F V

5
As duas colunas seguintes são correspondentes à segunda premissa:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒

V V V V V F V
V V F V F V V
V F V F V F F
V F F F V V V
F V V F V F V
F V F F V V V
F F V F V F F
F F F F V V V

Agora, as próximas três colunas se referem a conclusão:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒
~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒

V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
F F F F V V V V V V

Com a tabela construída, temos que identificar as linhas que possuem ambas as premissas verdadeiras, ou seja, te-
mos que analisar a quinta e sétima colunas, procurando as linhas em que ambas são V. Se observarmos, encontraremos
a primeira, quarta, quinta, sexta e oitava linhas nesta configuração:

p q r ~𝒓 ∨ 𝒒~𝒓 ∨ 𝒒 ~𝒑
~𝒑∨∨~𝒒
~𝒒 ~𝒑 ∨ ~𝒒

V V V V V F V F F F
V V F V F V V F F F
V F V F V F F F V V
V F F F V V V F V V
F V V F V F V V F V
F V F F V V V V F V
F F V F V F F V V V
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

F F F F V V V V V V

Observando essas cinco linhas, temos que a conclusão (última coluna) é VERDADEIRA em quatro delas, excetuan-
do-se apenas a primeira linha, onde a conclusão, assim, como nem todos os casos foram atendidos, o argumento é
inválido. Vale lembrar que basta 1 caso FALSO para o argumento não ser válido.

Conclusão Falsa
Para os casos onde temos um número de proposições simples maior (acima de 3), uma alternativa ao invés de se
aplicar uma tabela verdade que terá muitas linhas será o método da conclusão Falsa, ou seja, considera-se o valor ló-
gico FALSO na conclusão além de considerar as premissas VERDADEIRAS. Se este caso existir, teremos um argumento
inválido, caso contrário, ele será válido. Este método funciona bem quando a conclusão é uma condicional ou uma
conjunção, pois conseguiremos atribuir valores lógicos a todas as proposições simples que a compõe.

6
Observe o exemplo a seguir, extraído do livro Racio- Com base nas definições apresentadas no texto acima,
cínio Lógico Simplificado, de Sérgio Carvalho e Weber assinale a opção em que a proposição apresentada, junto
Campos, um dos livros que usamos como referência para com essas premissas, forma um argumento válido:
montar esta apostila:
a) Adriano não é o vice-presidente do tribunal de contas
b) Se César é o presidente do tribunal de contas, então
Adriano não é o corregedor.
c) Se Tito é o corregedor, então Adriano é o vice-presi-
dente do tribunal de contas.
d) Tito não é o corregedor
Temos 4 proposições simples formando o argumento, e) Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei
o que faria a tabela-verdade ter 16 linhas. Se tentarmos
pelo método de premissas verdadeiras, teríamos muitos Resposta: Letra E. Utilizando o método de premissas
casos a analisar, uma vez que as mesmas são condicionais. verdadeiras, a primeira premissa já nos garante que
Para facilitar, vamos então adotar também a conclusão César é o presidente do tribunal de contas e Tito é um
FALSA, o que para a condicional, tem-se apenas um caso, conselheiro. Na segunda, como temos uma disjunção
que é a proposição da esquerda VERDADEIRA e da direi- e a primeira proposição é falsa, já que César é o pre-
ta FALSA, assim temos que 𝑨 = 𝑽 e ~𝑫 = 𝑭 ⟹ 𝑫 = 𝑽. sidente do tribunal, temos que ter que Adriano impõe
Com esses valores lógicos definidos, podemos ir para penas disciplinares na forma da lei, o que é exatamen-
a segunda premissa, onde sabemos o valor de ~𝑨 = 𝑭 . te a alternativa E. Para completar, a terceira premissa
Para essa premissa ser verdadeira, teremos que ter 𝑩 = 𝑭. fica indefinida sob o ponto de vista lógico, uma vez
Na primeira premissa, a condicional será verdadeira, dado que não temos informações suficientes para determi-
que 𝑨 = 𝑽 se 𝑩 ∨ 𝑪 = 𝐕. Como 𝑩 = 𝑭., temos que nar se Adriano é ou não vice-presidente do TCE, mas
ter 𝑪 = 𝑽 para atender a primeira premissa. Finalmen- isto não afeta a escolha da alternativa correta.
te, como 𝑫 = 𝑽 , temos que ter ~𝑪 = 𝑽 ⟹ 𝑪 = 𝑭 , mas
isso contradiz a primeira premissa que determinou que 3. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). A sequência de pro-
𝑪=𝑽. posições a seguir constitui uma dedução correta:
Como houve falha em provar que a conclusão é FAL-
SA com as premissas VERDADEIRAS, temos que a conclu- Se Carlos não estudou, então ele fracassou na prova de
são é VERDADEIRA o que faz o argumento VÁLIDO! Física.
Se Carlos jogou futebol, então ele não estudou.
Carlos não fracassou na prova de Física
Carlos não jogou futebol
EXERCÍCIO COMENTADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
1. (TCE-RS – ENGENHEIRO – CESPE, 2004). A seguinte
afirmação é válida: Resposta: Certo. Considerando as três primeiras li-
nhas como premissas e a última como conclusão, cha-
Premissa 1: Toda pessoa honesta paga os impostos maremos de a: Carlos estudou, b: Carlos fracassou na
devidos prova de Física e c: Carlos jogou futebol. Construindo
Premissa 2: Carlos paga os impostos devidos a tabela-verdade com a ordem estudada nesta apos-
Conclusão: Carlos é uma pessoa honesta tila, teremos que apenas a linha 4 terá as 3 premissas
VERDADEIRAS simultaneamente e nesta linha temos
( ) CERTO  ( ) ERRADO também a conclusão VERDADEIRA. Logo, este argu-
mento é válido.
Resposta: Errado. Montando as premissas dentro do
diagrama de Euler, se o conjunto “pagam impostos”
e “honestos” não forem coincidentes, não há como
4. (SEGER-ES – TODOS OS CARGOS – CESPE, 2011).
garantir que Carlos está necessariamente dentro do
conjunto “honestos”. Portanto, o argumento torna-se
- Começo do mês é tempo de receber salário.
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

inválido.
- Se as contas chegam, o dinheiro (salário) sai.
- Se o dinheiro (salário) sai, a conta fica no vermelho mui-
to rapidamente.
2. (TCE/AC – ANALISTA – CESPE, 2008). Considere que - Se a conta fica no vermelho muito rapidamente, então
as seguintes proposições são premissas de um argumento: a alegria dura pouco
- As contas chegam.
1. César é o presidente do tribunal de contas e Tito é um
conselheiro
2. César não é o presidente do tribunal de contas ou
Adriano impõe penas disciplinares na forma da lei
3. Se Adriano é vice-presidente do tribunal de contas, en-
tão Tito não é o corregedor.

7
Pressupondo que as premissas apresentadas acima se- 𝒓 ↔ (𝒑 ∨ 𝒒) : Neste caso, com a presença da propo-
jam verdadeiras e considerando as propriedades gerais sição r, temos três proposições simples distintas, p,q e r.
dos argumentos, julgue os itens subsequentes: A segunda informação, que é o número de linhas da
A afirmação: “Começo do mês é tempo de receber salá- tabela verdade, deriva do número de proposições sim-
rio, porém a alegria dura pouco”, é uma conclusão válida ples que a estrutura composta possui. Usando essa conta
a partir das premissas apresentadas acima. simples:

( ) CERTO  ( ) ERRADO


𝐿 = 2𝑛
A afirmação: “Se as contas chegam, então a alegria dura Onde L é o número de linhas da tabela-verdade e n
pouco” é uma conclusão válida a partir das premissas é o número de proposições simples que ela possui. Ou
apresentadas acima. seja, para duas proposições simples, temos 4 linhas na
tabela-verdade, para 3 proposições simples, 8 linhas na
( ) CERTO  ( ) ERRADO tabela e para 4 proposições simples, a tabela possui 16
linhas. Além disso, para o caso de uma proposição sim-
Resposta: Certo e Certo. Chamando de p: Começo ples, pode-se aplicar a fórmula também, e teremos duas
do mês é tempo de receber salário, q: As contas che- linhas na tabela-verdade.
gam; r: O dinheiro (salário) sai, s: A conta fica no ver- Esses valores são derivados da organização da tabela,
melho muito rapidamente e t: A alegria dura pouco, para que tenhamos todos os casos possíveis avaliados.
vamos resolver a primeira afirmação (𝑝 ∧ 𝑡) utilizan- Com essa informação, podemos organizar a tabela e isso
do apenas premissas verdadeiras: Como q=V na quin- será apresentado caso a caso nas seções seguintes.
ta premissa, a segunda premissa só será VERDADEI-
RA se r=V. Isso vale para a terceira premissa, fazendo TABELA-VERDADE DE PROPOSIÇÃO SIMPLES:
s=V e na quarta premissa, fazendo t=V. Assim, como NEGAÇÃO
a primeira premissa é o valor lógico de p=V, temos
que 𝑝 ∧ 𝑡 = 𝑉 . Na segunda afirmação, vamos usar a Nós iremos seguir a ordem do capítulo anterior e
conclusão FALSA, ou seja, 𝑞 → 𝑡 = 𝐹 . Como a quinta apresentar a montagem das tabelas-verdade para os
premissa é q=V, temos que ter t=F, mas isso contradiz operadores lógicos descritos. Inicia-se pele negação, que
justamente a quarta premissa, onde t=V, mostrando é uma proposição simples e terá apenas duas linhas na
que há contradição na conclusão FALSA, tornando-a tabela-verdade:
VERDADEIRA ou um argumento válido.
p ~p
V F
F V
DIAGRAMAS LÓGICOS
Observe que a tabela possui duas colunas. A primeira
contém os valores possíveis para a proposição simples,
que pela fundamentação da lógica, é o VERDADEIRO (V)
TABELAS VERDADE e o FALSO (F).
Já a segunda coluna possui o operador lógico ne-
A tabela-verdade é um dispositivo prático muito usado gação. O operador foi aplicado em casa linha da tabela,
para a organizar os valores lógicos de proposições compos- gerando o resultado correspondente. Ou seja, se a pro-
tas pois ela ilustra todos os possíveis valores lógicos da estru- posição p é V, sua negação será F e vice-versa.
tura composta, correspondentes a todas as possíveis atribui- É importante frisar que as operações da tabela-ver-
ções de valores lógicos às proposições simples. dade ocorrem de linha em linha, ou seja, se na primeira
Para se construir uma tabela verdade, são necessá- linha temos que a proposição p é V, esse valor perma-
rias três informações iniciais: O número de proposições necerá assim até que todas as operações daquela linha
que compõem a proposição composta, o número de li- correspondente tenham terminado.
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

nhas que a tabela-verdade irá ter e a variação dos valores


lógicos. TABELA-VERDADE PARA 2 PROPOSIÇÕES SIMPLES
A primeira informação é puramente visual, basta
olhar a proposição composta e verificar quantas propo- Chegamos as seções onde a tabela-verdade fará mais
sições simples a compõem, contando a quantidade de sentido, pois ela é aplicada em proposições compostas.
letras distintas que existem nela, vejam os exemplos: Iniciando com uma estrutura de duas proposições sim-
𝒑 ∧ 𝒒 : Temos as proposições simples p e q, ou seja, a ples, vamos primeiramente explicar a organização destas
proposição composta possui duas proposições; proposições.
(𝒑 ∧ 𝒒) → (~𝒒 ↔ 𝒑) : Esta estrutura possui duas pro- Como já sabemos que são duas proposições simples,
posições simples também, p e q. Não se deve considerar que chamaremos de p e q, temos que a tabela-verdade
a repetição das proposições que no caso de p e q, repe- terá quatro linhas:
tiram duas vezes;

8
p q p q 𝒑∧𝒒

V V
V F
F V
F F

FIQUE ATENTO! No caso da conjunção, temos que ela é VERDADEIRA


apenas se as duas proposições compostas, p e q, forem
Observe que além das linhas correspon-
VERDADEIRAS, caso contrário, ela será FALSA. Usando
dentes da tabela-verdade, nós inserimos
essa informação, vamos preencher a tabela:
uma linha inicial indicando qual a proposi-
Na primeira linha, temos que p é VERDADEIRO e q é
ção que estamos atribuindo o valor lógico.
VERDADEIRO, logo, a conjunção nesse caso será VERDA-
Isso é de suma importância para se domi-
DEIRA por definição:
nar esse conteúdo.

p q 𝒑∧𝒒
Agora temos que combinar os dois valores lógicos
possíveis entre as proposições, formando as quatro linhas. V V V
Para isso, recomenda-se que sigam os seguintes passos: V F

i) Na coluna da primeira proposição, atribua o valor F V


de V para a primeira metade das linhas e F para a F F
segunda metade. Ou seja, as duas primeiras linhas
são V e as duas últimas são F: A segunda linha possui p = V e q = F. Para a conjun-
ção é necessário que as duas proposições sejam V para
p q ela ser V, logo, ela será FALSA:

V
p q 𝒑∧𝒒
V
F V V V

F V F F
F V
ii) Para a segunda coluna, repita o mesmo procedi- F F
mento dentro de cada valor lógico atribuído para
a coluna anterior. Ou seja, como temos V nas duas Seguindo o mesmo raciocínio, a terceira linha possui
primeiras linhas de p, vamos colocar V na primeira p = F e q = V, o que faz a conjunção ser FALSA:
linha e F na segunda. Da mesma forma, vamos fa-
zer o mesmo procedimento para as duas linhas de
p que contém F: p q 𝒑∧𝒒

V V V
p q
V F F
V V
F V F
V F
F F
F V
F F Finalmente, a quarta linha possui as duas proposições
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

Pronto, a tabela-verdade para duas proposições foi simples com valor lógico FALSO, o que faz a conjunção
organizada e agora podemos passar para as proposições ser FALSA também:
compostas.
p q 𝒑∧𝒒
Tabela Verdade da Conjunção (“e”)
V V V
Seguindo a ordem do capítulo anterior, temos o ope- V F F
rador lógico “e”, ou a conjunção. Para atribuir valores ló-
gicos a essa expressão, cria-se uma terceira coluna na F V F
tabela-verdade e insere no título qual proposição lógica F F F
iremos tratar, desta maneira:

9
Esta é a tabela-verdade para conjunção é deve ser O princípio deste operador lógico está na relação en-
memorizada ou resolvida de forma rápida no caso de ta- tre o antecedente (p) e o consequente (q). Ele será FAL-
belas maiores. SO apenas se 𝑝 = 𝑉 e 𝑞 = 𝐹 , o que ocorre na segunda
linha. Nos outros casos, ele será VERDADEIRO. Em caso
Tabela Verdade da Disjunção (“ou”) de dúvidas deste operador, recomenda-se a releitura do
capítulo 2.
Passando agora para o próximo conectivo, que é a
disjunção (“ou”). Esse operador possui a definição con- p q 𝒑→𝒒
trária a conjunção, onde ele só será FALSO no caso de as
duas proposições simples serem FALSAS, caso contrário, V V V
será sempre VERDADEIRO.
Montando a tabela: V F F
F V V
p q 𝒑∨𝒒 F F V

V V Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)


V F
O último operador é o Bicondicional (“Se e somente
F V se”) e a tabela será montada da mesma forma:
F F
p q 𝒑↔𝒒
A primeira, segunda e terceira linhas possuem ao me-
nos 1 valor lógico VERDADEIRO, ou seja, condição sufi-
V V
ciente para o operador lógico ser VERDADEIRO:
V F
p q 𝒑∨𝒒 F V
F F
V V V
V F V Montaremos a tabela usando sua lógica simples: Ele
será VERDADEIRO se as duas proposições simples tive-
F V V
rem o mesmo valor lógico e FALSO se tiverem valores
F F diferentes:

Já a última linha, possui ambas proposições simples p q


com o valor lógico FALSO, o que faz a disjunção ser FAL- 𝒑↔𝒒
SA também:
V V V
p q 𝒑∨𝒒 V F F
F V F
V V V
V F V F F V
F V V
Com essas informações memorizadas é possível
F F F
montar QUALQUER tabela-verdade.
Esta é a tabela da disjunção é também deve ser
Montagem de tabelas usando mais de um opera-
memorizada.
dor lógico
Tabela Verdade da Condicional (“Se...então”)
Obviamente que as seções acima introduziram as ta-
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

O próximo conector lógico é a condicional (“Se...en-


belas-verdade fundamentais, que vão auxiliar na monta-
tão”) e montaremos a tabela-verdade do mesmo jeito gem de tabelas mais complexas. Vamos apresentar um
que os anteriores: exemplo onde isso será aplicado. Considere a seguinte
proposição composta:
p q 𝒑→𝒒
(𝒑 ∧ 𝒒) ↔ ~𝒑 ∨ 𝒒
V V
Observe que a proposição possui duas proposições
V F
simples mas possui três operações lógicas. Para mon-
F V tar a tabela-verdade desta proposição, deveremos fa-
F F zer combinações dos resultados fundamentais vistos
anteriormente.

10
Iniciando, vamos montar a estrutura inicial, com as usando colunas diferentes. Na primeira linha, temos que
colunas de p e q: a quarta coluna tem valor F e a segunda coluna tem valor
V, assim a disjunção entre elas será V:
p q
V V p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒

V F V V V F V
F V V F F F
F F F V F V
Agora, vamos analisar a expressão: temos dois pa- F F F V
rênteses separados por uma bicondicional, portanto, te-
remos que saber os valores lógicos de cada parêntese Na segunda linha, temos a quarta e a segunda coluna
antes de resolver o “se e somente se”. Para isso, vamos com valores lógicos FALSO, o que faz a disjunção FALSA:
criar colunas específicas na tabela para cada informação
e depois agrupá-las. p q ~p ~𝒑 ∨ 𝒒
𝒑∧𝒒
Começando com a conjunção no primeiro parêntese
e atribuindo os valores lógico de cada linha, cria-se uma
V V V F V
terceira coluna a partir da primeira e da segunda:
V F F F F
p q F V F V
𝒑∧𝒒
F F F V
V V V
V F F Na terceira linha, temos ambos VERDADEIROS, o que
faz a disjunção VERDADEIRA:
F V F
F F F p q ~p
𝒑∧𝒒
Agora, vamos resolver o segundo parêntese. Para
V V V F V
isso, precisaremos da negação de p para fazer uma dis-
junção com q. Logo, vamos criar primeiro uma coluna da V F F F F
negação e depois faremos a disjunção: F V F V V
F F F V
p q 𝒑∧𝒒 ~p
E na quarta linha, temos a quarta coluna VERDADEI-
V V V F RA e a segunda coluna FALSA, o que faz a disjunção ser
V F F F VERDADEIRA:
F V F V
p q ~p ~𝒑 ∨ 𝒒
F F F V 𝒑∧𝒒

Observe que esta quarta coluna é a negação da pri- V V V F V


meira, como deve ser, já que estamos negando a pro- V F F F F
posição p. Criaremos agora uma quinta coluna, onde F V F V V
faremos a disjunção de ~p (quarta coluna) e q (segunda
coluna): F F F V V
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 FIQUE ATENTO!


Fizemos uma disjunção entre a quarta e a
V V V F segunda coluna, NESTA ORDEM. No caso da
V F F F disjunção, se fizéssemos invertido, não have-
ria problemas, mas nem sempre isso acon-
F V F V
tece. A recomendação é que se mantenha a
F F F V ordem da operação lógica.

Nós temos que utilizar os valores lógicos da quarta e


segunda colunas em cada linha correspondente da tabe-
la. É aqui que muitos candidatos se confundem e acabam

11
Finalmente, vamos criar a sexta coluna que será a bicondicional da terceira e quinta colunas:

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Na primeira linha, temos a terceira coluna VERDADEIRA e a quinta também, que pela bicondicional, gera um valor
VERDADEIRO:

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Na segunda linha, temos ambas as colunas FALSAS, que pela bicondicional, gera um valor VERDADEIRO:

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V V
V F F F F V
F V F V V
F F F V V

Na terceira e quarta linhas temos o mesmo caso, com a terceira coluna FALSA e a quinta VERDADEIRA, o que gera
um valor FALSO na bicondicional:

p q 𝒑∧𝒒 ~p ~𝒑 ∨ 𝒒 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒

V V V F V V
V F F F F V
F V F V V F
F F F V V F

Pronto, esses são os resultados possíveis da proposição composta 𝒑 ∧ 𝒒) ↔ (~𝒑 ∨ 𝒒 , variando os valores lógicos das
proposições simples p e q que a compõem.

TABELA VERDADE PARA 3 PROPOSIÇÕES SIMPLES

Vamos agora aumentar a complexidade do problema inserindo uma terceira proposição, que chamaremos de r. Pela
relação de número de linhas da tabela, teremos então L=23=8 linhas. A tabela fica na seguinte forma:

p q r
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

12
Para organizar todas as combinações possíveis dos A terceira coluna é mais simples, basta subdividir cada
valores lógicos, vamos usar o mesmo artifício visto na bloco de duas linhas em uma linha cada, colocando V e F in-
tabela com duas proposições simples. Primeiro, vamos tercalado, montando assim todas as combinações possíveis:
dividir a primeira coluna em dois blocos de 4 linhas, onde
o primeiro bloco será VERDADEIRO e o segundo, FALSO: p q r
V V V
p q r
V V F
V
V F V
V
V F F
V
F V V
V
F V F
F
F F V
F
F F F
F
F Como exemplo, vamos montar a tabela-verdade da
seguinte proposição composta: ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 ↔ 𝑝 ∨ 𝑟 . Com
Na segunda coluna, vamos subdividir cada bloco da a tabela acima, vamos organizar quais informações pre-
primeira coluna em dois novamente, colocando VERDADEI- cisamos para montar a expressão final. Observando o
RO na primeira parte e FALSO na segunda, desta maneira: primeiro parênteses, precisaremos da negação de p, ou
seja, ~p. Criando uma quarta coluna e preenchendo em
p q r função da primeira:

V V
p q r ~p
V V
V V V F
V F
V V F F
V F
V F V F
F
V F F F
F
F V V V
F
F V F V
F
F F V V
Veja que o primeiro bloco da primeira coluna, que é F F F V
VERDADEIRO foi dividido em dois blocos de duas linhas
cada, em um, colocamos duas linhas VERDADEIRO e nas Agora precisaremos fazer a conjunção entre q e r no
outras duas linhas, FALSO. Fazendo o mesmo para o blo- primeiro parênteses para poder combinar com a nega-
co seguinte: ção de p. Montando a quinta coluna com 𝒒 ∧ 𝒓 , que é a
combinação entre a segunda e a terceira coluna, temos
p q r que:

V V p q r ~p 𝒒∧𝒓
V V
V V V F V
V F
V V F F F
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

V F
V F V F F
F V
V F F F F
F V F V V V V
F F F V F V F
F F F F V V F
F F F V F

Interessante observar que ficamos apenas com duas


linhas com o valor lógico VERDADEIRO e isso não é
nenhum problema, pois quando se realiza operações

13
lógicas não teremos sempre a divisão de 50% VERDADEIRO e 50% FALSO. Combinando a quarta e quinta colunas,
podemos formar o primeiro parênteses, que é ~𝑝 → 𝑞 ∧ 𝑟 :

p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓

V V V F V V
V V F F F V
V F V F F V
V F F F F V
F V V V V V
F V F V F F
F F V V F F
F F F V F F

Antes de montarmos a bicondicional entre os dois parênteses, precisamos montar a coluna relativa ao segundo
parênteses da expressão. Colocando a conjunção a partir da primeira e terceira colunas:

p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓

V V V F V V V
V V F F F V V
V F V F F V V
V F F F F V V
F V V V V V V
F V F V F F F
F F V V F F V
F F F V F F F

Finalmente, a oitava coluna é montada a partir da combinação entre a sexta e a sétima colunas:

p q r ~p 𝒒∧𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 𝒑∨𝒓 ~𝒑 → 𝒒 ∧ 𝒓 ↔ 𝒑∨𝒓

V V V F V V V V
V V F F F V V V
V F V F F V V V
V F F F F V V V
F V V V V V V V
F V F V F F F V
F F V V F F V F
F F F V F F F V

O resultado é interessante pois apenas a sétima linha da proposição completa possui valor lógico FALSO. Isso pode
ser facilmente uma questão de concurso, onde pergunta-se quais são os valores lógicos para que a proposição acima
seja FALSA. A resposta correta é p e q FALSOS e r VERDADEIRO.

TABELA VERDADE PARA 4 PROPOSIÇÕES SIMPLES


RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

Os problemas envolvendo 4 proposições simples são mais trabalhosos pois envolvem 16 linhas de análise. Entre-
tanto, a resolução é a mesma dos problemas de duas ou três proposições simples. Considerando as proposições p, q,
r e s, a tabela fica da seguinte maneira:

p q r s

14
F V
F V
F V
F V
F F
F F
F F
F F

A terceira coluna subdivide a segunda em blocos de


duas linhas, intercalando V e F:

p q r s
A primeira coluna é dividida em dois blocos de oito
linhas, atribuindo V ao primeiro bloco e F ao segundo. V V V
V V V
p q r s
V V F
V
V V F
V
V V F V

V V F V
V V F F
V V F F
V
F V V
V
F V V
F
F V F
F
F F V F
F F F V
F F F V
F F F F
F
F F F
F

A segunda coluna subdivide a primeira novamente A quarta coluna basta intercalar V e F:


em dois, formando blocos de quatro linhas, intercalando
os valores V e F: p q r s
V V V V
p q r s
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

V V V F
V V
V V V V F V

V V V V F F
V V V F V V
V F V F V F
V F
V F F V
V F
V F F F
V F
F V V V

15
F V V F V F F V V
F V F V F V F V V

F V F F F F F F V

F F V V O resultado da proposição composta mostra que


todas as linhas geraram um valor lógico VERDADEIRO.
F F V F Assim, podemos classificar essa proposição composta
F F F V como Tautologia.

F F F F
FIQUE ATENTO!
O exemplo de tautologia foi com duas pro-
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES SEGUNDO A posições simples mas considere que a clas-
TABELA-VERDADE sificação é válida também para três ou mais
proposições simples.
Após a montagem de qualquer proposição composta
na tabela-verdade, podemos classificar seu resultado de
três maneiras: Contradição

Tautologia A contradição é exatamente o contrário da tautologia,


onde todos os resultados lógicos da operação da proposi-
A tautologia ocorre quando todas as linhas da coluna ção composta devem ser FALSOS. Observe o exemplo:
correspondente a proposição composta seja VERDADEI-
RA. Ou seja, não importa os valores lógicos das proposi- Tabela verdade para 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞)..
ções simples, a proposição composta terá sempre o valor
lógico V. Observe o exemplo: Antes de montarmos a proposição composta, preci-
saremos montar a negação de q, a bicondicional do pri-
Tabela-verdade para a proposição 𝑝 ∧ 𝑞 → 𝑝 ∨ 𝑞 . meiro parênteses e a disjunção do segundo, assim:

São duas proposições simples, o que formará quatro p q ~q 𝑝 ↔𝑝 ~𝑞


↔ ~𝑞
∧ (𝑝∧ ∧(𝑝𝑞).
∧ 𝑞).
linhas na tabela:
V V F F V
p q
V F V V F
V V
F V F V F
V F
F F V F F
F V
F F Combinando a quarta e quinta colunas para montar a
disjunção entre os dois parênteses:
Inserindo os dois parênteses na terceira e quarta colunas:
p q ~q 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞). 𝑝 ↔ ~𝑞 ∧ (𝑝 ∧ 𝑞).
p q 𝑝𝑝∧∧𝑞𝑞 →→ 𝑝𝑝∨∨𝑞𝑞 V V F F V F
V F V V F F
V V V V
F V F V F F
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

V F F V
F F V F F F
F V F V
Como todas as linhas do resultado final são FALSAS,
F F F F temos uma contradição.

Aplicando a condicional entre a terceira e quarta colunas: Contingência

A contingência é o caso mais simples de todos pois


p q 𝑝𝑝∧∧𝑞𝑞 →→ 𝑝𝑝∨∨𝑞𝑞 𝑝∧𝑞 → 𝑝∨𝑞 são as tabelas-verdade que não são tautologia ou con-
tradição, ou seja, possui os dois valores lógicos (V e F) no
V V V V V
resultado final.

16
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (EMATER, MG – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – GESTÃO CONCURSO, 2018) Para Alencar (2002, p.14), “na ta-
bela verdade figuram todos os possíveis valores lógicos da proposição composta, correspondentes a todas as possíveis
atribuições de valores lógicos às proposições simples correspondentes.” Considerando duas proposições identificadas
como p e q, deseja-se construir a tabela verdade da proposição composta ~ (p ᴧ ~ q), conforme descrito na tabela a
seguir.

Os valores lógicos da proposição composta ~ (p ᴧ ~ q), descritos de cima para baixo na última coluna da tabela, serão,
respectivamente,

a) (F);(F);(F);(F)   b) (F);(V);(F);(F)   c) (V);(V);(V);(V)   d) (V);(F);(V);(V)

Resposta: Letra D. O exercício já auxiliou deixando a tabela com todas as colunas organizado. A “pegadinha” é se
você esquecer de fazer a negação final, que faria você marcar a alternativa B e não a D.

p q ~q 𝒑 ∧ ~𝒒 ~(𝒑 ∧ ~𝒒)

V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V

2. (EMATER, MG – ASSESSOR JURÍDICO – GESTÃO CONCURSO, 2018) Considere que temos três proposições, iden-
tificadas como p, q e r. Objetiva-se construir uma tabela-verdade para avaliar os valores lógicos que a proposição
composta 𝑝 𝑣 ~ 𝑟 → 𝑞 ᴧ ~ 𝑟 .A esse respeito, avalie as afirmações a seguir.

I. A tabela-verdade, nesse caso, terá seis linhas.


II. A tabela-verdade, nesse caso, terá oito linhas.
III. Haverá apenas três linhas da tabela-verdade na coluna correspondente à proposição composta p v ~ r → q ᴧ ~ r, que
assumirá o valor verdadeiro.

Está correto apenas o que se afirma em 

a) II
b) III
c) I e III
d) II e III
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

Resposta: Letra A. Antes de montarmos a tabela-verdade, já podemos verificar que a afirmação I está errada e a
II está certa pois está relacionado com o número de linhas da tabela, que é uma função apenas da quantidade de
proposições simples, neste caso 3. Montando a tabela verdade e respeitando a ordem de resolução dos operadores
lógicos, pois não temos parênteses (negação primeiro, depois as conjunções e disjunções e por fim a condicional),
você verificará que a linhas 2,5,6 e 7 são VERDADEIRAS, tornando a afirmação III incorreta pois ela afirma que são 3
linhas que são VERDADEIRAS.

17
3. (CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA – AGENTE ADMINISTRATIVO – IBFC, 2017) De acordo com o raciocí-
nio lógico proposicional a proposição composta [𝑝 ∨ (~𝑞 ↔ 𝑟)] → ~𝑝 é uma: 

a) Contingência
b) Tautologia
c) Contradição
d) Equivalência

Resposta: Letra A. Construindo a tabela verdade:

p q r ~p ~q[𝑝 ∨ (~𝑞 ↔ 𝑟)] →𝒑 ∨~𝑝


(~𝒒 ↔ 𝒓) 𝒑 ∨ ~𝒒 ↔ 𝒓 → ~𝒑

V V V F F F V F
V V F F F V V F
V F V F V V V F
V F F F V F V F
F V V V F F F V
F V F V F V V V
F F V V V V V V
F F F V V F F V

PROBABILIDADE

No estudo de probabilidades em todos os casos estudados serão considerados experimentos aleatórios, ou seja,
experimentos no qual o resultado não seja conhecido previamente. Diz-se que o resultado é imprevisível. Há alguns
exemplos clássicos como o lançamento de um dado (qualquer número pode ser o resultado), retirada da carta de um
baralho completo, lançamento de uma moeda (cara e coroa), entre tantos outros exemplos.
Para iniciar o estudo de probabilidades é necessário definir alguns conceitos fundamentais que serão utilizados em
todos os tópicos desse capítulo. São eles: espaço amostral e evento.

Espaço amostral

O espaço amostral é definido como o conjunto universo de um experimento aleatório qualquer. Em resumo, é um
conjunto que contém todas as possibilidades de um experimento. Por exemplo, em um lançamento de uma moeda há
duas possibilidades, apenas: cara ou coroa. Portanto, o espaço amostral do lançamento de uma moeda contém dois
elementos (cara e coroa). O espaço amostral é denotado pela letra S, e o número de elementos por n(S). Assim, nesse
caso do lançamento de uma moeda tem-se que: S={Cara, Coroa} e n(S)=2.
Considerando um outro exemplo, o lançamento de um dado não viciado (ou seja, no lançamento todo número tem
a mesma chance de ser o resultado), o espaço amostral é: S={1, 2, 3, 4, 5, 6} e, portanto, n(S)=6.

Evento

Evento é um subconjunto do espaço amostral, ou seja, é uma das possibilidades do experimento aleatório. Conside-
re o primeiro exemplo da seção anterior, o lançamento de uma moeda. Após o lançamento há duas possibilidades: cara
e coroa (espaço amostral). Diz-se, então, que “sair cara” é um evento do experimento aleatório “lançar uma moeda”. Já
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

no lançamento de um dado, “sair 3” é um evento desse experimento. Assim como “sair 4”, e todos os outros números.
Geralmente, em um exercício de concurso público o objetivo é encontrar a probabilidade da ocorrência de um
evento. Se o exercício pede para calcular a probabilidade de “sair 5 em um lançamento de um dado”, o evento desejado
será “sair 5”.
O evento é denotado por E e o número de eventos possíveis é denotado por n(E). Seguindo no exemplo do lança-
mento de um dado, deseja-se saber a probabilidade de “sair um número par”. Os eventos possíveis são E={2, 4, 6} e,
portanto, há três possibilidades para esse evento. Logo, n(E)=3.

Probabilidade de um Evento Qualquer

A probabilidade da ocorrência de um evento qualquer representa a chance de ocorrência desse evento. Seja um
evento E, contido em um espaço amostral S. A probabilidade de ocorrência de E é definida por:

18
b) a probabilidade da carta sorteada ser uma letra
𝑛 𝐸
𝑃 𝐸 = Solução:
𝑛 𝑆
No baralho há cartas com números e letras, sendo
É possível ver a aplicação dessa fórmula em situações elas J, Q e K (valete, rainha e rei, respectivamente). Para
simples. Considere o lançamento de um dado não vicia- cada naipe há três cartas que são letras e como há quatro
do. Calculam-se as seguintes probabilidades: naipes no baralho, o total de cartas que são letras é igual
a 4 � 3 = 12 . Assim, n(E)=12 e a probabilidade pedida
a) probabilidade do resultado do lançamento ser é igual a:
igual a 5
b) probabilidade do resultado do lançamento ser um 𝑛 𝐸 12 3
número ímpar 𝑃 𝐸 = = =
𝑛 𝑆 52 13
Solução:
Para ambos os casos, o espaço amostral é S={1, 2, 3, Probabilidade de eventos independentes
4, 5, 6} e, consequentemente, n(S)=6. No item a), para
o evento (resultado do lançamento ser igual a 5) há so- Eventos são independentes quando a ocorrência de
mente uma possibilidade. Portanto, E={5} e, n(E)=1. As- um não interfere na chance do outro ocorrer. Por exemplo,
sim, nesse caso, a probabilidade do resultado do lança- ao lançar um dado não viciado duas vezes consecutivas, o
mento ser igual a 5 é: resultado do primeiro lançamento não interfere em nada
o resultado do segundo lançamento. Assim, dois lança-
mentos de um mesmo dado são eventos independentes.
𝑛 𝐸 1
𝑃 𝐸 = = = 0,166 … = 16,67% Aqui tem origem o cálculo de probabilidades de even-
𝑛 𝑆 6 tos independentes e a regra para esse cálculo é conhecida
por “regra do produto”. Sejam dois eventos independen-
Já no item b), para o evento (resultado do lançamento tes A e B. A probabilidade da ocorrência de ambos é deno-
ser um número ímpar) há três possibilidades, E={1, 3, 5} tada por 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = e o𝑃 seu
𝐴 �cálculo
𝑃 𝐵 é dado por:
e, n(E)=3. Assim, nesse caso, a probabilidade do resulta-
do do lançamento ser igual a 5 é: 𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵

𝑛 𝐸 3
𝑃 𝐸 = = = 0,5 = 50% FIQUE ATENTO!
𝑛 𝑆 6 Geralmente utiliza-se essa regra quando no
enunciado há o conectivo “e”, quando se
deseja calcular a probabilidade de que am-
FIQUE ATENTO! bos os eventos ocorram.
A resposta de uma probabilidade pode ser
dada tanto na forma de uma fração ou de
uma porcentagem. A seguir um exemplo.
Considere um dado não viciado. Qual a probabilidade
de que, em dois lançamentos consecutivos, os dois nú-
Veja um outro exemplo. meros sejam pares?
Considere um baralho completo (52 cartas, 13 de
cada naipe – paus, espadas, ouros e copas). Desse bara- Solução
lho será sorteada uma carta qualquer. Calcule as seguin- O enunciado deseja calcular a probabilidade de que o
tes probabilidades: primeiro número seja par e o segundo, também (note o
destaque no conectivo “e”). Assim, são considerados os
a) probabilidade da carta sorteada ser o número 6 dois eventos:
Solução:
A: resultado do lançamento ser um número par
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

O espaço amostral corresponde a todas as cartas do B: resultado do lançamento ser um número par
baralho (não serão todas escritas aqui para não poluir o
texto). Ou seja, n(S)=52, que é o total de cartas do bara- Nesse caso, ambos os eventos são iguais então basta
lho. Já o evento (carta ser igual ao número 6), pode ter calcular a probabilidade de um deles para utilizar a re-
quatro possibilidades pois em um baralho completo há gra do produto. Vale destacar que não necessariamente
4 cartas de cada número ou letra, sendo uma de cada as probabilidades dos eventos independentes serão as
naipe,, n(E)=4. Logo, a probabilidade pedida é igual a: mesmas, afinal não é sempre que os eventos serão iguais.
Como já visto em exemplos anteriores, o espaço
𝑛 𝐸 4 1 amostral no lançamento de um dado é S={1, 2, 3, 4 ,5,
𝑃 𝐸 = = = 6} e n(S)=6. Já para o evento “resultado ser par”, tem-se
𝑛 𝑆 52 13 A={2, 4, 6} e, portanto, n(A)=3. Logo, a probabilidade da
ocorrência do evento A (e consequentemente do evento

19
𝑛 𝐴 3 1 Solução:
B) é igual a: 𝑃 𝐴 = 𝑛 𝑆 = 6 = 2 . Agora, aplica-se a re- Os eventos considerados são os seguintes:
gra do produto, para calcular a probabilidade de que am- A: carta ser um valete
bos os eventos ocorram: B: carta ser um ás
1 1 1
𝑃 𝐴∩𝐵 = 𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = = 0,25 = 25%
2 2 4 Nesse caso, os eventos não possuem elementos em
comum pois é impossível que a carta sorteada seja, ao
A seguir, um outro exemplo. mesmo tempo, um valete e um ás. Assim, na fórmula
Considere uma urna com 4 bolas verdes e 5 bolas apresentada acima, o último termo é nulo, 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = 0 .
amarelas. Uma pessoa irá retirar duas bolas dessa urna, Portanto a probabilidade pedida será, simplesmente:
sem reposição, ou seja, após retirada a bola não retorna
𝑃 𝐴 ∪ 𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃(𝐵)
para a urna. Calcule a probabilidade de, em um mesmo
sorteio, ambas as bolas sorteadas serem amarelas.
Em um baralho de 52 cartas (n(S)=52), há 4 valetes
Solução (n(A)=4) e 4 ases (n(B)=4). Assim, a probabilidade de
Problemas com sorteio de objetos são comuns. Aqui cada um dos eventos será igual a:
é sempre importante saber se há ou não reposição entre 𝑛𝐴 4 1
𝑃 𝐴 = 𝑛 𝑆 = 52 = 13 e 𝑃 𝐵 =
𝑛𝐵 4 1
= 52 = 13
um sorteio e outro pois isso afeta diretamente o cálcu- 𝑛𝑆
lo. Nesse caso não há reposição e, portanto, o espaço
amostral muda para cada evento. O exercício deseja sa- Portanto, a probabilidade1pedida
1 será
2 igual a:
ber a probabilidade de que a primeira bola seja amarela 𝑃 𝐴∪𝐵 = + =
e a segunda, também. Para o primeiro sorteio, há 9 bolas 13 13 13
na urna e, portanto, n(S)=9. O total de bolas amarelas é
igual a 5. Logo, a probabilidade de, no primeiro
𝑛 𝐴
sorteio,
5
a Agora, um outro exemplo.
bola sorteada ser amarela é igual a 𝑃 𝐴 = = . Para Considere um baralho completo. Qual é a probabili-
𝑛 𝑆 9
o segundo sorteio, como não há reposição, há 8 bolas dade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um rei ou
na urna sendo 4 delas amarelas. Assim, o espaço amos- uma carta de espada?
tral desse evento é igual a n(S)=8 e o total de possibili- Os eventos considerados são os seguintes:
dades para o evento é igual a n(B)=4. A probabilidade A: carta ser um rei
de uma bola sorteada no segundo sorteio ser amarela é: B: carta ser de espadas
𝑃 𝐵 = ..
4
8
Analogamente ao exemplo anterior, em um baralho
Assim, a probabilidade de que ambas as bolas sortea- de 52 cartas (n(S)=52), há 4 reis (n(A)=4) e 13 cartas de
das sejam amarelas é igual a: espadas (n(B)=13). Assim, a probabilidade de cada um
5 4 20 5
𝑃 𝐴∩𝐵 =𝑃 𝐴 �𝑃 𝐵 = � = = dos eventos será igual a:
9 8 72 18 𝑛 𝐴 4 1 𝑛 𝐵 13 1
𝑃 𝐴 =𝑛 = 52 = 13 e 𝑃 𝐵 = = 52 = 4
𝑆 𝑛 𝑆
PROBABILIDADE COM UNIÃO E INTERSECÇÃO DE
EVENTOS Mas nesse caso, os eventos têm um elemento em co-
mum pois, ao sortear uma carta é possível que ela seja ao
Nesse caso, serão considerados dois eventos e de mesmo tempo um rei de espadas e, portanto, pertence
um mesmo espaço amostral . É possível que entre es- aos dois eventos simultaneamente. Nesse caso, o tercei-
ses eventos haja algum elemento em comum ou não. A ro termo da expressão para o cálculo da probabilidade
probabilidade de ocorrer a união desses dois eventos é com união de eventos, não é nulo e deve ser calculado.
calculada por: Nesse caso, como há somente um rei de espadas em 52
cartas, a probabilidade da ocorrência simultânea entre os
𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 + 𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵
eventos A e B é igual a 𝑃 𝐴 ∩ 𝐵 = 1 . Assim, a probabili-
dade de carta sorteada ser um rei ou uma carta de espa-
52

das é igual a:
FIQUE ATENTO!
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

Geralmente utiliza-se essa regra quando no 1 1 1 16 4


enunciado há o conectivo “ou”, quando de- 𝑃 𝐴∪𝐵 = 𝑃 𝐴 +𝑃 𝐵 −𝑃 𝐴∩𝐵 = + − =
13 4 52 52 13
=
seja-se calcular a probabilidade de ocorra
um evento ou o outro. PROBABILIDADE CONDICIONAL

Entende-se por probabilidade condicional a probabi-


A seguir um exemplo. lidade da ocorrência de um evento, sabendo-se que um
Considere um baralho completo. Qual é a probabili- outro evento dependente já ocorreu. Sejam os eventos
dade de, ao sortear uma carta, essa carta ser um valete A e B, a probabilidade do evento A ocorrer sabendo-se
ou um ás? da ocorrência de B é denotada por P(A|B) e lê-se “proba-
bilidade de A dado B”. O cálculo dessa probabilidade é
dado por:

20
𝑃 𝐴∩𝐵
𝑃 𝐴⁄𝐵 =
𝑃 𝐵 EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (AL-RO – ASSISTENTE LEGISLATIVO – FGV, 2018).


Um problema que envolve o cálculo de uma proba-
Em uma caixa há 4 cartões amarelos e 6 cartões verme-
bilidade condicional pode ser resolvido com o auxílio do
lhos. Foram retirados, aleatoriamente, 2 cartões da caixa.
Diagrama de Venn. A seguir, um exemplo:
A probabilidade de os dois cartões retirados serem ver-
Em uma equipe, todos são formados em administra-
melhos é de
ção, porém cada um tem uma especialização diferente.
Dos 20 membros da equipe, 12 possuem especialização
a) 1/2
em marketing, 8 possuem especialização em finanças e 2
b) 1/3
possuem ambas as especializações. Calcule a probabili-
c) 1/4
dade de um membro da equipe que possui a especializa-
d) 1/5
ção em finanças também possuir em marketing.
e) 1/6
Solução:
Resposta: Letra B. Os sorteios, de cada um dos car-
É um problema de probabilidade condicional pois de-
tões, são eventos independentes. Como não haverá
seja-se saber a probabilidade de um membro da equipe
reposição, após o sorteio do primeiro cartão vermelho
possuir a especialização em marketing sabendo que ele
restarão 5 cartões na caixa. A probabilidade pedida é
possui especialização em finanças. Para auxiliar, monta- 6 5 30 1
igual a 𝑃 = 10 � 9 = 90 = 3.
-se o diagrama de Venn do problema:
2. (UPE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IAUPE,
2017). Uma loja pretende dar um brinde aos dois primei-
ros clientes do dia. Qual a probabilidade de esses clientes
serem do mesmo sexo?

a) 25%
b) 5%
c) 100%
d) 20%
Sejam os eventos e) 50%
A: ter especialização em marketing
B: ter especialização em finanças Resposta: Letra E. Há duas possibilidades nesse caso:
ou ambas as clientes são mulheres ou ambos são
A probabilidade de que um membro possua ambas a homens. A probabilidade de um cliente ser homem
especializações é dada por: ou mulher é de 50%, ou .Assim, a probabilidade de
2 1 1 1 1
𝑃 𝐴∩𝐵 = = ambas serem mulheres é 𝑃 = 2 � 2 = 4 , que é a mes-
20 10 / ma probabilidade de ambos serem homens. Como
não é possível que um cliente seja homem e mulher
A probabilidade de que ele tenha especialização em ao mesmo tempo, a probabilidade pedida é igual a
finanças é igual a 𝑃 = 𝑃 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑛𝑠 + 𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 .→ 𝑃 = + = = → 𝑃 = 0,5
1 1 2 1
4 4 4 2

8 2 1 1 2 1
𝑃 𝐵 = 𝑃 ==𝑃 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑛𝑠 + 𝑃 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 → 𝑃 = 4 + 4 = 4 = 2 → 𝑃 = 0,5 = 50%.
20 5
3. (CÂMARA DE CURRAIS NOVOS – AGENTE – COM-
Assim, a probabilidade de um membro ter especiali- PERVE, 2017). Em uma pesquisa realizada com 1.100
zação em marketing sabendo que ele possui especializa- moradores da cidade de Currais Novos, identificou-se
ção em finanças é dada por: que 650 consomem queijo manteiga e 600 consomem
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

queijo coalho. Sabendo que nesse grupo de moradores


𝑃 𝐴∩𝐵 1⁄10 1 5 5 1 existem aqueles que consomem os dois tipos de quei-
𝑃 𝐴⁄𝐵 = = = � = = jos e que todos os pesquisados consomem pelo menos
𝑃 𝐵 2⁄5 10 2 20 4
um dos tipos, ao se escolher aleatoriamente um morador
que gosta de queijo manteiga, a probabilidade de que
ele também consuma queijo coalho é de

a) 3/22
b) 3/13
c) 3/10
d) 3/25

21
Resposta: Letra B. Trata-se de um problema de pro-
babilidade condicional pois deseja-se saber a proba- ARITMÉTICA
bilidade de um morador consumir queijo de coalho
sabendo-se que ele gosta de queijo manteiga. O
diagrama de Venn do problema é o seguinte (não é
Definição
conhecida a quantidade de moradores que consome
ambos os queijos): As progressões aritméticas, conhecidas com “PA”, são
sequências de números, que seguem um determinado
padrão. Este padrão caracteriza-se pelo termo seguinte
da sequência ser o termo anterior adicionado de um va-
lor fixo, que chamaremos de constante da PA, represen-
tado pela letra “r”.
Os exemplos a seguir ilustrarão a definição acima:
a) S={1,2,3,4,5…} : Esta sequência é caracterizada por
sempre somar o valor 1 no termo seguinte, ou seja,
Como há 1100 moradores: trata-se de uma PA com razão . Se r>0, classificare-
mos com PA crescente.
650 − 𝑥 + 𝑥 + 600 − 𝑥 = 1100 → 1250 − 𝑥 = 1100 → 𝑥 = 150
b) S={13,11,9,7,5…} : Também podemos ter sequên-
𝑥 + 𝑥 + 600 − 𝑥 = 1100 → 1250 − 𝑥 = 1100 → 𝑥 = 150 cias onde ao invés de somar, estaremos subtrain-
do um valor fixo. Neste exemplo, o termo seguinte
Atualizando o diagrama de Venn: é o termo anterior subtraído 2, assim, trata-se de
uma PA com razão . Se r<0, classificaremos com PA
decrescente.
c) S={4,4,4,4,4…} : Além disso, podemos ter uma sequ-
ência de valores constantes, nesse caso, é como se
estivéssemos somando 0 ao termos. Assim, se r=0,
classificaremos com PA constante.

Termo Geral
Dado esta lógica de formação das progressões arit-
méticas, pode-se definir o que chamamos de “expressão
Assim, considerando os 650 moradores que conso-
do termo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática
mem queijo manteiga, desses 650, nota-se que 150 tam-
que relaciona dois termos de uma PA com a razão r:
bém consomem queijo de coalho. A probabilidade pedi-
da é, então igual a: 𝑃 = 150 = 3 . . an = ap + n − p � r , com n ∈ ℕ∗
650 13

Onde an e ap são termos quaisquer da PA. Essa ex-


pressão geral pode ser utilizada de 2 formas:
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
trar outro termo.

Ex: O primeiro termo da PA igual a 7 e a razão é 3,


qual é o quinto termo?
Temos então a1 = 7 e r = 3 e queremos achar a5.
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p =
1 e n = 5. Assim:

an = ap + n − p � r
a5 = a1 + 5 − 1 � r
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

a5 = 7 + 4 � 3
a5 = 19
Ou seja, o quinto termo desta PA é 19.

b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter


a razão da PA.
Ex: O terceiro termo da PA é 2 e o sexto é -1, qual será
a razão da PA?
Temos então a3 = 2 e a6 = −1 e queremos achar r.
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p =
3 e n = 6. Assim:

22
P2: Termos equidistantes dos Extremos. Numa sequên-
an = ap + n − p � r cia finita, dizemos que dois termos são equidistantes dos
a6 = a3 + 6 − 3 � r extremos se a quantidade de termos que precederem o
primeiro deles for igual à quantidade de termos que su-
−1 = 2 + 3 � r cederem ao outro termo. Assim, na sucessão:
3r = −3
r = −1 (a1 , a2 , a3, a4 , . . . , ap , . . . , ak , . . . , an 3 , an 2 , an 1 , an ),
− − −

Ou seja, a razão desta PA é -1. Temos:

Soma dos termos a2 e an 1 são termos equidistantes dos extremos;


Outro ponto importante de uma progressão arit- −
a3 e an 2 são termos equidistantes dos extremos;
mética é a soma dos termos. Considerando uma PA −
que queremos saber a soma dos 5 primeiros termos: a4 e an 3 são termos equidistantes dos extremos.

S={2,4,6,8,10…}. Como são poucos termos e sabemos to-
dos eles, podemos simplesmente somá-los: 2+4+6+8+10
Nota-se que sempre que dois termos são equidistan-
= 30. Agora, considere que você saiba apenas o primei-
tes dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao valor
ro e o quinto termo, ou seja: a1 = 2 e a5 = 10 e .
de n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que, se os
Como você calcularia a soma dos 5 termos?
termos e são equidistantes dos extremos, então:
O jeito que você aprendeu até agora seria obter os
outros termos e a razão a partir da expressão do termo
geral, porém você teria que fazer muitas contas para che- p + k = n+1
gar ao resultado, gastando tempo. Como a PA segue um
padrão, foi possível deduzir uma expressão que dependa
apenas do primeiro termo e ado +último: FIQUE ATENTO!
1 a �nn
Sn = Com as considerações anteriores, temos que
2 numa PA com termos, a soma de dois ter-
mos equidistantes dos extremos é constante
Assim, com , a1 = 2, a5 = 10 e n = 5 , podemos e igual a soma do primeiro termo com o úl-
calcular a soma: timo termo.

2 + 10 � 5 12 � 5 60 Ex: Sejam, numa PA de termos, ap e ak termos


Sn = = = = 30
2 2 2
Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA equidistantes dos extremos, teremos, então:
para acharmos a soma.
Propriedades ap = a1 + (p – 1) � r ⇒ ap = a1 + p � r – r
As progressões aritméticas possuem algumas pro- ak = a1 + (k – 1) � r ⇒ ak = a1 + k � r – r
priedades interessantes que podem ser exploradas em
provas de concursos:
P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo Somando as expressões:
médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa
propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos ap + ak = a1 + p � r – r + a1 + k � r – r
considerar três termos consecutivos de uma PA sendo ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) � r
an−1, an e an+1 .Podemos afirmar a partir da fórmula
do termo geral que: Considerando que p + k = n + 1 , ficamos com:
an = an−1 + r
an = an+1 – r ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) � r
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

Somando as duas expressões:


ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) � r
ap + ak = a1 + an
2an = an−1 + r + an +1 − r
2an = an−1 + an + 1 EXERCÍCIOS COMENTADOS
O que leva a: 1. Em relação à progressão aritmética (10, 17, 24, …),
determine:
an−1 + an + 1
an = a) o termo geral dessa PA;
2
b) o seu 15° termo;

23
Resposta:
a) Para encontrar o termo geral da progressão aritmé-
tica, devemos, primeiramente, determinar a razão r: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E
r = a2 – a1 GRÁFICOS
r = 17 – 10
r=7
A razão é 7, e o primeiro termo da progressão (a1) é 10.
Através da fórmula do termo geral da PA, temos: ESTATÍSTICA

an = a1 + (n – 1). r Definições Básicas


an = 10 + (n – 1). 7
Estatística: ciência que tem como objetivo auxiliar na
Portanto, o termo geral da progressão é dado por an = tomada de decisões por meio da obtenção, análise, orga-
10 + (n – 1). 7. nização e interpretação de dados.

b) Como já encontramos a fórmula do termo geral, População: conjunto de entidades (pessoas, obje-
vamos utilizá-la para encontrar o 15° termo. Tendo em tos, cidades, países, classes de trabalhadores, etc.) que
vista que n = 15, temos então: apresentem no mínimo uma característica em comum.
an = 10 + (n – 1). 7 Exemplos: pessoas de uma determinada cidade, preços
a15 = 10 + (15 – 1). 7 de um produto, médicos de um hospital, estudantes que
a15 = 10 + 14 . 7 prestam determinado concurso, etc.
a15 = 10 + 98 Amostra: É uma parte da população que será objeto
a15 = 108 do estudo. Como em muitos casos não é possível estudar
a população inteira, estuda-se uma amostra de tamanho
O 15° termo da progressão é 108. significativo (há métodos para determinar isso) que re-
trate o comportamento da população. Exemplo: pesquisa
2. (CONED-2016) Em uma PA com 12 termos, a soma de intenção de votos de uma eleição. Algumas pessoas
dos três primeiros é 12 e a soma dos dois últimos é 65. A são entrevistadas e a pesquisa retrata a intenção de vo-
razão dessa PA é um número: tos da população.

a) Múltiplo de 5 Variável: é o dado a ser analisado. Aqui, será chama-


b) Primo do de e cada valor desse dado será chamado de . Essa
c) Com 3 divisores positivos variável pode ser quantitativa (assume valores) ou quali-
d) Igual a média geométrica entre 9 e 4 tativa (assume características ou propriedades).
e) Igual a 4!
Medidas de tendência central
Resposta: Letra B. Aplicando a fórmula do termo ge-
ral nas duas considerações do enunciado, chega-se a São medidas que auxiliam na análise e interpretação
razão igual a 3, que é um número primo de dados para a tomada de decisões. As três medidas de
tendência central são:

Média aritmética simples: razão entre a soma de to-


dos os valores de uma mostra ∑x
e o número de elementos
i
da amostra. Expressa por x
� .=
Calculada por:
n
∑xi
x� =
n
Média aritmética ponderada: muito parecida com
média aritmética simples, porém aqui cada variável tem
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

um peso diferente pi que é levado em conta no cálculo


da média.
∑xi pi
x� =
∑pi

Mediana: valor que divide a amostra na metade. Em


caso de número para de elementos, a mediana é a média
entre os elementos intermediários

Moda: valor que aparece mais vezes dentro de uma


amostra.

24
Ex: Dada a amostra {1,3,1,2,5,7,8,7,6,5,4,1,3,2} calcule a Ex:
média, a mediana e a moda. Tabela 1 - Número de estudantes da Universidade
Solução ALFA divididos por curso
Média:
Número de
1 + 3 + 1 + 2 + 5 + 7 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 1 + 3 + 2 55 Curso
x� =
14
=
14
= 3,92 Estudantes
Mediana: Administração 2000
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente: Arquitetura 1450
{1,1,1,2,2,3,3,4,5,5,6,7,7,8}
Direito 2500
Como a amostra tem 14 valores (número par), os ele- Economia 1800
mentos intermediários são os 7º e 8º elementos. Nesse Enfermagem 800
exemplo, são os números 3 e 4. Portanto, a mediana é a
Engenharia 3500
média entre eles: 3+4 = 7 = 3,5
2 2 Letras 750
Moda: Medicina 1500
O número que aparece mais vezes é o número 1 e,
Psicologia 1000
portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: Dada a amostra {2,4,8,10,15,6,9,11,7,4,15,15,11,6,1 TOTAL 15300
0} calcule a média, a mediana e a moda.
Nesse caso, as colunas são: curso e número de estu-
Solução: dantes e cada linha corresponde a um dos cursos da Uni-
versidade com o respectivo número de alunos de cada
Média: curso.

2 + 4 + 8 + 10 + 15 + 6 + 9 + 11 + 7 + 4 + 15 + 15 + 11 + 6 + 10 133 Tabela 2 - Número de estudantes da Universidade


x� = = = 8,867 ALFA divididos por curso e gênero
15 14

Mediana: Número de
Curso Gênero
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente Estudantes
{2,4,4,6,6,7,8,9,10,10,11,11,15,15,15} Homem 1200
Como a amostra tem 15 valores (número par), o ele- Administração
Mulher 800
mento intermediário é o 8º elemento. Logo, a mediana
é igual a 9. Homem 850
Arquitetura
Mulher 600
Moda: Homem 1600
O número que aparece mais vezes é o número 15 e, Direito
Mulher 900
portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: A média de uma disciplina é calculada por meio da Homem 800
Economia
média ponderada de três provas. A primeira tem peso 3, Mulher 1000
a segunda tem peso 4 e a terceira tem peso 5. Calcule a Homem 350
média de um aluno que obteve nota 8 na primeira prova, Enfermagem
Mulher 450
5 na segunda e 6 na terceira.
Homem 2500
Engenharia
Solução: Mulher 1000
Trata-se de um caso de média aritmética ponderada. Homem 200
Letras
∑xi pi 3 ∙ 8 + 4 ∙ 5 + 5 ∙ 6 74 Mulher 550
x� = = = = 6,167
∑pi 3+4+5 12 Homem 700
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

Medicina
Mulher 800
TABELAS E GRÁFICOS Homem 400
Psicologia
Tabelas Mulher 600
Tabelas podem ser utilizadas para expressar os mais TOTAL 15300
diversos tipos de dados. O mais importante é saber in-
terpretá-las e para isso é conveniente saber como uma Nesse caso, as colunas são: curso, gênero e número
tabela é estruturada. Toda tabela possui um título que de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos
indica sobre o que se trata a tabela. Toda tabela é divi- da Universidade com o respectivo número de alunos de
dida em linhas e colunas onde, no começo de uma linha cada curso separados por gênero.
ou de uma coluna, está indicado qual o tipo de dado que
aquela linha/coluna exibe.

25
#FicaDica Estudantes da Universidade ALFA
700
Acima foram exibidas duas tabelas como
exemplos. Há uma infinidade de tabelas 600

cada uma com sua particularidade o que 500


torna impossível exibir todos os tipos de 400
tabelas aqui. Porém em todas será necessá-
rio identificar linhas, colunas e o que cada
300

valor exibido representa. 200

100

0
Gráficos América do América do
Norte Sul
América
Central
Europa Ásia África Oceania

Para falar de gráficos em estatística é importante


apresentar o conceito de frequência. Gráficos de barras: gráficos bastante similares aos
de colunas, porém, nesse tipo de gráfico, na horizontal
Frequência: Quantifica a repetição de valores de uma são apresentados os valores referentes a cada grupo (da-
variável estatística. dos quantitativos) enquanto na vertical são apresentados
os grupos (dados qualitativos)
Tipos de frequência
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
Absoluta: mede a quantidade de repetições. todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade de
Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota pos- estudantes separados pelos seus continentes de origem:
sui freqüência absoluta:

fi = 4 Estudantes da Universidade ALFA

Relativa: Relaciona a quantidade de repetições com o Oceania


total (expresso em porcentagem) África
Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota pos-
sui freqüência relativa: Ásia

6 Europa
fr = ∙ 100 = 20%
30 América Central

América do Sul
TIPOS DE GRÁFICOS América do Norte

Gráficos de coluna: gráficos que têm como objetivo 0 100 200 300 400 500 600 700

atribuir quantidades a certos tipos de grupos. Na hori-


zontal são apresentados os grupos (dados qualitativos) Gráficos de linhas: gráficos nos quais são exibidas
dos quais deseja-se apresentar dados enquanto na verti- séries históricas de dados e mostram a evolução dessas
cal são apresentados os valores referentes a cada grupo séries ao longo do tempo.
(dados quantitativos ou frequências absolutas) Ex: A Universidade ALFA tem 10 anos de existências
e seu reitor apresentou um gráfico mostrando o número
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo de alunos da Universidade ao longo desses 10 anos.
todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade de
estudantes separados pelos seus continentes de origem:
Estudantes da Universidade ALFA ao longo de 10 anos
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

2500

2000

1500

1000

500

0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

26
Gráficos em pizzas: gráficos nos quais são expressas
relações entre grandezas em relação a um todo. Nesse
gráfico é possível visualizar a relação de proporcionalida- EXERCÍCIOS COMENTADOS
de entre as grandezas. Recebe esse nome pois lembram
uma pizza pelo formato redondo com seus pedaços (fre- 1. (SEGEP-MA - Técnico da Receita Estadual –
quências relativas). FCC/2016) Três funcionários do Serviço de Atendimento
ao Cliente de uma loja foram avaliados pelos clientes que
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo atribuíram uma nota (1; 2; 3; 4; 5) para o atendimento
todo. A seguir há um gráfico que mostra a distribuição de recebido. A tabela mostra as notas recebidas por esses
estudantes de acordo com seus continentes de origem funcionários em um determinado dia.

Estudantes da Universidade ALFA


30

150

260 630
Considerando a totalidade das 95 avaliações desse dia,
é correto afirmar que a média das notas dista da moda
440
dessas mesmas notas um valor absoluto, aproximada-
mente, igual a:
520
a) 0,33
150

b) 0,83
América do Norte América do Sul América Central Europa Ásia África Oceania c) 0,65
d) 0,16
Ex: Foi feito um levantamento do idioma falado pelos e) 0,21
alunos de um curso da Universidade ALFA.
Resposta: Letra C Trata-se de um caso de média arit-
Frequências absolutas: mética ponderada. Considerando as 95 avaliações, o
peso de cada uma das notas é igual ao total de pes-
soas que atribuiu a nota. Analisando a tabela
8 pessoas atribuíram nota 1
18 pessoas atribuíram nota 2
21 pessoas atribuíram nota 3
29 pessoas atribuíram nota 4
19 pessoas atribuíram nota 5
Assim, a média das 95 avaliações é calculada por:
8 ∙ 1 + 18 ∙ 2 + 21 ∙ 3 + 29 ∙ 4 + 19 ∙ 5 318
x� = = = 3,34
8 + 18 + 21 + 29 + 19 95

2. (UFC - 2016) A média aritmética das notas dos alunos


de uma turma formada por 25 meninas e 5 meninos é
igual a 7. Se a média aritmética das notas dos meninos
Frequências relativas: é igual a 6, a média aritmética das notas das meninas é
igual a:

a) 6,5
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

b) 7,2
c) 7,4
d) 7,8
e) 8,0

Resposta: Letra B. Primeiramente, será identificada a


soma das notas dos meninos por x e a da nota das
meninas por y. Se a turma tem 5 meninos e a média
aritmética de suas notas é igual a 6, então a soma das
notas dos meninos (x) dividida pela quantidade de
meninos (5) deve ser igual a 6, isto é:

27
x
= 6
5
HORA DE PRATICAR!
x = 6 ∙ 5
x = 30 1. (PREFEITURA DE SARZEDO-MG – TÉCNICO ADMI-
Do mesmo modo, se a turma tem 25 meninas NISTRATIVO – IBGP – 2018) Analise o trecho e assina-
(Me é a média aritmética de suas notas), o quociente le a alternativa que completa CORRETAMENTE a lacuna: 
da soma das notas das meninas (y) e a quantidade de “___________ são declarações às quais pode ser atribuído
meninas (25) deve ser igual a Me, isto é: ou valor verdadeiro ou valor falso.” 
(x + y)/(25+5) = 7
y = 25∙Me a) Proposições
Para calcular a média da turma, devemos somar as no- b) Conjunções
tas dos meninos (30) às notas das meninas (y) e dividir c) Permutações
pela quantidade de alunos (25 + 5 = 30). O resultado d) Afirmações
deverá ser 7. Sendo assim, temos:
2. (PREFEITURA DE SARZEDO-MG – TÉCNICO ADMI-
x + y NISTRATIVO – IBGP – 2018) Acerca das proposições,
= 7 analise. 
25 + 5
30 + 25 ∙ Me I. A árvore é vermelha. Pode-se dizer que essa afir-
= 7
30 mação ou é falsa ou é verdadeira. Portanto, trata-se de
uma proposição.
30 + 25 ∙ Me = 7 • 30 II. Bom dia! Trata-se de uma saudação. Não pode-
30 + 25 ∙ Me = 210 mos dizer que a frase é falsa, nem mesmo que é verda-
deira. Portanto, a frase não é uma proposição.
25 ∙ Me = 210 – 30 III. As informações das proposições possuem valor
lógico totalmente verdadeiro ou totalmente falso. Nunca
25 ∙ Me = 180 uma proposição será verdadeira e falsa ao mesmo tempo. 

Me = 7,2 Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s).


Portanto, a média aritmética das notas das meninas
é 7,2. a) I apenas
b) III apenas
c) I e II apenas
d) I, II, III

3. (EMATER-MG – ASSESSOR JURÍDICO – GESTÃO


CONCURSO – 2018) Avalie as afirmações a seguir a res-
peito das proposições e de seus valores lógicos.

I. A frase “2 + 3 > 7” é uma proposição verdadeira.


II. A frase “Josimar é alto e Cleiton é magro” é uma
proposição composta.
III. A frase “Belo Horizonte é a capital do estado de
São Paulo” é uma proposição.

Está correto apenas o que se afirma em:

a) I
b) II
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

c) I e II
d) II e III

4. (EMATER-MG – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –


GESTÃO CONCURSO – 2018) Das frases abaixo, a única
que representa uma proposição é:

a) Que frio!
b) Você foi a aula ontem?
c) Carlos é um menino alto.
d) Ele trabalhou durante todo o evento ontem.

28
1 A III. Toda estrela possui luz própria. Nenhum planeta do
sistema solar possui luz própria. Concluímos que nenhu-
2 D ma estrela é um planeta.
3 D
Considerando os argumentos I,II e III, é CORRETO afir-
4 C mar que:

a) apenas I é válido
5. (TRT 15° REGIÃO – ANALISTA – FCC – 2018) Consi- b) apenas I e III são válidos
dere os dois argumentos a seguir:  c) apenas II e III são válidos
d) I, II e III são válidos
I. Se Ana Maria nunca escreve petições, então ela não
sabe escrever petições. Ana Maria nunca escreve peti- 8. (STJ – TODOS OS CARGOS – CESPE – 2018) Conside-
ções. Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.  re as proposições P e Q a seguir.
II. Se Ana Maria não sabe escrever petições, então ela
nunca escreve petições. Ana Maria nunca escreve peti- P: Todo processo que tramita no tribunal A ou é enviado
ções. Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.  para tramitar no tribunal B ou no tribunal C. 
Comparando a validade formal dos dois argumentos e Q: Todo processo que tramita no tribunal C é enviado
a plausibilidade das primeiras premissas de cada um, é para tramitar no tribunal B.
correto concluir que
A partir dessas proposições, julgue o item seguinte.
a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, Se um processo for iniciado no tribunal A, então, com
mesmo que a primeira premissa de I seja mais plausí- certeza, ele tramitará no tribunal B.
vel que a de II.
b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis.
9. (PETROBRAS – ANALISTA – CESGRANRIO – 2018)
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito das
Considere o seguinte argumento, no qual a conclusão
primeiras premissas de ambos serem ou não plausíveis.
foi omitida:
d) o argumento I é inválido e o II é válido, pois a primeira
premissa de II é mais plausível que a de I. Premissa 1: 𝑝 → [(~𝑟) ˅ (~𝑠)]
e) o argumento I é válido e o II é inválido, mesmo que a Premissa 2: 𝑝 ˅ (~𝑞)] ˄ [𝑞 ˅ (~𝑝)
primeira premissa de II seja mais plausível que a de I. Premissa 3: 𝑟 ˄ 𝑠
Conclusão: XXXXXXXXXX
6. (PC-SP – ESCRIVÃO – VUNESP – 2018) De um argu-
mento válido, sabe-se que suas premissas são: Uma conclusão que torna o argumento acima válido é

I. Se a investigação é feita adequadamente e as provas a) ~(𝑝 ∨ 𝑞)


são consistentes, então é certo que o réu será condenado. b) (~𝑞) ∧ 𝑝
II. O réu não foi condenado. c) (~𝑝) ∧ 𝑞
d) 𝑝 ∧ 𝑞
Dessa forma, uma conclusão para esse argumento está e) 𝑝 ∨ 𝑞
contida na alternativa:
10. (UPE – ANALISTA – UPENET/IAUPE – 2017) Con-
a) A investigação não foi feita adequadamente e as pro- siderando que a declaração “Todo gato é pardo” seja
vas não foram consistentes. verdadeira, assinale a alternativa que corresponde a uma
b) A investigação foi feita adequadamente ou as provas argumentação CORRETA.
foram consistentes.
c) A investigação não foi feita adequadamente, mas as a) Azrael é pardo, portanto é gato.
provas foram consistentes. b) Frajola é pardo, portanto não é gato.
d) A investigação não foi feita adequadamente ou as c) Manda-Chuva não é pardo, portanto não é gato.
d) Garfield não é gato, portanto é pardo.
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

provas não foram consistentes.


e) A investigação foi feita adequadamente mas as provas e) Tom não é gato, portanto não é pardo.
não foram consistentes.
11. (IGP-SC – PERITO – IESES – 2017) Ou Nestor compra
uma casa ou sua esposa, Lívia, vai viajar. Se Lívia vai via-
7. (CEMIG – ANALISTA – FUMARC – 2018) Analise os
jar então seu filho Henrique compra um videogame. Se
seguintes argumentos: Henrique compra um videogame então seu irmão Celso
não trabalha. Ora, sabe-se que Celso trabalha. Logo:
I. Se estudasse todo o conteúdo, então seria aprovado
em Estatística. Fui reprovado em Estatística. Concluímos a) Nestor compra uma casa
que não estudei todo o conteúdo.II. Todo estudante gos- b) Nestor não compra uma casa
ta de Geometria. Nenhum atleta é estudante. Concluímos c) Nestor compra uma casa e Lívia vai viajar
que ninguém que goste de Geometria é atleta. d) Lívia vai viajar

29
12. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – UFES 15. (AL-RS – AGENTE LEGISLATIVO – FUNDATEC
– 2017) Em um determinado grupo de pessoas, – 2018) A tabela-verdade da fórmula é equivalente à
tabela-verdade da fórmula da alternativa:
• todas as pessoas que praticam futebol também prati-
cam natação, a) ¬𝑃 → (𝑄 ∨ 𝑅)
• algumas pessoas que praticam tênis também praticam b) 𝑃 ∨ (¬𝑄 ∨ ¬𝑅)
futebol, c) 𝑃 ∨ (𝑄 ∨ 𝑅)
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam d) 𝑃 → (¬𝑄 ∧ ¬𝑅)
natação. e) (𝑄 ∨ 𝑅) → 𝑃

É CORRETO afirmar que no grupo 16. (AL-RS – TÉCNICO LEGISLATIVO – FUNDATEC–


2018) A tabela-verdade da fórmula :
a) todas as pessoas que praticam natação também prati-
cam tênis. a) Só é falsa quando P e Q são falsos
b) todas as pessoas que praticam futebol também prati- b) É uma tautologia
cam tênis. c) É uma contradição
c) algumas pessoas que praticam natação não praticam d) Só é falsa quando P e Q são verdadeiros
futebol. e) Só é falsa quando P é verdadeiro e Q é falso
d) algumas pessoas que praticam natação não praticam
tênis. 17. (IGP-SC – PERITO CRIMINAL AMBIENTAL – IE-
e) algumas pessoas que praticam tênis não praticam SES– 2017) Indique a alternativa que representa uma
futebol. tautologia:
13. (PREFEITURA DE SALVADOR/BA – TÉCNICO NÍVEL a) Se Rafael é inteligente ou Fabricio é chato então Rafael
SUPERIOR – FGV – 2017) Carlos fez quatro afirmações
não é inteligente e Fabricio não é chato.
verdadeiras sobre algumas de suas atividades diárias:
b) Se Rafael é inteligente e Fabricio é chato então Rafael
é inteligente e Fabricio não é chato.
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
c) Se Rafael é inteligente ou Fabricio é chato então Rafael
▪ Almoço, ou vou à academia.
é inteligente e Fabricio é chato.
▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
d) Se Rafael é inteligente e Fabricio é chato então Rafael
▪ Visto bermuda, ou não vou à academia.
é inteligente ou Fabricio é chato.
Certo dia, Carlos vestiu uma calça pela manhã.

É correto concluir que Carlos: 18. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – IBFC– 2017) As
expressões E1: (𝑝 ∧ 𝑟) ∨ (~𝑝 ∧ 𝑟) e E2: (𝑞 ∨ 𝑠) ∧ (~𝑞 ∨ 𝑠)
a) almoçou e foi a academia são compostas pelas quatro proposições lógicas p, q, r e
b) foi ao restaurante e não foi à academia s. Os valores lógicos assumidos pela expressão 𝐸1 ∧ 𝐸2
c) não foi a academia e não almoçou são os mesmos valores lógicos da expressão:
d) almoçou e não foi ao restaurante
e) não foi a academia e não almoçou a) 𝑟 ∨ 𝑠
b) ~𝑟 ∧ ~𝑠
14. (PREFEITURA DE SALVADOR/BA – TÉCNICO NÍVEL c) ~𝑟 ∨ 𝑠
SUPERIOR – FGV – 2017) Sobre a lógica de argumenta- d) 𝑟 ∨ ~𝑠
ção, analise os três argumentos abaixo: e) 𝑟 ∧ 𝑠

I Um número natural é par ou ímpar. O número 10 é na- 19. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCI-
tural e não é ímpar. Logo, 10 é um número par. ÁRIA – CESPE– 2017) A partir das proposições simples P:
II Se Maria é irmã de Pedro, então Mônica é tia de Maria. “Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q:
Maria não é irmã de Pedro. Logo, Mônica não é tia de “As lojas do centro comercial Bom Preço estavam reali-
Maria. zando liquidação” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas
III Alguns Kox são inteligentes. Alguns inteligentes são do Bom Preço” é possível formar a proposição composta
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

bons em matemática. Logo, alguns Kox são bons em S: “Se Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço
matemática. e se as lojas desse centro estavam realizando liquidação,
então Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço
Após a análise dos argumentos acima, é correto afirmar ou Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”.
que:  Considerando todas as possibilidades de as proposições
P, Q e R serem verdadeiras (V) ou falsas (F), é possível
a) o argumento I não é válido e o II é válido construir a tabela-verdade da proposição S, que está ini-
b) os argumentos I e II são válidos, porém o argumento ciada na tabela mostrada a seguir.
III não é válido.
c) apenas os argumentos II e III não são válidos.
d) todos os argumentos são válidos
e) todos os argumentos não são válidos

30
P Q R S 23. (PREFEITURA DE TANGUÁ – FISCAL DE TRIBUTOS
– MS CONCURSOS– 2017) A tabela-verdade da propo-
sição (𝑝 → 𝑞) ∧ 𝑟 ↔ (𝑝 ∧ ~𝑟) possui:

a) 4 linhas
b) 8 linhas
c) 16 linhas
d) 32 linhas

24. (EBSERH – MÉDICO – IBFC– 2017) Sabe-se que p,


q e r são proposições compostas e o valor lógico das
proposições p e q são falsos. Nessas condições, o va-
lor lógico da proposição r na proposição composta
{[𝑞 ∨ (𝑞 ∧ ~𝑝)] ∨ 𝑟} cujo valor lógico é verdade, é:
Completando a tabela, se necessário, assinale a opção
que mostra, na ordem em que aparecem, os valores ló- a) falso
gicos na coluna correspondente à proposição S, de cima b) inconclusivo
para baixo. c) verdade e falso
d) depende do valor lógico de p
a) V; V; F; F; F; F; F; F; e) verdade
b) V; V; F; V; V; F; F; V;
c) V; V; F; V; F; F; F; V; 25. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA - FU-
d) V; V; V; V ;V; V; V; VEST, 2013). Em um aeroporto, 30 passageiros que de-
e) V; V; V; F; V; V; V; F sembarcaram de determinado voo e que estiveram nos
países A, B ou C, nos quais ocorre uma epidemia infec-
20. (IFB – PROFESSOR FILOSOFIA – IFB– 2017) Na era ciosa, foram selecionados para ser examinados. Consta-
digital um professor de filosofia contribui na formação tou-se que exatamente 25 dos passageiros selecionados
dos estudantes quando os ajuda a conhecer alguns prin- estiveram em A ou em B, nenhum desses 25 passageiros
cípios da lógica matemática. Assim sendo a proposição: esteve em C e 6 desses 25 passageiros estiveram em A
~𝑝 ∧ (𝑝 ∧ ~𝑞)   é uma: e em B.
a) Contingência Com referência a essa situação hipotética, julgue o item
b) Tautologia que segue.
c) Contradição
d) Indeterminação Se 2 dos 30 passageiros selecionados forem escolhidos
e) Inferência ao acaso, então a probabilidade de esses 2 passageiros
terem estado em 2 desses países é inferior a 1/30.
21. (MPE-PR – TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES – ESPP– 2013)
Se p e q são proposições e ~p e ~q suas respectivas ne- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
gações, então podemos dizer que (𝑝 → 𝑞 ) ↔ (~ 𝑞 ∨ 𝑝)
é uma:  26. (EPE – ANALISTA – CESGRANRIO, 2014). A proba-
bilidade de um indivíduo selecionado aleatoriamente em
a) Tautologia uma população apresentar problemas circulatórios é de
b) Contingência 25%. Sabe-se que indivíduos com problemas de circu-
c) Contradição lação apresentam o dobro da probabilidade de serem
d) Equivalência fumantes do que aqueles sem tais problemas. Se um in-
e) Implicação divíduo fumante é selecionado dessa população, qual a
probabilidade de ele apresentar problemas circulatórios?
22. (IF-CE – ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO – IF-
-CE– 2017) Em comparação com o total de valorações a) 2/5
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

possíveis para as proposições P, Q, R e S, as que fazem b) 1/4


a fórmula 𝑃 → 𝑄) ∨ (𝑅 ∧ ¬𝑆 ser falsa representam  c) 1/3
d) 1/2
a) três dezesseis avos e) 2/3
b) cinco oitavos
c) três quartos
d) sete dezesseis avos
e) três oitavos

31
27. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – 32. (UPE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IAUPE,
CESGRANRIO, 2018). Para montar uma fração, deve-se 2017) Uma loja pretende dar um brinde aos dois primei-
escolher, aleatoriamente, o numerador no conjunto N = ros clientes do dia. Qual a probabilidade de esses clientes
{1, 3, 7, 10} e o denominador no conjunto D = {2, 5, 6, 35}. serem do mesmo sexo?

Qual a probabilidade de que essa fração represente um a) 25%


número menor do que 1(um)? b) 5%
c) 100%
a) 50% d) 20%
b) 56,25% e) 50%
c) 25%
d) 75% 33. (AL/MA– TÉCNICO DE GESTÃO – FGV, 2013). Em
e) 87,5%
um escritório de advocacia há cinco advogados recente-
mente contratados e, entre eles há um casal. Três deles
28. (IPERON/RO – ANALISTA – IBADE, 2017). Um time
serão selecionados por sorteio para trabalhar no fim de
de futebol de salão dos analistas do IPERON joga sema-
nalmente. A probabilidade desse time vencer todas as semana seguinte. A probabilidade de que o casal não es-
vezes que joga é de 60%. Se disputar quatro partidas no teja trabalhando junto nesse fim de semana é de
mês de novembro de 2017, a probabilidade de vencer
pelo menos um dos jogos é: a) 40%
b) 50%
a) 2,56% c) 60%
b) 64,80% d) 70%
c) 48,72% e) 80%
d) 12,96%
e) 97,44% 34. (UPE – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – IAU-
PE, 2017). Qual a probabilidade de, lançado um dado
29. (CFF – ANALISTA DE SISTEMA – INAZ, 2017). Numa honesto três vezes, obter-se o número 6 em todos os
escola, 400 alunos foram classificados segundo gênero e lançamentos?
disciplinas preferidas, conforme a tabela abaixo:
a) 1/6
b) 1/3
c) 1/216
Um aluno é escolhido ao acaso. Qual a probabilidade de d) 1/36
que este aluno seja um homem que prefere Português? e) 1/108
a) 1/4
b) 1/8
c) 1/50
d) 5/15
e) 5/18
35. (FCC-2016) Na sequência 2-1 ;3-1 ;4-1 ;5-1 ;..., que é
ilimitada e segue um padrão, a diferença entre o 8º ter-
30. (SEPOG/RO – ANALISTA EM TI – FGV, 2017). Para
mo e o 11º termo é igual a
uma premiação, dois funcionários de uma empresa serão
sorteados aleatoriamente entre quatro candidatos: dois
do departamento A e dois do departamento B. A proba- a) 3-1
bilidade de os dois funcionários sorteados pertencerem b) 1/3
ao mesmo departamento é: c) 1/9
d) 1/36
a) 1/2 e) 12-1
b) 1/3
c) 1/4 36. (Pref. Piracicaba-SP – Professor – RBO/2017) Ob-
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

d) 1/6 serve a sequência abaixo:


e) 3/4
Seguindo um padrão lógico, o número que representa
31. (TRT 2ª REGIÃO – DIVERSOS CARGOS – CESPE, Xé
2017). Se, na presente prova, em que cada questão tem
quatro opções de resposta, um candidato escolher ao a) 16.
acaso uma única resposta para cada uma das quatro b) 15.
primeiras questões, então a probabilidade de ele acertar c) 14.
exatamente duas questões será igual a: d) 13.
e) 12.
a) 1/2     b) 9/16
c) 27/128    d) 9/256

32
37. (FUNPAPA – Assistente Adminitração – 42. (PREF. MARICÁ – ORIENTADOR – COSEAC, 2018).
AOCP/2018) Dada a sequência 1, 4, 9, 16, x, 36, 49, y. Um grupo de 500 estudantes participa de uma pesquisa.
Sabendo que existe uma lógica matemática para a for- Sabe-se que desses estudantes, 200 estudam Física, 240
mação dessa sequência, e que x e y são elementos per- estudam Matemática, 80 estudam Matemática e Física.
tencentes a mesma, exatamente nessa ordem, qual é o Se um desses estudantes for sorteado, a probabilidade
valor da razão entre y e x? de que ele não estude Matemática e nem Física é:

a) 1 a) 14%
b) 1,25 b) 28%
c) 1,6 c) 36%
d) 2,56 d) 45%
e) 2,32 e) 50%
38. (TRT-14a Região-(RO e AC) – Analista Judiciário
43. (TJSP – CONTADOR JUDICIÁRIO – VUNESP, 2019)
– FCC/2016) Observe os sete primeiros termos de uma
Considere que haja elementos em todas as seções e in-
sequência numérica: 7, 13, 25, 49, 97, 193, 385, ... . Man-
tido o mesmo padrão da sequência e admitindo-se que terseções do diagrama.
o 100o termo seja igual a x, então o 99o termo dela será
igual a
x
a) +1
2
x
b) − 1
2
c) x − 1
2
x+1
d)
2
e) 2x − 1
4

9 13
39. O termo geral da sequência numérica 5, , , … , an
2 3
é: A partir dessas informações, é correto afirmar que
a) qualquer elemento de C, que não é elemento de B, é
a) 4n também elemento de A ou de D.
2𝑛 + 1 b) todos os elementos de D, que não são elementos ape-
b) 𝑛2 nas de D, são também elementos de A e de B e de C.
4𝑛 + 1 c) qualquer elemento que pertença a três desses conjun-
c) tos pertence ao conjunto B.
𝑛
d) dentre os elementos que pertencem a dois, e apenas
d) n2
dois conjuntos, não há elemento de C que também
seja elemento de A.
40. O termo geral da sequência numérica 3, 4 , 9 , … , an é:
5 7
e) todo elemento de A, que não é elemento de B e não
a) 4n é elemento de D, é também elemento de C ou apenas
elemento de A.
2𝑛 + 1
b) 𝑛2
4𝑛 + 1
c)
𝑛
d) n2
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

41. (PREF. IVAPORÃ – AGENTE ADMINISTRATIVO


– FAU, 2017). Se considerarmos os nomes RAFAELA e
MATHEUS como sendo um conjunto de letras cada um
dos nomes. A intersecção entre estes conjuntos resulta
no conjunto formado pelas letras:

a) {M,T,H,U,S}
b) {R,A,F,E,L,M,T,H,U,S}
c) {A,E}
d) {R,F,L}
e) Conjunto vazio

33
44. (TJSP – ENFERMEIRO JUDICIÁRIO – VUNESP, 47. (IF/ES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF/
2019).Considere o diagrama de conjuntos. ES, 2019). Um shopping realizou uma pesquisa sobre a
preferência do público quanto à premiação para quem
realizar compras de final de ano nas lojas parceiras. Nes-
sa pesquisa, foram entrevistadas 250 pessoas, entre ho-
mens e mulheres, escolhidas aleatoriamente. Desse gru-
po, 100 eram mulheres e dessas, 40 não preferem carro
como premiação. Se o total de pessoas pesquisadas que
têm preferência por carro foi de 170 pessoas, o número
de homens que não têm preferência por carro como pre-
miação de final de ano é igual a:

O total de elementos do conjunto A é 37. O total de ele- a) 150


mentos do conjunto C é 37. Sabendo que há elementos b) 110
em todas as seções e interseções e que x é o dobro de w, c) 60
o menor número de elementos possível para o conjunto d) 40
B é igual a: e) 20

a) 30 48. (PREFEITURA SÃO JOSÉ DO CERRITO – ASSISTEN-


b) 26 TE SOCIAL – IESES, 2017). Sabe-se que 20% dos leitores
c) 28 de uma cidade assinam o Jornal A, 39% assinam o Jornal
d) 32 B e 8% assinam ambos os jornais (A e B). Sabe-se que o
e) 34 restante dos leitores assina exclusivamente o Jornal C, ou
seja, não assinam os Jornais A ou B. Qual é o percentual
45. (TJSP – CONTADOR JUDICIÁRIO – VUNESP, 2019). de leitores que assina o Jornal C?
São três os conjuntos. A totalidade de elementos que es-
tão nesses três conjuntos é 42. A totalidade de elementos a) 43
que estão em dois, e apenas dois desses conjuntos, é 42. b) 61
A totalidade de elementos que estão em um, e apenas c) 33
um desses conjuntos é 42. Sabendo que em todas as se- d) 49
ções e interseções desses três conjuntos há pelo menos
um elemento, e que não há seção e nem mesmo inter- 49. (MPE/GO – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MPE/
seção com um mesmo número de elementos, então o GO, 2019). Uma pesquisa realizada entre os 80 forman-
maior número possível para o total de elementos de um dos de uma turma de Direito, constatou que 20 deles
desses três conjuntos é: cursaram a matéria optativa de Criminalística; 30 fre-
quentaram a de Medicina Legal e 15 estudaram tanto
a) 132 Criminalística quanto Medicina Legal. Quantos alunos
b) 120 não fizeram nenhuma das duas matérias?
c) 110
d) 124 a) 30
e) 118 b) 40
c) 45
46. (SAEE/BA – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – PLA- d) 50
NEJAR, 2016). Em uma pesquisa sobre consumo de be- e) 60
bidas de café e de chocolate de uma determinada cidade
do interior do Paraná, foram entrevistados 480 habitan- 50. (UFMS – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – FA-
tes. Sabendo que 280 entrevistados consomem café e PEC, 2019). Dados os conjuntos A = {a, b, c, d, e} e B =
240 consumem chocolate, e que TODOS os entrevistados {a, e, i, o, u}, o conjunto C formado pelos elementos de
consomem algum dos dois tipos de bebida, a quantidade A ou B é
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

de habitantes que consome os dois produtos é:


a) C={a,e}
a) 80 habitantes b) C={b,c,d}
b) 60 habitantes c) C={i,o,u}
c) 40 habitantes d) C={b,c,d,i,o,u}
d) 20 habitantes e) C={a,b,c,d,e,i,o,u}
e) 100 habitantes

34
41 C
GABARITO 42 B
43 E
44 A
1 A
45 B
2 D
46 C
3 D
47 D
4 C
48 D
5 E
49 C
6 D
50 E
7 B
8 CERTO
9 A
10 C
11 A
12 E
13 B
14 C
15 D
16 A
17 D
18 E
19 D
20 C
21 B
22 A
23 B
24 E
25 ERRADO
26 A
27 B
28 E
29 E
30 B
31 C
32 E
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

33 D
34 C
35 D
36 D
37 C
38 D
39 C
40 B

35
ANOTAÇÕES

______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

36
ÍNDICE

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Código de Ética do IBGE......................................................................................................................................................................................... 01


Lei nº 8.112/1990 e suas alterações (art. 116, incisos I a IV, inciso V, alíneas a e c, incisos VI a XII e parágrafo único;
art. 117, incisos I a VI e IX a XIX; art. 118 a art. 126; art. 127, incisos I a III; art. 132, incisos I a VII, e IX a XIII; art. 136 a
art. 141; art. 142, incisos I, primeira parte, II e III, e §1º a §4º).................................................................................................................. 04
o agente público para a ética. O Regimento também es-
tabelece, não obstante, o rito processual pelo qual se
CÓDIGO DE ÉTICA DO IBGE orienta a Comissão quando provocada por denúncia
ou, ainda, ex officio, nos Processos de Apuração Ética,
e segue de maneira estrita a Resolução nº 10/2008 da
Comissão de Ética Pública, vinculada à Presidência da
APRESENTAÇÃO
República.
A Comissão de Ética do IBGE está à disposição de to-
Todo trabalho realizado no IBGE, seja ele de natu-
dos no e-mail etica@ibge.gov.br.
reza finalística, seja ele de natureza administrativa, está
Vinicius Duarte Figueira Presidente da Comissão de
pautado pela competência e pela excelência técnica ad-
Ética do IBGE
quiridas ao longo desses quase 80 anos em que vimos
servindo aos cidadãos brasileiros, sem qualquer espécie
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR
de discriminação.
PÚBLICO DO IBGE
Considero importante que os princípios éticos sejam
mais conhecidos por todos os servidores para orientar
CAPÍTULO I
suas condutas no trabalho diário. Foi com essa ideia em
SEÇÃO I
mente que reconstituímos, em 2013, a Comissão de Éti-
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
ca do IBGE, a qual vem agora apresentar-nos importante
documento: o Código de Ética do IBGE.
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia, a eficiência
Tenho a convicção de que todo servidor do IBGE con-
e a consciência dos princípios morais são primados
tribui sobremaneira para que diariamente cumpramos
maiores que devem nortear o servidor público do
nossa missão institucional, de todos bem conhecida. A
IBGE, seja no exercício do cargo ou função, ou fora
expectativa da Direção do IBGE é a de que nossa missão,
dele, já que refletirá o exercício da vocação do pró-
no que diz respeito ao ambiente de trabalho profissional,
prio poder estatal.
seja agora aperfeiçoada pela presença ainda mais intensa
da ética em todos os setores da Casa.
Seus atos, comportamentos e atitudes serão dire-
Agradeço, por fim, a todos os servidores a seriedade
cionados para a preservação da honra e da tradição do
e a extremada dedicação com que realizam seu trabalho.
serviço público, como um todo, e, em especial, das pes-
São vocês que fazem do IBGE uma das instituições mais
quisas estatísticas e geocientíficas oficiais, cujas fontes de
respeitadas do País.
dados escolhidas devem contemplar a qualidade, a opor-
Wasmália Bivar
tunidade, os custos e o ônus para os cidadãos.
Presidenta do IBGE
II - O servidor público não poderá jamais desprezar
INTRODUÇÃO
o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá
que decidir somente entre o legal e o ilegal, o jus-
Na Administração Pública brasileira, a ética tem assu-
to e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o
mido relevante papel. O IBGE, como não poderia deixar
oportuno e o inoportuno, mas principalmente en-
de ser, vem fomentando e instigando a disseminação da-
tre o honesto e o desonesto, consoante as regras
quilo que se entende por ética no âmbito administrativo
contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
federal. Para tanto, a Presidência da Casa, entre outras
Federal. Por se integrar à condição de servidor do
medidas, delegou à Comissão de Ética do IBGE a elabo-
IBGE, o elemento ético da conduta abrange, além
ração de dois documentos essenciais: o Código de Ética
dos primados maiores, a adoção dos melhores
Profissional do Servidor Público do IBGE, que ora apre-
princípios, métodos e práticas, de acordo com con-
sentamos nesta singela publicação em papel, e o Regi-
siderações estritamente profissionais, incluídos os
mento Interno da Comissão de Ética do IBGE (disponível
princípios técnicos, científicos e a ética profissional.
somente em formato digital, no seguinte endereço ele-
III - A moralidade da Administração Pública não se
trônico: http://w3.presidencia.ibge.gov.br/etica).
limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser
O Código de Ética Profissional do Servidor Público do
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem
IBGE visa a estabelecer, fundamentalmente, os princípios
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finali-
de natureza deontológica, os deveres e as vedações a
dade, na conduta do servidor público, é que pode-
que estão sujeitos os agentes públicos lotados no Ins-
rá consolidar a moralidade do ato administrativo.
tituto. Documento de imprescindível leitura para todos
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Para melhor exercício de sua função pública no


nós, o Código foi construído, naturalmente, a partir do
IBGE, o servidor deve ter consciência da relevân-
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
cia das informações estatísticas e geocientíficas, a
Poder Executivo Federal (Decreto n° 1.171/1994), agre-
fim de atender ao direito à informação pública de
gando a ele, contudo, algumas particularidades do tra-
modo imparcial e com igualdade de acesso. É im-
balho realizado no IBGE.
prescindível que o servidor do IBGE zele pela quali-
O Regimento Interno da Comissão de Ética do IBGE,
dade dos processos de produção das informações
por sua vez, delimita e define as competências e atribui-
oficiais, adotando critérios de boas práticas tanto
ções da Comissão de Ética do IBGE, cuja função primeira
nas atividades finalísticas quanto nas atividades de
– ressalte-se – é a de orientar e educar cotidianamente
apoio.

1
IV- A remuneração do servidor público é custeada pe- XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às
los tributos pagos direta ou indiretamente por to- ordens legais de seus superiores, velando atenta-
dos, até por ele próprio, e por isso se exige, como mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a
contrapartida, que a moralidade administrativa se conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso
integre no Direito, como elemento indissociável e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis
de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência
como consequência, em fator de legalidade. no desempenho da função pública.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo-
perante a comunidade deve ser entendido como cal de trabalho é fator de desmoralização do ser-
acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como viço público, o que quase sempre conduz à desor-
cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse dem nas relações humanas.
trabalho pode ser considerado como seu maior XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a es-
patrimônio. trutura organizacional, respeitando seus colegas
VI - A função pública deve ser tida como exercício e cada concidadão, colabora e de todos pode re-
profissional e, portanto, se integra na vida particu- ceber colaboração, pois sua atividade pública é a
lar de cada servidor público. Assim, os fatos e atos grande oportunidade para o crescimento e o en-
verificados na conduta do dia a dia em sua vida grandecimento da Nação. O caráter colaborativo
privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom e participativo deve estar presente nas atividades
conceito na vida funcional. estatísticas e cartográficas, privilegiando-se, assim,
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investi- um contato estreito e harmonioso entre ambas
gações policiais ou interesse superior do Estado e as atividades – contato essencial para melhorar a
da Administração Pública, a serem preservados em qualidade, comparabilidade e coerência dos dados
processo previamente declarado sigiloso, nos ter- produzidos. Esse espírito colaborativo e participa-
mos da lei, a publicidade de qualquer ato adminis- tivo deve estender-se à coordenação dos sistemas
trativo constitui requisito de eficácia e moralidade, estatísticos e cartográficos nacionais de responsa-
ensejando sua omissão comprometimento ético bilidade do IBGE. Portanto, compete ao Instituto
contra o bem comum, imputável a quem a negar. propor, discutir e estabelecer, em conjunto com
Entretanto, os dados individuais de pessoas físicas as demais instituições nacionais, diretrizes, planos
ou jurídicas coletados pelo IBGE são estritamente e programas para a produção estatística e carto-
confidenciais e exclusivamente utilizados para fins gráfica – processo que deve irradiar-se à esfera in-
estatísticos. Ademais, leis, regulamentos e medidas ternacional, especialmente na cooperação bilateral
que regem a operação dos sistemas estatístico e e multilateral, a fim de melhorar as informações
cartográfico no Instituto devem ser de conheci- estatísticas e geocientíficas oficiais em todos os
mento público. países, por meio da utilização de conceitos, classi-
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor ficações e métodos que promovam a coerência e a
não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrá- eficiência entre os diversos sistemas estatísticos e
ria aos interesses da própria pessoa interessada ou cartográficos.
da Administração Pública. Nenhum Estado pode
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo SEÇÃO II
do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana DO IBGE
quanto mais a de uma Nação.
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo XIV - São deveres fundamentais do servidor do IBGE:
dedicados ao serviço público caracterizam o esfor- a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
ço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga função ou emprego público de que seja titular;
seus tributos direta ou indiretamente significa cau- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
sar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano rendimento, pondo fim ou procurando prioritaria-
a qualquer bem pertencente ao patrimônio públi- mente resolver situações procrastinatórias, prin-
co, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, cipalmente diante de filas ou de qualquer outra
não constitui apenas uma ofensa ao equipamento espécie de atraso na prestação dos serviços pelo
e às instalações ou ao Estado, mas a todos os ho- setor em que exerça suas atribuições, com o fim de
mens de boa vontade que dedicaram sua inteli- evitar dano moral ao usuário;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

gência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
para construí-los. integridade do seu caráter, escolhendo sempre,
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à es- quando estiver diante de duas opções, a melhor e a
pera de solução que compete ao setor em que mais vantajosa para o bem comum;
exerça suas funções, permitindo a formação de d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso dição essencial da gestão dos bens, direitos e servi-
na prestação do serviço, não caracteriza apenas ços da coletividade a seu cargo;
atitude contra a ética ou ato de desumanidade, e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
mas principalmente grave dano moral aos usuários aperfeiçoando o processo de comunicação e con-
dos serviços públicos. tato com o público;

2
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por x) zelar pela qualidade dos processos de produção
princípios éticos que se materializam na adequada das informações estatísticas e geocientíficas ofi-
prestação dos serviços públicos; ciais, adotando critérios de boas práticas tanto
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten- nas atividades finalísticas quanto nas atividades de
ção, respeitando a capacidade e as limitações in- apoio;
dividuais de todos os usuários do serviço público, z) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
sem qualquer espécie de preconceito ou distinção classe sobre a existência deste Código de Ética, es-
de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, timulando o seu integral cumprimento.
cunho político e posição social, abstendo-se, dessa
forma, de causar-lhes dano moral; A conduta ética do servidor do IBGE deve respeitar
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum te- a legislação e as normatizações do Ministério do Plane-
mor de representar contra qualquer comprometi- jamento, Orçamento e Gestão, assim como as normas
mento indevido da estrutura em que se funda o internas desta Fundação, expressas em suas Resolu-
Poder Estatal; ções, Ordens de Serviço, Portarias, Normas de Serviço e
i) resistir a todas as pressões de superiores hierár- Memorandos.
quicos, de contratantes, interessados e outros que
visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta- SEÇÃO III
gens indevidas em decorrência de ações imorais, DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO DO IBGE
ilegais ou aéticas e denunciá-las;
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên- XV - É vedado ao servidor público do IBGE:
cias específicas da defesa da vida e da segurança a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades,
coletiva; tempo, posição e influências, para obter qualquer
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de favorecimento, para si ou para outrem;
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
nado, refletindo negativamente em todo o sistema; servidores ou de cidadãos que deles dependam;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,
e qualquer ato ou fato contrário ao interesse públi- conivente com erro ou infração a este Código de
co, exigindo as providências cabíveis; Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra- d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o
balho, seguindo os métodos mais adequados à sua exercício regular de direito por qualquer pessoa,
organização e distribuição; causando-lhe dano moral ou material;
o) participar dos movimentos e estudos que se re- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos
lacionem com a melhoria do exercício de suas ao seu alcance ou do seu conhecimento para aten-
funções, tendo por escopo a realização do bem dimento do seu mister;
comum; f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade- caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
quadas ao exercício da função; interfiram no trato com o público, com os jurisdi-
q) manter-se atualizado com as instruções, as nor- cionados administrativos ou com colegas hierar-
mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão quicamente superiores ou inferiores;
onde exerce suas funções; g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio,
instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou comissão, doação ou vantagem de qualquer es-
função, tanto quanto possível, com critério, segu- pécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para
rança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa o cumprimento da sua missão ou para influenciar
ordem; outro servidor para o mesmo fim;
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
quem de direito; encaminhar para providências;
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se do atendimento em serviços públicos;
de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses j) desviar servidor público para atendimento a inte-
dos usuários do serviço público e dos jurisdiciona- resse particular;
dos administrativos;
l) retirar da Instituição, sem estar legalmente autoriza-
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-
do, qualquer documento, livro ou bem pertencen-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ção, poder ou autoridade com finalidade estranha


te ao patrimônio público;
ao interesse público, mesmo que observando as
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
formalidades legais e não cometendo qualquer
âmbito interno de seu serviço, em benefício pró-
violação expressa à lei;
prio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
v) apresentar, nas análises estatísticas e geográficas,
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
informações que estejam de acordo com as nor-
mas científicas sobre fontes, métodos e procedi- habitualmente;
mentos, bem como comentar as interpretações o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten-
errôneas e o uso indevido de informações estatís- te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da
ticas e geocientíficas; pessoa humana;

3
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
q) disponibilizar informações de caráter sigiloso e LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES
confidencial sobre pessoas físicas ou jurídicas, bem (ART. 116, INCISOS I A IV, INCISO V, ALÍ-
como antecipar resultados de pesquisas à sua di- NEAS A E C, INCISOS VI A XII E PARÁGRA-
vulgação oficial, exceto quando autorizado. FO ÚNICO; ART. 117, INCISOS I A VI E IX A
XIX; ART. 118 A ART. 126; ART. 127, INCISOS
CAPÍTULO II I A III; ART. 132, INCISOS I A VII, E IX A XIII;
DA COMISSÃO DE ÉTICA DO IBGE
ART. 136 A ART. 141; ART. 142, INCISOS I,
XVI – A Comissão de Ética do IBGE está encarregada
PRIMEIRA PARTE, II E III, E §1º A §4º)
de orientar e aconselhar sobre a ética profissional
dos servidores da Casa, no tratamento com as pes-
soas e com o patrimônio público, competindo-lhe
conhecer concretamente de imputação ou de pro- CAPÍTULO I
cedimento susceptível de censura. DOS DEVERES
XVII - À Comissão de Ética do IBGE incumbe fornecer,
quando necessário e a quem de direito, os regis- Art. 116. São deveres do servidor:
tros sobre a conduta ética dos servidores da Casa, Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90
para o efeito de instruir e fundamentar promoções são em muito compatíveis com os previstos no Código
e para todos os demais procedimentos próprios da de Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder
carreira de servidor público no âmbito do IBGE. Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem al-
XVIII - A pena aplicável ao servidor público pela Co- gumas das condutas esperadas do servidor público
missão de Ética do IBGE é a de censura e sua fun- quando do desempenho de suas funções. Em resumo,
damentação constará do respectivo parecer, assi- o servidor público deve desempenhar suas funções com
nado por todos os seus integrantes, com ciência cuidado, rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição
do faltoso. que compõe, respeitando as ordens de seus superio-
XIX - Para fins de apuração do comprometimento éti- res que sejam adequadas às funções que desempenhe
co, entende-se por servidor público todo aquele e buscando conservar o patrimônio do Estado. No tra-
que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato tamento do público, deve ser prestativo e não negar o
jurídico, preste serviços de natureza permanente, acesso a informações que não sejam sigilosas. Caso pre-
temporária ou excepcional, ainda que sem retribui- sencie alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve de-
ção financeira, desde que ligado direta ou indire- nunciar. Tomam-se como base os ensinamentos de Lima1
tamente a qualquer órgão do poder estatal, como a respeito destes deveres:
as autarquias, as fundações públicas, as entidades
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
de economia mista, ou em qualquer setor onde cargo;
prevaleça o interesse do Estado. “O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta-
tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui-
ções funcionais e também ao cuidado com a economia
do material, os bens da repartição e o patrimônio públi-
co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens
e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir
com dedicação no desempenho das funções do cargo
que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de
posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car-
go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não
lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com
o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even-
tual menor capacidade de desempenho, para não con-
figurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá
ser compensada com um maior esforço e dedicação de
sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

vem a praticar atos que configurem desídia ou mesmo


falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que
se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a
ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri-
buições específicas de sua atividade. O servidor deve ter
zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a
1 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/ar-
tigos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
em: 11 ago. 2013.

4
imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe-
interesses patrimoniais do Estado”. rior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
ta, ao conhecimento de outra autoridade competente
II - ser leal às instituições a que servir; para apuração;
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal à “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen-
instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de
é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
dever de lealdade está inserido no Estatuto como norma Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis-
programática, orientadora da conduta dos servidores”. tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias
ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor-
III - observar as normas legais e regulamentares; rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a
“A função desta norma é de não deixar sem resposta devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a ne- um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros.
cessária correlação nesses casos que temos de fazer do art. Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran-
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”. ça nacional e mesmo da sociedade”.

IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- VII - zelar pela economia do material e a conservação
nifestamente ilegais; do patrimônio público;
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado “Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco-
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro nomia e pela conservação dos bens públicos presta um
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá
e funções que servem ao cumprimento da vontade do adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não
ente estatal. Este escalonamento, posto em movimen- cumprir o presente dever, quando por descumprimento
to, é o que vimos até agora chamando de hierarquia. A dele a gravidade do fato implicar a infração a normas
hierarquia existe para que do alto escalão até a prática mais graves”.
dos administrados as coisas funcionem. Disso decorre
que quando é emitida uma ordem para o servidor su- VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
bordinado, este deve dar cumprimento ao comando. “O agente público deve guardar sigilo sobre o que se
Porém quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, passa na repartição, principalmente quanto aos assun-
inconstitucional ou absurda, o servidor não é obriga- tos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
do a dar seguimento ao que lhe é ordenado. Quando 2011, hoje está regulamentado o acesso às informações.
a ordem é manifestamente ilegal? Há uma margem de Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o
interpretação, principalmente se o servidor subordinado fornecimento ou divulgação das informações exigem um
não tiver nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a
o bom senso que irá margear o que é flagrantemente informação possa expor a intimidade da pessoa huma-
inconstitucional”. na. As informações pessoais dos administrados em geral
devem ser tratadas forma transparente e com respeito à
V - atender com presteza: intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes-
a) ao público em geral, prestando as informações re- soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se-
queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; gundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em
termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden-
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor do ter autorizada a divulgação ou o acesso por terceiros
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a quando haja previsão legal. Outra exceção é quando há
imagem desagradável que o mesmo possui perante a so- o consentimento expresso da pessoa a que elas se refe-
ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen- rirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, para
to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta a defesa de direitos humanos, e quando a proteção do
engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O interesse público e geral preponderante o exigir, tam-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio- bém devem ser fornecidas as informações. Portanto, o
so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do servidor há que ter reserva no seu comportamento e fala,
administrado, dificultando a vida de quem necessita de esquivando-se de revelar o conteúdo do que se passa no
atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon- seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregularida-
go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo de absurda, deve então reduzir a escrito e representar
ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos para que se apure o caso. Deveriam diminuir as conver-
públicos, o que deve necessariamente passar por crité- sas de corredor e se efetivar a apuração dos fatos através
rios de valorização dos servidores bons e de treinamento do processo administrativo disciplinar. Os assuntos ob-
e qualificação permanente dos quadros de pessoal”. jeto do serviço merecem reserva. Devem ficar circunscri-
tos aos servidores designados para o respectivo trabalho

5
interno, não devendo sair da seção ou setor de trabalho, em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se o assunto suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
ou o trabalho, enfim, merecer divulgação mais ampla, deve te com uma irregularidade administrativa e fique inerte.
ser contatado o órgão de assessoria de comunicação social, Deve provocar quem de direito para que a irregularidade
que saberá proceder de forma oficial, obedecendo ao bom seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu
senso e às leis vigentes”. círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de
IX - manter conduta compatível com a moralidade informar acerca de irregularidades anda de braço dado
administrativa; com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí-
cia da irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o de-
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o ver de representar. O dever de representação não deixa
ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser de ser uma prerrogativa legal, investindo o servidor de
compatível com a moralidade administrativa. O agente um múnus público importante, constituindo o servidor
deve se comportar em seus atos de maneira proba, es- em um curador legal do ente público. O mais humilde
correita, séria, não atuando com intenções escusas e des- servidor passa a ser um agente promotor de legalidade.
virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever
exemplo, para satisfação de interesses menores, como do servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou
realizar a prática de determinado ato para beneficiar uma abuso de poder”. De modo que também a omissão pode
amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir ensejar a representação. A omissão do agente que ile-
com comportamento incompatível com a moralidade galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode
administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar. até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de
Seu ato ímprobo ou imoral configura o chamado des- representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado
vio de poder, que é totalmente abominável no Direito com o devido equilíbrio, não podendo servir a finalida-
Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou des egoísticas, político-partidárias, induzido por inimiza-
judicialmente através da ação popular, ação de ressarci- des de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o re-
mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito presentante de autor a réu por prática de abuso de poder
coletivo ou transindividual”. ou denunciação caluniosa”.

X - ser assíduo e pontual ao serviço; CAPÍTULO II


“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí- DAS PROIBIÇÕES
duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é Art. 117. Ao servidor é proibido:
aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o Em contraposição aos deveres do servidor público,
que comparece no horário para as reuniões de trabalho existem diversas proibições, que também estão em boa
e demais atividades relacionadas com o exercício do car- parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação
go que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui dos deveres ou a prática de alguma das violações abaixo
o dever violado, seja por impontualidade, seja por inas- descritas caracterizam infração administrativa disciplinar.
siduidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo,
de 60 dias ensejadora de demissão), merece reprimen- sua objetividade e taxatividade, o que veda sua amplia-
da de advertência, com fins educativos e de correção do ção e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas
servidor”. visto serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, por-
tanto, ao princípio da reserva legal. O descumprimento
XI - tratar com urbanidade as pessoas; dessas proibições podem inclusive, ensejar o enquadra-
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização mento penal do servidor, pois muitas das condutas ali
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- descritas, configuram prática de delito penal”2.
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços prévia autorização do chefe imediato;
públicos”. Violação do dever de assiduidade.
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
de poder. II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com-
Parágrafo único. A representação de que trata o inci- petente, qualquer documento ou objeto da repartição;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

so XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada Violação do dever de zelo com o patrimônio público.
pela autoridade superior àquela contra a qual é for-
mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa. III - recusar fé a documentos públicos;
Caso o funcionário público denuncie outro servidor, É dever do servidor público conferir fé aos documen-
esta representação será encaminhada a alguém que seja tos públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança
superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi- que seu cargo possui. Violação do dever de transparência.
to à ampla defesa.
“O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento
às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver 2 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
ciência em razão do cargo, principalmente no processo
br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

6
IV  -  opor resistência injustificada ao andamento de Trata-se de indício da intenção de praticar atos con-
documento e processo ou execução de serviço; trários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
Não cabe impedir que o trâmite da administração
seja alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
de celeridade e eficiência, bem como de impessoalidade. Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di-
nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no atividades de empréstimo somente podem ser desempe-
recinto da repartição; nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas.
Violação do dever de discrição.
XV - proceder de forma desidiosa;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; ção em serviços ou atividades particulares;
Quem é designado para o desempenho de uma fun- O aparato da administração pública pertence ao Es-
ção pública deve desempenhá-la, não podendo desig- tado, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades
nar outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu particulares.
subordinado.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
de outrem, em detrimento da dignidade da função cia e transitórias;
pública; Cada servidor público tem sua atribuição legal, não
O cargo público serve apenas aos interesses da admi- cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos inte- salvo em caso de extrema necessidade.
resses pessoais do servidor.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
X - participar de gerência ou administração de so- patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
ciedade privada, personificada ou não personificada, horário de trabalho;
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
cotista ou comanditário; violação ao princípio da imparcialidade.
Não cabe ao servidor público administrar sociedade
privada, o que pode comprometer sua eficiência e impar-
cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou #FicaDica
seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a Proibições puníveis com demissão:
participação do servidor como sócio gerente ou administra- - Utilizar recursos pessoais e materiais para
dor de empresa privada, exceto na qualidade de mero cotista, atividades particulares;
acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa pode até - Valer-se do cargo para lograr proveito
não estar personificada, por exemplo, não estar devidamente pessoal;
constituída e registrada nos órgãos competentes (Junta Co-
- Proceder de forma desidiosa;
mercial, fisco estadual, municipal, distrital e federal, e órgãos
- Praticar usura;
de controle: ambiental, trabalhista etc.). Comprovada detida-
- Aceitar comissão, emprego, pensão de Es-
mente a gerência ou administração da sociedade particular
tado estrangeiro;
em concomitância com a pretensa carga horária da repartição
- Receber propina, comissão, presente ou
pública, deve ser aplicada a penalidade de demissão.
qualquer outra vantagem;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a - Atuar como procurador ou intermediário
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- (salvo benefício ou assistência previdenciária
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o de cônjuge, companheiro ou paciente até 2o
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; grau);
Não cabe atuar como procurador perante repar- - Participar de sociedade privada (gerência/
tições públicas de forma profissional. Daí a limitação à administração, personificada/não) ou comér-
atuação como representante de parente até segundo cio (salvo acionista, cotista ou comanditário).
grau (irmãos, ascendentes e descendentes, cônjuges e
companheiros). CAPÍTULO III
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

DA ACUMULAÇÃO
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constitui-
A percepção de vantagem indevida gerando enrique- ção, é vedada a acumulação remunerada de cargos
cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade públicos.
administrativa de maior gravidade, bem como crime de Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:
corrupção passiva.
É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
estrangeiro; observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.

7
a) a de dois cargos de professor; O exercício de função em determinados conselhos
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou de administração e fiscais aceita remuneração. Trata-
científico; -se de exceção ao caput.
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in-
Segundo Carvalho Filho3, “o fundamento da proibição é vestido em cargo de provimento em comissão, ficará
impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó-
servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- tese em que houver compatibilidade de horário e local
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- com o exercício de um deles, declarada pelas autori-
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota- Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in-
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de cargos efetivos a não ser que exista compatibilidade de
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra consti- horários e local com um deles, caso em que se afastará
tucional proibitiva”. de somente um cargo efetivo.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em- “Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, da acumulação de cargos e funções públicas, regulamen-
empresas públicas, sociedades de economia mista da tam, no âmbito do serviço público federal a vedação ge-
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios nérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Cons-
e dos Municípios. tituição da República. De fato, a acumulação ilícita de
A proibição vale tanto para a administração direta cargos públicos constitui uma das infrações mais comuns
quanto para a indireta. praticadas por servidores públicos, o que se constata ob-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica servando o elevado número de processos administrati-
vos instaurados com esse objeto. O sistema adotado pela
condicionada à comprovação da compatibilidade de
lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cotejado
horários.
com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi-
cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportuni-
Se o Estado pretende que o desempenho de ativida-
dades para regularizar sua situação e escapar da pena de
de cumulada não gere prejuízo à função pública, correto
demissão. Também prevê a lei em comentário, um pro-
que exija a comprovação de compatibilidade de horários;
cesso administrativo simplificado (processo disciplinar de
rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 4.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proven- CAPÍTULO IV
tos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram DAS RESPONSABILIDADES
essas remunerações forem acumuláveis na atividade.
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra-
agente se aposente do serviço público e continue o exer- tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
cendo, recebendo aposentadoria e salário.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis-
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará- prejuízo ao erário ou a terceiros.
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela parti- § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado
cipação em órgão de deliberação coletiva.  ao erário somente será liquidada na forma prevista
Cargo em comissão é aquele que não exige aprova- no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a
ção em concurso público, sendo designado para o exer- execução do débito pela via judicial.
cício por possuir um vínculo de confiança com o supe- § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, respon-
rior. Somente é possível exercer 1, salvo interinamente. derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
Da mesma forma, não cabe remuneração por participar regressiva.
de órgão de deliberação coletiva. § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica sucessores e contra eles será executada, até o limite do
à remuneração devida pela participação em conse- valor da herança recebida.
lhos de administração e fiscal das empresas públicas
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e Art. 123. A responsabilidade penal abrange os cri-
controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- mes e contravenções imputadas ao servidor, nessa
dades em que a União, direta ou indiretamente, dete- qualidade.
nha participação no capital social, observado o que, a
respeito, dispuser legislação específica. Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resul-
ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
penho do cargo ou função.
4 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

8
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po- Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. A
derão cumular-se, sendo independentes entre si. norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra viola-
ção de dever funcional que não exija sanção mais grave.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi-
dor será afastada no caso de absolvição criminal que Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reinci-
negue a existência do fato ou sua autoria. dência das faltas punidas com advertência e de viola-
ção das demais proibições que não tipifiquem infração
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili- sujeita a penalidade de demissão, não podendo exce-
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên- der de 90 (noventa) dias.
cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita
de envolvimento desta, a outra autoridade competen- A suspensão é uma sanção administrativa interme-
te para apuração de informação concernente à prática diária, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se
de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen- repetirem ou em caso de infração grave que ainda assim
to, ainda que em decorrência do exercício de cargo, não gere pena de demissão.
emprego ou função pública.
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quin-
Este dispositivo visa garantir que os servidores públi- ze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se
cos denunciem os servidores hierarquicamente superio- a ser submetido a inspeção médica determinada pela
res. Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem autoridade competente, cessando os efeitos da penali-
ser responsabilizados civil, penal ou administrativamente dade uma vez cumprida a determinação.
por tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse
que ela não procedia. Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
suspensão.
CAPÍTULO V
DAS PENALIDADES § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
penalidade de suspensão poderá ser convertida em
Art. 127. São penalidades disciplinares:
multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia
I - advertência;
de vencimento ou remuneração, ficando o servidor
II - suspensão;
obrigado a permanecer em serviço.
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
Se for inconveniente para a administração pública abrir
V - destituição de cargo em comissão;
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu vencimen-
VI - destituição de função comissionada.
to/remuneração diário pelo número de dias de suspensão.
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que O servidor não poderá se recusar a permanecer em serviço.
o funcionário se portou de forma inadequada e de que
isso não deve se repetir. A suspensão é uma sanção in- Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen-
termediária, fazendo com que o funcionário deixe de são terão seus registros cancelados, após o decurso de
desempenhar o cargo por certo período. Na demissão, 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respecti-
o funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim vamente, se o servidor não houver, nesse período, pra-
sanção mais grave. Outras sanções são cassação da apo- ticado nova infração disciplinar.
sentadoria ou disponibilidade, destituição do cargo em Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não
comissão, destituição da função comissionada. surtirá efeitos retroativos.

Art. 128. Na aplicação das penalidades serão conside- O bom comportamento posterior do servidor faz com
radas a natureza e a gravidade da infração cometida, que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspen-
os danos que dela provierem para o serviço público, as são (após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que
circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antece- não significa que o servidor poderá requerer, por exem-
dentes funcionais. plo, o pagamento referente aos dias que ficou suspenso.

Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da I - crime contra a administração pública;
sanção disciplinar. Artigos 312 a 326 do Código Penal.
II - abandono de cargo;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

De forma fundamentada, justificada, se escolherá por uma III - inassiduidade habitual;


ou outra sanção, conforme a gravidade do ato praticado.
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos excesso.
casos de violação de proibição constante do art. 117,
incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever fun- IV - improbidade administrativa;
cional previsto em lei, regulamentação ou norma Atos descritos na Lei n° 8.429/92.
interna, que não justifique imposição de penalidade V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
mais grave. repartição;

9
Ausência de discrição no exercício das funções. Conceito de inassiduidade habitual, que também
VI - insubordinação grave em serviço; gera demissão: ausência por 60 dias num período de 12
Violação grave do dever de obediência hierárquica. meses de forma injustificada.
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a parti-
cular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas-
siduidade habitual, também será adotado o procedi-
Ofensa física a servidor ou administrado que não para mento sumário a que se refere o art. 133, observando-
se defender. -se especialmente que:
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em ra- a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
zão do cargo; precisa do período de ausência intencional do servidor
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri- ao serviço superior a trinta dias;
mônio nacional; b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
XI - corrupção; dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun- período igual ou superior a sessenta dias interpolada-
ções públicas; mente, durante o período de doze meses;
Na verdade, são atos de improbidade administrativa, II - após a apresentação da defesa a comissão elabo-
então nem precisariam ser mencionados. rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à res-
ponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo
Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117. legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so-
bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co- a trinta dias e remeterá o processo à autoridade ins-
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, tauradora para julgamento.
implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Por indicação de materialidade, entenda-se demons-
tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias
Nos casos de demissão e destituição do cargo em co- faltados.
missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimen-
to do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação Adota-se o procedimento do art. 133.
penal própria.
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co- I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar
em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. de demissão e cassação de aposentadoria ou dispo-
nibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lo- órgão, ou entidade;
grar proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
dignidade da função pública ou que tenha atuado como imediatamente inferior àquelas mencionadas no in-
procurador ou intermediário, junto a repartições públi- ciso anterior quando se tratar de suspensão superior
cas, salvo em hipóteses específicas, não poderá ser in- a 30 (trinta) dias;
vestido em cargo público federal pelo prazo de 5 anos. III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço pú- nos casos de advertência ou de suspensão de até 30
blico federal o servidor que for demitido ou destituído (trinta) dias;
do cargo em comissão por infringência do art. 132, IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
incisos I, IV, VIII, X e XI. quando se tratar de destituição de cargo em comissão.

Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes ca- Presidente da República/Presidentes da Câmara dos
sos, não caberá jamais retorno ao serviço público federal, Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tri-
diante da gravidade dos atos praticados. bunais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Pro-
curador-Geral da República - demissão ou cassação de
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in- aposentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao


tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias órgão (sanções mais graves).
consecutivos. Autoridade administrativa de hierarquia imediata-
mente inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30
Conceito de abandono de cargo: ausência intencional dias (sanção de suspensão, de gravidade intermediária,
por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão. por maior período).
Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a fal- regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias
ta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por
interpoladamente, durante o período de doze meses. menor período).

10
Autoridade que houver feito a nomeação, em qual-
quer cargo de comissão, independente da pena.
HORA DE PRATICAR!
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com Em linhas gerais, a respeito da lei 8.112 responda:
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
dade e destituição de cargo em comissão; 1. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO ÁREA
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; ADMINISTRATIVA – FCC – 2018) Suponha que deter-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. minado servidor público federal tenha solicitado licença
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em para tratar de interesses particulares, a qual, contudo,
que o fato se tornou conhecido. restou negada pela Administração. Entre os possíveis
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- motivos legalmente previstos para negativa, nos termos
cam-se às infrações disciplinares capituladas também disciplinados pela Lei n° 8.112/1990, se insere(m):
como crime. I. Estar o servidor no curso de estágio probatório.
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de II. Ser o servidor ocupante exclusivamente de cargo em
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de- comissão.
cisão final proferida por autoridade competente. III. Razões de conveniência da Administração.
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
meçará a correr a partir do dia em que cessar a Está correto o que se afirma em:
interrupção.
a) I, II e III.
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do b) II, apenas.
direito de acionar judicialmente. c) II e III, apenas.
No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais d) I e III, apenas.
graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de e) I e II, apenas.
suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de
advertência) - Contados da data em que o fato se tornou 2. (TRT 2ª REGIÃO-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC
conhecido pela administração pública. – 2018) De acordo com a Lei no 8.112/1990, como me-
Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos dida cautelar e a fim de que o servidor não venha a
prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos influir na apuração da irregularidade, a autoridade ins-
favoráveis ao servidor. tauradora do processo disciplinar poderá determinar o
Interrupção da prescrição significa parar a contagem seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber- até 60 dias, sem prejuízo da remuneração. Ocorrendo o
tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar término desses 60 dias,
até a decisão final proferida por autoridade competente a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co- ainda que não concluído o processo.
meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
propor ação disciplinar. zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
não concluído o processo.
c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
#FicaDica zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o
Penalidades: processo não tiver sido concluído, hipótese em que
- Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX; poderá ser prorrogado pelo prazo máximo de 180
- Suspensão – reincidência em infração pu- dias.
nível com advertência, incumbência a outro d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
servidor de atribuições estranhas ao cargo, exceto se o processo não tiver sido concluído, hipóte-
exercício de atividades incompatíveis com se em que o afastamento poderá ser prorrogado pelo
cargo ou função; prazo máximo de trinta dias.
- Demissão – artigo 132, inclusive reincidên- e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180
cia em infração punível com suspensão. dias, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
não concluído o processo.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

11
3. (TRE-SP – ANALISTA JUDICIÁRIO – ANÁLISE DE
SISTEMAS – FCC – 2017) Miguel é servidor público fe-
deral e pretende licenciar-se do cargo para o desempe- GABARITO
nho de mandato classista em sindicato representativo da
categoria do qual faz parte e que conta com 5.000 asso- 1 A
ciados. Cumpre salientar que o servidor foi eleito para
cargo de representação no mencionado sindicato. Nos 2 B
termos da Lei nº 8.112/1990: 3 C

a) o mencionado sindicato comportará até quatro ser-


vidores licenciados para o desempenho de mandato
classista.
b) a licença perdurará pelo mesmo prazo do mandato,
não podendo ser renovada.
c) será assegurado ao servidor o direito à licença sem
remuneração para o desempenho do respectivo
mandato.
d) não constitui requisito para a mencionada licença que
o sindicato seja cadastrado no órgão competente.
e) o mencionado sindicato comportará apenas um ser-
vidor licenciado para o desempenho de mandato
classista.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

12
ÍNDICE

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

Aspectos gerais da administração. Organizações como sistemas abertos; Funções administrativas; Planejamento,
organização, direção e controle........................................................................................................................................................................... 01
Motivação, comunicação e liderança................................................................................................................................................................. 12
Processo decisório e resolução de problemas............................................................................................................................................... 27
Noções básicas de gerência e gestão de organizações e de pessoas.................................................................................................. 33
Eficiência e funcionamento de grupos. O indivíduo na organização: papéis e interações. Trabalho em equipe. Equipes de
trabalho.......................................................................................................................................................................................................................... 42
Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e delegação.......................................................................................................... 47
Avaliação de desempenho..................................................................................................................................................................................... 47
Compromisso com a qualidade nos serviços prestados............................................................................................................................ 53
Como se percebe, a Administração extrapola a ideia
limitada de “gerir uma empresa”.
ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO. A administração representa uma habilidade capaz de,
ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABER- por meio da utilização adequada e inteligente dos diver-
TOS. FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS. PLA- sos recursos existentes na organização, alcançar os obje-
NEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E tivos definidos via planejamento, organização, direção e
CONTROLE controle.
O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio
de outras pessoas na busca de realizar objetivos da orga-
nização bem como de seus membros.
Montana e Charnov
Como bem definiu Houaiss, a Administração é o con-
junto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os
A Administração compreende um conjunto de ca-
elementos de produção e submeter a produtividade a um
racterísticas que envolvem atividades interligadas, busca
controle de qualidade, para a obtenção de um resultado
por resultados, uso de recursos disponíveis, processos
eficaz, bem como uma satisfação financeira.
administrativos e, para isso, faz-se necessário o uso de
mais de uma habilidade, conforme vemos abaixo:
O papel profissional do administrador surgiu na ges-
• Habilidades Técnicas: aquelas que fazem uso de
tão das companhias de navegação inglesa, a partir do
conhecimento especializado e procedimentos espe-
século XVII, e envolve ações elaborar planos, pareceres,
cíficos e podem ser obtidas por meio de instrução.
relatórios e desenvolvimento de projetos, fazer uso de
• Habilidades Humanas: tratam-se de aspectos pes-
indicadores, medir resultados e desempenhos, sempre
soais observados no CHA, envolvem também apti-
com a aplicação dos conhecimentos e técnicas que nor-
dão, pois interagem com as pessoas e suas atitudes,
teiam a Administração.
exigem compreensão para liderar com eficiência.
Segundo Jonh W. Riegel,
• Habilidades Conceituais: englobam um conhecimen-
to geral das organizações; o gestor precisa conhecer
O êxito do desenvolvimento de executivos em uma
cada setor, como ele trabalha e para que ele existe.
empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da
capacidade dos seus gerentes no seu papel de educado-
ABORDAGENS DA ADMINISTRAÇÃO – ABORDA-
res. Cada superior assume este papel quando ele procura
GENS CLÁSSICA, BUROCRÁTICA E SISTÊMICA DA
orientar e facilitar os esforços dos seus subordinados para
ADMINISTRAÇÃO
se desenvolverem.
O pensamento administrativo caracteriza um ponto
Administração – objetivos, decisões e recursos são as pa- de vista em relação à organização e sua gestão.
lavras-chave na definição do conceito de administração. Quando temos vários pontos de vista sobre isso, te-
Administração é o processo de tomar e colocar em práti- mos então o conceito de Teorias Administrativas, que são
ca decisões sobre objetivos e utilização de recursos. agrupadas por correntes ou escolas, sendo que essas,
conforme definição de Maximiano (2006), tratam-se da
mesma linha de pensamento ou conjunto de autores que
utilizam o mesmo enfoque.
Portanto, diferentes pensamentos administrativos =
teorias administrativas = mesma linha de pensamento ou
conjunto de autores com mesmo enfoque.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
1. As Teorias Administrativas

As principais teorias ou abordagens sobre adminis-


tração estão classificadas de acordo com as variáveis pri-
vilegiadas, sendo essas, na ordem, “ênfase em tarefas”,
“ênfase em estruturas”, “ênfase nas pessoas”, “ênfase no
ambiente” e “ênfase na tecnologia”. Cada uma delas tem
Segundo Chiavenato, as variáveis que representam o seu pano de fundo com seus contextos históricos, enfati-
desenvolvimento da TGA são: tarefas, estrutura, pessoas, zando os problemas frequentes e destacáveis à época de
ambiente, tecnologia e competitividade. sua fundamentação, além de, ao focar um aspecto, omitir
Na ocorrência de novas situações, as teorias adminis- ou relegar os demais a um plano secundário.
trativas se adaptam a fim de continuarem aplicáveis. Dentre as razões que contribuíram para o surgimento
Dentre tantas definições já apresentadas sobre o con- das teorias da administração, podemos destacar:
ceito de administração, podemos destacar que: • Consolidação do capitalismo (lógica de mercado)
Administração é um conjunto de atividades dirigidas e de novos modos de produção e organização de
à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de trabalho, que levou ao processo de modernização
alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais. da sociedade (substituição da autoridade tradicio-
Reinaldo Oliveira da Silva (2001) nal pela autoridade racional-legal);

1
• Crescimento acelerado da produção e força de tra- • Organização Formal;
balho desqualificada; • Visão de baixo para cima; das partes para o todo;
• Ausência de sistematização de conhecimentos em • Estudo das Tarefas, Métodos, Tempo padrão;
gestão. • Salário, incentivos materiais e prêmios de produção;
• Sistema fechado: foco nos processos internos e
Vejamos alguns aspectos de cada uma delas, inician- operacionais;
do pela Teoria Clássica, considerada a base de todas as • Padrão de Produção: eficiência, racionalidade;
teorias posteriores. • Divisão equitativa de trabalho e responsabilidade
A primeira escola foi a Clássica, responsável pela ên- entre direção e operário;
fase nas tarefas por Frederick Taylor e Henry Ford e fonte • Ser humano egoísta, racional e material: homo
de embasamento de todas as outras teorias posteriores. economicus;
As mudanças ocorridas no início do Séc. XX, em de- • Estudo de Tempos e Movimentos e Métodos;
corrência da Revolução Industrial, exigiram métodos que • Desenho de cargos e tarefas;
aumentassem a produtividade fabril e economizassem • Seleção Científica do Trabalhador (eliminação de
mão de obra evitando desperdícios, ou seja, “a improvi- todos que não adotem os métodos);
sação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo • Preocupação com fadiga e com as condições de
à ciência: a Ciência da Administração.” (Chiavenato, 2004, trabalho;
p. 43). • Padronização de instrumentos de trabalho;
A abordagem clássica da administração se divide em: • Divisão do Trabalho e Especialização;
• Supervisão funcional: autoridade relativa e dividi-
• Administração Científica – defendida por Frederick da a depender da especialização e da divisão de
Taylor. trabalho.
• Teoria Clássica – defendida por Henry Fayol.
Princípios da Administração Científica
Os dois autores acima citados partiram de pontos dis-
tintos com a preocupação de aumentar a eficiência na • Desenvolvimento de uma ciência de Trabalho: uma
empresa. investigação científica poderá dizer qual a capaci-
Taylor se preocupava basicamente com a execução dade total de um dia de trabalho, para que os che-
das tarefas, enquanto Fayol se preocupava com a estru- fes saibam a capacidade de seus operários.
tura da organização. • Seleção e Desenvolvimento Científicos do Empre-
Frederick Taylor buscou o aumento produtivo toman- gado: para atingir o nível de remuneração prevista
do como base a eficiência dos trabalhadores. Por meio o operário precisa preencher requisitos;
da observação do comportamento dos trabalhadores e • Combinação da Ciência do trabalho com a Seleção
dos modos de produção, identificou falhas no processo do Pessoal: os operários estão dispostos a fazer um
produtivo responsáveis pela baixa produtividade, des- bom trabalho, mas os velhos hábitos da adminis-
pertando-o para a necessidade de criação de um méto- tração resistem à inovação de métodos.
do racional padrão de produção. A esse modelo deu-se • Cooperação entre Administração e Empregados:
o nome de Administração Cientifica, “devido à tentati- uma constante e íntima cooperação possibilitará
va de aplicação dos métodos da ciência aos trabalhos a observação e medida sistemática do trabalho
operacionais a fim de aumentar a eficiência industrial. Os e permitirá fixar níveis de produção e incentivos
principais métodos científicos são a observação e men- financeiros
suração.” (CHIAVENATO, 2004, p. 41).
Henri Fayol enfatizou a estrutura organizacional e de- Princípios de Taylor
fendia que: [...] a eficiência da empresa é muito mais do
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

que a soma da eficiência dos seus trabalhadores, e que • Princípio da separação entre o planejamento e a
ela deve ser alcançada por meio da racionalidade, isto é, execução;
da adequação dos meios (órgãos e cargos) aos fins que • Princípio do preparo;
se deseja alcançar. (Chiavenato, 2000, p. 11). • Princípio do controle;
Fayol traz em sua teoria funcionalista a abordagem • Princípio da exceção.
prescritiva e normativa, uma vez que a ciência adminis-
trativa, como toda ciência, deve basear-se em leis ou 1.2 Teoria Clássica – Pressupostos de Henry Fayol
princípios globalmente aplicáveis. Sua maior contribui-
ção para a administração geral são as funções adminis- • Anatomia – estrutura;
trativas – prever, organizar, comandar, coordenar e con- • Fisiologia – funcionamento,
trolar – que são as próprias funções do administrador • Visão de cima para baixo; do todo para as partes;
ainda nos dias atuais. • Funções da Empresa: Técnica, Comercial, Financei-
Nesse modelo, a função administrativa difunde-se ra, Segurança, Contábil, Administrativa (coordena
proporcionalmente a todos os níveis hierárquicos, dei- as demais);
xando, portanto, de ser algo inerente à alta gerência. • Abordagem Prescritiva e Normativa.
Funções da Administração Clássica - processo
Administração Científica organizacional
Pressupostos de Frederick Taylor

2
• Prever: adiantar-se ao futuro e traçar plano de • Poder: potencial de exercer influência sobre outros,
ação. imposição de arbítrio de uma pessoa sobre outras.
• Organizar: constituir o organismo material e social
da empresa. A Burocracia surge na década de 40 em razão da fra-
• Comandar: dirigir o pessoal. gilidade da teoria clássica e relações humanas, buscando
• Coordenar: ligar, unir e harmonizar os esforços. organizar de forma estável, duradoura e especializada a
• Controlar: tudo corra de acordo com as regras. cooperação de indivíduos, apresentando uma aborda-
gem descritiva e explicativa, mantendo foco interno e
Princípios gerais da Administração Clássica estudando a organização como um todo.
Principais características:
• Divisão do Trabalho: especializar funções;
• Autoridade e Responsabilidade: direito de mandar • Caráter legal das normas;
e poder de se fazer obedecer; • Caráter formal das comunicações;
• Disciplina: estabelecer convenções, formais e infor- • Divisão do trabalho e racionalidade;
mais com seus agentes, para trazer obediência e • Impessoalidade do relacionamento;
respeito; • Hierarquização da autoridade;
• Unidade de comando: recebimento de ordens de • Rotinas e procedimentos padronizados;
apenas um superior – princípio escalar; • Competência técnica e mérito;
• Unidade de direção: um só chefe e um só progra- • Especialização da administração – separação do
ma para um conjunto de operações que tenham o público e privado;
mesmo objetivo; • Profissionalização: especialista, assalariado; segue
• Subordinação do particular ao geral: O interesse da carreira.
empresa deve prevalecer ao interesse individual;
• Remuneração do pessoal: premiar e recompensar; Vantagens Principais:
• Centralização: concentrar autoridade no topo;
• Cadeia escalar ou linha de comando: linha de auto- • Racionalidade;
ridade que vai do topo ao mais baixo escalão; • Precisão na definição do cargo;
• Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em
• Rapidez nas decisões;
seu lugar;
• Univocidade de interpretação;
• Equidade: tratar de forma benevolente e justa;
• Continuidade da organização;
• Estabilidade: manter as pessoas em suas funções
• Redução do atrito entre pessoas;
para que possam desempenhar bem;
• Constância;
• Iniciativa: liberdade de propor, conceber e executar;
• Confiabilidade;
• Espírito de equipe: harmonia e união entre as
• Benefícios para as pessoas;
pessoas.
• O nepotismo é evitado, dificulta a corrupção.
1.3 Comparativo entre Administração Científica e
Escola Clássica A maior vantagem é a democracia: em razão da im-
pessoalidade e das regras legais, que permitem igualda-
Enquanto a administração científica preocupava-se de de acesso.
com a melhoria da produtividade no nível operacional, a Desvantagens:
gestão administrativa preocupava-se com a organização
em geral e a busca da efetividade. • Internalização das normas;
• Excesso de formalismo e papelório;
• Resistência a mudanças;
1.4 Abordagem Burocrática NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Despersonalização do relacionamento;
Defendida por Max Weber, que é considerado o • Categorização do relacionamento;
“pai da burocracia”, também tem como base a estrutura • Superconformidade às rotinas e procedimentos;
organizacional. • Exibição de sinais de autoridade;
Weber distingue três tipos de sociedade e autorida- • Dificuldades com clientes.
des legítimas:
1.5 Abordagem Sistêmica
• Tradicional: patrimonial, patriarcal, hereditário e
delegável. Defendida por Ludwig Von Bertalanffy, a Teoria de
• Carismática: personalística, mística. Sistemas defende que os sistemas existem dentro de sis-
• Legal, racional ou burocrática: impessoal, formal, temas e apresenta a Teoria da forma ou Gestalt. Os Sis-
meritocrática. temas abertos têm um objetivo ou propósito e as partes
Outro ponto destacado por Weber é a distinção entre são interdependentes, provocando globalismo.
Autoridade e Poder. Características:

• Autoridade: probabilidade de que um coman- • Sistema: um conjunto ou combinação de partes,


do ou ordem específica seja obedecido – poder formando um todo complexo ou unitário.
oficializado. • Organização como sistema vivo: orgânico.

3
• Comportamento não determinístico e probabilístico. tenha oferecido a dialeticidade necessária para carac-
• Interdependência entre as partes. terização da justiça. Decisões proferidas pelos tribunais
• Entropia: característico dos sistemas fechados e or- já têm demonstrado essa posição no sistema brasileiro,
gânicos, estabelece que todas as formas de orga- qual seja, de defesa das garantias constitucionais proces-
nização tendem à desordem ou à morte. suais no sentido de conceder ao cidadão a efetividade
• Negentropia ou Entropia negativa: os sistemas so- de seus direitos.
ciais se reabastecem de energia, assegurando su- Seria insuficiente se a Constituição garantisse aos
primento contínuo de materiais e pessoas. cidadãos inúmeros direitos e não garantisse a eficácia
• Homeostase dinâmica ou Estado Firme: regula o destes. Nesse desiderato, o princípio do devido processo
sistema interno para manter uma condição estável, legal ou, também, princípio do processo justo, garante a
mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico regularidade do processo, a forma pela qual o processo
de ruptura e inovação. deverá tramitar, a forma pela qual deverão ser praticados
• Fronteiras ou limites: define a área da ação do os atos processuais e administrativos.
sistema e o grau de abertura em relação ao meio Cabe ressaltar que o princípio do devido processo le-
ambiente. gal resguarda as partes de atos arbitrários das autorida-
• Diferenciação: os sistemas tendem a criar funções des jurisdicionais e executivas.
especializadas – Integração (coordenação). O processo é composto de fases e atos processuais
• Equifinalidade: um sistema pode alcançar o mes- rigorosamente seguidos, viabilizando às partes a efetivi-
mo estado final a partir de diferentes condições dade do processo, não somente em seu aspecto jurídico-
iniciais. -procedimental, mas também em seu escopo social, ético
• Resiliência: determina o grau de defesa ou vulnera- e econômico, assegurando o cumprimento dos princí-
bilidade do sistema a pressões ambientais externas. pios constitucionais processuais, somente aí ter-se-á a
• Holismo: o sistema só pode ser explicado em sua efetivação de um Estado Democrático de Direito.
globalidade. Toda atuação do Estado há de ser exercida em prol do
• Sinergia: o todo é maior que a soma das partes. público, mediante processo justo e mediante a seguran-
• Morfogênese: capacidade das organizações de ça dos trâmites legais do processo.
modificar a si mesmo e a estrutura.
• Fluxos: componentes que entram e saem do siste- FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO: PLANEJAMENTO,
ma (informação, energia, material). ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE
• Feedback: é a retroalimentação, como controle do
sistema, no qual os resultados retornam ao indiví- A administração, assim como suas funções, sofreu
duo, para que os procedimentos sejam analisados constantes mudanças, muito visíveis no último século.
e corrigidos. Com a chegada de novas tecnologias, novas formas de
• Homem Funcional: desempenha um papel especí- produção, vendas, logística e mudanças na parte contábil
fico nas organizações, inter-relacionando-se com e financeira as teorias assim como a prática precisaram
os demais indivíduos. adaptar-se a uma nova realidade administrativa.
Das funções da administração de Henri Fayol (pre-
PROCESSO ADMINISTRATIVO cursor dessa teoria), podemos encontrar as seguintes
que são demonstradas como PO3C: A primeira delas é:
Como vimos anteriormente, a Administração é o ato Planejar, isso significa que você terá que criar pla-
de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recur- nos para o futuro de sua organização. Nesse momento,
sos, com o objetivo de alcançar metas definidas. começamos a programar o que estava no planejamento
A gestão de uma empresa ou organização faz-se de com o objetivo claro de colocar em prática o que está
forma que as atividades sejam administradas com plane- no papel, e é durante este passo da programação que
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

jamento, organização, direção e controle. vemos a estrutura organizacional, a situação da empresa


e das pessoas que a compõem.
Segundo alguns autores (Montana e Charnov), o ato A segunda função da administração é organizar.
de administrar é trabalhar com e por intermédio de ou- Afinal, qual o sentido de ser uma pessoa organizada? É
tras pessoas na busca de realizar objetivos da organiza- aquela que sabe onde, fisicamente, se encontra o que
ção bem como de seus membros. é necessário no momento certo? Que transforma o am-
O processo administrativo apresenta-se como uma biente/local de trabalho dela em um ambiente de fácil
sucessão de atos, juridicamente ordenados, destinados entendimento para qualquer um encontrar o que preci-
todos à obtenção de um resultado final. O procedimento sa? Também, mas, no sentido que Fayol define, é que as
é, pois, composto de um conjunto de atos, interligados e empresas são feitas de pessoas e de estrutura física, essa
progressivamente ordenados em vista da produção des- função administrativa utiliza da parte material e social da
se resultado. empresa.
O devido processo legal simboliza a obediência às A terceira função é comandar. Essa função serve para
normas processuais estipuladas em lei; é uma garantia orientar a organização, dirigir também. Se a empresa está
constitucional concedida a todos os administrados, as- rumo a um caminho e encontra obstáculos, caberá ao
segurando um julgamento justo e igualitário, assegu- administrador dirigir, se for preciso, ou orientar a orga-
rando a expedição de atos administrativos devidamente nização para traçar o objetivo, às vezes é preciso intervir
motivados bem como a aplicação de sanções em que se e tomar as rédeas da organização e orientá-la e dirigi-la.

4
A quarta função é coordenar. Sem dúvidas, essa é uma função primordial para motivar as pessoas que estão em um
ambiente de trabalho, tanto para aprender cada vez mais quanto aos que têm relação em se esforçarem com o objetivo
de cumprirem metas e, de forma coletiva, alcançar objetivos traçados pelo administrador da empresa.
E, por último, a quinta função administrativa é controlar. Uma organização sem normas e regras, certamente, terá
menos desempenho que uma que tenha. Segundo Fayol, essas cinco funções administrativas conduzem a uma ad-
ministração eficaz das atividades da organização. Mas, com o passar do tempo, as funções Comando e Coordenação
formaram uma só função, a de Direção. Então as funções de POCCC passaram para PODC (Planejar, Organizar, Dirigir
e Controlar).
Em síntese, dentro do modelo atual temos:

Disponível em: COELHO, Fernando; Carlos Alberto Bonezzi; Luci Léia De Oliveira Pedraça; Paulo Roberto Motta; Carlos
Ramos. Internet: <www.al.sp.gov.br/www.escoladegoverno.pr.gov.br>. (Adaptado.) NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

1. Planejamento Estratégico

O conceito de estratégia é realmente amplo, e seu uso corrente permite associá-lo desde a um curso de ação bas-
tante preciso até ao posicionamento organizacional, em última análise, a toda razão de ser da empresa.
A estratégia pode ser considerada um instrumento: o planejamento estratégico. Essa parte do planejamento estra-
tégico corresponderia aos caminhos selecionados para serem trilhados primeiro pela identificação dos pontos fortes
e fracos da organização, e das empresas e oportunidades diagnosticadas em seu ambiente de atuação. Da porta para
fora, o planejamento cumpriria a função de orientar as ações da organização para que ela possa buscar oportunidades
e a própria sobrevivência.
Assim, a estratégia é fruto de processos racionais de reflexão, aprendizagem, elaboração, pensamento e interven-
ção, além de processos não racionais e simbólicos, construídos a partir da “vivência” cotidiana da organização em seus
embates internos e com o ambiente.

2. Planejamento Estratégico - Conceitos, métodos e técnicas

O planejamento estratégico poderia ser definido como um processo de gestão que apresenta, de maneira inte-
grada, o aspecto futuro das decisões institucionais, a partir da formulação da filosofia, da instituição, sua missão, sua

5
orientação, seus objetivos, suas metas, seus programas melhoria da gestão pública para o desenvolvimento sus-
e as estratégias a serem utilizadas para assegurar sua tentável e socialmente includente do País”.
implementação. É a identificação de fatores competiti- TCU – “Assegurar a efetiva e regular gestão dos recur-
vos de mercado e potencial interno, para atingir metas e sos públicos, em benefício da sociedade”.
planos de ação que resultem em vantagem competitiva, Petrobrás – “Atuar de forma segura e rentável nas ati-
com base na análise sistemática de mudanças ambientais vidades de indústria de óleo, gás e energia, nos mercados
previstas para um determinado período. Portanto, o pla- nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços
nejamento estratégico não deve ser considerado apenas de qualidade, respeitando o meio ambiente, consideran-
como uma afirmação das aspirações de uma empresa, do os interesses dos seus acionistas e contribuindo para
pois inclui também o que deve ser feito para transformar o desenvolvimento do país”.
essas aspirações em realidade. Quando se considera a - Negócio: É o ramo de atuação da organização, de-
metodologia para o desenvolvimento do planejamento limita o campo em que ela estará desenvolvendo
estratégico nas empresas, têm-se duas possibilidades, suas atividades. Está muito ligado ao tipo de pro-
que se definem: duto ou serviço que a organização oferece e nem
• em termos da empresa como um todo, “aonde se sempre é tão óbvio. Por exemplo, o negócio da Co-
quer chegar e depois se estabelece “como a em- penhagen não é chocolates e sim presentes finos.
presa está para se chegar à situação desejada”; ou Para exemplificar com uma organização pública, o
• em termos da empresa como um todo “como se negócio do TCU é o “controle externo da adminis-
está” e depois se estabelece “aonde se quer che- tração pública e da gestão dos recursos públicos
gar”. Pode-se considerar uma terceira possibilidade federais”.
que é definir “aonde se quer chegar” juntamente
com “como se está para chegar lá”. Cada uma des- - Visão de futuro: É considerada como os limites
sas possibilidades tem a sua principal vantagem. que os principais responsáveis pela empresa con-
No primeiro caso, é a possibilidade de maior criati- seguem enxergar dentro de um período de tempo
vidade no processo pela não existência de grandes mais longo e uma abordagem mais ampla. Repre-
restrições. A segunda possibilidade apresenta a senta o que a empresa quer ser em um futuro pró-
grande vantagem de colocar o executivo com o pé ximo ou distante
no chão quando inicia o processo de planejamento
estratégico. A visão deve ser:
• Compartilhada e apoiada por todos na organização
O planejamento estratégico é o processo por meio do • Abrangente e detalhada
qual a estratégia organizacional será explicitada. • Positiva e inovadora
Podemos identificar, como características do planeja- • Desafiadora mas viável
mento estratégico: • Transmitir uma promessa de novos tempos
- É responsabilidade da cúpula da organização; • Agregar um aspecto emocional
- Envolve a organização como um todo;
- Planejamento de longo prazo; Exemplos de visão:
- Outros níveis do planejamento (tático e operacio- Receita Federal: “Ser uma instituição de excelência em
nal) serão desdobrados dele. administração tributária e aduaneira, referência nacional
Um bom planejamento estratégico deve, em seu iní- e internacional”.
cio, incluir a definição do referencial estratégico da or- TCU: “Ser instituição de excelência no controle e con-
ganização. Este referencial é o grande guia das organi- tribuir para o aperfeiçoamento da administração pública”.
zações, são as diretrizes que norteiam a sua atuação e o
seu posicionamento frente ao mercado. Representam o - Valores: Representam o conjunto dos princípios,
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

planejamento estratégico no seu nível mais amplo e são crenças e questões éticas fundamentais de uma
as bases para que a organização possua uma estratégia empresa, bem como fornecem sustentação a todas
sólida e sustentável. as suas principais decisões.
Esse referencial inclui o negócio, a missão, a visão de
futuro e os valores organizacionais. Influencia na qualidade do desenvolvimento e opera-
- Missão: pode ser entendida como o papel que a cionalização do planejamento estratégico.
empresa terá perante a sociedade, enfim, quais são Os valores da empresa devem ter forte interação com
os benefícios que a sua atividade produtiva - seja as questões éticas e morais da empresa
ela industrial, comercial ou prestação de serviços -
trará para a coletividade ou, pelo menos, aos seus
clientes. Missão é, portanto, a função social da ati-
vidade da empresa dentro de um contexto global.

Vejamos quatro exemplos de missão organizacional:


Receita Federal do Brasil: “Exercer a administração
tributária e o controle aduaneiro, com justiça fiscal e res-
peito ao cidadão, em benefício da sociedade”.
MPOG – “Promover o planejamento participativo e a

6
2.2. Elaborar uma estratégia para atingir os
#FicaDica objetivos.
Por mais simples que pareçam estes concei- Estabelecer estratégia significa definir de que maneira
tos, comumente são cobrados de forma que pode se atingir os objetivos de desempenho da empresa.
gerem dúvidas, portanto, é muito importan- A estratégia é concebida como uma combinação de ações
te que consiga identificar não só o concei- planejadas e reações adaptáveis para a indústria em de-
to, mas como diferenciá-lo em uma situação senvolvimento e eventos competitivos. Raramente a es-
prática. tratégia da empresa resiste ao tempo sem ser alterada.
A empresa bem-sucedida tem uma visão do Há necessidade de adaptação de acordo com as variáveis
que pretende, e esta visão trabalhada em con- do mercado, necessidades e preferências do consumidor,
sonância com seus valores, tendo como base manobras estratégias de empresas concorrentes.
em seu modelo de gestão a missão que forne-
ce à empresa o seu impulso e sua direção. 2.3. Analisar fatores externos da empresa

2.1. Desenvolver a visão estratégica e a missão do • • considerações políticas, legais de cidadania da


negócio. comunidade;
• • atratividade da indústria, mudanças da indústria e
- Através da visão é possível identificar quais são as condições competitivas;
expectativas e os desejos dos acionistas, conselheiros e • • oportunidades e ameaças da empresa. A tarefa
elementos da alta administração da empresa, tendo em de fazer com que a estratégia de uma empresa
vista que esses aspectos proporcionam o grande deli- seja socialmente responsável, significa conduzir
neamento do planejamento estratégico a ser desenvolvi- as atividades organizacionais eticamente e no in-
do e implementado. A gerência deve definir: “quem são”, teresse público geral, responder positivamente
“o que fazem” e “para onde estão direcionados”, estabe- às prioridades e expectativas sociais emergentes,
lecendo um curso para a organização. demonstrar boa vontade de executar as ações an-
A visão pode ser considerada como os limites que os tes que ocorra um confronto legal, equilibrar os
principais responsáveis pela empresa conseguem enxer- interesses dos acionistas com os interesses da so-
gar dentro de um período de tempo mais longo e uma ciedade como um todo e comportar-se como um
abordagem mais ampla. Ela deve ser resultante do con- bom cidadão na comunidade. A estratégia de uma
senso e do bom senso de um grupo de líderes e não da empresa deve fazer uma combinação perfeita da
vontade de uma pessoa. indústria com as condições competitivas e ainda
 A missão é a razão de ser da empresa. Neste precisa ser direcionada para conquistar oportuni-
ponto procura-se determinar qual o negócio da empre- dades de crescimento. Do mesmo modo a estra-
sa, por que ela existe, ou ainda em que tipos de ativi- tégia deve ser equipada para proporcionar defesa
dades a empresa deverá concentrar-se no futuro. Aqui do bem-estar da empresa e do seu desempenho
se procura responder à pergunta básica: “Aonde se quer futuro contra ameaças externas.
chegar com a empresa?” “Na realidade, a missão da em-
presa representa um horizonte no qual a empresa decide 2.4. Analisar fatores internos da empresa
atuar e vai realmente entrar em cada um dos negócios
que aparecem neste horizonte, desde que seja viável so- • pontos fortes e pontos fracos da empresa e capa-
bre os vários aspectos considerados”. cidades competitivas;
• ambições pessoais, filosofia de negócio e princí-
Esses negócios identificados no horizonte, uma vez pios éticos dos executivos; NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
considerados viáveis e interessantes para a empresa, • valores compartilhados e cultura da empresa. A
passam a ser denominados propósitos da empresa. estratégia deve ser muito bem combinada com
Os objetivos correspondem à explicitação dos setores os pontos fortes, os pontos fracos e com as ca-
de atuação dentro da missão que a empresa já atua ou pacidades competitivas da empresa, ou seja, deve
está analisando a possibilidade de entrada no setor, ainda ser baseada naquilo que ela faz bem e deve evi-
que esteja numa situação de possibilidade reduzida. tar aquilo que ela não faz bem. Os pontos for-
As empresas precisam de objetivos estratégicos e ob- tes básicos de uma organização constituem uma
jetivos financeiros. Os objetivos estratégicos referem-se importante consideração estratégia pelas habilida-
à competitividade da empresa e as perspectivas de longo des e capacidades que fornecem para aproveitar
prazo do negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se determinada oportunidade, aonde podem propor-
com medidas como o crescimento das receitas, retorno cionar vantagem competitiva para a empresa no
sobre o investimento, poder de empréstimo, fluxo de cai- mercado e potencialidade que tem para se tornar a
xa e retorno dos acionistas. base da estratégia. As ambições, valores, filosofias
de negócio, atitudes perante o risco e crenças éti-
cas dos gerentes têm influências importantes so-
bre a estratégia e são impregnadas nas estratégias
que eles elaboram. Os valores gerenciais também
modelam a qualidade ética da estratégia de uma

7
empresa, quando os gerentes têm fortes convic- 3. Modelo ou matriz de Ansoff
ções éticas, exigem que sua empresa observe um
estrito código de ética em todos os aspectos do
negócio, como por exemplo, falar mal dos produ-
tos rivais. As políticas, práticas, tradições e crenças
filosóficas da organização são combinadas para
estabelecer uma cultura distinta. Em alguns casos
as crenças e cultura da empresa chegam a dominar
a escolha das mudanças estratégicas.

O planejamento estratégico deve estar alinhado a


este referencial.

Etapas do Planejamento Estratégico: vamos abaixo


analisar alguns dos apontamentos sobre essas etapas
conforme seus autores.

Segundo Maximiano, o planejamento estratégico com- Temos dois componentes principais no modelo: Mer-
preende quatro etapas principais: cados e Produtos. Cada um deles pode ser classificado
A) Análise da situação estratégica presente. Esta eta- quando a existentes e novos, gerando quatro estratégias
pa busca compreender a situação atual da empre- empresariais possíveis:
sa, e as decisões que foram tomadas e levaram a Penetração no mercado: Esta estratégia consiste em ex-
tal posição. Deve considerar o referencial estraté- plorar produtos tradicionais em um mercado tradicional.
gico, os produtos e mercados atuais ou potenciais Desenvolvimento de mercado: “É a estratégia de ex-
da organização, as vantagens competitivas (ele- plorar um mercado novo com produtos tradicionais. Por
mentos capazes de diferenciar a organização de exemplo: uma operadora de cartões de crédito que lança
outras no mercado), o desempenho atual e o uso o produto para um público específico, como os torcedo-
de recursos. res de um time”.
B) Análise do ambiente. Na classificação do Maximia- Desenvolvimento de produto: consiste em oferecer
no, esta etapa abrange apenas o ambiente externo. produtos novos a mercados tradicionais.
C) Análise interna. É a análise do ambiente interno. Diversificação: É uma estratégia mais arrojada, que
D) Elaboração do plano estratégico. consiste em explorar novos produtos em novos merca-
dos. Por exemplo, uma empresa de produção de alimen-
A análise de ambiente corresponde à avaliação de tos que lança um refrigerante está adotando uma estra-
variáveis do ambiente interno (pontos fortes e pontos tégia de diversificação.
fracos) e variáveis do ambiente externo (oportunidades
e ameaças) relevantes para a organização. As variáveis Segundo classificação de Porter temos no Planejamen-
do ambiente interno normalmente são controláveis, en- to estratégico, 3 grupos:
quanto as variáveis do ambiente externo estão fora da - Diferenciação: Consiste em “procurar projetar uma
governabilidade da organização. forte identidade própria para o serviço ou produto,
que o torne nitidamente distinto dos produtos e
Segundo Djalma de Oliveira o Planejamento Estratégi- serviços dos concorrentes. Isso significa enfatizar
co apresenta estas etapas: uma ou mais vantagens competitivas, como qua-
a) Diagnóstico estratégico: abrange a definição da vi-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

lidade, serviço, prestígio para o consumidor, estilo


são, a análise externa, análise interna e análise dos do produto ou aspecto das instalações.
concorrentes; - Liderança de custo: consiste em oferecer produtos
b) Definição da missão: esta nós já vimos: é a defini- ou serviços mais baratos do que os concorrentes.
ção da razão de ser da empresa e as consequências - Estratégias de foco: concentração ou nicho: Consiste
de tal definição; em escolher um segmento do mercado e concen-
c) Definição dos instrumentos prescritivos e quantitati- trar-se nele. Por exemplo, produtores de alimentos
vos: instrumentos prescritivos são aqueles que irão orgânicos oferecem um alimento mais caro, mas
dizer como a organização deve atuar para alcançar concentrado em um nicho específico de clientes.
os objetivos definidos. Instrumentos quantitativos, 4. Planejamento Estratégico Situacional (PES)
basicamente, são aqueles ligados ao planejamento
orçamentário; O PES foi sintetizado pelo economista chileno Car-
d) Controle e avaliação: são verificações, etapas em los Matus, para pensar a arte de governar. Este méto-
que se avalia se o que está sendo feito correspon- do “pressupõe constante adaptação do planejamento a
de ao que foi planejado. cada situação concreta onde é aplicado”. Além disso, o
PES leva em consideração, em suas formulações teóricas,
as interferências dos campos político, econômico e social
nos planos de governo.

8
Definição de planejamento segundo Matus: “Planejar significa pensar antes de agir, pensar sistematicamente,
com método; explicar cada uma das possibilidades e analisar suas respectivas vantagens e desvantagens; propor-se
objetivos”.
Outro ponto importante deste conteúdo são os momentos do PES:
• Momento explicativo: compreende-se a realidade, identificando-se os problemas que os atores sociais declaram.
Abandona o conceito de setor, utilizado no planejamento tradicional, e passa a trabalhar com o conceito de
problemas. “Na explicação da realidade temos que admitir e processar informação relativa a outras explicações
de outros atores sobre os mesmos problemas, isto é, a abordagem deve ser sempre situacional, posicionada no
contexto”.
• Momento normativo: como se formula o plano. Produzir as respostas de ação em um contexto de incerteza. De-
finir a situação ideal. “O central neste modelo de planejamento é discutir a eficácia de cada ação e qual a situação
objetivo que sua realização objetiva, cada projeto e isso só pode ser feito relacionando os resultados desejados
com os recursos necessários e os produtos de cada ação”
• Momento estratégico: examinar a viabilidade política do plano e do processo de construção de viabilidade políti-
ca das operações não viáveis na situação inicial. Adequa o “deve ser” ao “pode ser”. Busca desenhar as melhores
estratégias para viabilizar a máxima eficácia do plano.
• Momento tático-operacional: o momento do fazer. “Neste momento é importante debater o sistema de gestão
da organização e até que ponto ele está pronto para sustentar o plano e executar as estratégias propostas”.

Os principais pressupostos teóricos do método PES são resumidos em quatro perguntas, segundo Matus, que
apontam as diferenças entre o PES e os demais métodos de planejamento estratégico:
1) como explicar a realidade?
2) como conceber um plano?
3) como tornar viável o plano necessário?
4) como agir a cada dia de forma planejada?

5. Planejamento Tático

Planejamento é a primeira das funções administrativas, e está relacionada com tudo aquilo que a organização pre-
tende fazer, executar, alcançar.
Podemos considerar o planejamento como “o ato de determinar as metas da organização e os meios para
alcançá-las”.
Na prática temos três tipos de planejamentos:

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de médio prazo, e com maneiras e ações que, geralmente, afetam
somente uma parte da empresa.
Tem como eixo central otimizar determinadas áreas de resultados, e não a empresa como um todo. Portanto, traba-
lha com decomposição dos objetivos e políticas estabelecidas no planejamento estratégico.
O planejamento tático é desenvolvido em níveis organizacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível gerencial
ou departamental, tendo como principal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução
de objetivos previamente fixados, segundo uma estratégia predeterminada, bem como as políticas orientadoras para
o processo decisório organizacional.

9
Características Principais:
- Processo permanente e contínuo;
- Aproxima o estratégico do operacional;
- Aproxima os aspectos incertos da realidade;
- É executado pelos níveis intermediários da organização;
- Pode ser considerado uma forma de alocação de recursos;
- Tem alcance mais limitado do que o planejamento estratégico, ou seja, é de médio prazo;
- Produz planos mais bem direcionados às atividades organizacionais.

Questões essenciais:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

- O quê fazer?
- Dá para fazer?
- Vale a pena fazer?
- Quem faz?
- Como fazer bem?
- Funciona?
- Quando fazer?

6. Desenvolvimento de planejamentos táticos

6.1. Planejamento Operacional

Pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escrito das metodologias de
desenvolvimento e implantações estabelecidas.
Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos operacionais.
Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático, e
devem conter com detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos
a serem adotados; os produtos ou resultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis pela sua
execução e implantação.

10
Ciclo básico dos três tipos de planejamento
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (PGE/MT 2016 - FCC) O quadro a seguir apresenta as


fases elementares para elaboração e implementação do
planejamento estratégico: 

A correta correlação entre as colunas A e B está descrita


em 

a) 1-Z; 2-X; 3-W; 4-Y.


#FicaDica b) 1-Z; 2-W; 3-X; 4-Y. 
c) 1-Y; 2-X; 3-W; 4-Z. 
O  planejamento estratégico  é o ponto de
d) 1-W; 2-Z; 3-Y; 4-X. 
partida da organização e tem como  fun-
e) 1-Y; 2-W; 3-X; 4-Z. 
ção antecipar o que a organização deverá
fazer e quais objetivos deverão ser atingi-
Resposta: Letra E. Metodologia para a elaboração
dos, enquanto quem formaliza as metodo-
do planejamento estratégico proposta por Djalma de
logias de desenvolvimento é o planejamen-
Oliveira:
to tático e quem executa é o operacional.
Vale lembrar que a banca tem uma tendência a explo-
rar a linha de pensamento desse autor.
Fase I - diagnóstico estratégico: a) Identificação da Vi-
Fonte e textos adaptados de: www periodicos.unifor- são; b) Identificação dos valores; c) Análise externa; d)
mg.edu.b/Jussara Maria Silva Rodrigues Oliveira/Denise Análise interna; e) Análise dos concorrentes.
Grzybovski/Ricardo de Souza Sette/Jaime Crozatti/Carlos Fase II - Missão da empresa: a) Estabelecimento da
Xavier missão da empresa; b) Estabelecimento dos propósitos
atuais e potenciais; c) Estruturação e debate de cená-
rios; d) Estabelecimento da postura estratégica; e) Es-
tabelecimento das macroestratégias e macropolíticas.
Fase III - instrumentos prescritivos e quantitativos: a)
Estabelecimento de objetivos, desafios e metas; b) Es-
tabelecimento de estratégias e políticas; c) Estabeleci-
mento de projetos programas e planos de ação. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
Fase IV - Controle e avaliação: Em sentido amplo, esta
etapa envolve processos de: Estabelecimento de padrões
de medida e de avaliação; Medida dos desempenhos
apresentados; Comparação do realizado com o plane-
jado; Avaliação dos profissionais envolvidos no proces-
so; Comparação do desempenho real com os objetivos,
desafios, metas, projetos e planos de ação estabelecidos;
Análise dos desvios observados em relação ao planeja-
do; Tomada de ações corretivas; e Feedback de informa-
ções para uso em futuros processos de planejamento.

11
2. (TRT/21ª Região/ RN – 2017 - FCC) Os conceitos de missão e visão de uma organização, comumente utilizados na
etapa de diagnóstico institucional em diferentes metodologias de planejamento estratégico e de gestão, correspon-
dem, respectivamente, 

a) ao cenário externo, consistente em ameaças e oportunidades; ao cenário interno, consistente nas forças e fraquezas
da organização. 
b) à percepção interna, dos integrantes da organização, sobre seus principais atributos; à percepção externa, dos clien-
tes e da sociedade, sobre as características da organização.  
c) às metas de curto prazo estabelecidas para a organização; às metas e objetivos de longo prazo, ligados à perenidade
da organização.  
d) aos objetivos estratégicos da organização, representados por indicadores; às metas representativas dos resultados
pretendidos pela organização. 
e) à razão de existir da organização, contemplando sua essência e seus propósitos; ao futuro almejado pela organiza-
ção, contemplando a forma como pretende ser reconhecida. 

Resposta: Letra E. Missão: é a razão de existir da organização, bem como seu posicionamento estratégico.
Visão: é a visão de futuro, como a organização deverá estar no futuro.

MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO E LIDERANÇA

MOTIVAÇÃO

Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem que a impulsionam à ação. Existe uma influência tanto individual
como pelo contexto em que essa pessoa se encontre. Indivíduos motivados tendem a ter um melhor desempenho, o
que faz com que a organização invista em estímulos para promover essa motivação.
A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida, a solução inovadora para que se pudesse compreen-
der melhor o comportamento humano na sua variedade. Um mesmo indivíduo ora persegue objetivos que atendem
a uma necessidade, ora busca satisfazer outras. Tudo depende da sua carência naquele momento. Duas pessoas não
perseguem necessariamente o mesmo objetivo ao mesmo tempo. O problema das diferenças individuais assume im-
portância preponderante quando falamos de motivação.

1. Razões da Motivação
1.1 Razões empresariais 
• Concorrência; 
• Produtos e preços;
• Fidelização.

1.2 Razões Pessoais


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

• Empregabilidade;
• Motivos para servir:
• (ordem material = cliente =lucro)
• (ordem intelectual = interação / troca / oportunidade)
• (ordem espiritual = crescimento pessoal)

O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se e alcançar seus objetivos.
Podemos identificar os seguintes tipos de motivação:

12
O ideal seria o alinhamento de todos esses tipos de motivação; pessoas automotivadas atuando em grupos coesos,
com orientação clara, sólida e coerente.
Afinal, o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo com outros olhos? É conquistar resultados, é superar
obstáculos, é ser persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o quê? 
Motivação, segundo o dicionário, é o ato de motivar; exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores psicoló-
gicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam um certo tipo de conduta em
alguém. Sendo assim, motivação está intimamente ligada aos motivos que, segundo o dicionário, é fato que leva uma
pessoa a algum estado ou atividade. 
Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente ao que você quer da vida, e seus motivos são pessoais,
intransferíveis e estão dentro da sua cabeça (e do coração). Logo, seus motivos são abstratos e só têm significado pra
você, por isso motivação é algo tão pessoal, porque vem de dentro.
A motivação é uma força interior que se modifica a cada momento durante toda a vida, a qual direciona e intensifica
os objetivos de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a motivação é algo interior, ou seja, que está dentro
de cada pessoa de forma particular, erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmotiva, pois ninguém é capaz de
fazê-lo. Existem pessoas que pregam a automotivação, mas tal termo é erroneamente empregado, já que a motivação
é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego desse prefixo deve ser descartado.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

13
Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva quando suas necessidades são todas supridas de forma hierárqui-
ca. Maslow organiza tais necessidades da seguinte forma:

• Autorrealização;
• Autoestima;
• Sociais;
• Segurança;
• Fisiológicas.

Tais necessidades devem ser supridas primeiramente no alicerce das necessidades escritas, ou seja, as necessidades
fisiológicas são as iniciantes do processo motivacional, porém, cada indivíduo pode sentir necessidades acima ou abai-
xo das que está executando, o que quer dizer que o processo não é engessado, e sim flexível.
Teoria dos Dois Fatores – Para Frederick Herzberg, a motivação é alcançada por meio de dois fatores:
• Fatores higiênicos, que são estímulos externos que melhoram o desempenho e a ação de indivíduos, mas que
não conseguem motivá-los.
• Fatores motivacionais, que são internos, ou seja, são sentimentos gerados dentro de cada indivíduo a partir do
reconhecimento e da autorrealização gerada por meio de seus atos.

Por outro lado, David McClelland identificou três necessidades que seriam pontos chave para a motivação: poder,
afiliação e realização.
Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, são adquiridas ao longo da vida, mas que trazem prestígio,
status e outras sensações que o ser humano gosta de sentir.
Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas teóricas, que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teorias de
Processo, nas quais, em cada uma delas, identificamos as correntes pertencentes.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

Disponível em: <gpparaconcursos.blogspot.com.br>.

Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que veremos abaixo:

Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hierárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades de
segurança, necessidades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de autorrealização.

14
Teoria ERC de Alderfer:
Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow, criando três categorias: Existência (necessidades fisio-
lógicas e de segurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o componente externo da estima (social) e o
componente interno da estima (autoestima), incluindo nessa categoria as necessidades sociais e o componente externo
da estima) e Crescimento (incluindo aqui autoestima e a necessidade de autorrealização).

Teoria dos dois fatores de Herzberg:


Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessidade humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e
os fatores motivacionais (intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínsecos ou exteriores ao trabalho. Para
Herzberg, eles podem causar a insatisfação e desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não necessariamente
causarão a motivação. Exemplos: segurança, status, relações de poder, vida pessoal, salário, condições de trabalho, su-
pervisão, política e administração da empresa. Os fatores motivadores são os fatores intrínsecos, internos ao trabalho.
Estes fatores podem causar a satisfação e a motivação. Exemplos: crescimento, progresso, responsabilidade, o próprio
trabalho, o reconhecimento e a realização.

Teoria da determinação de metas:


Considera que a determinação de metas motiva os trabalhadores. A equipe deve participar na definição das metas
(construção conjunta), que devem ser claras, desafiadoras, mas alcançáveis.

Teoria da equidade:
Também conhecida como teoria da comparação social. A motivação seria influenciada fortemente pela percepção
de igualdade e justiça existente no ambiente profissional.

Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:


Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes
a um determinado objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a resultados particulares. Pode-se
traduzi-la como a preferência em direção, ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o comportamento
em sua direção, valência zero é indiferente e valência negativa é algo que o indivíduo prefere não buscar. Força, ou
instrumentalidade, por sua vez, é o grau de energia que o indivíduo irá ter que gastar em sua ação para alcançar o
objetivo. Expectativa é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui a determinado evento, em função da relação
entre o esforço que vai ser despendido no evento e o resultado que se busca alcançar.

Teorias X e Y:
McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de motivação e liderança: as teorias X e Y. A teoria X
apresentava uma visão negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos são naturalmente preguiçosos,
não gostam de trabalhar, precisam ser guiados, orientados e controlados para realizarem a contento os trabalhos. A
teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos são automotivados, gostam de assumir desafios e responsabilidades e irão
contribuir criativamente para o processo se tiverem suficientes oportunidades de participação.

Dentre as teorias citadas, a mais difundida é a da Hierarquia das Necessidades, abaixo mais detalhes sobre ela:
Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessi-
dades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de auto realização.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

15
2. Quanto às implicações dessas teorias
Implicações aos Administradores:
As implicações para os administradores estão relacionadas quanto à forma de motivar os subordinados:

• Determinar recompensas que são valorizadas por cada subordinado. Ao serem motivadoras, devem ser adequadas
aos indivíduos, observando suas reações em diferentes situações e perguntando que tipos de recompensas desejam;
• Determinar o desempenho que você deseja e qual o nível de desempenho que os subordinados têm que ter para
serem recompensados;
• Fazer com que o nível de desempenho seja alcançável – a motivação poderá ser baixa se os subordinados acha-
rem que o que foi determinado é difícil ou impossível;
• Ligar as recompensas ao desempenho;
• Certificar se a recompensa e adequada - recompensas pequenas significam motivações fracas.

Implicações para a Organização:


A expectativa da motivação também traz várias implicações para a organização:

• Geralmente, as organizações recebem o equivalente a recompensa e não o que desejam – o sistema de recom-
pensas deve ser projetado para motivar os comportamentos desejados; ex.: segurança e aumento de produção.
• O trabalho em si pode tornar-se intrinsicamente recompensador – se forem projetados para atender as necessidades
mais elevadas dos empregados, como ex.: independência, criatividade e o trabalho pode ser motivador por si mesmo.
• Portanto, a tarefa mais importante para os administradores e organizações é garantir que os subordinados te-
nham os recursos necessários para dar o melhor de si em prol do planejamento da organização.
• Ainda sobre motivação, precisamos entender o processo que leva o indivíduo a tomar uma ação em busca de um
objetivo, conforme mostra o Ciclo Motivacional.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

3. O Ciclo Motivacional
O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas:

16
• Uma necessidade rompe o estado de equilíbrio • As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
do organismo; • As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
• Causando um estado de tensão, insatisfação, des- • As pessoas são capazes de enfrentar por si as de-
conforto e desequilíbrio; mandas da vida.
• Esse estado de tensão leva o indivíduo a um com-
portamento ou ação capaz de descarregar a ten- Diante disso tudo, importante é a postura da área de
são ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. gestão de pessoas frente a esses aspectos, devendo estar
Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontra- sempre atenta, oferecendo ferramentas que proporcio-
rá a satisfação da necessidade e, satisfeita essa necessi- nem a motivação constante dos colaboradores e equipes
dade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior no dia a dia de trabalho.
e à sua forma de ajustamento ao ambiente.
As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo LIDERANÇA
contrário, são forças dinâmicas e persistentes que provo-
cam comportamentos. Uma característica essencial das organizações é que
Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo), elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que
os comportamentos tornam-se gradativamente mais efi- entra o conceito de Gestão de Pessoas! Gestão de Pes-
cazes na satisfação de certas necessidades. Quando uma soas é um modelo geral de como as organizações se re-
necessidade é satisfeita, ela não é mais motivadora de lacionam com as pessoas.
comportamento já que não causa tensão ou desconforto. Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e in-
O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de re- fluência sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas
solução da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita, organizações. É uma atividade que, se bem feita, mantém a
frustrada (quando a satisfação é impedida ou bloqueada) saúde das relações entre os indivíduos. Por isso, é muito im-
ou compensada (a satisfação é transferida para objeto). portante essa atenção dada aos fundamentos da psicologia.
Muitas vezes a tensão provocada pelo surgimento da
necessidade encontra uma barreira ou obstáculo para a Segundo Chiavenato,
sua liberação. Não encontrando a saída normal, a tensão Liderança é uma influência interpessoal exercida em
represada no organismo procura um meio indireto de uma dada situação e dirigida por meio do processo de
saída, seja por via psicológica (agressividade, desconten- comunicação humana para a consecução de um ou mais
tamento, tensão emocional, apatia, indiferença etc.) seja objetivos específicos. Os elementos que caracterizam são,
por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões portanto, quatro: a influência, a situação, o processo de
cardíacas ou digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade comunicação e os objetivos a alcançar.
não é satisfeita nem frustrada, mas é transferida ou com-
pensada. Isto se dá quando a satisfação de outra necessi- A liderança não deve ser confundida com direção nem
dade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade com gerência. Um bom administrador deve ser necessaria-
que não pode ser satisfeita. mente um bom líder. Por outro lado, nem sempre um líder é
A satisfação de alguma necessidade é temporal e um administrador. Na verdade, os líderes devem estar pre-
passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica e orien- sentes no nível institucional, intermediário e operacional das
tada pelas diferentes necessidades. O comportamento é
organizações. Todas as organizações precisam de líderes em
quase um processo de resolução de problemas, de satis-
todos os seus níveis e em todas as suas áreas de atuação.
fação de necessidade, à medida que elas vão surgindo.
A liderança envolve o uso da influência e todas as re-
O conceito de motivação – ao nível individual – con-
lações interpessoais podem envolver liderança. Todas as
duz ao de clima organizacional – ao nível da organiza-
relações dentro de uma organização envolvem líderes e
ção. Os seres humanos estão continuamente engajados
liderados: as comissões, os grupos de trabalho, as rela-
no ajustamento a uma variedade de situações, no sen-
ções entre linha e assessoria, supervisores e subordina-
tido de satisfazer suas necessidades e manter um equi- NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
líbrio emocional. Isto pode ser definido com um estado dos etc. Outro elemento importante no conceito de lide-
de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à rança é a comunicação. A clareza e a exatidão da comu-
satisfação das necessidades de pertencer a um grupo so- nicação afetam o comportamento e o desempenho dos
cial de estima e de autorrealização. É a frustração dessas liderados. A dificuldade de comunicar é uma deficiência
necessidades que causa muitos dos problemas de ajus- que prejudica a liderança. O terceiro elemento é a con-
tamento. Como a satisfação dessas necessidades supe- secução de metas. O líder eficaz terá de lidar com indi-
riores depende muito de outras pessoas, particularmente víduos, grupos e metas. A eficácia do líder é geralmente
daquelas que estão em posições de autoridade, torna-se considerada em termos de grau de realização de uma
importante para a administração compreender a natu- meta ou combinação de metas. Mas, por outro lado, os
reza do ajustamento e do desajustamento das pessoas. indivíduos podem considerar o líder como eficaz ou ine-
O ajustamento – assim como a inteligência ou as apti- ficaz, em termos de satisfação decorrente da experiência
dões – varia de uma pessoa para outra e dentro do mes- total do trabalho. De fato, a aceitação das diretrizes e co-
mo indivíduo de um momento para outro. Varia dentro mandos de um líder apoia-se muito nas expectativas dos
de um continuum e pode ser definido em vários graus. liderados de que suas respostas favoráveis os levarão a
Um bom ajustamento denota “saúde mental”. Uma das bons resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como
maneiras de se definir saúde mental é descrever as ca- um instrumento para ajudar a alcançar objetivos.
racterísticas de pessoas mentalmente sadias. As caracte-
rísticas básicas de saúde mental são:

17
1. Papel do líder

Alcançar eficiência concreta e constante para a organização, por meio de métodos avaliativos, controle e mensura-
ção dos resultados.

2. Estilo de Liderança

3. Teorias sobre Liderança


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

18
É claro que a teoria e o estilo de liderança têm sua im- modelos atuais de processos comunicacionais são pare-
portância no contexto, mas o que vale mesmo é que as cidos com o de Aristóteles, sendo que o que mudou foi
organizações compreendam definitivamente o papel do a complexidade com que eles estão sendo abordados.
líder, a relevância que esse elemento tem na gestão or- As primeiras abordagens da Comunicação defendiam
ganizacional, instigando a equipe a ser melhor a cada dia. um processo comunicacional constituído por apenas
Compete à organização dar o suporte que esse agen- quatro elementos fundamentais: emissor, receptor, men-
te motivador precisa para potencializar o desenvolvimen- sagem e meio. Já as abordagens mais recentes da Comu-
to humano, por meio dos desafios colocados à equipe, nicação, defendem que o processo é desencadeado por
provocando alto desempenho, estimulando-os a assumir oito elementos, são eles: objetivos, emissor, mensagem,
cada vez mais o compromisso de atingirem um nível de meio, receptor, significado, resposta e situação.
competência de excelência. Todos os elementos do processo são interdependen-
Ao líder compete compreender como fazer isso tudo, tes e devem seguir uma ordem para que haja uma inte-
por meio de críticas construtivas que visam a melhorar gração lógica entre esses elementos e o próprio proces-
o desempenho, por meio de decisões que resolvam os so comunicacional.
conflitos existentes e por meio de um olhar atento para A seguir, os componentes do processo serão especi-
descobrir talentos, aos quais deve dar feedback e dos ficados um a um:
quais deve receber, estando disposto a aprender, assim
como ensinar. 2. Situação
O papel do líder é o de criar vínculos de confiança, a
partir de relações éticas, de postura comprometida com os A situação pode ser considerada a circunstância na
liderados em harmonia com os objetivos da organização. qual as mensagens são passadas do emissor ao receptor.
Quando esse papel é notado dentro das organiza- “Todos os processos de Comunicação acontecem em de-
ções, a pessoas nelas envolvidas se sentem respeitadas e terminada situação, seja ela favorável ou desfavorável. A
valorizadas, o clima organizacional é de harmonia e siner- situação real que deve ser considerada, no processo de
gia e, com isso, as organizações atingem não apenas um Comunicação, é aquela percebida e sentida pelo recep-
nível de competitividade no mercado, mas conseguem tor e não aquela vivida ou sentida pelo emissor”. Para
firmar seu diferencial de maturidade organizacional. que a transmissão da mensagem seja considerada efi-
caz, deve-se procurar a situação mais favorável, pois, se
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL o emissor procurar comunicar-se em uma situação des-
favorável, poderá acontecer que o receptor não lhe dará
Conduzir eficientemente processos de comunicação a atenção devida e, consequentemente, não entenderá a
interpessoal e trocar feedback de forma motivadora têm mensagem que lhe foi transmitida.
sido um grande desafio na liderança de equipes e grupos
de trabalho em geral. 3. Objetivos
Sendo assim, o profissional precisa aprender a
administrar: Podem ser caracterizados como os estímulos que le-
▪ A correta utilização da comunicação verbal e não vam o emissor a transmitir a mensagem. Como a Comu-
verbal; nicação é um processo de interação, na qual as pessoas
▪ A comunicação como elemento de integração e integram-se umas com as outras, os objetivos podem ser
motivação na empresa; considerados como “os interesses” que levaram o emis-
▪ Competências técnicas e humanas; sor a interagir com o receptor. Alguns exemplos de ob-
▪ Como o ouvinte percebe a sua comunicação; jetivos: ouvir opiniões a respeito de algo ou dar um aviso
▪ Gerenciamento de relações; sobre o churrasco do final de semana.
▪ Resolução de conflitos; Além dos objetivos serem um interesse que o emissor NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
▪ Como ouvir melhor: a arte de esclarecer e confirmar; tem em relação ao receptor, alguns autores lançam uma
▪ Como especificar méritos e sugerir mudanças; reflexão intrínseca de que os objetivos também devem
▪ A importância de argumentar para os valores do chamar a atenção de quem recebe a mensagem, por-
outro. que senão o receptor não se sentirá atraído e também
não verá utilidade alguma na mensagem. Desta forma,
1. Processo comunicacional para que o receptor perceba a utilidade da mensagem,
o emissor deve conhecer as necessidades, os gostos,
O processo comunicacional tem como maior objetivo ações, pensamentos, crenças e valores de quem vai rece-
a interação humana, buscando o estabelecimento das re- ber a mensagem, pois só assim a Comunicação valerá a
lações e o entendimento entre os indivíduos. pena. É imprescindível a clareza dos objetivos, pois sem
Desde os tempos antigos, Aristóteles já dizia que: isso, o processo não ocorre eficazmente.
(...) devemos olhar para três ingredientes na comunica-
ção: quem fala, o discurso e a audiência. Ele quis dizer que 4. Emissor
cada um destes elementos é necessário à Comunicação e
que podemos organizar nosso estudo do processo sob estes É o agente do processo de Comunicação, ou seja, é
três títulos: 1) a pessoa que fala; 2) o discurso que faz; 3) a a pessoa que tem uma mensagem para comunicar. Ele é
pessoa que ouve. a fonte ou a origem do processo de Comunicação. Além
É interessante notar que praticamente todos os disso, é quem vai tomar a iniciativa de se comunicar e

19
buscar a interação com as outras pessoas, a fim de alcan- 6. Meio
çar o seu objetivo.
Para alcançar a eficácia da Comunicação, o emissor Pode ser chamado, também, de canal ou veículo de
tem que ter como requisitos fundamentais: transmissão. Como a própria denominação já diz, o meio
▪ Habilidades: para que possa falar, ler, ouvir e é o recurso utilizado pelo emissor para transmitir a men-
raciocinar. sagem. O meio “é determinado pelos requisitos de for-
▪ Atitudes: por influenciar o comportamento e por ma da mensagem a ser transmitida e da resposta a ser
estarem relacionadas a ideias pré-concebidas, obtida.” Ou seja, o meio de Comunicação está associado
quanto a vários assuntos, as comunicações são à forma verbal ou não verbal de transmissão da men-
influenciadas por determinados tipos de atitudes sagem, isso quer dizer que, dependendo das situações
que as pessoas tomam. específicas de cada mensagem, o meio pode ser caracte-
▪ Conhecimento: a extensão e profundidade do co- rizado de várias formas, desde a voz humana à televisão
e até pelo fax ou pelo e-mail.
nhecimento das pessoas sobre um assunto pode
Vale ressaltar que não existe um meio ou uma forma
restringir (se o assunto não é de conhecimento do
melhor que o outro, existe, sim, um mais adequado, de
emissor) ou ampliar (quando o receptor não com-
acordo com as características da mensagem a ser trans-
preende a mensagem que está sendo transmitida) mitida. “O requisito fundamental na escolha do meio é
o campo comunicacional. que ele não provoque ruído” nas mensagens, pois o ruído
▪ Sistema sociocultural: a situação cultural em que é uma interferência que prejudica a transmissão da men-
o emissor se situa, com suas crenças, valores e sagem, comprometendo a recepção da mesma, ou seja,
atitudes influencia o tempo todo a sua função de a decodificação da mensagem pelo receptor. Para que
comunicador. haja um melhor entendimento do significado de ruído,
vale a pena exemplificar: uma linha cruzada do telefone,
Um requisito significativo no contexto organizacio- um documento sujo ou borrado, alguém que fale muito
nal é a representatividade do emissor, ou seja, a posição baixo, um ambiente de trabalho desconfortável etc.
hierárquica exercida pelo emissor, que é de fundamen-
tal importância para a credibilidade da mensagem a ser 7. Receptor
comunicada.
É quem recebe a Comunicação, ou seja, é o foco da
5. Mensagem comunicação. É ele quem vai reagir ao estímulo promo-
vido pelo emissor.
É o que vai ser comunicado pelo emissor. Deve estar Sem o receptor, não há Comunicação, pois, se o re-
adequada ao nível cultural, técnico e hierárquico do re- ceptor não faz parte do processo, o emissor não tem para
ceptor. É composta por conteúdo e forma. quem comunicar a sua mensagem e, consequentemente,
O conteúdo representa o que será transmitido e de- não terá uma resposta.
pende dos objetivos do processo comunicacional. Não Sendo assim, pode-se dizer que todo o processo de
deve ser insuficiente ou excessivo, deve comunicar o Comunicação deve ser direcionado de acordo com as ca-
essencial, frente aos objetivos a serem alcançados pelo racterísticas do receptor. A seguir algumas características
emissor. O conteúdo também “deve ter uma sequencia que, assim como o emissor, o receptor necessita ter, para
lógica, ou seja, um início (objetivos), um meio e um fim que a Comunicação seja eficaz:
(...) assim como o emissor foi limitado por suas ha-
(conclusões)”. A forma é a maneira pela qual a mensa-
bilidades, atitudes, conhecimento e sistema sociocultural, o
gem é transmitida. As formas básicas são as verbais e as
receptor é restringido da mesma maneira. Assim como o
não verbais. As verbais podem ser orais e escritas (pala-
emissor deve ter habilidades de escrever ou falar, o receptor
vras, letras, símbolos). Já as não verbais, podem ser ges- deve ser hábil em ler ou ouvir, e ambos devem ser capazes
tuais (mímicas, movimentos corporais), vocais (timbre de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

de raciocinar. O conhecimento, atitudes e formação cultural


voz e entonação) e espaciais (local físico e layout). de alguém influenciam a sua capacidade de receber, assim
(...) não há uma forma melhor do que a outra. A es- como o fazem com a capacidade de enviar mensagens.
colha da forma depende de um conjunto de fatores, den-
tre os quais os mais relevantes são: rapidez requerida (na 8. Significado
transmissão da mensagem, na obtenção das respostas);
quantidade de receptores; localização geográfica dos re- É a compreensão da mensagem, no seu sentido cor-
ceptores; necessidade de formalizar a mensagem; neces- reto. É o “entendimento comum” da mensagem entre o
sidade de consultas posteriores sobre a mensagem; com- emissor e o receptor. Isso ocorre quando o emissor e o
plexidade do assunto tratado; facilidade de retenção da receptor entendem da mesma forma a mensagem.
mensagem (lembrança) Portanto, quando o receptor interpreta a mensagem
Além disso, também se destaca que um único proces- da mesma forma que o emissor quis transmiti-la, pode-se
so pode utilizar mais de uma forma de Comunicação. Um dizer que o receptor captou o significado da mensagem.
exemplo de conteúdo e formas diferentes de se transmi- Quando a mensagem é transmitida pelo emissor, ela
tir a mensagem pode ser: demissão de um colaborador é codificada e quando é recebida pelo receptor, ela é
da Organização (conteúdo) – comunicada por e-mail a decodificada. As codificações e decodificações são com-
todos os outros colaboradores (forma não verbal) ou na postas por um conjunto de signos, utilizados pelas pes-
reunião pelo gerente (forma verbal). soas para representar seus pensamentos, a realidade em
que vivem etc.

20
Os signos devem expressar a mesma coisa para o 10.1 Barreiras pessoais
emissor e para o receptor, ou seja, o significado que o
objeto porta para o emissor deve ser o mesmo que o 1. Nível de conhecimento: está ligado à profundi-
do receptor. Caso isso não ocorra, a mensagem não será dade de conhecimento que as pessoas têm e re-
transmitida eficazmente, já que a interpretação do recep- velam no decorrer do processo comunicacional.
tor não é a correta ou a esperada pelo emissor. Pode também ser atribuído pelas outras pessoas
Mas, mesmo que o significado seja o mesmo, para que fazem parte do processo, por perceberem o
o emissor e para o receptor, não se pode dizer que as conhecimento e o reconhecerem. “Este aspecto
questões referentes ao processo de comunicação foram pode conduzir à maior ou menor credibilidade ao
resolvidas, pois, “a compreensão, através da comunhão emissor e trazer-lhe um estatuto que pode marcar
do significado, não quer dizer, necessariamente, acordo. o desempenho do seu papel enquanto comunica-
Posso compreender uma ideia, sem concordar com ela.” dor.” Algumas pessoas, por conhecerem profunda-
Portanto, não é apenas o entendimento do significado, mente um assunto, não gostam ou se incomodam
por ambas as partes que assegura a eficácia da comuni- em conversar com alguém que não tem o mesmo
cação. Em relação a isso, podemos dizer que “ainda que domínio do assunto e vice-versa.
o significado comum não assegure sozinho, a eficácia do 2. Aparência: a forma de se vestir e se cuidar pode
processo de comunicação como um todo, é um requisito determinar o jeito com que as pessoas se comu-
fundamental para promover o entendimento.” nicarão umas com as outras. Dias (2001) coloca
que, tanto as expectativas provocadas, como as
9. Resposta primeiras impressões, são determinantes para um
processo comunicacional eficaz. Por exemplo, um
Pode ser chamada, também, de feedback ou compor- homem de terno e gravata tem muito mais faci-
tamento esperado, pois é a reação do receptor à mensa- lidade de receber atenção do que um homem de
gem recebida. É o último objetivo do processo, pois é o bermuda e tênis.
desejado pelo emissor ao emitir uma mensagem. 3. Postura corporal: deve ser estabelecida de acordo
A resposta pode ser considerada como a efetivação com o que se quer comunicar. Alguns teóricos da
do recebimento da mensagem, determinando, ou não, Sociologia dizem que a postura também deve ser
o sucesso da mesma. Por meio da comunicação oral, as adequada de acordo com o grupo com o qual se
pessoas conseguem personificar seu ser. está comunicando.
Comunicação é tornar algo comum, compartilhar, di- 4. Movimento corporal: certos movimentos podem
vidir, trocar. ser favoráveis ou não para um processo eficaz.
Enfim, é o processo de transmitir uma informação a Podemos citar o livro “O corpo fala”, que aborda
outra pessoa, no entanto, o que caracteriza a comuni- a questão de que o corpo também se comunica,
cação é a compreensão e não simplesmente o informar. as expressões corporais manifestam a ansiedade, a
Daí a diferença de comunicação (que é a informação atração, o nervosismo, a tristeza etc.
sendo transmitida) e comunicabilidade (que é o ato co- 5. Contato visual: a forma como as pessoas se olham
municativo otimizado). demonstra como uma está se sentindo em relação
Barreiras à comunicação eficaz – alguns elementos à outra, além de informar o grau de atenção que
prejudicam a transmissão e a compreensão da comuni- está sendo dirigida à pessoa que está falando. “O
cação, entre eles podemos citar: direcionamento, o tempo, o contexto, a oportuni-
▪ Ruídos; dade, a intensidade, o status de quem olha ou de
▪ Sobrecarga de informações; quem é olhado impõem um quadro interpretativo
▪ Tipos de informações; que cada cultura se encarrega de transmitir aos
▪ Fonte de informações; seus membros pelo processo de socialização.” NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
▪ Localização Física; 6. Expressão facial: é determinante, pois é uma forma
▪ Defensidade. de demonstrar o interesse das pessoas pela men-
Além desses, as barreiras são um conjunto de fatores sagem que está sendo transmitida.
que impedem ou dificultam a recepção da mensagem, 7. Fluência: a articulação das palavras, a modulação (in-
no processo comunicacional. tensidade dos sons), o ritmo e o timbre da voz fazem
A seguir, serão abordadas as teorias da Sociologia e da diferença em termos da maneira como são utilizados
Administração, em relação às barreiras, especificando-as: para a eficácia da transmissão da mensagem.

10. Abordagem sociológica 10.2 Barreiras sociais

As barreiras podem ser divididas em seis grupos: 1. Educação: os princípios e valores adquiridos pe-
• Barreiras pessoais; los indivíduos também fazem parte do processo
• Barreiras sociais; comunicacional.
• Barreiras fisiológicas; 2. Cultura: a comunicação, como já foi visto, muda de
• Barreiras da personalidade; cultura para cultura. Por conseguinte, se as pessoas
• Barreiras da linguagem; têm culturas muito distintas, a comunicação ficará
• Barreiras psicológicas. prejudicada.

21
3. Crenças, normas sociais e dogmas religiosos: assim constantemente, com quaisquer tipos de sugestio-
como em relação à cultura, se as pessoas que estão nabilidades, tornando-se exageradamente crédulas;
se comunicando divergem com muita intensidade ou pela forma como as pessoas vêm distorcendo a
nessas questões, os processos comunicacionais se- realidade, como por exemplo, por meio dos horós-
rão prejudicados ou a mensagem não será trans- copos, das coisas sobrenaturais, das profecias etc.
mitida adequadamente. Essas questões ocasionam uma certa falta de civili-
zação, ou seja, falta de equilíbrio racional para lidar
10.3 Barreiras fisiológicas com os acontecimentos e com as coisas e pessoas.

As deficiências do aparelho fonoaudiológico e do 5. Tendência à complicação: essa é uma das barreiras


aparelho visual criam dificuldades na Comunicação. mais comuns, pois está concebida no fato de que
as pessoas têm o hábito de restringir e complicar
10.4 Barreiras da personalidade coisas e acontecimentos simples, o tempo todo,
até mesmo quando se trata de sistematização e
1. Autossuficiência: ocorre quando a pessoa acha que pensamento lógico.
sabe tudo, ou seja, a pessoa acha que o que ela
sabe e conhece é o suficiente. Esta barreira ocorre 10.5 Barreiras da linguagem
de duas maneiras: “julgamento do todo pela parte”
– acontece quando a pessoa julga outras pessoas 1. Confusões entre:
e/o coisas pelo que ela conhece; e intolerância, a a) Fatos X Opiniões: As pessoas estão o tempo todo
qual acontece quando a pessoa não aceita o ponto se referindo a fatos, como se estivessem emitin-
de vista das outras pessoas, pois julga que o único do opiniões e vice-versa. “Fato é acontecimento;
ponto de vista correto é o seu próprio. é coisa ou ação feita. Opinião é modo de ver, é
2. Congelamento das avaliações: acontece quando conjectura”. Pode-se dizer que uma das coisas
a pessoa acredita que as pessoas e as coisas não mais ameaçadoras do processo comunicacional é
mudam, ou seja, quando a pessoa supõe que as a transformação de uma opinião em fato, pois, a
circunstâncias sempre serão as mesmas, indepen- partir do momento em que a pessoa se conven-
dente das mudanças que surgirem com as pessoas ce de que sua suposição realmente aconteceu, ela
perde a noção dos verdadeiros acontecimentos e
e coisas. Fazem parte dessas avaliações os precon-
divulga para outras pessoas as suas opiniões sobre
ceitos e a insegurança que as pessoas têm frente a
os fatos, como sendo os próprios acontecimentos,
algumas situações e frente às outras pessoas
causando distorções na realidade. Exemplifican-
3. Comportamento Humano: aspectos objetivos e
do: o gerente de departamento chegou duas ho-
subjetivos: está no conflito personalidade subjetiva
ras atrasado no trabalho (fato). Patrícia diz que foi
(interior de cada pessoa ou as opiniões próprias) X
porque ele acordou atrasado; já Fabíola diz que foi
personalidade objetiva (o que é exteriorizado para
por razão de algum problema pessoal (opiniões).
as outras pessoas ou a realidade concreta). Quan- b) Inferências X Observações: trata-se de conside-
do se diz personalidade, toma-se como princípio rar as inferências como observações e vice-ver-
a caracterização da personalidade por processos sa. Inferir é deduzir e observar é prestar atenção,
comportamentais, que são estabelecidos pela in- olhar algo que está acontecendo. “As inferências
teração das reações individuais com o meio social. são menos prováveis do que as observações; (...)
“A Comunicação Humana baseia-se na concepção as inferências nos oferecem certezas relativas; as
da personalidade projetiva, na evidência de que, observações nos oferecem certezas absolutas.” O
na sociedade humana, o homem precisa ‘vender’ a tempo todo as pessoas fazem inferências. Quando
sua personalidade.” Para tanto, ele precisa torná-la
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

leem um jornal, por exemplo, inferem o que real-


socialmente aceitável, e aí está o conflito, pois a mente ocorreu. O problema desta barreira está no
pessoa tem que estar o tempo todo tornando a fato das pessoas tomarem sempre como lei as in-
sua personalidade vendível, para que o outro pos- ferências e não se utilizarem mais de observações.
sa aceitar se comunicar com ela. Exemplificando,
ocorre quando alguém tem uma determinada opi- 2. Descuidos nas palavras abstratas:
nião negativa sobre o aborto, mas, ao conversar “Atrás de uma palavra nem sempre está uma coisa.
com alguém que acabou de conhecer e que é a Palavras não são coisas; são representações de coisas,
favor do aborto, deixa de expressar a sua opinião e quase sempre específicas, e por isso, difíceis de serem
conversa com a outra pessoa como se não tivesse transmitidas, com fidelidade, de uma cabeça para outra.”
uma opinião bem formada a respeito do assunto. E como as palavras abstratas fazem parte do repertório
4. Geografite: está relacionada com as atitudes das específico de cada um, fica difícil um processo comunica-
pessoas que se comovem mais com os “mapas” tivo eficaz, sem uma predefinição dessas palavras, já que
do que com os “territórios”. Mapas são os senti- elas possibilitam muitos equívocos.
mentos, imaginações, palpites, hipóteses, pres-
sentimentos, preconceitos, inferências etc. Já os 3. Desencontros:
territórios são os objetos, as pessoas, as coisas, os Esta barreira pode ser caracterizada como a diferen-
acontecimentos etc. Isso é relevado devido ao fato ça de percepção de cada indivíduo, ou seja, a subjetivi-
de que, atualmente, as pessoas têm se envolvido, dade de cada um. Uma determinada palavra, para um

22
indivíduo, tem um significado A; já para outro indivíduo, 11. Abordagem da Administração
um significado B, e isso ocorrerá com todos os indiví-
duos, pois ninguém percebe as coisas da mesma forma, As barreiras mais destacadas neste campo de estudos
cada um tem a sua forma de perceber e significar as coi- são:
sas, palavras etc. Caso não aconteça um consenso e/ou ▪ Falta de comunicação: “é um dos problemas mais
esclarecimento das questões a serem comunicadas, o frequentes nas empresas e que gera as consequên-
processo ficará comprometido e cheio de equívocos de cias mais graves.” Pode ser causada por: interpre-
compreensão. tações distorcidas dos fatos; falta de adesão a uma
decisão e às mudanças; desmotivação das pessoas
4. Indiscriminação: pela não participação e pelo desconhecimento do
Ocorre quando há uma rotulação das coisas, pessoas que se passa na Organização; conflitos entre pes-
e acontecimentos, quando a percepção está focada, ape- soas e departamentos etc.
nas, nas semelhanças ou em alguns padrões (ou clichês) ▪ Falta de clareza de objetivos: ocorre quando a
criados por cada indivíduo, não havendo um discerni- mensagem não tem conteúdo e forma bem defini-
mento entre as diferenças. Em relação à indiscriminação, dos. Exemplo: uma reunião em que ninguém con-
a Comunicação Humana é prejudicada por alguns fato- segue entender o porquê de estar acontecendo.
res, são eles: abuso dos ditados populares e a crença de ▪ Texto fora do contexto: quando a comunicação é
que “a voz do povo é a voz de Deus”. feita, apenas, sobre um determinado acontecimen-
to, sem dizer o contexto no qual ele está inserido.
5. Polarização: Acontece quando uma decisão é simplesmente
“Há polarização quando tratamos os contrários como comunicada, sem que se expliquem os porquês e
se fossem contraditórios. Polarização é a tendência a motivos em questão.
reconhecer apenas os extremos, negligenciando as po- ▪ Filtragem: ocorre quando o emissor manipula a
sições intermediárias.” O processo comunicacional fica mensagem, de acordo com os seus objetivos e in-
bastante prejudicado quando os pontos de vistas são ex- teresses, de forma que a mensagem favoreça o seu
tremistas, pois dificilmente encontra-se um meio termo, ponto de vista ou o que ele deseja que o receptor
sem causar grandes discussões ou fugir aos objetivos do decodifique.
processo. ▪ Percepção seletiva: o emissor vê e ouve, apenas,
ou mais acuradamente, aquilo que lhe interessa,
6. Falsa identidade baseada em palavras: ou seja, faz uma seleção das mensagens relaciona-
Acontece quando uma pessoa percebe coisas em das com suas necessidades, motivações, referên-
comum entre duas ou mais coisas e conclui que essas cias etc. As pessoas “não veem a realidade; em vez
coisas são idênticas. Um exemplo claro disso é: os cario- disso, interpretam o que veem e chamam de reali-
cas são flamenguistas. Camila é flamenguista. Por conse- dade.” Pode ser prejudicial, à medida que a pessoa
guinte, Camila é carioca. A palavra tem uma força fora do tende a perceber só aquilo que lhe convém e isso
comum, podendo beneficiar ou prejudicar alguém por não permite uma percepção neutra dos aconteci-
meio dessas conclusões das semelhanças entre as coisas. mentos, coisas e pessoas.
▪ Defensiva: “Quando as pessoas se sentem amea-
çadas, geralmente respondem de forma que atra-
7. Polissemia: palha a Comunicação.” A partir do momento em
É a reunião de vários sentidos em apenas uma pala- que a pessoa se sente ameaçada, ela não consegue
vra. Cada um tem um repertório de palavras e significa- decodificar e nem transmitir as mensagens com
dos e uma mesma palavra pode ter vários significados eficácia.
para um mesmo indivíduo. Então, já que o processo co- ▪ Uso inadequado dos meios: como já foi falado NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
municacional precisa de no mínimo duas pessoas para anteriormente, não existe um meio mais adequa-
acontecer, pode-se imaginar o quão complexo é a Co- do para ser utilizado na transmissão de diferentes
municação entre diversas pessoas. tipos de mensagem, sendo que o que vai deter-
“A palavra é a maneira de traduzir ideias ou pensa- minar se o meio é o mais adequado, ou não, é a
mentos.” Portanto, cada indivíduo tende a transmitir as situação específica de cada mensagem. ▪ A Comu-
mensagens “carregadas” de palavras com suas percep- nicação Oral tem a tendência de aumentar a eficá-
ções das coisas. Essa barreira está lado a lado com a bar- cia da Comunicação, quando bem utilizada, pois
reira de desencontros, pois as duas abordam as diferen- proporciona uma resposta imediata, além de es-
ças de percepções de cada indivíduo. timular o pensamento do receptor, no momento
Tem uma palavra que serve de exemplo desta barrei- em que a mensagem está sendo transmitida e por
ra, qual seja: abacaxi pode ser uma fruta ou um problema dar um toque mais pessoal à mensagem e ao pro-
que dá muito trabalho para ser resolvido. cesso como um todo. Deve ser mais usada quando
se quer comunicar mensagens mais complexas e
7. Barreiras verbais: difíceis de serem transmitidas. Já a comunicação
São aquelas provocadas por palavras e expressões escrita, tem a tendência de ser mal-entendida, por-
causadoras de antagonismos, ou seja, são as causadoras que quem escreveu pode não ter sido suficiente-
de oposições de ideias. mente claro ou não ter expressado o que queria
corretamente.

23
▪ Linguagem: pode ser considerada uma das barrei- do mundo globalizado. As formas mais tradicionais de
ras mais comuns, pois ocorre o tempo todo, no dia comunicação englobam:
a dia das pessoas em uma Organização. Como as ▪ Manual;
pessoas tendem a achar que os significados que as ▪ Revista; 
palavras têm para elas são os mesmos significados ▪ Jornal; 
que outras pessoas atribuem, uma barreira acaba ▪ Boletim; 
surgindo no processo. ▪ Quadro de aviso.
▪ Efeito status: A hierarquia dentro das organizações
pode criar barreiras nas comunicações. Esta bar- Com o desenvolvimento dos meios de comunicação,
reira está ligada a outra barreira, a filtragem, que figuram novos métodos efetivos para desenvolvê-la, tais
já foi citada anteriormente. Quando os colabora- como:
dores têm que comunicar algo aos gerentes das ▪ Intranet; 
Organizações, eles tendem a filtrar a mensagem, ▪ Correio eletrônico; 
de forma que ela seja transmitida e decodificada, ▪ Comunicação face a face; 
no intuito de agradar os gerentes. ▪ Telão.
▪ Impertinência da mensagem: quando as mensa-
gens são transmitidas em momentos inoportunos Em linhas gerais, torna-se necessário que o profissio-
e desagradáveis, o processo se prejudica pela ina- nal exercite tanto a linguagem verbal como a linguagem
dequação da situação escolhida. não verbal, que forçam o tempo todo as habilidades de
comunicação.
12. Como melhorar a comunicação interpessoal Alguns itens são vitais na linguagem não verbal e de-
vem ser compreendidos para a sua melhor utilização:
▪ Habilidades de transmissão; ▪ Gestos;
▪ Linguagem apropriada; ▪ Postura; 
▪ Informações claras; ▪ Movimentos do corpo;
▪ Canais múltiplos; ▪ Tom da voz e velocidade da fala; 
▪ Comunicação face a face sempre que possível. ▪ Movimentação entre receptor /emissor.
É notório que problemas de comunicação são de di-
fícil intervenção e por isso demandam do emissor um A linguagem não verbal é considerada vital para o
enorme cuidado ao transmitir a mensagem necessária de processo de comunicação, tendo em vista que esta não
forma clara e objetiva. ocorre apenas por meio de palavras, sendo um processo
muito mais complexo do que se imagina.
Existem três fontes de sinais de comunicação e cada
uma representa um percentual deste processo: No momento da comunicação, é necessário decodi-
▪ Comunicação verbal: palavras expressas 7%; ficar as mensagens não verbais, pois, quando isso não
▪ Comunicação vocal: entonação, o tom e timbre de ocorre, estima-se que há uma perda de 65% do que é
voz 38%;  comunicado.
▪ Expressão facial e corporal 55%; No momento em que o profissional domina as men-
sagens não verbais, ele passa a conduzir o processo de
A falta de comunicação adequada pode gerar pro- comunicação de forma eficaz e consegue atingir os ob-
blemas de diversos tipos e com consequências variadas, jetivos propostos.
entre as quais podemos citar: Em suma, é necessário para o profissional aprender
▪ Confusão entre os envolvidos;  a utilizar sinais não verbais no processo de comunica-
▪ Perda na prestação do serviço ou na confecção do ção, bem como dominar a linguagem verbal. Na ausência
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

produto;  destas habilidades, existirá um desnível significativo no


▪ Comprometer a imagem da empresa;  processo de comunicação entre emissor /receptor.
▪ Desmotivação; 
▪ Retrabalho;  14. Eficácia na comunicação
▪ Falta de procedimentos e ordens claras; 
▪ Insatisfação de uma forma geral. Comunicar-se eficazmente é proporcionar transfor-
mação e mudança na atitude das pessoas. Se a comuni-
Um princípio fundamental para a boa comunicação é cação apenas muda as ideias das pessoas, mas não muda
a disposição e a sabedoria em ouvir. suas atitudes, então a comunicação não atingiu seu re-
Toda a eficácia do processo depende, essencialmente, sultado. Ela não foi eficaz.
de saber ouvir e entender a mensagem que foi transmi- A clareza e a certeza de que se foi entendido repre-
tida inicialmente, para então começar um processo de sentam um dos pilares de um projeto bem sucedido e
comunicação. essa sempre foi uma das principais preocupações de to-
das as empresas. Várias são as vezes que apenas infor-
13. Formas de comunicação mamos e não formamos a ideia do que queremos que a
outra parte faça.
A comunicação vem sofrendo evoluções ao longo do Existem algumas ferramentas e regras que ajudam na
tempo, assim como todo o processo que sofre influência conscientização sobre o próprio nível de comunicação.

24
Abaixo, o “Modelo de Quatro Elementos”, comprova- momento ou do lugar, as crenças que as pessoas pos-
do e aplicado por Philip Walser, como uma das ferramen- suem acerca de si próprias estão sempre determinando
tas das quais podemos dispor. seus comportamentos na comunicação. O “eu” é a estrela
Os quatro elementos são: “Framing” – “Advocating” – em todo ato de comunicação.
“Inquiring” –“Illustrating”: Cada um tem, literalmente, milhares de conceitos a
respeito de si mesmo: quem é, o que significa, onde exis-
▪ Framing: é definir o tema a ser abordado durante te, o que faz e não faz, o que valoriza, no que acredita.
uma conversa logo no começo. Pode ser necessá- Estas autopercepções variam em clareza, precisão e im-
rio redefinir o tema durante o andamento (“Re-fra- portância de pessoa para pessoa.
ming”), mas deve-se evitar que a conversa vá para
lugares distantes que não têm nada a ver com o a) A importância da autoimagem
assunto. A autoimagem de alguém é quem ele é. É o centro do
▪ Advocating: é explicar o seu próprio ponto de vista seu universo, seu quadro referencial, sua realidade pes-
de forma clara e objetiva, não deixando de lado os soal, o seu ponto de vista particular. É um visor através
porquês desse ponto de vista, ou seja, não engolir do qual ele percebe, ouve, avalia a compreende todas as
sapos, mas mencionar os valores que são a base coisas. É o seu filtro individual do mundo que o cerca.
deste seu ponto de vista. A autoimagem de uma pessoa afeta sua maneira de
▪ Inquiring: até mais importante do que esclarecer o se comunicar com os outros. Um autoconceito forte, po-
seu, é importante entender o ponto de vista do ou- sitivo, é necessário para haver interações hígidas e satis-
tro. Isto se faz através de perguntas benevolentes fatórias. Por outro lado, uma autoimagem fraca, inferior,
que não tem o objetivo de interrogar. frequentemente distorce a percepção do indivíduo relati-
▪ Illustrating:  é resumir os diversos pontos de vis- vamente a como os outros o veem, o que gera sentimen-
ta, procurar pontos em comum, colocar assuntos tos de insegurança no seu relacionamento interpessoal.
polêmicos na mesa, visando a uma solução sendo Alguém que tenha a seu próprio respeito uma impressão
flexível e contando com a flexibilidade do outro, negativa poderá encontrar dificuldades em conversar
diminuir complexidade para focar o que realmente com outros, em admitir que esteja errado, em expressar
está no centro da conversa. seus sentimentos, em aceitar críticas construtivas que lhe
forem feitas ou em apresentar ideias diferentes das dos
Observar, ouvir e dar importância para o outro é de- outros. Sua insegurança o leva a temer que os outros dei-
terminante para a eficácia da comunicação. xem de apreciá-lo se discordar deles.
Pelo fato de sentir-se desvalorizado, inadequado e
De qualquer forma, a comunicação começa pelos inferior, ele não tem confiança e pensa que suas ideias
sentidos (visão, audição, tato, olfação e gustação). Uma não interessam aos outros e que não vale a pena comu-
maneira prática de identificar a forma como uma pessoa nicá-las. Ele pode tornar-se arredio e defensivo em sua
está pensando é prestar atenção às palavras que ela uti- comunicação, renegando suas próprias ideias.
liza, pois nossa linguagem está repleta de sinais, gestos,
posturas e palavras baseados nos sentidos. Observar, ou- b) Formação da autoimagem
vir e dar importância para o outro é determinante para a Da mesma forma que o autoconceito de alguém afe-
eficácia da comunicação. ta sua capacidade de se comunicar, a comunicação que
É preciso abandonar a ilusão de que há solução fácil trava com outros modela também sua autoimagem. Uma
ou improvisada na construção de métricas que avaliem vez que o homem é, antes de tudo, um animal social, ele
nosso trabalho. Não se deve supor que a outra parte forma os mais relevantes conceitos acerca do seu pró-
entendeu, ou julgar que já deveria entender a mensa- prio eu a partir de suas experiências com outros seres
gem. O que deve ser feito para que a comunicação seja humanos. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
adequada é investigar se a outra parte compreendeu a Os indivíduos aprendem a se reconhecer pela manei-
mensagem. ra como são tratados pelas pessoas importantes de sua
vida pessoas estas às vezes denominadas os outros sig-
15. Comunicação interpessoal eficaz: cinco ele- nificativos Mediante a comunicação verbal e não verbal
mentos críticos com esses outros significativos, cada um passa a reco-
nhecer se é apreciado ou não, se é aceito ou rejeitado,
Há cinco componentes que distinguem claramente se é merecedor de respeito ou desdém, se é um sucesso
os bons dos maus comunicadores. Tais componentes são ou um fracasso.
Autoimagem, Saber Ouvir, Clareza de Expressão, Capaci- Para que um indivíduo venha a ter uma sólida au-
dade para lidar com sentimentos de contrariedade (irri- toimagem, ele precisa de amor, respeito e aceitação dos
tação) e autoabertura. outros significativos de sua vida.
O autoconceito, portanto, constitui um fator crítico
14.1 Autoimagem (ou autoconceito) para que alguém seja um comunicador eficaz. Em es-
sência, a autoimagem de um indivíduo é delineada por
O fator isolado mais importante que afeta a comu- aqueles que o tiverem amado ou pelos que não o tive-
nicação entre pessoas é a sua autoimagem: a imagem rem amado.
que têm de si mesmas e das situações que vivenciam.
Enquanto as situações podem variar em função do

25
14.2 Saber ouvir que o outro compreende a sua mensagem, mes-
mo que sejam descuidadas ou confusas em sua
Toda a aprendizagem relativa à comunicação tem fo- fala. Parecem achar que as pessoas deveriam ser
calizado as habilidades de expressão oral e de persua- capazes de ler as mentes uns dos outros: “Se está
são; até há bem pouco tempo dava-se pouca atenção à claro para mim, deve estar claro para você tam-
capacidade de ouvir. Esta ênfase exagerada dirigida para bém”. Essa suposição é uma das maiores barreiras
a habilidade de expressão levou a maioria das pessoas a ao êxito da comunicação humana. O comunicador
subestimarem a importância da capacidade de ouvir em deficiente deixa que o ouvinte adivinhe o que ele
suas atividades diárias de comunicação. quer dizer, partindo da premissa de que está, de
O ouvir, naturalmente, é algo muito mais intrincado fato, comunicando. Por sua vez, o ouvinte age de
e complicado do que o processo físico da audição, ou acordo com suas adivinhações. O resultado óbvio
de escutar. A audição se dá através do ouvido, enquanto disto é um mal-entendido recíproco.
Para se chegar a resultados objetivos planejados
que o ouvir implica num processo intelectual e emocional
– desde a execução da rotina diária de trabalho, até a
que integra dados (inputs) físicos, emocionais e intelec-
comunhão mais profunda com alguém – as pessoas pre-
tuais na busca de significados e de compreensão. O ouvir
cisam ter um meio de se comunicarem satisfatoriamente.
eficaz ocorre quando o “destinatário” é capaz de discer-
nir e compreender o significado da mensagem do reme- b) Capacidade para lidar com sentimentos de con-
tente. O objetivo da comunicação só assim é atingido. trariedade (irritação)
O “Terceiro Ouvido”: Reik refere-se ao processo de A incapacidade de alguém para lidar com manifesta-
ouvir eficazmente como sendo “ouvir com o terceiro ções de irritação e contrariedade resulta, com frequência,
ouvido”. O ouvinte eficaz escuta não só as palavras em em curtos-circuitos na comunicação.
si, como também seus significados subjacentes. Seu ter- Expressão. A exteriorização das emoções é importan-
ceiro ouvido, diz Reik, ouve aquilo que é dito entre as te para construir bons relacionamentos com os outros.
sentenças e sem palavras, aquilo que se expressa silen- As pessoas precisam expressar seus sentimentos de tal
ciosamente, o que o emissor fala e pensa. modo que elas influenciem, remodelem e modifiquem a
Logicamente, o ouvir com eficácia não é um processo si próprias e aos outros. Elas precisam aprender a expres-
passivo. Ele desempenha um papel ativo na comunicação. sar sentimentos de ira de forma construtiva e não des-
O ouvinte eficaz interage com o interlocutor no sentido trutivamente. As seguintes orientações podem ser úteis:
de desenvolver os significados e chegar à compreensão. 1. Esteja alerta para suas emoções;
Diversos princípios podem servir de auxílio para o 2. Admita suas emoções. Não as ignore ou renegue;
aprimoramento das habilidades essenciais para saber 3. Seja dono de suas emoções. Assuma responsabili-
ouvir: dade por aquilo que fizer;
1. O ouvinte deve ter uma razão ou propósito de ouvir; 4. Investigue suas emoções. Não procure “vencer”
2. O ouvinte deve suspender julgamentos; uma discussão na base do revide, ou de “dar o
3. O ouvinte deve resistir a distrações – barulhos, pes- troco”;
soas, olhares – e focalizar o interlocutor; 5. Relate suas emoções. A comunicação congruente
4. O ouvinte deve esperar antes de responder ao seu significa uma combinação satisfatória entre o que
interlocutor. As respostas imediatas reduzem a efi- você está dizendo e aquilo que está vivenciando;
cácia do ouvir; 6. Integre suas emoções, o seu intelecto e a sua von-
tade. Dê uma oportunidade a você mesmo de
5. O ouvinte deve repetir palavra por palavra aquilo
aprender e crescer como pessoa. As emoções não
que o interlocutor está dizendo;
podem ser reprimidas. Elas devem ser identifica-
6. O ouvinte deve recolocar em suas próprias palavras
das, observadas, relatadas e integradas. Aí então
o conteúdo e o sentimento daquilo que o outro as pessoas podem fazer instintivamente os ajusta-
está dizendo, para que o interlocutor confirme se a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

mentos necessários, à luz de seus próprios concei-


mensagem que transmitiu foi realmente recebida; tos de crescimento. Eles podem acompanhar a vida
7. O ouvinte deve buscar os temas, os pontos cen- e mudar com ela.
trais daquilo que o interlocutor está dizendo, ou-
vindo “através” das palavras para atingir sua real 14.3 Autoabertura
significação;
8. O ouvinte deve utilizar o tempo diferencial entre a A capacidade de falar total e francamente a respeito
velocidade do pensamento (400 a 500 palavras por de si mesmo – é necessária à comunicação eficaz. O in-
minuto) para “refletir” sobre o conteúdo e “buscar” divíduo não pode se comunicar com outro ou chegar a
o seu significado; conhecê-lo a menos que se esforce pela autoabertura.
9. O ouvinte deve estar pronto para reagir aos co- A capacidade de alguém para se autorrevelar é um
mentários do interlocutor. sintoma de personalidade sadia.
Pode-se dizer que um indivíduo compreenderá tanto
a) Clareza de expressão a respeito de si próprio quanto ele estiver disposto a co-
Ouvir eficazmente é uma habilidade necessária e ne- municar a outra pessoa.
gligenciada na comunicação, porém muitas pes- Obstáculos à autorrevelação: para que se conheçam
soas consideram igualmente difícil dizer aquilo que a si próprias e para que consigam relações interpessoais
querem dizer ou expressar aquilo que sentem. É satisfatórias, as pessoas precisam revelar-se aos outros.
que com frequência elas presumem simplesmente Ainda assim, a autorrevelação é obstruída por muitos.

26
A comunicação eficaz, então, tem por base estes cin- muitas pequenas decisões todos os dias. Aliás,
co componentes: uma autoimagem adequada; capaci- quase sempre as decisões gerenciais são de rotina.
dade de ser bom ouvinte; habilidade de expressar clara- No entanto, é o conjunto dessas decisões que per-
mente os próprios pensamentos e ideias; capacidade de mite à organização resolver problemas, aproveitar
lidar com emoções, tais como a ira, de maneira funcional oportunidades e, com isso, alcançar seus objeti-
e a disposição para se expor, para se revelar aos outros. vos.” (Sobral)
Administrar é, em última análise, tomar decisões.
Para atingir os resultados organizacionais de forma
eficiente e eficaz, é preciso fazer escolhas.

PROCESSO DECISÓRIO E RESOLUÇÃO DE Qual o negócio da organização? Qual estratégia vai


PROBLEMAS ser utilizada? Qual tecnologia vai ser empregada? Que
fonte de recursos financeiros vai ser utilizada? A máqui-
na será comprada ou alugada? Estas e inúmeras outras
perguntas precisam ser respondidas durante a gestão de
Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez uma organização. Para respondê-las é preciso fazer esco-
mais acirrada entre as organizações, a todo momento lhas, é preciso decidir!
necessitamos tomar decisões sempre que estamos dian-
te de um problema que apresenta mais de uma alterna- TÉCNICAS DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
tiva de solução. Mesmo quando possuímos uma única
opção para solucioná-lo, poderemos ter a alternativa de O MASP — Método de Análise e Solução de Proble-
adotar ou não essa opção. mas é um método gerencial que é utilizado para a cria-
O processo de escolher o caminho mais adequado ção, manutenção ou melhoria de padrões. É uma meto-
para a empresa, naquela circunstância, também é conhe- dologia para se manter e controlar a qualidade, e deve
cido como tomada de decisão. ser de amplo conhecimento de todos, ou seja, deve ser
Os administradores devem ter como objetivo em suas dominada por todas as partes envolvidas dentro de uma
tomadas de decisão: organização.
• minimizar perdas; Esse método apresenta duas grandes vantagens:
• maximizar ganhos; e • permite a solução de problemas de modo eficaz;
• alcançar uma situação em que, comparativamente, • permite que os indivíduos de uma organização se
o gestor julgue que haverá um ganho entre o es- capacitem de maneira a solucionar os problemas
tado em que se encontra a organização e o estado que sejam de sua responsabilidade.
em que irá se encontrar depois de implementada
a decisão. O MASP é um caminho ordenado, composto de pas-
Para que se tome a melhor decisão em determinadas sos e subpassos pré-definidos para a escolha de um
situações de problema, cabe à pessoa que vai tomar a problema, análise de suas causas, determinação e pla-
decisão elaborar todas as alternativas possíveis sobre o nejamento de um conjunto de ações que consistem uma
problema em questão, visando escolher o melhor cami- solução, verificação do resultado da solução e realimen-
nho para otimizar a opção pela qual se decidiu, possibili- tação do processo para a melhoria do aprendizado e da
tando à empresa crescer e desenvolver-se nesse contex- própria forma de aplicação em ciclos posteriores.
to de competitividade tão agressiva.
Partindo também do pressuposto de que em toda so-
1. O que significa decidir lução há um custo associado, a solução que se pretende
descobrir é aquela que maximize os resultados, minimi- NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
• “Tomar decisões é o processo de escolher uma den- zando os custos envolvidos. Há, portanto, um ponto ideal
tre um conjunto de alternativas.”(Caravantes) para a solução, em que se pode obter o maior benefício
• “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, para o menor esforço, o que pode ser definido como de-
como uma escolha entre alternativas ou possibili- cisão ótima (BAZERMAN).
dades com o objetivo de resolver um problema ou A construção do MASP como método destinado a so-
aproveitar uma oportunidade.” (Sobral). lucionar problemas dentro das organizações passou pela
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um pro- idealização de um conceito, o ciclo PDCA, para incorpo-
blema, isto é, existe uma discrepância entre o esta- rar um conjunto de ideias inter-relacionadas que envolve
do atual das coisas e o estado desejável que exige a tomada de decisões, a formulação e comprovação de
uma consideração sobre cursos de ação alternati- hipóteses, a objetivação da análise dos fenômenos, den-
vos. (...) O conhecimento sobre a existência de um tre outros, o que lhe confere um caráter sistêmico.
problema e sobre a necessidade de uma decisão Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importan-
depende da percepção da pessoa.” (Robbins). te que não se confunda os dois métodos, pois: O MASP
• “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz é um método eficaz, ele procura resolver problemas de
envolva a tomada de decisões, isso não significa forma rápida e objetiva e com menor custo a empresa,
que todas as decisões sejam complexas e demo- ou seja, é um método que tem como característica a ra-
radas. Naturalmente, as decisões estratégicas têm cionalidade utilizando lógica e dados.
mais visibilidade, mas os administradores tomam

27
O MASP é formado por oito etapas:

1. Identificação do problema

A identificação do problema é a primeira etapa do processo de melhoria em que o MASP é empregado. Se feita
de forma clara e criteriosa pode facilitar o desenvolvimento do trabalho e encurtar o tempo necessário à obtenção do
resultado.
A identificação do problema tem pelo menos duas finalidades: (a) selecionar um tópico dentre uma série de possibi-
lidades, concentrando o esforço para a obtenção do maior resultado possível; e (b) aplicar critérios para que a escolha
recaia sobre um problema que mereça ser resolvido.

O que é um problema?
Não é fácil explicar precisamente o que é um problema, mas, de maneira geral, podemos dizer que é uma questão
que nos propomos resolver. Perceba que solucionar um problema não significa, necessariamente, ter-se um método
para solucioná-lo.
Exemplo:
– Uma pessoa enfrenta problemas para alcançar certos objetivos e não sabe que ações deve tomar para conseguir
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

solucioná-los.
Então, ao resolver um problema identificamos os seguintes componentes:
• um objetivo a ser alcançado;
• um conjunto de ações pré-pensadas para resolvê-lo; e
• a situação inicial do problema.

Outro exemplo:
Imaginemos uma produção de parafusos. Considera-se normal a existência de 10 defeitos por milhão de parafusos
fabricados. Admite-se a ocorrência de um problema apenas quando for constatado um número de defeitos que ultra-
passe a razão de mais de 10 parafusos defeituosos por milhão produzido.

Nesse sentido, um problema é sempre um resultado indesejável (Falconi), mas geralmente a solução implica o re-
torno a um desempenho anterior aceitável.
Na abordagem do autor Maximiano, “um problema é uma situação que exige uma decisão ou solução, e para tanto
oferece um conjunto de possibilidades, entre as quais é necessário escolher uma ou mais”. Na abordagem desse autor,
os problemas podem ser caracterizados por: (a) diferença entre situação real e ideal; (b) situação adversa; (c) missões
e objetivos; (d) situação que oferece escolhas; (e) obstáculos ao tentar atingir metas; e (f) desvios do comportamento
esperado.

28
Passos da Etapa 1 – 1. Plano de Ação
Identificação do problema Uma vez que as verdadeiras causas do problema fo-
• Identificação dos problemas mais comuns ram identificadas, ou pelo menos as causas mais relevan-
• Levantamento do histórico dos problemas tes entre várias, as formas de eliminá-las devem então
• Evidência das perdas existentes e ganhos possíveis ser encontradas Para Hosotani esta etapa consiste em
• Escolha do problema definir estratégias para eliminar as verdadeiras causas do
• Formar a equipe e definir responsabilidades problema identificadas pela análise e então transformar
• Definir o problema e a meta essas estratégias em ação. Conforme a complexidade do
processo em que o problema se apresenta, é possível
2. Observação que possa existir um conjunto de possíveis soluções. As
A observação do problema é a segunda etapa do ações que eliminam as causas devem, portanto, ser prio-
MASP e consiste averiguar as condições em que o pro- rizadas, pois somente elas podem evitar que o problema
blema ocorre e suas características específicas do proble- se repita novamente.
ma sob uma ampla gama de pontos de vista.
O ponto preponderante da etapa de Observação é Passos da Etapa 4:
coletar informações que podem ser úteis para direcionar Plano de ação
um processo de análise que será feito na etapa posterior. • Definir estratégia de ação.
Kume compara esta etapa com uma investigação crimi- • Elaborar plano de ação.
nal observando que “os detetives comparecem ao local
do crime e investigam cuidadosamente o local procuran- Essa fase consiste no estabelecimento de metas a
do evidências” o que se assemelha a um pesquisador ou atingir, isto é, elas devem ser alcançadas com o método
equipe que buscam a solução para um problema. MASP. Na maioria dos MASPs de manutenção, o objetivo
2. Análise é, de maneira geral, o retorno às condições ideais ante-
A etapa de análise é aquela em que serão determi- riores à ocorrência do problema.
nadas as principais causas do problema. Se não identi-
ficamos claramente as causas provavelmente serão per- 3. Ação
didos tempo e dinheiro em várias tentativas infrutíferas Na sequência da elaboração do plano de ação, está
de solução. Por isso ela é a etapa mais importante do o desenvolvimento das tarefas e atividades previstas no
processo de solução de problemas. Para Kume a análise plano. Esta etapa do MASP consiste em nomear os res-
se compõe de duas grandes partes que é a identificação ponsáveis pela sua execução, iniciando-se por meio da
de hipóteses e o teste dessas hipóteses para confirmação comunicação do plano com as pessoas envolvidas, passan-
das causas. A identificação das causas deve ser feita de do pela execução propriamente dita, e terminando com o
maneira “científica” o que consiste da utilização de fer- acompanhamento dessas ações para verificar se sua execu-
ramentas da qualidade, informações, fatos e dados que ção foi feita de forma correta e conforme planejado.
deem ao processo um caráter objetivo.
Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas Passos da Etapa 5 –Ação
que estão ocorrendo, que estão sendo causadas pelo Divulgação e alinhamento
problema em questão, assim como os potenciais ganhos Execução das ações
que o MASP pode trazer. O item “quanto” da fase ante- Acompanhamento das ações
rior pode subsidiar a presente. Falconi afirma que nesta
fase se deve responder, basicamente, a duas coisas: o 4. Verificação
que se está perdendo e o que é possível ganhar. Essa etapa do MASP representa a fase de check do
Lembramos que quando nos referirmos a perdas de ciclo PDCA e consiste na coleta de dados sobre as causas,
natureza qualitativa temos grande dificuldade para me- sobre o efeito final (problema) e outros aspectos para NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
dir seu custo para a organização ou até mesmo podemos analisar as variações positivas e negativas possibilitando
dizer que isso seja impossível. concluir pela efetividade ou não das ações de melhoria
Quais podem ser os custos do aumento do número (contramedidas). É nesta etapa que se verifica se as ex-
de ocorrências de reclamações dos clientes? Quais serão pectativas foram satisfeitas, possibilitando aumento da
os custos para a imagem da organização, provocados autoestima, crescimento pessoal e a descoberta do pra-
pela perda de credibilidade em decorrência de algum zer e excitação que a solução de problemas pode pro-
defeito existente em um determinado produto? porcionar às pessoas (HOSOTANI).
Parker observa que “nenhum problema pode ser consi-
Passos da Etapa 3 – Análise derado resolvido até que as ações estejam completamen-
• Levantamento das variáveis que influenciam no te implantadas, ela esteja sob controle e apresente uma
problema melhoria em performance”. Assim, o monitoramento e
• Escolha das causas mais prováveis (hipóteses) medição da efetividade da solução implantada são essen-
• Coleta de dados nos processos ciais por um período de tempo para que haja confiança na
• Análise das causas mais prováveis; confirmação solução adotada. Hosotani também enfatiza este ponto ao
das hipóteses afirmar que os resultados devem ser medidos em termos
• Teste de consistência da causa fundamental numéricos, comparados com os valores definidos e ana-
• Foi descoberta a causa fundamental? lisados usando ferramentas da qualidade para ver se as
melhorias prescritas foram ou não atingidas.

29
Passos da Etapa 6 – Verificação FATORES QUE AFETAM A DECISÃO

• Comparar resultados obtidos com os previstos.


• Listar efeitos colaterais não previstos.
• Verificar nível do bloqueio observado (grau de efi-
cácia do plano de ação)

5. Padronização
Uma vez que as ações de bloqueio ou contramedidas
tenham sido aprovadas e satisfatórias para o alcance dos
objetivos ela podem ser instituídas como novos métodos
de trabalho. De acordo com Kume existem dois objeti-
vos para a padronização. Primeiro, afirma o autor, sem
padrões o problema irá gradativamente retornar à con-
dição anterior, o que levaria à reincidência.

Segundo, o problema provavelmente acontecerá no-


vamente quando novas pessoas (empregados, transfe-
ridos ou temporários) se envolverem com o trabalho. A
preocupação neste momento é, portanto, a reincidência
do problema, que pode ocorrer pela ação ou pela falta
da ação humana. A padronização não se faz apenas por São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais
meio de documentos. Os padrões devem ser incorpo- como custos envolvidos, fatores políticos, objetivos, ris-
rados para se tornar “uma dos pensamentos e hábitos cos que podem ser assumidos, tempo disponível para de-
dos trabalhadores” (KUME), o que inclui a educação e o cidir, quantidade de informações disponíveis, viabilidade
treinamento. das soluções, autoridade e responsabilidade do tomador
de decisão, estrutura de poder da organização etc.
Chiavenato destaca três condições sob as quais a de-
Passos da Etapa 7 – Padronização
cisão pode ser tomada:
• Elaboração ou alteração de documentos
• Registro e comunicação
• Definir mudanças que devem ser incorporadas ao
Procedimento Padrão Operacional — PPO.
• Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
• Treinar pessoal (no PPO revisado).
• Comunicação clara e adequada dos motivos do
treinamento.
• Auditar cumprimento do padrão

6. Conclusão
A etapa de Conclusão fecha o método de análise e Certeza: É a situação em que temos sob controle to-
solução de problemas. Os objetivos da conclusão são dos os fatores que afetam a tomada de decisão. Sabe-
basicamente rever todo o processo de solução de pro- mos quais são os riscos e probabilidades de ocorrência
blemas e planejar os trabalhos futuros. Parker reconhe- de eventos, temos informações sobre custos, sabemos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

ce a importância de fazer um balanço do aprendizado, quais são os fatores potencializadores e restritores, te-
aplicar a lições aprendidas em novas oportunidades de mos estudos de viabilidade das alternativas etc.
melhoria. Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade
de ocorrência de um evento, mas que tomamos diferen-
Passos da Etapa 8 – Conclusão tes decisões, de acordo com os riscos que estamos dis-
postos a assumir.
• Identificação dos problemas remanescentes Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem
• Planejamento das ações antirreincidência pouca ou nenhuma informação a respeito da probabili-
dade de ocorrência de cada evento futuro.
• Balanço do aprendizado
• Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.
1. Tipos de decisões
O MASP é um método que permanece atual e em Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha
prática contínua, resistindo às ondas do modismo, in- entre alternativas ou possibilidades.
cluindo aí a da Gestão da Qualidade Total, sendo aplica- As decisões são escolhas necessárias para a resolução
do regularmente até progressivamente por organizações de problemas ou aproveitamento de oportunidades, se-
de todos os portes e ramos. jam elas relativas a aspectos operacionais, como comprar
ou alugar uma máquina, ou estratégicos, como entrar ou
não no mercado internacional.

30
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões estruturação, tendem a ser singulares e não se prestam
tomadas nas organizações afetam todo o seu contexto, aos procedimentos sistêmicos ou rotineiros.
podendo influenciar estratégias organizacionais, políti- São situações inesperadas, que a organização está
cas ou até mesmo uma determinada parcela da socieda- enfrentando pela primeira vez e que admitem diferentes
de onde elas estejam inseridas. formas de resolução, cada uma com suas vantagens e
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm desvantagens.
se apoiando em diversos fatores para que a tomada de Estas situações exigem uma análise mais profunda,
decisão seja o mais assertiva possível e o tomador de um diagnóstico para o perfeito entendimento do proble-
decisão possa estar mais seguro diante de possíveis e ma até a tomada de decisão que vai levar à ação. Por este
prováveis problemas que possam surgir. motivo são mais comuns no nível institucional ou estra-
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no tégico da organização, no topo da pirâmide hierárquica.
momento da tomada de decisão, poderão se defrontar Os problemas que exigem esse tipo de decisões se-
com dois tipos de situação que, de acordo com sua na- rão solucionados a partir da habilidade dos gerentes em
tureza, terão e abordagem diferente para se alcançar as tomar decisões, já que não existem soluções rotineiras.
soluções adequadas. Como exemplo, podemos citar os gerentes, principal-
mente nos níveis mais altos da organização, que mui-
O processo de tomar decisões, ou processo decisó- tas vezes necessitam tomar decisões não programadas
rio, se compõe de uma sequência de etapas, que vão da durante o curso de definição de metas e estratégias de
identificação da questão a ser resolvida até a ação, quan- uma empresa e em suas atividades diárias. Em muitas
do uma alternativa de solução é colocada em prática. ocasiões eles utilizam sua própria experiência na solução
desse tipo de problema, procurando princípios e solu-
As decisões nas organizações se dividem em ções que possam ser aplicados à situação, mas sempre
duas categorias principais: as programadas e as não levando em consideração que as metodologias de solu-
programadas. ção de problemas passados podem não ser aplicáveis no
caso em questão.
Podemos considerar decisões programadas aquelas Pelo fato de as decisões não programadas serem
que tomamos quando percebemos os problemas como tão importantes para as empresas e tão comuns para a
bem compreendidos, altamente estruturados, rotineiros, gerência, a eficiência de um gerente muitas vezes será
repetitivos e para cuja solução podemos utilizar procedi- julgada de acordo com a qualidade de sua tomada de
mentos e regras sistemáticos. Essas decisões são sempre decisão.
semelhantes.
As decisões programadas ou estruturadas compõem Também há tipos de decisão quanto ao nível orga-
o acervo, o estoque de soluções armazenadas pela orga- nizacional em que ela é tomada. Assim, decisões estra-
nização, com base nas experiências anteriores por que tégicas são aquelas mais amplas, referentes à organiza-
passou. ção como um todo e sua relação com o ambiente. São
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e possuem
já foram enfrentados antes e que possuem um compor- consequências de longo prazo.
tamento semelhante. As decisões táticas ou administrativas são to-
madas nos níveis das unidades organizacionais ou
Para estes tipos de problemas, não há necessidade departamentos.
de criação de alternativas de solução e escolha da mais Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas to-
adequada. Basta seguir as ações que já foram exercidas madas no dia a dia, relacionadas a tarefas e aspectos
com sucesso nas ocasiões anteriores. Por este motivo, cotidianos da realidade organizacional. Vimos, nos ele-
são mais comuns no nível operacional, na base da pirâ- mentos da decisão, a definição de tomador da decisão. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
mide hierárquica. Maximiano nos ensina uma outra tipologia, referente a
Como exemplo, podemos citar uma situação de in- quem é o tomador de decisões:
cêndio, onde já há um roteiro de etapas a serem segui- Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem
das, já se sabe qual caminho os ocupantes de cada andar discussões, acordos e debates. O tomador de decisão
do prédio devem seguir, pois todo o estudo da melhor deve ser um gerente ou alguém com responsabilidade
rota de fuga já foi feito com antecedência. Esses são e autoridade para tal. É uma forma rápida de tomada de
exemplos de decisões programadas, pois são repetitivas decisão e não deve ser questionada. Muitas vezes, são
e rotineiras. decisões de cunho estritamente técnico.
Por este motivo, são mais comuns no nível operacio- Decisões compartilhadas: São aquelas decisões to-
nal, na base da pirâmide hierárquica. madas de forma compartilhada, entre gerente e equipe.
Têm características marcantes, tais como o debate, par-
As decisões não programadas ou não estruturadas ticipação e busca de consenso. Podem ser consultivas,
são necessárias em situações em que as decisões pro- quando a decisão é tomada após a consulta,ou partici-
gramadas não conseguem resolver. pativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
Decisões delegadas: “São tomadas pela equi-
Quando nos referimos a decisões não programa- pe ou pessoa que recebeu poderes para isso. As deci-
das nos referimos àquelas que resultam de problemas sões delegadas não precisam ser aprovadas ou revistas
que não são bem compreendidos, são “pobres” de pela administração. A pessoa ou grupo assume plena

31
responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a infor-
mação, a maturidade, as qualificações e as atitudes sufi- EXERCÍCIOS COMENTADOS
cientes para decidir da melhor maneira possível”.
Identificamos ainda, dentro do conceito de elemen-
tos da decisão o item de: 1. (TRT 12ª REGIÃO-SC – FGV – 2017) Em um órgão pú-
Certeza, risco e incerteza – blico, as decisões são concentradas nos níveis mais altos
Podemos chamar de incerteza aquela situação que, da hierarquia. A direção do órgão gostaria de promover a
muitas vezes, se configura por existirem informações in- descentralização das decisões como forma de incentivar
suficientes e dúbias para os tomadores de decisão. Isso a autonomia e a responsabilização dos gerentes. No en-
certamente inviabiliza a clareza das alternativas e traz tanto, a centralização das decisões apresenta vantagens
consigo riscos inerentes, fazendo com que a decisão to- em relação à descentralização, tais como:
mada se torne mais difícil de ser operacionalizada.
Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de a) torna o processo decisório mais ágil e flexível;
ser necessário identificar claramente qual é o problema b) estimula a aprendizagem dos gerentes médios;
e de se ter em mãos informações de qualidade, o gestor c) gera decisões mais consistentes com os objetivos glo-
precisa possuir também um conhecimento aprofundado bais da organização;
do mercado em que atua, conhecendo seus concorrentes d) reduz os custos e o tempo de implementação das
e a capacidade organizacional deles. É assim que são ge- decisões;
ridas empresas bem estruturadas e administradas. Esse e) facilita o fluxo de informações e a comunicação
grupo é composto especialmente pelas organizações de organizacional.
grande porte.
É importante que o gestor decida com rapidez e que Resposta: Letra C. Alternativa A, B e E: Erradas.
reduza a incerteza. Agindo assim poderá planejar de ma- Maior agilidade, gerentes médios e fluxo e comunica-
neira estratégica possíveis ações futuras que poderão ção mais facilitados são características e vantagens da
dar à sua empresa vantagem competitiva em relação às descentralização.
concorrentes. Alternativa C: Certo.
Alternativa D: Errada.
• decisão em condições de certeza – ocorre quan- A redução de custo de fato é uma característica da
do há total conhecimento de todos os estados da centralização porém, a redução de tempo para im-
natureza do processo decisório. plementar decisões não, esse é uma característica da
descentralização.
Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação
que está ocorrendo no instante em que se está tomando 2. (TRT 11ª REGIÃO-AM e RR – FCC – 2017) A tomada
a decisão. de decisão é uma das atividades mais típicas do admi-
• decisão em condições de risco – ocorre quando nistrador. Existem diferentes tipos de decisão, sendo que
não são conhecidas as probabilidades associadas algumas delas se realizam por meio de um conjunto de
a cada um dos estados da natureza do processo normas preestabelecidas, com base em um acervo de so-
decisório. luções da organização. Tais decisões são as denominadas:
A situação é pouco conhecida. Para a tomada de de-
cisão em condições de risco, a certeza irá variar entre 0% a) Programadas.
e 100%. Sob condições de risco, o gestor utiliza a expe- b) Padronizadas.
riência pessoal, sua intuição ou informações secundárias c) Recorrentes.
para mensurar as chances de acerto de alternativas ou d) Impróprias.
resultados. e) Consultivas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

• decisão em condições de incerteza ou em con-


dições de ignorância – ocorre quando não se ob- Resposta: Letra A. A teoria da decisão nasceu de Her-
tiveram informações e dados sobre as circunstân- bert Simon, que a utilizou para explicar o comporta-
cias do processo decisório ou em relação à parcela mento humano na organização. Ele distingue dois tipos:
dessa situação. Para decidir numa situação dessas Decisão programadas: aquelas repetitivas, comuns na
deve-se recorrer à intuição e à criatividade. rotina e que são tomadas de forma automática, por
• decisão em condições de competição ou em con- exemplo, tudo aquilo que se torna hábito, que segue
dições de conflito – ocorre quando a estratégia um manual de padrão, entre outros.
e a situação em si do processo de tomada de de- Decisão não programadas: são decisões que de fato
cisão são determinadas pela ação de competido- dependem do decisor, não é alto rotineira, automá-
res. Quando ocorre de um gestor, ao tomar uma tico, ou seja, são aquelas decisões que exigem uma
decisão, prever que não haverá nenhum resultado análise mais completa, como por exemplo, alterar uma
não previsto, classificamos essa decisão como uma linha de produção, fazer mudanças quanto à estrutura
decisão programada.1 da organização, ou quanto ao quadro de funcionários,
Disponível em: Maria Ester Domingues de Oliveira; enfim, são decisões que fogem de um conceito roti-
Antônio Francisco Ribeiro Neto; Flávio Sposto Pompêo. neiro, mecanizado.
Internet: <www.blogdaqualidade.com.br>. (Adaptado.)
1 Por Aberlardo Neves / Fonte: www.sandrow.ecn.br

32
NOÇÕES BÁSICAS DE GERÊNCIA E GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES E DE PESSOAS

GESTÃO DE PESSOAS

Quando nos deparamos com um cenário globalizado e com competição cada vez mais acirrada, a Gestão de Pes-
soas torna-se fundamentalmente um instrumento diferenciado para as organizações alcançarem sucesso.
Segundo (CHIAVENATO, 2005, p. 9):

Gestão de pessoas “é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos
funcionários e das organizações. Assim, todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos
eles estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento”
Exatamente por ser esse diferencial, essa área tem passado por mudanças e transformações, afim de acompanhar
a evolução natural das coisas e permitir que o patrimônio intelectual e humano das organizações esteja sempre em
desenvolvimento, não apenas nos seus aspectos tangíveis e concretos, mas, principalmente, nos aspectos conceituais
e intangíveis.
A área de Gestão de Pessoas é uma área muito sensível aos aspectos contingenciais e situacionais da organização,
considerando fatores como cultura e estrutura organizacional adotada, clima e ambiente, negócio da organização,
tecnologia utilizada dos processos internos, entre vários outros fatores.
O papel da Administração para a Gestão de Pessoas tem como definição o ato de trabalhar com e por meio de
pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.
Alguns aspectos estão envolvidos na gestão de pessoas, conforme descritos abaixo:
• Comportamento;
• Processo de decisão;
• Ação e execução;
• Relacionamento interpessoal;
• Comprometimento interpessoal e organizacional;
• Perspectiva de futuro;
• Envolvimento com processos;
• Desenvolvimento de habilidades;
• Identificação de capacidades intelectuais – Construindo um patrimônio intelectual.
Essa evolução natural percebida pelas organizações trouxe mudanças também na denominação e na forma como
se enxerga essa área.
Enquanto por muito tempo as organizações consideravam as pessoas como um dos recursos necessários para a
existência da organização, hoje essa compreensão envolve um conceito diferenciado, no qual as pessoas não são vistas
como um recurso e, sim, como parceiro e colaborador na busca pelos resultados desejados.
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A intera-
ção da gestão de pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais
e individuais.
A seguir, temos três aspectos que dão sustentação a essa colocação do papel das pessoas hoje nas organizações:

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

33
Como vimos acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem-sucedidas e
pelo aporte de capital intelectual, que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da
Informação e do Conhecimento.
Como pudemos perceber, existe um processo evolutivo na forma como se trata as pessoas dentro da organização,
saindo de um conceito no qual pessoas eram consideradas recursos até chegar no conceito de pessoas como parceiros,
sendo que, nessa transição, as mudanças práticas são bem claras, conforme vemos a seguir:

Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros


Horário rigidamente estabelecido Colaboradores agrupados em equipes
Preocupação com normas e regras Metas negociadas e compartilhadas
Subordinação ao chefe Preocupação com resultados
Fidelidade à organização Satisfação do cliente
Dependência da chefia Vinculação à missão e à visão
Alienação em relação à organização Interdependência entre colegas
Ênfase na especialização Participação e comprometimento
Executoras de tarefas Ênfase na ética e responsabilidade
Ênfase nas destrezas manuais Fornecedores de atividade
Valorização da mão de obra Ênfase no conhecimento
Inteligência e talento
Valorização do intelecto

Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas, sendo que,
nesse contexto, a Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social.
Dentre os demais sistemas organizacionais, destacamos o subsistema técnico, e é essa interação entre Gestão de
pessoas e outros subsistemas, especialmente o técnico, que trabalho para o alinhamento entre os objetivos organiza-
cionais e os objetivos individuais.
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, mais especialmente sobre as análises de comportamento
que produzem a cooperação por parte dos indivíduos.
Essa teoria resume a relação entre pessoas e organização como sendo um sistema no qual a organização recebe
cooperação dos colaboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em troca oferece vantagens e incentivos,
dentre os quais podemos citar os salários, prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunidades etc.
Essa troca mútua cria uma harmonia no ambiente organizacional, permitindo assim que se alcance o equilíbrio
organizacional.

CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES

A Gestão de Pessoas é caracterizada por: participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento do capital


humano da organização, que é formado pelas pessoas que a compõem.
Cabe à área de gestão de pessoas a função de humanizar as empresas.
Atualmente, nas relações de trabalho, vem ocorrendo mudanças conforme as exigências que o mercado impõe ou
na forma de gerir pessoas.
Analisemos agora as características e funções dessa área:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

34
ATRIBUIÇÕES E OBJETIVOS DA GESTÃO DE PESSOAS Já há algum tempo, a sociedade tem vivido uma tran-
sição denominada “Era da Informação e Conhecimento”,
Como objetivos, destacamos alguns aspectos bem no qual as pessoas precisam ser consideradas parte es-
claros da área de gestão de pessoas: sencial desse processo para que as organizações obte-
• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e nham êxito em suas operações. No âmbito empresarial,
realizar sua missão; são fundamentais que todos os colaboradores engajados
• Proporcionar competitividade à organização; nos processos assimilem a missão e os objetivos da orga-
• Proporcionar à organização talentos bem treina- nização, como elementos norteadores na formulação e
dos e motivados; planejamento de estratégias. Por outro lado, os gerentes
• Aumentar a autoatualização e a satisfação das pes- devem desenvolver uma atuação que possibilite a ênfase
soas no trabalho; nos focos de aprendizagem da organização.
• Desenvolver e manter qualidade de vida no Nesta 3ª fase da globalização em que vivemos, é viá-
trabalho; vel que as organizações que almejam crescimento e me-
• Administrar a mudança; lhoria contínua invistam em treinamento e qualificação e
• Manter política ética e comportamento socialmen- requalificação de seu pessoal, gerando assim uma signifi-
te responsável. cativa vantagem competitiva num mercado no qual as ino-
Assim como também compete à área de gestão de vações tecnológicas chegam já com data prevista de saída
pessoas lidar com alguns desafios e atribuições bem re- para novos critérios. Todavia, as empresas que entenderem
levantes, como vemos a seguir. essa interdependência alcançarão gradualmente soluções
• Retenção de talentos – antes de mais nada é ne- compensatórias em seus trâmites e processos.
cessário que a organização consiga identificar os Conduzir pessoas numa organização significa dispo-
potenciais existentes ali dentro e, a partir daí, criar nibilizar o capital (materiais, equipamentos, fatores de
condições de reter esse talento. Para que essa re- produção, treinamento) para que todos os envolvidos no
tenção seja possível, a organização precisa criar processo (funcionários e parceiros) sintam sua importân-
uma contrapartida para o colaborador, consideran- cia para a organização e se renovem dia após dia no al-
do, aqui, não apenas o aspecto financeiro, mas os cance de suas competências profissionais e pessoais em
demais aspectos que a geração atual anseia con- busca de suas eficiências e eficácias.
quistar, como liberdade de tempo, valorização e re- O desempenho das pessoas no processo de tomada
conhecimento, oportunidade de crescimento, espa- de decisão nas instituições, quando entendido o que é
ço para participar de forma mais ativa, entre outros. eficiência (defeito zero e qualidade total) e eficácia (al-
• Choque de gerações – Dentro de uma organiza- cance das metas empresariais), faz com que as empresas
ção, costumeiramente nos deparamos com várias entrem no eixo da maturidade mercadológica (posição
gerações trabalhando juntas e, nesse cenário, temos na qual o produto ou serviço da empresa já é conhecido
diversidade de características, experiências, expec- pelos clientes, mas que pode trazer eventuais problemas
tativas e competências, cabendo à área de gestão caso não se identifique a necessidade de constantes me-
de pessoas identificar e equilibrar essas diferenças, lhorias nos processos que serão sentidos pela clientela).
evitando assim que um choque de gerações impeça Isso tudo traz a área de gestão de pessoas, junto com
que talentos possam ser descobertos e que traba- todos os demais setores organizacionais, para um impor-
lhem em conjunto, contribuindo e potencializando tante papel estratégico, tanto para despertar e desenvol-
o patrimônio intelectual da organização. ver talentos organizacionais, quanto para potencializar a
• Ambiente – Como falamos acima, os anseios da elaboração e a execução de planos estratégicos que a
geração atual vão muito além do aspecto finan- organização adote para alcançar seus objetivos.
ceiro, passando pelo ambiente em que estão inse- Ao longo da história, tivemos muitas teorias pertinen-
ridos, portanto, cabe à área de gestão de pessoas, tes à Administração, podemos citar:
Frederick Taylor, que trouxe os princípios da adminis-
dentro do possível, estimular a criação de ambien- NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
tes mais próximos desses anseios, propiciando tração científica, contribuindo para a racionalização do
mais liberdade, criatividade e estímulos outros que trabalho industrial e para a divisão de autoridade e su-
impulsionem esses jovens no processo produtivo. pervisão ao nível de linha (autoridade vertical).
• Papel do Gestor de Pessoas – A área de gestão Temos também Henry Fayol, que nos apresentou uma
de pessoas precisa sair do operacional para assu- teoria mais global da ação administrativa, ao contrário de
mir uma cadeira nas decisões estratégicas. Deve Taylor, que se dedicou mais as questões relativas à linha
participar opinando e mostrando alternativas de de produção.
preparação dos profissionais. Antes disso, é pre-
ciso estar mais próximo dos clientes internos para Citamos ainda Henry Ford, que se ocupou do sistema
acompanhar mudanças, expectativas e identificar de produção empresarial como um todo, visando a sua
quem pode fazer parte de um plano de carreira e maior eficiência, introduzindo conceitos modernos de
de desenvolvimento. Esse gestor deve ser atual, produção em série e de linhas de montagem, conceben-
versátil e flexível para atender às necessidades in- do um ritmo de trabalho em cadeia, para poupar tempo
ternas e às de mercado. O desafio das empresas é a e custos.
estruturação de um processo de carreira, tanto hori-
zontal quanto vertical. As pessoas devem começar a Até que chegamos àquela que começa a trabalhar a
ser valorizadas pelas entregas, inovações e projetos visão diferente em relação ao indivíduo. Alton Mayo, que
que fazem e não mais só pela posição que ocupam. nos apresentou uma teoria que tratava exatamente das

35
relações humanas. A Teoria das Relações Humanas preo- um elo entre metas organizacionais e individuais per-
cupou-se intensamente com o esmagamento do homem mitindo a colaboração e participação eficaz de todas as
pelo desenfreado desenvolvimento da civilização indus- pessoas envolvidas. Para isso as etapas Planejar, Organi-
trializada, salientando que, enquanto a eficiência material zar, Dirigir e Controlar deve ser bem trabalhado pelas li-
aumentou poderosamente nos últimos duzentos anos, a deranças e gerencias da empresa conduzindo todos num
capacidade humana para o trabalho coletivo não mante- único objetivo.
ve o mesmo ritmo de desenvolvimento. Nessa abordagem, faz-se necessário a compreensão
Mayo afirma que o problema da cooperação não e o entendimento sobre Planejamento Estratégico e con-
pode ser resolvido apenas por meio do retorno às for- seguintemente o papel potencial das pessoas.
mas tradicionais de organização. O que deve haver é É primordial as organizações estabelecerem alguns
uma nova concepção das relações humanas no trabalho. critérios para que a gestão de pessoas tenha importância
Como resultado de suas experiências dentro das próprias significativa, tais como:
empresas, verificou que a colaboração na sociedade in-
dustrializada não pode ser entregue ao acaso, enquanto – Motivar e reconhecer os esforços de todos os
se cuida apenas dos aspectos materiais e tecnológicos envolvidos;
do progresso humano. – Transmitir suas ideias e saber exercer suas
A tarefa básica da Administração é formar uma elite influências;
capaz de compreender e de comunicar, dotada de chefes – Transformar Grupos em Equipes;
democráticos, persuasivos e simpáticos a todo pessoal: ao – Pensar, agir e solucionar problemas;
invés de se tentar fazer os empregados compreenderem a – Gerar ambiente sinérgico;
lógica da administração da empresa, a nova elite de admi- – Ter nos conflitos gerados uma oportunidade de
nistradores deve compreender as limitações dessa lógica e fonte de aprendizagem;
ser capaz de entender a lógica dos trabalhadores. – Saber gerenciar o estresse;
A pessoa humana é motivada essencialmente pela ne- – Saber delegar;
cessidade de “estar junto”, de “ser reconhecida”, de rece- – Desenvolver culturas;
ber adequada comunicação: Mayo se opunha à afirmação – Preparar as pessoas para a avaliação de
de Taylor de que a motivação básica do empregado era desempenho;
meramente salarial (homo economicus). Para Mayo, o con- – Elaborar planos individuais de capacitação por
flito social deve ser evitado a todo custo por meio de uma competências;
administração humanizada que faça um tratamento pre- – Fornecer opinião sobre as competências
ventivo e profilático. As relações humanas e a cooperação individuais;
constituem a chave para evitar o conflito social, o qual é – Identificar, segundo o perfil traçado pela empresa, as
o germe da destruição da própria sociedade. “O conflito pessoas que estão acima, na média ou – aquém das
é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar social.” expectativas;
Esse processo todo, que veio acompanhando o cená- – Agregar pessoas (valorizar o capital intelectual);
rio organizacional, justifica a importância da gestão de – Desenvolver pessoas (integrar e motivar os
pessoas, a espinha dorsal, a viga, a estrutura desse todo. colaboradores);
Segundo Davel e Vergara (2001, p.31), – Adotar administração horizontal (faz com que as
As pessoas não fazem somente parte da vida produti- lideranças estejam em maior proximidade dos li-
va das organizações. Elas constituem o princípio essencial derados, privilegiando o acesso à informação e re-
de sua dinâmica, conferem vitalidade às atividades e pro- duzindo os níveis organizacionais);
cessos, inovam, criam, recriam contextos e situações que – Aplicar benchmarking para obtenção de vantagem
podem levar a organização a posicionarem-se de maneira competitiva;
competitiva, cooperativa e diferenciada com os clientes, – Desenvolver políticas de parcerias;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

outras organizações e no ambiente de negócios em geral. – Manter e recompensar pessoas;


Conforme Barçante e Castro (1995, p. 20), – Monitorar as atividades realizadas diariamente;
Ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos funcioná- – Criar um Canal de Reclamações e Sugestões visan-
rios, a empresa estará tratando-o como um aliado e não do a, por meio de críticas construtivas, agregar va-
só como um mero cumpridor de ordens, estará vendo que lores à organização;
dele dependem os seus resultados. – Divulgar na Intranet da empresa ou divulgar inter-
Mas para obter bons resultados, a organização preci- namente o desempenho mensal das equipes de
sa abrir mão de alguns paradigmas e criar um cenário em trabalho em comparação à evolução alcançada com
que o colaborador possa pôr em prática toda uma expe- relação às metas estipuladas pela organização.
riência profissional já vivenciada ou praticada em outras
ocasiões. Nesse momento, o gestor de pessoas (lideran-
ça), precisa atuar no sentido de capacitar, estimular e
principalmente motivar as pessoas a adquirirem cada vez
mais habilidades e atitudes vencedoras para que toda a
proposta de negócios atinja grandes resultados, de for-
ma que tudo que ficou determinado pelas organizações
seja cumprido.
A Gestão Estratégica de Pessoas nas organizações é

36
PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS

Podemos compilar esses e outros critérios dentro de um processo atual de gestão de pessoas, que comporta seis
aspectos básicos, como veremos agora:

Todos esses processos estão intimamente relacionados entre si, de tal maneira que se interpenetram e se influen-
ciam reciprocamente. Cada processo tende a favorecer ou prejudicar os demais, quando bem ou mal utilizados. Um
processo de agregar pessoas malfeito passa a exigir um processo de desenvolver pessoas mais intenso para compensar
as suas falhas. Se o processo de recompensar pessoas é falho, ele exige um processo de manter pessoas mais intenso.
Além do mais, todos esses processos são desenhados de acordo com as exigências das in­fluências ambientais externas
e das influências organizacionais internas para obter a melhor compatibilização entre si. Trata-se, pois, de um modelo
de diagnóstico de RH.
Uma das ferramentas utilizadas pela área de gestão de pessoas para facilitar a administração das informações pertinentes
às pessoas envolvidas nos processos organizacionais é o Sistema de Informação Gerencial, no qual, por meio de um banco de
dados, é possível fazer o registro de informações que possam auxiliar o gestor e os lideres nos processos decisórios.
Os aspectos administrados por meio do SIG podem ser analisados numa visão geral ou focada. Na visão geral, o
sistema permite uma análise de todos os processos organizacionais, já os de visão focada, fornecem dados setorizados,
referentes aos departamentos que se deseja analisar em especifico, sendo que em ambos constam informações como
objetivos, estratégias e políticas da empresa, fatores ambientais da empresa, qualidade dos profissionais, das informa-
ções e dos processos, tecnologia da empresa, relação dos custos versus benefícios, bem como os riscos envolvidos e
aceitos, entre outros.
No entanto, dados coletados por si só não contribuem para esse processo, portanto, faz-se necessário que haja uma NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
análise e classificação desses dados, relacionando entre si as informações e suas possíveis aplicabilidades.
No subsistema gestão de pessoas, para facilitar essa classificação e interação de dados, o sistema deve registrar
dados diversos sobre o colaborador e sua relação com a organização, tais como:
• Dados pessoais;
• Dados sobre cargos e os encarregados dessas funções;
• Dados sobre os setores e departamentos existentes na organização;
• Dados sobre remuneração e benefícios;
• Dados sobre processos de treinamento e capacitação desenvolvidos e/ou necessários;
• Dados sobre aspectos relacionados à saúde ocupacional, entre outros.

Cabe à administração decidir, diante do investimento envolvido, qual o melhor e mais indicado sistema a ser im-
plantado, considerando os processos envolvidos e as expectativas da organização, lembrando também que o sistema
só será eficaz se as informações por ele fornecidas forem constantemente atualizadas e revistas, conforme o desenvol-
vimento dos processos em andamento na organização.

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

Comportamento Organizacional “é um campo de estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura

37
têm sobre o comportamento dentro das organizações definindo assim as suas identidades.
com o propósito de aplicar este conhecimento em prol Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por
do aprimoramento da eficácia de uma organização”. meio de suas ações, contribuem para a construção de
Tem por finalidade compreender os “espaços vazios” sua sociedade. Entretanto, os indivíduos agem sempre
da organização de forma que estes não prejudiquem o dentro de contextos que lhes são preexistentes e orien-
desenvolvimento da organização, possibilitando, assim, tam o sentido de suas ações. A construção do mundo
reter talentos, evitar o turnover e promover engajamento social é assim mais a reprodução e a transformação do
e harmonia entre os stakeholders. mundo existente do que sua reconstrução total. Para
Ter uma compreensão quanto ao comportamento Berger e Luckmann (1983), a vida cotidiana apresenta-se
organizacional é extremamente importante para que as para os homens como realidade ordenada. Os fenôme-
lideranças possam prever, e especialmente evitar, pro- nos estão pré-arranjados em padrões que parecem ser
blemas individuais ou coletivos entre os colaboradores. independentes da apreensão que cada pessoa faz deles,
O comportamento organizacional refere-se a com- individualmente.
portamentos relacionados a cargos, trabalho, absenteís- Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível
mo, rotatividade no emprego, produtividade, desempe- do indivíduo e do grupo, mediada pelos processos cog-
nho humano e gerenciamento. nitivos, e interdependente do contexto, varia conforme a
Refere-se ainda à motivação, liderança, poder, co- inserção ambiental e o tipo de organização, tanto quanto
municação interpessoal, estrutura e processos de grupo, também varia internamente em suas subunidades. É im-
aprendizagem, desenvolvimento e percepção de atitude, portante salientar que o universo simbólico integra um
processo de mudanças, conflitos. conjunto de significados, atribuindo-lhes consistência,
Considerando que, diferentemente das organizações, justificativa e legitimidade. Em outras palavras, o univer-
que possuem uma certa formalidade em sua essência, so simbólico possibilita aos membros integrantes de um
as pessoas são mais complexas, mais influenciáveis por grupo uma forma consensual de apreender a realidade,
variáveis diversas e, muitas vezes, são pouco previsíveis. integrando os significados e viabilizando a comunicação.
Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valo- É por meio desse compartilhar da realidade que as
res, rituais, normas, rotinas e tabus da organização, o que identidades dos indivíduos nas organizações são cons-
se pretende é buscar a sua identificação com os padrões truídas, ao se comunicar aos membros, de forma tangí-
a serem seguidos na empresa. Dessa forma, se fornece vel, um conjunto de normas, valores e concepções que
um senso de direção para todas as pessoas que com- são tidas como certas no contexto organizacional. Ao de-
partilham desse meio. As definições do que é desejável e finir a identidade social dos indivíduos, o que se preten-
indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes no de é garantir a produtividade, pela harmonia e manuten-
sistema, orientando suas ações nas diversas interações ção do que foi aprendido na convivência. É importante
que executam no cotidiano. ressaltar que muitas vezes essas identidades precisam ser
Reconhecer os significados e a própria razão de ser da reconstruídas quando a empresa se vê diante de situa-
empresa, bem como se familiarizar com as percepções e ções que exigem mudanças.
comportamentos mais aceitos e valorizados na organi-  Daí vem o papel principal da análise do comportamen-
zação, conduz os funcionários a uma uniformidade de to organizacional, que é o de permitir fazer uma leitura da
atitudes, o que é positivo no sentido de possibilitar maior dinâmica existente na organização e como essa interfere e
coesão. No entanto, pode levar a uma perda de indivi- influencia o comportamento das pessoas envolvidas.
dualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa a Considerando que nas relações entre indivíduo e or-
ser uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo ganização existe uma troca de interesses, de conteúdo,
para ambientes externos da organização, quando pas- de aporte, entre tantos outros aspectos, gerir essa troca
sam a adotar comportamentos padronizados nas mais é papel da área de gestão de pessoa, que garante que,
diversas situações. nessa troca, ambas as partes fiquem satisfeitas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Or-


ganizacionais, destacamos: CULTURA ORGANIZACIONAL
• Nível Individual  – Estuda as expectativas, motiva-
ções, habilidades e competências que cada cola- A  cultura organizacional  tem por finalidade concei-
borador demonstra individualmente por meio de tuar os valores e as crenças de uma organização, geran-
seu trabalho. do um entendimento consciente e coletivo sobre a mais
• Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, dos indicada e adequada forma de se comportar dentro da
grupos, as funções desempenhadas por estes e a organização. Assim como também gera um ajuste quase
comunicação e interação uns com os outros, além que automático na interação entre os indivíduos, ressal-
de estudar a influência e o poder do líder neste tando-se que não necessariamente essa cultura esteja for-
contexto. malmente instituída, pois, em alguns casos, esses valores
são compartilhados entre as pessoas, habitualmente, sem
Ao ingressar em uma organização, indivíduos com que haja um regra formal que a leve a agir dessa forma.
características diversas se unem para atuar dentro de Entre os benefícios que a cultura organizacional pode
um mesmo sistema sociocultural na busca de objetivos trazer à organização, podemos citar:
determinados. Essa união provoca um compartilhamen- • Vantagem competitiva derivada de inovação e ser-
to de crenças, valores, hábitos, entre outros, que irão viço ao cliente;
orientar suas ações dentro de um contexto preexistente, • Maior desempenho dos empregados;

38
• Coesão da equipe; A cultura representa a maneira como a organização
• Alto nível de alinhamento na busca da realização visualiza a si própria e seu ambiente. Seus principais
de objetivos. componentes são os artefatos, valores compartilhados e
pressuposições básicas.
A cultura organizacional tem como base algumas ca- Vejamos os níveis dos componentes da Cultura Or-
racterísticas básicas que, em conjunto, capturam a essên- ganizacional de acordo com o nível de superficialidade,
cia de uma organização:  sendo do mais superficial ao mais profundo.
• Inovação e assunção de riscos: o grau em que os • Artefatos: o mais superficial, visível e perceptível. 
funcionários são estimulados a inovar e assumir • Padrões de comportamento: as regras que criam
riscos. um comportamento linear e padronizado
• Atenção aos detalhes: o grau em que se espera • Valores compartilhados: não são visíveis, estão
que os funcionários demonstrem precisão, análise enraizados nas pessoas, pois esses valores têm re-
e atenção aos detalhes. levância tal que definem as razões pelas quais as
• Orientação para os resultados: o grau em que os pessoas fazem ou deixam de fazer algo.
dirigentes focam mais os resultados do que as téc- • Pressuposições básicas: trata-se de crenças in-
nicas e os processos empregados para seu alcance. conscientes, pressuposições e sentimentos básicos
• Orientação para as pessoas: o grau em que as de- que regem o pensamento e o comportamento das
cisões dos dirigentes levam em consideração o pessoas. Este é o nível mais profundo da cultura
efeito dos resultados sobre as pessoas dentro da organizacional.
organização.
• Orientação para as equipes: o grau em que as ati- Diante do exposto, temos que a cultura organizacio-
vidades de trabalho são mais organizadas em ter- nal representa a compreensão que as pessoas envolvidas
mos de equipes do que de indivíduos. na organização têm das características da cultura desta,
• Agressividade: o grau em que as pessoas são compe- gerando uma sinergia que potencializa a boa convivência
titivas e agressivas em vez de dóceis e acomodadas. interpessoal.
• Estabilidade: o grau em que as atividades organi-
zacionais enfatizam a manutenção do status quo CLIMA ORGANIZACIONAL
em contraste com o crescimento.
Segundo Chiavenato (1994), o clima organizacional
TIPOS DE CULTURA influencia a motivação, o desempenho humano e a sa-
tisfação no trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas
• Culturas adaptativas: caracterizam-se pela sua cujas consequências se seguem em decorrência de dife-
maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para rentes ações. As pessoas esperam certas recompensas,
a inovação e a mudança. São organizações que satisfações e frustrações na base de suas percepções do
adotam e fazem constantes revisões e atualiza- clima organizacional. Essas expectativas tendem a con-
ções, suas culturas adaptativas evidenciam-se pela duzir à motivação.
criatividade, inovação e mudanças. De um lado, a O clima organizacional pode ser visto, também, como
necessidade de mudança e a adaptação para ga- um conjunto de fatores que interferem na satisfação ou
rantir a atualização e modernização; e de outro, a descontentamento no trabalho. Entende-se por fatores
necessidade de estabilidade e permanência para de satisfação aqueles que demonstram os sentimentos
garantir a identidade da organização. O Japão, por mais positivos do colaborador em relação ao trabalho,
exemplo, é um país que convive com tradições mi- tais como: a realização, o reconhecimento, o trabalho
lenares ao mesmo tempo em que cultua e incenti- em si, a responsabilidade e o progresso. Por fatores de
va a mudança e a inovação constantes. descontentamento, temos aqueles que contribuem com NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Culturas conservadoras: caracterizam-se pela ma- uma conotação negativa, do ponto de vista do colabora-
nutenção de ideias, valores, costumes e tradições dor, tais como: as políticas, a administração, a supervisão,
que permanecem arraigados e que não mudam ao o salário e as condições de trabalho.
longo do tempo. São organizações conservadoras Quando existe um bom clima organizacional, a ten-
que se mantêm inalteradas como se nada tivesse dência é que a satisfação das necessidades pessoais e
mudado no mundo ao seu redor. profissionais sejam realizadas, no entanto, quando o cli-
• Culturas fortes: seus valores são compartilhados ma é tenso, ocorre frustração dessas necessidades, pro-
intensamente pela maioria dos funcionários e in- vocando insegurança, desconfiança e descontentamento
fluenciam comportamentos e expectativas. entre os colaboradores.
• Culturas fracas: são culturas mais facilmente mu- Na opinião de Chiavenato (1994, p.53), “o clima or-
dadas. Como exemplo, uma empresa pequena e ganizacional é favorável quando proporciona satisfação
jovem, a qual, por estar no início, torna mais fácil das necessidades pessoais dos participantes, produzindo
para a administração comunicar os novos valores. elevação do moral interno. É desfavorável quando pro-
Isso explica a dificuldade que as grandes corpora- porciona frustração daquelas necessidades.”
ções têm para mudar sua cultura. Clima organizacional pode ser definido também
1. Componentes da cultura como um conjunto de variáveis que busca identificar os
aspectos que precisam ser melhorados, visando à satis-
fação e ao bem-estar dos colaboradores

39
Para Bennis (1996, p.6), “clima significa um conjunto • Desempenho e avaliação: critérios claros de avalia-
de valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual ção dos funcionários;
as pessoas se relacionam umas com as outras, tais como • Desenvolvimento de pessoas: recrutamento inter-
sinceridade, padrões de autoridade, relações sociais, etc.” no, treinamento mais alinhado às metas;
Clima organizacional é um conjunto de causas que • Integração: forma de maior integração entre as
interferem no ambiente de trabalho. As causas podem pessoas, áreas, unidades, com o propósito de
variar de acordo com os níveis culturais, de comunicação, maior entrosamento e fortalecimento do banco
econômicos e psicológicos dos indivíduos. como um todo;
Pode-se, ainda, definir clima organizacional como • Processo decisório: tornar o processo decisório
sendo uma visão fotográfica que retrata as percepções mais ágil, deixando-o menos burocrático em al-
mais negativas ou positivas dos indivíduos, que pode ser guns momentos, facilitando decisões e realização
afetada por fatores internos ou externos. de negócios.
O clima é em geral influenciado pela cultura da orga- Esses itens mostram como um bom clima de trabalho
nização, embora alguns fatores como políticas organiza- influencia diretamente nos negócios e resultados de uma
cionais, formas de gerenciamento, lideranças formais e organização.
informais, atuação da concorrência e influências gover-
namentais também possam alterá-lo. 3. Clima organizacional, motivação e
Pode-se também definir clima organizacional como comprometimento
um conjunto de valores, ou seja, aquilo que identifica os
colaboradores como seres humanos, suas raças, culturas, De acordo com Davis & Newstrom (1998), o compor-
crenças. Essas diferenças culturais devem ser reconheci- tamento organizacional integra quatro elementos distin-
das como importantes nas organizações, pois mostram tos: pessoas, estrutura, tecnologia e ambiente. Isso en-
a visão de cada um em relação ao ambiente de trabalho. volve conceitos fundamentais sobre a natureza das pes-
O conceito de clima organizacional é muito abran- soas e das organizações, ou seja, como os colaboradores
gente e complexo, pois busca sintetizar numerosas per- estão preparados para o desempenho de suas funções,
cepções, atitudes e sentimentos em um número limitado seu crescimento e desenvolvimento para atingirem níveis
de dimensões, numa tentativa de mensuração. mais altos de competência, criatividade e realização, face
à importância dos mesmos serem os recursos centrais
em qualquer organização e qualquer sociedade.
2. Avaliação do clima organizacional
Então, o comportamento organizacional deve criar pro-
dutividade nas organizações. Aí se inclui conhecimento, ha-
A avaliação do clima organizacional é necessária a fim
bilidade, atitude e motivação. A motivação faz, segundo Da-
de que a organização tenha parâmetros para buscar me-
vis & Newstrom (1998), o colaborador adquirir capacidade.
lhorias no ambiente interno corrigindo problemas que
É importante, para todo o esse processo ocorrer de
possam estar causando insatisfação dos colaboradores e forma normal, que as empresas gerem condições que
prejudicando a tanto produtividade dos mesmos quan- motivem os colaboradores a um melhor desempenho,
to os resultados da organização. O clima organizacional ou seja, criem um clima organizacional que facilite o tra-
reflete, também, a capacidade da empresa para atrair e balho para alcançar os resultados pretendidos.
reter colaboradores competentes que contribuam com Motivação, segundo Ferreira (1999, p. 1371), é o “con-
os resultados desejados (CAMPELLO; OLIVEIRA, 2004). junto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscien-
Daí a preocupação das empresas em avaliar o clima tes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais
organizacional. agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”.
Os profissionais de recursos humanos juntamente Logo, o comportamento organizacional deve prover
com os líderes da organização devem sempre analisar condições para criar produtividade nas organizações, fa-
o clima organizacional buscando todas as informações zer com que os fatores que atuam sobre a motivação dos
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

possíveis que possam estar influenciando no resultado colaboradores estejam presentes.


dos colaboradores, tais como preocupações, insatisfa- Mattar & Ferraz (2004) citam que as empresas sabem
ções, sugestões, dúvidas e inseguranças. Com base nes- o valor e a importância de obter e manter o comprome-
sas informações, pode-se fazer um planejamento volta- timento de seus colaboradores, pois colaboradores com-
do para a melhoria das condições de trabalho tendo em prometidos propiciam maior eficiência e eficácia. Porém, os
vista, além da satisfação do colaborador, o aumento da autores comentam que nem sempre é fácil conseguir esse
produtividade do mesmo. comprometimento por parte dos colaboradores. O mercado
Avaliar o clima organizacional não compete apenas atualmente exige das empresas uma alta competitividade, e
aos profissionais de recursos humanos, mas sim a todas estas desejariam o comprometimento de seus colaborado-
as pessoas engajadas no processo. Pode-se fazer essa res para atingirem essa maior produtividade com qualidade
constatação, pois pessoas que estão diretamente liga- nos serviços e, assim, obterem um crescimento sustentável.
das às áreas ou setores a serem avaliados podem anali- Na era da informação, o maior patrimônio de uma
sar com uma margem mais segura como é e como pode empresa é o seu contingente intelectual, ou seja, as pes-
ser melhorado o desempenho dos colaboradores para o soas, e o grande diferencial está na capacidade que ela
cumprimento dos objetivos da organização. tem de atrair, motivar e manter esse patrimônio para ob-
Muitas empresas fazem pesquisa de clima interno com ter melhores resultados (MATTAR; FERRAZ, 2004).
o objetivo de levantar e atuar nos aspectos mais significa- Entretanto, considerando que as pessoas têm neces-
tivos identificados na pesquisa, em que são definidas qua- sidades específicas de autorrealização profissional e pes-
tro frentes de ação para análise, descritas a seguir: soal, essa tarefa torna-se cada vez mais difícil.

40
A necessidade de incentivar e manter o comprometi- para a realização das atividades, administração dos con-
mento das pessoas levou as empresas a desenvolver pes- flitos, informações sobre a empresa, perspectiva de cres-
quisas sobre perfil dos colaboradores, forma de gestão, cimento profissional e imagem da sua área para outras
liderança, motivação, entre outras, analisando que ações da empresa.
devem ser implantadas para obtenção de maiores resul- Para Chiavenato (1994), o gerente pode criar e de-
tados, conforme Mattar & Ferraz (2004). senvolver um melhor clima organizacional por meio de
intervenções no seu estilo gerencial, no sistema de admi-
4. O papel do gestor no clima organizacional nistrar pessoas, na questão da reciprocidade, na escolha
do seu pessoal, no projeto de trabalho de sua equipe, no
Para Leal (2001), o ambiente organizacional é a per- treinamento de sua equipe, no seu estilo de liderança,
cepção que os funcionários têm da empresa. É o resulta- nos esquemas de motivação, na avaliação da equipe e,
do do conjunto das políticas, sistemas, processos, valores sobretudo, nos sistemas de recompensas e remuneração.
e dos estilos gerenciais presentes na empresa. O clima A outra fase para a manutenção do clima organiza-
interno é o combustível para a melhora ou a piora dos cional é um trabalho mais localizado e focado, em que
resultados do negócio. Hoje, as empresas querem e pre- o gestor compõe um plano em conjunto com seus pro-
cisam olhar de frente para essa relevante variável e atuar fissionais, cumprindo-o com o envolvimento e a parti-
na gestão do clima. cipação de todos. A gestão de clima, em síntese, é uma
A primeira etapa, após se conhecer a percepção das gerência dos fatores ambientais, de relacionamento e
pessoas, é a elaboração de uma pesquisa para se saber resultados, em que devem ser cuidados os aspectos de
em quais aspectos pode-se melhorar. A partir de então, comunicação e valores para que a área e a empresa tenham
criam-se ações em busca de um ambiente melhor e com visibilidade, atratividade e um grande poder de retenção. A
mais qualidade, o que naturalmente levará a melhores manutenção e a atração de bons profissionais e de talentos
resultados. potenciais são um dos grandes prêmios das empresas que
Realizar uma pesquisa de clima organizacional é cuidam e se atêm às questões ambientais do trabalho.
trabalhoso, além de demandar alguns cuidados funda-
mentais para o sucesso, como metodologia de pesquisa, 5. Ambiência organizacional
confidencialidade de informações etc. Na opinião de Leal
(2001), alguns fatores que costumam impactar de forma A Gestão da Ambiência contempla a identificação dos
positiva ou negativa são: estrutura, remuneração, ima- fatores que influenciam a cultura organizacional, desen-
gem da empresa, estilo gerencial, clareza de objetivos e volvimento e implementação de planos de ação que es-
saúde financeira da empresa. timulem o comprometimento dos colaboradores, assim
A área de recursos humanos costuma conduzir essas como a quantificação do valor percebido pela empresa.
pesquisas e, em geral, elas são validadas e “apadrinha- Ruy Shiosawa, presidente do Great Place to Work
(GPTW), responsável pela pesquisa “100 melhores em-
das” pelo principal executivo, que tem nos resultados
presas para se trabalhar”, diz que: “um melhor ambiente
uma ferramenta de diagnóstico e de marketing para o
de trabalho atrai talentos e, mais importante, retêm es-
planejamento da empresa.
ses talentos no longo prazo. Uma maior da preocupa-
Os resultados de uma pesquisa de clima podem ser
ção com as pessoas dentro da empresa – e a percepção
colocados no mercado como uma forte ferramenta para
desse cuidado da empresa por parte dos funcionários –
atrair profissionais, como mostram, por exemplo, algu-
não apenas se reverte em um bom ambiente de trabalho,
mas publicações especializadas no setor.
mas também em melhores indicadores de saúde econô-
Se a empresa não tem uma filosofia para tratar o cli- mica da empresa”.
ma de forma corporativa e coordenada, o gestor pode Um bom ambiente de trabalho não se reflete apenas
fazê-lo em seu grupo, prestando atenção às reações das em uma maior felicidade interna da empresa e em um
pessoas, “medindo a temperatura” e analisando cons- maior comprometimento (ou engajamento) do profissio- NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
tantemente os fatores de impacto do negócio com seu nal. Impacta a saúde mental e física do trabalhador e os
próprio estilo de gestão. Dentro de uma empresa que ambientes externos ao trabalho (como no ambiente fa-
não cuida institucionalmente de seu ambiente interno, miliar). Os resultados dos números mais “frios” também
uma área que atue com esses aspectos terá certamente são positivos, claro. Empresas com boa ambiência labo-
índices mais altos de satisfação, menor rotatividade e ob- ral, ao que tudo comprova, são mais rentáveis.
terá melhores resultados. No entanto, isso pode não ser 5. O valor da qualidade
suficiente para mudar toda a empresa.
“Empresas onde os indicadores de Clima Organiza-
Leal (2001) afirma que a empresa pode definir seu cional são superiores aos 80% de suporte organizacional
clima ideal se levar em consideração fatores como es- e 70% de engajamento têm uma produtividade até 20%
tratégias, valores e processos internos. O gestor também superior em comparação com outras empresas com in-
pode fazer de sua área um ambiente melhor ou pior para dicadores menores. As vendas essas empresas também
se trabalhar, se comparado com outras áreas da empre- caminham em par com os indicadores. Uma tendência
sa. Para isso, outro conjunto de fatores que deve estar positiva no clima ambiente profissional pode quadrupli-
sempre em pauta e sendo bem administrado, o qual in- car as vendas de uma empresa”, aponta Moraes.
clui: desenvolvimento da equipe, construção e divulga- Observando-se o ranking das “100 melhores empre-
ção dos objetivos da área, qualidade e rapidez de de- sas” e seus resultados na Bolsa de Valores, aponta Shio-
cisões, integração e comunicação, autonomia e suporte sawa, é possível ver a mesma tendência: elas são até 3

41
vezes mais rentáveis que empresas com piores indica- Em ambientes organizacionais ruins, predomina-se a
dores de ambiente de trabalho. O “turnover” – compara- desmotivação, alta rotatividade de funcionários, ausência
tivo entre contratações e demissões – nessas empresas de integração, absenteísmo, conflitos, falta de objetivos
também é menor. Levando-se em conta que toda con- coletivos, falta de comprometimento das pessoas com
tratação de um funcionário tem como reflexo um investi- negócio da empresa, ausência de transparências na ges-
mento por parte da empresa com cursos e treinamentos, tão, comunicação deficiente, custos financeiros imensu-
por exemplo, um menor “turnover” é garantia de maior ráveis e falta de respeito ao ser humano.
manutenção desse investimento no profissional. A felicidade em um ambiente empresarial resulta em
pessoas produtivas, geradoras de resultados, buscando
Como explica Shiosawa, melhores posições hierárquicas, comunicando ao públi-
Nós observamos 3 itens que podem explicar esse sucesso. co externo o lado positivo da organização. O resultado
O primeiro é o sentimento de orgulho que os funcioná- financeiro do empreendimento está totalmente conecta-
rios sentem do lugar onde trabalham. Profissionais sentem do ao clima organizacional, e faz-se necessário que seus
orgulho da empresa quando são respeitadas e percebem fatores estejam incorporados aos princípios modernos
que não são apenas mais um número. Elas trabalham para da gestão estratégica da empresa e que todos dentro
continuar nesses ambientes e recomendam para outros da organização tenham a responsabilidade de sua imple-
profissionais conhecidos. Isso quer dizer um ”turnover” me- mentação, desde a alta administração, gerentes, líderes,
nor e a atração de mais talentos (profissionais gabaritados). supervisores, enfim, todos os integrantes deste time.
Em segundo lugar, completa o especialista, está o “ní-
vel de camaradagem” dentro da empresa. Isso é um indi-
cador de que os times formados no ambiente de traba-
lho se complementam (um local mais colaborativo). Além
disso, a camaradagem é sinônimo de chefias e gerências EFICIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DE GRU-
equilibradas e respeitosas com os funcionários. POS. O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO:
“Outro indicador é o de confiança. Ambientes confiá- PAPÉIS E INTERAÇÕES. TRABALHO EM
veis são aqueles onde os indivíduos se sentem respeita- EQUIPE. EQUIPES DE TRABALHO
dos, creem nos valores da empresa e têm maior sensação
de imparcialidade dos processos implementados no am-
biente de trabalho”, aponta.
De acordo com Chiavenato (2015), o clima organiza- TRABALHO EM EQUIPE
cional varia ao longo de um continuum, que vai desde
um clima favorável e saudável até um clima desfavorável Trabalho em equipe pode ser definido como os es-
e negativo. Entre esses dois extremos, existe um ponto forços conjuntos de um grupo ou sociedade visando à
intermediário: o clima neutro. solução de um problema. Ou seja, um grupo ou conjunto
É necessário ter uma visão sistêmica dos extremos de pessoas que se dedicam a realizar determinada tarefa
desse fenômeno, e uma das mais importantes inter- estão trabalhando em equipe.
venções para levantamento de dados destas variáveis é Essa denominação se origina da época logo após
a pesquisa de Clima Organizacional, na qual podemos a Primeira Guerra Mundial. O trabalho em equipe, por
identificar pontos importantes para obtenção de diag- meio da ação conjunta, possibilita a troca de conheci-
nósticos mais precisos de pesquisa de clima. São eles: di- mentos entre especialistas de diversas áreas.
vulgar amplamente o público-alvo que haverá pesquisa Como cada pessoa é responsável por uma parte da
de clima; aplicar as amostras em fontes confiáveis, livres
tarefa, o trabalho em equipe oferece também maior agi-
de vícios de procedimento, ou articulações internas; uti-
lidade e dinamismo.
lizar consultorias externas ou independentes, aumentan-
Para que o trabalho em equipe funcione bem, é es-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

do a credibilidade e confiabilidade dos dados; alinhar o


processo ao nível gerencial e executivo, imprescindível o sencial que o grupo possua metas ou objetivos compar-
acompanhamento destas lideranças; focar em objetivos tilhados. Também é necessário que haja comunicação
factuais, após a identificação do público para a amostra, eficiente e clareza na delegação de cada tarefa.
ter objetivos claros e segmentos; aplicar questionários A diferença de pensamento e visão entre pessoas dis-
reduzidos, concisos, ter o foco em atributos importan- tintas é fundamental para uma resolução de problemas
tes, desenvolvido no projeto principal; divulgar ampla- eficiente. Quanto mais perspectivas uma equipe tiver so-
mente os resultados, manter clareza nos procedimento; bre um único problema, mais fácil é encontrar a melhor
desenvolver um plano de ação, planejando novas etapas solução possível.
utilizando dados obtidos; desenvolver periodicamente
os estudos, fenômenos como Clima Organizacional são 1. Diferença entre Grupo e Equipe
cíclicos.
Os gestores contemporâneos compreenderão que Grupo e equipe não são a mesma coisa. Grupo é de-
tratar do fenômeno clima interno como estratégia de finido como dois ou mais indivíduos, em interação e in-
gestão torna-se fundamental para o alcance de grandes terdependência, que se juntam para atingir um objetivo.
resultados, market share, diferencial competitivo, sobre- Um grupo de trabalho é aquele que interage basicamen-
vivência em cenário de retração e depressão econômica, te para compartilhar informações e tomar decisões para
resiliência organizacional, sinergia, alinhamento executi- ajudar cada membro em seu desempenho na sua área de
vo e grande gerador de satisfação interna. responsabilidade.

42
Os grupos de trabalho não têm necessidade nem ▪ Flexibilidade permitindo que os membros da equi-
oportunidade de se engajar em um trabalho coletivo pe possam completar as tarefas uns dos outros.
que requeira esforço conjunto. Assim, seu desempe- Isso deixa a equipe menos dependente de um úni-
nho é apenas a somatória das contribuições individuais co membro;
de seus membros. Não existe uma sinergia positiva que ▪ Conflitos são analisados e resolvidos;
possa criar um nível geral de desempenho maior do que
a soma das contribuições individuais. Há uma preocupação / ação contínua em busca do
Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva autodesenvolvimento.
por meio do esforço coordenado. Os esforços individuais
resultam em um nível de desempenho maior do que a O desempenho de uma equipe não é apenas a soma-
soma daquelas contribuições individuais. Veja a seguir tória das capacidades individuais de seus membros.
as diferenças entre grupos de trabalho e equipes de Contudo, essas capacidades determinam parâmetros
trabalho. do que os membros podem fazer e de quão eficientes
eles serão dentro da equipe. Para funcionar eficazmente,
2. Comparação entre Grupos de Trabalho e Equi- uma equipe precisa de três tipos diferentes de capacida-
pes de Trabalho des. Primeiro, ela precisa de pessoas com conhecimen-
tos técnicos. Segundo, pessoas com habilidades para
2.1 Transformando indivíduos em membros de solução de problemas e tomada de decisões que se-
equipe jam capazes de identificar problemas, gerar alternativas,
avalia-las e fazer escolhas competentes. Finalmente, as
▪ Partilham suas ideias para a melhoria do que fazem equipes precisam de pessoas que saibam ouvir, deem
e de todos os processos do grupo; feedback, solucionem conflitos e possuam outras ha-
▪ Respeitam as individualidades e sabem ouvir; bilidades interpessoais.
▪ Comunicam-se ativamente;
▪ Desenvolvem respostas coordenadas em benefí-
3. Tipos de Equipe
cios dos propósitos definidos;
▪ Constroem respeito, confiança mútua e afetividade
As equipes podem realizar uma grande variedade de
nas relações;
▪ Participam do estabelecimento de objetivos coisas. Elas podem fazer produtos, prestar serviços, ne-
comuns; gociar acordos, coordenar projetos, oferecer aconselha-
▪ Desenvolvem a cooperação e a integração entre os mentos ou tomar decisões.
membros.
▪ Equipe de solução de problemas: neste tipo de
2.2 Fatores que interferem no trabalho em equipe equipe, os membros trocam ideias ou oferecem
sugestões sobre os processos e métodos de tra-
▪ Estrelismo; balho que podem ser melhorados. Raramente, en-
▪ Ausência de comunicação e de liderança; tretanto, estas equipes têm autoridade para imple-
▪ Posturas autoritárias; mentar unilateralmente suas sugestões.
▪ Incapacidade de ouvir; ▪ Equipes de trabalho autogerenciadas: são equipes
▪ Falta de treinamento e de objetivos; autônomas, que podem não apenas solucionar os
▪ Não saber “quem é quem” na equipe. problemas, mas também implementar as soluções
e assumir total responsabilidade pelos resultados.
2.3 São características das equipes eficazes: São grupos de funcionários que realizam trabalhos
muito relacionados ou interdependentes e assuem
▪ Comprometimento dos membros com um propó- muitas das responsabilidades que antes eram de
sito comum e significativo; seus antigos supervisores. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
▪ O estabelecimento de metas específicas para a ▪ Normalmente, isso inclui o planejamento e o cro-
equipe que conduzam os indivíduos a um melhor nograma de trabalho, a delegação de tarefas aos
desempenho e também energizem as equipes. membros, o controle coletivo sobre o ritmo de
Metas específicas ajudam a tornar a comunicação trabalho, a tomada de decisões operacionais e a
mais clara, além de manter a equipe focada na ob- implementação de ações para solucionar proble-
tenção de resultados; mas. As equipes de trabalho totalmente autoge-
▪ Os membros defendem suas ideias, sem radicalismo;
renciadas até escolhem seus membros e avaliam o
▪ Grande habilidade para ouvir;
desempenho uns dos outros.
▪ Liderança é situacional; ou seja, o líder age de
▪ Consequentemente, as posições de supervi-
acordo com o grau de maturidade da equipe; de
acordo com a contingência; são perdem a sua importância e até podem ser
▪ Questões comportamentais são discutidas aberta- eliminadas.
mente, principalmente as que podem comprome- ▪ Equipes multifuncionais: São equipes formadas por
ter a imagem da equipe ou organização funcionários do mesmo nível hierárquico, mas de
▪ O nível de confiança entre os membros é elevado; diferentes setores da empresa, que se juntam para
▪ Demonstram confiança em seus líderes, tornando cumprir uma tarefa. As equipes desempenham vá-
a equipe disposta a aceitar e a se comprometer rias funções (multifunções), ao mesmo tempo, ou
com as metas e as decisões do líder; seja, não há especificação para cada membro. O

43
sentido de equipe é exatamente esse, os membros repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como
compensam entre si as competências e as carên- essas diferenças são encaradas e tratadas determina a
cias, num aprendizado contínuo. modalidade de relacionamento entre membros do gru-
▪ As equipes multifuncionais representam uma for- po, colegas de trabalho, superiores e subordinados. Por
ma eficaz de permitir que pessoas de diferentes exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do outro,
áreas de uma empresa (ou até de diferentes em- se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se
presas) possam trocar informações, desenvolver uma modalidade de relacionamento diferente daquela
novas ideias e solucionar problemas, bem como em que não há respeito pela opinião do outro, quan-
coordenar projetos complexos. Evidentemente, do ideias e sentimentos não são ouvidos, ou ignorados,
não é fácil administrar essas equipes. Seus pri- quando não há troca de informações. A maneira de lidar
meiros estágios de desenvolvimento, enquanto as com diferenças individuais cria certo clima entre as pes-
pessoas aprendem a lidar com a diversidade e a soas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo,
complexidade, costumam ser muito trabalhosos e principalmente nos processos de comunicação, no rela-
demorados. Demora algum tempo até que se de- cionamento interpessoal, no comportamento organiza-
senvolva a confiança e o espírito de equipe, espe- cional e na produtividade.
cialmente entre pessoas com diferentes históricos, Valores: Representa convicções básicas de que um
experiências e perspectivas. modo específico de conduta ou de condição de existên-
▪ Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados cia é individualmente ou socialmente preferível ao modo
até agora realizam seu trabalho face a face. As contrário ou oposto de conduta ou de existência. Eles
equipes virtuais usam a tecnologia da informática contêm um elemento de julgamento, baseado naqui-
para reunir seus membros, fisicamente dispersos, e lo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou dese-
permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas jável. Os valores costumam ser relativamente estáveis e
permitem que as pessoas colaborem on-line utili- duradouros.
zando meios de comunicação como redes internas Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – fa-
e externas, videoconferências ou correio eletrônico voráveis ou desfavoráveis – em relação a objetos, pes-
– quando estão separadas apenas por uma parede soas ou eventos. Refletem como um indivíduo se sente
ou em outro continente. São criadas para durar al- em relação a alguma coisa. Quando digo “gosto do meu
guns dias para a solução de um problema ou mes- trabalho” estou expressando minha atitude em relação
mo alguns meses para conclusão de um projeto. ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo-
Não são muito adequadas para tarefas rotineiras e res, mas ambos estão inter-relacionados e envolvem três
cíclicas. componentes: cognitivo, afetivo e comportamental.
A convicção de que “discriminar é errado” é uma afir-
Em todo processo em que haja interação entre as mativa avaliadora. Essa opinião é o componente cogni-
pessoas vamos desenvolver relações interpessoais. tivo de uma atitude. Ela estabelece a base para a parte
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as ati- mais crítica de uma atitude: o seu componente afetivo. O
vidades são predeterminadas, alguns comportamentos afeto é o segmento da atitude que se refere ao sentimen-
são precisam ser alinhados a outros, e isso sofre influên- to e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto de
cia do aspecto emocional de cada envolvido, tais como: João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sen-
comunicação, cooperação, respeito, amizade. À medida timento pode provocar resultados no comportamento. O
que as atividades e interações prosseguem, os senti- componente comportamental de uma atitude se refere
mentos despertados podem ser diferentes dos indicados à intenção de se comportar de determinada maneira em
inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos relação a alguém ou alguma coisa. Então, para continuar
influenciarão as interações e as próprias atividades. As- no exemplo, posso decidir evitar a presença de João por
sim, sentimentos positivos de simpatia e atração provo- causa dos meus sentimentos em relação a ele.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

carão aumento de interação e cooperação, repercutindo Encarar a atitude como composta por três compo-
favoravelmente nas atividades e ensejando maior produ- nentes – cognição, afeto e comportamento – é algo mui-
tividade. Por outro lado, sentimentos negativos de an- to útil para compreender sua complexidade e as relações
tipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações, potenciais entre atitudes e comportamento. Ao contrário
ao afastamento nas atividades, com provável queda de dos valores, as atitudes são menos estáveis.
produtividade.
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se COMPETÊNCIA INTERPESSOAL
relaciona diretamente com a competência técnica de
cada pessoa. Profissionais competentes individualmente A competência interpessoal é habilidade de lidar efi-
podem render muito abaixo de sua capacidade por in- cazmente com relações interpessoais, de lidar com ou-
fluência do grupo e da situação de trabalho. tras pessoas de forma adequada à necessidade de cada
Quando uma pessoa começa a participar de um gru- uma delas e às exigências da situação. Segundo C. Ar-
po, há uma base interna de diferenças que englobam gyris (1968), é a habilidade de lidar eficazmente com re-
valores, atitudes, conhecimentos, informações, precon- lações interpessoais de acordo com três critérios:
ceitos, experiência anterior, gostos, crenças e estilo com- ▪ Percepção acurada da situação interpessoal, de
portamental, o que traz inevitáveis diferenças de percep- suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação;
ções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação ▪ Habilidade de resolver realmente os problemas de
compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um tal modo que não haja regressões;

44
▪ Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas eficazmente com relações interpessoais, de lidar com ou-
envolvidas continuem trabalhando juntas tão efi- tras pessoas de forma adequada às necessidades de cada
cientemente, pelo menos, como quando começa- uma e às exigências da situação, observando as emoções
ram a resolver seus problemas. e reações evidenciadas no comportamento do outro e no
seu próprio comportamento.
Dois componentes da competência interpessoal as- Inteligência intrapessoal: é a habilidade de lidar
sumem importância capital: a percepção e a habilidade com o seu próprio comportamento. Exige autoconheci-
propriamente dita. O processo da percepção precisa ser mento, controle emocional, automotivação e reconheci-
treinado para uma visão acurada da situação interpessoal. mento dos sentimentos quando eles ocorrem.
▪ Percepção seletiva: é um processo que aparece na Inteligência interpessoal: é a habilidade de lidar efi-
comunicação, pois os receptores vêm e ouvem se- cazmente com outras pessoas de forma adequada.
letivamente com base em suas necessidades, expe-
riências, formação, interesses, valores etc. 3. Elementos básicos da inteligência emocional
▪ Percepção social: é o meio pelo qual a pessoa
forma impressões de uma outra na esperança de ▪ Autoconhecimento: conhecer a si próprio, ge-
compreendê-la. rar autoconfiança, conhecer pontos positivos e
negativos.
Novas competências começam a ser exigidas pelas ▪ Controle Emocional: capacidade de gerenciar as
organizações, que reinventam sua dinâmica produtiva, próprias emoções e impulsos.
desenvolvendo novas formas de trabalho e de resolução ▪ Automotivação: capacidade de gerenciar as pró-
de conflitos. Surgem novos paradigmas de relações das prias emoções com vistas a uma meta a ser alcan-
organizações com fornecedores, clientes e colaborado- çada. Persistir diante de fracassos e dificuldades.
res. Nesse contexto, as relações humanas no ambiente ▪ Reconhecer emoções nos outros: empatia.
de trabalho têm sido foco da atenção dos gestores, para ▪ Habilidade em relacionamentos interpessoais: ap-
que sejam desenvolvidas habilidades e atitudes neces- tidão social.
sárias ao manejo inteligente das relações interpessoais. 4. Autoconhecimento

1. Definição de competência De acordo com estudos psicológicos, autoconheci-


mento significa o conhecimento que a pessoa tem de si
Chamamos de competência a integração e a coorde- próprio. Ao nos conhecermos, temos condições de domi-
nação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e nar nossas emoções, controlar nossos impulsos, estimu-
atitudes (C.H.A.) que na sua manifestação produzem uma lar nossas potencialidades, controlar nossas fraquezas,
atuação diferenciada. impedir que sentimentos negativos e destrutivos, como
C – Conhecimento – SABER ansiedade, baixa autoestima, instabilidade emocional
H – Habilidade – SABER FAZER entre outras sensações negativas nos afete, resultando
A – Atitude – QUERER FAZER em falta de produtividade e um desenvolvimento pessoal
prejudicado.
A competência técnica: envolve o C.H.A em áreas téc-
nicas específicas. A busca pelo equilíbrio depende de sabermos quais
A competência interpessoal: envolve o C.H.A nas rela- são nossas necessidades e nossos interesses, por isso a
ções interpessoais. importância que se deve dar às experiências que pas-
samos e ao que elas nos agrega, mostrando-nos as si-
2. Inteligência emocional tuações em que somos mais positivos, produtivos e nos
sentimos com mais potencial e também aquelas nas NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil. quais nos abatemos ou nos sentimos mais fragilizados
Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, ou impotentes, além da busca pelo processo de melhora
na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa não interno, em que, como indivíduos, conseguimos atingir
é fácil. um nível de evolução satisfatório.

Aristóteles 5. Diferenças individuais

Como trabalhar bem com os outros? Como entender O processo de autoconhecimento acima comentado
os outros e fazer-se entender? é fundamental para lidarmos com as diferenças existen-
A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida tes entre as pessoas. Saber como sou, porque sou assim
emocional. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se e me aceitar dessa forma facilita a compreensão e a acei-
nos recifes das paixões e dos impulsos desenfreados, tação do próximo tal qual ele é.
pessoas com alto nível de QI podem ser pilotos incom- Essas diferenças existem em decorrência de nossas
petentes de sua vida particular. características, sendo que essas podem ser inatas ou
A aptidão emocional é uma capacidade que determi- adquiridas.
na até onde podemos usar bem quaisquer outras apti- Entende-se por características inatas tudo aquilo que
dões que tenhamos, incluindo o intelecto bruto. trazemos conosco desde nosso nascimento, isto é, nossa
Inteligência emocional: é a habilidade de lidar carga hereditária.

45
Já as características adquiridas são todas aquelas que Já o caráter é o resultado moral do que agregamos de
vamos agregando no nosso processo de crescimento, princípios e valores ao longo de nosso desenvolvimento.
amadurecimento, são as experiências pelas quais passa- A base sobre a qual agimos e decidimos.
mos e que nos deixam marcas, nos dão forma. No campo organizacional, o estudo da personalidade
A junção dessas duas características é responsável permite compreender o conjunto que se tem, as caracte-
pela formação de nossa personalidade, ou seja, fatores rísticas presentes na equipe, o que permite o gestor apro-
internos e externos vão se moldando em nossa vivência e veitar todas as potencialidades e estimular o desenvolvi-
nos tornando seres únicos e extremamente interessantes mento das competências e a melhoria do desempenho.
no contexto do que podemos fazer com o que acumu- Visto que grande parte dos conflitos nas organizações
lamos de informação e experiência ao longo do tempo. ocorre por diferenças e discordâncias entre as caracterís-
No campo organizacional isso é muito válido, porque ticas e os interesses entre colaboradores e também en-
se tem uma rica rede de características que, somadas, tre estes e os objetivos da organização, as políticas de
podem atingir resultados incríveis para essas organiza- Gestão de Pessoas precisam ser flexíveis e adaptáveis à
ções, visto que a presença de algumas características em realidade e à necessidade de cada indivíduo para assim
algumas pessoas supre a ausência delas em outras e vi- conseguir tirar o máximo de proveito do conjunto exis-
ce-versa, tornando essa rede mais valiosa, na qual as di- tente no corpo de colaboradores focando nos objetivos
ferenças se encaixam e se completam formando um qua- organizacionais e no desenvolvimento individual de cada
dro de talentos e potencialidades administráveis quando colaborador.
esses indivíduos, por se conhecerem, são capazes de ad-
ministrar suas qualidades e deficiências, proporcionando 7. Empatia
crescimento coletivo.
Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos
6. Personalidade e situações vivenciadas.
“Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao
Ao estudar a personalidade, compreendemos o com- envolvimento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da
portamento e a atitude das pessoas. perspectiva dos outros quebra estereótipos tendencio-
Como vimos acima, a personalidade é a resultante de sos e assim leva à tolerância e à aceitação das diferenças.
um conjunto de características que integradas, estabe- A empatia é um ato de compreensão tão seguro quanto
lece a forma única como ele se comporta ou reage ao à apreensão do sentido das palavras contidas numa pá-
meio. A personalidade demonstra a essência da pessoa. gina impressa.
Temos também a persona (latim) que, em alguns mo- A empatia é o primeiro inibidor da crueldade huma-
mentos, é como se adotássemos algum personagem, ou na: reprimir a inclinação natural de sentir com o outro
seja, é como se fosse uma máscara que cada um de nós nos faz tratar o outro como um objeto.
usa conforme a circunstância ou as conveniências e, por O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente
meio dessas facetas, causamos impressões aos outros. a empatia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos
Anteriormente falamos sobre as características inatas apelos dos outros. Suprimir essa inclinação natural de
e as adquiridas, vejamos alguns desses exemplos. sentir com outro desencadeia a crueldade.
Empatia implica certo grau de compartilhamento
6.1 Inatas emocional – um pré-requisito para realmente compreen-
der o mundo interior do outro.
▪ A genética determina a aparência externa da
pessoa;
8. A empatia nas empresas
▪ A genética determina a estrutura da espécie, co-
mum a todos os indivíduos;
QUAL A RELAÇÃO ENTRE EMPATIA E PRODUTIVIDADE?
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

▪ A genética determina traços individuais e únicos


O conceito de empatia está relacionado à capacidade
de cada indivíduo particular.
de ouvir o outro de tal forma a compreender o mundo a
6.2 Adquiridas partir de seu ponto de vista. Não pressupõe concordância
ou discordância, mas o entendimento da forma de pen-
▪ Ambiente físico: nutrição, temperatura, altitude; sar, sentir e agir do interlocutor. No momento em que isso
▪ Ambiente social: cultura, relações interpessoais; ocorre de forma coletiva, a organização dialoga e conhece
▪ As experiências da vida de uma pessoa são deter- saltos de produtividade e de satisfação das pessoas. (Silvia
minantes para a constituição de sua personalidade; Dias – Diretora de RH da Alcoa)
▪ Dentre os aspectos importantes da personalidade, A empatia é primordial para o desenvolvimento de
citamos o temperamento e o caráter. lideranças e o aperfeiçoamento da gestão de pessoas, pois
pressupõe o respeito ao outro; em uma dinâmica que fa-
O temperamento é uma característica inata, que re- vorece o aumento da produtividade. (Olga Lofredi – Presi-
cebemos em nossa carga genética, determinando nossas dente da Landmark )
reações, principalmente quando se envolve emoção, por
exemplo, tolerância, otimismo, paciência, agressividade, É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou
enfim, é a forma como vamos lidar com todas as emo- seja, um tipo de relacionamento em que as partes com-
ções que podem aflorar quando estamos em uma deter- preendem bem os valores, deficiências e virtudes do ou-
minada situação. tro. No contexto das relações humanas, pode-se afirmar

46
que o sucesso dos relacionamentos interpessoais depen- • Entrevistas formais periódicas de avaliação de de-
de do grau de compreensão entre os indivíduos. Quando sempenho, em que avaliador e avaliado analisam
há compreensão mútua, as pessoas comunicam-se me- os resultados obtidos no período considerado e
lhor e conseguem resolver conflitos de modo saudável. redefinem novas orientações, compromissos recí-
procos e ações corretivas, se for o caso.

Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e


limitações dos funcionários, buscando identificar pontos
de melhoria, necessidade de treinamento, ou até mes-
RESPONSABILIDADE, COORDENAÇÃO, AUTO-
mo remanejamento do indivíduo para outras funções em
RIDADE, PODER E DELEGAÇÃO que poderia render melhor.
Assim, o papel principal da avaliação de desempenho
é identificar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças
de desempenho entre os muitos funcionários da organi-
Prezado candidato, o referido assunto já foi abor- zação. Tendo sempre como base a interação constante
dado anteriormente. entre avaliador e avaliado.
Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/
avaliacao-de-desempenho-o-que-e-e-como-funcio-
na/>. Acesso em: 14 jul. 2018.
1. Formas de avaliação de desempenho
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Listamos abaixo os métodos mais tradicionais de
avaliação:

GESTÃO DE DESEMPENHO • Escalas gráficas de classificação: é o método mais


utilizado nas empresas. Avalia o desempenho por
A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está meio de indicadores definidos, graduados através
a par dos resultados apresentados por seus colaborado- da descrição de desempenho numa variação de
res é acompanhando de perto as atividades que esses ruim a excepcional. Para cada graduação pode ha-
realizam. E o método mais eficaz de demonstrar esse ver exemplos de comportamentos esperados para
acompanhamento é por meio da Avaliação de Desempe- facilitar a observação da existência ou não do indi-
nho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma cador. Permite a elaboração de gráficos que facili-
ferramenta da gestão de pessoas que visa a analisar o tarão a avaliação e o acompanhamento do desem-
desempenho individual ou de um grupo de funcionários penho histórico do avaliado.
em uma determinada empresa. É um processo de identi- • Escolha e distribuição forçada: consiste na avalia-
ficação, diagnóstico e análise do comportamento de um ção dos indivíduos através de frases descritivas de
colaborador durante um intervalo de tempo, analisando determinado tipo de desempenho em relação às
sua postura profissional, seu conhecimento técnico, sua tarefas que lhe foram atribuídas, entre as quais o
relação com os parceiros de trabalho etc. avaliador é forçado a escolher a mais adequada
Esse método tem por objetivo analisar as melhores para descrever os comportamentos do avaliado.
práticas dos funcionários, proporcionando um cresci- Este método busca minimizar a subjetividade do
mento profissional e pessoal, visando a um melhor de- processo de avaliação de desempenho.
sempenho de suas funções no ambiente de trabalho. • Pesquisa de campo: tem base na realização de
Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio à reuniões entre um especialista em avaliação de NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
administração de recursos humanos da empresa, alimen- desempenho da área de Recursos Humanos e
tando-a com informações que auxiliam a tomada de de- cada  líder, para avaliação do desempenho de cada
cisão sobre práticas de bonificação, aumento de salários, um dos subordinados, levantando-se os motivos
demissões, necessidades de treinamento etc. de tal desempenho por meio de análise de fatos
e situações. Este método permite um diagnóstico
Segundo Wagner Siqueira, o processo de  avaliação padronizado do desempenho, minimizando a sub-
de desempenho de um colaborador inclui, dentre outras, jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planeja-
as expectativas desejadas e os resultados reais, sendo di- mento, conjuntamente com o líder, do desenvolvi-
vidida em algumas etapas: mento profissional de cada um.
• Apreciação diária do comportamento do colabora- • Incidentes críticos: enfoca as atitudes que represen-
dor, seus progressos e limitações, êxitos e insuces- tam desempenhos altamente positivos (sucesso),
sos, com oferecimento permanente de feedback que devem ser realçados e estimulados, ou alta-
instantâneo; mente negativos (fracassos), que devem ser corri-
• Identificação e equacionamento imediato dos pro- gidos através de orientação constante. O método
blemas emergentes, procurando manter continua- não se preocupa em avaliar as situações normais.
mente um alto padrão de motivação e de obten- No entanto, para haver sucesso na utilização desse
ção de resultados; método, é necessário o registro constante dos fatos
para que estes não passem despercebidos.

47
• Comparação de pares: também conhecida como resultados, ou seja, é a verificação da existência ou
comparação binária, faz uma comparação entre não das competências necessárias de acordo com
o desempenho de dois colaboradores ou entre o o desempenho apresentado.
desempenho de um colaborador e sua equipe, po- • Avaliação de potencial: com ênfase no desempe-
dendo fazer o uso de fatores para isso. É um pro- nho futuro, identifica as potencialidades do ava-
cesso muito simples e pouco eficiente, mas que se liado que facilitarão o desenvolvimento de tarefas
torna muito difícil de ser realizado quanto maior e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita a
for o número de pessoas avaliadas. identificação de talentos que estejam trabalhando
• Auto avaliação: é a avaliação feita pelo próprio aquém de suas capacidades, fornecendo base para
avaliado com relação a sua performance. O ideal a recolocação dessas pessoas.
é que esse sistema seja utilizado conjuntamente a • Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Ro-
outros sistemas para minimizar o forte  viés e a falta bert S. Kaplan e David P. Norton na década de 90,
de sinceridade que podem ocorrer. avalia o desempenho sob quatro perspectivas: fi-
• Relatório de performance: também chamada de nanceira, do cliente, dos processos internos e do
avaliação por escrito ou avaliação da experiência, aprendizado e crescimento. São definidos objeti-
trata-se de uma descrição mais livre acerca das ca- vos estratégicos para cada uma das perspectivas e
racterísticas do avaliado, seus pontos fortes, fracos, tarefas para o atendimento da meta em cada obje-
potencialidades e dimensões de comportamento, tivo estratégico.
entre outros aspectos. Sua desvantagem está na 2. Vantagens da Avaliação de desempenho
dificuldade de se combinar ou comparar as classifi-
cações atribuídas e por isso exige a suplementação Por meio da  avaliação de desempenho  é possível
de um outro método, mais formal. identificar novos talentos dentro da própria organização,
• Avaliação por resultados: é um método de avalia- mediante análise do comportamento e das qualidades
ção baseado na comparação entre os resultados de cada indivíduo, gerando, assim, novas possibilidades
para remanejamento interno de colaboradores. Além
previstos e realizados. É um método prático, mas
disso, pode oferecer bonificações e premiações aos fun-
que depende somente do ponto de vista do super-
cionários que mais se destacarem na avaliação.
visor a respeito do desempenho avaliado.
Outra vantagem é a possibilidade de gerar um  fee-
• Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação
dback mais fácil aos funcionários analisados e gestores,
do alcance de objetivos específicos, mensuráveis,
uma vez que tem como resultado informações relevan-
alinhados aos objetivos organizacionais e nego-
tes, sólidas e tangíveis para um resultado eficiente. Esse
ciados previamente entre cada colaborador e seu
feedback faz com que os avaliados queiram investir ain-
superior. É importante ressaltar que, durante a da mais em seu desenvolvimento, melhorando seu de-
avaliação, não devem ser levados em consideração sempenho e trazendo vantagens para a empresa.
aspectos que não estavam previstos nos objetivos, Este método é importante, também, para eliminar
ou não tinham sido comunicados ao colaborador. “achismos” e palpites quanto à avaliação de um funcio-
E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua au- nário. É um meio de obter informações reais e avaliar de
toavaliação para discussão com seu gestor. perto as implicações de uma possível mudança na gestão
• Padrões de desempenho: também chamado de de recursos humanos da empresa.
padrões de trabalho, é quando há estabelecimento Por isso, manter esse tipo de avaliação pode trazer
de metas somente por parte da organização, mas muitos benefícios e mudanças positivas na gestão de
que devem ser comunicadas às pessoas que serão pessoas de uma organização, seja qual for o seu tama-
avaliadas. nho. Com ela, o gestor pode avaliar melhor seus subor-
• Frases descritivas: trata-se de uma avaliação atra- dinados, melhorar o clima de trabalho, investir no treina-
vés de comportamentos descritos como ideais
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

mento de seus pares, melhorar a produtividade, desen-


ou negativos. Assim, assinala-se “sim” quando o volver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar
comportamento do colaborador corresponde ao de forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma
comportamento descrito, e “não” quando não equipe é avaliada de forma satisfatória pelos gerentes.
corresponde. É diferente do método da Escolha e
distribuição forçada no sentido da não obrigato- 3. Aplicações
riedade na escolha das frases.
• Avaliação 360 graus: neste método, o avaliado A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de
recebe  feedbacks  (retornos) de todas as pessoas diferentes funções administrativas, motivacionais e de
com quem ele tem relação, também chamados comunicação, como citadas a seguir:
de  stakeholders, como pares, superior imediato,
subordinados, clientes, entre outros. • Identificação de pontos fortes e fracos dos colabo-
• Avaliação de competências: trata-se da identifica- radores e, consequentemente, da organização;
ção de competências conceituais (conhecimento • Identificação de diferenças individuais;
teórico), técnicas (habilidades) e interpessoais (ati- • Estímulo à comunicação interpessoal;
tudes) necessárias para que determinado desem- • Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”,
penho seja obtido. formada por chefe e subordinado;
• Avaliação de competências e resultados: é a • Informação ao colaborador de como o seu desem-
conjugação das avaliações de competências e penho é percebido;

48
• Estímulo ao desenvolvimento individual do avalia- O que se deseja ressaltar com essa diferenciação é
dor e do avaliado; que os indicadores de desempenho podem fornecer uma
• Indicações de promoções e de aumentos salariais boa visão acerca do resultado que se deseja medir, mas
por mérito; são apenas aproximações do que realmente está ocor-
• Indicações de necessidade de treinamento; rendo, necessitando, sempre, de interpretação no con-
• Gestão de crises nas equipes e nos processos ope- texto em que estão inseridos.
racionais (sistemas técnicos e sociais);
• Auxílio na verificação de aprendizagens; 6. Natureza comparativa dos indicadores de
• Identificação de problemas de trabalho em ge- desempenho
ral, no relacionamento individual, intraequipe ou
interequipes; Informações sobre desempenho são essencialmente
• Registro histórico suplementar para ações admi- comparativas. Um conjunto de dados isolado mostrando
nistrativas de gestão; os resultados atingidos por uma instituição não diz nada
• Apoio às pesquisas de clima organizacional. a respeito do desempenho da mesma, a menos que seja
confrontado com metas ou padrões preestabelecidos, ou
4. Indicadores de Desempenho realizada uma comparação com os resultados atingidos
em períodos anteriores, obtendo-se assim uma série his-
O que não é medido não é gerenciado.... tórica para análise.
Robert Kaplan
7. Variáveis empregadas na construção de
Se você não mede algo, você não pode entender o processo. indicadores
Se você não entende o processo, você não consegue
aperfeiçoá-lo. Os indicadores quase sempre são compostos por va-
Peter Druker riáveis provenientes de um dos seguintes grupos: custo,
tempo, quantidade e qualidade.
A utilização de indicadores de desempenho para
aferir os resultados alcançados pelos administradores é 8. Principais usos de indicadores de desempenho
uma metodologia que está relacionada ao conceito de A utilização de indicadores de desempenho pela
gerenciamento voltado para resultados (result oriented instituição:
management – ROM). Esse conceito tem sido adotado
nas administrações públicas de diversos países, espe- • Possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa
cialmente nos de cultura anglo-saxônica (EUA, Austrália, do desempenho global da instituição, por meio
Reino Unido). da avaliação de seus principais programas e/ou
Para alguns estudiosos/autores da literatura especia- departamentos;
lizada, o conceito de indicador de desempenho pode ser • Permite o acompanhamento e a avaliação do de-
definido como um instrumento de mensuração quanti- sempenho ao longo do tempo e ainda a compara-
tativa ou qualitativa de aspectos do desempenho. Neste ção entre:
material, vamos adotar a seguinte definição: • Desempenho anterior x desempenho corrente;
Um indicador de desempenho é um número, percen- • Desempenho corrente x padrão de comparação;
tagem ou razão que mede um aspecto do desempenho, • Desempenho planejado x desempenho real;
com o objetivo de comparar esta medida com metas • Possibilita enfocar as áreas relevantes do desem-
pré-estabelecidas. penho e expressá-las de forma clara, induzindo um
processo de transformações estruturais e funcio-
5. Medição de desempenho e indicador de nais que permite eliminar inconsistências entre a NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
desempenho missão da instituição, sua estrutura e seus objeti-
vos prioritários;
A expressão indicador de desempenho é também • Ajuda o processo de desenvolvimento organiza-
normalmente utilizada no sentido de medição de de- cional e de formulação de políticas a médio e lon-
sempenho. Entretanto, é possível estabelecer-se uma go prazos;
distinção entre ambas. Medições de desempenho são • Melhora o processo de coordenação organizacio-
efetuadas quando os aspectos do desempenho podem nal, a partir da discussão fundamentada dos resul-
ser mensurados diretamente e quantificados com faci- tados e o estabelecimento de compromissos entre
lidade. Exemplos: quilometragem de estradas conserva- os diversos setores da instituição;
das; número de alunos matriculados no 1º grau. • Possibilita a incorporação de sistemas de reconhe-
Indicadores de desempenho são utilizados quando cimento pelo bom desempenho, tanto institucio-
não é possível efetuar tais mensurações de forma direta. nais quanto individuais.
Atuam como uma alternativa para a medição do desem-
penho, embora não forneçam uma mensuração direta 9. Qualidades desejáveis em um indicador de
dos resultados. Exemplo: a utilização do índice de repe- desempenho
tência na 1ª série do 1º grau, como um dos fatores a
serem considerados na formação de um indicador de de- Tanto na análise de indicadores de desempenho
sempenho para medir a efetividade do ensino de 1º grau. já existentes, quanto na elaboração de novos, deve-se

49
verificar as seguintes características:

I. Representatividade: o indicador deve ser a expressão dos produtos essenciais de uma atividade ou função; o enfoque
deve ser no produto: medir aquilo que é produzido, identificando produtos intermediários e finais, além dos impactos
desses produtos (outcomes). Este atributo merece certa atenção, pois indicadores muito representativos tendem a ser
mais difíceis de ser obtidos.
II. Homogeneidade: na construção de indicadores devem ser consideradas apenas variáveis homogêneas. Por exemplo,
ao estabelecer o custo médio por auditoria, devem-se identificar os diversos tipos de auditoria, já que para cada tipo
tem-se uma composição de custo diversa.
III. Praticidade: garantia de que o indicador realmente funciona na prática e permite a tomada de decisões gerenciais.
Para tanto, deve ser testado, modificado ou excluído quando não atender a essa condição.
IV. Validade: o indicador deve refletir o fenômeno a ser monitorado.
V. Independência: o indicador deve medir os resultados atribuíveis às ações que se quer monitorar, devendo ser evita-
dos indicadores que possam ser influenciados por fatores externos.
VI. Confiabilidade: a fonte de dados utilizada para o cálculo do indicador deve ser confiável, de tal forma que diferen-
tes avaliadores possam chegar aos mesmos resultados.
VII. Seletividade: deve-se estabelecer um número equilibrado de indicadores que enfoquem os aspectos essenciais do
que se quer monitorar.
VIII. Simplicidade: o indicador deve ser de fácil compreensão e não envolver dificuldades de cálculo ou de uso.
IX. Cobertura: os indicadores devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do
fenômeno monitorado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.
X. Economicidade: as informações necessárias ao cálculo do indicador devem ser coletadas e atualizadas a um custo
razoável, em outras palavras, a manutenção da base de dados não pode ser dispendiosa.
XI. Acessibilidade: deve haver facilidade de acesso às informações primárias bem como de registro e manutenção para
o cálculo dos indicadores.
XII. Estabilidade: a estabilidade conceitual das variáveis componentes e do próprio indicador bem como a estabilidade
dos procedimentos para sua elaboração são condições necessárias ao emprego de indicadores para avaliar o desem-
penho ao longo do tempo.

10. Aspectos do desempenho medidos pelos indicadores

O desempenho na obtenção de um determinado resultado pode ser medido segundo as seguintes dimensões de
análise: economicidade, eficiência, eficácia e efetividade. Para cada dimensão de análise podem existir um ou mais
indicadores.

11. Tipos de indicadores


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

50
12. Requisitos dos indicadores

• Disponibilidade – Facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo;


• Simplicidade – Facilidade de ser compreendido;
• Baixo custo de obtenção;
• Adaptabilidade – Capacidade de resposta às mudanças;
• Estabilidade – Permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica;
• Rastreabilidade – Facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção;
• Representatividade – Atender às etapas críticas dos processos, estes sendo importantes e abrangentes.

13. Exemplo de Indicadores de Desempenho

PROCESSOS MÉTRICAS
Estratégia Corporativa ▪ A posição competitiva na indústria
▪ Custo, tempo de desenvolvimento, tempo de entrega, quantidade, preço e canais dos
produtos oferecidos
▪ Quantidade, complexidade e tamanho dos concorrentes, clientes, parceiros e forne-
cedores
▪ Valor dos recursos disponíveis
Estrutura Corporativa ▪ Número de unidades estratégicas de negócio (UEN)
▪ Diversidade geográfica de produção e vendas
▪ Nível de capacitação para cada (UEN) e gerentes
Sistemas Corporativos ▪ Índice de retenção de clientes e funcionários
▪ Produtos e índices de qualidade de processos
▪ Investimento na formação de equipes
Recursos ▪ Recursos financeiros disponíveis para investimento no negócio
▪ Avaliação de competências dos funcionários existentes
▪ Avaliação da qualidade da tecnologia atual e dos processos
Ambiente externo ▪ Avaliação dos investimentos dos concorrentes
▪ Avaliação das necessidades do cliente
▪ das necessidades de fornecedores e recursos
Liderança ▪ Tempo dedicado ao negócio
▪ Orçamento por cento atribuído às iniciativas no segmento
▪ Porcentagem de desempenho vinculados ao sucesso do negócio no mercado
▪ Objetivos do negócio claramente comunicados aos administradores e funcionários
▪ Percentagem de gerentes preparados para o negócio
Criar e executar estraté- ▪ Número, preço de custo e a percepção dos produtos e serviços oferecidos pela em-
gias adequadas para o presa
negócio Disponibilidade e planejamento de recursos de segurança do segmento
▪ Percepção da marca
▪ Quantidade e qualidade das informações disponíveis sobre a empresa
▪ Os níveis de qualidade, opções de entrega, taxas de cumprimento e satisfação do clien- NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
te de encomendas personalizadas
▪ Rentabilidade das operações para o segmento
Suporte e estrutura exter- ▪ Quantidade de produtos terceirizados
na ao negócio ▪ Qualidade das parcerias estratégicas formadas
▪ Variação do custo e da qualidade de contratos de fornecedores
▪ Integração ante unidades fornecedoras e funções internas
▪ Número de produtos, canais e serviços específicos
Desenvolver e implemen- ▪ Quantidade, qualidade, habilidades e conhecimentos dos funcionários da empresa
tar sistemas apropriados ▪ Quantidade e qualidade de treinamentos específicos
ao negócio ▪ Porcentagem de medidas de desempenho e recompensas alinhados e ligados à ati-
vidade do negócio
▪ Quantidade e qualidade dos dados dos clientes através de sistemas promocionais
▪ Tempo necessário para atender aos pedidos do cliente e solicitações de serviços feitas
pessoalmente ou por outros meios
▪ Nível de integração interdepartamental por via eletrônica
▪ Qualidade de vendas e performance de entrega

51
Otimização de canal ▪ Valores em R$ das atividades realizadas pelo segmento concorrente
▪ Número de clientes atendidos pela concorrência
▪ Tempo de inatividade médio por unidade
▪ Nível de satisfação com a cadeia de fornecedores
▪ Melhoria de vendas juntos aos clientes já existentes
Redução de custos ▪ R$ economizados em despesas com pessoal, aquisição de produtos e materiais, ar-
mazenamento etc.
▪ R$ economizados no desenvolvimento de novos produtos e a introdução no mercado
▪ Os custos trabalhistas por unidade vendida
Aquisição de novos ▪ Novos clientes adquiridos através de promoções
clientes ▪ Percentagem de clientes por novo produto
▪ Percentagem de novos clientes específicos
▪ Número de novos clientes por meio de outros canais
▪ Novos clientes que se convertem em clientes fidelizados (taxa de conversão)
Fidelização e retenção de ▪ Frequência de visitas e retorno de cliente
cliente ▪ Vendas médias, anual por cliente
▪ A satisfação do cliente com o atendimento
▪ Compras do cliente versus a taxa de desistência
▪ Percentagem de atritos com clientes
▪ Relação de novos clientes versus os costumeiros
Geração de valor ▪ Custo e preço dos produtos e serviços oferecidos aos clientes
▪ Média dos preços pagos pelos consumidores
▪ Número de novos produtos e linhas de serviços introduzidos
▪ Rentabilidade das operações do negócio
▪ As receitas geradas através da iniciativa (receita total, receita por cliente)
▪ Rentabilidade por cliente
Rentabilidade da empresa ▪ Preço do estoque
a longo prazo ▪ Evolução do capital
▪ O crescimento das vendas

Vale reforçar que, mesmo adotando-se todos os cuidados na elaboração de indicadores de desempenho, o aperfei-
çoamento sempre será possível, à medida em que forem sendo colocados em prática.
Criar um canal para críticas e sugestões dos usuários dos serviços públicos, organizações governamentais, entida-
des de classe, entidades governamentais fiscalizadoras, enfim, de todos os que, de certa forma, estão interessados no
desempenho do serviço da entidade pública é outra forma de aperfeiçoar o uso de indicadores, buscando sempre um
processo de melhoria que traga o serviço o mais próximo possível do desejado e necessário.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

52
> Conformidade: É a contrapartida da qualidade pla-
nejada, ou seja, é a qualidade real que o produto ofere-
COMPROMISSO COM A QUALIDADE NOS SER- ce (àquela que o cliente recebe). Dependendo da taxa
VIÇOS PRESTADOS de sucesso do planejamento, ela pode ser próxima ou
distante da qualidade planejada. Se ao final houver bai-
xa conformidade, significa também que o produto é de
baixa qualidade, pois um produto ou serviço bem feito
Pode-se definir a gestão da qualidade como qualquer é aquele que está dentro das especificações que foram
atividade coordenada de direção e controle dos proces- planejadas.
sos, que possui como principal objetivo a melhoria de
produtos e serviços, visando ainda garantir a satisfação > Especificações:  O elemento de especificação se
total dos clientes. A primeira abordagem da qualidade refere à descrição da produto, ou de sua determinação
surgiu durante a Segunda Guerra Mundial e tinha como circunstancial. São as características do produto. As es-
única finalidade a correção de erros nos produtos bélicos pecificações descrevem o produto ou serviço em termos
dos exércitos. Com a expansão da indústria no início do de sua utilidade, desempenho e atributos. Com isso, nós
século XX, surgiu o controle da qualidade, que visava a temos a “qualidade planejada’’ que estabelece como o
uniformidade dos processos, sem haver uma preocupa- produto ou serviço devem ser. 
ção explícita com a qualidade em si, mas sim com a ativi-
dade da empresa em geral. > Adequação ao uso:  A adequação dependerá da
Após o término da Segunda Guerra, ocorreram no- perspectiva do cliente. Essa perspectiva abrange dois
vos avanços nos estudos da qualidade (muito devido ao aspectos distintos: a qualidade de projeto e a ausência
sucesso da produção em massa de Ford). Com isso, foi de deficiências. O primeiro compreende as  característi-
desenvolvido o conceito do controle estatístico da qua- cas do produto que atendem às necessidades do cliente.
lidade, o que posteriormente abriria as portas para pes- Quanto mais o produto atender à sua finalidade, maior
quisas mais aprofundadas sobre o assunto. Já dentro do será a qualidade do projeto. A ausência de deficiências
contexto mundial, a qualidade é visualizada como uma compreende as falhas no cumprimento das especifica-
forma de gerenciamento que tem por finalidade melho- ções, ou seja, quanto menor o número de falhas, mais
rar de modo contínuo (Kaizen) o desempenho organi- alta será a qualidade do produto ou serviço.
zacional. De acordo com os estudos sobre gestão da A gestão de qualidade é uma estratégia empresarial,
qualidade, existem seis elementos nos quais a mesma se bastante difundida, que visa associar qualidade a todas
baseia, sendo eles: excelência, valor, especificações, con- as etapas e processos de uma empresa ou organização.
formidade, regularidade e adequação ao uso. A gestão de qualidade não só apenas afeta a gestão da
empresa, mas também os fornecedores e todos aqueles
1. Elementos da Gestão da Qualidade que trabalharem junto à empresa.
O conceito da gestão de qualidade vem do toyotismo,
> Excelência:  Significa fazer o melhor que se con- que é um modo de produção japonês, do qual a Toyota
segue fazer. A excelência é considerada um valor por foi a precursora. O toyotismo foi a solução encontrada
muitas organizações, sendo também um objetivo a ser para a produção no Japão pós segunda guerra. A situa-
seguido. Em termos simples, quando falamos de gestão ção que eles tinham era bem diferente da americana, por
da qualidade, utilizamos a palavra como sinônimo de um isso o fordismo não pode ser usado no Japão. O méto-
desempenho de alto nível, ou seja, trata-se basicamente do japonês era um sistema flexível. A mão de obra não
do «fazeestruturar bem feito”, que é o ideal da própria era extremamente segmentada como a de Henry Ford,
excelência (boas práticas que conduzem à inovação e e era multifuncional, dando flexibilidade para a produ-
ção japonesa da época que era pequena, e tinha recursos
melhoram o resultado).
> Regularidade: Significa a redução da variação que
escassos. O modelo de Toytota valorizava a capacitação NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
dos profissionais e a eficiência. Esta é a sua semelhança
ocorre em qualquer processo de trabalho, seja fabricar
com a gestão de qualidade.
um produto ou prestar um serviço. Qualidade, em seu
A gestão de qualidade objetiva aumentar a satisfação
conceito, também é sinônimo de regularidade e confia-
dos clientes com o produto, ter uma melhor eficiência de
bilidade. Dessa maneira, quanto menor for a variação de
produção, reduzir os custos, formar um sistema que faci-
um produto (suas características ou desconformidades),
lite buscar novos mercados e novas parcerias com outras
mais qualidade ele conseguirá ter e vice-versa. Trata-se empresas.
de um dos principais pontos na gestão da qualidade. 2. A implementação da gestão de qualidade
> Valor: O valor é a apreciação feita pelo indivíduo Muitos empresários se inibem na hora de implantar a
da importância de um bem, tendo como base sua utili- gestão de qualidade em suas empresas, estas sendo nor-
dade, aspecto e características. Num primeiro momento, malmente de pequeno e médio porte. Isso acontece por
significa produto de luxo ou de alto desempenho. Quan- que muita gente pensa que são necessários processos
to mais alta a qualidade do produto, consequentemente caros e trabalhosos para implantar a gestão de qualida-
mais alto será o seu preço, uma vez que, mais qualidade de. Mas isto não é verdade.
implica em custos maiores.  Claro que em grandes empresas o processo acaba
sendo feita de maneira mais complexa e com investimen-
tos maiores. Mas a gestão de qualidade pode ser levada

53
para dentro das empresas sem grandes gastos. A gestão Envolvimento das pessoas: toda organização é formada
de qualidade é uma série de conceitos que precisam ser por pessoas que, em conjunto, constituem a essência da
absorvidos por cada um dos profissionais que trabalham organização. Portanto, a gestão da qualidade deve com-
dentro da empresa. E para isto não são gastos financeiros preender o envolvimento de todos, o que possibilitará o
que precisamos, e sim liderança e motivação para fazer uso de sãs habilidades para o benefício da organização;
com que todos mudem a sua maneira de pensar para a Abordagem por processos: a abordagem por proces-
empresa como um todo poder melhorar. sos permite uma visão sistêmica do funcionamento da
empresa como um todo, possibilitando o alcance mais
3. Princípios da gestão de qualidade eficiente dos resultados desejados;
Abordagem sistêmica: a abordagem sistêmica na
A gestão de qualidade total, como às vezes é chama- gestão da qualidade permite que os processos inter-re-
da, tem alguns princípios básicos, listados abaixo: lacionados sejam identificados, entendidos e gerencia-
• Qualidade é algo que pode e deve ser gerenciada; dos de forma a melhorar o desempenho da organização
• Problemas devem ser prevenidos, não remediados; como um todo;
• Processos e não pessoas são os frutos dos problemas; Melhoria contínua: para que a organização consiga
• Todo mundo tem um fornecedor e um cliente; manter a qualidade de seus produtos atendendo suas
• Cada empregado da empresa é responsável por necessidades atuais e futuras e encantando-o (exceden-
manter a qualidade; do suas expectativas), é necessário que ela tenha seu
• A qualidade precisa ser medida; foco voltado sempre para a melhoria contínua do seu
• A melhora da qualidade precisa ser contínua; processo e produto/serviço;
• Objetivos são baseados em necessidades, não são Abordagem factual para a tomada de decisão: todas
negociados; as decisões dentro de um sistema de gestão de qualidade
• O padrão de qualidade é livre de defeitos; devem se tomadas com base em fatos, dados concretos e
• Planejar e organizar para melhorar a qualidade; análise de informações, o que implica na implementação e
• O gerenciamento deve liderar e estar envolvido manutenção de um sistema eficiente de monitoramento;
diariamente no processo. Benefícios mútuos nas relações com fornecedores: a
organização deve buscar o relacionamento de benefício
A gestão de qualidade é uma filosofia empresarial. mútuo com seus fornecedores através do desenvolvi-
Uma empresa que trabalha efetivamente com ela tem as mento de alianças estratégicas, parcerias e respeito mú-
tuo, pois o trabalho em conjunto de ambos facilitará a
suas fundações baseadas na busca pelo melhor a cada
criação de valor.
dia que passa. Uma placa dourada, pendurada na parede,
com os princípios da empresa em baixo relevo é bonito,
4. Administração da qualidade
mas se cada um dentro da organização não acreditar e
viver aquilo, de nada adianta.
Todas as pessoas convivem sob a sombra da palavra
qualidade. Não é para menos, a qualidade tornou-se ali-
A gestão da qualidade pode ser definida como sen- cerce fundamental para as organizações, onde ganhou
do qualquer atividade coordenada para dirigir e contro- destaque à cerca de 30 anos. Porém, a sua abordagem
lar uma organização no sentido de possibilitar a melhoria é bem mais antiga, vindo de filósofos gregos e chineses.
de produtos/serviços com vistas a garantir a completa A primeira abordagem de qualidade dentro das or-
satisfação das necessidades dos clientes relacionadas ao ganizações visava a uniformidade dos processos e não
que está sendo oferecido, ou ainda, a superação de suas havia uma preocupação explícita com a qualidade. A
expectativas. produção em massa abriu as portas para a pesquisa da
Desta forma, a gestão da qualidade não precisa, ne- qualidade.
cessariamente, implicar na adoção de alguma certifica- Como qualidade era sinônimo de uniformidade e o
ção embora este seja o meio mais comum e o mais di-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

controle de todas as peças produzido era muito demora-


fundido, porém, sempre envolve a observância de alguns do, surgiu o controle estatístico da qualidade.
conceitos básicos, ou princípios de gestão da qualidade,
que podem e devem ser observados por qualquer orga- 4.1. Como definir qualidade?
nização. A saber:
Focalização no cliente: qualquer organização tem Não há uma definição universal para qualidade, mas
como motivo de sua existência a satisfação de determi- podemos abordá-la segundo alguns pontos de vista.
nada necessidade de seu cliente, seja com o oferecimen-
to de um produto ou serviço. Portanto, o foco no cliente EXCELÊNCIA
é um princípio fundamental da gestão da qualidade que
deve sempre buscar o atendimento pleno das necessi- Nesta definição, elaborada pelos pensadores gregos.
dades do cliente sejam elas atuais ou futuras e mesmo a Excelência é o que diferencia as coisas superiores das
superação das expectativas deste; inferiores. Refere-se ao mais alto nível possível sob um
aspecto. Esta linha é exemplificada por frases como:
Liderança: cabe aos líderes em uma organização criar 1. Qualidade significa a aplicação dos melhores talen-
e manter um ambiente propício para que os envolvidos tos e recursos para produzir os resultados mais elevados;
no processo desempenhem suas atividades de forma 2. Ou se faz bem feito ou mal feito.
adequada e que se sintam motivadas e comprometidas a A ideia é obter a qualidade máxima desde o primeiro
atingir os objetivos da organização; momento.

54
VALOR

Esta definição está bastante ligada ao status que o produto ou serviço proporciona para o comprador. Ela surgiu na
ascensão da produção massificada de bens de consumo que tinham baixo preço. Ela faz a diferenciação de produtos
que podem ser adquiridos a baixos preços e pela grande maioria da população de produtos que são adquiridos so-
mente por pouquíssimas pessoas a custos muito altos. Esta definição segue uma frase de Freud: “Se quiser qualidade,
pague por ela”.

ESPECIFICAÇÕES

Do ponto de vista dos profissionais da área de exatas, qualidade está relacionada com as especificações técnicas de
um produto ou serviço. Se o produto ou serviço está de acordo com as suas especificações técnicas, ele tem qualidade.
Este conceito está relacionado com a qualidade planejada para o produto ou serviço.
Conformidade com Especificações
A qualidade planejada é apenas um ponto, é preciso verificar se as especificações foram bem definidas e alcançadas.
Ou seja, é preciso analisar a qualidade recebida pelo cliente.

REGULARIDADE

Qualidade também significa a uniformidade sugerida por Taylor e Ford. A uniformidade sugere confiabilidade do
produto ou serviço.

ADEQUAÇÃO AO USO

Como não poderia deixar de haver, existe uma definição exclusiva para o cliente. Neste contexto, há dois significados:

Qualidade do Projeto – este conceito compreende as características do produto que atendem as necessidades
dos clientes. Quanto mais o produto atender a esta finalidade, maior será a sua qualidade. Em outras palavras significa:
_ Clientes satisfeitos com o produto;
_ Produtos e serviços mais competitivos;
_ Melhor desempenho da empresa.

Ausência de Deficiências – esta parte compreende as falhas de cumprimento das especificações. Essas falhas de
um modo ou de outro podem ser evitadas pela organização. Quanto menor o número de falhas, maior a qualidade.
Isto se reflete em:
_ Maior eficiência dos recursos produtivos;
_ Maior satisfação do cliente com o desempenho dos produtos e serviços;
_ Custos menores de inspeção e controle.
_ Tempo menor de colocação e consolidação de produtos no mercado.
4.2. Custos da qualidade

De forma geral, Freud não está errado quando diz: “Se quer qualidade, pague por ela”. A qualidade tem custos, e
requer investimentos por parte da organização. Estes custos são repassados para o preço final do serviço ou produto.
Existem, basicamente, duas categorias de custos da qualidade que estão descritas na tabela abaixo.

Tabela - Categoria de Custos da Qualidade NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

55
4.3. Custos da não-qualidade

A falta de qualidade do produto, ou seja, a inadequação do produto ou serviço para os clientes gera custos para a
organização que também são agrupados em duas categorias, conforme a tabela a seguir.

Tabela - Custos da não Qualidade

O CLIENTE EM PRIMEIRO LUGAR

Dentro dos conceitos modernos de administração, a qualidade é definida com base nas necessidades e no interes-
se do cliente. A ausência de deficiências permite oferecer produtos que satisfaçam os clientes e evitar os indesejáveis
custos da não qualidade.
Para transformar desejos, interesses e necessidades do cliente em especificações é aplicada uma técnica chamada
Quality Function Deployment (QFD).
Ela consiste de quatro etapas:
1. Os atributos que o produto deve ter, segundo o cliente, são transformados em características e especificações
técnicas;
2. As especificações técnicas são transformadas em características ou especificações de componentes ou matérias
primas;
3. As especificações técnicas dos componentes são transformadas em características ou especificações do processo
produtivo;
4. As informações de especificação do processo produtivo são aplicadas na montagem de um sistema de produção.

Dentro da visão moderna, o cliente é o ponto de partida para a definição de qualidade. Ao contrário dos enfoques
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

da Administração Científica, o cliente é o elemento chave.

5. Qualidade total

5.1. Eras da História da Qualidade

A história da qualidade do ponto de vista administrativo pode ser dividido em quatro eras.

5.2. Era da Inspeção

A ênfase está em separar os bons produtos dos defeituosos por meio da observação direta. Esta abordagem vem
desde os primórdios da Revolução Industrial, onde o próprio artesão fazia a inspeção da sua produção que tinha que
estar de acordo com as especificações técnicas que ele mesmo estipulou. No início do século XX, as empresas come-
çaram a ver os supervisores de produção como agentes da qualidade.

56
5.3. Era do Controle Estatístico 5. Produção – a supervisão e os operadores têm uma
responsabilidade importante pela qualidade du-
Com a ascensão da produção massificada, a inspe- rante a fabricação;
ção tornou-se impraticável. Este novo ambiente era mais 6. Inspeção e testes – verificam a conformidade do
propício a outras técnicas de controle de qualidade. Uma produto com as especificações;
delas era o controle estatístico. Ele se baseia na amostra- 7. Expedição – responsável pela embalagem e
gem, ou seja, são tomadas algumas amostras da produ- transporte;
ção ao invés de todos os produtos. 8. Instalação e assistência técnica.
Sua primeira aplicação veio com Walter A. Shewhart
que definiu a carta de controle, que desenvolveu técnicas Com esta nova visão a qualidade deixa de ser atributo
de amostragem. do produto ou serviço. Deixa de ser responsabilidade de
Até a Segunda Grande Guerra o seu modelo não era apenas um departamento, mas de todos os componen-
muito utilizado, entretanto, as forças armadas precisa- tes da organização. A qualidade exige visão sistêmica,
vam de grandes quantidades de insumos com altíssima para integrar as ações das pessoas, máquinas informa-
qualidade. As forças armadas influenciaram muito, pois ções e todos os recursos envolvidos na administração da
adotaram técnicas refinadas de amostragem. qualidade.
Após a guerra, a estatística ganhou força dentro das A qualidade de administração começa na administra-
organizações como forma de controlar e obter a quali- ção superior, de onde vem toda a coordenação do siste-
dade. Nesta mesma época, veio a tona a ideia do depar- ma de qualidade. Nesse novo contexto, o departamento
tamento de qualidade dentro das organizações, pois até de qualidade deve ter poderes para garantir a qualidade
então era considerado um trabalho geral, porém ocorria dos produtos e serviços com o custo aceitável. A qualida-
o seguinte: de total envolve os clientes e os interesses das empresas.

5.4. A qualidade era um trabalho de todos, mas 5.5. A escola japonesa da qualidade total
acabava sendo de ninguém.
O Japão é um país sem recursos naturais, conse-
O departamento de qualidade deveria ocupar-se, se- quentemente a sua sobrevivência viria das exportações.
gundo o seu fundador Armand V. Feigenbaum, com: Diante dessa realidade, a qualidade tornou-se uma ver-
_ Estabelecer padrões: definir os padrões de custo e dadeira obsessão. Foram iniciadas pesquisas e visitas a
desempenho do produto; países onde a qualidade do processo industrial era mais
_ Avaliar o desempenho: comparar o desempenho apurada
dos produtos com os padrões.
_ Agir quando necessário: tomar providências corre- - Deming
tivas quando os padrões forem violados; Em 1947 a JUSE (Associação Japonesa de Cientistas e
_ Planejar aprimoramentos. Engenheiros) se tornou o centro das atividades de qua-
Prosseguindo as suas pesquisas, Feigenbaum apre- lidade do país. Esta entidade convidou Willaim Edwards
sentou uma evolução de suas propostas, chamado Con-
Deming para visitar o país e ministrar alguns cursos de
trole da Qualidade Total (TQC – Total Quality Control). O
estatística.
seu foco continua no cliente, ou seja, a pedra fundamen-
Ele percebeu que a alta administração não se empe-
tal para a definição de qualidade é o ponto de vista dos
nhava de forma minimamente adequada com a qualida-
clientes.
de. Ele presumiu que em pouco tempo, a qualidade iria
“A qualidade quem estabelece é o cliente e não os en-
se restringir a separa os produtos com defeitos dos sem
genheiros, nem o pessoal de marketing ou a alta admi-
defeitos.
nistração. A qualidade de um produto ou serviço pode ser
Com o apoio da JUSE, Deming conseguiu chegar à
definida como o conjunto total das características de mar- NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS
keting, engenharia, fabricação e manutenção do produto Alta administração, onde dirigiu todos os seus esforços
ou serviço que satisfazem às expectativas do cliente”. para sensibilizá-la da necessidade da consciência na qua-
Consequentemente, a qualidade não é somente a lidade. Ele dizia que a qualidade era o caminho natural
conformidade com as especificações, como era prega- para a prosperidade através do aumento de produtivi-
do na inspeção. A qualidade vem desde a concepção do dade, redução de custos, conquista de mercados e da
produto ou serviço a partir dos desejos dos clientes. De- expansão do emprego. Para ele havia quatorze pontos a
pois dessa análise viriam outras características como, por serem trabalhados:
exemplo, confiabilidade e a manutenabilidade.
Feigembaum enumerou oito estágios da qualidade
no ciclo industrial:
1. Marketing – avalia no nível de qualidade desejado
pelo cliente e o custo que ele está disposto a pagar;
2. Engenharia – transforma as expectativas e os dese-
jos do cliente em especificações;
3. Suprimentos – escolhe, compra e retém fornece-
dores de peças e materiais;
4. Engenharia de Processo – escolhe máquinas, ferra-
mentas e métodos de produção;

57
5.6. Princípios de Deming

Estabelecer a constância do propósito de melhorar o produto e o serviço, com a finalidade de tor-


nar a empresa competitiva, permanente no mercado e criar novos empregos;
Adotar a nova filosofia. Numa nova era econômica, a administração deve despertar para o desafio,
assumir as responsabilidades e assumir a liderança da mudança;
Acabar coma dependência da inspeção em massa. Elimina-se a necessidade da inspeção em
massa construindo a qualidade junto com o produto desde o começo;
Cessar a prática da compra baseada exclusivamente no preço. Deve-se avaliar a relação custo/
benefício;
Melhorar constantemente o sistema de produção e serviços;
Instituir o treinamento de serviço;
Instituir a liderança;
Afastar o medo para que todos possam trabalhar de forma eficaz;
Eliminar as barreiras entre as organizações para prever erros e tratá-los;
Cuidado com slogans que estimulam a competição interna e prejudicial dentro da organização;
Eliminar as cotas numéricas do chão da fábrica;
Remover as barreiras que impedem o operário de sentir orgulho de suas funções;
Instituir um sólido programa de treinamento e educação;
Agir para concretizar a mudança.

Era preciso conhecer as necessidades dos clientes. Ele montou três alicerces para a prosperidade com a qualidade:
_ Predominância do Cliente;
_ Importância da mentalidade preventiva;
_ Necessidade de envolvimento da alta administração.

- Juran
Com Joseph M. Juran, a JUSE conscientizou que o controle de qualidade não se resumia a inspeção, mas a todas as
áreas funcionais e todas as operações das organizações. Ele criou o curso de controle de qualidade do gerente médio.

- Ishikawa e a Qualidade Total


Os japoneses criaram a própria filosofia de qualidade total. Diferente de Feigerbaum que pregava a participação de
todos, mas com a centralização em um departamento altamente especializado. A cultura da indústria japonesa prega
a qualidade a todos os setores sem a necessidade de um departamento que centraliza as atividades. Os treinamentos
são direcionados a todos os membros da organização.

5.7. Maturidade da era da qualidade total

- Garantia Da Qualidade E Auditoria Do Sistema


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

No ambiente da qualidade total, a qualidade não é preocupação somente com os serviços ou produtos. Muito
menos é responsabilidade exclusiva de um grupo. Para a filosofia da qualidade total, todos os membros e setores da
organização são responsáveis pela qualidade, sendo tratada de forma sistêmica.
As organizações passaram a exigir de seus fornecedores que eles entregassem as matérias-primas com alta quali-
dade. Elas passaram a fazer auditoria no sistema de qualidade de seus fornecedores. Dessa maneira, forma-se um ciclo
de controle de qualidade, e o sistema torna-se bastante completo.

NORMAS ISO 9000

A International Organization for Standartization (ISO) é uma organização privada que publicou normas para ava-
liação de um Sistema de Qualidade, chamada Série 9000. Existem mais de 11.000 padrões introduzidos pela ISO. Um
ponto importante a ser considerado é que a ISO não faz auditorias para verificar se seguem as suas recomendações. A
adesão às suas recomendações é voluntária.
Entretanto, devido a sua grande aceitação ela tornou-se referência em auditorias de sistemas de qualidade, surgin-
do empresas especializadas nesse tipo de auditoria, mas é importante ter conhecimento que não há uma certificação
ISO.
A tabela que segue ilustra alguns exemplos de categorias ISSO.

58
Tabela - Exemplos das categorias ISO 9000

ISO 9000:2000 – Sistema de Administração da Qualidade


Fundamentos e vocabulários Fornece um ponto de partida para a compreensão dos
padrões e define os termos e conceitos fundamentais
usados na família ISO 9000.
Requisitos Padrão de Requisitos usados para avaliar a capacidade
de
atender requisitos estabelecidos pelo cliente e pela
legislação.
Ele é amplamente usado para certificação de empresas.
Diretrizes para Aprimoramento do Desempenho É um conjunto de diretrizes para o aprimoramento
contínuo de seu sistema de administração da qualida-
de, de forma a atender a todas as partes interessadas
por meio da satisfação permanente do consumidor.
Diretrizes sobre a Auditoria de Sistemas de Administração Diretrizes para conferir a capacidade do Sistema al-
da qualidade no Ambiente cançar os objetivos da qualidade

1. Prêmios de qualidade

A sociedade mundial criou uma série de prêmios para as organizações que preocupam-se com a qualidade como,
por exemplo, Deming, Baldrige e o Europeu.

Enfim, temos, resumidamente que, a qualidade tem existido desde os tempos em que os chefes tribais, reis e faraós
governavam. Desde a antiguidade a qualidade possuía diferentes formas, que variavam de acordo com o tipo de ne-
gócio que era realizado. Nesses tempos, já existiam inspetores que aceitavam ou rejeitavam os produtos se estes não
cumpriam com as especificações solicitadas. Por outro lado, nos dias atuais, a gestão da qualidade nos trás pensamen-
tos estratégicos que antecedem o agir e o produzir. Esse modelo mudou a postura e a forma que as empresas veem a
qualidade, tornando-a um valioso item de vantagem competitiva empresarial.

No Brasil, a gestão da qualidade começou a ser implantada a partir de 1990. Esse modelo foi um dos principais pro-
pulsores que as organizações brasileiras tiveram para começarem a adquirir novas competências e maiores patamares.
Com a gestão da qualidade foi possível adquirir o aprendizado de novos procedimentos, a melhora na interação com
o público interno e externo e a aceleração do desenvolvimento econômico e industrial. Essa “nova era” também trouxe
consigo uma nova filosofia, baseada na elaboração e aplicação de conceitos, métodos e técnicas adequadas à nova
realidade corporativa que vivemos.
A gestão da qualidade marcou o deslocamento da análise do produto ou serviço para a concepção de um sistema
integrado de qualidade. A qualidade deixou de ser um aspecto do produto e passou a ser um problema da empresa,
abrangendo todos os pontos de sua operação. Esse modelo pode ajudar a alavancar o melhor da organização ao lhe
permitir entender seus processos de entrega de seus produtos e serviços a seus clientes. Suas diretrizes são desenvol-
vidas para serem usadas por toda organização como uma estrutura para guiar a companhia em direção à melhoria de
contínua, levando em conta as necessidades de todas as partes interessadas (stakeholders), não somente dos clientes. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

59
EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR!

1. (TRT 7ª REGIÃO-CE – CESPE – 2017) Na gestão da 1. (ABIN – CESPE – 2018) Julgue o próximo item, referen-
qualidade, conformidade se refere ao nível de correspon- te ao conceito de gestão de pessoas e à função do órgão
dência entre determinado produto ou serviço e a sua: responsável pela gestão de pessoas nas organizações.
Do ponto de vista de gestão de pessoas, os empregados
a) qualidade do projeto, que corresponde ao uso ade- vinculados à organização compõem o patrimônio físico
quado do produto ou serviço. da organização.
b) categoria de excelência, que corresponde ao padrão
de qualidade estabelecido para o produto ou serviço. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
c) especificação, que corresponde à qualidade planejada
para esse produto ou serviço. 2. (ABIN – 2018 – CESPE) Julgue o próximo item, referen-
d) regularidade, que corresponde à uniformidade entre te ao conceito de gestão de pessoas e à função do órgão
produtos ou serviços de mesma categoria. responsável pela gestão de pessoas nas organizações.
É recomendado que os órgãos responsáveis pela gestão
Resposta: Letra C. Temos aqui dois conceitos a consi- de pessoas implementem políticas para aumentar a qua-
derar: QUALIDADE e CONFORMIDADE lidade de vida no trabalho e garantir que as condições de
Qualidade é um conceito subjetivo, que está relacio- trabalho sejam excelentes para os empregados.
nado à expectativa do consumidor, e essa percepção
pode ser diferente de uma pessoa para outra. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
Conforme defende Crosby, a qualidade da organiza-
ção está muito além da qualidade de seus produtos 3. (DPU – CESPE – 2016) Acerca da gestão de pessoas,
puramente falando. Ele defende que a organização função da área de gestão de pessoas, políticas e sistemas
atinge um nível de qualidade quando se percebe um de informações gerenciais, gestão de pessoas baseada
cenário positivo de todos os processos e setores da em competências e aprendizagem organizacional, julgue
o item a seguir:
organização, dentro de um planejamento específico
Os processos, as políticas e as práticas de gestão de pes-
para cada um.
soas alicerçam as decisões de organizações contemporâ-
Conformidade é quando algo está de acordo com o
neas no desenvolvimento da aprendizagem contínua das
que foi planejado, que depois de pronto corresponde
pessoas a fim de contribuir para o alcance da estratégia
ao que deveria ser, que pode ou não ter qualidade,
organizacional.
pode acontecer de algo ser produzido exatamen-
te como o previsto e nem por isso corresponder ao
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
nível de qualidade para uma determinada pessoa ou
organização. 4. (SEDF – CESPE – 2017) Com relação ao equilíbrio or-
ganizacional, liderança, motivação e objetivos da gestão
2. (POLICIA FEDERAL – CESPE – 2014) As ferramentas de pessoas, julgue o seguinte item:
empregadas na gestão da qualidade fundamentam-se A área de recursos humanos (RH) deve articular-se com
em abordagem qualitativa, razão pela qual não exis- as demais áreas da organização para a elaboração de
tem modelos estatísticos para auxiliar no controle da planos estratégicos.
qualidade.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

Resposta: Errado. A gestão da qualidade atua consi- 5. (STM – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, relativo
derando uma série de variáveis, e essas, por sua vez, à gestão e estrutura de organizações.
representam tudo que pode ser medido por instru- Líderes liberais são aqueles que adotam postura consultiva,
mento de medição, e um dos principais benefícios que compartilhando com suas equipes a tomada de decisão. 
a gestão da qualidade proporciona são os controles
estatísticos, portanto, a gestão da qualidade faz sim (  ) CERTO   (  ) ERRADO
uso de abordagem quantitativa.
6. (TRT 7ª Região-CE – CESPE – 2017) “A motivação
depende do esforço despendido pelo empregado para
atingir um resultado e do valor atribuído por ele a esse
resultado.” Essa premissa se refere à teoria motivacional
denominada teoria

a) das necessidades de Maslow.


b) da expectativa. 
c) da equidade.
d) behaviorista.

60
7. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CESPE – 2017) O
fato de os indivíduos estabelecerem conexões humanas GABARITO
uns com os outros favorece o trabalho coletivo, o que,
por sua vez, implica maior desempenho na execução das
atividades das organizações. Considerando-se essas in- 1 ERRADO
formações, é correto afirmar que a unidade de trabalho
fundamentada na sinergia denomina-se: 2 CERTO
3 CERTO
a) repartição. 4 CERTO
b) equipe. 
c) grupo. 5 CERTO
d) setor. 6 B
e) diretoria.
7 B

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

61
ANOTAÇÕES

______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO-SITUAÇÕES GERENCIAIS

_______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

62
ÍNDICE

CONHECIMENTOS TÉCNICOS

Conhecimentos técnicos aplicados no Censo Demográfico 2020....................................................................................................... 1


CONHECIMENTOS TÉCNICOS APLICADOS ANOTAÇÕES
NO CENSO DEMOGRÁFICO 2020

APRESENTAÇÃO ___________________________________________________________

Quem somos? Como somos? Onde vivemos? ____________________________________________________________

____________________________________________________________
Responder a essas perguntas é fundamental para o
Brasil conhecer ascaracterísticas de sua população. Um ____________________________________________________________
país sem conhecimento fica àderiva. Por isso, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE realiza o Cen- ___________________________________________________________
so Demográfico a cada década. O Censo é a única pes-
quisaque percorre e investiga cada município do Brasil. ____________________________________________________________
O resultado do Censo é empregado para a gestão de
____________________________________________________________
políticas públicas ede projetos da iniciativa privada. Ele
é a única pesquisa que gerainformações atualizadas e ____________________________________________________________
confiáveis sobre as características dapopulação e de seus
domicílios, fornecendo um rico perfil do país e desuas ____________________________________________________________
diversas estruturas territoriais.
____________________________________________________________
Objetivo ____________________________________________________________
Apresentar aos candidatos os conteúdos técnicos ____________________________________________________________
fundamentais nasáreas de conhecimento do Censo De-
mográfico 2020 de Equipamentos eSistemas do Censo ____________________________________________________________
Demográfico 2020, de forma a possibilitar aosinteres-
____________________________________________________________
sados a participação no Processo Seletivo Simplificado
(PSS). ____________________________________________________________

Prezado candidato, visto a extensão do material ____________________________________________________________


solicitado pelo edital este tópico foi disponibilizado
para consulta em nosso site www.Novaconcursos. ____________________________________________________________
Com.Br/retificacoes
____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________
____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________
____________________________________________________________

____________________________________________________________

1
ANOTAÇÕES

____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

Você também pode gostar